A Bíblia

07/05/2024

1. Os originais da Bíblia

1. Os documentos originais da Bíblia ainda existem?
Não. Os escritores bíblicos não gravaram as suas palavras em pedra, nem escreveram em duráveis plaquetas de argila, antes registaram em materiais perecíveis, designadamente o papiro e o pergaminho.

Por isso, os originais desintegraram-se há muito tempo, a sua maioria no primitivo Israel, já que ficaram sujeitos à umidade e fenômenos atmosféricos, o que, aliás, ainda sucede hoje com o papel e inclusive o próprio couro, que apesar de serem mais resistentes, ficam danificados ao ar livre ou em recintos úmidos, sabendo que na antiguidade não existiam métodos, máquinas e conhecimentos técnicos para serem conservados.

Além disso, era costume dos judeus enterrar todos os manuscritos estragados pelo uso ou por qualquer outra causa, pois apenas pretendiam preservar os que estavam intactos e com virtualidade de transmitir, sem dúvidas, o seu conteúdo.

Finalmente, os locais onde os manuscritos preservados se encontravam guardados foram objeto de destruição por vários reis inimigos de Israel. Assim, Epifânio, Rei da Assíria, que dominou sobre a Palestina, tinha prazer em praticar a tortura e mandou exterminar a religião judaica e todos os seus haveres, tendo assolado Jerusalém e profanado o que restou do templo, destruindo todas as cópias que encontrou das Escrituras. Também nos dias do Imperador Deocleciano, os perseguidores dos judeus destruíram todas as cópias que encontraram dos escritos sagrados. Quando presumiu que todos os manuscritos estavam destruídos, mandou cunhar uma moeda, em comemoração dessa "vitória".


2. Se os originais não existem, como podemos ter a certeza da fidedignidade dos textos da Bíblia?
Os textos bíblicos foram preservados por copistas muito meticulosos. Pouco depois da escrita dos originais, começou a produção de cópias à mão. Aliás, o copista das Escrituras era uma profissão em Israel (cfr. Esdras 7:6 e Salmo 45:1).

Como as cópias eram feitas em materiais perecíveis, as cópias foram sendo substituídas por novas cópias manuais, tornando-se a base para os manuscritos futuros, durante séculos.
Os massaretes ("senhores da tradição) eram copistas dedicados, que viveram entre os séculos IV a X antes de Cristo. Os seus textos copiados passaram a ter a designação de textos massoréticos.

Quer estes, quer os escribas, que se lhes seguiram, eram profissionais muito dedicados. Na verdade, eles reverenciavam profundamente as palavras que copiavam, sendo extremamente meticulosos. Bem sabiam que não podiam acrescentar ou retirar qualquer pontuação, ou letra ao texto sagrado, porque isso seria a negação da sua própria vida dedicada.


3. Qual a evidência da exatidão com os textos originais?
A palavra hebraica para copista é sofér, que significa contar, registar. E, efetivamente, os copistas calculavam a letra central do Pentateuco, a frase central de cada livro e quantas vezes cada letra do alfabeto (hebraico) ocorria nas Escrituras. Qualquer lapso de contagem implicava a destruição de toda a cópia e a criação de uma nova desde o princípio. Este método de verificação cruzada permitia que nem sequer uma letra do texto bíblico fosse omitida, na medida em que, à semelhança da escritura romana, em que as letras têm valor numérico (ex. V = 5; L = 50, etc.), também na língua hebraica, aramaica e grega, cada letra corresponde a um determinado valor numérico.

Perante o esforço que representava, designadamente a contagem das 815.140 palavras das Escrituras e o seu valor numérico, tal constitui a garantia do máximo grau de exatidão.

A maior evidência dessa correspondência e exatidão é que existem, na atualidade, mais de 6000 manuscritos das Escrituras hebraicas (na íntegra ou em parte) e 5000 manuscritos do Novo Testamento em grego, que apesar de terem sido escritos com uma distância temporal entre si (de vários séculos), são cada um, um espelho do outro.


4. Há evidências arqueológicas?
Sim. Existem diversas descobertas arqueológicas que permitiram um melhor entendimento da origem da Bíblia. Os manuscritos mais antigos de que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem, porém, partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do século II d.C.
Mas a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó. Durante nove anos, vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumrân, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias.

Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no Século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do cristianismo.

Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais.

O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 permitem determinar que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C. Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de cem anos antes do nascimento de Cristo. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.

Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como o do profeta Isaías, fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.

2. As línguas originais da Bíblia

Os livros da Bíblia foram escritos em três línguas: hebraico, aramaico (Antigo Testamento) e grego (Novo Testamento)


O Hebraico
Na própria Bíblia a língua hebraica é chamada judaica (Neemias 13:24) ou a língua de Canaã (Isaías 19:18).O alfabeto que é usado possui 22 letras, todas consoantes, sem qualquer sinal de vocalização, pois os sons vocálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem a constantes enganos, porque havia palavras com as mesmas consoantes, mas, com acepções diferentes.

