A IGREJA E A GRANDE TRIBULAÇÃO

A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 1)

O Arrebatamento.

A verdade da segunda vinda de Cristo é importante não apenas do ponto de vista doutrinário, mas também do ponto de vista da vida e do serviço do crente. É inquestionavelmente uma das verdades essencialmente práticas que nós, como cristãos, podemos contemplar, e a própria consideração do assunto deveria tender a ajustar e embelezar a nossa caminhada.

É importante ter em mente que o Senhor Jesus Cristo virá em pessoa. Este fato é tão claramente afirmado na Palavra de Deus que é surpreendente que qualquer crente genuíno em Cristo possa deixar de o ver. A própria redação das declarações da Sua vinda, são claras e objetivas, que deveria banir imediatamente todos os equívocos. Note algumas destas declarações:

"'Eu voltarei", (João 14 verso 3).

"Este mesmo Jesus..., virá assim como vós o vistes partir", (Atos 1 verso 11).

“Para esperar do céu, a seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura”, (1ª Tessalonicenses 1 verso 10).

“O próprio Senhor descerá do céu”, (1ª Tessalonicenses 4 verso 16).

Se não fosse pela esperança de ver o próprio Senhor, o futuro seria tão negro quanto a meia-noite. É esta deliciosa antecipação que faz com que alguém se regozije no meio daquilo que a Bíblia chama de “uma criação que geme”. É isto que constitui um dos maiores incentivos para um serviço eficaz. É isto que alivia a pesada carga e nos permite cantar os cânticos de Sião em circunstâncias adversas.

Com relação ao momento exato em que o Senhor retornará, esta informação nos foi sabiamente ocultada. Todas as sugestões sobre o ano exato em que Ele aparecerá foram experimentos perigosos e fúteis. Definitivamente, somos informados de que, (além do próprio Deus), ninguém sabe o dia nem a hora em que o maior de todos os eventos acontecerá. O Senhor pode vir este ano. Por outro lado, Ele pode demorar alguns anos para vir.

Portanto, é nosso privilégio estar sempre na torre de vigia da expectativa, em vista da possibilidade de Sua chegada a qualquer momento. Existem evidências inequívocas de que vivemos nos “últimos dias”.

Muitos cristãos, sem dúvida, contestarão esta sugestão de que o Senhor pode vir a qualquer momento, especialmente se forem induzidos a acreditar que certos eventos terríveis devem acontecer primeiro. Refiro-me, é claro, à teoria de que a Igreja passará pela Grande Tribulação, e é meu propósito tentar mostrar, a partir das Escrituras, que tal proposição não está de acordo com a vontade divina.

Em primeiro lugar, é necessário que tenhamos uma concepção clara do significado do termo, “A Grande Tribulação”. Será um período de sofrimento, perseguição, aflição e crueldade sem paralelo. Em Mateus 24, nosso Senhor descreve-o como sendo um tempo de tribulação, “e tal não houve desde o princípio do mundo..., nem jamais haverá”. Duvido que algum de nós consiga imaginar o horror dos acontecimentos que ocorrerão durante esse período. Não só haverá fomes, pestes e terremotos em diversos lugares; não apenas muitos ficarão ofendidos a ponto de se odiarem e trairem uns aos outros; não apenas o amor de muitos esfriará por se multiplicar a iniquidade, mas a situação será tão terrível que aqueles que estiverem na Judéia serão aconselhados a fugir para as montanhas em busca de segurança. Aqueles que por acaso estão nos telhados ou nos campos são avisados ​​para não se preocuparem com os seus bens, pois isso impediria a sua fuga. As mulheres que antecipam as responsabilidades da maternidade ficarão numa situação quase desesperadora devido à sua incapacidade de fugir rapidamente para um local seguro. Além disso, as pessoas daquela época são aconselhadas a orar para que a sua fuga não seja no inverno, nem no dia de sábado, sendo a razão de que a fuga nos meses de inverno seria acompanhada de dificuldades quase intransponíveis, enquanto no dia de sábado apenas um curto período de distância poderia ser percorrida de acordo com a lei mosaica. Na verdade, esse período será tão terrível que, se não fosse por uma concessão oportuna, (a redução dos dias por causa dos eleitos), nenhuma pessoa seria salva. Certamente não nos é difícil ver que este quadro assustador se aplica ao povo terreno de Deus, os judeus. A Igreja e os Gentios não tem nada a ver com a Judéia ou com o dia de sábado.

