Espírito Santo
1. Dom de línguas
"Falarão novas línguas" ( Mc 16.17).
Entre as promessas que o Senhor Jesus deixou, talvez seja esta a que mais tem chamado atenção nestes últimos tempos. De facto, é uma promessa notável que merece a nossa séria meditação, porque era uma coisa completamente nova que ainda não acontecera nem mesmo durante o ministério do Senhor Jesus aqui na terra.Embora não encontremos o dom de línguas no Velho Testamento, seria bom lembrar que sempre houve línguas na terra. A Bíblia afirma que desde a criação até o tempo da torre de Babel havia no mundo uma só língua (Gn 11.1-9). Por causa do orgulho dos homens ímpios, Deus confundiu a linguagem de toda a terra e dali os dispersou por toda a superfície dela. Depois daquele dia, se alguém quisesse falar outra língua, teria de estudá-la, como até hoje acontece. Veja, por exemplo, como Daniel estudou a língua dos caldeus durante três anos (Dn 1.4-6). Até hoje vemos o grande trabalho que as línguas dão aos homens. A "Missão Internacional das Escrituras", com sede em Londres, publica atualmente as Escrituras em 350 línguas diferentes para uso em 150 países diferentes! Isto representa muito trabalho, estudo e despesa.
1. AS LÍNGUAS NOS EVANGELHOS.
O dom de línguas não foi concedido antes da morte de Cristo. A placa que foi colocada na cruz foi escrita em três línguas e serviu para que todos, judeus, gregos e romanos soubessem, nas próprias línguas deles que Quem estava morrendo naquela cruz era o Rei dos judeus.É somente no fim do Evangelho de Marcos que encontramos a promessa de Cristo — "falarão novas línguas"— e é aqui onde tem início uma nova "confusão de línguas"! Podemos ter a certeza de que quando o Senhor Jesus Cristo fez esta promessa Ele não queria causar confusão. Vamos, então, examinar as Escrituras sobre o assunto, pedindo a Deus que nos dê conhecimento da Sua vontade e não confiando em nosso coração enganoso.Em primeiro lugar devemos notar que a promessa das línguas foi feita com referência à pregação do Evangelho, e que não foi mencionada quando Cristo enviou os Seus discípulos a ensinar os novos convertidos (Mt 28-18-20). Devemos notar, também, que a outra promessa — "até à consumação do século" — constante do texto acima mencionado, não foi feita com referência aos sinais, mas ao ensino dos discípulos.Em segundo lugar, é importante observar com cuidado o tempo dos verbos nos últimos dois versículos de Marcos 16. A única interpretação gramaticalmente correta do que Marcos afirma é que a promessa de Cristo sobre sinais e línguas fora cumprida antes de ter ele escrito o seu Evangelho.
2. AS LÍNGUAS NO LIVRO DE ATOS.
O que encontramos no livro de Atos é uma coisa inteiramente nova. Certas pessoas, pelo poder de Deus, receberam capacidade de falar em "novas línguas", ou seja, que não eram suas línguas maternas, sem as terem estudado. Há três destes casos mencionados no livro: um em 2.5-13, outro em 10.44-48 e outro em 19.1-7. Possivelmente tenha ocorrido mais um caso em 8.14-19, mas ali não é explicado o que realmente aconteceu naquela ocasião. Seria necessário ter conhecimento destes casos antes de prosseguirmos em nossa meditação.
Não pode existir dúvida quanto ao fato de que o primeiro destes casos constitui-se em padrão para os demais, porque os outros casos despertaram lembranças daquele primeiro caso ( veja At 10.47 c/ 11.17). Voltando para o caso de Atos 2, vamos considerar três perguntas importantes:
Pergunta 1. QUEM FALOU EM NOVAS LÍNGUAS?
Resposta: Os apóstolos "galileus" (Atos 1.11; 2.7).
Pergunta 2: QUE FOI QUE OS APÓSTOLOS FALARAM?
Resposta: "As grandezas de Deus" (Atos 2.8-11).
Pergunta 3: COMO FOI QUE PEDRO EXPLICOU AS NOVA S LÍNGUAS?
Resposta: Veja Atos 2.17-21.
Para explicar aquele acontecimento, Pedro citou a profecia de Joel 2.26-28, concernente a Israel, que eles, sendo judeus, conheciam muito bem. Ele demonstrou por este trecho do Velho Testamento que o sinal das novas línguas fora dado com o propósito de levá-los a "invocarem o Nome do Senhor para serem salvos". Notemos aqui que Joel não falou de "novas línguas", mas de outros sinais que não aconteceram naquele dia, nem até hoje.
Todos os sinais que Joel profetizou somente acontecerão no tempo da grande tribulação, quando estiver bem próxima a vinda do Senhor "em poder e grande glória" (Mt 24.29-30), o que acontecerá depois da era da Igreja na terra (Ap 3.10). Temos de lembrar que Joel não escreveu para a Igreja, mas para a nação de Israel, e que a sua profecia ainda será plenamente cumprida para aquela nação. Notemos que quando os judeus incrédulos, atraídos pelas línguas, ouviram o Evangelho e, reconhecendo o seu pecado, perguntaram: "Que devemos fazer?", não foram instruídos a falar em novas línguas, nem há qualquer evidência de que isto tenha acontecido. Eles simplesmente reconheceram os seus pecados, aceitaram a Palavra, foram baptizados em água e perseveraram no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2.41-43).
Os apóstolos ainda faziam sinais, mas as línguas não aparecem mais nas listas dos sinais praticados (At 4.16; 8.7).
Passando, agora, para os outros casos relatados em Atos, podemos facilmente observar que o sinal das novas línguas era muito raro, mesmo naqueles dias. O livro relata a história dos primeiros trinta anos da Igreja (aproximadamente), durante os quais aparecem apenas três referências e, possivelmente, mais uma, conforme já mencionamos. Há fatos importantíssimos ligados a cada um destes casos, que provam o caráter especial de cada um deles.
A ocorrência do capítulo 8 foi por ocasião da conversão dos PRIMEIROS SAMARITANOS.
No capítulo 10 o fato deu-se no dia da conversão dos PRIMEIROS GENTIOS.
E no caso do capítulo 19 temos a conversão dos DISCÍPULOS DE JOÃO BATISTA que, por causa das suas circunstâncias especiais, não tinham ouvido da existência nem do Espírito Santo, nem da Igreja.
Se conhecêssemos a situação social que naquele tempo prevalecia entre judeus, samaritanos e gentios, poderíamos entender melhor a necessidade que estes três grupos tinham de receber da parte de Deus este mesmo sinal, mediante o qual ficaria provado que TODOS eram aceitáveis em Cristo e, portanto, dignos da comunhão como irmãos no Senhor. A "parede de separação" que existia naquele tempo entre os judeus e as outras raças era um grande obstáculo ao plano divino de salvar "até aos confins da terra", e a Igreja em Jerusalém demorou anos para compreender este plano que foi apresentado pelo Senhor em Atos 1.8. Notamos como Pedro, depois de ter pregado aos primeiros gentios, foi arguido pela liderança da Igreja em Jerusalém (At 11).
Realmente foi só no tempo de Paulo que o plano divino chegou a ser amplamente praticado, mas mesmo ele, por causa de pregar aos gentios, sofreu muita perseguição por parte dos judeus (At 21.17-40).Pode ser que o dom de línguas tenha sido concedido em outras ocasiões durante o período de Atos, mas temos muita razão em pensar que o dom das novas línguas não era comum naquele tempo e que era um sinal absolutamente necessário no início da Igreja, enquanto o plano divino para a mesma não era bem entendido. É bom notarmos também que em cada um dos casos mencionados em Atos, o dom foi concedido acompanhando a salvação das almas, como o Senhor prometera em Marcos 16. Notemos mais, que em nenhum daqueles casos alguém procurou o dom de línguas, pelo contrário, as pessoas agraciadas receberam-no com surpresa.
3. AS LÍNGUAS NAS CARTAS DOS APÓSTOLOS.
Depois do livro dos Atos temos vinte e dois livros no Novo Testamento. A maior parte destes são cartas escritas pelo apóstolo Paulo às igrejas em Roma, Corinto, Galácia, Filipos, Colossos e Tessalônica e para amigos pessoais como Filemom, Timóteo e Tito. Estas cartas não foram escritas exatamente na ordem em que as encontramos na Bíblia, e os eruditos, especializados neste assunto, baseando-se em referências em Atos e nas cartas, como também em informações arqueológicas, informam-nos que as duas cartas à igreja em Tessalônica são as primeiras que foram escritas (51 a.D.), vindo a seguir Gálatas, 1ª e 2ª Coríntios e Romanos (entre 53 e 57 a.D.). Depois disto ele escreveu Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemom (entre 60 e 62 a.D.).
Finalmente, Paulo escreveu 1ª Timóteo, Tito e 2ª Timóteo (entre 63 e 67 a.D.), quando estava próximo à sua morte. Não sabemos com certeza quem escreveu a carta aos Hebreus, mas parece ter sido escrita entre 63 e 68 a.D.. Os outros oito livros do Novo Testamento foram escritos por Pedro (2 cartas), João (3 cartas e Apocalipse), Tiago e Judas.
Quase todos estes livros foram escritos depois dos que foram escritos por Paulo, exceção feita a Tiago, que parece ter escrito bem mais cedo, entre 49 e 52 a.D..
Esta informação é importante porque é somente em um destes vinte e dois livros que aparece o assunto das "novas línguas". Isto traz logo à tona uma pergunta importante: Se as línguas foram planejadas por Deus para a Igreja até à vinda de Cristo, por que há tão pouca menção do assunto nas cartas dos apóstolos? Outra consideração importante é que 1ª Coríntios, a única carta que trata do assunto, é uma das primeiras entre as cartas que foram escritas.
Agora podemos examinar o que Paulo escreveu sobre as línguas nos capítulos 12 a 14 daquela carta. Ao lermos os três capítulos podemos facilmente constatar que há uma sequência importante: no capítulo 12 encontramos a lista dos dons concedidos à Igreja Primitiva e somos informados sobre quem os concedeu; no capítulo 13 verificamos que estes dons só têm valor quando são usados com amor verdadeiro; e, no capítulo 14, vemos a necessidade de controle e ordem no exercício dos dons, principalmente o dom de línguas, para que haja edificação e, não, confusão. Não duvidamos de que estes três capítulos foram escritos para corrigir a maneira como o dom de línguas estava sendo exaltado e a falta de ordem e reverência como ele estava sendo exercido na igreja em Corinto. Quem duvidar disto deve ler os três capítulos de uma só vez.
Alguns afirmam que o dom de línguas em Corinto devia ser diferente daquele de Atos, que temos considerado. Assim afirmam baseados em 1 Co 13.1, onde lemos: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos...". Contudo, um pouco de atenção na leitura deste texto leva-nos a entender sem a mínima dificuldade que Paulo não afirmou que falava línguas de anjos.
O que ele ensina é que, sem o amor, ainda que pudesse falar na língua dos anjos, nada seria. De igual maneira diz ele no versículo 2: "Ainda que tenha eu tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei". Ninguém imagina que Paulo estivesse falando literalmente em transportar os montes pela fé, mas qualquer um entende sem a mínima dificuldade que ele usa aquela expressão em sentido figurado para dar ênfase à necessidade do amor.
O que podemos dizer é que a maneira de exercer o dom de línguas em Corinto é que era diferente do que vemos em Atos e foi exatamente por causa desta diferença que Paulo achou necessário escrever estes três capítulos. Os irmãos da igreja em Corinto não estavam entendendo o propósito de Deus em conceder aquele dom. Eles pensavam que o dom de línguas manifestava uma espiritualidade superior e era, por isso, o mais importante de todos os dons.
Paulo usa vários argumentos para corrigir este pensamento. Em 12.10 ele mostra que o dom de línguas não foi concedido a todos, mas somente a uns poucos. Nos versículos 8 a 10 aparece sete vezes a expressão "a outro", demonstrando como, mesmo naquele tempo, somente uma pequena fração dos salvos possuía o dom de línguas, fato este que ocorria igualmente com relação a todos os outros dons mencionados. Nenhum deles era concedido a todos, mas cada um deles era outorgado a um pequeno número dos fiéis. Portanto, seria inútil alguém procurar um dom que não tinha recebido. Isto é reforçado nos versículos 28 a 30, onde podemos observar também que na lista dos dons há uma ordem demonstrada. Tal ordem não pode ser cronológica porque no livro dos Atos o dom de línguas não foi o último, mas o primeiro dom manifestado. Contudo, notamos que, ao tratar do assunto em 1ª Coríntios, onde os dons são apresentados em ordem sequencial de acordo com a importância de cada um para a edificação da igreja, o dom de línguas aparece em último lugar.
Em 1 Co 13.8 Paulo deu-lhes uma outra razão para que não dessem às línguas um valor exagerado, além do propósito de Deus: "Havendo línguas, cessarão". Alguns entendem que isto acontecerá numa ocasião futura, quando o Senhor Jesus voltar e, em defesa deste argumento, invocam o versículo 10: "Quando vier o que é perfeito ..." . Para os tais, a palavra "perfeito", ali, refere-se à perfeição do céu.
Portanto, no entender dos tais, as línguas continuarão a existir até chegarmos ao céu. É verdade que somente no céu haverá perfeição absoluta, mas na Bíblia a palavra "perfeito" geralmente tem outro significado. Lendo, por exemplo, Mt 5.48, 19.21, 21.16; Cl 1.28, 4.12; 2 Tm 3.17; Hb 6.1, etc., verificamos que a palavra "perfeito", naqueles versículos, expressa claramente o sentido daquilo que é "completo", sem faltar nada.
Também a expressão "face a face", no versículo 12, poderia levar-nos a pensar naquele dia glorioso quando veremos nosso Senhor Jesus face a face. De fato, isto vai acontecer, mas não é este o sentido da palavra neste versículo. Paulo a emprega em contraste com a expressão "agora vemos como em espelho". "O "espelho", aqui, não tem sentido real, mas figurativo, e significa que quando ele escreveu havia muitas coisas concernentes ao plano de Deus e à Igreja que ainda não tinham sido claramente reveladas.
Os espelhos nos dias de Paulo eram de bronze polido e refletiam uma imagem de qualidade inferior aos espelhos de hoje, que, em comparação, mostram a nossa imagem "face a face". Assim, esta expressão deve ser também entendida figurativamente e significa que viria o tempo quando haveria uma revelação exata sobre o plano de Deus para a Sua Igreja. Esta revelação só pode ser a Palavra de Deus, a Escritura do Novo Testamento, que não existia naquele tempo. Havia apenas dois ou três livros do Novo Testamento quando Paulo escreveu a carta aos coríntios. Podemos imaginar a dificuldade que isto trazia para as igrejas que ainda dependiam das palavras faladas pelos apóstolos e profetas. Quantas perguntas e dúvidas existiam nas mentes dos novos convertidos. Mesmo Paulo nunca teve o privilégio de ler o Novo Testamento completo como nós temos!
Mas em 1 Co 13 há mais uma razão para nos convencer de que a expressão "línguas cessarão" refere-se aos dias imediatamente após aqueles em que Paulo estava escrevendo. No versículo 13, lemos: "Agora permanecem a fé, a esperança e o amor". Perguntamos: Até quando haverá necessidade de fé e de esperança? Será que precisaremos destas coisas depois da vinda de Cristo? Cremos que não. Concluímos, então, haver neste texto duas coisas que Paulo considerava permanentes, mas que, sabemos, continuarão até à vinda de Cristo.
Deve ser bem claro, então, que quando disse que "as línguas cessarão", ele referiu-se a um tempo bem anterior à vinda de Cristo. Devemos notar que há três grupos de coisas no capítulo que têm durações diferentes:
1) Três coisas que cessarão logo após o tempo em que a carta foi escrita: profecias, línguas e ciência (v.8).
2) Duas coisas que permanecerão até à vinda de Cristo: fé e esperança (v. 13).
3) Uma coisa que dura para sempre e por isso é "excelente" — o amor (v.13).
Pensando em 1 Co 14, vemos como Paulo exortou aquela igreja a ter uma atitude mais madura com respeito aos dons espirituais, especialmente o dom de línguas. Notemos os seguintes pontos do seu argumento:
Vs. 1-9 — A inutilidade de falar línguas desconhecidas na igreja sem a devida interpretação. Esta ação é comparada a instrumentos mal executados, que só fazem barulho e não têm qualquer sentido.
Vs. 10-11 — As "novas línguas" não são vozes de outro mundo, mas são vozes usadas em outras partes do mundo, embora sejam "novas" para quem as fala.
Vs. 12-19 — A necessidade de ser a língua falada entendida por quem a fala, a fim de poder dar a interpretação. Nisto vemos um progresso em relação ao que lemos em 12.10, onde era OUTRO quem dava a interpretação. Agora Paulo exorta a que o mesmo irmão que fala explique aos presentes o que falou na nova língua. Note, também, que CINCO palavras entendidas valem mais do que DEZ MIL palavras em outra língua. Talvez a carta inteira de 1ª Coríntios nem chegue a dez mil palavras! Seria muito grande o esforço despendido para falar tudo isso, mas seria tudo em vão se não fosse compreendido.
Vs. 20-25 — O propósito das "novas línguas" era sempre convencer os incrédulos presentes na reunião, como aconteceu em Atos 2. A tentativa de modificar este propósito certamente resultará em confusão.
Vs. 26-35 — A necessidade de controle e limite na reunião a fim de manter a ordem e a reverência. Somente dois devem falar em outra língua, cada um por sua vez, e com interpretação. Aqueles que falam devem estar controlados pela sua mente e, não, pela emoção. As mulheres devem ficar caladas na igreja.
Vs. 36-40 — Estes ensinos não são ideias particulares de Paulo, mas são a Palavra do Senhor para a Sua igreja, não só em Corinto, mas em toda parte.
Depois de receber exortação tão forte alguém poderia facilmente proibir totalmente o uso deste dom, mas tal não era o propósito de Paulo, pois àquela altura o Evangelho era pregado sem o auxílio dos livros do Novo Testamento que agora temos, e aquele dom era ainda muito útil para convencer os incrédulos da verdade do Evangelho.Cremos que a igreja em Corinto obedeceu às exortações recebidas, porque o assunto línguas não é mencionado na segunda carta que foi escrita logo depois. De facto, não aparece mais na Bíblia. Em vão procurará alguém mais referência a este dom nos vinte e um livros restantes do Novo Testamento. O aparecimento das "línguas" entre os "crentes" é coisa comparativamente nova, pois disto não há nenhuma menção na História da Igreja durante muitos séculos. Por isso, devemos perguntar se o que está acontecendo em nossos dias é realmente a manifestação do dom de línguas mencionado na Bíblia, ou o cumprimento das profecias que anunciam que nos últimos dias haverá na igreja imitações que, se fosse possível, enganariam aos próprios eleitos (Mt 24.24; 1 Jo 4.1; Apo 16.13-14).
Há fundamentadas razões que nos conduzem a esta última conclusão. Nesta questão de línguas há uma acentuada diferença entre o que lemos na Bíblia e a confusão que atualmente se verifica onde se supõe existir quem fale em "outras línguas". Nesses grupos as pessoas são encorajadas a procurar o dom e ensinadas a começar a falar repetindo palavras muitas vezes até que venham a perder o controle sobre si mesmas. Mas o que vemos na Bíblia é que o dom nunca foi procurado, ao contrário, sempre veio como surpresa. Afinal, se for necessário trabalhar e estudar para obter o dom, já não é mais dom!Além disto, o facto de que este "sinal", assim como outros, tem aparecido em grupos de pessoas reconhecidamente incrédulas também confirma esta conclusão. Cremos que a tendência atual continuará e aumentará com o aparecimento contínuo de novos "sinais" entre a cristandade e que, mesmo após o arrebatamento da Igreja verdadeira, eles continuarão com o propósito satânico de seduzir o mundo e levá-lo a confiar no anticristo. Por isso é necessário alertar os irmãos mais novos na fé sobre o grande perigo de participar em grupos que procuram estas coisas (Jd 22-23).
Em conclusão, é precioso observar que, como lemos em Apo 5.9, no céu não haverá nada de confusão de línguas: "E entoavam novo cântico, dizendo: "Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação ...". Todos os salvos deste mundo louvarão e adorarão o Senhor sus Cristo em uma só voz. Não sabemos qual será aquela língua, mas quão bom é saber que não haverá mais confusão, porque não haverá mais pecado, que é a raiz de toda confusão nesta terra.
Por Samuel R. Davidson
2. Dom de milagres
Os signatários do presente documento, conscientes das mais diversas ameaças que se desenvolvem contra a integridade e pureza da Palavra de Deus e a Unidade dos crentes, sentem-se no dever de definir a sua posição clara e publicamente perante as Igrejas e os crentes individuais.
Nesta conformidade declaramos que:
1 - Cremos no batismo pelo Espírito Santo, no EXATO momento da conversão do pecador a Cristo, conforme está explicito nas Sagradas Escrituras (Ef. 1:13 - 2 Cor. 1:22 -Jo. 7:39). Isto prova ser errado procurar ou esperar posteriormente um batismo do Espírito Santo, porque Ele já habita em cada crente salvo. (1 Cor. 3:16, 6:19, 12:13)
2 - Cremos que o Espirito Santo concede dons espirituais de acordo com a Sua vontade (1 Cor.12:11). Entretanto, alguns dos dons que vigoraram no início da Dispensação da Graça não são repartidos nos nossos dias, dos quais destacamos:
a)- APÓSTOLOS E PROFETAS. Estes dons foram necessários somente no início da Igreja para o lançamento e confirmação do Fundamento, que é Jesus Cristo - Ef. 2:20-I Cor. 3:9-13.
Os Apóstolos representaram a autoridade e os Profetas a revelação dos desígnios de Deus. Por no tempo presente termos a Revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo completa no Novo Testamento, não necessitamos mais de Profetas e Apóstolos (Rom. 16:26-Co. 1:25 - 2 Tm. 3:16 - 1 Cor. 13:8 Apoc. 22:18-19) nem tão pouco de visões, sonhos e revelações.
b). OPERAÇÕES DE MILAGRES E PODER. Estes dons foram repartidos pelo Espírito Santo no principio para confirmação da veracidade do Cristianismo (1 Cor. 12:7-11, 1 Cor. 12:28)
DOM DE CURAS:
É claro que o dom de curar se esvaziou quando Paulo ainda vivia - 2 Cor.12:7-10-l Tm 5:23 - 2 Tm. 4:20. Todavia Deus pode curar nos dias presentes, em resposta à oração, segundo a Sua vontade (Tiago 5:14-16)Não Como nos dias apostólicos - Então, bastavam a sombra de Pedro e o simples contacto de peças de vestuário com o corpo de Paulo, e "as enfermidades fugiam e os espíritos malignos saíam". Numa palavra: "Todos eram curados". ( At. 5:15 - 16 -12).
Em nossos dias, o Poder de Deus não pode ser manipulado em indecorosos espetáculos de "cura divina", que só servem para desacreditar o Evangelho. Este Poder atua agora como nos dias do Antigo Testamento, esporadicamente e em situações específicas e isoladas, sempre segundo a Soberana vontade de Deus.
A intervenção de Deus, para efeitos de cura, não se cinge unicamente ao domínio espiritual. A medicina, a cirurgia e também o uso de plantas, são alguns dos meios diversificados de que Deus está a servir-se com resultados confirmados e surpreendentes. O Senhor dispõe de todos os recursos para atender as orações dos crentes, quando está no seu propósito curá-los. Em tudo isto cremos nós e damos graças ao Senhor pelo uso que Ele faz de tantas coisas para o nosso bem.
DOM DE LÍNGUAS, SONHOS E REVELAÇÕES:
O dom de línguas que foi no princípio um sinal na descida do Espírito Santo (At. 2:3-4) e serviu para evangelizar no dia de Pentecostes (At. 2:6-1 2), foi também usado como dom para edificação (1 Cor. 14:4-5-26) sendo obrigatório a co-existência com o dom de interpretação de línguas (1Cor.14:27) e teve também um período bastante curto com o agravamento de ser considerado pelo Apóstolo dos Gentios como um dom de pequena escala (I Cor. 14:1-9, 23 e 1 Cor. 13:8).
Todos estes dons e sinais foram oportunos e úteis, segundo a pré-determinação de Deus, nos primórdios da Igreja, com Início no Pentecostes. Mas, diga-se o que se disser, o Pentecostes aconteceu uma vez e nunca mais se repetirá na Dispensação da Graça. Hoje em dia, cada missionário enviado a outros povos tem de estudar as línguas deles, antes de lhes poder falar. Não há dom que lhe valha. As línguas estranhas, usadas então nas Igrejas, já não são necessárias para impressionar os infiéis, como no princípio (1 Cor. 14:22). No tempo presente, se "os Judeus pedem um sinal e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado" (1 Cor. 1:22-23).
Temos no Novo Testamento a revelação completa dada à Igreja. Podemos, por isso mesmo, dispensar todas as outras "revelações". Sabemos que vão aparecendo aqui e ali, os presumidos que pretendem deslumbrar os menos prevenidos com os seus "dons de línguas" e outros. Mas também conhecemos os que, dentre esses, têm voltado para o mundo e acabado por alinhar com os inimigos da Palavra de Deus. Agora, ainda que se levante alguém afalar uma língua estranha autêntica, que não seja de sua invenção, isso não chegará para provar a sua proveniência divina. Está inegavelmente demonstrado que muitos já profetizam, expulsam demônios e fazem maravilhas em Nome do Senhor, sem que, todavia, sejam conhecidos d'Ele. (Mat. 7:21-23).
Tudo isto é confirmado pelo que está acontecendo nas reuniões dos carismáticos católicos, nas sessões espíritas e nos cultos de algumas religiões orientais e africanas. Aí também já falam línguas estranhas e relatam sonhos, visões e revelações. E não só isto, pois expulsam demônios e curam enfermidades. Ora, sabendo nós, que Deus nada tem com isto, como o explicaremos? Paulo responde: "O mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado Aquele que agora o detém" (2 Tess. 2:7- Scofield).
3 - Cremos que Espírito Santo, nestes dias, dá dons aos crentes, quando se convertem, nomeadamente: - O dom de Doutor ou Ensinador, o de Socorros, o de Exortar, o de Repartir, o de Presidir, o de exercer misericórdia, o de Pastor, o de Evangelista, e outros mais. (Rom. 12:7-8, 1 Cor. 12:8-10, Ef. 4:1 1).
3. Como Deus cura hoje?
Em Filipenses 2:25-30 lemos que Epafrodito um crente daquela igreja - e que Paulo chama de seu irmão e cooperador e companheiro nos combates -, esteve muito doente, mesmo bem perto da morte. Deus se apiedou dele e curou-o. O que a passagem bíblica não diz é como Epafrodito foi curado.
Seria apenas pela fé?
Pela oração e imposição das mãos de Paulo?
Com a ajuda de alguma medicina?
O que sabemos pelo ensino das Escrituras, é que Deus tem e usa vários meios para curar. Vamos, então, considerar os meios, ou modos como Deus cura nos nossos dias.
1.PELA ORAÇÃO SOMENTE
No Salmo 34:6 e 17, David afirma: "Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas angústias. Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas tribulações".
Nós cremos no valor da oração. Nós temos os nossos cultos de oração, onde intercedemos pelos doentes. E podemos afirmar que o Senhor tem respondido as nossas orações.
