O MELÊNIO E O AMILENISMO

1. O MILÊNIO - O Conteúdo das Escrituras.

Por que acreditamos num Milénio literal e futuro? Em primeiro lugar, porque é ensinado na Bíblia.

O amilenista irá contrariar isto dizendo que isto só é ensinado numa passagem, Apocalipse 20, e que, estando num livro que é tão simbólico, não significa um período de 1.000 anos literais.

Agora, é verdade que Apocalipse 20 é o único lugar onde a sua duração é dada, mas é afirmado que é de 1.000 anos, nada menos que seis vezes nessa passagem, (uma vez em cada um dos versículos 2 a 7). E quantas vezes a Bíblia precisa afirmar algo para que possamos considerá-lo verdade? Certamente uma vez deve ser suficiente!

Além disso, Apocalipse 20 não é o único lugar na Bíblia onde lemos sobre um reinado literal de Deus na terra. Na verdade, grande parte do Antigo Testamento é dedicada a isso. As referências são tão extensas que seria impossível apresentar todas aqui, e percorrer todas elas. Mas uma leitura de passagens como o Salmo 72; Isaías Capítulos 2, 11, 35 e 65; Ezequiel Capítulos 20, 34, 36, e 47; e Amós 9, nos revela um futuro glorioso para Israel quando ele for reunido e purificado. Haverá bênção universal com libertação da opressão. Haverá retidão e justiça, paz e segurança. As terras improdutivas tornar-se-ão férteis e haverá colheitas abundantes e frequentes. O Mar Morto estará repleto de vida e os animais selvagens serão domesticados, sem perigo para os seres humanos. A terra ficará cheia do conhecimento do Senhor.

Estas, e muitas outras profecias semelhantes, são declaradas claramente no Antigo Testamento, sem qualquer sugestão de que não devam ser interpretadas literalmente. Certamente, a nação à qual foram dadas as entendeu como sendo literais. E nós também. Eles estão na Palavra de Deus e, portanto, acreditamos nelas tal como estão.

Contra isto, o amilenista dirá: “Se eles devem ser interpretados literalmente, por que não são repetidos no Novo Testamento?” Ao que respondemos com três pontos.

Em primeiro lugar, referem-se principalmente à nação de Israel e como as bênçãos fluirão de Israel para as nações. Portanto, não deveríamos ficar surpresos que os detalhes sejam dados no Antigo Testamento, e não no Novo Testamento.

Em segundo lugar, quando Deus já tinha dado estas promessas, não havia necessidade de listá-las todas novamente.

Em terceiro lugar, o Novo Testamento, como o seu nome indica, preocupa-se com a nova revelação de Deus, na Pessoa do Seu Filho, e como consequência disto, a ênfase nas epístolas do Novo Testamento está na verdade da Igreja. O ensino do Antigo Testamento não se torna inválido simplesmente porque não é totalmente repetido no Novo Testamento!

A questão mais pertinente é esta: “O Novo Testamento nega as promessas de futuras bênçãos terrenas dadas no Antigo Testamento a Israel nacionalmente?” A resposta para isso é negativa. Veja por exemplo Atos 1 versos 6 e 7. O Senhor Jesus está prestes a retornar ao céu, e os discípulos Lhe perguntam: “Senhor, restaurarás tu neste tempo novamente o reino a Israel?” Israel, como nação, não muito mais de um mês antes disso, O rejeitou. Se Israel estivesse acabado como nação, se não houvesse esperança de um futuro reino terreno, então este seria o momento ideal para o Senhor revelar aos discípulos que eles estavam errados. Mas ele não o fez. Pelo contrário, Ele lhes diz que não cabe a eles conhecer os “tempos e as estações”, quando sucederão estas coisas. Não era uma questão de saber se isso aconteceria, mas de quando aconteceria.

Assim, não muito depois da ascensão do Senhor, em Atos 3 versos 19 a 26, Pedro é capaz de dizer ao seu público judeu, numa mensagem cheia de alusões ao Antigo Testamento, que, no retorno do Senhor, e somente então, todas as profecias do Antigo Testamento seriam cumpridas em relação aos “tempos da restituição de todas as coisas” (verso 21).

Mais tarde, (Atos 15 versos 13 a 17), Tiago afirma que a profecia de Amós 9 versos 11 e 12, (que Deus reconstruirá o tabernáculo de Davi), e será “depois” da era atual, (verso 16), quando Ele tomar dentre as nações, “um povo para o Seu Nome”, (verso 14).

Tudo isso está bem ilustrado na “parábola das minas”, (Lucas 19 versos 11 a 27). O “certo homem”, (verso 12) é sem dúvida o Senhor Jesus, que foi para um “país distante” para “receber para si um reino” e que “voltará”. É igualmente certo que os “cidadãos” que O rejeitam representam a nação de Israel (verso 14). O Senhor foi rejeitado pela nação; Ele foi embora e retornará na glória do reino.

O homem da parábola retorna ao mesmo lugar e às mesmas pessoas e, como recompensa, receberá autoridade sobre as cidades daquele reino. Da mesma forma, o Senhor retornará ao mesmo lugar onde foi rejeitado, à mesma nação que O rejeitou, e aqueles que foram fiéis serão recompensados ​​naquele reino na terra.

Assim, longe de anular ou espiritualizar as promessas do Antigo Testamento de um futuro reino terreno, pois o Novo Testamento faz o oposto, ele confirma. As promessas estão aí e nós acreditamos nelas.

Mas o amilenista diz: “Não é assim. Estas promessas de bênçãos não serão cumpridas no futuro, literalmente, mas estão sendo cumpridas no presente, espiritualmente, nas bênçãos desfrutadas pela Igreja”. No tópico seguinte, consideraremos as condições atuais e veremos se tal afirmação merece exame minucioso.

2. O MILÊNIO – As Condições do Tempo Presente.

O amilenista diz que a igreja (atualmente) cumpre as promessas do Antigo Testamento dadas a Israel em relação as  bênçãos terrenas. Olhemos em volta e examinemos se o que vemos no presente, corresponde a esta afirmação.

Há muitos lugares nas Escrituras aos quais poderíamos recorrer, mas nos restringiremos a dois: um do primeiro livro da Bíblia e outro do último.