Ou seja, a pronúncia exata dependia da habilidade do leitor, levando em conta o contexto e a tradição. É por causa disto que se perdeu a pronúncia de muitas palavras bíblicas.

Mais tarde, após o século VII, um sistema de sinais foi inventado com pequenos símbolos, para indicar as vogais corretas. 

Esses pontos são colocados em cima, em baixo ou dentro das consoantes, perpetuando-se assim a pronúncia tradicional da palavra. A esse sistema chama-se massorético, que deriva da palavra massoretas, derivada de "massorah, que quer dizer tradição. Os massoritas foram judeus habitantes de Tiberíades, que no século VI fixaram a pronúncia já tradicional do hebraico.


O Aramaico
O aramaico era a língua falada pelos povos ao Norte e Nordeste de Canaã, da Síria até o Alto Eufrates. O aramaico é um idioma semítico falado em Arã e Síria. 

A influência do aramaico foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro, na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Judá, na Babilônia.
No tempo de Esdras, as escrituras, ao serem lidas em hebraico, era preciso que o seu significado fosse explicado para aramaico (Neemias 8:5,8).

O aramaico tornou-se a língua popular dos Judeus e nações vizinhas, tendo estas sido influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos Arameus na Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo, razão por que passou a ser uma língua internacional do comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O aramaico é também chamado de "siríaco" (Daniel 2:4 e Esdras 4:7) e "caldaico" (Daniel 1:4).

O aramaico tinha o mesmo alfabeto que o hebraico, apenas diferindo nos sons estruturais de certas partes gramaticais. Como o aramaico não tinha vogais, era muito parecido com o hebraico.


O Grego
Quando Alexandre, "o Grande" dominou o mundo com o Império Greco-Macedônico, levou o "koine" (comum), que era o idioma falado pelo povo do seu império, sendo esse idioma de clareza, qualidade definida, facilidade de expressão e de comunicação. O Grego faz parte do grupo das línguas arianas. V

em da fusão dos dialetos Dóricos e Áticos. Os Dóricos e os Áticos foram duas das principais tribos que povoaram a Grécia. Das linguagens bíblicas, o grego é o mais focalizado entre os povos atuais de línguas greco-latinas, devido à semelhança.

O grego do Novo Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialecto popular do homem comum, estudante, que todos podiam entender, o referido koine. O alfabeto grego tem 24 letras, sendo a primeira o alfa e a última, o ômega.


A Septuaginta
A tradução mais importante do Antigo Testamento, de hebraico para grego, chama-se Septuaginta, sendo datada do século III a.C. O escritor Aristéia, da corte de Ptolomeu Filadelfo, descreve que escreveu a seu irmão, monarca Egípcio Filócrates, que por proposta de seu bibliotecário Demérito de Falero, solicitou ao sumo-sacerdote judaico Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma versão das mesmas em grego. 

Ele tinha ouvido falar das Escrituras, e queria a referida versão para enriquecer sua vasta biblioteca em Alexandria. Foi assim que nasceu a Septuaginta.
O vocábulo "Septuaginta" quer dizer em latim "setenta", sendo citado "LXX", na medida em que essa tradução foi efetuada por 72 sábios, sendo 6 de cada tribo de Israel, em 72 dias.

3. A composição da Bíblia

1. Como surgiu a designação de "Bíblia"?

Em nenhum lado da Bíblia consta que a mesma assim se deva intitular. Porque a palavra "Bíblia" significa "livro" ou "livros", passou a ser utilizada para designar o conjunto dos livros que constituem as Sagradas Escrituras.

Além disso, a uma folha de papiro os gregos chamavam "biblos" e a um rolo pequeno de papiro chamavam "biblon", cujo plural é "bíblia". 

Todavia, já na época do Senhor Jesus Cristo, a Bíblia distinguia-se dos demais livros, designando-se por Escrituras (Mateus 21:42), Santas Escrituras (Romanos 01:02), Livro do Senhor (Isaías 34:16) e Palavra de Deus (Marcos 07:13 e Hebreus 04:12).

2. Qual a composição e estrutura da Bíblia?

A Bíblia é composta por 66 livros (39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento). Os 66 Livros não estão sequenciados em ordem cronológica, mas sim de forma temática:


Antigo Testamento:


Lei
5 livros (Gênesis a Deuteronômio), também chamados de Pentateuco.


História
12 livros (de Josué a Ester), com a narração da história do Povo de Israel;


Poesia
5 livros (de Jó a Cantares de Salomão);


Profecia
17 livros, subdivididos em "profetas maiores" e "profetas menores" (esta designação versa unicamente sobre o tamanho dos livros e não sobre a importância dos profetas).


Novo Testamento:


Evangelhos
4 livros (Mateus, Marcos, Lucas e João), que descrevem a biografia de Jesus Cristo.