Tiago 5:14 diz: "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele ungindo-o com azeite em nome do Senhor". Note-se o que aqui se diz: "chame os presbíteros da igreja". Não diz para se chamar um pregador que afirma ter o dom de curar, e muito menos ir a uma campanha, ou reunião, de curas divinas. O doente aqui é aquele que está de cama e, por isso, deve chamar os presbíteros (anciãos) da igreja local.
Em tempos passados estivemos afazer um trabalho evangelístico com literatura numa certa área do nosso país. Visitamos algumas igrejas de certa denominação, onde vimos alguns crentes doentes. Pediram-nos até para orarmos por eles. Em conversa com um irmão responsável tivemos o seguinte diálogo:
- Irmão Carlos, nós temos irmãos com o dom de curar.
- Aonde, perguntei, têm algum aqui nesta área? Não, respondeu.
- Então, têm algum em Portugal? Parece-me que não, respondeu ainda.
- Então, onde têm? Na América, afirmou.
Eu respondi-lhe: Não acredito, irmão. Porque se eu acreditasse, eu mesmo contribuiria para que ele viesse imediatamente e curasse os vossos doentes.
Irmãos, não vos deixeis enganar.
Os milagres de cura que o Senhor Jesus e Seus Apóstolos operaram eram sinais para uma época - o começo da Igreja. Eram sinais temporários e, por isso, não continuaram. Aqueles que, em nossos dias, dizem ter o dom de curar, como nosso Senhor e Seus Apóstolos, falham redondamente. E têm sido motivo de grande desonra para o Evangelho. Nós temos sido testemunhas disso já de há longos anos.
Vejam agora o que disse recentemente o conhecido professor das Escrituras e presidente da Aliança Evangélica Mundial, Dr. Theodore Williams, e que veio publicado na revista "AIM" do passado mês de Maio: "Estou preocupado com muitos desvios e diluições da verdade na Índia. É como uma doença o fato dos autoproclamados profetas e obreiros de milagres estarem a atrair muitas pessoas no pais. Muitos crentes nas nossas igrejas vão atrás de pregadores que afirmam ter dons de profecia e de cura e acabam por se tornar discípulos mortos, cujas vidas são inúteis para Deus e para o Seu reino".
2. PELA MEDICINA
O Senhor Jesus disse que os doentes necessitam de médico (Lucas 5:31). Lucas era um médico muito amado e fiel no Senhor (Col. 4:14). Jesus contou uma história em que certo homem encontrou outro caído na berma da estrada, bastante ferido, pois tinha sido pelos salteadores despojado, espancado e deixado meio morto. Este abeirou-se dele, atou-lhe as feridas deitando-lhes azeite e vinho (Lucas 10:34). Era uma espécie de enfermagem daquela época.
Um profeta de Deus, aconselhou a porem uma pasta de figos sobre a chaga de um rei que estava que morrer e ele sarou (2Reis 20:7).
Paulo, que operara tantas curas pela fé, pois tinha dom de curar, agora, que no fim da sua vida terrena aconselha a Timóteo a usar um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades (1Tim. 5:23). Era um medicamento da época, e que sabe se orientado pelo médico Lucas.
3. PELA CIRURGIA
A cirurgia também está Bíblia. Deus serviu-se dela ao cortar a carne de Adão, tirar-lhe uma costela para formar a primeira mulher (Gen. 2:21).
Os sacerdotes de Israel foram ordenados por Deus rasgarem a pele do leproso para se certificarem c veracidade da cura (Lev. 1 3:56).
A cirurgia dos nossos dias está maravilhosamente desenvolvida e os filhos de Deus devem usá-la, se precisarem. Quem vos escreve precisou dela há 33 anos; pela segunda vez há 26 anos e ultimamente, e mais precisamente há 3 meses, como é de conhecimento de muitos. Deus foi servido de curar seu servo por meio da cirurgia, glória ao Seu Nome.
4. PELO ABANDONO DO PECADO
O pecado origina a doença e por fim a morte (Rom.6:23) Ananias e Safira, devido ao pecado da mentira, foram mortos (Atos 5:4,5,10).
Geazi, por causa do pecado da mentira e da cobiça, ficou leproso (II Rei. 5:27).
Também Miriã ficou leprosa por murmurar contra' Moisés, seu irmão (Num. 12:10).
Havia na igreja de Corinto muitos fracos e doentes e outros que tinham sofrido a morte, devido ao pecado de participarem da Ceia do Senhor indignamente (1Cor. 11:28-30)
5.POR MEIO DE SUGESTÕES MENTAIS
Muitos crentes andam tristes e desanimados devido aos problemas materiais. Há situações difíceis, como os estudos, o emprego, a família, etc., e tudo isto traz sofrimento e até doenças. A Palavra do Senhor ensina-nos a lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade porque Ele tem cuidado de nós (1 Ped.5:7).
Vamos colocar a nossa mente no Senhor (Col. 3:1 -4). Há muitos exemplos na Bíblia, de crentes que passaram tempos bem difíceis, mas tudo isso contribuiu para o aperfeiçoamento da fé, e eles ainda experimentaram dias de gozo e felicidade.
6.PELA ALEGRIA DO ESPÍRITO SANTO
O fruto do Espírito é alegria (Gal. 5:22). Paulo, mesmo na prisão, em Roma, escreveu aos crentes de Filipos para se regozijarem sempre no Senhor (Fil. 4:4). Também, quando o povo de Israel, que voltara do cativeiro, ouvia a Palavra do Senhor lamentava-se e chorava de arrependimento. Então Neemias e Esdras animaram o povo e disseram-lhes que não estivessem tristes, porque "a alegria do Senhor é a vossa força" (Neem. 8:10).
Se pensarmos mais nas bênçãos que o Senhor já nos concedeu, como o perdão de todos os nossos pecados, a certeza de irmos para a presença do Senhor, que Ele está conosco e habita em nós, que tudo quanto Ele permite vir à nossa vida é para o nosso bem, então não andaremos tristes, nem desanimados. E isso nos livrará de muitas enfermidades.
7. A CURA FINAL - UM CORPO IMORTAL
Embora o Senhor nos possa curar de várias enfermidades, usando estes meios que aqui mencionamos, temos que reconhecer que algumas enfermidades; nos acompanharão até que o Senhor nos chame para a Sua presença. Estou a pensar que temos irmãos deficientes, cegos coxos, paralíticos, etc. Alguns movem-se em cadeiras de rodas, outros estão retidos nos seus leitos de dor. Temos, porém, a gloriosa esperança de que; quando Cristo vier buscar-nos, "transformará este corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso" (Fil. 3:21).
Na Vinda do Senhor para arrebatar a Sua Igreja, "os nossos corpos corruptíveis serão revestidos de incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestirá de imortalidade. Então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está ó morte, o teu aguilhão?" (1 Cor. 15;1-55).
"Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação, produz para nós um peso eterno de glória mui excelente" (2 Cor. 4:16,17).
Por Carlos Alves
1. Os Cristãos concordam no fato de que todas as doenças, duma forma geral, são resultados do pecado no mundo. Se o pecado nunca tivesse entrado, não haveria doenças.
2. Algumas vezes as doenças são resultado direto do pecado na vida de uma pessoa. Em 1 Cor. 11.30, lemos que determinados Coríntios se encontravam enfermos por terem participado na Ceia do Senhor sem julgarem o pecado nas suas vidas, isto é, sem o terem confessado e abandonado.
3. Nem todas as doenças são resultado direto do pecado na vida duma pessoa. Jó ficou enfermo a despeito do fato de ter sido o homem mais justo (Jó 1.8). O homem que nasceu cego não estava a sofrer por pecados que tivesse cometido (João 9.2,3). Epafrodito adoeceu devido à sua atividade incansável na obra do Senhor (Fil. 2.30). Gaio era espiritualmente saudável, embora fisicamente aparentasse encontrar-se menos bem (III João 2).
4. Por vezes a doença é resultado de atividade satânica. Foi Satanás que fez com que o corpo de Jó fosse coberto com uma chaga maligna (Jó 2.7). Foi Satanás que encurvou de tal modo que esta não se conseguia endireitar: "mulher que tinha um espírito de enfermidade, - pense nisto - havia já dezoito anos" (13:16). Paulo teve uma enfermidade física provocada por Satanás. Ele denominou-a de "um espinho na carne... um mensageiro de Satanás, para me esbofetear" (2 Cor. 12.7).
5. Deus pode curar e cura. De facto, toda a cura é verdadeiramente divina. Um dos nomes de Deus no VT é Jeová-Rofeka - "o Senhor que te cura" (Êxo. 15.26). Nós devemos reconhecer Deus em todo o caso de cura. E claro nas Escrituras que Deus usa diferentes meios no alto de curar. Por vezes cura por intermédio de processos orgânicos naturais. Ele colocou no corpo humano tremendos poderes de recuperação. Os médicos sabem que a maior parte dos pacientes encontram-se melhores pela manha. Outras vezes cura por meio de medicamentos. Por exemplo, Paulo aconselhou Timóteo a usar "um pouco de vinho, por causa do estômago e das ... frequentes enfermidades" (1 Tim. 5.23). Outras, cura através da libertação de temores, ressentimentos, preocupações, e culpas, que produzem doenças. Outras ainda, cura por meio de médicos e cirurgiões. O Senhor Jesus ensinou explicitamente que os doentes necessitam de médico (Mat. 9.12). Paulo falou de Lucas como "o médico amado" (Col. 4.14), reconhecendo a necessidade de médicos entre os Cristãos. Deus usa médicos no ministério da cura. Como Dubois, o famoso cirurgião Francês disse, "O cirurgião veste a ferida; Deus cura-a".
6. Mas Deus também cura miraculosamente. As Escrituras contém disto muitas ilustrações. Seria incorreto afirmar que Deus cura desta forma dum modo geral, mas também não devemos afirmar que nunca o faz. Não há nada na Bíblia que nos desencoraje da crença que Deus hoje pode curar miraculosamente.
7. No entanto, também deve tornar-se claro que a cura nem sempre é da vontade de Deus. Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2 Tim. 4.20). O Senhor não curou Paulo do seu espinho na carne (2 Cor. 12.7-10). Se fosse sempre da vontade de Deus curar, alguns nunca envelheceriam nem morreriam!
8. Deus não prometeu curar em todos os casos; por conseguinte, a cura não é algo que possamos exigir d'Ele. Em Fil. 2.27, a cura é falada como sendo uma misericórdia, não algo que tenhamos o direito de esperar.
9. Apesar de, num sentido geral, ser verdade que a cura se encontra abrangida pela "Expiação", também é verdade que nem todas as bênçãos que a Expiação abarca nos foram já concedidas.
Por exemplo, a redenção do corpo está incluída na obra de Cristo por nós, mas não a experimentaremos antes da Sua vinda para os Seus santos (Rom. 8.23). Então seremos completa e finalmente curados de todas as doenças.
10. Não é verdade que o insucesso da cura indicie falta de fé. Se assim fosse, tal significaria que alguns viveriam indefinidamente; mas não há nenhum exemplo disso. Paulo, Trófimo, e Gaio, não foram curados, mas apesar disso a fé deles foi viril e ativa.
Por William McDonald
4. O Batismo no Espírito Santo
"Todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer Judeus quer Gregos, quer escravos quer livres" (1 Coríntios 12:13).
I. A Personalidade e Divindade do Espírito Santo
O Espírito Santo, tal como a Palavra de Deus no-Lo apresenta, não é apenas uma influência, a força ativa de Deus, mas sim uma Pessoa divina, assim como o Pai e o Filho. Ele tem todos os atributos da divindade:
- A omnisciência - (1 aos Coríntios 2:10);
- A omnipotência - (Zacarias 4:6);
- A omnipresença - (Salmo 139:7);
- A eternidade - (Hebreus 9:14).
Estas passagens nos elevam a sua personalidade mostrando-nos, ao mesmo tempo, a Sua divindade:
- O batismo pela água é dado em nome do Espírito Santo, tal como em nome do Pai e do Filho (Mateus 28:19).
- O Espírito Santo fala por nós. E uma Pessoa que fala (Marcos 13:11).
- É um outro Consolador. Tem de ser uma Pessoa, tal como o primeiro Consolador, Jesus Cristo (João 14:16) [Note-se que a mesma palavra grega, "Parakletos", é empregada tanto para o Espírito Santo, como podemos ver em João 14:16 e 26; 15:26; 16:7, como para Jesus - 1 de João 2:1. Aliás, este epíteto (cognome) não se aplica senão a uma pessoa].
- É preciso ser alguém para fazer lembrar, ensinar, etc. (João 14:26).
- "Ele testificará de mim. E vós também testificareis" (João 15:26-27). Este paralelismo mostra claramente a Personalidade do Espírito Santo.
- "Convém-vos que eu vá, porque se eu não for o Consolador não virá a vós" (João 16:7). Que vantagem poderia haver se, perdendo a Pessoa bendita do Senhor Jesus, ela fosse substituída por uma simples influência?!
- "Quando vier aquele Espírito de verdade..." (João 16:13) [Note-se também que, no grego, sempre se emprega o pronome masculino quando se trata do Espírito Santo embora o nome "pneuma" (espírito) seja neutro].
- Mentir ao Espírito Santo (v.3) é mentir a Deus (v.4)" ,(Atos 5:1-10);
- "Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo..." (Atos 13:2). Temos aqui a Personalidade absoluta, pois uma influência não fala;
- "Não entristeçais o Espírito Santo de Deus" (Efésios 4:30);
- "O Espírito intercede por nós" (Romanos 8:26);
- "Cristo está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos 8:34). Temos, portanto, a interceder por nós, na Terra, uma Pessoa divina, o Espírito Santo, e no Céu, outra Pessoa divina, o Senhor Jesus;
- "A intenção do Espírito" (Romanos 8:27);
- "Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo, em todos. Um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo a cada um, como quer" (1 Coríntios 12:5-6 e 11).
Em Apocalipse 1:4 - O Espírito Santo, sob a forma de sete espíritos, é colocado na mesma posição que O Eterno e o Cristo. Finalmente, "a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos!" (2 Coríntios 13:13).
II. Diferentes Características sob os quais o Espírito Santo é Apresentado na Palavra de Deus
O Espírito Santo é apresentado como o Espírito de verdade, de vida, de poder, de amor, de conselho, de graça, de glória, de promessa, de adaptação (1); Ele é o Espírito Santo, o Espírito de Deus, do Eterno, do Senhor, do Pai, de Jesus, de Cristo (2); Mas também é considerado como:
- Selo - O verbo selar é empregado pelo Senhor em João 6:27 e três vezes para os crentes em 2 Coríntios 1:22, Efésios 1:13 e 4:30. E a passagem de João 3:33 nos dá o sentido da palavra assim empregada: "Aquele que aceitou o Seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro". Assim, quando Deus sela um crente, dando-lhe o Espírito Santo, certifica a veracidade da sua fé. O selo é a marca que Deus aplica sobre um crente, reconhecendo-o como propriedade Sua, separando-o para Ele;
- Unção - O verbo ungir é empregado pelo Senhor em Atos 10:38 (e também em Lucas 4:18 e em Atos 4:27) no sentido de uma consagração para o serviço. Empregada quatro (4) vezes para o crente (2 Coríntios 1:21 e 1 de João 2:20, 27, 27), esta expressão caracteriza a capacidade da inteligência espiritual para compreender as coisas de Deus (ler 1 Coríntios 2:6-16);
- Penhor - Empregada três (3) vezes (2 Coríntios 1:22; 5:5 e Efésios 1:14), esta expressão indica a certeza das coisas que estão ainda em esperança. É, por assim dizer uma prestação sobre os bens que nos pertencem na glória;
- Batismo - O verbo baptizar não foi empregado quando o Espírito Santo desceu sobre o Senhor; e nas seguintes passagens da escritura, ele sempre é utilizado num sentido colectivo: em relação com a vinda inicial do Espírito Santo (Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16; João 1:33), vindo baptizar Judeus (Atos 1:5) e Gentios (Atos 11:16), para serem um só corpo (1 Coríntios 12:13).
Assim, pela unção, temos o conhecimento; pelo selo, temos a segurança; e, tendo os penhores nos nossos corações, gozamos, por antecipação, da bênção, conhecida e em vista da qual fomos batizados do Espírito Santo.
III. Algumas Funções do Espírito Santo.
- É o Consolador dos crentes (João 14:16);
- Ensina e recorda as palavras do Senhor (João 14:26);
- Dá testemunho do Senhor (João 15:26);
- Convence o mundo do pecado, da Justiça e do Juízo (João 16:8-11);
- Guia em toda a verdade (João 16:13);
- Anuncia as coisas que hão de acontecer (João 16:13);
- Testifica que somos filhos de Deus (Romanos 8:16);
- Derrama o amor de Deus nos nossos corações (Romanos 5:5);
- Recebe do que é de Cristo e no-Lo anuncia (João 16:14);
- Inspira os autores sagradas (1 de Pedro 1:11 e 2 Pedro 1:21);
- Ajuda-nos nas nossas orações (Romanos 8:2&27; Efésios 6:8 e Judas 20);
- Distribui dons aos homens (l Coríntios 12:11).
Todas as funções do Espírito Santo parecem poder ser resumidas nesta declaração do Senhor Jesus: "Ele me glorificará" (João 16:14).
IV. Expressões que não devem ser confundidas.
- O Espírito Santo - Pessoa divina, eterna, como o Pai e o Filho;
- Atividade do Espírito Santo desenvolve-se em relação com a Terra, desde a primeira à última página da Bíblia (Gênesis 1:2; Apocalipse 22:17). Pode-se extinguir a atividade do Espírito, especialmente numa igreja (1 Tessalonicenses 5:19);
- O Dom do Espírito Santo - É da máxima importância compreender que é o próprio Espírito Santo quem constitui o dom. (Veja-se, por exemplo, Atos 10:44-46). Este Dom caracteriza exclusivamente o Cristianismo. Pelo Espírito Santo, vindo a este mundo como Pessoas divina, Deus vem selar a fé em Cristo, e, além disso, o Espírito Santo faz a Sua morada nos crentes. Junta-os também num só corpo para formar "uma habitação de Deus pelo Espírito" (Efésios 2:22);
- Os Dons do Espírito Santo - São talentos, são capacidades outorgadas livre e soberanamente pelo Espírito Santo aos crentes, em vista do serviço cristão, para a salvação dos pecadores e para a edificação da Igreja;
- A Plenitude do Espírito Santo é a livre e inteira ação do Espírito Santo no crente, dando-lhe o pleno gozo das coisas celestiais, ou uma capacidade e um poder particular para um determinado serviço;
- O Fruto do Espírito é a manifestação da vida divina no crente. Os frutos que ele dá são a demonstração da nova vida que ele recebeu de Deus e da atividade do Espírito Santo nele.
V. O Que Significa a Expressão "Ser Batizado"?
Certas pessoas falam de "ser batizado" no sentido de ser batizado do Espírito Santo. Esta expressão presta-se a criar confusão, pois não é nunca empregada nas Sagradas Escrituras com esse sentido, mas sempre no sentido de ser batizado com água, ou num sentido particular facilmente discernível (Ex. Marcos 10:38-39 e Lucas 12:50). Com efeito, nos 96 empregos do termo "batismo/batizado" no Novo Testamento, não há senão sete (7) que se referem diretamente ao batismo do Espírito Santo, com uma única excepção, que, aliás, apenas se aproxima (1 Coríntios 12:13), e todas estas estão colocadas para estabelecer um paralelismo com o batismo da água. Quando a Escritura diz que uma pessoa é batizada (sem precisar mais nada), ela sempre está evidenciado que esta é batizada com água - e nada mais. Quanto à recepção do Espírito Santo, a Palavra de Deus exprime-se assim:
- Dom do Espírito Santo - (Atos 2:38; 10:45; 15:8; Romanos 5:5. Ver ainda l aos Tessalonicenses 4:8 e l de João 3:24);
- Receber o Espírito Santo - (Atos 10:47; 19:2, Romanos 8:15; 1 Coríntios 2:12);
- Ser selado do Espírito Santo - (Efésios 1:13; 4:30)
- Ser baptizado do Espírito Santo - (l Coríntios 12:13).
Estas expressões apresentam diferentes aspectos de um mesmo fato; são equivalentes, mas as duas primeiras são mais explícitas.Notemos ainda, embora de passagem, que a Bíblia não fala nunca de uma "primeira experiência" e nem de uma "segunda experiência"; a própria palavra, no sentido que atualmente se lhe dá, é totalmente estranha ao Novo Testamento.
VI. Deve-se ser Batizado de Fogo?
Nota sobre Mateus 3:11 e passagem paralela: Nenhum outro, além de João Batista, fala de se ser batizado com o Espírito Santo e com fogo. Vejamos em que contexto (ler atentamente os versos 5 a 12, que formam um conjunto): Esta narrativa fala de duas espécies de indivíduos, dos verdadeiramente arrependidos (v.6) e dos hipócritas (v.7). são sucessivamente comparados a árvores que umas dão bons frutos e outras maus (v. 10), e também ao trigo e à palha (v.12). Fala-no também, e mui claramente, do julgamento que se abaterá sobre os maus, sendo os justos poupados (v.10) e recolhidos no celeiro (v.12). É assim que nos é dito no verso sete (7) acerca de "ira futura"; no verso 10, da "árvore cortada e lançada no fogo", e, enfim, no verso 12, da "eira limpa" e da "palha queimada num fogo inextinguível". É, pois, entre dois versos que falam de Julgamento que se situa esta declaração de João Batista, que anuncia, da maneira mais transparente, o ato oficial que devia inaugurar as duas dispensações que iam seguir-se:
- A da Graça - batismo do Espírito Santo;
- E a do Juízo - batismo de fogo (ver Isaías 61:2 e Malaquias 3:2-3 e 4:1).
João não apresenta aqui o Messias como o Salvador vindo em graça, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), mas sim como o Chefe do Reino. Aquele que devia executar o Julgamento sobre aqueles que não se arrependessem.Significado do Fogo na Palavra de Deus: É o emblema do Julgamento que consome, e esta passagem bem o demostra. Citemos, porém, mais alguns versículos para o confirmar:
- "Porque um fogo se acendeu na minha ira e arderá até ao mais profundo do Inferno e consumirá a Terra" (Deuteronômio 32:22);
- "Do Senhor dos Exércitos serás visitada com trovões... e labareda de fogo consumidor" (Isaías 29:6);
- "Porque, eis que o Senhor virá em fogo; e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo. Porque, com fogo e com a sua espada, entrará o Senhor em Juízo com toda a carne" (Isaías 66:15-16);
- "Porque o fogo se acendeu em minha ira, e sobre vós arderá" (Jeremias 15:14);
- "Ó casa de Davi... Julgai justamente, e livrai o espoliado da mão do opressor, para que não saia o meu furor como fogo, e se acenda, sem que haja quem O apague, por causa da maldade de vossas ações" (Jeremias 21:12);
- "Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi" (Ezequiel 2:31);
- "O meu Juízo é ajuntar as nações e congregar os remos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira, porque toda esta Terra será consumida pelo fogo do meu zelo" (Sofonias 3:8; ver também 1:18);
- "Sim ,o nosso Deus, o Deus de graça, é também um fogo consumidor." (Hebreus 12:29).
Uma expressão inusitada: Esta expressão, empregada uma vez por João Batista, só é relatada por Mateus e Lucas, em relação com o carácter dos seus Evangelhos. Mateus apresenta o Messias, O Ungido, que, após ter sido suprimido, instaurará o Seu Reino para o Julgamento (Daniel 9:25-26; Salmo 2).Lucas nos apresenta o Filho do homem, que, por causa da Sua humilhação e da sua obediência até à morte, recebeu a autoridade de julgar (João 5:27; Filipenses 2:8-11).
Além de Mateus 3:11 e de Lucas 3:16, esta expressão nunca é empregada. O próprio Senhor tinha ordenado aos Seus discípulos que ficassem em Jerusalém até serem revestidos do poder do Alto; que esperassem a promessa do Pai, que Ele enviaria (Lucas 24:49). Em Atos 1:5 Ele precisa: "Vos sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias". E impressionante o paralelismo entre Atos 1:5 e Mateus 3:11, mas aqui o Senhor não acrescenta: "e com fogo", pois a promessa do Pai não é o Julgamento - que é "a sua estranha obra e o seu estranho ato" (Isaías 28:21), mas sim o DOM do Espírito Santo.
A descida do Espírito Santo é um Batismo de Fogo?A forma sob a qual o Espírito Santo veio batizar os crentes é característica: Sobre Jesus, o Espírito Santo desceu sob a forma de uma pomba, símbolo da pureza, para selar Aquele que era sem pecado; em Atos 2 são línguas repartidas como que de fogo (Não nos é dito: línguas de fogo). E o poder de Deus em testemunho, é o Espírito descendo sobre pessoas que tem uma natureza pecadora (Em Levítico 23:17, os pães do Pentecostes tinham fermento, símbolo do mal - Lucas 12:1 e 1 aos Coríntios 5:7) Mas este não é um batismo de Julgamento, porque o pode; era em graça, visto que toda a criatura em Jerusalém pode entender, na sua própria língua, as coisas magníficas de Deus.
Não é notável ver, alguns anos depois, o apóstolo Paulo fazendo alusão a esta circunstância e dizer "E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente baptizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo (Atos 11:16)? Tendo vivido a circunstância inesquecível de Atos 2, afirma que este é o batismo do Espírito Santo, mas guarda-se bem de o chamar um batismo de fogo!Sintamo-nos felizes por nosso Deus e Pai não responder às orações dos Seus, quando pedem: "Dá-nos um batismo de fogo!" Não!... O Juízo dos verdadeiros crentes, Cristo o levou sobre a Cruz, e agora todo aquele que, do coração, crê nEle tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida (João 5:24). O verdadeiro crente já não terá batismo de fogo.
VII - O QUE É O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO ?
Por vezes, ouve-se dizer: "Vocês tem o Espírito Santo, mas não são batizados do Espírito Santo"! A narrativa de Atos 10 e 11 nos mostra bem o contrassenso de uma tal afirmação. É evidente que Cornélio e os seus não tinham o Espírito Santo antes de Pedro ir lhes pregar, pois o Espírito Santo cai sobre eles enquanto ouviam a Palavra (Atos 10:44). A própria Escritura afirma que há:
- O DOM do Espírito Santo (Atos 10:45);
- A RECEPÇÃO do Espírito Santo (Atos 10:47);
- O BATISMO com o Espírito Santo, prometido pelo Senhor (Atos 11:16).
Os três outros casos relatados em Atos são de igual modo claros. Todos estão de acordo em que se trata mesmo do batismo do Espírito Santo; vejamos:
- Em Atos 2, embora o poder esteja presente, trata-se antes de mais nada da recepção do Espírito Santo, que Jesus glorificado envia do Céu (Atos 2:33). É bem o DOM do Espírito Santo (Atos 2:38);
- Em Atos 8:15-17 é bem o Espírito Santo que é dado. Até mesmo Simão, o mágico, o tinha compreendido (v. 19);
- Em Atos 19:1-7 é bem o Espírito Santo que vem sobre eles.
O Espírito Santo é apresentado na Palavra de Deus como um espírito de adoção e como um espírito de poder, mas de modo nenhum é como se houvesse dois espíritos santos, ou como se o Espírito Santo dado não o fosse imediata e completamente. São simplesmente dois aspectos, duas consequências da Sua presença no crente.