Se a Igreja tiver de passar por todos os acontecimentos terríveis que acabei de enumerar, a grandeza da esperança do regresso iminente do Senhor para o arrebatamento será em grande parte minimizada, porque muitos do Seu povo redimido antecipariam o futuro com medo positivo.

Mas, afinal de contas, não se trata do que pensam vários grupos de crentes. O último tribunal de recurso é a Bíblia, e se, referindo-nos a várias passagens, pudermos compreender mais claramente quais são os propósitos do Senhor Jesus em relação aos Seus santos, a consideração mútua deste assunto profundo não terá sido em vão.

Há pelo menos duas passagens muito importantes que se relacionam com a vinda do Senhor para “os Seus”, falando da Igreja e do arrebatamento antes da Grande Tribulação, e que têm sido uma fonte de conforto para dezenas de milhares de crentes. O primeiro deles fez parte do belo discurso de nosso Senhor aos Seus discípulos antes de Sua partida para Seu Pai, (João 14 versos 1 a 3). Nestes versículos vemos a Casa, ou o Palácio, o Lugar e a Pessoa. Nosso Senhor informa aos discípulos que na casa de Seu Pai há muitos lugares de permanência, (isto é, ampla acomodação para todos os redimidos); que Ele vai preparar um lugar para eles; logo após, Ele retornará e os receberá para Si mesmo; para que onde Ele esteja, eles também possam estar. Esta é a primeira insinuação que Ele fez de Sua segunda vinda em relação à recepção direta, por Ele mesmo, de Seus santos. Agora, observemos aqui toda a ausência de qualquer introdução. Não há referência a terremotos, fomes ou pestilências; nem uma palavra é dita sobre o amor de muitos esfriar por causa da iniquidade abundante; nem se diz nada a respeito da Grande Tribulação; nem nada sobre fugir para as montanhas, nem qualquer outro dos terríveis eventos mencionados em Mateus 24. O Senhor menciona a promessa de Seu retorno para confortar as mentes perturbadas de Seus entes queridos discípulos, sem sugerir que qualquer catástrofe chocante deva ocorrer anteriormente.

A segunda grande passagem é 1ª Tessalonicenses 4 versos 14 a 18. O versículo 13 parece indicar que alguns dos crentes tessalonicenses estavam passando por um período de luto, e o apóstolo escreveu para assegurar-lhes que, embora não fosse errado que eles se entristecessem, ainda assim era gloriosamente possível para eles se alegrarem em meio à sua tristeza, porque, na vinda do Senhor para o arrebatamento, aqueles que haviam falecido nEle ouviriam Seu tríplice chamado, o grito de vitória, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus, e imediatamente responderiam levantando-se vitoriosamente de seus túmulos, para se juntarem aos santos vivos, para que em um único grupo, todos fossem arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, para assim estarem para sempre com Ele.

Aqui novamente, observemos a ausência de qualquer introdução. Nem a menor referência é feita a qualquer uma das terríveis ocorrências mencionadas em Mateus 24 e outras passagens semelhantes. O escritor não apenas revela a verdade inspiradora do retorno do Senhor para os Seus, a Igreja, sem qualquer declaração preliminar, mas exorta distintamente seus irmãos crentes a confortarem uns aos outros com essas palavras, a não assustarem uns aos outros com a perspectiva desconfortável de sofrimento terrível, perseguição, e crueldade que alguns querem que acreditemos que deve ocorrer antes do cumprimento desse grande evento.

A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 2)

Um Ladrão na Noite.