Em Gênesis 12 verso 1, Deus diz a Abrão para ir para “uma terra que eu te mostrarei”. No versículo 5, ele chega a Canaã, e Deus diz que é “esta terra” a que Ele estava se referindo. No capítulo 13 versos 14 e 15, Deus lhe diz que a terra que ele estava olhando pertenceria a ele e à sua semente, para sempre. Isto é reafirmado no capítulo 15 verso 7. Nos versículos 8 a 21, Deus soleniza Sua aliança, indicando que Abrão pode ter certeza de que é “esta terra”, que lhe será dada, (verso 18). Além disso, Deus identifica os limites da terra (versos 18 a 21).

O amilenista diz que estas promessas nunca serão cumpridas literalmente; mas afirmam que elas tenham uma realização espiritual presente na Igreja. Porém, nas passagens que citamos, Deus mostra a Abrão uma terra literal e deixa claro que é “esta terra” a que Ele está se referindo, com limites precisos. Em Gênesis, quando “terra” é usada, denota uma terra literal. Por exemplo, no capítulo 15 verso 13, Deus diz: “a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles”. Isto é o Egito, e isso foi cumprido literalmente. José, (Gênesis 50 veros 24), não tem dúvidas de que a terra que Deus “jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó”, era a terra literal de Canaã, pois ele diz que é para lá que Deus os levará. Moisés em, (Êxodo 32 veros 13), está igualmente certo disso.

O amilenista tenta contra-atacar dizendo que, sim, os santos do Antigo Testamento acreditavam que era literalmente a terra de Canaã, mas à luz do Novo Testamento, podemos ver que ela foi feita para ser tomada espiritualmente, nas bênçãos presentes da Igreja.

O problema com esta visão é que em nenhum lugar, seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, nos é dada a menor indicação de que as Palavras de Deus a Abraão não foram entendidas literalmente; em nenhum lugar a promessa é anulada ou transferida para a Igreja. Pelo contrário, as Escrituras do Novo Testamento afirmam e referem-se literalmente à terra de Canaã. Em Atos 7 versos 3 a 8, Estêvão diz aos seus acusadores que “a terra”, (verso 3), é “esta terra em que agora habitais”, (verso 4), e que esta era a terra que Deus havia prometido a Abrão e à sua descendência, (verso 5). Não poderia ser mais claro que o Novo Testamento reafirma a promessa da terra literal aos descendentes literais de Abraão. Em Hebreus 11 verso 9, diz-se que Abraão peregrinou na “terra da promessa”. Esta tem que ser a terra literal. Assim, o estatuto da “terra da promessa” não mudou, e as promessas relativas a ela aguardam cumprimento.

Passamos para Apocalipse 20. O amilenista diz que esta passagem fala do presente; que os 1.000 anos são a era atual; que a prisão de Satanás é a sua derrota na cruz; que a “primeira ressurreição” é o que uma pessoa experimenta quando recebe a salvação; que os crentes estão atualmente “reinando” com Cristo; e que isso continuará até que os mortos ressuscitem juntos, no fim do mundo.

Agora, tomemos a interpretação do amilenista pelo seu valor nominal, e imediatamente podemos ver três grandes problemas:

1º. Apocalipse 20 verso 2 diz que Satanás será “amarrado” durante todo o reinado de Cristo. O significado disso nos é dito no versículo 3: “para que não engane mais as nações”. Olhemos em volta e perguntemos se esta é uma declaração apropriada das atuais condições do mundo. É totalmente inapropriado. Escrituras escritas sobre a era atual, como 2ª Coríntios 4 versos 3 e 4, descrevem vividamente como Satanás cega as mentes dos incrédulos, e nós (crentes) não estamos imunes aos seus ataques: a descrição em 1ª Pedro 5 verso 8, de “um leão que ruge” e que “anda em busca de quem possa devorar”, dificilmente retrata alguém que está preso e incapaz de influência! Veja mais algumas passagens como evidência da atividade atual de Satanás: Atos 5 verso 3; 2ª Coríntios 11 verso14; Efésios 2 verso 2; 1ª Tessalonicenses 2 verso 18; e 2ª Timóteo 2 verso 26. E as manchetes diárias testemunham a eficiência de Satanás em enganar as nações.

2º. Apocalipse 20 versos 3, 7 e 8 nos diz que, depois dos 1.000 anos, Satanás será solto por um curto período de tempo e enganará as nações novamente. O amilenista afirma que a era atual continuará até o fim do mundo, quando todos serão ressuscitados e julgados, e o estado eterno começará. Isto não deixa espaço para nada que corresponda à libertação de Satanás. Se, como eles afirmam, o aprisionamento de Satanás é a sua derrota na cruz, então seria desfazer a obra da cruz se ele fosse desamarrado e solto. Não há, no esquema do amilenista, nenhuma explicação para a libertação de Satanás depois do milênio.

3º. Apocalipse 20 verso 4 afirma que os mártires “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. O amilenista diz que esta “ressurreição”, (verso 5), refere-se à vida espiritual obtida quando uma pessoa confia em Cristo. Se sim, o que o versículo 5 quer dizer quando diz que, “os demais mortos não reviveram até que se completassem os 1.000 anos”? Não pode significar espiritualmente, pois estas pessoas não são salvas. Se eles forem honesto, serão forçados a admitir que se trata de uma ressurreição literal. Está muito claro no final do verso 4, que diz, e “viveram”, e no início do versículo 5, temos outro significado totalmente diferente, apesar do fato de que o contexto e a linguagem deixam claro que esses versículos descrevem um contraste na experiência, (isto é, ressurreição literal), entre dois grupos diferentes. A interpretação amilenista viola o ensino claro da passagem.

“E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.” (Apocalipse 20 versos 4 e 5)

Assim, olhando para as condições atuais, vemos que a doutrina amilenista não resiste a um exame minucioso. Tanto a promessa da terra como a promessa dos santos reinando com Cristo exigem cumprimento literal no futuro.

Acreditamos que uma passagem das Escrituras deve ser interpretada de acordo com o seu vocabulário e gramática, levando em conta o seu contexto, e comparando-a com outras Escrituras. Em outras palavras, as Escrituras querem dizer o que dizem e dizem o que significam. Se abandonarmos este princípio, então a Escritura pode ser entendida como significando tudo o que o leitor desejar.