Como apóstolo Paulo, queremos pôr a seguinte questão: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Coríntios 3:16).
VIII- COMO QUE NÓS FAZEMOS PARTE DO CORPO DE CRISTO?
A Escritura é clara: "Todos nós fomos batizados em um Espírito (ou: no poder de um só Espírito), formando um corpo, quer judeus quer gregos, quer escravos quer livres, e todos temos bebido de um Espírito" (1 Coríntios 12:13).
É pelo batismo do Espírito Santo, pela recepção do Espírito Santo que os crentes formam um só corpo, e por nenhum outro meio. A Igreja, corpo de Cristo, não existe senão depois da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Dizer a um verdadeiro Cristão que não foi baptizado do Espírito Santo é dizer que ele não 'faz parte do corpo de Cristo. Nós não reconhecemos nessas afirmações a voz do Bom Pastor. Quando o Espírito Santo é dado para unir os crentes, verifica-se que uma certa doutrina relativa ao batismo do Espírito Santo tenta dividi-los. Virá isso de Deus? Não!... "Um inimigo fez isso" (Mateus 13:28).
Será preciso fazer notar que este verso fundamental se encontra no mesmo capítulo que a lista dos 9 dons ditos espirituais? Aliás, nos é dito com grande precisão que esses dons são distribuídos soberanamente pelo Espírito (l Coríntios 12:11), e não a todos (1 Coríntios 12:28-30).
A Sagrada Escritura afirma: "Nós fomos todos batizados em um só Espírito, para sermos um só corpo" (v. 13). No corpo humano há apenas um nariz, uma boca uma língua, mas há dois ouvidos, duas mãos, uma multidão de nervos, etc. E o mesmo se dá no Corpo de Cristo: "Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis" (v. 18).
Quem ousará contestar o lugar que Deus deu a cada remido? Quem ousará dizer: Porque não és nariz, ou boca, ou língua, não fazes parte do corpo (v. 14-27)? Vamos tentar definir esses "cristãos" que não fariam parte do corpo de Cristo (ler todas às vezes o contexto):
- Romanos 12:4-5 - Nenhuma exortação deste capítulo seria válida para eles;
- 1 Coríntios 12:13-27 - Não teriam nem os dons da graça e nem ministérios;
- Efésios 1:23 e Colossenses 1:18 - O Senhor não seria o seu Chefe ou a sua Cabeça;
- Efésios 2:16 - Não seriam aproximados de Deus pelo sangue de Cristo; não conheceriam a paz e não seriam concidadãos dos santos, pessoas da Casa de Deus;
- Efésios 3:6-Não seriam participantes da promessa em Cristo, pelo Evangelho;
- Efésios 4:4 - Não teriam esperança;
- Efésios 4:12 - Não seriam santos e não poderiam aproveitar dos ministérios que o Senhor deu especialmente para a edificação do Seu Corpo;
- Efésios 4:15-16 - Não poderiam crescer e nem ser edificados;
- Efésios 5:29-30- Não seriam alimentados nem amados por Cristo;
- Colossenses 2:19 - Não seriam alimentados uns pelos outros, nem estariam unidos uns aos outros;
- Colossenses 3:15 - A paz não reinaria em seus corações, e, verdadeiramente, não se poderia pedir que fossem reconhecidos!
Quais são, pois, esses Cristãos sem Consolador, sem poder para o testemunho, sem Guia para os conduzir na Verdade, não fazendo parte do Corpo de Cristo? Os apóstolos nunca os reconheceriam como Cristãos! (Ver Judas 19).
IX- O ESPÍRITO SANTO "EM VÓS" E O ESPÍRITO SANTO "SOBRE VÓS"
Por vezes, ouve-se falar de Cristãos "na montanha" (tendo recebido o Espírito) e de Cristãos "no vale" (não tendo recebido o Espírito), o que faz eco às falsas doutrinas das "Testemunhas de Jeová" que dizem que há uma classe de "ungidos" (tendo recebido o Espírito), e uma classe de "outras ovelhas" (não tendo recebido o Espírito). Outros dizem que se pode ter o Espírito Santo "em si" sem tê-Lo "sobre si", designando assim duas "experiências" diferentes.
Examinemos isto, porque é importante: Nos 4 grupos de pessoas mencionados em Atos, sempre é dito: "O Espírito Santo sobre vós" (Atos 1:8; 8:16; 10:44; 19:6); e acabamos de ver que era a realização da promessa do Pai (Lucas 24:49), a consequência da exaltação de Cristo (João 7:39), e que esse batismo era o Dom do Espírito Santo, a vinda do Espírito Santo para batizar judeus e gentios num só Corpo (1 Coríntios 12:13).
Ora em João 14:16-17, nos é dito claramente: "O Pai vos dará outro Consolador... O Espírito de Verdade... e estará em vós." Vemos claramente que as duas expressões são equivalentes. Ninguém põe em dúvida que os Coríntios tenham sido batizados com o Espírito Santo, e a Palavra de Deus afirma: "Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus?" (l Coríntios 6:19).
O Espírito Santo em vós ou o Espírito Santo sobre vós são dois aspectos de uma só e mesma verdade: a recepção do Espírito enquanto Pessoa divina. Para tentarem firmar a falsa distinção acima mencionada, apoiam-se na passagem de João 20:22: "E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo", afirmam então que receberam o Espírito Santo neles (João 20) antes de O receberem sobre eles (Atos 2). (Note-se que as versões portuguesas mais correntes traduzem já, em 20:22, "sobre eles", e não "neles").Convém fazer notar, desde já, o carácter excepcional e único da cena de João 20. Só os discípulos conheceram historicamente a Antiga Aliança, a presença do Messias vivendo sobre a Terra, a Sua morte, a Sua ressurreição, a Sua ascensão e a descida do Espírito Santo, iniciando o período da graça. O pormenor da sua experiência e, pois, particular e não geral. Por outro lado, não se trata da recepção do Espírito Santo segundo João 14:17, porque: O Espírito Santo não podia descer sobre a Terra na qualidade de Pessoa divina, segundo a promessa do Pai, senão em virtude da redenção e como consequência da glorificação de Cristo (João 7:39). Aliás, a confirmação disto é dada pelo próprio Senhor Jesus, quando diz, em Atos 1:4-8, após a circunstância de João 20: "... que esperassem a promessa do Pai... o Espírito Santo". Pedro dá o mesmo testemunho em Atos 2:33.
João 20 não poderia ser a realização da promessa da divina; também não trata do novo nascimento, porque os discípulos já eram nascidos de novo. A Escritura também é categórica sobre este ponto. O Verbo "assoprar", empregado aqui no original, é único no Novo Testamento, e não é empregado senão duas vezes no Antigo (versão grega dos Setenta): Gênesis 2:7 - "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente"; Ezequiel 37:9 - "Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam"!
Nós pensamos que em João 20 o Senhor Jesus comunica, sobre a base de uma obra realizada, a Sua vida de ressurreição. Da mesma maneira como o assopro do Eterno tinha introduzido Adão na primeira Criação, o assopro de Jesus ressuscitado introduz os crentes na Nova Criação, conforme está escrito: "O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante (1 Coríntios 15:45).Esta passagem sublinha a grandeza e a glória do Cristo ressuscitado. É ele que traz a paz, é Ele que envia os Seus discípulos, é Ele que comunica a Sua vida de ressurreição, é Ele que confere autoridade aos apóstolos!Por outro lado, temos nos versículos 19 a 29 de João 20 um quadro profético notável. Com efeito, encontramos ali:
- Os crentes reunidos no domingo, apesar da oposição. O Senhor Jesus aparecendo do meio deles e lhes trazendo a paz (v.19);
- A missão da Igreja, testemunha da ressurreição de Cristo (v.20 e 21);
- O Espírito Santo dado como consequência da obra da redenção (v.22);
- O privilégio e a responsabilidade da Igreja (v.23);
- A ausência de Tomé (tipificando o povo judeu, que faltou a bênção) (v.24);
- O testemunho da Igreja ao povo judeu, que recusa crer (v.25);
Jesus manifestando-Se ao povo Judeu "oito dias depois", quer dizer, quando uma semana inteira (o período da Igreja) tiver decorrido (v.26-27); O povo Judeu que crerá quando vir o seu Messias (v.28);A parte privilegiada da Igreja que - só ela - terá recebido o Espírito de adoção (v.29).
X- O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO DEPENDE DO BATISMO DA ÁGUA?
Ouve-se, por vezes, dizer: "Não podeis receber o Espírito Santo se não tiverdes sido batizados em primeiro lugar com água, e por imersão". Pensamos que não é este o ensino das Sagradas Escrituras: Em Atos 2:38 Pedro diz aos Judeus: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo; "Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?" (ver Atos 10:44-48). E o mesmo apóstolo que fala, mas aqui referindo-se aos gentios.Não procuramos estabelecer um princípio, e ainda menos uma ordem cronológica, mas afirmamos, de acordo com as Escrituras, que o Dom do Espírito Santo não depende do batismo com água (e ainda menos de um método de administração), e que a graça de Deus não se deixa encerrar em princípio humanos.
O batismo com água é o selo humano (embora divinamente ordenado), colocado sobre a profissão de fé; o batismo do Espírito Santo é o selo divino colocado sobre a fé de coração.Em Atos 8:13 vemos que Simão, o mágico, creu, e sobre esta confissão de fé ele foi baptizado; mas quando Pedro e João oraram para que o Espírito Santo descesse sobre esses novos crentes, Simão, o mágico, não o recebeu. E a razão desse fato nos é dada nos versos 21 e 23: Simão não tinha realmente parte nem sorte naquele ministério. O seu coração não era recto perante Deus. Ele estava em fel de amargura, e em laço de iniquidade. Pode-se enganar o homem, mas a Deus nunca ninguém O enganará.
XI - MODOS SEGUNDO OS QUAIS O ESPÍRITO SANTO FOI DADO NO LIVRO DE ATOS
O fato de o Espírito Santo ter sido dado em duas ocasiões pela imposição das mãos, tem sido desnaturado de tal maneira, que se tornou a base de todo um sistema. Mas vejamos o que dizem as Escrituras:
Caso Geral - Nos dois solenes acontecimentos em que o Espírito Santo veio batizar judeus (Atos 2) e gentios (Atos 10), unindo-os em um só corpo (1 Coríntios 12:13), o Espírito Santo caiu sobre os dois grupos de pessoas, sem pedido e sem imposição de mãos. Nenhum caso particular poderia enfraquecer ou invalidar, e ainda menos substituir o princípio geral aqui estabelecido: É Deus quem dá o Espírito Santo, sem ter necessidade de um intermediário humano Este Dom é a porção de todos os crentes, confirmada pelo caso das 3.000 pessoas de Atos 2:41, pelo de Atos 4:4, e pelo de todas as epístolas (2 Coríntios 1:21-22; Efésios 1:13-14; Romanos 8:15; Gálatas 3:2). Não é, pois, questão de se pedir o Espírito Santo nem de imposição de mãos. Portanto, permaneçamos fiéis às Sagradas Escrituras, que é o que mais importa;
Casos Particulares - Em Atos 8:15-19 trata-se de samaritanos, povo mesclado (2 Reis 17), com o qual os judeus não tinham relações (João 4:9). A questão podia pôr-se, e muito seriamente, se Filipe não tivesse feito um trabalho pessoal, independente da obra de Deus, independente daqueles que o Senhor tinha estabelecido para cuidarem dos Seus interesses. Deus, na Sua sabedoria, a fim de que a obra permaneça una, dá o Espírito Santo por intermédio de Pedro e de João, pondo desse modo o selo da Sua aprovação sobre o ministério de Filipe, mostrando a plena identidade com a obra de Jerusalém e sublinhando a autoridade dos apóstolos.Em Atos 19:6 trata-se de discípulos de João Batista que, criam que o Messias batizaria como Espírito Santo (Marcos 1:8), mas que não sabiam que essa promessa já havia sido realizada.Paulo, não se considerando em nada inferior aos mais excelentes apóstolos (2 Coríntios 11:5), demonstra a validade do seu apostolado impondo as mãos a esses crentes e o Espírito Santo vem sobre eles. Atualmente, todos os crentes se ligam ao caso geral, fazendo parte, quer do povo judeu, quer do gentio, recebendo o Espírito Santo sobre o princípio da fé, sem pedido e sem imposição de mãos. Não poderiam, de modo nenhum, ligar-se aos casos particulares acima referidos, porque não são nem Samaritanos nem discípulos de João Batista!
XII- PARA QUEM É O DOM DO ESPÍRITO SANTO?
Se não é para o mundo (João 14:17), é, certamente:
- Para aqueles que creem (João 7:39; Atos 11:17);
- Para os filhos de Deus (para os que tal se tornam pela fé (Gálata);
- Para todos, isto é, para todos os que creem (1 Coríntios 12:13);
- Em Atos 2:1-4 vemos que são TODOS os que estão reunidos que recebem o Espírito Santo (trata-se, bem entendido, de crentes);
- Em Atos 8 vemos que o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre nenhum (v. 16), mas à oração de Pedro e de João, e seguindo-se a imposição das mãos dos apóstolos, eles receberam o Espírito Santo. Quem O recebeu? TODOS, excepto aquele que não tinha a fé do coração - Simão, o mágico. Sim, o Espírito Santo é para todos os que creem, mas para aqueles que verdadeiramente criem do coração;
- Em Atos 10 vemos que são TODOS os que ouvem a Palavra de Deus (e a recebem!) que se beneficiam do Dom do Espírito Santo (v.44);
- Em Atos 19 são TODOS os que Paulo ensina e a quem impõe as mãos que recebem o Espírito Santo (v.6-7).
Ao lado destes 4 casos há muitos outros, no mesmo livro, onde não se põe a questão da recepção do Espírito Santo, dado que a sua recepção era normal, como consequência da fé: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e A TODOS OS QUE ESTÃO LONGE, A TANTOS QUANTOS DEUS NOSSO SENHOR CHAMAR" (Atos 2:38-39). Quem não compreenderia tais palavras? Foi o que se passou com aqueles 3.000 convertidos de Atos 2:41, com os 5.000 de Atos 4:4, e com todos os outros (1). E o mesmo se deu com todos os Coríntios (1 Coríntios 2:12; 2 Coríntios 1:21-22), com todos os Efésios (Efésios 1:13-14), com todos os Romanos (Romanos 8:15), com todos os Gálatas (Gálatas 3:2).Resta-nos considerar um versículo muitas vezes citado para afirmar que, se certas pessoas não têm ou não podem ter o Espírito Santo é porque não obedecem a Deus.
Com efeito, Atos 5:32 diz-nos "nós somos testemunhas... nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que LHE obedecem".Vejamos agora um pouco mais atentamente o ensino geral das Escrituras: Todos os homens são naturalmente "filhos da desobediência" (Efésios 2:2), mas todos são responsáveis perante Deus para se arrependerem (Atos 17:30) e crerem (João 3:16 1 Timóteo 2:4), para se tornarem "filhos da obediência" (l Pedro 1:14). De modo que não crer é desobedecer a Deus.(Ver 1 João 3:23).A obediência e a fé estão intimamente ligadas nas Escrituras, que falam várias vezes da "obediência da fé" (Romanos 1:5; 16:26).
O Versículo mais elucidativo encontra-se em João 3:36: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece". Note-se que as palavras "crer", "desobedecer" ou "não crer" (João 3:36) e "obedecer" (Atos 5:32) têm a mesma raiz grega. Este verso mostra bem que aqueles que obedecem a Deus são simplesmente os que creem, mas também que a obediência não está apenas ligada ao Dom do Espírito Santo, mas também à salvação. É, pois, falso dizer que uma pessoa salva não tem o Espírito Santo, porque não obedece a Deus; se ela não tem esta "obediência da fé", certamente não está salva.Note-se que a afirmação deste fato fundamental não se opõe, de modo nenhum, a este outro fato: Um crente, filho de Deus, selado do Espírito Santo, pode, infelizmente, nem sempre se mostrar como um filho obediente. É por isso que ele é incessantemente exortado a essa obediência filial (os inconvertidos não podem sê-lo). Por outro lado, se ele não reconhece os direitos do Senhor sobre a sua vida, o Espírito Santo é entristecido.
XIII- QUANDO, ATUALMENTE, SE RECEBE O ESPÍRITO SANTO?
- A Sagrada Escritura diz:
- Após ter crido (Efésios 1:13);
- Quando somos filhos (Gálatas 4:6).
Se o Novo Nascimento é a comunicação da vida de Deus a um inconvertido (João 3:3-5; Mateus 18:3), o selo do Espírito Santo é o sinete que Deus apõe sobre o crente (João 7:39; 14:17). As duas coisas podem ocorrer simultaneamente, não ficando menos distintas por causa disso. O livro de Atos nos apresenta dois casos em que o Espírito Santo não é dado imediatamente: Atos 8- Deus, por esse atraso (de alguns dias apenas!,) mantém a unidade da obra. É um caso muito particular; era a primeira vez que o Evangelho era anunciado fora dos estreitos limites de Jerusalém (Atos 8:1); Atos 19 - Aqui o atraso é devido a uma falta de conhecimento acerca de um ponto fundamental da doutrina cristã. Esses "certos discípulos" que tinham sido instruídos por João Batista e que viviam agora a 1.600 km de Jerusalém não sabiam que a obra da redenção já estava consumada. Eram "crentes", eram discípulos", mas a fé em um Messias que devia reinar não era suficiente para fazer deles Cristãos; era preciso crer na morte, na ressurreição e na glorificação de Cristo. A partir daí já não havia obstáculo a que eles recebessem o Espírito Santo.Desde que uma alma conheça Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, e descanse sobre a obra perfeita da Cruz, o Espírito Santo lhe é dado. E Ele dá ao crente O gozo da sua Salvação, o poder para andar segundo Deus, a certeza da sua adoção como filho.
- Em Atos 2:37-41 vemos que os 3.000 judeus receberam o Espírito Santo no mesmo dia;
- E em Atos 2:47 vemos que "todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar". Ora, é pelo batismo do Espírito Santo que se faz parte da Igreja, que é o Corpo de Cristo (Efésios 4:4; 1 Coríntios 12:13).
- Em Atos 10:44, no mesmo instante em que Cornélio e os seus ouvem a Palavra, anunciando-lhes a remissão dos seus pecados, o Espírito Santo cai sobre eles.
XIV - COMO O ESPÍRITO SANTO É DADO EM NOSSO DIAS?
Alguns dizem: "Pedindo-O e procurando-O com jejum e oração"; outros afirmam: "Pela imposição das mãos na reunião de espera do Espírito Santo"; Mas a Sagrada Escritura diz:
- Pela pregação da fé (Gálatas 3:2);
- Pela fé (Gálatas 3:14).
- Pedido do Espírito Santo:
Até ao Pentecostes, os crentes podiam pedir o Espírito Santo (Lucas 11:13), porque a promessa ainda não tinha sido cumprida (João 7:39). De igual modo, o Senhor orou ao Pai a fim de que o Consolador, o Espírito Santo, fosse enviado (João 14:16), mas seria contrário às Escrituras dizer que o Senhor continua a orar atualmente com esse fim, uma vez que em Atos 2:33 lemos que Jesus recebeu, da parte do Pai, a promessa do Espírito Santo.Após a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, já não se põe mais a questão de pedir o Espírito Santo, nem nos Atos, nem em nenhuma das epístolas. Façamos fé na Palavra de Deus, porque ela nos basta para nosso esclarecimento. Quanto aos verdadeiros Cristãos, podem dar graças a Deus, porque, segundo a Sua promessa, já "receberam o Espírito que provém de Deus" (l Coríntios 2:12). De duas, uma: Ou sois cristãos e recebestes o Espírito Santo, segundo a promessa divina, ou não sois absolutamente nada Cristãos (Romanos 8:9), e o que vos falta não é pedir o Espírito Santo, mas sim CRER! Apropriar-vos dos resultados da obra de Cristo e realizar a verdadeira posição cristã.
Imposição das mãos para a recepção do Espírito Santo:
O Livro de Atos relata-nos 2 casos (2) em que o Espírito Santo é dado após a imposição das mãos. Vamos considerá-los:
- Então (Pedro e João) lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo (Atos 8:17);
- E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo (Atos 19:6).
Nestes dois casos, como, aliás, lemos em Atos 8:18, o Espírito Santo é dado após a imposição das mãos dos Apóstolos. Quem não veria ali uma importante precisão? Bastará fazer estudos de Teologia, ou querer consagrar-se ao Ministério, ou ser aceito como Pastor por uma congregação para que o "crente" se torne apóstolo? (3) As epístolas nos dão algumas indicações nesse sentido? NENHUMA!
Reunião de espera do Espírito Santo:
Estão em flagrante oposição com os ensinamentos da Sagrada Escritura. É certo que os discípulos, após a ascensão do Senhor, deviam esperar em Jerusalém a realização da promessa do Pai, isto é, a vinda do Espírito Santo (Atos 1:4-5), e foi, certamente, o que eles fizeram; mas trata-se de um caso único. Pela primeira vez o Espírito Santo ia descer sobre os crentes para formar a Igreja de Deus, e isto como consequência da glorificação de Cristo (João 7:39; Atos 2:33).
No dia de Pentecostes "estavam todos reunidos no mesmo lugar" (Atos 2:1). Oravam? A Palavra de Deus não no-lo diz. Estavam simplesmente juntos. Esperavam as manifestações que acompanharam e seguiram o derramamento do Espírito? Não! Ignoravam-nas simplesmente. Por um lado, as novas línguas de Marcos 16:17 eram para aqueles que iam crer, e não para aqueles que, crendo já, iam receber o Espírito Santo (João 7:39); por outro lado, a primeira epístola aos Coríntios ainda não tinha sido escrita. E haverá por aí alguém que pense que se passavam entre eles as mesmas coisas que se podem ver nas chamadas reuniões de espera? Haverá quem creia que eles se estimulavam uns aos outros, dizendo: "Vamos... Vamos lá!... Está quase!... Dizei: Aleluia!"?
Haverá quem creia que se pode arrancar a Deus, por uma encenação tão mortificante como contrária às Escrituras, aquilo que tanto o Pai como o Filho Se comprometeram a dar?! (4)Como alguém disse, não se pode exprimir a dor que um verdadeiro Cristão sente quando vê os seus irmãos e irmãs "esperar horas e horas... orando, chorando, agonizando, gritando e transpirando a fim de receberem o batismo do Espírito Santo; e após toda essa espera, voltarem para suas casas vazios, desapontados, para na semana seguinte voltarem a orar, a cantar, louvar, agonizar de novo e de novo partir, mais uma vez desapontados - para tentarem mais uma vez noutra semana. E isto durante semanas, meses, e até anos!... Poderemos encontrar nas Sagradas Escrituras algo relacionado com esta procura e esta falência, com esta espera e esta falta de decoro, com estas idas e vindas, sempre vazios, sempre insatisfeitos, e sempre procurando? Poderá alguém encontrar um simples versículo que dê o menor encorajamento para este interminável desencorajamento?".
Nós dizemos, com Paulo: "Temo que, assim como a serpente enganou Eva, com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo" (2 Coríntios 11:3).
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Notas de Rodapé
1) Atos 5:14; 6:7; 9:35; 9:42; 11:21 e 24; 13:12 e 48; 14:1 e 21; 17:4, 12 e 34; 19:18, etc.
2) Dificilmente se pode levar em conta Atos 9:8-18 como apoiando esta tese, porque, por um lado, é sobre uma ordem precisa do próprio Senhor que a imposição das mãos tem lugar, por outro lado, esta parece estar unicamente em relação com a cura (v.12).
3) ver 1 Coríntios 4:9 e 2 Coríntios 12:12.4) João 14:16 e 26; 15:26; Atos 2:33, etc.
XV - O FALAR EM LÍNGUAS É O SINAL CARACTERÍSTICO DA RECEPÇÃO DO ESPÍRITO?
Que o falar em línguas, vindo de Deus, possa ser, em certos casos, um sinal da recepção do Espírito, não o contestaremos. A Escritura o diz (Altos 10:46); mas que seja o sinal inicial, o sinal característico, nós o negamos, pois a Bíblia afirma justamente o contrário: Com efeito, no capítulo 12 da primeira epístola aos Coríntios, Paulo, diz, no verso 13: "Todos nós fomos baptizados em um Espírito", mas no verso 30 põe a questão: "Falam todos diversas línguas?". Esta questão reclama uma resposta negativa. Se as línguas podem ser dadas a alguns, elas, contudo, não são a única demonstração da recepção do Espírito.Mas, para se desembaraçar deste versículo, alguns ainda invocam estes dois argumentos:
- 1) Tratar-se-ia do dom de falar "outras línguas" concedido somente a alguns, e não do sinal das línguas, concedido a todos. Mas este argumento é falso, porque o versículo engloba, de forma evidente, tudo o que se pode chamar "falar em línguas". Aliás, em Atos 2:4 trata-se de falar "outras línguas" (ou seja, idiomas conhecidos);
- 2) Tratar-se-ia de um falar em línguas na igreja a (ver 1 Coríntios 14:27). O verso 28 do capítulo 12, sobre o qual se apoiam, não diz que esses dons (apóstolos, profetas, doutores, variedade de línguas) devem, obrigatoriamente, ser exercidos na igreja, mas, que foram colocados por Deus na igreja, o que é totalmente diferente. E o verso 18 confirma: "Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis". A função dos diferentes membros pode e deve se exercer em benefício de todo o corpo (v.25), mas, tal como no corpo humano, sempre em perfeita harmonia e clareza.
Nos capítulos 14,15 e 16 de João, onde o Senhor que estava próxima fala com os Seus discípulos acerca da Sua partida que estava próxima e da vinda do Espírito Santo, Ele não falou de um sinal cuja ausência signifique que certa pessoa não recebeu o Espírito Santo! Se um tal sinal existisse, se poderia dizer que o Senhor tinha Se esquecido de lhes dizer o essencial! Mas, pelo contrário, são dadas numerosas consequências da vinda do Espírito Santo, das quais queremos sublinhar duas:
- Conduzir os crentes em toda a verdade;
- Glorificar a Cristo.
É assim que os erros doutrinais e as desordens entre um grupo de crentes demonstram, sem a menor sombra de dúvida, que o Espírito Santo não tem ali a Sua livre ação.Ainda que todos os Cristãos devessem falar uma língua incompreensível, isso não seria um sinal que os caracterizaria, que os identificaria como tais, visto encontrarmos o mesmo "fenômeno" nos
- Sacerdotes budistas,
- Dervixes maometanos,
- Zulus (indígenas de Bornéu),
- Médiuns espiritas,
- Numerosos doentes mentais,
- Etc., etc.