Para entender que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, e que o arrebatamento dela será iminente, isto é, não precisa de sinal algum que anteceda este evento, é muito necessário distinguir entre a “vinda do Senhor”, em 1ª Tessalonicenses 4, e o “Dia do Senhor” no capítulo 5.

Lemos no Capítulo 5 verso 2: "Porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite."

A “vinda do Senhor”, assunto que Paulo trata no fim do Capítulo 4, será um ato de bênção para a Igreja. O “Dia do Senhor”, assunto do Capítulo 5, será um período de julgamento sem paralelo, que se dará após o arrebatamento da Igreja ao céu.

O Apóstolo Pedro em Atos 2 verso 19 e 20, citando a profecia de Joel, nos informa que o “dia do Senhor” será precedido por certos sinais definidos que serão vistos acima no céu e em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. Note o que está registrado: "O sol se transformará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha aquele grande e notável dia do Senhor." Estes fenómenos celestiais ocorrerão imediatamente após os dias da “Grande Tribulação” a que já nos referimos.

O mesmo apóstolo em sua segunda epístola, Capítulo 3 versos 10 a 12, nos diz que o “Dia do Senhor” terminará com desastres maiores e mais terríveis do que aqueles que o precederão. Note as palavras exatas: - "No qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos se derreterão com calor ardente, e a terra e as obras que nela há serão queimadas."

Não é difícil perceber que a frase, “como o ladrão de noite”, indica que o “dia do Senhor” chegará repentina e inesperadamente. O ladrão tem muito cuidado para manter suas vítimas na ignorância da hora exata de sua chegada. Na verdade, ele faz o máximo para chegar quando menos se espera. Da mesma forma, a chegada do “Dia do Senhor”, surpreenderá aqueles que serão esmagados.

Agora, a “vinda do Senhor”, mencionada no Capítulo 4, não será um evento inesperado. Dezenas de milhares de filhos amados de Deus estão antecipando, diariamente e a cada hora, Sua chegada gloriosa, e o número desses crentes “vigilantes” está aumentando rapidamente.

E podemos perceber isto de uma maneira clara no que Paulo escreve em, 1ª Tessalonicenses 5 verso 3: “Porque quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição... e de modo algum escaparão”. Aqui vemos o julgamento, repentino e certo. A “Paz e Segurança” mencionada nesta passagem é falsa. Uma falsa paz é pior do que a tempestade mais severa, porque numa tempestade severa a pessoa percebe o perigo e pode haver uma possibilidade de fuga, mas uma paz falsa é totalmente fatal, na medida em que a vítima pensa que tudo está bem quando tudo está errado, e antes que ele tenha consciência do perigo, ele é envolvido por uma calamidade da qual é impossível escapar. O mesmo se aplica a uma falsa segurança. A única paz real e duradoura é aquela que o Senhor Jesus fez pelo sangue de Sua cruz, e a única segurança real pode ser encontrada na eterna Rocha dos Séculos.

Mas a quem se refere o pronome “eles” pensam ter “Paz e Segurança”? Certamente não pode ser os crentes da Igreja, e se não for para os crentes, só pode se referir àqueles que estão nas trevas, àqueles que estão sem Deus e sem Cristo. Para os tais, o “Dia do Senhor” virá como um ladrão durante a noite. Agora observemos cuidadosamente o seguinte versículo: "Mas vós, irmãos, não estais nas trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão." (1ª Tessalonicenses 5 verso 4).

Isto indica claramente que o “Dia do Senhor” não tem nada a ver com os filhos de Deus da era da Igreja, mas com os filhos das trevas. Nós, que fomos tirados das trevas para a mais maravilhosa luz de Deus, estamos mais envolvidos nos versículos finais do Capítulo 4 do que nos versículos iniciais do Capítulo 5 de 1ª Tessalonicenses.