História
1 livro (Atos), que narra a história da Igreja do I século.


Doutrina
21 livros (ou epístolas): cartas a Igrejas ou a pessoas.


Profecia
1 livro (Apocalipse).


3. O que são os livros apócrifos?

Os livros apócrifos são aqueles que, embora a religião Católica Romana os aceite como pertencendo ao cânone bíblico, não podem ser considerados como pertencentes à Bíblia, por serem contraditórios ou e origem duvidosa. A religião Católica Romana aprovou os apócrifos em 8 de abril de 1546 para combater a Reforma protestante. Nessa época, os protestantes opunham-se violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc.A palavra apócrifo significa precisamente oculto, e foi o termo inicialmente utilizado por certas seitas a respeito de livros seus, que eram guardados para seu próprio uso.


Livros apócrifos do Antigo Testamento
Estes livros não faziam parte do cânone hebraico, mas eram aceites pelos judeus de Alexandria que liam o grego. Alguns deles são citados no Talmude.


III Esdras
Relata fatos históricos desde o tempo de Josias até Esdras, sendo a maior parte da matéria tirada dos livros das Crônicas, de Esdras, e de Neemias. Foi escrito no século I a.C.


IV Esdras
Série de visões e profecias, especialmente apocalípticas, que alegadamente Esdras terá anunciado.


Tobias
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta a justificação pelas obras (4.7-11;12.8), a mediação dos santos (12.12), superstições (6.5, 7.9,19) e um anjo engana Tobias e o ensina a mentir (5.16-19).


Judite
História da libertação de judeus do poder do general persa Holofernes, realçando a coragem da heroína Judite, viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.


Ester
Capítulos adicionados ao livro canônico de Ester, do século II a.C.Sabedoria
Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era cristã). Apresenta o corpo como prisão da alma (9.15), a doutrina sobre a origem e o destino da alma (8.19 e 20) e a salvação pela sabedoria (9.19), todas contrárias à Bíblia.


Eclesiástico
Ou "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque". Coleção de ditados prudentes e judiciosos, semelhante ao livro dos Provérbios. Apresenta, todavia, a justificação pelas obras (3.33,34), o trato cruel aos escravos (33.26 e 30; 42.1 e 5) e incentiva o ódio aos samaritanos (50.27, 28)


Baruque
Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus aquando da destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Tem, entre outras doutrinas, a intercessão pelos mortos (3.4)


II Daniel
Aditamento ao livro de Daniel, com "cântico dos três jovens" (o cântico dos três jovens na fornalha), "história de Susana" (representando Daniel como justo juiz, em que segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseados em falsos testemunhos), "Bel e Dragão" (conta histórias sobre a necessidade da idolatria).


Manassés
Oração de Manassés, rei de Judá, no seu cativeiro da Babilônia.


I Macabeus
Descreve a história de três irmãos da família "Macabeus", que no chamado período inter-bíblico(400 a.C.- 3 d.C.) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e da sua terra.


II Macabeus
Não é a continuação de I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta a oração pelos mortos; culto e missa pelos mortos; intercessão pelos santos e o próprio autor não se julga inspirado.


III Macabeus
História fictícia de 217 a.C, enunciando as relações do rei egípcio Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina e Alexandria.


IV Macabeus
Ensaio homilético, feito por um judeu de Alexandria, conhecedor da escola estoica sobre II Macabeus.


Livros dos Jubileus
Ou "Pequeno Gênesis", tratando de particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.Testamento dos 12 Patriarcas.


Livro de modelo de ensino moral:


Oráculos Sibilinos
Descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus.
Livros apócrifos do Novo Testamento
Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de data primitiva, que pretendem dar novas informações acerca de Jesus Cristo e seus apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos. Eis a lista desses livros:

"Evangelhos"

  • Evangelho segundo os Hebreus;
  • Evangelho dos Egípcios;
  • Evangelho dos Ebionitas;
  • Evangelho de Pedro;
  • Protoevangelho de Tiago;
  • Evangelho de Tomé;
  • Evangelho de Filipe;
  • Evangelho de Bartomeu;
  • Evangelho de Nicodemos;
  • Evangelho de Gamaliel;
  • Evangelho da Verdade

"Epístolas"

  • I Clemente,
  • As Sete Epístolas de Inácio;
  • Aos Magnésios;
  • Aos Trálios,
  • Aos Filadélfeos,
  • Aos Esmirnenses e a Policarpo;
  • A Epístola de Policarpo
  • A Epístola de Barnabé

"Atos"

  • Atos de Paulo;
  • Atos de Pedro;
  • Atos de João;
  • Atos de André;
  • Atos de Tomé.

"Apocalipses"

  • Apocalipse de Pedro;
  • Pastor de Hermas;
  • Apocalipse de Paulo;
  • Apocalipse de Tomé;
  • Apocalipse de Estêvão


4. Observação sobre os livros apócrifos:

Os chamados livros apócrifos não devem ser considerados como bíblicos por várias razões:4.1. Tais livros nunca foram reconhecidos pelos judeus e esse fato é fundamental, considerando a doutrina de Romanos 3:2. 