Muitos amilenistas acreditam na inspiração plenária das Escrituras e, geralmente, defendem o mesmo método. Em muitas doutrinas importantes, como o nascimento virginal e a ressurreição, as Escrituras são interpretadas como significando o que dizem. Mas então, no caso de profecias relativas ao futuro, eles abandonam esse método, substituindo-o por um método alegórico, no qual declarações claras das Escrituras são espiritualizadas e transformadas em significado seja o que o indivíduo escolher. Mas, procuraremos mostrar algumas das inconsistências de tal método de interpretação.

Deus fez muitas promessas a Abraão em Gênesis nos capítulos 12 a 15. Alguns exemplos são que ele teria um herdeiro; que ele seria o pai de muitas nações; que dele sairiam reis; que seus descendentes seriam escravos no Egito; que eles sairiam dessa escravidão. Todas essas profecias foram literalmente cumpridas. Assim, para as promessas relativas à terra, que fazem parte da mesma aliança, podemos esperar que também serão cumpridas literalmente. A consistência da interpretação exige isso.

Agora, considerando as promessas à “descendência” de Abraão nas mesmas passagens, o amilenista, ao tentar fazê-las referir-se à Igreja, aponta para passagens do Novo Testamento onde o termo, a “descendência de Abraão” aparece, e ela é usado para todos os crentes, e diz que estas promessas referem-se à semente espiritual de Abraão e não aos seus descendentes literais. Mas a consistência da interpretação não permite isso. Em Gênesis 15 verso 13, Deus lhe diz: “a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles”. Esta é a permanência de Israel no Egito e refere-se aos seus descendentes literais. Diz-se também que as promessas da aliança foram dadas à “descendência” de Isaque, (Gênesis 17 verso 19,) e à “descendência” de Jacó, (Gênesis 28 verso 13). Estes devem ser os descendentes literais e não podem significar os crentes do Novo Testamento, pois nunca somos chamados de “semente de Isaque” ou “semente de Jacó”. Outras referências à palavra “semente” em Gênesis, incluem capítulo 7 verso 3; capítulo 9 verso 9; capítulo 38 verso 8; capítulo 46 verso 6; e capítulo 48 versos 11 e 19. Em cada uma destas passagens, deve referir-se a descendentes literais. Por razões de consistência, as referências na aliança de Deus também devem referir-se a Abraão.

A promessa a Davi de que seu trono seria “estabelecido para sempre”, (2ª Samuel 7 versos 12 a 16), está embutida em outras profecias que foram literalmente cumpridas, (que ele teria um filho; que este filho construiria o templo; que ele seria castigado pela iniquidade, mas que a misericórdia de Deus não se afastaria dele). Davi esperava o cumprimento literal de toda a profecia, (versos 18 a 29) e, com base na consistência, também podemos esperar o cumprimento literal.

Outras passagens do Antigo Testamento como o, (Salmos 22, Isaías capítulos 7, 11, 53 e 61; e Miquéias 5), que predizem a primeira vinda de Cristo, (que Ele seria descendente de Davi; que Ele nasceria em Belém; que Ele nasceria de uma virgem; descrições de Seu ministério terreno; detalhes de Seus sofrimentos e morte), foram certamente cumpridas literalmente. Além disso, no Antigo Testamento, numerosas passagens falam da Sua segunda vinda, do Seu retorno à terra, dos julgamentos, de um futuro abençoado para Israel, com bênçãos fluindo para as nações, e de um tempo de paz e justiça sem precedentes. Muitas vezes estes estão junto com profecias de Sua primeira vinda, (por exemplo, em Isaías 61). Não negamos o cumprimento literal de Isaías 53 na Sua primeira vinda. Como podemos então negar o cumprimento literal de Isaías 11 em Sua segunda vinda? Não faz sentido dizer que, quando os profetas escreveram sobre Sua primeira vinda, isso significava literalmente, mas quando escreveram sobre Sua segunda vinda, isso significava espiritualmente.

Chegando agora ao Novo Testamento, em Lucas 1 verso 31, Maria é informada de que ela conceberá e dará à luz um Filho, e chamará Seu nome de Jesus. Não duvidamos da interpretação literal destas palavras. Então, imediatamente lemos: “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre; e o seu reino não terá fim”, (versos 32 e 33). O amilenista não pode ter as duas coisas. Se ele considera os detalhes do nascimento do Senhor como literais, então ele também deveria considerar o reinado sobre Israel no trono de Davi como sendo literal.

O amilenista tenta negar o Milênio literal alegando que o Apocalipse é um livro cheio de símbolos. Mas, como já mostramos, o amilenista abandonou a interpretação literal muito antes de chegar ao Apocalipse!

Finalmente, consideremos a rejeição do amilenista do significado literal de Apocalipse 20. Fazer isto com base no fato de o Apocalipse estar cheio de símbolos não servirá. Sim, existem muitos símbolos, mas esses símbolos denotam coisas que são literais. Por exemplo, no capítulo 1 verso 12, os “candeeiros” são símbolos, mas representam algo real: sete igrejas, (verso 20). O “Cordeiro”, (capítulo 5 verso 6), é o Senhor Jesus Cristo, embora Ele não seja literalmente uma cordeiro. O uso da figura não anula a realidade do que está sendo retratado. Assim é no capítulo 20; a “corrente” (por exemplo) no versículo 1 é figurativa, mas a prisão de Satanás (que ela representa), é real. O uso de imagens enriquece as Escrituras e aprofunda a nossa compreensão delas, mas não elimina a realidade dos eventos literais descritos.

Assim, o amilenista é inconsistente em sua interpretação das Escrituras, usando o método literal em geral, mas mudando para o método alegórico para a profecia, ou pelo menos para alguma profecia; pois ele nem sequer é consistente com a profecia. Quando se trata da primeira vinda do Senhor, eles interpretam literalmente, mas quando se trata da Sua segunda vinda, eles abandonam o método literal.

Quando usamos consistentemente o mesmo critério de interpretação, o método histórico-gramatical, então concluímos que haverá um Milênio literal e futuro, quando Cristo reinará sobre este mundo.

3. O MILÊNIO - O contraste entre Israel e a Igreja.

A Bíblia faz uma distinção clara entre Israel e a Igreja, portanto, esta é mais outra razão pela qual acreditamos num Milênio futuro e literal. Israel e a Igreja, são queridos ao coração de Deus, mas são distintos, com diferentes promessas e papéis nos propósitos de Deus.