Uma das passagens mais importantes que provam que a Igreja nunca passará pela Grande Tribulação é, 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, pois diz: "Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado." O Apóstolo nos informa claramente que o "Dia do Senhor" não chegará, a menos que venha primeiro a mais terrível das apostasias, culminando na manifestação do homem do pecado. Então o “Mistério da Iniquidade” atingirá o seu clímax, quando os inimigos da verdade seguirem o seu próprio caminho e quando as forças do mal forem liberadas, (por Deus), para agir no seu máximo.

Este profundo “Mistério da Iniquidade” já está agindo hoje, e funciona desde a era apostólica, mas tem sido controlado, limitado. Felizmente, tem havido um poder restritivo em ação, de modo que, embora o elemento de ilegalidade tenha ainda hoje atingido proporções alarmantes, não foi permitido que ultrapassasse a linha fronteiriça. Deus permite que a ira do homem seja exercida dentro de certos limites para que possa louvá-Lo, mas o restante da ira Ele restringe.

Chegará um tempo, porém, em que esse poder restritivo será retirado, e então o homem do pecado – aquele “iníquo” – que se exaltará acima de tudo o que é adorado, pois realmente se sentará no templo de Deus, “mostrando-se que ele é deus", será revelado em todos os seus poderes diabólicos, e sinais e maravilhas mentirosas.

Surge aqui uma questão muito importante: O que é esse poder restritivo? No texto que já citamos em 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, o pronome usado é "Ele", não "isso", o que significa claramente que deve ser uma pessoa, e se for uma pessoa certamente não pode ser outro senão o Espírito Santo de Deus. Os crentes são designados como “o sal da terra”, a razão é que eles são habitados pelo Espírito Santo e, portanto, constituem um agente purificador eficaz na terra na sua capacidade corporativa. Se não fosse pela presença do povo redimido de Deus no mundo, a situação seria intolerável. Como é bem sabido, o Espírito Santo desceu no Pentecostes. Mas quando Ele ascenderá? Ele ascenderá com a Igreja quando ela for arrebatada para encontrar seu Senhor glorificado nos ares. Sendo assim, o poder restritivo será removido quando Cristo vier para os Seus, antes do período conhecido como a Grande Tribulação.

A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 3)

O Livro com Sete Selos.

Existe muitas razões sugestivas pela qual a Igreja não passará pela Grande Tribulação e, sem dúvida, a mais importante e talvez a mais imperativa esteja no último livro da Bíblia. A consideração disto exigirá um exame bastante minucioso de um dos capítulos mais inspiradores da Bíblia, a saber, Apocalipse, capítulo 5, que diz assim: "E vi na mão direita daquele que estava assentado no trono um livro escrito por dentro e por trás, selado com sete selos”.

É possível que o livro mencionado neste versículo contenha os títulos de propriedade da terra, embora seja bastante claro que os sete selos pelos quais ele está selado estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que, no tempo de Deus, serão derramados sobre este mundo culpado.

Entre todos os habitantes do céu e da terra, apenas Um é considerado digno de abrir o livro e de desatar os seus selos, a saber, o Leão da tribo de Judá, o sempre vitorioso, que, como o Cordeiro de Deus no Calvário, prevaleceu sobre os poderes das trevas tão completamente que revelou Sua dignidade para abrir o livro e desatar os selos. Imediatamente depois, Ele é visto no meio do trono como o Cordeiro que uma vez foi morto. Ao redor do trono estão quatro seres viventes, e vinte e quatro anciãos, e estes são; engajado em cantar a canção mais doce já cantada. É descrita como a Nova Canção, e será sempre nova à medida que os acordes ecoarem pelas cortes celestiais. Devemos ouvir mais uma vez as grandes palavras deste Cântico: "Tu és digno..., porque foste morto, e com Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação."

Geralmente é admitido que esses vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja, e na verdade dificilmente poderia ser de outra forma, pois quem, a não ser os redimidos, pode cantar o cântico da redenção? E lembremo-nos de que este grupo celestial não é composto por um povo ou nação em particular, mas representa todas as partes deste mundo que Deus amou e pelas quais Ele deu o Seu Filho. Tenhamos também em mente que enquanto esses vinte e quatro anciãos estão empenhados em cantar o novo cântico, o livro está inteiro e com seus selos intactos.