Os Judeus perceberam que a inspiração profética terminara com Esdras. Esta é a conclusão a que chegamos através das palavras de Flávio Josefo: «Desde Artaxerxes até os nossos dias, escreveram-se vários livros; mas não os consideramos dignos de confiança idêntica aos livros que os precederam, porque se interrompeu a sucessão dos profetas. Esta é a prova do respeito que temos pelas nossas Escrituras. 

Ainda que um grande intervalo nos separe do tempo em que elas foram encerradas, ninguém se atreveu a juntar-lhes ou tirar-lhes uma única sílaba; desde o dia de seu nascimento, todos os judeus são compelidos, como por instinto, a considerar as Escrituras como o próprio ensinamento de Deus, e a ser-lhes fiéis, e, se tal for necessário, dar alegremente a sua vida por elas» (Discurso Contra Ápion, capítulo primeiro, oitavo parágrafo).4.2. Nesses livros há muitos ensinos falsos, em contradição com os livros canónicos. 

Exemplos:

Justificação pelas obras

Em Eclesiástico 3:33 e Tobias 4:7-11 defende-se a justificação (salvação) pelas obras, o que é negado por Efésios 2:8,9.

Em Tobias 12:8,9 ensina-se que as ofertas caridosas podem expiar o pecado, mas lemos em I Pedro 1:18,19 que não é com coisas corruptíveis, como prata ou ouro que somos salvos, mas pelo precioso sangue de Cristo.

Mediação dos santos

Em Tobias 12:12 narra-se a mediação dos santos, doutrina que é completamente repudiada na Bíblia. Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo Homem (I Timóteo 2:5). Ele disse: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim" (João 14:6).

Oração pelos mortos

Em II Macabeus 12:44-46 doutrina-se a oração pelos mortos, o que a Bíblia não admite (cfr. Hebreus 9:27 e S.João 3:18,36).

Superstições e feitiçarias

Em Tobias 6:5-8 promove-se o ensino da arte mágica. Porém, coração de um peixe não possui poder mágico e sobrenatural para espantar "toda a espécie de demônios". Satanás não pode ser expulso por algum truque (cfr. Marcos 16:17 e Atos 16:18)

Pedido de desculpas

Em II Macabeus 15:38,39, o autor do livro pede desculpas, algo que é completamente inaceitável perante o texto bíblico inspirado por Deus (cfr. II Pedro 1:20,21) !

Ensino do Purgatório

A Religião Católica baseia a sua crença no purgatório, particularmente devido ao livro de Sabedoria 3:1-4. Porém, esse ensino aniquila completamente a expiação feita pelo Senhor Jesus. Se o pecado pudesse ser extinguido pelo fogo do purgatório, não tínhamos necessidade de Cristo, nem Ele tinha tido a necessidade de morrer na Cruz do Calvário (I João 1:7).

Relatos impossíveis.

Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs, face à fragilidade desses escritos. Basta citar o exemplo do "Evangelho" de São Tomás: «Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus, irritado, disse: não continuarás tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a José; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrível cegueira». Este relato, que não se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, é suficiente para provar que este evangelho é espúrio.4.3. 

O Senhor Jesus citou, por diversas vezes, as Escrituras do Antigo Testamento, porém, nunca citou qualquer texto dos chamados livros apócrifos. Vejamos alguns exemplos das citações que Jesus fez no Velho Testamento. Cfr., as seguintes citações do Antigo Testamento, constantes em Lucas 24:27 e 44; Mateus 4:4; Mateus 4:7; Mateus 4:10; Mateus 19:4-5; Lucas 17:26-29; Mateus 12:40; Marcos 12:36 e João 5:46-47.

4. A inspiração da Bíblia

1. A palavra inspiração deriva de inspiro, que significa «soprar para dentro, insuflar». 

A Bíblia diz-nos que, toda ela, é inspirada por Deus (2 Timóteo 3:16). 

Ou seja, Deus atuou diretamente para transmitir ao homem os Seus pensamentos. Enquanto "sopro de Deus", a Escritura tem autoridade.

Toda e qualquer parte da Escritura é a "Palavra de Deus". As designações como "as Escrituras" e "os oráculos de Deus" (Rm 3.2) e a afirmação "está escrito", claramente mostram a sua proveniência divina.


2. As palavras da Escritura são expressamente atribuídas ao seu Autor - o Espírito Santo (Mateus 1.22; Atos 13.34; Atos 1.16 e Hebreus 3.7). 

Os escritores materiais da Bíblia falavam pelo Espírito Santo (Mateus 2.15). E deste modo as próprias palavras da Escritura são consideradas de autoridade divina (S. João 10:34,35), e as suas doutrinas são designadas para a direção espiritual e temporal da humanidade em todos os tempos (Romanos 15:4 e 2 Timóteo 3:16). 