Consideremos o que o Novo Testamento ensina sobre a Igreja. Uma passagem crucial é Efésios 3 versos 1 a 12, onde é descrita nos (versos 3 e 4), como um “mistério”. Agora, o que é um “mistério”? O versículo seguinte (verso 5), nos diz que é algo “que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito”. Outras Escrituras como, (Romanos 16 verso 25; Colossenses 1 verso 26; e Efésios 3 verso 9) ensinam a mesma coisa. É uma verdade que não foi revelada antigamente, mas que Deus agora tornou conhecida. Em suma, é algo que não está no Antigo Testamento, mas no Novo Testamento.

Agora, o que é esse “mistério” na parte inicial de Efésios 3? É a verdade de “um só corpo”, tanto judeus como gentios, unidos no “mesmo Corpo”, (verso 6). Paulo chama isso de “um Novo Homem”, (Efésios 2 verso 15). A Igreja não é o desenvolvimento de Israel, nem está incorporada em Israel; antes, é uma entidade inteiramente nova e distinta, que estava “oculta em Deus”, (verso 9), e “agora” foi tornada conhecida, (verso 10). Não poderia haver declaração mais clara do fato de que a Igreja não está no Antigo Testamento.

Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele disse: “Eu edificarei a Minha Igreja”, (Mateus 16 verso 18). O tempo verbal é futuro, indicando que a Igreja ainda não existia quando Ele falou. Em Efésios 1 versos 20 a 23, lemos que Deus, “deu Cristo Jesus para ser o Cabeça sobre todas as coisas da Igreja”, mostrando que a Igreja, da qual Ele é o Cabeça, veio à existência em consequência da Sua ressurreição, ascensão e glorificação.  O batismo no Espírito Santo ocorreu no dia de Pentecostes, pouco depois de Ele ter ascendido de volta ao céu, (Atos 2), e é por meio deste batismo que todos os crentes foram batizados em um corpo, (1ª Coríntios 12 verso 13). Assim, a Igreja começou no Pentecostes.

No Novo Testamento, Israel e a Igreja são claramente distinguidos. Por exemplo, Paulo, ao falar de si mesmo em Filipenses 3, faz uma distinção cuidadosa entre “Israel”, (verso 5), e “a Igreja”, (verso 6).

Assim, nesta era, surgiu uma nova entidade, diferente de Israel, cujas promessas não são as muitas bênçãos terrenas prometidas a Israel no Antigo Testamento, mas as “bênçãos espirituais”, (Efésios 1 verso 3), com as quais temos sido abençoado em Cristo. Muitas são as bênçãos que temos nEle, mas as promessas da terra e das bênçãos nacionais são dadas a Israel e ainda permanecem. Eles não foram transferidos para nós. Deus garantirá que elas sejam cumpridas, literalmente para Israel, num dia vindouro.

O amilenista fará uma série de objeções:

Em primeiro lugar, que a Igreja não é ensinada no Antigo Testamento.

Ao que respondemos que concordamos com a objeção! Na verdade, é precisamente isso que estamos dizendo: a Igreja é um “mistério”, que não foi revelado no Antigo Testamento, mas agora foi revelado, como ensina o Novo Testamento.

Em segundo lugar, que o Antigo Testamento não faz nenhuma provisão para que Deus deixe de lado Israel, introduza a Igreja e assuma Israel novamente.

Dizemos que, embora a Igreja não seja revelada no Antigo Testamento, ela fala de Israel sendo rejeitado por Deus e depois retomado. Um exemplo é Oséias 1 verso 10 e 11; outra é a profecia das “setenta semanas” de Daniel 9 versos 24 a 27. Estas 69 semanas de anos, que são (483 anos) decorridas entre o mandamento de restaurar Jerusalém, (verso 25), e a morte do Messias, (verso 26), foram bem estabelecidas, já se cumpriram; isso deixa mais uma “semana”, (sete anos) para ser cumprida no futuro. A era da Igreja ocorre entre a 69ª e a 70ª semana. Quando o Senhor Jesus leu Isaías 61 na sinagoga de Nazaré, (Lucas 4 versos 16 a 21), Ele parou depois das profecias da Sua primeira vinda e não leu aquelas relativas à Sua segunda vinda. A lacuna deixa espaço para a era atual. Isto é descrito em Atos 15 versos 14 a 17, onde lemos que, atualmente, Deus está tirando dos gentios “um povo para o Seu nome”, (verso 14), e então Israel será restaurado (verso 16).

Terceiro, que as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento são aplicadas à Igreja no Novo Testamento, equiparando assim Israel e a Igreja. Um exemplo é a profecia da “nova aliança” de Jeremias 31 versos 31 a 34, mencionada em Hebreus 8 versos 8 a 12 e capítulo 10 versos 15 a 17.

No entanto, isso não é um problema. O que o escritor aos Hebreus está nos dizendo é que, (por causa do derramamento do sangue de Cristo), aqueles que se voltam para Ele hoje, experimentam, no presente, a bênção do perdão dos pecados que Israel nacional, receberá como bênção no futuro. Isto não nega o fato de Israel usufruir disso no futuro; nem significa que Israel e a Igreja sejam a mesma coisa.

Portanto, nos pouparemos de muita confusão se “manejarmos bem a Palavra da verdade” (2ª Timóteo 2 verso 15). Devemos lembrar que há uma distinção entre Israel, que atualmente está na incredulidade, mas para o qual há um futuro glorioso, quando ela conhecer Jesus Cristo como o verdadeiro Messias, e a Igreja, que é um mistério, não revelado no Antigo Testamento, reunido dentre as nações, e pelo qual é dada a conhecer, “a multiforme sabedoria de Deus”, (Efésios 3 verso 10).

Muitas e maravilhosas são as bênçãos, presentes e futuras, que são nossas no Senhor Jesus Cristo; mas nem uma delas anula as promessas de grandes bênçãos a Israel e às nações, que encontrarão o seu cumprimento no Milénio.

4. O MILÊNIO - Alianças com os Pais Israelitas.

O amilenista concordará que homens como Abraão, Isaque, Jacó e Davi, a quem Deus fez promessas tão maravilhosas, foram grandes homens de Deus. Mas então eles apontarão para o fato de que os seus descendentes na nação de Israel não viveram de acordo com o seu padrão e, portanto, a nação perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas.