Agora, quando é aberto o primeiro selo? Não no capítulo 5, mas no capítulo 6 de Apocalipse. É extremamente importante que observemos este fato, visto que ele transmite a conclusão inevitável de que antes dos julgamentos divinos atingirem este mundo, os redimidos já estão com Cristo no céu.

Vamos agora tabular os fatos e nos esforçar para ver a proposição em sua verdadeira perspetiva:

  1. O livro está à direita daquele que está assentado no trono.
  2. O livro está selado com sete selos, que estão intactos e que estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que serão derramados sobre a terra.
  3. Os vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja que foram reunidos dos quatro cantos da terra.
  4. Esses vinte e quatro anciãos estão no céu, ao redor do trono, antes da quebra de qualquer um dos selos.
  5. O registro da quebra do primeiro selo está no capítulo 6.

Segue-se, portanto, que, antes que ocorra qualquer uma das coisas terríveis registradas em Apocalipse 6 em diante, a Igreja está seguramente alojada no céu de glória.

Pode-se dizer em resposta a tudo isso que os eventos do Apocalipse nem sempre são registrados em ordem cronológica. Isto é sem dúvida correto, mas a questão da ordem cronológica não afeta o ponto em questão. Permanece o fato incontestável de que, quando o livro é visto ainda totalmente selado, os remidos estão com Cristo no céu, portanto, devem ter sido introduzidos ali, antes da abertura do primeiro selo.

Naturalmente, há muitas questões desconcertantes que surgem na consideração deste grande assunto. Seria realmente estranho se não fosse assim.

Uma dessas dificuldades diz respeito ao toque das trombetas; se sãos as mesmas, que encontramos mencionadas em 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, e Apocalipse, Capítulos 8 a 11.

A distinção, resumidamente, é a seguinte: As duas primeiras em, 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, podem ser chamadas de trombetas de bênção e farão parte da tripla convocação que será ouvida pelos santos, quando o Senhor vier para os Seus, a Igreja no arrebatamento, antes da Grande Tribulação.

As trombetas mencionadas no livro do Apocalipse podem ser designadas trombetas de julgamento, com as quais, os crentes não terão nada a ver.

É bem verdade que em 1ª Coríntios 15, o apóstolo Paulo se refere à última trombeta e, no que diz respeito aos crentes, será a última e não tem nada a ver com a última da série de trombetas de Apocalipse, Capítulos 8 a 11. Não é de todo improvável que Paulo tivesse em mente os três sons de trombeta que eram ouvidos com tanta frequência pelos soldados romanos, o último dos quais foi o sinal para que marchassem em frente. Há também uma ligação sugestiva entre esta última trombeta de 1ª Coríntios 15, e as trombetas que foram usadas no acampamento de Israel, registradas em Números, Capítulo 10. Uma trombeta deveria ser tocada para a reunião dos príncipes, – os cabeças de Israel. Um alarme soou quando as pessoas deveriam iniciar uma viagem. Então vem este versículo significativo: "Mas quando a congregação estiver reunida, vocês tocarão, mas não tocarão o alarme."

Quando o Senhor voltar para nós, ouviremos o som da trombeta, embora, felizmente, não seja um alarme, mas o sinal de uma gloriosa "reunião" final de todo o Seu povo amado que encontrará seu Senhor nos ares, e O verão, não pela fé, mas pela vista.

Uma dificuldade adicional diz respeito a expressão à “primeira ressurreição”, mencionada em Apocalipse 20, versículos 5 e 6.

Ainda há duas ressurreições para acontecer, e apenas duas. Elas são: 1ª. A dos justos e 2ª. A dos injustos.