Aliás, a garantia da autoridade divina relativamente às Escrituras funda-se no ensino de que o Espírito Santo foi prometido aos discípulos de Cristo como seu Mestre e Guia (João 14.26 e 16.13).


3. Em 2 Pedro 1:21, os homens, e em 2 Timóteo 3.16, a Escritura, diz-se serem inspirados; na verdade, não foram apenas os homens que escreveram, mas também o que escreveram que a Bíblia enuncia como sendo inspirado.


4. Porém, inspiração não é escrita mecânica e cega. Deus inspirou os homens e não se limitou a ditar. Deus fez uso das características natural de cada escritor, e por um ato especial do Espírito Santo, habilitou-os a comunicar ao homem, por meio da escrita, a Sua divina vontade. 

Observa-se esta associação do divino e do humano nas passagens de Mateus 1:22; 2:15; Atos 1:16; 3:18; 4:25. 

Ou seja, a operação do Espírito Santo junta-se com a atividade mental do escritor, operando por meio dele e guiando-o. 

5. Curiosidade da Bíblia


  1. A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: o livro.
  2. A Bíblia já foi traduzida por mais de 1500 línguas e dialectos.
  3. No ano de 1227, Stephen Langton dividiu a Bíblia em capítulos, que foram divididos em versículos no ano de 1550, por Robert Stevens.
  4. A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos. É uma obra de cerca de 40 autores, das mais variadas profissões: desde agricultores, pastores, pescadores, profetas, médicos, juízes e reis.
  5. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com excepção de algumas passagens em Esdras, Jeremias e Daniel que foram escritas em aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego.
  6. A Bíblia contém 66 livros; o Antigo Testamento é composto por 39 livros e o Novo Testamento por 27 livros. O Livro mais antigo da Bíblia não é o Gênesis, mas Jó. Crê-se que foi escrito por Moisés, quando esteve no deserto.
  7. A Bíblia contém 1189 capítulos e 31102 versículos.
  8. O primeiro Salmo encontra-se em II Samuel 1:19-27, escrito por Davi em memória de Saul e seu filho Jônatas.
  9. O Salmo 119 é o mais longo da Bíblia e é um acróstico. Os 176 versículos acham-se divididos em 22 seções de oito versos cada uma, correspondendo a cada uma das letras do alfabeto hebraico.
  10. O último livro da Bíblia a ser escrito foi a 3.ª Epístola de S.João, embora no cânone bíblico, o último livro da Bíblia é o Apocalipse (ou Revelação).
  11. O livro de Isaías assemelha-se a uma pequena Bíblia: contém 66 capítulos; os primeiros 39 falam da história passada, e os 27 restantes apresentam promessas do futuro.
  12. Todos os versos do Salmo 136 terminam com o mesmo estribilho: "Porque a Sua misericórdia dura para sempre."
  13. Ester 8:9 é o maior versículo da Bíblia.
  14. O capítulo mais curto da Bíblia é o Salmo 117.
  15. O Salmo 118 é o capítulo que está no centro da Bíblia. Há 594 capítulos antes e depois do Salmo 118.
  16. O versículo que se encontra no centro da Bíblia está em Salmo 118:8 e é do seguinte teor: "É melhor confiar em Deus do que confiar no homem".


TÓPICOS E OCORRÊNCIAS

  1. Há 3.573 promessas na Bíblia.
  2. O rei Salomão escreveu mais de três mil provérbios (I Reis 4:32)
  3. A frase "não temais" aparece na Bíblia 366 vezes: uma para cada dia do ano e uma sobra para o ano bissexto.
  4. A arca de Noé media 134 m de comprimento, 23 m de largura e 14 m de altura. Sua área total nos três pisos era de 9.250 m² e um volume total de 43.150 m³ aproximadamente, ou seja, semelhante a um transatlântico dos nossos dias (cfr. Gênesis 6:15-16). Noé passou na arca com sua família e com os animais 375 dias (Gênesis 7:11 e 8:13-19).
  5. A primeira referência à terra ser um globo foi feita por Galileu (1564-1642). Porém, a Bíblia já a firma que a terra é um globo desde o tempo de Isaías (Isaías 40:22).
  6. A primeira advertência ecológica foi dada por Deus em Êxodo 23:28,29.
  7. David, um dos escritores da Bíblia, foi pastor, poeta, músico, cantor, soldado, rei e inventor de instrumentos musicais! (Amós 6:5).
  8. O Antigo Testamento apresenta 332 profecias literalmente cumpridas em Jesus Cristo.
  9. A palavra "cristão" só aparece três vezes na Bíblia: Atos 11:26; Atos 26:28 e I Pedro 4:16.
  10. Paulo pregou o sermão mais longo descrito na Bíblia - até o romper da alva (Atos 20:7-11).
  11. A profecia situa os últimos tempos numa altura em que o trânsito é pesado e veloz, exatamente como sucede na atualidade (Naum 2:4).
  12. As questões salariais e do trabalho já estão enunciadas em Tiago 5:4.