Concordamos com a primeira parte desta afirmação: a história de Israel é geralmente uma triste história de afastamento de Deus, e a nação pagou caro por isso muitas vezes ao longo dos anos, até aos dias de hoje.

Contudo, temos que examinar a segunda parte da afirmação: a nação de Israel perdeu as bênçãos prometidas aos pais?

Vejamos novamente a Aliança Abraâmica. Já consideramos as promessas feitas a Abraão e à sua descendência da terra e das bênçãos fluindo para todos os povos. As promessas são declaradas e repetidas a ele, e também a Isaque e Jacó, em diversas ocasiões, (veja por exemplo, Genesis 12 versos 1 a 3; capítulo 13 versos 14 a 17; capítulo 15 versos 1 a 7, e verso 18 a 21; capítulo 17 versos 1 a 19; capítulo 26 versos 2 a 5; capítulo 28 versos 13 a 15).

Não há sugestão de que seja condicional por parte dos descendentes. É uma aliança “eterna”, (Gênesis 17 versos 7, 13 e 19; 1ª Crônicas 16 versos 16 e 17; Salmos 105 versos 9 e 10) e, portanto, por definição, inquebrável pelo homem.

Quando Deus o solenizou, (Gênesis 15 verso 9-17), somente Ele passou pelos pedaços – o homem não teve parte nisso; seu cumprimento dependia inteiramente de Deus. Um indivíduo poderia, por causa da desobediência, perder o seu próprio relacionamento com o povo da aliança, (Gênesis 17 verso 14), mas isso não anulava a aliança.

Considerações semelhantes se aplicam à Aliança Davídica, (2ª Samuel 7 versos 12 a 16).

É descrito como “para sempre” ou “eterno”, (2ª Samuel 7 verso 13 e 16; capítulo 23 verso 5); suas promessas são muitas vezes repetidas, apesar do fracasso, (Is 9:6, 7; Jeremias 23 verso 5, 6; capítulo 33 verso 14-17, 20, 21); a desobediência de Salomão traria correção, mas não anularia a aliança, (2ª Samuel 7 versos 14 e 15); foi confirmado por um juramento, (Salmos 132 verso 11); e Deus diz que não o quebrará, (Salmos 89 versos 34 a 36).

Mesmo em meio à apostasia, Deus afirma que não rejeitará Israel (por exemplo, Jeremias 31:35-37). O fracasso por parte da nação não anula Suas promessas.

Voltando-nos para o Novo Testamento, depois de a nação de Israel ter cometido o pior pecado possível, rejeitando o Messias, as alianças ainda são especificamente declaradas como sendo deles, (Romanos 9 verso 3, 4 e Efésios 2 verso 12).

Em Romanos 3 versos 1 a 4, Paulo deixa bem claro que a falta de fé por parte de alguns israelitas de forma alguma anula a fidelidade de Deus. As promessas de Deus não são descartadas só porque alguns não acreditam nelas. Mesmo que todas as pessoas no mundo dissessem o oposto do que Deus diz, então Deus será aquele que será considerado verdadeiro, e todos os outros serão considerados mentirosos, (verso 4). Deus é totalmente fiel e honrará Suas promessas à nação.

Em Romanos 11 versos 1 e 2, Paulo afirma que “Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu”. Ele continua, (verso 11), afirmando que o “tropeço” deles não é completo e final. A sua “cegueira”, (verso 25) é parcial e temporária: “até que entre a plenitude dos gentios”. Então, Israel “será salvo”, (verso 26), e isso acontecerá quando o Libertador vier “e afastar de Jacó a impiedade”, (verso 26), e “tirar os seus pecados”, (verso 27).

Que isto se refere à nação de Israel, e não à Igreja, não poderia ser mais claro, pois Paulo diz deles no versículo 28: “Quanto ao evangelho, eles são inimigos por causa de vós”. Ele já falou de Israel como daqueles por quem ele tem tristeza no coração, (capítulo 9 verso 2); dos seus privilégios, (capítulo 9 versos 4 e 5); do fato de que Cristo veio através deles, (capítulo 9 verso 5); do seu zelo equivocado, (capítulo 10 versos 2 e 3); da sua desobediência, (capítulo 10 verso 21).

Todas essas referências não podem estar falando da Igreja. Todo o contexto de Romanos capítulos 9 a 11 mostra que quando ele fala de Israel, ele está falando da nação literal de Israel. Então, quando ele fala no capítulo 11 verso 26 de Israel sendo salvo, é a salvação futura da nação. Afirmar que é o contrário é distorcer o ensino claro desta seção de Romanos.

Agora, por que é que, apesar de todo o fracasso de Israel, da sua rejeição do Messias, da sua inimizade para com a Igreja, existe ainda um salvação futura para eles? Não nos resta adivinhar. Em Romanos 11 verso 28, Paulo declara um fato que substitui todas as negativas. “No que diz respeito à eleição, eles são amados por causa dos pais.” O seu relacionamento com os patriarcas, a quem as promessas foram feitas, significa que, apesar da sua inimizade para com o evangelho, eles são amados por Deus e recebem grandes bênçãos. Paulo encerra o argumento quando escreve: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (verso 29). Isto é, Deus não muda de ideia. Ele fez Suas grandes promessas à nação de Israel e as cumprirá. Elas serão cumpridos.

E assim, por causa das alianças com os pais da nação de Israel, que Deus certamente honrará, acreditamos em um Milênio literal e futuro, quando essas promessas certamente serão cumpridas. Grandes são as nossas bênçãos na Igreja nos dias de hoje, bem como no futuro, mas não são o cumprimento das promessas que Deus fez aos pais da nação de Israel no Antigo Testamento; pois, as promessas que Ele fez a Abraão, a Isaque, a Jacó e aos seus descendentes. Ele os cumprirá.

Levemos a sério a advertência de Paulo aos cristãos em Romanos 11 verso 25. Existe o perigo de sermos “sábios em nossos próprios conceitos”, de estarmos tão cheios de nossa auto-importância que desprezamos Israel, pensando erroneamente que todas as bênçãos são nossas e que não resta mais nada para eles. Deus tem um futuro glorioso para aquela nação, e é no Milénio que tantas promessas serão cumpridas.