Com efeito, a linguagem pessoal desses doentes (termos por eles fabricados, frases incoerentes) corresponde estranhamente ao "falar em línguas" que se observa em certas igrejas. Isto não está precisamente de acordo com os ensinamentos ministrados por certos "pastores"? Vamos escutá-los um pouco: "Deixai ir a vossa língua; dizei, não importa o quê; pronunciai as sílabas que vos vierem à cabeça, repeti-as, fazei descer a vossa inteligência até ao Zero!". Ou ainda: "Eu vou dizer algumas palavras e vocês vão repetir. Misturá-las também, e não se inquietem com isso. Continuem repetindo muitas dezenas de vezes e dentro em pouco falarão em línguas!". E é isto o que se verifica!...Bastará dizer que o verdadeiro "dom de línguas", comunicado pelo Espírito de Deus, não tem nada a ver com essas aberrantes técnicas de desnaturação.Citam quatro passagens para afirmarem que "o falar em línguas é o único testemunho dado pela escritura do batismo do Espírito". São elas:
- Atos 2: Aqui notamos, porém, que as manifestações são espontâneas (v.4), e não provocadas. Trata-se de um dom do Espírito, segundo 1 Coríntios 12:10. A utilidade desse dom é demonstrada imediatamente (v.5). A misericórdia divina neutraliza o julgamento caído sobre as nações em Gênesis 11:6-9, de maneira que todos puderam entender, na sua própria língua, as coisas magníficas de Deus (v.11);
- Atos 10:46: O dom de línguas comunicado soberanamente por Deus a esses crentes mostrava à evidência a recepção do Espírito. São os mesmos sinais que tinham sido dados em Atos 2, e assim Pedro pôde testemunhar perante os apóstolos que os gentios tinham mesmo recebido o Espírito Santo. Notemos, porém, que Pedro não diz simplesmente que o Espírito Santo caiu sobre eles, nem mesmo que caiu sobre eles de modo habitual, mas sim "como também sobre nós ao princípio" (Atos 11:15), e liga o fato à promessa que o Senhor tinha lembrado aos Seus discípulos justamente antes do Pentecostes (Atos 11:16; 1:5). Como alguém disse: "As línguas eram um sinal, não porque fossem esperadas, mas precisamente porque eram inesperadas, não pedidas, nem habituais - tal como no Pentecostes - e destinavam-se sobretudo a convencer os judeus, mesmo os mais opositores, que Deus queria tão bem os pagãos como os judeus entre o Seu povo";
- Atos 19:6: Eles falaram em línguas e profetizaram. São dois dons do Espírito Santo, mostrando, desse modo, que eles também tinham recebido o Espírito. Este Espírito Santo, cuja presença eles ignoravam, lhes foi então manifesto e confirmado por estes sinais incontestáveis.
Nestes três casos, que nos relata o livro de Atos (1), os dons do Espírito (falar em línguas, profetizar) mostram a recepção do Espírito Santo por esses diferentes grupos de crentes. Mas, teremos nós o direito de generalizar? (2) Por que calar os milhares de outros casos individuais que também são relatados pelas Escrituras? E estes dons nunca são abordados em relação com a recepção do Espírito Santo. Ou Deus se comprometeu a dar o dom de línguas a todo o crente?! No capítulo 16 do Evangelho segundo. Marcos temos a reposta. Examinemos, pois, esses versículos:Marcos 16:17-18: Se quiséssemos afirmar, segundo esta passagem, que todos os crentes devem falar outras línguas, seria preciso afirmar ao mesmo tempo que:
- Todos os crentes devem expulsar demônios;
- Todos os crentes podem pegar em serpentes sem sofrerem algum dano (3):
- Todos os crentes podem beber qualquer veneno mortal, sem que este lhes faça mal (4);
- Todos os crentes devem impor as mãos aos doentes, e os doentes devem ficar curados!...
Bem entendido, todos os crentes podem facilmente impor as mãos aos enfermos, mas o sinal dado não está na imposição das mãos, mas sim na cura dos doentes! E não um de tempos a tempos, nem mesmo nove em cada dez, mas sim TODOS os enfermos curados! (5).Ora, o que verificamos hoje? O desaparecimento, mais ou menos completo, desses sinais, que foram dados segundo a sabedoria de Deus, quando da implantação do Cristianismo.Quando um crente é mordido por uma víbora ou por qualquer outra serpente cujo veneno seja mortal, o que ele faz? Apressa-se a procurar soro antiofídico, para evitar uma morte certa e terrível; e, se bebe veneno morre. A sabedoria de Deus teve o cuidado de retirar esses sinais, quando já não eram indispensáveis, dando, porém, ao homem inteligência bastante para se defender.Em relação com esta passagem bíblica, julgamos dever fazer notar ainda:
- Que se trata de sinais, e não de dons do Espírito;
- Que esses sinais não eram prometidos aos apóstolos (os apóstolos tinham recebido a missão de pregar - verso 15), mas sim àqueles que iam crer por intermédio deles;
- Que esses sinais são apresentados como consequência da fé (v. 17), e não como consequência de uma hipotética "segunda experiência".
Embora a Escritura afirme que "as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas sim para os infiéis" (1 Coríntios 14:22), este "falar em línguas" tornou-se um sinal para os crentes. Mas mais uma vez devemos notar que um tal ensino está à margem da Palavra de Deus.
XVI- QUAIS SÃO OS SINAIS ESCRITURÍSTICOS DA RECEPÇÃO DO ESPÍRITO?
Dizer aos crentes que não têm o Espírito Santo, porque não falam em línguas, porque não são o que poderiam ser, porque se ressentem do cansaço no caminho, é enganá-los! Fazer duvidar das promessas de Deus e perturbar as almas mal firmadas tem sido sempre a obra predileta do Inimigo e dos seus agentes (Gênesis 3:1-5). Edificar, fortificar, firmar na fé, tais são as atividades que procedem de Deus. Alimentemos da Pessoa de Cristo essas ovelhas fraquinhas e as ensinemos a andar pela fé - e não pela vista. (Mas, atenção: A fé que assenta em milagres não é a fé que salva!).
Mostremos a elas que, se a sua vida é triste é porque não dão ao Senhor o primeiro lugar, é porque o Espírito, que está nelas, está entristecido (6), é porque toleram pecados não julgados, hábitos carnais ou mundanos. Lembremos-lhes que o sangue de Jesus Cristo purifica de todo o pecado e que a comunhão perdida pode ser reencontrada. Falemos-lhes da libertação do "EU", da carne, do pecado, do mundo; ensinemos-lhes qual é a verdadeira posição do crente em Cristo, mas não insistamos nunca para que elas façam ainda mais do que já faziam: ocupar-se delas próprias, das suas fraquezas, das suas insuficiências. Ocupar as almas delas próprias não é ministério que venha de Deus.Muitos há que se servem da questão posta por Paulo aos discípulos de João Batista para perturbar os cristãos autênticos: "Recebestes vós já o Espírito Santo, quando crestes?" (Atos 19:2). Não fariam muito melhor se estabelecessem as almas sobre o fundamento da Palavra de Deus e pusessem antes estas questões:
- - Sabeis o que possui o crente que aceitou a Jesus Cristo com seu Salvador pessoal? - E a vida eterna! (E não como se ouve muitas vezes dizer: "uma vida eterna, que pode não ser eterna"!);
- - Sabeis o que foi que Deus prometeu àqueles que puseram ~ sua confiança na obra da Cruz, que compreenderam que, se Cristo morreu por eles, também eles estão mortos com Cristo; àqueles que crerem no que a Bíblia chama "o Evangelho da nossa salvação"? - Foi o Espírito Santo! Escutai: "Depois que ouvistes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo" (Efésios 1:13);
- - Tendes consciência de estardes "em Cristo?"
- - Tendes consciência de que "Cristo está em vós"? (Romanos 8:1 e 10);
- - Sabeis que isto está ligado à presença do Espírito Santo em vós? (João 14:15-23);
- - Podeis chamar a Deus vosso Pai?
- - É pelo Espírito de adoção que recebestes, que podeis conhecer esta relação filial, e é o mesmo Espírito que presta testemunho com o vosso espírito que sois filhos de Deus! (Romanos 8:14-16). [Muitos crentes oram a Deus chamando-Lhe SENHOR. É justo, mas é de recear, se isso se torna habitual, que eles não cheguem a realizar a sua verdadeira relação filial - de filhos (legítimos) para O Pai];
- - Há amor puro e santo no vosso coração? Amor a Deus, amor pelos vosso irmãos, amor pelas almas que perecem? Se sim, podemos afirmar que o amor de Deus foi derramado no vosso coração. Sabeis como? "Pelo Espírito Santo, que vos foi dado" (Romanos 5:5; 1 João 4:12-13). Que preciosa segurança!
- - A árvore é reconhecida pelo fruto que dá. Manifestais vós o "fruto do Espírito"? Bons frutos nunca poderão provir de uma árvore ruim! (Mateus 7:16-18) Vede também em Gálatas 5:22 quais são os frutos do Espírito.
Pudemos ler numa brochura que os três efeitos do batismo do Espírito Santo (provado pelo falar em línguas) são: Uma vida de adoração renovada; Um gosto ainda desconhecido pela Palavra de Deus; Uma alegria transbordante. É indiscutível que a presença do Espírito Santo num crente produz normalmente louvor, apetite espiritual e alegria, mas receamos que os adjetivos empregados conduzam a uma análise interior doentia e desencorajante. Nos interrogamos como reagirão às pessoas que dizem às outras que não têm o Espírito Santo, quando encontram crentes que realizam melhor do que elas:
- A adoração;
- O gosto pela Palavra de Deus;
- A alegria que dá a certeza da salvação.
Como, com efeito, gozar da certeza da salvação, quando, segundo o mesmo falso ensino, a salvação se pode perder, tal como o Espírito Santo! Se é certo que temos de perseverar, dia após dia, isto não seria atacar o valor da obra de Cristo, dizendo com outras palavras que: "Cristo dá ao crentes uma vida eterna que, praticamente, não é eterna (visto que se pode perder!), embora possa vir a sê-lo, mas somente se formos fiéis até o fim". Não será isto rebaixar odiosamente o valor do sangue de Cristo? Não será isto pregar uma salvação pelas obras? Em outras palavras: A obra de Cristo já não salva; é apenas suficiente para nos colocar num caminho onde poderemos obter a salvação pela nossa fidelidade! Nunca um crente conhecerá a paz enquanto a fizer depender das suas experiências, das suas emoções ou da sua fidelidade. O único fundamento da nossa paz, da nossa alegria, da nossa salvação presente e eterna, da presença do Espírito Santo em nós, é a fé nas declarações da Palavra Deus, a fé no valor da obra de Cristo. Que nunca o esqueçamos!"Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz, em crença, para que abundeis em esperança, pela virtude do Espírito Santo" (Romanos 15:13).
XVII- A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
As expressões "cheio do Espírito Santo" e "pleno do Espírito Santo" encontram-se 15 vezes no Novo Testamento. A primeira destas expressões está quase sempre ligada a um testemunho oral, muitas vezes num contexto de oposição. Parece ser uma capacidade excepcional para um serviço ou um testemunho particulares (7). A segunda nos faz pensar mais naturalmente num estado caracterizando certos crentes, mas que todos devem anelar (8).A expressão "a plenitude do Espírito Santo" não se encontra na Bíblia, e nós não a empregamos aqui senão como caracterizando um crente em quem o Espírito Santo não é bloqueado pela carne.Há quem ensine que o falar em línguas é o sinal característico da plenitude do Espírito - o máximo de um coração que transborda. E nós pomos as questões:
- - Porquê João, Isabel, Zacarias não falaram em línguas, uma vez que foram cheios do Espírito Santo, mesmo antes de o Espírito Santo descer de forma definitiva sobre os crentes? (Lucas 1:15, 41, 47);
- - Porquê nunca nos é dito que o Senhor Jesus falava em línguas, uma vez que Ele conhecia melhor que ninguém essa plenitude? (Lucas 4:1);
- - Porquê o fato de "falar outras línguas" não é mencionado, senão uma vez em ligação com a plenitude do Espírito Santo? (Atos 2:4);
- - Porquê, em todas as outras passagens, encontramos muitas outras manifestações como, por exemplo, a proclamação do Evangelho (Atos 4:8, 31), a contemplação de Jesus na glória (Atos 7:55), ou mesmo o discernimento de um mau estado espiritual (Atos 13:9)? Estando também intimamente ligada à alegria cristã (Atos 13:52).
- Que esta "plenitude" pode ser recebida ou realizada no momento em que o Espírito Santo vem fazer a Sua morada no crente, é conforme as Escrituras (Atos 2:4; 9:17), mas a sua constância não é garantida; pode se renovar (Atos 4:31) e deve se renovar. É, ao mesmo tempo, privilégio e a responsabilidade do Cristão:
- - Não vos embriaguez com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;
- - Falando entre vós em salmos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor, no vosso coração;
- - Dando sempre graças por tudo ao nosso Deus e pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo;
- - Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus (Efésios 5:18-21).
Trata-se de uma imposição, bem precisa, e dirigida a todos os Cristãos, e que deve ser posta em prática com todo o cuidado, para se evitar a exaltação.Não nos é dito: "Orai para serdes cheios do Espírito", porque isso não depende de Deus, mas sim de nós. Se estivermos cheios de nós mesmos, plenos de coisas que bloqueiam tão facilmente os nossos corações, o Espírito Santo está, por assim dizer, impossibilitado, de nos encher: todo o espaço está já ocupado! O sentido em que isto nos é dito também não é "enchei-vos", mas sim: "sede cheios". Confessemos tudo o que nos falta, apresentemo-nos perante Deus como vasos vazios.
Ele nos encherá de Cristo, Ele nos encherá do Seu Espírito, não uma vez por todas, não algumas vezes, mas sim de modo contínuo: "Se alguém tem sede - disse Jesus - venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (João 7:37-38). E se não provamos esta plenitude, isso é devido a um obstáculo apenas: o pecado. Se o Espírito Santo estiver ocupado a fazer-nos julgar faltas e erros não confessados, Ele é em nós um Espírito de repreensão, e não pode, ao mesmo tempo, ocupar-nos de Cristo. Coloquemo-nos, pois, na luz de Deus, confessemos os nosso pecados, os nossos erros, com a certeza de que o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica (em grego: continua a purificar-nos) de todo o pecado (1 João 1:7).Três consequências decorrem da plenitude do Espírito:
- O louvor;
- O reconhecimento ou gratidão
- A submissão
Que esta seja a porção de todo o remido!
XVIII - O FRUTO DO ESPÍRITO
São todas as qualidades amáveis da nova natureza, que Deus nos comunicou, são os deliciosos frutos do Espírito Santo que nela opera.A Epístola aos Gálatas nos dá a lista, hão limitativa, dos frutos que dão as duas naturezas do crente (e nós somos responsáveis de não deixarmos desenvolver senão os da nova natureza):
- As obras da carne: "Prostituição, impureza, lascívia, (sensualidade) idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas" (Gálatas 5:19-21);
- Os frutos do Espírito: "Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança" (Gálatas 5:22).
Nesta última lista os três primeiros caracteres nos apresentam os resultados da atividade do Espírito em nós, relativamente a Deus; os cinco seguintes, relativamente aos homens - e o último relativamente a nós mesmos. E a questão que se põe é esta: QUE FRUTOS NÓS PRODUZIMOS?
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Notas:
1. As línguas não são mencionadas nos capítulos 8 e 9. Não devemos, pois, introduzi-las artificialmente por raciocínio humano.
2. Considerando a questão XXI, dissemos que os capítulos 2 e 10 ilustravam o caso geral, mas tratava-se então do dom do Espírito Santo, que é, manifestamente, para todos os crentes (Efésios 1:13), enquanto que aqui se trata de dons que são distribuídos soberanamente pelo espírito de Deus, mas não a todos (l Coríntios 12:28-30).
3. Como foi, por exemplo, o caso de Paulo em Atos 28:5.
4. Note-se que não é dito: "Quando lho tiverem feito beber", mas sim "quando tiverem bebido".
5. Atos 5:16 e 28:8-9. Depois do Pentecostes a Bíblia não nos relata nenhum caso de insucesso na cura de um doente.
6. E como o não estaria quando, por um falso ensino, do qual os promotores hão de dar contas um dia, Lhe fazem a injuria de O ignorar?
7. empregos: Lucas 1:15,41,67;Atos 2:4;4:8 e 31;9:17; 13:9.8.
7 empregos: 5 vezes o adjectivo: Lucas 4:1; Atos 6:3, 7:55; 11:24. Duas vezes o verbo: Atos 13:52; Efésios 5:18 (traduzido por "encher").
Por Pierre Oddon
5. Por que Deus cura hoje?
"Oh, como desejaria ter o poder de curar meu amigo! Ele era ainda tão jovem, há pouco tão forte e são! - Agora está morrendo! Ele ficou com "raiva" de seu médico, desconfiado das orações de muitos crentes. Deus usou este cristão destacado para me ajudar em particular, e também a outros. - Mas, que tragédia - tudo parece insuficiente."
Assim confessou aquele médico experiente, e continuou:
"Muitas vezes eu estive ao lado de pacientes que sofreram por motivo de desastres e doenças e desejavam que eu pudesse ajudar a fazer uma cura milagrosa. Muitos me falaram que pela fé nossos desejos podem receber realidade, desde que Deus quer, de fato, o bem de Seus filhos. Eles alegam que a cura está no arrependimento, e isto é suficiente para que um cristão, que tem bastante fé, possa se restaurar e ficar com boa saúde. Infelizmente, quando alguém exclama ter o dom de curar, de ter ajudado, de fato, a alguns, outros devem confessar sua desilusão. Um dos meus pacientes me narrou que foi curado de vários problemas, mas infelizmente não podia ajudar outros pelo mesmo tratamento ... Muitos crentes pensam que as curas maravilhosas nos dias do Senhor, feitas por meio dos discípulos e apóstolos, também sejam alcançáveis em nossos dias".
Muitos se referem a Hebreus 13:8, onde lemos:
"Jesus Cristo é o mesmo: ontem, hoje e eternamente".
"Então, sendo assim, Ele ainda hoje pode fazer as mesmas curas como antes".
De modo algum pudemos duvidar de Seu poder, em tudo. Mas, notemos que Ele não fazia nada além daquilo que era do propósito do Pai e dEle.
Tudo estava no seu lugar e para um certo fim.
Quando Ele disse: "... se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará.
Nada vos será impossível" (Mt 17:20), nós não podemos duvidar da Sua palavra.
Mas, a quem o Senhor falou assim? "Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa" ... Onde há perversidade, não pode haver fé básica para atender orações. Esta fé exige dependência de Deus em tudo.
De fato, os crentes são pessoas que passaram por uma mudança de "filhos de desobediência" para "filhos de obediência". (Ef 2:23; 1 Pe 1:14).
Os filhos de desobediência não podem fazer a vontade de Deus. Assim lemos em 1 João 5:14: "E esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedirmos alguma cousa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve!".
Ai, fica impossível que o crente se considere autorizado para mandar em Deus. E, quando ele pede humildemente (outra possibilidade não há), ele se sujeita à Sua vontade, em amor e santidade.
Que exemplo majestoso encontramos no Senhor Jesus: Quando em agonia santa perante Seu Pai em Getsêmani, Ele pediu: "Pai, se queres passa de Mim este cálice, contudo não se faça a Minha vontade, e, sim, a Tua" (Lc 22:42).
Nessa agonia estava em luta a nosso favor - incompreensível, no seu horror.
Mas, mesmo assim, que exemplo!
Para responder melhor à questão, fazemos bem, examinar umas curas feitas por nosso Senhor e Seus apóstolos. Admite-se que encontramos no Novo Testamento mais do que setenta curas, que assim ocuparam um bom lugar, especialmente nos Evangelhos.
Talvez também possamos fazer uma comparação entre curas milagrosas e as de hoje.
Praticamente quase todas as curas realizadas pelo Senhor e os seus apóstolos eram de doenças incuráveis. Essas curas não eram passageiras, mas, sem dúvida, para sempre. Uma cura milagrosa é sempre uma cura onde há um órgão arruinado ou destruído, incurável por qualquer remédio ou operação.
Notemos agora, como o Senhor curou, seja por uma palavra, ou por um toque de mão. O oficial de Cafarnaum teve um filho doente para morrer. O Senhor falou somente uma palavra, e o filho foi restaurado (João 4:46-54).
Em Mt 8:5-13 encontramos um criado de um centurião, paralítico, "sofrendo horrivelmente". Aí também o Senhor curou, e sem fazer grande alarde.
A simples fé com a solicitação dos interessados era suficiente.
Porém, encontramos também curas de pessoas onde não vemos nenhuma fé.
Em Lc 4:40-41, lemos:"Ao por do sol, todos os que tiveram enfermos de diferentes moléstias Lhe os traziam; e Ele curava, impondo as mãos sobre cada um. Também de muitos saiam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus", Sua presença era suficiente.
Em Lc 9: 11 vemos: "... e socorria os que tinham necessidade de cura ..." Na presença do Senhor Jesus não havia falhas - casos, onde os doentes tinham que voltar incurados. Tudo era realmente divinamente perfeito.
Nós podemos notar que o Senhor curou crentes e descrentes.
Em Mt 8:2 vemos um leproso que O adorou, dizendo somente: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me." A resposta simples foi: "Quero, sê limpo".
O leproso é uma figura do pecador. Assim, hoje ainda, cada pecador, que chega confiadamente a Sua presença, confiando na Sua prontidão de salvar, fica curado. Aí temos um caso, onde a vontade de Deus e do pecador são iguais. Que estímulo para cada perdido! Em Mateus 9:32 não ouvimos nada de fé. Mas, o Senhor expulsou por sua presença.
Também em Mateus 12:10: suficiente foi a presença do homem com a mão ressequida e do Senhor Jesus, para efetuar a cura, e isto ainda na presença de pessoas religiosas, que não tiveram interesse.
Em Mateus 9:2.22, Marcos 10:52 e outros casos encontramos fé, seja nos doentes, ou nos interessados.
Mas, em Mateus 8:16-17 lemos, sem que seja mencionada qualquer fé: "Chegada a tarde, trouxeram-Lhe muitos endemoniados; e Ele meramente com a palavra, expeliu os espíritos, e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças. "
Realizou-se assim uma parte das profecias, como as encontramos em Is 35:1-10, ou, como lemos em Hb 6:5, manifestaram-se os "poderes (ou obras milagrosas) do munto (ou século) vindouro".
Pensemos também em Lc 7:22.
Os milagres eram comprovantes da chegada do reino messiânico (este que devido à incredulidade e insubmissão do povo está temporariamente adiado, até "que haja entrada a plenitude dos gentios" - Rm 11:25).
Também lembramos de Hb 2:4, onde vemos que Deus, inicialmente, testemunhou junto com a mensagem "por meio de sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuição do Espírito Santo segundo a Sua vontade".
Na cura de Marco em Lc 22:51 também lemos nada de fé, quando este soldado recebeu a cura. Ele curava porque "o poder do Senhor estava com Ele para curar" (Lc 5: 17). Anunciando o reino, até os discípulos foram incumbidos de curar, talvez em si até nem tinham condição para isto (Mt 10:8).
Em contraste, muitos "curandeiros" em nossos dias acusam os doentes, por eles não curáveis, de falta de fé.
Isto somente é uma prova que não têm poder para curar. Quando ouvimos aqui ou lá um caso tido como" cura divina" ,devemos muitas vezes pensar nas palavras do Senhor Jesus em Mt 7:22-23, onde vemos uma sentença horrível sobre pessoas enganadas e enganadores: "Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniquidade"(Mt 7:23).
Já vimos que as curas reais do Senhor e de Seus discípulos eram comprovantes da chegada do reino de Deus (ou: messiânico - Mt 12:28; Lc 10.9; etc).
Além disto, as curas sempre eram instantâneas e não a consequência de muitas orações.(Leia Mt 8:13; Mc 5:29; Mt 8:14- 15). O mesmo efeito reparamos com o homem paralítico à porta do templo em At 3: 7-8 e outros casos.
O Senhor Jesus também ressuscitou mortos. Onde isto acontece em nossos dias? Enquanto os publicadores de "curas divinas" gostam de fazer propaganda com essa atividade, não vemos assim com o Divino Mestre e Seus discípulos (Leia Mt 9:30; 12:16; Mc 7:36 - "lhes ordenou que a ninguém o dissessem").
Ele não queria meros seguidores de "curas divinas".
Ao contrário: "... o próprio Jesus não se confiava a eles" (João 2:23-25).
Ele queria preparar os homens para confiar nEle como Messias (João 20:30-31).
Assim, os apóstolos no início praticavam milagres para credenciar a mensagem do evangelho, que era nova.
Nós entendemos que tanto a cura do paralítico na porta do templo, como a de Eneias e a ressurreição da Dorcas, como a cura do pai de Público, relatados em Atos 3:1-10; 9:32-43; 28:7-10, tiveram a mesma finalidade.
Devemos constatar, que depois da ressurreição do Senhor Jesus, na medida em que foi anunciado o evangelho, dificilmente encontramos curas de crentes ou até de pessoas evangelizadas onde a Palavra de Deus já era conhecida.
Até lemos, em Lc 16:31, que não foi concedido a Lázaro ressuscitar dos mortos, para eficazmente pregar aos irmãos descrentes do rico nas chamas. "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos".
A Palavra de Deus, junto com o Espírito Santo, tem poder suficiente para pecadores prontos a se arrepender (Ageu 2:5b).
Dá muito a pensar que o próprio apóstolo Paulo teve um "espinho na carne" (doença!), Timóteo sofria do estômago! Gaio provavelmente não teve uma saúde tão forte como era o estado de sua alma.
Trófimo, doente, foi deixado por Paulo em Mileto. Epafrodito ficou mortalmente doente, mas, Deus se "compadeceu" de Paulo e o curou (assim como quase todos os crentes podem narrar casos semelhantes de suas vidas) - (2 Co 12:7; 1 Tm 5:23; 2 Tm 4:20; Fp 2:27).
Quando Paulo escreveu de um "corrompimento exterior" do homem (2 Co 4: 16), considerando com isto qualquer doença, ele apresentou o consolo da eterna juventude no futuro com Cristo.
Realmente, a saúde física tem o seu usufruto limitado a esta curta existência terrestre, mas este aspecto perde a relevância ao ser comparado com o exercício da piedade, que "tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser" (1 Tm 4:8).
Contudo, pode acontecer que Deus mande doenças em consequência do pecado.
Veja 1 Co 11:30; Tiago 5:16.
É lamentável, por outro lado, quando crentes, ao adoecer, somente recorram aos médicos, em vez de apresentar o caso ao Senhor, o médico perfeito em todo o sentido.
"Asa... na sua doença não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos" (2 Crô 16: 12).
Que tragédia! Mas, nem todo mal-estar tem sua origem num pecado específico, como vemos especialmente na carta de Tiago, que sublinha a vida em santidade de cada crente.
Pode haver ainda casos, como o do cego de nascença em João 9: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus" (verso 3).
Filipenses 4:6 nos apresenta um grande privilégio, o de orar: "Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deusas vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e vossas mentes em Cristo Jesus".
Graças a Deus que Ele não só pode ajudarem todo o caso, mas também fazer "maravilhas que não se podem contar" (Jó 5:9). Em todo o caso podemos procurar a Sua ajuda; esta então virá em conformidade da Sua santa vontade! Notemos que os crentes são filhos da obediência, chamados para viver em santa dependência dEle!
Um crente que passou por muitas dificuldades na sua família, foi alvo da zombaria dos seus colegas, que quase não conheceram tantas doenças como Ele.
O crente, humildemente, disse: "Nós lemos: Filho Meu, não menosprezes a correção do Senhor, nem desmaies quando por Ele és repreendido; porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo o filho a quem recebe.
É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como a filhos);pois, que filho há a quem o Pai não corrige? Mas se estais sem correção, de que todos têm tomado participantes, logo sois bastardos, e não filhos.
Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai dos espíritos, e então viveremos?" (Hebreus 12:5-9).
Quando, às vezes, "através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (Atos 14:22), podemos lembrar-nos que em breve todas consequências do pecado serão desfeitas: "Aquele que está no trono enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram" (Ap 21:4.5).
Até chegar lá, os redimidos e amados do Senhor sabem que: "Em toda a angústia deles Ele foi angustiado e o Anjo da Sua presença os salvou" (Is 63:9).
Mas, não desejo terminar estas curtas observações sem frisar o grande privilégio dos crentes em orar. Sim, a Palavra de Deus diz: "Na oração sede perseverantes" (Rm 12: 12) e "Orai sem cessar" (1 Ts 5:17).
Do Senhor Jesus, lemos, profeticamente: "Em paga do Meu amor me hostilizam; Eu, porém, orava". Em outra tradução diz-se: "Eu sou oração".
Realmente, Ele sempre buscou a face do seu Deus e Pai. Nós, como redimidos pela graça precisamos, mais do que nunca, nestes dias de confusão, buscar a face do Senhor.
Há um ditado que diz: "A oração é a respiração da alma".
O crente sadio deve estar num estado contínuo de oração, isto quer dizer, em cada fase da sua vida cientemente sentir-se dependente dEle, e levar tudo a Seu conhecimento com oração e gratidão.
Antes de ir ao madeiro, o Senhor recomendou aos discípulos: "Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma causa ao Pai, Ele vô-la concederá em Meu nome... pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa" (João 16:23-24).
Que satisfação para o crente, quando chega em apertos, poder dirigir-se a Seu Pai no céu em Nome do Senhor, ou também, a Ele mesmo. Quantas e quantas vezes nós não recebemos resposta e atendimento imediato!
Não deixemos, também, de sermos gratos por isto: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de Seus benefícios" (Salmos 103:2).
Eu devo confessar que "não sou digno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade..." (Gn 32:10). Que preciosidade possuir nEle um amigo incomparável em fidelidade e amor!
Neste Seu amor podemos confiar.
Ele sempre quer conceder tudo que precisamos (Rm 8.32).
E quando não conceder nossos desejos, tal, como esperamos, podemos ficar gratos; pois Ele sempre nos concede o melhor.
Porém, mesmo assim, podemos e devemos orar incessantemente quando se trata de assuntos que são também do Seu interesse, sabendo, que a Seu tempo atenderá. Às vezes, porém, Ele experimenta nossa perseverança.
"Não fará Deus justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, embora parece demorado em defendê-los" (Lc 18: 7).
Mas, mesmo quando não atender imediatamente, ou visivelmente, podemos, em gratidão, esperar e nos alegrar pela Sua fidelidade e prontidão de nos abençoar e atender, para o Seu louvor, conforme a Sua sabedoria infalível!
com ponderações de Theodor Haber M.D.
6. Falar em línguas
No dia de Pentecostes, os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo, e Ele os capacitou a falar em outras línguas - línguas que nunca haviam aprendido. Podemos supor que todos os 120 cristãos que ali estavam reunidos (Atos 1:15) receberam esse poder. Deus, por Sua graça, agora Se propunha transpor a limitação - a confusão das línguas - que outrora havia imposto ao ser humano para conter o orgulho dele (Gênesis 11: 1 9).
Ele não removeu as barreiras linguísticas - elas continuam até hoje -, mas saltou por sobre elas. Assim, capacitou os Seus servos a falar os mais diferentes idiomas: sinal de que a Sua mensagem deveria alcançar todos os povos e línguas da terra.
Em certo sentido, este Christian Briem sinal - o falarem outras línguas - que estava acompanhando a descida do Espírito Santo, foia manifestação audível daquelas "línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles" (Atos2:3).
Antes de nos ocuparmos do caráter essencial do falar em outras línguas, resumiremos o que encontramos na primeira parte de Atos 2 (v. 1-4).
Três coisas são apresentadas nesses versículos com referência à descida do Espírito Santo:
1- a ocasião -> o dia de Pentecostes;
2- o modo, ou seja, os sinais que acompanhavam o fenômeno -> o som do vento e as línguas como que de fogo;
3- o resultado de Sua descida -> o falar em línguas.
Lucas foio único escritor no Novo Testamento incumbido por Deus de relatar o que aconteceu na noite em que o Senhor Jesus nasceu e também o único a nos comunicar o que se desenrolou na manhã em que o Espírito Santo foi derramado. Oque ele nos relata é de fundamental interesse e do mais sublime valor. Somos gratos a Deus por essa narrativa, que Ele fez chegar até nós por meio do "médico amado" (Colossenses 4:14).
SOBRE O FALAR EM LÍNGUAS (Atos 2: 5-13)
A segunda parte de Atos 2 compõe-se dos versículos de 5 a 13. Nessa passagem, são-nos apresentados os resultados imediatos da presença do Espírito Santo,que giram em torno do fato de que os discípulos passaram a falar em outras línguas. Contudo, resolvi atribuir ao texto o subtítulo acima, considerando que, para ter uma visão mais ampla do assunto, seria bom não ficar restrito a esse trecho.
O MOVIMENTO CARISMÁTICO
Muita coisa já se falou e escreveu sobre o dom de falarem outras línguas - ou simplesmente "falarem línguas": coisas boas e ruins, corretas e erradas. Por isso há no meio da Cristandade muita falta de clareza sobre o assunto, e por esse motivo,a meuver, várias doutrinas e práticas que não são saudáveis acabaram se espalhando.Visto que o falar em línguas, conforme apresentado na Sagrada Escritura, obviamente é um milagre divino e que os de fora facilmente são impressionadas por ele, desde sempre o assunto exerceu forte atração sobre os mais religiosos e sentimentais, cuja tendência natural é buscar o espetacular e o psíquico. Essa a razão por que muitos têm reiterado, inclusive verdadeiros filhos de Deus, que essas manifestações que ocorreram no início do cristianismo ainda hoje constituem a vontade de Deus para conosco. Afirma-se que, se os cristãos fossem mais cheios do Espírito, ainda falariam em outras línguas. E assim, o falar em línguas é tido como a mais elevada expressão de espiritualidade em muitos círculos cristãos. Faltando o dom de línguas, segundo a opinião deles, estará faltando também uma parte essencial do verdadeiro cristianismo. Não é possível nem necessário examinar e explicar em seus pormenores as diversas doutrinas e práticas associadas ao falar em línguas que adentraram a Cristandade. O meu anseio maior é apresentar o que a Palavra de Deus diz a esse respeito e deixar que o leitor mesmo tire as suas conclusões sobre as práticas com que depara na cristandade.Não erramos, porém,' em identificar desde já as diferentes acepções existentes: Há entre os filhos de Deus alguns que, baseados nas Escrituras, rejeitam o falar em línguas em nossos dias, e outros que, fazendo uso da mesma Bíblia, não somente apoiam e praticam "novos batismos com o Espírito" e "curas", como também advogam o falar em línguas sob diversas formas.O movimento carismático (do grego charisma, "um dom da graça") está ganhando cada vez mais terreno. Seria ele uma bênção ou um perigo? Estará conduzindo à verdade ou ao erro? Bem, sabemos que as ditas experiências de novos batismos com o Espírito são contrárias às Escrituras. (Nota do Tradutor: O batismo com o Espírito Santo foi um evento único. Aconteceu quando o Espírito Santo veio à terra no dia de Pentecostes para formar a Igreja (Atos 2) .
Mas, e quanto ao falar em línguas?Há verdadeiros filhos de Deus que, envolvidos no movimento carismático, alegam possuir o dom de línguas. Nas reumoes de suas denominações, falam "em línguas" - não raro várias pessoas ao mesmo tempo.Na maioria dos casos, não há intérprete. Até onde é possível constatar, as "línguas" muitas vezes são apenas gritos, ainda que referidascomo "línguasdos anjos". Quando se dão ao trabalho de colocar intérprete, a tradução não pode ser comprovada, e o conteúdo em geral é paupérrimo. Verifica-se que, muitas vezes, são mulheres que exercem com veemência esse "dom espiritual" - para edificação,como se diz.Outros, porém, associam o falar em línguas com a pregação do evangelho, com experiências profundas, com sublimes sentimentos de alegria, com o fortalecimento interior e com a auto-ediíicaçâo. Eles falam de êxtase, de arrebatamento ao terceiro céu e até mesmo de expulsão de demônios ou exorcismo.
O NOSSO PROPÓSITO
Com isso, estabelecemos o pano de fundo no qual iremos desenvolver nosso assunto. Mas não é nosso objetivo analisar esse contexto, e sim esclarecer a verdade. Se abrirmos o nosso coração, a verdade, por si, irá separar o bom do mau, o certo do errado, e assim poderemos reconhecer se o que ouvimos é realmente a voz do bom Pastor ou a de um estranho.Aliás, esta é uma tarefa da qual o Senhor não nos poderá livrar nestes dias tão maus: provar se os espíritos são de Deus ou não (1 João 4: 1).Vamos, pois, com base no texto diante nós e em outras passagens da Palavra de Deus, verificar essencialmente três questões importantes que dizem respeito ao falar em outras línguas e ver o que a Sagrada Escritura nos dizsobre o assunto:
1- Qual a natureza das "outras línguas"?2- Qual era a finalidade dessas línguas?3- Podemos ainda hoje contar com esse milagre?
O que diz a Escritura sobre a continuidade das línguas?
A resposta a essas perguntas sem dúvida exercerá influência sobre a nossa maneirade pensar.
E é fundamental estarmos cientes de que não podemos nos desviar da verdade, ou de parte dela, sem que a nossa alma sofra algum dano.Ao todo, três escritores do Novo Testamento, e apenas estes, discorrem sobreo assunto: Marcos, Lucas e Paulo. Masnão será a exposição isolada de qualquer um desses escritores que nos dará a resposta às questões acima. Porém, podemos esperar que,conforme o estágio histórico da época a que se refere o escritor, mais luz seja lançada sobre o assunto. E de fato é assim. Marcos se refere ao falar em línguascomo uma promessa do Senhor ressurreto. Lucas relata historicamente três ocorrências que correspondem ao cumprimento das palavras do Senhor. Eo apóstolo Paulo, sob a inspiração do mesmo Espírito que influenciouMarcos e Lucas, apresenta-nos importantes princípios da verdade, os quais são esclarecedores quanto ao uso - e ao abuso - do dom de línguas.
O TESTEMUNHO DE MARCOS
No final de seu evangelho, Marcos relata a tarefa que o Senhor ressurreto legou aos Seus discípulos, os apóstolos. Eles deveriam ir ao mundo inteiro e pregar o Evangelho a toda criatura. Quem cresse e fossebatizado, seriasalvo;quem não cresse, seria condenado (16: 15-16). Erauma obra muito mais abrangente que a missão que o Senhor Ihes havia confiado nos dias em que aqui viveu (3:14-15). Estariam eles à altura de tal tarefa, considerando que agora estariam privados da presença física de seu Senhor e Mestre, ao Qual sempre podiam recor rer em todas as dificuldades, mesmo em seus fracassos e falhas?
CINCO SINAIS DO PODER DIVINO
Como que para dissipar tais temores e encorajálosa executar uma tarefa tão abrangente mesmo em Sua ausência, o Senhor acrescentou:"Estes sinais seguirão aos que crerem:1. em meu nome, expulsarãodemônios;2. falarão novas línguas;3. pegarão em serpentes;4. e, se beberem alguma coisa mortífera, não Ihes fará dano algum;5. e imporão as mãos sobreos enfermos e os curarão" (Marcos 16:17-18).São ao todo cinco sinais do poder divino que acompanhariam a pregação dos apóstolos e os que cressem mediante a pregação deles.Quando o Senhor, no início de seuministérioterreno, os enviou a pregar, deu-Ihes também poder para curar doenças e expulsar demônios (3:5).Agora porém, já ressurreto, acrescentou três sinais vinculados ao ministério apostólico: o falar em novas línguas, poder sobre as serpentes (compare com Isaías 11 :8) e imunidade a venenos. Como era oportuna e apropriada a concessão de tais dons a esses homens, que exerceriam um ministério mundial! Segundo os desígnios de Deus, os futuros redimidos procederiam de "toda tribo, e íngua, e povo, e nação"(Apocalipse 5:9).Como era, então, conveniente o sinal de falar novas línguas!
CONFIRMAÇÃO DA PALAVRA
O que podemos aprender sobre o dom das línguas com base no breve relato de Marcos?Ficamos sabendo que o falar novas línguas era um dos cinco sinais ou dons especiais concedidos pelo Senhor aos apóstolos e aos que, nos anos seguintes, viessem a crer - sinais que autenticavam a mensagem anunciada como procedente de Deus - o evangelho da salvação, que se baseava no Cristo crucificado, ressurreto e assunto ao céu, era algo inteiramente novo sobre a terra. Aprouve a Deus confirmar a proclamação de Seu Evangelho mediante sinais exteriores de poder. Assim, os ouvintes da mensagem apostólica não teriam argumento algum para desculpar a eventual incredulidade ou a rejeição à mensagem. Deus não apenas Ihes enviou a Boa Nova, mas também a confirmou por meio de sinais e poderosos milagres.Pois bem, esse é um aspecto de suma importância relacionado com o falarem línguas,e iremos retomá 10 mais adiante. a procedimento de confirmação por meio de milagres em sinão é novidade. Quando o Senhor enviou Moisés aos filhos de Israel, este argumentou que eles não iriam crer e nem lhe dar ouvidos.Então o Senhor lhe concedeu três sinais específicos a serem usados para sua legitimação perante o povo: a sua vara se tornaria em serpente, a sua mão ficaria leprosa e a água do Nilo se tornaria em sangue quando derramada sobre a terra seca (Êxodo 4). Eram sinais suficientespara afastar qualquer sombra de incredulidade da parte do povo de Israel.Quando o Senhor Jesus iniciouo Seu ministério público e anunciou o Reino dos céus como não sendo deste mundo, ele fazia sinais e milagres para confirmar a Palavra. a que as pessoas ouviamera autenticado pelo que viam. Sabemos o que aconteceu quando João Batista foi acometido de dúvidas na prisão e mandou perguntar a Jesus se Ele era realmente o Messias ou se deveria esperar outro. a Senhor deu-lhe esta resposta: "IdeeanunciaiaJoão as coisas que ouvis e vedes: as cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem aventurado é aquele que se não escandalizar em mim" (Mateus 11 :4-6). as sinais que operava identificavam-nocomo a Pessoa que Ele realmente era - o Ungido do SENHOR.De modo semelhante, constatamos que estes sinais seguiam os servos do Senhor depois do Pentecostes, confirmando que o ministério deles procedia de Deus. Tratase de um princípio divino,como já foi mencionado: Deus confirma oqueé novo mediante sinais exteriores. O último versículo do Evangelho de Marcos atesta isso de maneira inequívoca. Depois que o Senhor foi elevado ao Céu e ocupou o Seu lugar à destra de Deus, conforme relata o penúltimo versículo, Marcos encerra o seu livro com estas palavras: "E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!".Na Epístola aos Hebreus, verificamos o mesmo conceito: "Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciadapelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?" (Hebreus 2:3-4).Portanto os sinaise milagres, entre quais o falar em línguas, ocupavam lugar determinado, atestavam a pregação da nova mensagem e removiam qualquer pretexto para a incredulidade do ouvinte.Temos também de levar em conta o fato de que a mensagem da graça de Deus em Cristo Jesus não somente era nova como ainda ninguém escrevera uma linha sequer do NovoTestamento. Tudo repousava unicamente na Palavra falada. Essa a razão por que Deus confirmava a Palavra anunciada oralmente com os sinais. Se algo não fosse coerente com a Palavra, se não fosse a pura doutrina de Cristo, então não poderia haver tais sinais. Deus jamais confirma o que é errado.Assim, quando encontramos filhos de Deus, ou tais que professam sê-lo, manifestando evidente desobediência à Palavra, ao mesmo tempo em que arrogam possuir poderososdons espirituais, podemos tranqüilamente colocar um grande ponto de interrogação atrás de tudo que o sistema deles apregoa. Não raro a evidência de uma mentira manifesta a falsidade de um sistema inteiro (1 João 2:27).
CONCLUSÃO SOBRE MARCOS 16Se retomarmos às três perguntas levantadas no início, à primeiravistaparece não haver o que extrair do pequeno relato de Marcos acerca da natureza das novas línguas. Mas talimpressão é enganosa, pois as palavras do Senhor Jesus esclarecem muito bem um aspecto: que as línguas são um sinal. Um sinal não é pura e simplesmente um milagre, mas um milagre pelo qual Deus almeja mostrar algo específico e que traz, em seu bojo, algum significado moral ou espiritual.As novas línguas, portanto, são um sinal. O texto de Marcos, porém, ainda não diz a quem ou a que elas são destinadas.É dito que as "línguas" são novas línguas. Esse adjetivo também não é sem propósito. A língua grega conhece basicamente duas palavras para expressar a idéia de novo. A queé empregada aqui, kainós, não descreve algo novo no sentido temporal, e sim algo não usual, nada corriqueiro - novo em sua natureza. As "novas" línguas de Marcos 16 são as "outras" línguas de Atos 2.Obviamente, não eram novas para os ouvintes, como iremos verificar ainda, e sim para aqueles que as falavam: eram diferentes das que estes costumavam empregar.A segunda questão, que diz respeito à finalidade do falar em hnguas, encontra uma resposta parcial, mas importante: era a confirmação daquiloqueera novo. Novo era não apenas o Evangelho da graça de Deus, mas também o seu direcionamento a todos os povos, línguas e nações. Quanto à terceira questão, referente à continuidade do dom línguas até hoje -, não encontramos no relato de Marcos o menor indício de que esse dom - ou qualquer outro dos sinais relacionados - acompanharia a pregação do Evangelho nas gerações da fé posteriores à época dos apóstolos ou mesmo até ao término da presente dispensação da graça. Pelo contrário, no texto de Marcos somente vemos menção explícita ao encargo atribuído aos apóstolos, e notamos ser evitada qualquer alusão a uma permanência dos sinais. Isso se torna ainda mais patente se considerarmos que na comissão da qual o Senhor incumbiu os Seus discípulos, no final do Evangelho de Mateus, Ele promete estar presente "até à consumação do século". E Mateus não faz qualquer menção aos sinais!Em Marcos, onde os temos mencionados, falta a indicação de sua vigência. Não nos dá isso razão para pensar?Mesmo assim, para os defensores do falar em línguas, esses indícios não bastam. Visto que a permanência do dom de línguas não foi especificada, argumentam, é natural supor que ele permaneça até hoje.Argumentos desse tipo, no entanto, aniquilama si mesmos.Se o falar em línguas permanece, os outros quatro sinais igualmente perduram. Mas isso significa que os que arrogam a si o dom de línguas deveriam também evidenciar os outros dons. Mas são eles capazes de expulsar demônios, de pegar em serpentes ou de beber veneno sem sofrer dano?Afinal, o Senhor também mencionou que esses sinais acompanhariam os que cressem. É notável, pois, que quase só se faça referência ao falar em línguas! Mas se uma coisa há de permanecer, as outras permanecem também.Onde, estão, pois, os outros sinais?
O TESTEMUNHO DE LUCAS:JERUSALÉM
O sagrado escritor, Lucas, relata três ocasiões em que se falou em línguas, Aprimeira foi na manhã do dia de Pentecostes, em Jerusalém, Atentemos para o seu relato:"E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, correndo aquela voz, ajuntouse uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouviafalarna sua própria língua.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileustodos estes homens que estão falando? Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medas, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto eÁsia,e Frígia e Panfilía, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguasfalar das grandezas de Deus. Etodos se maravilhamvam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto" (Atos 2:5-13)
DOIS GRUPOS DE JUDEUS
Naqueles dias, por ocasião da grande festa, estavam em Jerusalém judeus provenientes das maisdiversaspartes da terra. Naqueles dias, por ocasião da grande festa, estavam em Jerusalém judeus provenientes das maisdiversaspartes da terra. Naqueles dias, por ocasião da grande festa, estavam em Jerusalém judeus provenientes das maisdiversaspartes da terra.Alguns vieram do distante nordeste -Pártia, Média,Pérsia e Mesopotâmia. Outros vieram do sul: Egito, Líbia e Cirene. Estavam representadas as províncias da Ásia Menor, situadas a noroeste, e havia também muitos judeus que vieram da capital do Império Romano. Havia gente até mesmo das ilhasmediterrâneas, como Creta, etambémdaÁrabia,situada a suleste. O relato cita nominalmente quinze regiões. Os visitantes compunham um grande grupo de judeus estrangeiros. Mas havia ainda um segundo grupo, constituído pelos judeus nativos, residentes na Judéia. Ao que parece todos estes tiveram sua atração chamada pelo veemente ruído, e afluiram para a casa onde os discípulos estavam reunidos.Quando, então, chegaram ali, ouviram os 120 crentes (que, pelo visto,haviamdeixadoa casa neste intermédio, indo para as ruas e para os átrios do Templo) falar em seus próprios dialetos, nos idiomas dos países onde tinham nascido.Não há razão para imaginara cena como uma mistura confusa de vozes nem para pensar que os diversos dialetosforam todos falados em um mesmo lugar,de modo que um não pudesse entender o outro direito. Deus não é um Deus de confusão, e havia lugar suficiente nos edifíciosdo Templo e nas ruas circunvizinhaspara que os 120 discipulos se espalhassem por alipara render o seu testemunho das grandezas de Deus.Os discípulos, portanto, falaram em pelo menos quinze idiomas. Digo "pelo menos", porque a descrição das regiões é muito concisa (p. ex. "partes da Líbia, junto a Cirene") e porque emgrandes países como a Mesopotâmia e o Egito certamente eram falados vários dialetos.AS RAZÕES DOS JUDEUS
As reações da multidão diante do grande milagre variavam do espanto ao escárnio. Nessas atitudes, evidenciam-seos dois principais grupos que compunham a multidão judaica. Esses judeus, vindos de outros países, designados no texto "varões religiosos"(ou"varões tementes a Deus"), estavam confusos porque cada um deles os ouvia falar na própria língua (v. 6).Depois, "pasmavam e se maravilhavam" pelo fato de que estes, que falavam na língua corrente de seus países de residência, eram nativos da Galiléia(v.7). E, por fim, "todos se maravilhavam e estavam suspensos" porque não podiam entender o significado daquilo tudo (v. 12).Em contraste, o grupo dos judeus nativos comportava-se de maneira diferente: "Zombando, diziam: Estão cheios de mosto" (v. 13). Qual a razão dessas diferentes reações? Temos de procurar a resposta não apenas em um estado espiritual melhor ou pior, mas em um processo muito natural: o primeiro grupo entendia o que era falado, e o segundo, não. Os judeus estrangeiros ouviam os crentes falando as línguas de seus países e podiam entender o que era falado. Eles não tinham razão para pensar que os oradores estavam "cheios de mosto".Para os judeus residentes no país, porém, as línguas que ouviam eram totalmente estranhas. É verdade que sabiam mais ou menos o grego, porém a sua línguamaterna era o aramaico. Não dominavam outros dialetos e estavam mais propensos a pensar que os discípulos do Senhor estivessem bêbados.
LINGUAS DOS HOMENS
Pois bem, tudo isso tem significado relevante ao nosso assunto. Do relato histórico que estamos considerando, depreendem-se alguns detalhes que merecem a nossa atenção. Verificamos, pois, que as "novas línguas" mencionadas pelo Senhor em Marcos 16, eram línguas dos homens - idiomas ou dialetos falados e entendidos por homens daquela época. Não se tratava de gritos mal articulados e histéricos, mas de línguas verdadeiras. Os discípulos jamais as haviam aprendido, e nisso consistia o milagre. Era um milagre do falar, e não do ouvir. Eles"começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo Ihes concedia que falassem" (v. 4)."Todos [os ouviram em suas] próprias línguas falar das grandezas de Deus" (v. 11). Mas, quanto às línguas que falaram, tratava-se de linguagem e idéias correntes e bem normais. Não eram línguas místicas, isto é, "línguas dos anjos".
SINAIS - DE QUÊ? PARA QUEM?
Tínhamos visto, em Marcos 16, que as línguas eram um "sinal". No texto em estudo, aprendemos de que elas eram sinal e para quem.
Eram um sinal de que:
1- Deus, o Espírito Santo, fora derramado sobre os discípulos que criam no Senhor Jesus e2- que Deus estava pronto a fazer com que o Evangelho da Graça fosse anunciado a todas as línguas e povos da terra.
Já aprendemos bastante acerca da natureza das línguas por meio das quais os discípulos falaram no dia de Pentecostes.Mas, qual a sua finalidade?Para quem era o sinal?Para os judeus, e para ninguém mais!Não se tratava de um sinal para o mundo descrente pagão, e sim para o povo dos judeus. Estes deviam estar familiarizados com os oráculos do Antigo Testamento. Os judeus deviam saber da profecia de Joel, segundo a qual o Espírito de Deus haveria de ser derramado. Pedro, em seu discurso logo a seguir, aponta para isso.
AS GRANDEZAS DE DEUS
Ainda sobre a finalidade do falar em línguas, não creio ter sido o Evangelho a mensagem apregoada sobrenaturalmente aos judeus, seja aos que vieram de longe, seja aos que residiam no país. O texto omite essa informação. O que se lê é que os ouviram "cada um [... ] falar das grandezas de Deus". Era muito mais um louvor a Deus pelas Suas grandezas do que uma pregação. Por isso, nem me parece muito correto afirmar que os discípulos dirigiram a palavra à multidão. O fato é que a multidão simplesmente os ouvia falar (v.6,11). Não lemos nada a respeito de um discurso ou deuma palavra dirigida especificamente àqueles judeus.Horas mais tarde, isto sim, Pedro Ihes dirigiu a Palavra e anunciou o Evangelho a todos. Isso, porém, não aconteceu em outra língua. Para quê, afinal? Todos compreendiam o aramaico, e foina língua materna deles que o apóstolo Ihes anunciou oEvangelho. Três mil pessoas se converteram nessa ocasião - tocados pela pregação do Evangelho, e não pelo falar em línguas que haviam presenciado na manhã do mesmo dia.Anos mais tarde, Barnabé e Paulo foram à Licaônia (At 14). Era manifesto que não entendiam licaônico. Segundo a opinião de muitos hoje em dia, esta teria sido uma ocasião para anunciar o Evangelho em línguas, e falar àquelas pessoas em licaônico. Porém, nada disso aconteceu! Todos ali entendiam o grego, e os apóstolos fizeram uso desse idioma. Assim, nem nessa nem em qualquer outra passagem encontramos indicação de que o falar em línguas tivesse sido usado para pregar o Evangelho ou que alguma vez alguém veio a ser salvo por intermédio disso.