A ressurreição dos justos presumivelmente ocorrerá em duas etapas, a saber, a 1ª. Etapa será quando o Senhor descer do céu somente até aos ares, (neste momento os santos da era da igreja serão ressuscitados com corpo de glória, e os crentes vivos transformados e todos levados para o céu), e a 2ª. Etapa da primeira ressurreição, será no final do período da Grande Tribulação e antes de começar o reino milenar de Cristo aqui na terra, será o momento quando os mártires da tribulação serão ressuscitados e com eles os santos do Antigo Testamento. Isto é chamado de a, “primeira ressurreição”. A ressurreição dos injustos ocorrerá no final dos mil anos que compreenderão o Milênio, conforme notificado em Apocalipse 20 versos 11 a 15. A referência de Nosso Senhor às duas ressurreições está no Evangelho de João 5 versos 28 e 29.

A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 4)

Salvação em Toda a Sua Plenitude.

Cada salvo da era da Igreja, deve libertar os seus pensamentos de que passará pelos terríveis julgamentos em que o mundo estará envolvido, e concentrar-se agora na mente, nas glórias que nos aguardam, e que serão a posse alegre de todos os verdadeiros crentes no retorno do Senhor Jesus nos ares para o arrebatamento.

O escritor da Epístola aos Hebreus nos informa que tão certamente como Cristo apareceu uma vez para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo, assim certamente Ele aparecerá uma segunda vez, sem pecado, para a salvação. (Hebreus 9 verso 28).

A questão do grande pecado foi resolvida de uma vez por todas na cruz. O Calvário nunca será reencenado. Quando Cristo voltar, esse grande evento será “para a salvação”. Então compreenderemos plenamente aquela salvação que foi designada por Deus nas eras eternas passadas, comprada por Cristo na cruz e realizada para nós pelo Espírito Santo. O santo mais antigo e experiente da terra hoje mal tocou a margem desta “grande salvação”, mas Deus organizou Seu programa para nós de uma maneira tão maravilhosa que quando, virmos o Senhor Jesus face a face, perceberemos então como nunca antes sua altura, profundidade e comprimento, e largura. Apreciaremos a sua magnitude divina e exultaremos na sua insondável plenitude.

Não é de forma alguma um fato insignificante que em mais de uma ocasião no Novo Testamento seja feita referência à vida eterna como uma promessa, a razão é que, embora possuamos essa vida aqui e agora, de longe a maior parte dela é futuro, e será realizado quando estivermos, “para sempre com o Senhor”.

O apóstolo João nos lembra da grandeza e plenitude daquele amor que o Pai nos concedeu, para que sejamos chamados filhos de Deus. Este é o nosso direito espiritual de nascença. Esaú tolamente vendeu o seu direito de primogenitura por um mero bocado de sopa, mas, felizmente, é impossível para nós, como crentes, vender o nosso direito de primogenitura, pela simples mas profunda razão de que a nossa vida está “escondida com Cristo em Deus”. Tão grande valor divino foi atribuído àquela vida que nos foi comunicada, que Deus graciosamente a escondeu, e Seu esconderijo é Cristo. Está, portanto, fora do alcance de todos os nossos inimigos.

Mas o apóstolo continua seu tema fascinante dizendo: “E ainda não é manifesto o que seremos”. Se fosse manifesto, o que aconteceria? Se por um breve intervalo de dez segundos Deus nos revelasse o nosso futuro, simplesmente seríamos incapazes de suportar esse peso eterno e extraordinário de glória. Portanto, é necessário que exerçamos aquela “paciência de esperança” pela qual Paulo lembra com elogios, os cristãos tessalonicenses.

Embora, no entanto, o panorama completo das maravilhas do Céu ainda não tenha sido divulgado, isto já foi registrado: “Seremos como Ele, Cristo”. Comparadas com isso, todas as outras perspetivas se tornam insignificantes. O cumprimento destas quatro Palavras verá a culminação, combinação e consumação de todos os propósitos eternos de Deus para conosco. Ver a face de nosso amado Senhor será realmente o paraíso, mas ser como Ele, quem pode dizer o que isso significará?