RESPOSTA A PERGUNTAS INTERESSANTES

  1. Qual o nome mais comprido na Bíblia? R. Maer-Salal-Has-Baz. - filho de Isaías. Isaías 8:3-4.
  2. Qual a primeira árvore que aparece na Bíblia? R. A figueira (Gênesis 3:7).
  3. Como se chamava a mulher cuja idade é a única que a Bíblia regista? R. Sara, a mulher de Abraão (Gênesis 9:20).
  4. Em que livros da Bíblia não é mencionado o nome de Deus? R. No livro de Ester.
  5. Quantos cânticos Salomão escreveu? R. 1005 (1 Reis 4:32).
  6. Paulo tinha irmãos? R. Sim, tinha pelo menos uma irmã (Atos 23:16).
  7. Pedro era casado ou solteiro? R. Pedro era casado porque Jesus curou a febre da sua sogra (Mateus 8:14-15).
  8. Onde está escrito que Paulo não era casado? R. Em 1 Coríntios 7:8. Paulo seria em princípio viúvo, já que pertenceu ao Sinédrio (Supremo Tribunal dos Judeus), conforme Atos 26:10 e ao sinédrio só era permitido ser membro quem fosse casado.
  9. Qual o capítulo que termina com dois pontos (:)? R. Atos 21.
  10. Qual o capítulo que constitui a metade do Novo Testamento? R. Romanos 8.
  11. O que a Bíblia diz sobre o amor ao dinheiro? R. É a raiz de toda a espécie de males (1 Timóteo 6:10)
  12. Que escritor bíblico faz referência a papel e tinta? R. João (2 João 12).

6. História da Bíblia

A Bíblia não é apenas um conjunto de livros. É um livro singular. 

Os seus escritores humanos foram inspirados por Deus (isto é, pelo Espírito Santo) para o escreverem. 

Escribas, sacerdotes, reis, profetas, juízes, poetas, pastores, médicos, pescadores, num total de mais de quarenta, foram escrevendo, num período aproximado de 1.500 anos. E, apesar das diferentes profissões, capacidades e culturas dos seus escritores humanos, a Bíblia denota uma unidade ímpar.

Esses textos foram copiados e recopiados de geração para geração em diversos idiomas, partindo das suas línguas originais (hebraico, aramaico e grego). 

Verificou-se através do método textual, que 99% dos textos mantêm-se fiel aos originais, o que constitui um fato científico inédito, considerando a distância temporal de milhares de anos entre o momento da escrita até aos nossos dias.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas.

Em geral, cada um desses livros era escrito num pergaminho separado, embora a Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era escrito em hebraico - da direita para a esquerda - e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico.

As partes mais antigas das Escrituras encontradas são um pergaminho de Isaías em hebraico do século II a.C., descoberto em 1947 nas cavernas do Mar Morto e um pequeno papiro contendo parte do Evangelho segundo João 18.31-33,37,38, datados do século II d.C.

A Bíblia é dividida em duas partes; o Antigo Testamento contendo os livros que narram a história do Povo de Deus e foram escritos antes de Cristo (a.C.); e o Novo Testamento contendo os livros que narram a vida de Jesus e das primeiras comunidades cristãs. Contam a história do novo Povo de Deus e foram escritos depois de Cristo (d.C.).


TRADUÇÕES PARA PORTUGUÊS
A primeira tradução da Bíblia para português foi efetuada por João Ferreira de Almeida (1681). Embora com vestígios da versão de Lutero de 1534 e da versão inglesa King James de 1611, é muito próxima do texto latino de São Jerônimo (Vulgata). 

A tradução foi feita, como era corrente na época, pelo método da equivalência sintáctica, que subordinava o conteúdo à forma, mas o texto resultou numa prosa elegante cujo vocabulário revela profundos conhecimentos não só de hebraico e de grego mas também de latim e das culturas afetas a esses idiomas.

A segunda tradução da Bíblia em Português, foi efetuada pelo padre Antônio Pereira de Figueiredo em 1790. Trata-se de uma versão de valor literário e filológico, sabendo que Figueiredo foi autor de um Novo Método de Gramática Latina adaptado em Portugal de 1759 a 1834. 

A Bíblia foi posteriormente impressa, sem notas exegéticas (por terem merecido condenação eclesiástica na época da primeira publicação), mediante prévia aprovação da rainha D. Maria II.

7. O que é a Bíblia?

A Bíblia não é apenas o livro mais traduzido e mais vendido em todo o mundo. A Bíblia é a Palavra de Deus, isto é, a forma pela qual Deus comunica com o Homem.
Lemos que "toda a Escritura Divinamente Inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, e para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Timóteo 3. 16,17).

Isto, "porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pedro 3:21). 

"Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante de Deus, antes todas as coisas estão nuas e patentes aos Olhos d'Aquele com Quem temos que tratar" (Epístola aos Hebreus 4:12,13).
A Bíblia declara que "nem um jota, nem um til [do que nela está escrito] se omitirá sem que todas as coisas sejam cumpridas" (Evangelho S.Mateus 5:18). 

Senhor Jesus Cristo afirmou igualmente: "O céu e a terra passarão, mas as Minhas Palavras não hão-de passar" (Evangelho de Mateus 24:35).


A BÍBLIA AO LONGO DA HISTÓRIA
A Bíblia foi escrita e reproduzida em diversos materiais, de acordo com a época e cultura das regiões, utilizando tábuas de barro, peles, papiro e até mesmo cacos de cerâmica.

A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense Stephen Langton, em 1227. 

A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense Robert Stevens. Ambas as divisões tinham por objectivo facilitar a consulta e as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus.

A Bíblia foi a primeira obra impressa por Gutenberg. A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748. 

A tradução foi feita a partir da Vulgata Latina e iniciou-se com o rei D. Diniz (1279-1325).

8. João Ferreira de Almeida


João Ferreira de Almeida (1628-1691), um português que recebeu a sua educação teológica na Holanda, empreendeu a primeira tradução do Novo Testamento para a língua portuguesa, a partir do original grego. 

Em 1670 a tradução estava concluída e onze anos depois foi publicada. João Ferreira de Almeida faleceu antes de completar a tradução de todo o Antigo Testamento do original hebraico. 

No entanto, traduziu-o, de Gênesis a Ezequiel, enquanto estava em Java (Indonésia). Em 1819 foi publicada a primeira edição da Bíblia em Português, de Gênesis a Apocalipse, traduzida por João Ferreira de Almeida, sendo as versões revistas e atualizadas, posteriormente, as quais continuam a ser utilizadas pelos cristãos evangélicos de língua portuguesa.


A Sua Infância e Juventude

João Ferreira de Almeida nasceu em 1628, em Torre de Tavares, concelho de Mangualde (Portugal). Filho de pais católicos, mudou-se para a Holanda, passando a residir com um tio e onde aprendeu o latim e se iniciou no estudo das normas da Igreja Católica.

Aos 14 anos, em 1642, aceitou a fé evangélica, na Igreja Reformada Holandesa, impressionado pela leitura de um folheto em espanhol, "Diferencias de la Cristandad", que tratava das diferenças entre as diversas correntes da crença cristã.
E
m 1644, aos 16 anos, João Ferreira de Almeida iniciou uma tradução do espanhol para o português, dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos, os quais, copiados a mão, foram rapidamente espalhados pelas diversas comunidades dominadas pelos portugueses. Para este grandioso trabalho, João Ferreira de Almeida também usava como fontes as versões latinas, de Beza, francesa e italiana, todas elas traduzidas diretamente do grego e do hebraico. 

No ano de 1645, a tradução de todo Novo Testamento foi concluída; mas apenas seria editada em 1681, em Amsterdã.


Em 1648, relata J. L. Swellengrebel, um holandês que teve acesso às Atas do Presbitério da Igreja Reformada da Batávia e às Atas da Companhia Holandesa das Índias Orientais, João Ferreira de Almeida já desempenhava as funções de capelão visitante de doentes, em Malaca, Malásia, "percorrendo diariamente os hospitais e casas de doentes, animando e consolando a todos com as suas orações e exortações". 


Em Janeiro de 1649, foi escolhido como diácono e membro do presbitério. Nessa função tinha a responsabilidade de administrar o fundo social, que prestava assistência aos pobres. Durante os dois anos em que desenvolveu essa função, continuou a sua obra de tradução e, após a tradução do Novo Testamento, dedicou-se e traduziu o Catecismo de Heidelberg e o Livro da Liturgia da Igreja Reformada. As primeiras edições dessas obras foram publicadas em 1656 e posteriormente em 1673.
Em março de 1651, foi para a Batávia, para a cidade de Djacarta, ainda como capelão visitante de doentes, mas simultaneamente, desenvolvia os seus estudos de Teologia e revisava o Novo Testamento.


Em 17 de março de 1651, foi examinado publicamente, sendo considerado candidato a ministro. Depois de ser examinado, pregou com eloquência sobre Romanos 10:4. Desenvolveu também um ministério importantíssimo entre os pastores holandeses ensinando-lhes o português, uma vez que ministravam nas igrejas portuguesas das Índias Orientais Neerlandesas. 

Em setembro de 1655, João Ferreira de Almeida o exame final, quando prega sobre Tito 2.11-12, mas só recebeu a sua confirmação em 22 de agosto de 1656. Neste mesmo ano, quase um mês depois, em 18 de setembro, é enviado como ministro para o Ceilão, hoje Sri Lanka.


Perseguição, Inquisição e Obstáculos à Publicação da Tradução

Em 1657, João Ferreira de Almeida encontrava-se em Galle, no sul do Ceilão. 