UMA NOVA ÉPOCA
Parece, pois, que a finalidade do falar em línguas estrangeiras era dupla. Em primeiro lugar, servia para chamar a atenção dos judeus e levá-Ios a fazer perguntas. Em segundolugar, havia a necessidade de eles serem preparados para o início de uma nova situação: Deus, dali em diante, haveria de ser louvado e glorificadonão somente na "língua santa" - o hebraico -, mas também nas línguas das nações. Aquele procedimento era inconcebível para a mente judaica. Para nós é difícil imaginar o que isso implicava.Mas a visão do lençol contendo vários animais quadrúpedes e reptéis e o triplo apelo que a voz do céu dirigiu a Pedro dizendo: "Mata e come!" (At 10: 11 ss) mostra-nos mais uma vez quanto era difícilpara o judeu piedoso compreender que Deus agora queria alcançar as outras nações: "De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda" (v.14). Guiado pelo Espírito de Deus, porém, o apóstolo finalmente foi levado a dizer: "Deus mostrou-me que a nenhum homem chama comum ou imundo" (v. 28).Pouco depois, declara também: "Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo" (v. 34-35). A propósito, isso tudo também evidencia que na época do Pentecostes os próprios apóstolos ainda não haviam entendido o significado desses sinais, embora fossem os instrumentos que Deus usava. E o que Atos 2 nos tem a ensinar com referência à continuidade do falar em línguas? Porventura há, nesse relato de Lucas, algum indício de que tal dom se estenderia aos, dias futuros? De modo algum!Naturalmente, nenhum crente duvida dessa possibilidade, pois "para Deus todas as coisas são possíveis".No entanto, não precisamos nos deter nas coisas que Deus pode realizar.O que nos cabe é inquirir se, em conformidade com a revelação de Seus caminhos, Elequer fazeralguma coisa. Mas nada nesse relato aponta para essa direção.As línguas, ao contrário, caracterizavam, juntamente com outros sinais, o início de uma nova dispensação que apresentava forte contraste com tudo que existia até então. Havia agora um Cristo glorificado no céu, a pessoa do Espírito Santo sobre a terra, a graça no lugar da Lei, a justiça pela fé, em vez de uma justiça baseada em obras, e a salvação de Deus disponível a todas as nações, até os confins da terra. Tudo isso caracterizava a nova dispensação, com a qual os judeus teriam de se familiarizar, pois os sinais também valiam para eles.
O TESTEUMHO DE LUCAS:CESARÉIA
O segundo relato envolvendo o falar em línguas no livrodeAtos tem como palco a cidade de Cesaréia. Lucas registra o fato no capítulo 10.Algo inconcebível a ouvidos e corações judaicos havia ocorrido ali.Instruídopor Deus, Pedro chegara à casa de Comélio, um centurião pagão, e anunciado o Evangelho aosque estavam ali reunidos. Até aquele momento, o Evangelho fora somente anunciado aos judeus e samaritanos (cap. 8), isto é, apenas àqueles no meio dos quais o Senhor Jesus também tinha trabalhado. Mas o caso agora era completamente diferente.Comélio era piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa. Ele era nascido de novo, sem dúvida, pois as suas orações e esmolas haviam subido como memorial perante Deus - fato do qual um anjo de Deus deu testemunho explícito (v. 1-4). Mas ele sabia - e isto era justamente um aspecto de sua piedade - que "a palavra que [Deus]enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo" (v. 36) não se estendia a ele, um pagão. Comélio não só pertencia ao povo romano, como também era um oficial graduado dessebem-sucedido poder bélico que vencera e agora oprimia o povo de Deus. O que se passava no coração desse homem e de sua família, porém, não passaram despercebidos aos olhos de Deus, e Ele lhes enviou Pedro, a fim de que poudesse levar-Ihes o conhecimento acerca do perdão dos pecados mediante a fé em Jesus Cristo (v.34-43).
UM PASSO SIGNIFICATIVO
Hoje não temos dúvidas de que esse passo dado por Pedro estava de acordo com a vontade de Deus e de que o apóstolo foi guiado por Ele também. Os mensageiros do Senhor já haviam hesitado bastante na missão de levar o Evangelho para além dos limitesde Israel e anunciá-Io aos que estavam em trevas (1:8).Antes que isso pudesse acontecer, no entanto, Pedro teria de cumprir uma missão especial. O Senhor Jesus lhe havia confiado as chaves do Reino dos céus (Mt16:19). No devido tempo, o apóstolo deveria abrir as portas do Reino para aos convertidos provenientes dos judeus, dos samaritanos e de todas as nações. No que diz respeito aos dois primeiros grupos, isso já havia acontecido (At 2 e 8). E agora, na seqüência dos eventos, vemos que pela primeira vez na história os pagãos ouviam o Evangelho - e o pregador era um judeu, o apóstolo da circuncisão. Digo "pela primeira vez" porque o eunuco da Etiópia foi um caso especial, sem qualquer relação com a abertura do Reino dos céus por intermédio de Pedro.Além do mais, é provável que o eunuco fosse um prosélito, ou seja, um pagão acolhido na comunidade religiosa de Israel. oato de Pedro foium passo de suma importância na história da Igreja sobre a terra. Forçosamente, porém, surge a pergunta: "Esse passo foi operado por Deus?".A ACOLHIDA DOS CONVERTIDOS
PROCEDENTES DOS PAGÃOS
Hoje sabemos, para dizê-lo uma vezmais, que isso vinha de Deus. Mas como os crentes judeus daqueles dias viam esse fato? Como aceitaram a igualdadecom os gregos? Comose sentiam com a presença de romanos convertidos sentando ao lado deles em suas reuniões?Viria isso de Deus?Uma necessidade absoluta ficou evidente: a proclamação do Evangelho às nações por meio de Pedro teria de ser confirmada e autenticada pelo próprio Deus de maneira óbvia e incontestável, para que a questão fosse esclarecida de uma vez por todas. Era imprescindível um testemunho apropriado que confirmasse que Comélio, a sua família e os seus amigos haviam sidoaceitos como crentes em Cristo Jesus, tal como o foram os judeus convertidos.Essa confirmação aconteceu em Cesaréia. Ouçamos o testemunho de Lucas em Atos 10: "Dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéisque eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus. Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo? E mandou que fossem batizados em nome do Senhor" (v.44-48). Com que finalidade, então, estes crentes das nações falaram em línguas? Isso ocorreu para que os judeus - "os [crentes] fiéis que eram da circuncisão" - pudessemreconhecer sem sombra de dúvida que os crentes dentre as nações foram aceitos por Deus e receberam o Espírito Santo da mesma maneira que eles próprios.A recepção e a posse do EspíritoSanto são, em si, coisas invisíveis e não perceptíveis pelos sentidos. Naquele dia, porém, era imperativo que os judeus crentes pudessem perceber a presença do Espírito Santo entre as nações. Note que já no capítulo seguinte nos é descrita a resistência oferecida pelos que eram da circuncisão.Eles questionavam Pedro: "Entraste em casa de varões incircuncisos e comeste com eles" (11: 1-3). O apóstolo, em sua réplica, esclareceu que em Cesaréia estava sob a direçãodireta do Espírito Santo, finalizando com estas significativas palavras: "Quando comecei a falar, caiu sobre eles o EspíritoSanto, como também sobre nós ao princípio. Elembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?" (11: 15-17).UMA PROVA IMPORTANTE
O fato de o Espírito Santo ter sido derramado sobre os crentes em Cesaréia constituía prova inabalável do endosso divino à acolhida dos que procediam das nações. Porémesta ocorrência só pôde ser reconhecida porque os ouviram falando em línguas, contando as magnificências de Deus.Pedra nem tinha feito menção do sinal, mesmo assim os judeus reconhecerem a questão - a concessão do EspíritoSanto - nessa obra.O acontecimento de Cesaréia é mencionado outra vez em Atos 15, quando os apóstolos e anciãos de Jerusalém estavam por esclarecer questões fundaméntais relativas ao tratamento a ser dispensado aos crentes de outras nações. Após muita disputa, Pedro relembrou o episódio de Cesaréia, e disse: "Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentiosouvissemda minha boca a palavra do evangelho e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração pela fé" (At 15:7-9).
Aqui o dom do Espírito Santo é uma vezmais apontado como prava de que os cristãos judeus procederam corretamente ao receber seus irmãos das nações. Contudo, o sinal da recepção desse dom foique falaramem línguas.Com a ajuda desse sinal, Pedro e os da circuncisão puderam reconhecer imediatamente o que havia acontecido: o Espírito Santo havia descido sobre aquela gente.É também interessante constatar que a concessão do dom do Espírito Santo em Cesaréia é mencionada nada menos que cinco vezes, somente com termos ligeiramente modificados: porém, em nenhuma dessas ocorrências, é feita alusão ao batismo com o Espírito Santo.
1- "...caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra" (10:44).2- "E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio" (11: 15).3- "E os fiéis que eram da circuncisão [...] maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios" (10:45).4- "... que também receberam como nós o Espírito Santo?" (10:47).5- E Deus [...] lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós" (15:8)."Cair", "derramar", "receber" e "dar" são as expressões usadas na Palavra de Deus, mas nunca "batizar".
Talvez alguém argumente que Pedra menciona, sim, o batismo com o Espírito Santo (11: 16).De fato, ele o faz, mas não afirma que os crentes em Cesaréia tivessem sido batizados com o Espírito Santo.O apóstolo apenas declara que, quando aquilo aconteceu, ele foi lembrado da Palavra do Senhor, que antes de Sua ascensão mencionara o batismo com o Espírito Santo.Gostaria ainda de apontar a ligação evidente se verifica aqui, à semelhança do dia de pentecoste, entre o falar em línguas e o louvor a Deus: "Porque os ouviam falarlínguas e magnificar a Deus" (10:46).Mais uma vez, o falarem línguas não se apresenta na forma de proclamação, e sim como louvor a Deus. Ambas as passagens parecem sublinhar que o falar em línguas dirige-se primariamente a Deus. O testemunho porém, o sinal em si, era para os homens, mais precisamente aos judeus.Nada do que aconteceu em Cesaréia sugere a continuidade do dom das línguas, tampouco o que ocorrera em Jerusalém. Lá em Jerusalém o sinal das línguas serviu para confirmar que o Espírito Santo veio como pessoa à terra. Aqui, em Cesaréia, o mesmo sinal serviu para confirmar que o Espírito Santo também fora concedido aos crentes não-judeus. Ambas ocorrências tiveram um significado inédito e, se repetidas, já não estariam mais evidenciando uma novidade. A vinda do Espírito Santo não é um fato que necessite ser confirmado repetidas vezes, tampouco o fato de que Deus proporcionou aos crentes de todas nações o acesso à Igreja.Se as ocorrências eram inéditas, os sinais que as acompanharam também foram únicos.Na verdade, temos em Atos apenas mais um caso em que cristãos falaram em línguas.Vamos considerá-Iorapidamente.
O TESTEMUNHO DE LUCAS:ÉFESO
O episódio de Éfeso não é de pouca importância, pois já não diz respeito ao ministério de Pedro, e sim ao de Paulo. O apóstolo, ao encontrar alguns discípulos de João Batista em Éfeso, percebeu que eles ainda não se encontravam efetivamente na posição cristã, pois Ihes perguntou: "Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. Perguntou-Ihes, então: Em que sois batizados, então? Eeles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-Ihes Paulo as mãos, veio sobre eles o EspíritoSanto; e falavam línguas e profetizavam. Estes eram, ao todo, uns doze varões" (19:2-7).
OS DISCÍPULOS DE JOÃO BATISTA
Esse grupo de crentes achava-se em uma situação peculiar. Não pertenciam nem aos judeus que se tornaram crentes no Senhor Jesus nem aos não-judeus convertidos, pois seguiam ainda os fundamentos de João Batista. Não há dúvidas de que haviam estado em sua pátria na época em que João Batista pregava no deserto de Judéia,conclamando os judeus ao arrependimento e anunciando que o Reino dos céus estava próximo. Eles haviam crido na pregação de João e deixaramse batizar por ele com obatismo do arrependimento após confessarem os seus pecados.Cerca de vinte anos mais tarde, quando Paulo os encontrou, ainda continuavam estabelecidos sobre os mesmo fundamentos, seguindo os ensinamentos de João e esperando a vinda do Messias e Seu Reino. Não conheciam ao Senhor Jesus nem sabiam da obra que Ele realizara, coroada pela descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Paulo, então, passou a Ihes falar do Senhor Jesus, a Quem o mestre deles já havia apontado. As palavras de Paulo certamente experessavam a plenitude da verdade cristã que lhe fora confiada na condição de ministro da Igreja (veja Cl 1: 24-25). E aqueles homens creram no que Ihes foi apresentado, evidenciando-se a sinceridade de sua confissão no fato de serem batizados ao nome do Senhor Jesus.Mas como tratar aquele grupo dali em diante? Até então, estavam separados tanto dos judeus quanto dos gentios. Deveriam também eles ser admitidos aos privilégios da Igreja de Deus sobre a terra, estes privilégios aos quais os crentes judeus e os crentes das nações haviam sido introduzidos? Era essa a grande questão a ser resolvida em Éfeso.A resposta não demorou: Deus concedeu também a eles o Espírito Santo mediante a imposição de mãos por parte de Paulo, tornando-os assim membros do Corpo de Cristo. E, mais uma vez, constatamos o sinal exterior da parte de Deus confirmando esse fato, pois eles falaram línguas e profetizaram. Notamos também aqui que o milagre das línguas está ligado à profecia e à edíficação e que o sinal em si novamente está ligado aos judeus - afinal, foram doze judeus que falaram em línguas.Vemos que o Espírito Santo não veio sobre eles enquanto criam apenas em um Cristo que estava por vir. Só quando creram naquEle que já viera e cumprira a obra da redenção foique o Espírito Santo desceu sobre eles, como ocorrera com os . seus irmãos segundo a carne.
O INÍCIO DA IGREJA EM ÉFESO
Esses doze ex-discípulos de João Batista tornaram-se, pela graça de Deus, o ponto de partida - o "núcleo" - da Igreja naquela grande cidade. Paulo trabalhou alidurante dois anos, "detalmaneiraquetodos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos" (v. 10). Observe como foi importante o "núcleo" daquela igreja local ali ter recebido o mesmo selo de sua aceitação, confirmado pelo mesmo sinal que os crentes em Jerusalém e Cesaréia! Essa ocorrênciaaquitambém foide caráterúnico.Nãoépossível deduzir daqui a continuidade do falaremlínguasaépocaspa;l:eriores ou até mesmo até ao finalda era da graça. Masas três ocorrências (Jerusalém,Cesaréiae Éfeso) têm algo em comum: ediante o sinal das línguas Deus confirmou fatos que de uma ou de outra forma eram novidade. Em Jerusalém, a novidade foia descida do EspíritoSanto à terra para fazer morada nos crentes e assimformara Igrejade Deus.Em Cesaréia, o fato novo foi que também os crentes das outras nações recebiam o Espírito e eram acrescentados à Igreja. O mesmo fato se observou entre aquele grupo específico dos que, anteriormente, eram discípulos de João Batista.
CONCLUSÃO
Vamos resumir uma vez mais o que verificamos nos testemunhos de Marcos e Lucas na consideração de nossas três perguntas iniciais!A natureza das línguas: Eram idiomas reais, correntes e compreendidos por aqueles que os dominavam. Os oradores, porém, jamais os haviam "aprendido". Para estes, eram "novas línguas". Tratava-se de um milagre do falar, não do ouvir. Tal milagre tinha o caráter de sinal, tendo inerenteum significadoespiritual com a finalidade de manifestar alguma coisa.A finalidade das línguas: Integravam o grupo dos vários dons milagrosos mediante os quais o Senhor, naqueles dias iniciais, confirmava a Palavra que agora havia de ser levada para além dos termos de Israel. Constituiram-se específicamente num sinal exteriormente notável do recebimento do Espírito Santo, porém sempre dirigido aos judeus. Por meio desse sinal era-Ihes testificado que teve início uma nova era, e novas etapas dessa mesma era.
A continuidade das línguas:Não vimosem nenhum dos textos contemplados apoio para isso. Sem exceção, tratase de acontecimentos de caráter único, de sinais que marcavam novos princípios. Depois de o novo período se ter iniciado, e dos cristãos já estarem confirmados em seu caráter universal, já não encontramos mais evidência desse sinal no livro de Atos.Quando os dons sobrenaturais deixaram de ser necessários, os próprios milagres também desapareceram no Novo Testamento.
O TESTEMUNHO DE PAULO
Qualquer análise da questão das línguas sem dúvida estaria incompleta sem a consideração das verdades que Deus confiou ao apóstolo Paulo acerca do assunto. Repetidas vezes, o apóstolo fazmenção das línguas em sua primeira carta aos Corintios, nos capítulos 12 a 14. Por isso, gostaria de expor, de forma breve, o conteúdo desses capítulos, levando em conta os três pontos de vista, que também serviram de referência nas explanações anteriores, a saber: o que diz Paulo sobre a natureza, a finalidade e a continuidade desse dom.
Destacaremos em primeiro plano uma circunstância que facilmente passa despercebida: embora ricamente agraciado com os dons espirituais,o crente pode viver um baixo nível de espiritualidade. É o que o exemplo dos coríntios nos ensina.
CARNAIS APESAR DOS DONS
Os coríntios foram em tudo enriquecidos em Cristo, "em toda a palavra e em todo o conhecimento", de maneira que nenhum dom lhes faltava (1 Co 1:4-7). Mesmo assim, eram crentes carnais: "Pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais, e não andais segundo os homens?" (3:3). Eles não estavam na carne - nenhum cristão verdadeiro se encontrará nesse estado, pois está em Cristo -, mas eram carnais porque agiam segundo a carne. Repetimos: é possível possuir dons espirituais e ainda assim ser carnal. Possuir um dom, por si só, não torna o cristão espiritual. É algo que temos de lembrar constantemente, porque temos a inclinação de sobrevalorizar o desenvolvimento de certo dom.De fato, a igreja em Corinto possuía todos os dons espirituais. De nenhuma outra assembléia se ouve tal coisa.A mente carnal desses crentes, porém, manifestouse pelo fato de eles gostarem especialmente dos dons espetaculares, que chamavam a atenção do povo, como por exemplo o dom de línguas. Eles gostavam de impressionar os outros. Quase podemos dizer que brincavam com os dons divinos, assim como a criança se diverte com um brinquedo que ganhou recentemente.Aquilo que Deus classificava em último lugar os coríntios, em uma avaliação própria, colocaram em primeiro. No capítulo 12, o apóstolo enumera os dons da seguinte maneira: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar [...) em terceiro [... ) depois [... ) depois ..."(v. 28-30). Só no final ele menciona o falar em línguas e a sua interpretação.Ainda assim, ele faz referência às línguas com uma pergunta: "falam todos diversas línguas? Interpretam todos?".Embora o próprio apóstolo não dê a resposta, ela claramente é: "Não! Nem todos falam em línguas". Esse fato deve ter levado os coríntios a refletir e, ainda hoje, deveria fazer pensar todos os amados filhos de Deus que dão tanto destaque a esse dom.
SOBRE A NATUREZA DAS LÍNGUAS
O apóstolo não deixa dúvida de que o falar em línguas - embora impressionante para os de fora - ocupa lugar ínfimo entre os dons espirituais e está sempre no final das enumerações (12:10,28-30; 14:5). Sem interpretação, as línguas não trazem proveito à igreja, porque só há edificação - o grande objetivo de Deus para o Corpo de Cristo - quando se entende o que é falado (14:5-19,28). Os dons superiores não são os milagrosos, nem se encontra entre eles o dom de línguas, e sim "apóstolos", "profetas" e "doutores" (ou mestres), concedidos por Deus para firmar a Igreja nas grandes verdades do NovoTestamento.Quem falavaem línguas,não falava aos homens, mas a Deus (14:2,28), fato que verificamos nos relatos históricos de Lucas (At 2 e 10) e é confirmado por Paulo em 1 Coríntios. O falar em línguas é uma coisa direcionada a Deus, é oração, ação de graças, louvor (14: 14- 17). Essa é a caraterística principal desse dom. Esses versículos esclarecem também, que oração, cânticos e ações de graças operam igualmente para a edificação.Empregado nesse sentido, o apóstolo não fazia qualquer restrição ao falar em línguas, sob a condição de que um ínterprete tornasse inteligível tudo que se falasse por meio desse dom (14:5,13,39). Não havendo ínterprete, o dom das línguas não deveria ser usado na igreja (14:28). O próprio apóstolo falavamais em línguas que todos eles, ou seja, elefalava mistérios a Deus enquanto orava, louvava e rendia graças a Deus, mas não o fazia na igreja. Ali, preferia falar cinco palavras compreensíveis que 10 mil palavras em língua desconhecida (14: 19). Que exemplo digno de imitação para os que pensam poder edificar os outros por meio de palavras misteriosas e ininteligíveis! Quem falavasem intérprete edificava a si mesmo, porque ninguém entendia o que falava (14:4). A auto-edificação, porém, não é o pensamento nem o propósito de Deus para a Igreja - e é disso que trata 1 Coríntios 12 a 14. Deus não concede dons para que o indivíduo edifique a si mesmo.Por isso,acreditoque o versículo 4 não contém apenas uma afirmativa, mas também certa dose de repreensão. As línguas, pela sua natureza, só serviam para edificação quando interpretadas.Também em 1 Coríntios as línguas são mencionadas como idiomas humanos concedidos pelo Espírito. Supor ou afirmar que o apóstolo e outros crentes tivessem falado "as línguas dos anjos" (13: 1)é absurdo. Todas as frases do capítulo 13, que se iniciam com "ainda que [eu]", são de natureza hipotética e significam:"Supondo-seque eu fizesse isto ou aquilo ...". Paulo mesmo confessa que não era conhecedor de "toda a ciência", porque ele também conhecia "em parte" (v. 9). Ele não distribuiu todos os seus bens aos pobres nem entregou o próprio corpo para ser queimado. Trata-se de mera suposição, por meio da qual ele queria provar que nada será válido sem o amor como mola propulsora. Ele não está apresentando uma realidade de sua vida, por isso o verbo está no subjuntivo: "Ainda que eu falasse...".
SOBRE A FINALIDADE DAS LÍNGUAS
Paulo discorre sobre a finalidade das línguas: "Está escrito na lei: Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis [ou crentes; assim no restante do texto], mas para os infiéis [ou incrédulos; assim no restante do texto]; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis. Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão, porventura, que estais loucos?Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. Os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançandose sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós" (14:21-25).Aprendemos aqui (v. 22) que as línguas não são um sinal para os crentes, e sim para os incrédulos. A quem o apóstolo aplica o termo "incrédulo"? Isaías 28, citado no versículo anterior, esclarece: trata-se de judeus incrédulos. A eles, Deus iria falar em línguas estranhas, de acordo com o profeta - e isso como castigo! Eles ouviriam, mas não entenderiam, comoo mesmo profeta havia predito em outro lugar (Is 6:9).Por que, então, os crentes em Corinto se orgulhavam tanto desse dom, que era um sinal de juízo para a nação incrédula dos judeus? As línguas apontavam para o fato de que Deus se desviaria desse povo e se voltaria para as outras nações. Foi isso que verificamos em Atos 2. Deus lhes falou por meio de outras línguas, línguas de países para onde muitos deles haviam sido espalhados pelos caminhos governamentais de Deus. Eles as entendiam acusticamente, mas não de fato. A grande maioria do povo judeu continuava incrédula, rejeitando a Cristo. Portanto, as línguas foram um sinal para eles.Nos versículos 23 e 24, o apóstolo novamente faz menção dos "incrédulos", ligando-os agora a outro grupo: os "indoutos". Isso dá a entender que ele agora não está falando dos "incrédulos" em geral, como no versículo 22, mas de quaisquer incrédulos de fala grega ("e entrarem indoutos ou infiéis"), que entrassem no meio deles e os teriam por" loucos" , caso todos falassem em línguas. Por que "loucos"? Porque, ao contrário dos judeus incrédulos da dispersão, não entenderiam a língua. Entende-se que o apóstolo fala de judeus incrédulos no versículo 22 e de gregos incrédulos nos versículos 23 e 24 também pelo fato de que no primeiro caso ele põe o artigo antes de "incrédulos" ("os incrédulos") e o deixa fora no segundo. Se ele estivesse apenas citando os incrédulos em geral, o artigo não existiria no texto grego. Por isso, ele sem dúvida se refere a um grupo específico de incrédulos - os judeus. Repetimos este ponto significativo: as línguas não foram dadas como testemunho para os crentes, e sim como sinal para o povo judeu incrédulo. Uma vez compreendido o seu significado básico, é evidente que esse sinal não permaneceria muito tempo.
SOBRE A CONTINUIDADE DAS LÍNGUAS
No capítulo 13, um detalhe lança certa luz sobre a questão que nos ocupa agora: a continuidade das línguas. O apóstolo fala do amor que "nunca falha". Em seguida, porém, ele faz menção de coisas que não existiriam para sempre: "Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá [ou será aniquilada]" (v. 8).Observe a mudança de expressão - de "ser aniquilado" para "cessar" e de novo "ser aniquilado". Por que o apóstolo usa essas expressões diferentes? Nada na Sagrada Escritura é por acaso ou sem significado.Quando vier o que é perfeito, isto é, quando o Senhor Jesus nos arrebatar para estarmos com Ele em Sua glória, não precisaremos mais de profecias. Nos céus, não se ouvirá mais a voz de profeta algum. Também a forma de ciência (conhecimento), tal como a temos agora (nós conhecemos "em parte") será aniquilada. É notável que no versículo 10 é empregada mais uma vez a expressão" ser aniquilado" : "Quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado" . O Senhor nos guiará à ciência perfeita, ao pleno conhecimento, ao conhecimento absoluto uma bênção sem medida! No que diz respeito às línguas, porém, o apóstolo afirma que elas "cessarão". A forma do verbo no grego significa" cessar por si".Assim como o pequeno arroio se esgota em terra seca, as línguas, pouco a pouco, cessarão. Não é o que verificamos em Atos e também no decorrer do Novo Testamento? Em nenhum outro lugar se fala em línguas: elas perderam a sua importância. O testemunho já foi dado aos judeus, há muito tempo. O que era novo já foi confirmado e, portanto, não é mais "novo". Para que, então, as línguas nos dias de hoje? Para anunciar o Evangelho em países estrangeiros? Na Escritura, jamais servem para essa finalidade. As línguas, em seu caráter de sinal, já cumpriram a sua missão, por isso "cessarão" - antes que as profecias e a ciência sejam aniquiladas.Essa também é a razão pela qual o apóstolo, às palavras do versículo 9 "porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos" não acrescenta: "... e em parte falamos línguas". As línguas cessariam antes.