Quando o Apóstolo Paulo lembrou aos crentes filipenses que a sua cidadania estava no céu, ele aproveitou a oportunidade para informá-los ao mesmo tempo que uma magnífica transformação aconteceria no retorno de nosso Senhor Jesus Cristo, que mudará este corpo da nossa humilhação, (que está sujeito ao fracasso, à doença e à morte), e o remodelará como Seu próprio corpo glorioso, de acordo com a operação de Seu poder onipotente. Isto constituirá a maior mudança em nossa história espiritual. Diz-se que os nossos corpos físicos estão em constante mudança, – na verdade, mudam completamente duas ou três vezes numa vida normal, – mas, por mais frequente e por mais completa que estes corpos naturais possam mudar, uma mudança muito mais maravilhosa ainda está para acontecer. A imagem terrena foi tristemente manchada como resultado da queda, mas tão certamente quanto carregamos a imagem do terreno, certamente carregaremos a imagem do celestial. O primeiro item no plano divino de redenção foi a presciência de Deus, e Aquele que conheceu o fim desde o princípio, predestinou que seríamos conformados à imagem de Seu Filho. Isto formou o propósito transcendente que Ele tinha em vista quando nos salvou pela Sua graça.

Mas tenhamos em mente que no céu preservaremos a nossa identidade. Não apenas o sol possui uma glória própria, mas a lua também possui uma glória que é dela. E não apenas isso, mas as estrelas também têm sua própria glória, e até elas mesmas diferem umas das outras em glória. Isto quer dizer que embora estes corpos celestes manifestem uma glória combinada, eles também exibem uma glória individual. Assim será conosco quando amanhecer o “dia perfeito”. Seremos todos como Cristo e, nesse momento, cada crente preservará a sua identidade.

Este assunto da identidade pessoal leva a uma pergunta que é feita com tanta frequência: Conheceremos uns aos outros no céu? Sem dúvida que nos conheceremos. Há muitas evidências bíblicas disso. Para citar um dentre muitos, quando o Apóstolo Paulo indicou aos santos em Tessalônica que eles eram sua esperança, e alegria e coroa de regozijo no retorno do Senhor Jesus, ele claramente deu a entender que os identificaria, embora fossem tão poucos entre eles, em vista das miríades dos redimidos daquele dia.

A promessa final do Senhor Jesus na Bíblia é: “Certamente venho sem demora”. De todos os eventos futuros registrados nas Escrituras, este está mais próximo do coração de nosso bendito Senhor. Para o cumprimento literal desta promessa, Ele suportou a cruz e desprezou a vergonha. Ele agora está antecipando o momento em que verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito. Além disso, essa satisfação será mútua, na medida em que também estaremos satisfeitos quando despertarmos com a Sua semelhança.

Bem, poderíamos responder com alegria: “Amém, ora vem, Senhor Jesus”. Que futuro! Chega de lágrimas; não há mais dor; não há mais tristeza; não há mais decepções; não há mais ansiedade; não há mais fome; não há mais sede; não há mais pecado; não há mais maldição; não há mais morte. Mas, afinal, estes são apenas pontos negativos. Quais devem ser os pontos positivos? O que substituirá todas essas coisas que agora com tanta frequência tendem a nos deprimir? Alegria indescritível e glória em toda a sua plenitude.

Será alegria após alegria; canção após canção; glória sobre glória; satisfação após satisfação sempre abundante à medida que as eras intermináveis ​​de uma eternidade sem data passam. Estaremos num lugar glorificado, vestidos com corpos glorificados, em companhia de um povo glorificado e na presença de um Salvador glorificado.

Então será vista a apresentação mais maravilhosa já testemunhada. A Igreja, — aquela pérola de grande valor, para a qual o Senhor Jesus “vendeu tudo o que tinha” quando se ofereceu sem mácula a Deus, — será apresentada a Si mesmo, uma Igreja gloriosa, completa em todos os aspectos. Nenhum membro estará faltando; nenhuma divisão prejudicará sua grandeza; nenhuma mancha, ruga ou defeito estragará sua beleza; nenhuma nota discordante será ouvida; nenhuma nuvem intervirá; nada faltará para completar a magnificência daquele maravilhoso espetáculo quando formos apresentados sem defeito diante de Sua presença com exultação.