5. O MILÊNIO - Completude do Programa Divino.

Acreditamos que um futuro reinado literal de 1.000 anos, na terra, é necessário para que os planos de Deus para esta terra sejam cumpridos. Quando Deus fez o mundo e tudo que nele há, tudo era “bom”, (Gênesis 1). Ele colocou um homem como cabeça da criação, (Gênesis 1 versos 26 e 28). Isto é descrito no Salmo 8 verso 6: “Fizeste que ele, [o homem] tivesse domínio sobre as obras das tuas mãos; Tu puseste todas as coisas debaixo dos seus pés.” Porém, entrou o pecado, por isso, citando e comentando este Salmo, o escritor aos Hebreus diz que, no presente, não vemos todas as coisas sujeitas sob o homem, (Hebreus 2 verso 8). No entanto, esta passagem, (usando as palavras, “ainda não”), mostra que chegará um tempo em que o faremos. Isso ele chama de, “a era vindoura” (verso 5). E certamente o Homem em quem isso se cumprirá é o Senhor Jesus Cristo, (versos 9 e 10).

Como e quando isso acontecerá? Sob o esquema amilenista, não haverá um tempo em que esta terra verá a sua antiga glória restaurada, pois de acordo com eles, as coisas continuarão como estão agora, até o fim, quando haverá uma ressurreição geral, um julgamento geral, a destruição da terra e a introdução do estado eterno. Assim, de acordo com este esquema, as palavras da oração padrão do Pai Nosso, (Lucas 11 verso 2): “Venha o Teu Reino. Seja feita a tua vontade, como no céu, assim na terra”, nunca será respondida, no que diz respeito à presente terra.

Contudo, não só o Antigo Testamento está repleto de referências a bênçãos futuras na terra, mas o Novo Testamento as afirma. A “criação inteira”, que “geme e sofre de dores” será “libertada da escravidão da corrupção para a liberdade gloriosa dos filhos de Deus”, (Romanos 8 versos 21 e 22). Uma profecia tão maravilhosa dificilmente poderia ser cumprida pelo “calor ardente” de 2ª Pedro 3 verso 10, que descreve a dissolução da criação atual, em vez da sua libertação! A conflagração que Pedro descreve aqui certamente ocorrerá, mas não antes que o período glorioso do governo de 1.000 anos de Cristo na terra tenha sido completado. Não, a vontade de Deus será feita nesta mesma terra, durante 1.000 anos, antes que ocorra a dissolução dos elementos, resultando nos novos céus e na nova terra.

Passagens como Zacarias 14 não teriam sentido se não se referissem à terra literal. Afirma-se que o Senhor estará no monte das Oliveiras, (verso 4), e Zacarias descreve grandes mudanças topográficas que ocorrerão então: o monte se dividindo em dois, (verso 4), um grande movimento de águas, (verso 8), e a formação de uma planície, (verso 10). Se fosse verdade que a vinda do Senhor iria resultar imediatamente na dissolução de tudo, Zacarias poderia ter dito isso, sem dar detalhes de lugares geográficos específicos e eventos, que, se o amilenista estiver certo, não acontecerão. Certamente é melhor aceitar as palavras de Zacarias como estão. No retorno do Senhor à terra, haverá mudanças, mas elas acontecerão na mesma terra em que vivemos agora, em lugares que podem ser identificados no globo atual. Além disso, uma vez que Zacarias descreve mudanças topográficas, não atomização, seria sábio aceitar que o que acontecerá no retorno do Senhor é apenas isso, e manter a atomização e a reconstituição (de 2 Pedro 3), para quando ela cumprir, muito mais tarde.

Quando o Senhor esteve aqui, Ele foi crucificado. Ele partiu como um rei rejeitado. Ele ainda é rejeitado. Será este o fim das coisas no que diz respeito a este mundo? Ele nunca irá reinar nesta terra onde foi rejeitado? Sim, ele vai! Quão abençoadas são as palavras de Zacarias 9 verso 10: “Seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra”. Ele reinará neste mesmo mundo onde foi rejeitado.

O Salmos 2 versos 1 a 3, descreve o ódio das nações contra o Senhor. O salmista expressa a futilidade de sua oposição: “Contudo, coloquei o meu Rei no meu santo monte de Sião”, (verso 6). Isto sem dúvida se refere ao reinado futuro do Senhor Jesus Cristo, (as palavras no verso 7, que diz: “Tu és meu Filho; hoje te gerei”, citadas em Atos 13 verso 33; Hebreus 1 verso 5; e capítulo 5 verso 5, e a citação do Salmo 2 em Atos 4 versos 25 a 27, confirme que a passagem se refere a Ele). Os leitores destes Salmos não teriam dúvidas de que “Sião”, era a colina sobre a qual Jerusalém foi construída, (Salmos 48 verso 12), e certamente teriam entendido que a declaração no versículo 6, se referia ao Messias reinando na cidade terrena de Jerusalém. Não há razão para alguém descartar o cumprimento literal desta bela profecia messiânica. A declaração em Hebreus 12 verso 22, que diz: “Mas vós chegastes ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial”, nos mostra que nós, como crentes nos dias atuais, recebemos as bênçãos espirituais associadas ao céu, a morada de Deus, da qual Sião e a Jerusalém terrestre são um retrato. Isto não nega as referências bíblicas a Ele, Jesus reinando como Rei na cidade literal de Jerusalém.

Quando o Senhor Jesus caminhou pela última vez pelas ruas de Jerusalém, o povo clamou: “Fora com este homem, não queremos que Ele reine sobre nós”, (Lucas 23 verso 18). Mas quando O virem novamente, dirão: “Bendito o que vem em Nome do Senhor”, (Mateus 23 verso 39). A mesma cidade que O rejeitou O receberá com alegria. Ele estabelecerá Seu trono ali mesmo, e dele fluirão bênçãos para as nações.

Ao negar um reinado futuro de Cristo, centrado em Jerusalém sobre a terra, o amilenista está a negar uma parte vital do programa de Deus para a terra atual. Somente através de um governo literal e futuro de Cristo na terra todas as promessas de Deus para Israel e este mundo poderão ser cumpridas.