SATANÁS COMO ANJO DE LUZ
Se o falar em línguas, praticado hoje em dia por tantas pessoas, contradiz a Palavra de Deus em quase todos os pontos, não se deveria suspeitar então que tal movimento não seja autêntico?Faz-nos pensar o fato de que muitas vezes são as mulheres que falam publicamente em línguas ou as interpretam, sendo que o "mandamento do Senhor" é que elas fiquem caladas na igreja, porque lhes não é permitido falar (1 Co 14:34,37)? Estaria o Espírito de Deus as incentivando a fazer algo contrário à Palavra de Deus?Fala-se muito hoje do Espírito Santo e sobre ser cheio do Espírito, porém quase nunca se pratica o que o mesmo Espírito estabelece nas Escrituras. Isso deve levar qualquer leitor a meditar sobre estas linhas. É certo que o Espírito Santo é Deus, como também o Pai e o Filho, mas na era da graça Ele ocupa a posição - afirmamos isto com todo o temor - de Servo ou Ministro: Ele dirige a atenção dos corações para Cristo. Em João 16, percebemos esse fato claramente. Por isso, quem dá ênfase demasiada ao Espírito Santo facilmente será levado para longe do Senhor Jesus e da Palavra de Deus. Quando o Senhor Jesus estava nesta terra, os líderes do povo judeu cometeram um terrível pecado: atribuíram o poder do Espírito de Deus, pelo qual Ele operava os milagres, a Belzebu, o príncipe dos demônios. Isso se constituía "blasfêmia contra o Espírito", um pecado para o qual não há perdão (Mt 12: 22-32). Hoje, existe o perigo inverso: atribuir ao Espírito Santo, que está na terra, aquilo que o poder de Satanás opera.Satanás nunca é mais perigoso do que quando se apresenta como "anjo de luz", tentando perverter a verdade divina por meio de imitação. "Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras" (2 Co 11: 14-15). Ele não hesita em falar coisas agradáveis sobre Cristo e Seus ministros! Porém o faz apenas para confundir os limites entre a luze as trevas e para seduzir os ingênuos.Encontramos um exemplo disso em Atos 16, onde uma jovem possuída por um espírito de adivinhação seguia Paulo e seus colaboradores, gritando: "Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo" (v. 16-18). Eram palavras aparentemente elogiosas, contudo ela tentava uma ligação com os pregadores do Evangelho. Era um espírito enganador que falava por meio dela, e não o Espírito de Deus. Paulo o reconheceu e ficou "perturbado" por causa disso. Satanás não se contentaria em usar os seus espíritos enganadores apenas nas ruas. Ele com certeza procura introduzi-Iosno meio dos filhos de Deus. Se alguém fala em línguas, como saber ou avaliar o que ele está expressando? Está sendo guiado pelo Espírito Santo ou por espíritos malignos ? Também por essa razão era importante que um intérprete tornasse compreensível o que era falado, e o apóstolo insistia nisso.Não nos deixemos enganar! Satanás ainda é capaz de colocar um espírito de mentira na boca dos homens, como o fez nos dias de Josafate (1 Rs 22:22-23).Ele obtinha grande êxito com essa tática! E sempre tentará desviar as pessoas do Deus vivo para conduzi-Ias às vozes enganadoras dos "que chilreiam e murmuram" (Is 8: 19)!Não devemos nos esquecer de que Satanás é capaz de imitar os milagres operados por Deus. Embora sejam apenas imitações, ele pode fazê-Ios parecer genuínos. Em Israel, ele enganou o povo com falsas visões e por meio de adivinhação lisonjeira (Ez 12:24). Futuramente, o Anticristo exercitará o poder satânico de tal maneira que ele dará" espírito à imagem da besta", fazendo-a falar (Ap 13: 15). Se Satanás fez uso de poderes sobrenaturais no passado, colocando o engano na boca dos homens para, se possível, seduzir até os escolhidos, e se agirá dessa maneira no futuro, então com certeza ele opera de igual modo nos dias de hoje. Os ministros de Satanás muitas vezes chegam à condição de ministros da justiça, mas na verdade são lobos devoradores vestidos de ovelhas (Mt 7: 15). Eles se vestem de "manto de pêlos, para mentirem" (Zc 13:4). Temos exemplos suficientes nas Escrituras de que poderes espirituais e invisíveis podem usar a boca das pessoas a fim de proferir coisas ininteligíveis tanto para o orador quanto para os ouvintes. Tais poderes, geralmente, são de origem demoníaca. Para os nossos dias, portanto, as Escrituras não oferece razão alguma para esperarmos sinais e milagres espetaculares operados pelo poder do Espírito de Deus.Onde se pretendem tais coisas, elas não passam de engano ou são de origem satânica. Talvez sejam palavras duras, mas não podemos concluir outra coisa com base no que diz a Palavra de Deus. Não ponho em dúvida a sinceridade de muitos filhos de Deus envolvidos em movimentos onde se falam línguas. Só Deus conhece e julga os corações. Tais movimentos, porém, não são de Deus. Os seus seguidores, mais cedo mais tarde, se desviarão para ainda mais longe da verdade das Escrituras. Que o Senhor, pela Sua graça, nos guarde de atentarmos para "espíritos enganadores e a doutrinas de demônios" (1 Tm 4:1)!Para finalizar, gostaria de apresentar um método de apreciação, com base nas Escrituras, que não falha quando se trata de julgar se algo tem origem no Espírito de Deus ou em poderesmalignos: "Quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo" (1 Co 12:3).O Espírito Santo fará sempre tudo para glorificar ao Senhor Jesus e Lhe dar o lugar de domínio no coração dos Seus.Ele sempre nos levará a dizer: "Jesus é o Senhor!". É precisamente isso que os demônios jamais farão. Tentarão de qualquer maneira dizer: "Jesus é anátema [maldição]" e de desonrá-Lo. Embora digam coisas bonitas a respeito dEle, nunca O reconhecerão na condição de Senhor.Hoje,no meioda cristandade, estamos ouvindo coisas de arrepiar.Masnão desanimemos! Não precisamos ficar preocupados. O nosso caminho é bem simples. Temos apenas de examinarascoisasà nossa frente. O Senhor Jesus está sendo glorificado por meio delas ou elas estão colocando algo no lugardEle?Estão de acordo com a Palavra ou expressam pensamentos e experiências próprias? Issodecide a questão. Se a glóriada pessoa de Cristo e Seus direitos de domínio forem mantidos e se as pessoas, pela obediência, se curvarem à autoridade de Sua obra e de Sua Palavra, então podemos ter certeza: a coisa em questão é de Deus. Masse descobrirmos que algo não está em conformidade com os Seus pensamentos, distanciemo-nos de tal coisa: "Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade" (2 Tm 2:19)! "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa" (1 Co 15:33-34). Amamos de fato ao nosso Senhor e Redentor? Então, lembremo-nos de Suas Palavras: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama" (Jo 14:21).
Por Christian Briem
7. A Deidade e Personalidade do Espírito Santo
A divindade do Espírito Santo é estabelecida na Bíblia de várias maneiras, incluindo as seguintes:
1) Passagens falam Dele como Deus. Por exemplo, quando Pedro confronta Ananias, ele diz: "Por que Satanás encheu o seu coração para mentir ao Espírito Santo? … Você não mentiu para o homem, mas para Deus" (Atos 5:3-4). [1] Da mesma forma, Paulo usa o Espírito e Deus de forma intercambiável ao escrever aos coríntios: "Vocês não sabem que são templo de Deus?" (1Co 3:16), e depois: "Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?" (1Co 6:19).
2) Atributos que são dele e somente de Deus. O Espírito possui o conhecimento de Deus, como Paulo afirma: "O Espírito sonda tudo, até as profundezas de Deus…. Ninguém compreende os pensamentos de Deus, exceto o Espírito de Deus" (1Co 2:10-11). Sua onisciência também está implícita em Isaías 40:13 e João 16:13. O Espírito possui o poder único de Deus, realizando as obras de convicção (Jo 16:8-11) e regeneração (Jo 3:5-8), que somente Deus pode fazer (Mateus 19:26). Sua onipotência também é vista em Seu poder de dar vida (Jó 33:4; Lucas 1:35). O Espírito também está presente em todos os lugares onde Deus está presente, como Davi reconhece: "Para onde me irei do teu Espírito? Ou para onde fugirei da tua presença?" (Sl 139:7). Finalmente, o Espírito possui a eternidade – Hebreus 9:14 declara que Ele é "o Espírito eterno".
3) Obras atribuídas a Deus que Ele realiza. A convicção e a regeneração já foram mencionadas, e a estas poderíamos acrescentar Suas obras de ressurreição e glorificação (Rm 8:11). Outra de Suas obras divinas é a inspiração: "Toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16), que veio por meio daqueles que "foram movidos pelo Espírito Santo" (2Pe 1:21).
4) Sua associação com o Pai e o Filho. Entre as muitas passagens nas Escrituras que ligam o Espírito em um lugar de igualdade com as outras pessoas da Trindade estão as instruções de nosso Senhor a respeito do batismo: "...batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19). Outros exemplos claros incluem 2 Coríntios 13:14 e 1 Pedro 1:2. Os nomes do Espírito Santo também deixam claras essas ligações, pois Ele é "o Espírito do nosso Deus" (1Co 6:11) e "o Espírito de Jesus" (Atos 16:7). A sua igualdade com o Pai e o Filho também é vista quando o Senhor Jesus prometeu pedir ao Pai que enviasse "outro Ajudador" (Jo 14:16), usando uma palavra para "outro" que significa "outro da mesma espécie".
O Espírito Santo é uma Pessoa
Assim como Sua divindade, há muitas maneiras pelas quais as Escrituras mostram a personalidade do Espírito Santo. Ele não é uma força impessoal, como a gravidade, nem uma personificação (um artifício literário que atribui características pessoais a algo não pessoal), mas Ele é uma pessoa distinta. Isso pode ser visto em:
1) O pronome "Ele". A palavra traduzida como "Espírito" é neutra em gênero na língua grega. Seria esperado gramaticalmente que um pronome neutro fosse usado para se referir ao Espírito. Contudo, o Senhor Jesus declarou: "Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará… ele ouvirá… falará… declarará… glorificará… ele tomará" (Jo 16:13-15). Com cada um dos pronomes masculinos "ele", o Senhor Jesus fez uma escolha deliberada para enfatizar que o Espírito é uma pessoa, não uma coisa.
2) Suas ações. Na declaração de João 16 citada acima, diz-se que o Espírito "ouve" e "fala". Ele também "intercede" (Romanos 8:26). Estas são ações de uma pessoa e não uma mera força.
3) Seus atributos. É frequentemente apontado que a personalidade requer inteligência, vontade e emoções. Tudo isso é verdade em relação ao Espírito Santo. Sua inteligência é vista naquilo que Ele sabe (1Co 2:10-11) e naquilo que Ele ensina (1Co 2:13; veja também Jo 16:13). Sua vontade é evidente nas escolhas que Ele faz, pois Ele "distribui a cada um individualmente o que quer" (1Co 12:11; veja também Atos 15:28). E Suas emoções são vistas no fato de que Ele pode ficar entristecido (Ef 4:30) e "indignado" (Hb 10:29).
4) Suas associações e o fato de que Ele pode ser blasfemado. Os mesmos versículos mencionados acima que estabelecem Sua divindade ao ligá-Lo à Trindade e que afirmam que Ele é "outro da mesma espécie" também estabelecem que Ele é uma pessoa tanto quanto o Pai e o Filho. Da mesma forma, o fato de que Ele pode ser "mentido" (Atos 5:3) e "blasfemado" (Marcos 3:29) significa que Ele deve ser uma pessoa – uma pessoa divina.
Implicações preciosas
Tocamos apenas em algumas das Escrituras que estabelecem a divindade e a personalidade do Espírito Santo. E para nós, como crentes, essas verdades sobre quem Ele é têm muitas implicações preciosas. Estas são desenvolvidas nos outros artigos desta edição, mas em resumo, Ele é Um com Aquele com quem estabelecemos um relacionamento (Romanos 8:16) e cujo poder e obra divinos afetam todas as atitudes, áreas e ações de nossas vidas. Que possamos viver cada dia conhecendo-O, conscientes de Sua santa presença pessoal conosco e em nós (Jo 14:17)!
[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da ESV.
Clair, Shawn
8. O Espírito Santo no Antigo Testamento
Tal como acontece com muitos assuntos bíblicos, a nossa compreensão do Espírito de Deus não pode ser preenchida apenas pelo Novo Testamento. O NT fornece muito do nosso conhecimento do Espírito Santo, até mesmo dando luz para nos ajudar a interpretar a Lei e a apresentação Dele pelos profetas, mas um fundamento é estabelecido no Antigo Testamento que serve como um padrão de Seu caráter e atividades, e dá precedente para Seu papel nesta dispensação. Tratar de forma abrangente a revelação progressiva do Espírito no AT é impossível num artigo tão breve; no entanto, uma visão geral concisa e uma análise de alguns casos específicos nos ajudarão.
Inicialmente, identificamos algumas comparações e contrastes gerais entre o Antigo e o Novo Testamento. Primeiro, vemos que em ambos os Testamentos o Espírito de Deus é uma pessoa real (cf. Is 6.9-10; At 28.25-27). Visto que o artigo anterior provou a personalidade do Espírito, notamos que a palavra hebraica traduzida como "Espírito" às vezes pode significar "vento" ou "sopro". Embora nos lembre da importância do contexto na determinação do significado das palavras, isto não diminui a nossa confiança na personalidade do Espírito, pois confirmamos que o Espírito Santo é indiscutivelmente um indivíduo, desde Gênesis até Malaquias. Sabendo que Seus atributos eternos permanecem inalterados, notamos Suas operações em dispensações anteriores assumindo um caráter diferente em alguns aspectos.
Consistente com a revelação do NT, Seu foco principal no AT era equipar os indivíduos com as habilidades e o poder necessários para realizar coisas para Deus. Ele "veio sobre" as pessoas para capacitá-las a lutar contra os inimigos do Senhor, julgar o povo do Senhor, uni-los e dar uma palavra da parte do Senhor. [1] Ele estava "em" José e Josué para equipá-los com sabedoria para o governo (Gn 41:38; Nm 27:18), e Ele "encheu" outros para dar habilidades úteis na construção para Deus (Êx 31:3) . Um artigo posterior nesta edição mostra como o Espírito é o Inspirador da própria Sagrada Escritura. A principal distinção na atividade do Espírito entre os testamentos é que, em vez de habitar permanentemente nas pessoas do AT, Ele poderia permanecer temporariamente. As experiências de Saul e Davi nos ensinam que o Espírito de Deus deixou as pessoas depois de um tempo por diferentes razões (1Sm 16:13-14; Sl 51:11). Isto é contrastado com Sua presença permanente em nós (Jo 14:16; Ef 4:30).
Vida e Luz
Usando o princípio de contexto acima mencionado, salientamos que o Espírito em Gênesis 1 é de fato a Pessoa que faz parte da Trindade. Sem negar o envolvimento do Pai e do Filho na criação, [2] somos ensinados que o próprio Espírito esteve ativo no início, e depois na contínua geração de vida. Da vida humana lemos: "O Espírito de Deus me fez" (Jó 33:4), [3] e falando do reino animal o salmista escreveu: "Envias o teu Espírito, eles são criados" (Sl 104: 30). Sua presença no início (quando comparada com Salmos 33:6 e Jó 26:13) nos mostra Seu papel em trazer ordem e beleza a um mundo que de outra forma seria "sem forma e vazio" (Gn 1:2).
Gênesis 1:2 diz mais literalmente que Ele "estava flutuando sobre a superfície das águas". Esta palavra original também é usada para referir-se à águia e nos lembraria de seu cuidado com o ninho para garantir que as condições fossem favoráveis para promover a vida e o desenvolvimento de seus filhotes (Dt 32:11). Imediatamente a seguir, somos apresentados à luz e temos um precedente para a função do Espírito em toda a Escritura – a de doador de vida e de luz. De acordo com as Escrituras, o Espírito de Deus é o que concede a vida eterna (Jo 6:63), e Deus usa a luz que brilha nas trevas como uma analogia para "a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Deus". Jesus Cristo" (2Co 4:6).
Unidade
Ao analisar a batalha de Gideão no livro dos Juízes, podemos aplicar alguns princípios relevantes. O inimigo da época era Midiã, que estava oprimindo o povo do Senhor, levando-o ao medo (6:2), à inutilidade (v4) e à fragilidade (v6). As lições espirituais são evidentes. Midiã simboliza conflito e nos dá uma ideia de como o povo do Senhor sofre quando a harmonia é perturbada pela discórdia. Observe que o método de salvação de Deus de tal tirano é um homem que, com humildade (v15), adora no altar da paz do Senhor (v24) e é revestido do Espírito do Senhor (v34). Ele toca uma trombeta, envia mensageiros para reunir o povo do Senhor (vv34-35) e na batalha usa tanto a trombeta quanto a lâmpada (7:20), enquanto depende de Jeová para a libertação (7:2). A carta aos Efésios vem à mente quando pensamos em unidade (ver Ef 2:14). A epístola nos encoraja a sermos diligentes em manter a unidade que o Espírito criou no vínculo da paz (4:3), destacando o fato de que o Espírito Santo está interessado na unidade dos crentes. A contenda é da carne (Gl 5:20); a unidade é do Espírito.
Equipando
O desejo de Deus de habitar com Seu povo nunca diminuiu, pois Ele sempre pretendeu que eles estivessem unidos a Ele. Para o tabernáculo, havia instruções para construir móveis com características tão complexas que seriam quase impossíveis de montar por habilidade natural. Entra Bezalel, ou Bezaleel, um homem cheio do Espírito de Deus (Êxodo 35:31). Seu conjunto de habilidades envolvia sabedoria, compreensão e conhecimento transmitidos pelo Espírito para construir (e ensinar outros a construir) para Deus. No poder do Espírito, os materiais que falam de Cristo foram incorporados à estrutura que acomodava a presença de Deus. Assim é conosco hoje. O NT ensina que há um lugar onde Deus habita na terra nesta dispensação, a Igreja, tanto dispensacional quanto local (Ef 2:22; 1Co 3:16). Colocar trabalho no edifício de Deus envolve um poder além da capacidade natural, se quisermos construir coisas de valor, como encontramos no ensino de 1 Coríntios 12:1-11. O Espírito equipa e capacita cada crente para a edificação de todos, construindo assim para Deus em Sua assembleia.
Não importa o que o Senhor faça em nossas vidas, ou o que Ele espera que façamos com nossas vidas, como crentes, lembremo-nos das palavras dirigidas a um homem encarregado de construir para Deus em tempos difíceis: "Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zacarias 4:6).
[1] Juízes 3:10; 6:34; 1Cr 12:18; 2Cr 24:20, etc.
[2] João 1:2; Colossenses 1:16; Hebreus 1:10 (que aplica Salmo 102:25 ao "Filho")
[3] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV.
Thibodeau, Brody
9. O Batismo e Habitação do Espírito Santo
Quando o Senhor esteve corporalmente na Terra, Ele fez muitas e grandes promessas, incluindo algumas que se aplicavam ao tempo de Sua ausência. Dois em particular eram em relação ao Espírito Santo. A primeira foi em João 14:16-17: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; Até mesmo o Espírito da verdade… porque ele habita convosco e estará em vós". [1]
A segunda foi em Atos 1:4-5: "E, estando reunido com eles, [Ele] ordenou-lhes que não se retirassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual, diz ele, você já ouviu falar de mim. Pois João verdadeiramente batizou com água; mas sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias".
Estas duas promessas são o tema deste artigo, ou seja, o batismo e a habitação do Espírito Santo, e são muito importantes para nós hoje. Há muita confusão e erro sobre o assunto, e uma consideração correta das Escrituras nos ajudará a compreender esta doutrina.
O Batismo no Espírito Santo
Pode ser útil definir, em primeiro lugar, o que não é o batismo no Espírito Santo, antes de considerarmos o que é.
Não é algo pelo qual um cristão deve orar individual ou coletivamente, a fim de recebê-lo ou experimentá-lo. Não há nenhum requisito bíblico para fazer isso.
Não é algo que surge secundariamente na vida de um cristão devido a alguma experiência particular após a salvação. Na conversão somos "abençoados com TODAS as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (Ef 1:3).
Não é algo que substitui Cristo como centro do foco, da experiência e do afeto do crente. Os crentes devem, em todas as coisas, procurar viver vidas centradas em Cristo e que glorifiquem a Cristo.
Não estava ligado aos dons de sinais nos primeiros dias da Igreja.
Não foi um acontecimento que aconteceu a uma única pessoa; na verdade, em nenhum lugar das Escrituras o batismo no Espírito Santo é mencionado como uma experiência individual.
Então, o que foi então o batismo no Espírito Santo?
Os Fenômenos
O batismo no Espírito foi um evento que ocorreu no dia de Pentecostes quando o Espírito Santo desceu, formando assim a Igreja, o corpo de Cristo. Foi a inauguração de uma nova dispensação e só aconteceu uma vez, naquele dia em Jerusalém. Foi acompanhado por fenômenos únicos que nunca aconteceram dessa forma antes e nunca aconteceriam novamente. A evidência disso foi, em primeiro lugar, audível – "um som do céu, como de um vento impetuoso" – e em segundo lugar, visível – "apareceram-lhes línguas repartidas como de fogo" (Atos 2:2-3).
As Profecias
O batismo no Espírito foi um cumprimento da profecia de João Batista, que pregou: "Eu, na verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem depois de mim... ele vos batizará com [no] Espírito Santo" (Mateus 3:11). Além disso, o próprio Senhor, antes de voltar para a glória, lembrou aos discípulos o que eles ouviram anteriormente Dele: "Porque João verdadeiramente batizou com água; mas vós sereis batizados com [no] Espírito Santo, dentro de poucos dias" (Atos 1:5).
O padrão
O batismo no Espírito Santo foi um evento prefigurado no Antigo Testamento. Em Levítico 23, as festas de Jeová eram um panorama profético do programa de redenção até a eternidade. A Páscoa tipificou a morte de Cristo (1Co 5:7); a Festa das Primícias, a ressurreição de Cristo (15:20); e a Festa das Semanas, cinquenta dias após a Páscoa, tipificava o Pentecostes. Assim como a Páscoa e as Primícias encontraram seu cumprimento em dois eventos únicos e únicos, também a Festa das Semanas encontrou seu cumprimento no dia de Pentecostes como um evento único na história.
Os participantes
Para que um batismo aconteça, são necessários vários elementos. Deve haver um batizador, um batizado, um elemento batizador, um tempo e um lugar. Em relação ao batismo no Espírito, João nos diz que o batizador seria o próprio Senhor (Mateus 3:11). Paulo nos diz quem foi batizado e o elemento do batismo: "Em [em] um Espírito fomos todos batizados em um corpo" (1Co 12:13). O tempo ("daqui a poucos dias") era Pentecostes, e o lugar onde eles foram instruídos a permanecer foi em "Jerusalém" (Atos 1:4-5).
O Preceito
O Senhor disse que a vinda do Espírito Santo no Pentecostes "convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai e não me vereis mais; Do julgamento, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo 16:8-11). Sua vinda foi uma vindicação de tudo o que Cristo disse e fez em Sua vida, morte, ressurreição e ascensão ao Seu Pai. Foi também o início de uma nova dispensação da graça, quando Cristo edificaria a Sua Igreja (Mateus 16:18). Em 1 Coríntios 12:13, Paulo escreve: "Porque todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo [a Igreja]". Isso foi algo que aconteceu uma vez. Quem são os "todos"? No cômputo divino, todos nós estávamos à vista naquele batismo. No Salmo 139, Davi foi visto por Deus quando ainda não estava formado e no livro de Deus quando ainda não estava. Da mesma forma, o crente na conversão chega, individualmente, ao bem do que aconteceu corporativamente no Pentecostes.
A Habitação do Espírito
Se o batismo no Espírito Santo foi um evento coletivo e único que aconteceu no Pentecostes, então a habitação do Espírito Santo é um evento individual que acontece com cada pessoa no momento da salvação. Isso é:
Palpável
A habitação do Espírito Santo é um fato real ou palpável para a pessoa que confia em Cristo; Sua presença fica evidente na mudança que Ele faz na vida da pessoa. "Se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas velhas já passaram; eis que todas as coisas se fizeram novas" (2Co 5:17). Na verdade, Paulo nos lembra em outro lugar: "... se é que o Espírito de Deus habita em vós. Ora, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Romanos 8:9).
Permanente
A habitação do Espírito não está condicionada ao nosso comportamento, mas é uma residência inquebrável e permanente. Os coríntios não viviam honradamente, e Paulo teve que lembrá-los: "Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está em vós?" (1Co 6:19). Ele admoestou os crentes de Éfeso a não entristecer "o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção" (Ef 4:30).
Poderoso
É um pensamento elevado perceber que o poder que se movia sobre a face das águas (Gn 1:2), que veio sobre Maria em relação à encarnação do Salvador (Lc 1:35), e que ressuscitou o Senhor dente os mortos (Romanos 1:4) é o mesmo Espírito Santo que habita em cada crente e capacita a vida espiritual.
Prático
O Espírito Santo habita em cada crente com um propósito. É por Ele que "o amor de Deus é derramado em nossos corações" (Rm 5:5). Ele é o concessor de dons na Igreja e o poder pelo qual eles são exercidos (1Co 12). Ele produz características no crente que refletem a semelhança de Cristo como amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade, fé, mansidão e temperança (Gl 5:22-23). Ele é um guia para o crente na vida. O Senhor falou disso quando disse: "Quando vier aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade" (Jo 16:13).
Assim, podemos regozijar-nos na nossa posição na Igreja, que é o Seu corpo [de Cristo], sobre a qual Ele é a cabeça. Também podemos nos alegrar pelo poder do Espírito Santo que habita em nós para nos permitir viver vidas fiéis e frutíferas para a glória de Cristo.
[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV.
Armstrong, Donald
10. Falsificando o Espírito Santo
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, existem atualmente em circulação notas falsas no valor de 70 milhões de dólares. Mas esta prática não é nova. Os historiadores dizem que a falsificação começou logo após a criação da primeira moeda, por volta de 600 a.C.
A falsificação espiritual, porém, é uma prática ainda mais antiga. Deus deu a Adão domínio sobre os animais, incluindo "a serpente [que] era mais astuta do que qualquer animal do campo" (Gn 3:1). [1]
Tendo observado e interagido com a serpente quando ele a nomeou, Adão e Eva não ficaram chocados quando a serpente falou com eles. Mas era uma cobra possuída pelo diabo ou uma imitação de serpente? De qualquer forma, foi o início das operações tortuosas daquele "que engana o mundo inteiro" (Apocalipse 12:9).
A nota falsificada mais popular em circulação é a nota de US$ 20, não a de US$ 8. Por quê? Os falsificadores apenas produzem notas similares do que é real e valioso. Assim, considerando o Espírito Santo, não deveríamos ficar surpresos que Satanás procure imitar o Seu papel e atividades.
Então, como podemos saber o que é genuinamente do Espírito e o que é falso? Jesus disse que quando "vier o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade" (João 16:13). Portanto, o Espírito de Deus sempre opera de acordo com as Escrituras. Portanto, o modo como nos sentimos ou os resultados que vemos não são ferramentas eficazes para determinar a autenticidade espiritual de uma pessoa, crença ou atividade. Em vez disso, devemos compará-lo com as Escrituras para ver se é do Espírito ou não.
Por exemplo, hoje em dia as mulheres profetizam e pregam em muitos serviços religiosos. Contudo, o NT diz: "As vossas mulheres guardem silêncio nas igrejas, porque não lhes é permitido falar" (1Co 14:34). Da mesma forma, muitos "falam em línguas". Contudo, o NT declara que estes dons não existem mais hoje (1Co 13:8-10), e falar simultaneamente em línguas, e viola 1 Coríntios 14:27-33. Portanto, porque contradizem as Escrituras, não podem ser do Espírito.
Finalidades de falsificação
O Senhor Jesus prometeu que o Espírito Santo "não falará de si mesmo" (Jo 16:13); "ele dará testemunho de mim" (15:26). Mas os grupos carismáticos falam de dançar no Espírito, gritar no Espírito, rir no Espírito, chorar no Espírito e ser morto no Espírito. Nada disso é bíblico e seu foco está no Espírito, não em Cristo. Portanto, sabemos que eles não são do Espírito Santo.