Existe uma estranha teoria corrente entre alguns filhos de Deus, embora felizmente não se ouça menção dela com tanta frequência agora como antigamente. É a ideia de que quando Cristo vier para os Seus, apenas um número limitado, será levado, e o restante será levado num período posterior. Esses santos privilegiados serão. (assim somos informados), os fiéis, ou os vencedores, – aqueles que viveram vidas consistentes, que prestaram serviço fiel e que aguardam ansiosamente o retorno do Senhor. Esta é realmente uma teoria difícil de ser entendida, e pela seguinte razão: É possível, por um lado, que um crente seja fiel e verdadeiro ao Senhor, e ainda assim nunca tenha aprendido claramente a verdade da segunda vinda de Cristo, enquanto, por outro lado, é possível que um crente tenha sido completamente iniciado nesta grande verdade e ainda assim tenha vivido uma vida inconsistente.

As palavras que encontramos em Hebreus 9, versículo 28: “E aos que O esperam, Ele aparecerá segunda vez”, tinham um significado especial para aqueles cristãos a quem a epístola foi dirigida, que estavam perfeitamente familiarizados com os serviços do Tabernáculo. Quando o sumo sacerdote entrava no lugar santo para fazer expiação pelo pecado, o povo ficou do lado de fora, aguardando ansiosamente seu reaparecimento, (isto por ser lindo em, Levítico 16 verso 17 e Lucas 1 versos 10 e 21). Pode ter havido aqueles que ficaram um tanto descuidados com o passar do tempo, mas isso de forma alguma alterou o fato de que o sumo sacerdote entrou e saiu, para a bênção de toda a congregação de Israel. Da mesma forma, Cristo já foi oferecido para levar os pecados de Seu povo, e em breve Ele reaparecerá em favor de todos eles para aquele ato final de bênção, quando Ele dirá: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem”, (Cânticos dos Cânticos 2 verso 10).

Se for verdade que apenas os fiéis serão arrebatados quando o Senhor retornar, é de se perguntar quantos irão! Afinal, quem alcançou aquele padrão de lealdade que o tornaria digno de estar entre os primeiros a ascender? Na melhor das hipóteses, somos todos servos inúteis. Comparado com o que deveria ser, o nosso amor é frio, o nosso serviço é pobre, a nossa influência é limitada.

Não é isso? Se for uma questão de mérito, nem um único santo irá. Se for uma questão de graça, (e certamente é), então toda Igreja irá embora.

Finalmente, lembremo-nos sempre de que, assim como a nossa esperança está centrada em Cristo, a Sua esperança está centrada em nós. Muitas vezes lemos no quarto evangelho que Ele desceu do céu, não para fazer a sua própria vontade, mas a do Pai que O enviou. A grande missão do Senhor Jesus a este planeta pode ser resumida nestas palavras: “Eis! Eu venho para fazer a Tua vontade, ó Deus.” Isto foi particularmente manifestado no jardim do Getsêmani, quando, sob a sombra da cruz, Ele disse: “Não seja feita a minha vontade, mas a Tua”.

Mas houve uma ocasião em que Ele expressou definitivamente o desejo do cumprimento de Sua própria vontade, e o registro está em João 17, versículo 24: “Pai, quero que onde eu estiver estejam comigo também aqueles que me deste, para que possam contemplar a Minha glória.”

Quão grandioso é perceber que esse anseio intenso da parte de nosso bendito Senhor está tão intimamente ligado aos Seus redimidos! Qualquer outro pensamento; todos os outros propósitos; todas as outras expectativas eram subservientes a esse tremendo anseio de Seu coração.

Tenhamos, portanto, coragem, porque: “Porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”, (Romanos 13:11).

Por Ernest Barker

 

 

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