6. O MILÊNIO - O Caráter de Deus.

A grande maioria da cristandade é amilenista em doutrina. O Catolicismo Romano vê-se como o cumprimento das profecias do Reino, e não aceitaria a ideia de que há Alguém vindo que substituirá a sua própria preponderância! A maioria das denominações protestantes apóstatas incorporaram a posição católica romana sobre eventos futuros por defeito, – na maior parte das vezes sem questionamento sério. Liberais e modernistas não aceitam a verdade da inspiração das Escrituras. Parte de sua agenda mais ampla é negar o cumprimento literal da profecia, o que então nega a literalidade das Escrituras em geral.

Dito isto, sabemos que existem muitos amilenistas que são verdadeiros crentes, que defendem a inerrância das Escrituras e que nunca procurariam impugnar o caráter de Deus. Contudo, se olharmos atentamente para o que é o ensino amilenista, podemos ver que ele não é consistente com a visão elevada do caráter de Deus, conforme apresentado para nós na Palavra de Deus.

A Bíblia nos diz que Deus não pode mentir, (Tito 1 verso 2). No entanto, a doutrina amilenista está efetivamente dizendo que Deus disse coisas que não eram verdadeiras e que, dessa forma, Ele enganou deliberadamente as pessoas. Por exemplo, quando Ele disse a Abraão para olhar para a terra que ele e sua semente receberiam, (Gênesis 13 versos 14 e 15), e quando Ele indicou os limites da terra, (Gênesis 15 versos 18 a 21), Abraão certamente entendeu o referências à “terra” como literais. Se o amilenista estiver certo, então Deus não tinha nenhuma intenção de lhe dar aquela terra, e Abraão foi enganado.

O mesmo acontece com as promessas feitas a Abraão e à sua “descendência”. Abraão certamente tomou o termo para se referir aos seus descendentes literais, (Gênesis 21 verso 12), mas o amilenista nos diz que o termo não se refere à semente literal de Abraão, mas à sua semente espiritual.

Ao longo do Antigo Testamento, quando Deus deu profecias detalhadas à nação de Israel, a respeito do futuro, eles certamente as teriam interpretado literalmente. Esta expectativa era igualmente forte no Novo Testamento. Fica claro pela nossa leitura dos evangelhos e de Atos dos Apóstolos que os discípulos esperavam um reino futuro, literal, com Israel à frente das nações, (Atos 1 verso 6). Será que realmente se espera que acreditemos que, durante centenas e centenas de anos, Deus permitiu que o Seu povo fosse enganado quanto à verdadeira natureza das promessas que Ele estava fazendo? E se eles entenderam mal o verdadeiro caráter da profecia, por que o Senhor Jesus não os corrigiu quando teve a oportunidade de ouro, de o fazer? (Atos 1 verso 7). Será que os amilenistas pensam que receberam algum grande conhecimento da mente de Deus, o que lhes permite descartar as passagens claras que abundam nas Escrituras, quando até mesmo o próprio Senhor Jesus, quando aqui na terra, não o fez?

A implicação de tudo isso não é uma questão insignificante. Pois, se Deus disse coisas a Israel que Ele não pretendia cumprir, que razão temos para acreditar que Ele cumprirá as promessas que nos fez? Podemos estar confiantes de que nos sairemos melhor do que Israel? Se os santos do Antigo Testamento entenderam mal o que Deus lhes prometeu, como podemos ter certeza de que não estamos entendendo mal as promessas que Ele nos fez? Rejeitemos tais calúnias sobre o caráter de Deus e citemos com confiança Hebreus 10 verso 23: “Fiel é aquele que prometeu”.

A Bíblia nos diz que Deus não muda de ideia em relação ao Seu chamado e aos Seus dons, (Romanos 11 verso 29). No entanto, o amilenista ensina que (por causa da incredulidade), a nação de Israel perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas. Isto contradiz terminantemente o que Paulo diz em Romanos 11, onde ele indica claramente que Deus não voltará atrás em Suas promessas aos patriarcas (verso 28), que a cegueira de Israel é parcial e temporária (verso 25), e que há futuro salvação e perdão dos pecados para a nação de Israel (versos 26 e 27). Também contradiz as declarações do Antigo Testamento sobre o caráter incondicional das promessas de Deus. Por exemplo, no Salmo 89, o escritor fala da aliança de Deus com Davi, (versos 3, 4 e 20) e afirma que, embora a desobediência por parte dos descendentes de Davi resulte em julgamento sobre eles, (versos 29 a 32), ela de forma alguma anulará a aliança que Deus fez com ele, (verso 28 e 33 a 37).

A Bíblia ensina que nada é impossível para Deus (Lucas 1 verso 37). No entanto, frequentemente o amilenista afirma que um futuro milénio literal é “impossível”. Por exemplo, ele diz que os registros das tribos foram perdidos, então seria impossível saber quem são os levitas. Mas certamente Deus ainda os conhece, e não será difícil para Ele torná-los conhecidos à Sua própria maneira e em Seu próprio tempo.

Argumenta-se também que as dimensões do templo milenar, conforme fornecidas em Ezequiel, não caberiam no local atual do templo. Mas isso não inclui as grandes mudanças topográficas que ocorrerão (Zacarias 14), que abrirão espaço para uma estrutura muito maior. Sem dúvida existem outras “dificuldades” para as quais não temos respostas. Mas Deus sabe as respostas e podemos confiar Nele. Não limitemos as capacidades de Deus para cumprir o que Ele prometeu.

Nosso Deus é um Deus de verdade, (Deuteronômio 32 verso 4), um Deus que é capaz de cumprir aquilo que prometeu, (Romanos 4 verso 21). Acreditar num futuro, num Milénio literal, é reconhecer estas coisas; negá-lo é efetivamente negar a confiabilidade e o poder de Deus.

Mas o amilenista discordará da nossa afirmação de que o Novo Testamento não anula as promessas de um reino futuro literal na terra. Ele apontará passagens do Novo Testamento que, segundo ele, mostram que as promessas do reino devem ser interpretadas espiritualmente. Será?

7. O MILÊNIO - O Contexto das Citações Bíblicas.

Acreditamos que, por várias razões bíblicas, haverá um reinado de 1.000 anos de nosso Senhor Jesus Cristo aqui nesta terra. Contudo, aqueles que têm a opinião oposta citam certas passagens do Novo Testamento, que, afirmam, espiritualizam as profecias do Antigo Testamento e, portanto (dizem eles), não devem ser interpretadas literalmente. Aqui, podemos considerar apenas uma amostra de tais citações.