Durante o seu ministério em Galle, assumiu uma posição tão firme contra o que ele chamava de "superstições papistas", que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao governo da Batávia. Durante a sua estadia em Galle é que, provavelmente, conheceu e se casou com Lucretia Valcoa e Lemmes, ou Lucrecia de Lamos, jovem também vinda do catolicismo romano. 

O casal completou-se como família tendo dois filhos, um menino e uma menina, dos quais os historiadores não comentam mais nada. No decorrer da viagem de Galle para Colombo, Almeida e a sua esposa foram milagrosamente salvos da investida de um elefante.


A partir de 1658, e durante três anos, Almeida desenvolveu o seu ministério na cidade de Colombo e ali de novo enfrenta problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso, impedi-lo de pregar em português. O motivo dessa medida, estava provavelmente relacionado com as firmes e fortes ideias anti-católicas de João Ferreira de Almeida.
Em 1661, Almeida seguiu, no sul da Índia, onde ministrou o evangelho durante um ano, mas onde também foi perseguido. As Tribos da região negaram-se a ser baptizadas ou ter os seus casamentos abençoados por ele, pelo fato da Inquisição ter ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa.


Em 1676, após ter dedicado vários anos a aprender grego e hebraico e a aperfeiçoar-se na língua holandesa, João Ferreira de Almeida concluiu a tradução do Novo Testamento para a língua portuguesa, passando a batalhar pela publicação do texto, já que para ter o aval do presbitério e o consentimento do Governo da Batávia e da Companhia Holandesa das Índias Orientais, o seu texto deveria passar pelo crivo dos revisores indicados pelo presbitério.

 Em 1680, quatro anos depois do início da revisão, desiludido com a morosidade da publicação, envia o seu manuscrito, para ser publicado na Holanda por conta própria. 


O seu desejo é que a Palavra de Deus seja conhecida pelo povo de língua portuguesa. Mas, o presbitério percebeu a situação e conseguiu sustar o processo, interrompendo a impressão.
Depois de alguns meses, quando João Ferreira de Almeida já estava prestes a desistir da publicação, recebeu cartas vindas da Holanda, informando que o texto tinha sido revisto e que estava a ser impresso. 

Em 1681, foi publicada a primeira edição do Novo Testamento de Almeida e, no ano seguinte, em 1682, chegou à Batávia. 

Quando começou a ser manuseada foram percebidos vários erros de tradução e revisão. Tal fato foi comunicado à Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído foram destruídos, por ordem da Companhia Holandesa das Índias Orientais. As autoridades holandesas determinaram também que se fizesse o mesmo com os exemplares que já estavam na Batávia. 


Mas, ao mesmo tempo, providenciaram para que se começasse, o mais rapidamente possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto. Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares foram destruídos, e correções foram feitas a mão com o objectivo de que cada comunidade pudesse fazer uso desse material. 

Um desses exemplares foi preservado e encontra-se no Museu Britânico em Londres. O trabalho de revisão e correção do Novo Testamento foi iniciado e demorou dez longos anos para ser terminado. Somente após a morte de João Ferreira de Almeida, é que essa segunda versão foi impressa, na própria Batávia, e distribuída.


A Dedicação no Final da Vida

Apesar da sua saúde estar abalada, entregou-se ainda mais à tradução do Antigo Testamento. Um ano depois, em 1683, já havia traduzido o Pentateuco. João Ferreira de Almeida faleceu em Outubro de 1691, deixando a esposa e um casal de filhos.

Nessa altura, tinha traduzido o Antigo Testamento, para a língua portuguesa, até Ezequiel 48.21.
A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker, pastor holandês. Depois de passar por muitas mudanças, ela foi impressa na Batávia, em dois volumes: o primeiro em 1748 e o segundo, em 1753.


Datas Importantes da Tradução de João Ferreira de Almeida da Bíblia:

  1. 1676 – Conclusão da tradução do Novo Testamento para português;
  2. 1681 – Data da publicação, na Holanda, do Novo Testamento, em português;
  3. 1691 – Morte de João Ferreira de Almeida. Tinha traduzido até Ezequiel 48:21;
  4. 1753 – Publicação da Bíblia, na tradução de João Ferreira de Almeida, em três volumes;
  5. 1819 – Primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume. Tradução de João Ferreira de Almeida. Publicada em Londres;
  6. 1898 – 1ª Revisão da tradução de João Ferreira de Almeida, que recebeu o nome de «Revista e Corrigida»;
  7. 1932 – Versão de Matos Soares, elaborada em Portugal;
  8. 1956 – Publicação da versão "Revista e Atualizada", pela Sociedade Bíblica do Brasil;
  9. 1968 – Publicação da versão dos padres Capuchinhos;
  10. 1993 – 2ª Edição da versão Revista e Atualizada;
  11. 1995 – 2ª Edição da versão Revista e Corrigida.