Poderes Falsificados
Moisés e Arão realizaram milagres no Egito, e os mágicos do Faraó também "fizeram o mesmo com os seus encantamentos" (Êxodo 7:11-12,22; 8:7). Da mesma forma, os discípulos fizeram milagres pelo poder do Espírito, e Judas também o fez – por um poder diferente. E ele também não foi a última fraude espiritual. O Senhor Jesus alertou sobre homens não salvos que fariam milagres falsos no futuro. Ele disse: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome expulsaram demônios? e em teu nome fez muitas obras maravilhosas?" (Mateus 7:22). Assim, Satanás está atualmente a falsificar milagres apostólicos e continuará a fazê-lo nos próximos anos.
Pessoas falsificadas
Satanás e os demônios são espíritos impuros que Paulo chama de "governantes das trevas deste mundo" (Ef 6:12). Por mais, maus e tenebrosos que sejam, às vezes "o próprio Satanás se transforma em anjo de luz" e "seus ministros [podem] também ser transformados em ministros da justiça" (2Co 11:14-15). A maioria dos cristãos poderia identificar um adorador declarado de Satanás. No entanto, todos somos suscetíveis de sermos enganados por falsos professores como Simão Mago. Ele era um falso cristão (Atos 8:21) que convenceu o evangelista Filipe a batizá-lo (v13). O negócio de Satanás de fabricar imitações espirituais ainda funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, e parece estar aumentando a produção.
Presença Falsificada
Paulo explicou aos cristãos romanos que o "Espírito… habita em vós" (Romanos 8:11). Sua presença assegura nossa salvação (Ef 4:30) e Ele deseja controlar nossas vidas. Assim, somos chamados a "ser cheios do Espírito" (5:18), no sentido de permitir que Ele conforme as nossas vidas com a Palavra de Deus. O resultado será o desenvolvimento do "fruto do Espírito" em nossas vidas (Gl 5:22).
A imitação que Satanás faz desta maravilha divina é a possessão demoníaca, que só leva a obras da carne. A palavra daimonizomai ocorre 13 vezes no NT e, segundo WE Vine, significa "estar possuído por um demônio, agir sob o controle de um demônio". Felizmente, os demônios nunca podem possuir os verdadeiros cristãos (Lucas 11:21), apenas pessoas não salvas que abrem suas mentes através de drogas, música e estados emocionais, semelhantes a transes, como visto em muitos serviços carismáticos modernos.
Projetos Falsificados
O Senhor Jesus prometeu: "Eu edificarei a minha igreja" (Mateus 16:18). Paulo explicou ainda: "Nele também vós juntamente sois edificados para morada de Deus, pelo Espírito" (Ef 2:22 ) . Da mesma forma, Satanás está tentando imitar este projeto, ao construir uma religião mundial de falsos crentes. Seu sonho será realizado na Tribulação na forma de Babilônia, a Grande (Ap 17-18). Para alcançar este fim, ele está produzindo falsos irmãos (Gl 2:4), falsas testemunhas (Mt 26:60), falsos profetas (2Pe 2:1), falsos mestres (2Pe 2:1), falsos apóstolos (2Co 11: 13) e até falsos cristos (13:22).
Talvez o Diabo tenha experimentado seu maior projeto falsificado quando Satanás entrou em Judas (Lucas 22:3). Essa tentativa de imitar a encarnação de Cristo fracassou, mas ele tentará novamente. Durante a Tribulação, Satanás possuirá um líder mundial chamado A Besta. Paulo diz que a "vinda da Besta é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira" (2Tessalonicenses 2:9). Esse homem experimentará uma "ferida mortal" (Apocalipse 13:3), que Satanás curará. Pode até parecer um caso de morte e ressurreição. Mesmo que esteja longe da verdadeira encarnação, morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, ainda enganará as pessoas ao redor do mundo para adorarem a Besta.
Satanás odeia o Espírito Santo e fará todo o possível para roubar Sua honra. Durante 6.500 anos o Diabo tem desenvolvido seus "artifícios" (2Co 2:11) e "artimanhas" (Ef 6:11), que incluem a falsificação espiritual. Reconhecendo isso, João escreveu: "Amados, não acrediteis em todo espírito, mas provai os espíritos para ver se são de Deus" (1Jo 4:1). Felizmente, temos as Escrituras para nos ajudar a determinar o que é genuinamente do Espírito e o que não é. Que Deus nos ajude a ter coragem e disciplina para usá-los como deveríamos.
[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV, salvo indicação em contrário.
Denison, John
11. Os Dons do Espírito Santo
A Bíblia mostra que o Espírito de Deus nos ilumina sobre a doutrina cristã, nos capacita na vida cristã e nos capacita para o serviço cristão. Este artigo mostrará que Ele nos dota de dons espirituais, e Deus quer que você esteja familiarizado com essa verdade – "Ora, irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que ignoreis" (1Co 12:1). [1] Primeiro, algumas observações gerais:
O dom espiritual é diferente da habilidade natural e das habilidades adquiridas, embora estas possam ser usadas para Deus. Alguém com aptidão para números poderia ser um tesoureiro útil para a assembleia. O treinamento médico, as habilidades de alimentação ou a experiência em um ofício podem ser usados com lucro para promover a obra do Senhor, mas são distintos dos dons espirituais.
Dom espiritual e espiritualidade não são sinônimos. Os coríntios "não ficaram atrás em nenhum dom" (1Co 1:7), mas eram crianças carnais – espirituais (3:1). Não devemos avaliar o progresso espiritual pela qualidade da pregação de um irmão!
O dom espiritual pode ser exercido mecanicamente e carece de calor e afeto. Torna-se então um ruído irritante, e o contribuidor torna-se ineficaz (1Co 13:1-2). Costuma-se dizer que os dons mencionados em 1 Coríntios 12 são o maquinário para a atividade de assembleia, com o maquinário funcionando no capítulo 14, e a lubrificação necessária do amor que lhe permite funcionar eficazmente no capítulo 13.
O dom espiritual não é essencial para a participação pública na Ceia do Senhor ou na reunião de oração. Na vida da assembleia, algumas funções públicas exigem o dom necessário, mas cada irmão com mãos santas deve sentir a sua responsabilidade de liderar os santos no culto e na oração.
Quatro passagens principais da Bíblia tratam do assunto do dom: Efésios 4:7-16, Romanos 12:3-8, 1 Pedro 4:10-11 e 1 Coríntios capítulos 12-14. O último deles é o que vem imediatamente à mente quando nos referimos aos dons do Espírito. Na maior parte, o ensino ali é corretivo, ajustando uma mentalidade que se entusiasmava com o espetacular em vez de valorizar o que era sólido e edificante.
A distribuição de presentes
Nenhum crente pode alegar não ter dons; "cada homem recebeu um presente" (1Pe 4:10 RV). O Espírito Santo reparte "a cada um conforme sua vontade" (1Co 12:11). Assim, inspirados pelo Espírito, tanto Pedro como Paulo concordam que cada cristão tem um dom dado por Deus que equipa cada um para servi-Lo de alguma forma.
Como acabamos de citar, o Doador é o Espírito Santo, que em Sua soberania alocou a sua dádiva "como ele deseja". Se você não está satisfeito com seu papel, os mais velhos ou seus irmãos na fé não são culpados! Estabeleça em sua mente que Deus o colocou no corpo "como lhe aprouve" (1Co 12:18). Isso o preservará de interromper irritadamente o seu trabalho e dizer: "Eu não sou do corpo" (vv15-16). Também regulará sua atitude para com os outros. Você nunca considerará o presente deles como inferior porque é diferente e dirá: "Não preciso de você" (v21).
A Diversidade do Presente
"Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1Co 12:4). O capítulo contém listas de dons que são ampliados nas outras passagens. Na maior parte, as listas de 1 Coríntios 12 incluem dons que não estão mais em voga. Alguns foram prometidos pelo Salvador: "E estes sinais seguirão aos que crerem" (Mar. 16:17-18). Antes que esse capítulo termine, há uma explicação do que Ele quis dizer, pois o Senhor estava "confirmando a palavra pelos sinais que se seguiram" (v20 RV). Esses milagres estavam sendo usados para autenticar a pregação da nova mensagem do evangelho. Por exemplo, o dom de línguas foi um sinal para os incrédulos, em particular, para os judeus incrédulos, "este povo" (1Co 14:21-22). Quando a nova mensagem foi estabelecida, não houve mais necessidade de dons de sinais, e eles se tornaram redundantes (1Co 13:8-13).
Em 1 Coríntios 12, Paulo usa a analogia do corpo humano para ilustrar a diversidade. O corpo é uma entidade única, mas é composto por vários órgãos e membros, todos com funções específicas. Da mesma forma, a assembleia é uma unidade com múltiplos membros, cada um com o seu dom dotado pelo Espírito que deve funcionar para a saúde espiritual de todo o grupo. Você deve exercer o dom que recebeu em vez de invadir a esfera de responsabilidade de outra pessoa; tendo recebido um dom, "ministrai o mesmo uns aos outros" (1Pe 4:10).
O Projeto do Presente
Como acabamos de citar 1 Pedro 4:10, ministramos nosso dom "uns aos outros", mas ao fazê-lo, isso resulta em "Deus em todas as coisas [sendo] glorificado" (v11). Esse objetivo elevado é um forte motivo para "despertar o dom de Deus que há em ti" (2 Timóteo 1:6), em vez de negligenciá-lo (1 Timóteo 4:14).
O propósito geral das dádivas é "para o lucro" (1Co 12:7 JND ), em particular, na edificação da assembleia (14:12): "Faça-se tudo para edificação" (v26). Esta é uma área em que o dom de profecia era superior ao de línguas. Aquele que falou em línguas edificou a si mesmo, enquanto a profecia edificou a igreja (v4). Ao exercer o seu dom, este é o teste decisivo: "Isso está beneficiando meus irmãos na fé?"
O Desejo de Presente
"Desejai sinceramente os maiores dons" (1Co 12:31 RV). Embora o dom seja concedido soberanamente pelo Espírito, temos o dever de desejar o dom. As três listas de dons em 1 Coríntios 12 totalizam treze dons, com as de Romanos 12 e Efésios 4 aumentando o número para cerca de vinte. Em cada uma das três listas de 1 Coríntios 12, o dom de línguas com seu companheiro dom de interpretação é sempre o último. Como afirmado anteriormente, os coríntios estavam entusiasmados com o espetacular, por isso Paulo minimiza a importância desse dom em comparação com a profecia e, portanto, a sua exortação a desejar os dons maiores. Possivelmente ele está sugerindo que congregacionalmente, eles deveriam estar antecipando que Deus levantaria profetas entre eles para o bem maior do grupo. Se considerado como um desejo pessoal por um dos melhores presentes, novamente a motivação deveria ser o desejo de ajudar ao máximo a assembleia.
O dom de profecia era exercido quando um irmão recebia uma comunicação direta do Senhor e a transmitia à assembleia (1Co 14:29-33). Tinha isto em comum com as línguas: era um dom temporário (13:8-12). Quando a revelação inspirada final foi escrita, a função do profeta terminou. A necessidade do dom de ensinar continua viva.
Ao desejar um presente, verifique qual é o seu presente e então aja de maneira adequada e zelosa. As Escrituras prometem a graça necessária: "A cada um de nós foi dada a graça segundo a medida do dom de Cristo" (Ef 4:7). Existe um dom designado "ajuda" (1Co 12:28), que muitos crentes receberam. Se você se encaixa nessa situação, procure oportunidades de ser útil e seja o mais solidário e cooperativo possível.
[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV, salvo indicação em contrário.
Hay, Jack
12. O Espírito Santo na Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo
O conceito da trindade, três pessoas com uma natureza, está além de qualquer comparação ou conceito terreno. Eles são um em possuir a essência única da divindade e trabalhar juntos para realizar todos os propósitos, mas cada um mantém Seu papel distinto dentro da Divindade na execução desses propósitos. Embora transcendamos nossa compreensão, nos curvamos à sua verdade revelada nas Escrituras. Uma das características da Divindade é como ela zela pela honra de cada membro. O Senhor Jesus, enquanto esteve aqui na terra, sempre buscou aquilo que honrava Seu Pai. De maneira semelhante, o Espírito de Deus esteve ativo em todos os aspectos da vida do Senhor Jesus Cristo, tanto guardando Sua honra quanto dando poder às Suas obras. O Espírito de Deus estava intimamente envolvido em todos os aspectos da vida e da morte do Senhor. Observe Seu envolvimento em Seu:
Encarnação
O Espírito e Sua Geração
Precisamos de extremo cuidado quando falamos ou escrevemos sobre a encarnação de nosso Senhor Jesus. Não pode ser permitido nenhum espaço para a imaginação ou qualquer tentativa de explicar, ou reconciliar este milagre em termos do conhecimento médico humano. Ele foi gerado pelo Espírito Santo de Deus e concebido no ventre de Maria. Foi a "semente da mulher". Lemos que Maria concebeu em seu ventre (Lucas 2:21). Diria com grande reverência que o ventre de Maria não foi uma mera incubadora, mas o próprio lugar onde Ele foi concebido.
O Espírito e Seu Corpo
A Divindade pode ser vista na encarnação do Senhor. Lemos em Hebreus 10 que era um corpo preparado por Deus Pai; Hebreus 2:14 nos diz que Ele (o Senhor Jesus) "participou do mesmo" sangue e carne, que é a humanidade. Finalmente, em Lucas vemos a ação do Espírito de Deus em Seu ser gerado pelo Espírito e no corpo preparado.
O Espírito e um Homem Sem Mácula ou Mancha
Os teólogos têm lutado com o problema de como uma criatura caída como Maria poderia conceber um filho no qual o problema do pecado na carne estava ausente. A doutrina da imaculada concepção de Maria oferecida por Roma apenas empurra o problema para uma geração antes. É muito melhor parar onde param as Escrituras da verdade: "O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; portanto, também o Santo que de ti há de nascer…" (Lucas 1:35). [1] O poder protetor do Espírito de Deus operou em preservá-Lo enquanto estava no ventre, e assim surgiu "aquela coisa Santa".
Aclamação
O Espírito de Deus não poderia permitir que o maior ato de condescendência altruísta passasse despercebido. Ele suscitou testemunhos de pelo menos três pessoas no nascimento do Senhor Jesus para remover qualquer indício de que esta era uma criança "normal" vindo ao mundo. Tendo escrito a última frase, preciso acrescentar que há uma sensação muito real de que esta foi a única pessoa "normal" que já existiu. Ele veio sem pecado, sem peculiaridades de personalidade, sem quebrantamento algum. Ele foi equilibrado e fecundo desde o momento de Sua vinda ao mundo. Ao contrário do resto da humanidade que, à medida que crescemos, aumenta a culpa, Ele cresceu e aumentou na graça (Lucas 2:40). É Lucas especialmente quem chama nossa atenção para o cuidado com que o Espírito de Deus guarda a divindade do Senhor Jesus.
A primeira pessoa que o Espírito de Deus convocou para testemunhar do Senhor Jesus foi Isabel. Suas palavras claramente O diferenciaram. Cheia do Espírito Santo (1:41), ela falou da "mãe do meu Senhor" (v43). O Bebê no ventre de Maria, possivelmente com apenas um mês de gravidez, é propriedade de Isabel como "meu Senhor".
O próximo a ser constrangido pelo Espírito de Deus foi Zacarias. Mais uma vez, somos informados de que ele foi cheio do Espírito Santo (v67), e falou de seu filho, João, indo diante da "face de Jeová" (v76) e do Senhor como a aurora do alto tendo visitado Seu povo.
Por último, Simeão, guiado pelo Espírito e com o Espírito Santo "sobre ele", testificou a todos que a criança em seus braços não era outra senão a salvação de Deus, a luz para as nações gentias e a glória da nação de Israel (2: 25-32).
Manifestação
Do céu
Na tipologia das ofertas, a oferta de cereais era misturada com óleo e ungida com óleo. O grande antítipo dessa oferta, o Senhor Jesus, foi gerado pelo Espírito e ungido pelo Espírito. Essa unção ocorreu como uma manifestação pública no Seu batismo. Quando o Senhor Jesus saiu das águas do batismo e ficou às margens do Jordão, o céu se abriu e o Espírito em forma de pomba desceu sobre Ele, ungindo-O para o serviço público no qual Ele estava prestes a iniciar. O Pai distinguiria Seu Filho de todos os outros que entraram naquelas águas.
Do Arauto
João reconheceu que este era exatamente o sinal que ele procurava e que selaria o seu ministério: "Sobre quem vires o Espírito descer e permanecer sobre ele, esse é" (Jo 1:33). Desta forma, o Espírito de Deus O marcou para João, que, por sua vez, poderia apresentá-Lo à nação como o Cordeiro de Deus (v29).
Do Inimigo Infernal
A linguagem de Marcos é explícita quando ele afirma: "E imediatamente o Espírito o levou ao deserto... tentado por Satanás" (Mar 1:12,13). Lucas acrescenta que no final da tentação "Jesus voltou para a Galileia no poder do Espírito" (Lucas 4:14). Tão certo estava o Espírito de Deus (que nunca levaria ninguém ao caminho do pecado) da natureza impecável deste Homem que o conduziu ao combate com a majestade satânica, sabendo a conclusão da batalha.
Ministério
O serviço e a vida do Senhor Jesus vividos no e através do poder do Espírito poderiam muito bem-merecer um artigo próprio. Retornando a Nazaré depois que Sua fama se espalhou, Ele atribuiu tudo o que fez ao Espírito de Deus (Lucas 4:18). O Cântico do Servo de Isaías 42 também fala do Espírito de Deus e de Seu serviço (v1). O Senhor falou em expulsar demônios pelo Espírito de Deus (Mateus 12:28) e não se vangloriou de Sua própria capacidade. Aqui está aquele a quem o Pai não "deu o Espírito por medida" (Jo 3:34). Ele agiu no poder de um Espírito não entristecido durante todos os dias de Seu serviço a Deus e em todas as atividades diárias da vida durante esses 33 anos. Ele atribuiu Seu poder ao Espírito de Deus e Suas Palavras a Seu Pai. Que servo altruísta!
Propiciação
Em Hebreus 9:14 somos informados de que Cristo, "pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus". É difícil acrescentar algo melhor do que o que JN Darby já escreveu: "Ele se ofereceu a Deus, mas movido pelo poder e de acordo com a perfeição do Espírito eterno. Todos os motivos que governaram esta ação, e a realização do fato de acordo com esses motivos, foram pura e perfeitamente os do Espírito Santo; isto é, absolutamente divino em sua perfeição, mas do Espírito Santo agindo em um homem (um homem sem pecado que, nascido e vivendo sempre pelo poder do Espírito Santo, nunca conheceu o pecado; que, sendo isento dele por nascimento, nunca permitiu que isso entrasse Nele).
Toda a Divindade estava assim envolvida na grande obra da cruz – o Filho oferecendo-se, o Espírito de Deus o controlador de tudo, e Deus Pai recebendo a oferta.
Vindicação
Ressurreição
Ele foi proclamado como Filho de Deus em virtude de Sua ressurreição, que Romanos 1 atribui ao Espírito de santidade (v4). Romanos 8:11 também atribui a ressurreição do Senhor Jesus ao Espírito de Deus. Embora o dia de Sua vindicação final ainda seja futuro, o Senhor Jesus foi vindicado aos Seus pela ressurreição.
Pentecostes
O dia de Pentecostes foi uma vindicação adicional do Senhor Jesus Cristo, como revela a pregação de Pedro naquele dia: "Portanto, sendo exaltado pela destra de Deus (…) derramou isto que agora vedes e ouvis" (Atos 2:33). O derramamento do Espírito de Deus foi feito pelo Senhor Jesus Cristo quando Ele, o batizador, batizou o grupo naquele dia "no" Espírito de Deus para formar o Corpo de Cristo. Foi um Salvador vivo que enviou o Espírito de Deus de volta ao mundo (Jo 16:7).
Proclamação
A Promessa do Salvador
O ministério do Cenáculo do Senhor Jesus contém muitas verdades maravilhosas, reconfortantes e desafiadoras. Entre as coisas reveladas aos discípulos estava que Ele enviaria o Espírito de Deus ao mundo para capacitá-los para o testemunho (Jo 15:26). Após Sua ressurreição (20:22), Ele soprou sobre eles e deu o Espírito para poder (isto não é o mesmo que ocorreu no Pentecostes).
O poder para pregar
Atos 1:2 nos diz que o Senhor deu mandamentos através do Espírito aos apóstolos. Entre eles, e bem conhecidos por nós, estão os mandamentos de ir por todo o mundo e pregar o evangelho. Isto foi feito ao longo do livro de Atos no poder e na comunhão do Espírito de Deus.
Deveria curvar nossos corações em adoração que nosso Senhor Jesus Cristo, em Sua graça condescendente, possuidor de todo o poder da divindade, escolheu viver como um Homem dependente neste mundo, fazendo tudo o que Ele fez através do poder do Espírito de Deus. , atribuindo todo o Seu "sucesso" ao Espírito e não a Si mesmo.
[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV.
Higgins, AJ
13. Prioridade das Línguas
A seção mais longa do Novo Testamento que aborda o assunto de falar em línguas é 1 Coríntios 12-14. Os coríntios estavam dando prioridade indevida ao falar em línguas. Tão magistrais são os argumentos de Paulo que mesmo uma consideração superficial de apenas alguns deles quase encerraria da noite para o dia o chamado movimento de falar em línguas dos nossos dias. Os princípios estabelecidos aplicam-se aos dons que permanecem e, portanto, são inestimáveis para grupos de crentes reunidos biblicamente em todo o mundo hoje.
A Introdução: Línguas comparadas com o passado (12:1-3)
Falar em línguas deve ser governado pelo conhecimento bíblico, pela orientação do Espírito Santo, por um Deus que comunica a verdade e pelo senhorio de Cristo. As declarações "Não quero que você fique desinformado" e "Desejo que você entenda" destacam uma causa de muitos erros doutrinários – a falta de conhecimento bíblico. Os contrastes entre as atividades espirituais pré-conversão e pós-conversão são impressionantes. Observe "desviados… por mais que vocês tenham sido desviados" e "ídolos mudos". Será que falar em línguas ou abusar delas tem algo em comum com isso? Sim, eles estavam sendo desencaminhados pelo seu próprio espírito, ou por outro, mas não pelo Espírito Santo. Foi aleatório, "como quer que você tenha sido conduzido" e poderia muito bem ter sido mudo, pois não estavam sendo interpretados. O versículo três talvez nos lembre das principais questões judaicas na recepção ou rejeição da salvação – Jesus é amaldiçoado? (Gl 3:13), ou Jesus é o Senhor? (Romanos 10:9; Atos 9:5). Os coríntios usavam línguas para exaltar a si mesmos. O Espírito fará na congregação o que Ele fez na conversão – exaltar Jesus como Senhor.
A Interação das Pessoas Divinas: Línguas comparadas com a Trindade (12:4-7)
Aqui aprendemos que o Espírito Santo, Cristo e Deus Pai, são a fonte das verdadeiras manifestações espirituais (1Cor 12:1 Darby ). Eles se movem como um só, cada um com seu próprio papel a desempenhar, produzindo um "bem comum" para todos . Quando os coríntios usaram os dons, eles precisavam refletir a unidade e o caráter harmonioso do Deus Triúno que graciosamente deu ( charismata , v4) a habilidade (v4), oportunidade (v5) e energia (v6) para seu emprego. O mau uso de línguas em Corinto foi uma desonra para Deus e muito diferente da forma como as pessoas da Divindade interagiam. Embora neste capítulo seja dada ampla ênfase ao Espírito Santo, falar em línguas ou qualquer outra forma de oração nunca é dirigido a Ele em nenhuma parte das Escrituras.
Os Índices de Dons: Línguas comparadas com outros dons (12:8-10; 28-30)
Existem três listas de dons neste capítulo que colocam as línguas por último em vez de primeiro. Na ilustração do corpo, a língua nem sequer é mencionada. Ênfase indevida em um presente com exclusão de outros seria como reduzir o corpo a um membro. Imagine um olho do tamanho de um corpo saltando pela calçada em sua direção. Nenhum membro deve se sentir inferior (vv14-18), nem suficiente e superior aos demais (vv19-26). O corpo ilustra dependência mútua, relacionamento, interação, necessidade, respeito, cuidado, simpatia e alegria. Os "membros mais fracos" deveriam ser vistos com maior estima. Deus "compôs" o corpo físico com o mesmo padrão e plano da assembleia: "para que não haja divisão... mas para que os membros tenham o mesmo cuidado uns pelos outros". No final (v30), Paulo pergunta: "Falam todos em línguas?" A resposta é não." "Desejar ansiosamente os dons mais elevados" não significa desejá-los para si mesmo, mas para a assembleia. Os "dons superiores" não incluiriam línguas, nem quaisquer outros dons milagrosos de "sinais".
A Importância da Verdade Corporal: Línguas e o Batismo no Espírito (12:12, 13)
O batismo no Espírito formou o corpo de Cristo. Nele estão todas as almas salvas desde Pentecostes até o arrebatamento: "Em um Espírito fomos todos batizados em um corpo" (v13). O batismo no Espírito aconteceu apenas uma vez, no dia de Pentecostes, em Jerusalém, e foi realizado por Cristo (Mt 3:11), e não pelo Espírito. Não se diz que nenhum crente foi batizado no Espírito no momento da conversão. Nem o Calvário, nem o Pentecostes são repetidos a cada conversão, mas os benefícios ainda são obtidos. No Pentecostes, apenas os 120 no cenáculo experimentaram literalmente ser batizados no Espírito. Os 3.000 salvos no mesmo dia não experimentaram isso literalmente, mas ainda faziam parte do corpo de Cristo. Eles (e todos os outros crentes desde então) se beneficiaram disso ao aceitarem a Cristo. Todos são vistos como batizados no Espírito, mas nem todos falam em línguas (v30), portanto, falar em línguas não é evidência do batismo no Espírito (extraído em parte de J. Hunter, What the Bible Teaches , pp. 146). -148).
Caráter Interno e Falar em Línguas: Línguas comparadas ao amor (12:31-13:13)
O cristianismo baseado no desempenho gera orgulho e rivalidade, não humildade e unidade. A primeira e mais importante característica do fruto do Espírito, o amor, não é a única medida do que é "espiritual", mas é "um modo de vida que transcende todos os outros" (Weymouth). Esta seção é tão eloquente e comovente, sua beleza tão notável, que não pode ser ponderada sem nos obrigar a pensar em Cristo e a querer ser mais semelhantes a Ele. O amor, marca por excelência da graça cristã, deve ser perseguido tanto antes como durante qualquer reunião da assembleia. O amor é como uma carteira de motorista; é ilegal usar presentes sem ele. O fracasso coríntio nisso levou a uma das repreensões mais poderosas, mas amorosas, de todo o Novo Testamento. O amor é o "caminho da excelência superior" (12:31 Darby ). As línguas não medem a espiritualidade, mas o amor sim. Ao contrário das línguas, todos poderiam e deveriam ter esta graça. Ao contrário das línguas, o amor verdadeiro não pode receber muita prioridade. Ao contrário das línguas, que cessaram, o amor permanece. Ao contrário das línguas, que eram inferiores a outros dons, o amor é supremo entre as graças.
Kember, Shad Jr.