Um exemplo frequentemente citado diz respeito ao termo “semente de Abraão”, que é usado pelos crentes atuais em Gálatas 3. Assim (diz o amilenista), todas as promessas da Bíblia à “semente de Abraão” são cumpridas em nós, e não têm cumprimento futuro à semente literal de Abraão.

Mas vejamos o contexto em que somos chamados de “descendência de Abraão”. Considere Gálatas 3 verso 8: “E a Escritura, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, pregou antes do evangelho a Abraão, dizendo: 'Em ti serão benditas todas as nações.'” No restante deste capítulo, Paulo prossegue, continuado a mostrar que a promessa de que todas as nações seriam abençoadas por meio de Abraão é cumprida na salvação que pessoas de todas as nações recebem, por meio da fé, por causa da obra do Senhor Jesus Cristo, (versos 14, 26 e 28). Assim, ele pode encerrar o capítulo, (no verso 29), com as palavras: “E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa”. Qual promessa? Pelo contexto, é a promessa declarada no versículo 14, que diz: “A promessa do Espírito mediante a fé”. Assim, nós, como semente espiritual de Abraão, em Cristo, (versos 19 e 29), cumprimos a promessa feita de bênção ao mundo por meio do evangelho. Nada é dito aqui, que foi anulado qualquer uma das promessas sobre a nação de Israel e a terra. Eles nem são mencionados. Eles aguardam o cumprimento literal no Israel literal.

Outro conjunto de citações usado pelo amilenista são, Hebreus 8 versos 8 a 12 e C apítulo10 versos 15 a 17, referindo-se à promessa da “nova aliança” dada à casa de Israel e à casa de Judá, que é citação de Jeremias 31 versos 31 a 34. O fato de estas promessas serem citadas aos crentes desta era significa, (afirma o amilenista), que “Israel e Judá” e “a Igreja” são uma e a mesma coisa e, portanto, somos o cumprimento completo desta profecia, e não há realização futura para a nação.

Mais uma vez, examinemos cuidadosamente o contexto e veremos que em nenhum lugar o escritor aos Hebreus diz que a promessa da nova aliança é completa e finalmente cumprida pela Igreja. A base para a nova aliança é o derramamento do sangue de Cristo, e isto encontramos em passagem como, (Lucas 22 verso 20; 1ª Coríntios 11 verso 25; e Hebreus 9 verso 15), e o resultado para aqueles que estão sob este sangue, é que seus pecados não serão mais lembrados, (Jeremias 31 verso 34; Hebreus 8 verso 12, e Capítulo 10 verso 17). Assim, uma pessoa que recebe hoje a Cristo como seu Salvador recebe as bênçãos da nova aliança. Esse é o ensino da epístola ao Hebreus. No entanto, isto não vai de forma alguma contra o seu cumprimento futuro para Israel. Israel ainda está incrédulo, mas quando se voltar para o Senhor, a profecia de Jeremias será cumprida para a nação. Os crentes atuais, da era da Igreja, já estão na bênção do que Israel ainda espera. Mas o fato de o possuirmos agora, não significa de forma alguma, que isso será negado a Israel no futuro.

Outro exemplo usado pelo amilenista é Oséias 1 verso 10 e 11 e Capítulo 2 verso 23, que Paulo cita em Romanos 9 versos 23 a 26. O contexto de Oséias 1 e 2 mostra que ele se refere à restauração de Israel; Paulo está se referindo a trazer bênçãos aos gentios. Assim, diz o amilenista, Paulo está afirmando que a Igreja é o cumprimento da promessa de Oséias a Israel.

Mas Paulo não está dizendo isso. Ele está simplesmente tomando emprestadas as palavras de Oséias e aplicando-as num contexto diferente. Suas palavras são claras: “Como também diz em Oséias”, (Romanos 9 verso 25). Ele não afirma que a bênção dos gentios é o cumprimento das palavras de Oséias, mas apenas que as palavras de Oséias podem ser aplicadas a eles. Ele não está negando o futuro cumprimento literal da profecia de Oséias.

Outro caso são as palavras de Tiago em Atos 15 versos 14 a 17, onde Tiago cita Amós 9 verso 11, que, afirmando o amilenista, mostra que a bênção dos gentios no presente, cumpre a profecia de que Deus que diz, “edificará novamente o tabernáculo de Davi”.

Mas, mais uma vez, Tiago não diz tal coisa. O exame de suas palavras mostrará que, a atual bênção dos gentios, está “de acordo”, (note o verso 15), com esta profecia e não o cumprimento em si dela. Portanto, devemos notar que, Tiago diz mais: é “depois disto”, (verso 16), que o tabernáculo de Davi será restaurado. Enquanto isso, Deus está tirando dos gentios, “um povo para o Seu nome”, (verso 14). Isto está de acordo com o que Amós disse; e não é o cumprimento da profecia.

Esta análise das citações no seu contexto não foi certamente exaustiva; no entanto, confiamos que já foi dito o suficiente para mostrar que, quando um amilenista cita certos “textos de prova” para a sua doutrina, um exame cuidadoso deles, no seu contexto, mostrará que eles não apoiam a sua teoria.

Acreditamos num futuro reinado literal de Cristo de 1.000 anos na terra; porque as Escrituras ensinam isso; porque as condições atuais no mundo, não respondem à visão alternativa; porque está em consonância com princípios consistentes de interpretação; porque preserva a distinção que as Escrituras fazem entre Israel e a Igreja; porque é a única maneira pela qual as alianças de Deus com os pais serão cumpridas; porque é necessário para a completude do programa de Deus para todos os tempos; porque é consistente com o caráter de Deus; e porque as Escrituras que parecem sugerir o contrário, quando examinadas em seu contexto legítimo, não dizem nada disso.

De bom grado nos unimos a Paulo enquanto ele ensina inequivocamente a restauração e bênção de Israel: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis ​​são os Seus julgamentos e os Seus caminhos inescrutáveis! … Pois dele, e por meio dele, e para ele, são todas as coisas, a quem seja a glória para sempre. Amém” (Romanos 11 versos 33 a 36).

Por David McAllister (2010)

(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)

 

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