O QUE É A VIDA ETERNA, E COMO RECEBE-LA?

A vida eterna tem sido erroneamente considerada por alguns como sinônimo de imortalidade. O erro é grave, porque confunde o que Deus deu a todos os homens no caminho da natureza com o que a Sua graça concede àqueles que creem no Seu Filho. Pela inspiração divina no início, Deus teve o prazer de conferir à nossa raça um caráter de ser que é inextinguível. Chamamos isso de imortalidade; e é possuído por todos os homens, quer seu destino eterno seja de felicidade ou de tristeza.

A vida eterna é algo totalmente distinto, é a vida incriada de Deus. Porém, é certo que os contemporâneos de nosso Senhor Jesus consideravam isso, um imenso benefício a ser sinceramente desejado; as diversas perguntas que Lhe foram dirigidas a respeito nos levaram a esta conclusão. Todas as suas investigações pareciam concordar em supor que isso era a recompensa do esforço humano; pois vemos isto claramente no jovem governante sério de Marcos 10, e o cauteloso advogado de Lucas 10, e ambos colocando sua pergunta da mesma forma: “Mestre, o que devo FAZER para herdar a vida eterna?” Era natural que falassem assim; pois entre os homens todas as coisas desejáveis ​​só são obtidas por dinheiro ou trabalho. No entanto, se tivessem compreendido a verdadeira condição do homem aos olhos de Deus, e a sua própria condição em particular, teriam-se expressado de forma diferente. O Espírito Santo de Deus não descreveu os homens como, "mortos em delitos e pecados?", (Efésios 2 verso 1). O que os mortos podem fazer? O Salvador não comparou os homens a um devedor que “não tinha nada a pagar”? (Lucas 7 verso 42). Que preço os falidos podem pagar?

A verdade é que a vida eterna é um dom de Deus. Como Paulo expressa: “O salário do pecado é a morte; mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”, (Romanos 6 verso 23). Aqui temos o princípio pelo qual Deus concede esse benefício inestimável. Não é a recompensa das boas obras, ou seria uma dívida, (Romanos 4 verso 4); é o dom do amor soberano para aqueles que não puderam fazer nem pagar nada para garanti-lo. A base sobre a qual a vida eterna é concedida é plenamente expressa nas conhecidas palavras de nosso Senhor Jesus a Nicodemos, registradas em João 3 versos 14 a 16. A Sua cruz, a satisfação da justiça de Deus e a poderosa expressão do amor de Deus, tornou possível que Ele conferisse a vida eterna a todos os que obedecem ao Evangelho.

A vida eterna tem dois aspectos. As Escrituras falam dela tanto como uma posse presente quanto como um prêmio a ser ganho na vinda do Senhor. O primeiro aspecto pode ser encontrado nos escritos de João; o outro nos escritos de Paulo. As palavras de João são muito explícitas: “Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida”, (1ª João 5 versos 11 e 12). Esta é uma grande realidade, para ser desfrutada aqui e agora por cada crente. Sua grande característica é o conhecimento do Pai e do Filho.

A linguagem de Paulo é diferente, lemos: “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”, (Romanos 6 verso 22).

Será que esta é, uma contradição de ensino dado pelo amado Apóstolo? De jeito nenhum. O pensamento de Paulo inclui tanto o corpo quanto a alma; e ele olha, portanto, para o momento glorioso do retorno do Senhor Jesus, quando os corpos de todos os salvos pela graça de Deus, que são os objetos de Seu amor, serão instantaneamente transformados e se tornarão absorvidos pela vida eterna, assim como suas almas são agora. Vemos esta mesma verdade do mesmo escritor inspirado colocada de forma impressionante em 2ª Coríntios 5 verso 4: “Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida.”

"A mortalidade será engolida pela vida."

As declarações mais simples, completas e diretas sobre o que é a vida eterna podem ser encontradas, talvez, na primeira epístola de João, (o objetivo principal de toda a epístola é mostrar o que é essa vida). O apóstolo nos diz que: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, da Palavra da vida; porque a vida foi manifestada, e vimos e testifica e anuncia-vos aquela vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada”. Aqui temos a vida eterna, primeiro com o Pai, mas manifestada na Pessoa de Cristo. Assim, no último capítulo o apóstolo nos diz: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida". "Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna." Isso, então, é mais definido e distinto. A vida está no Filho. Ele é a vida eterna. Assim João também afirma em seu evangelho: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. E ele diz mais: “Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também deu ao Filho ter vida em si mesmo” (João 5). Ele é um Espírito que dá vida; Ele vivifica quem Ele quer.

Tudo isso é claro. A vida está no Filho, ou Ele é vida. Ele tem isso em Sua Pessoa; Ele comunica isso. É dado por Deus, não ganho. “Eu”, diz Cristo sobre Suas ovelhas, “vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

Podemos agora ver como isso é obtido. É o Espírito operando pela palavra. Nascemos do Espírito; e "segundo a sua vontade, ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos uma espécie de primícias das suas criaturas", (Tiago 1 verso 18). O poder disso está no Espírito Santo, o dom divino de Jesus. É, “uma fonte de água que jorra para a vida eterna”, (João 4). O Espírito Santo é vida, se Cristo estiver em nós, (Romanos 8). Ele deveria dar a vida eterna a tantos, (quantos o Pai deu a Ele), (João 17).

Lemos em Tito 1 verso 2, “a esperança da vida eterna, que Deus, que não pode mentir, prometeu antes do mundo começar”. Como já fizemos notar, há outro aspecto no qual a vida eterna é vista, a saber, a sua plena realização em glória, de acordo com o pleno propósito de Deus. Nesta visão, é claro, não se diz que a temos, mas que a aguardamos e a seguimos. Assim, então Paulo disse a Timóteo: “Agarre-se, tome posse da vida eterna”, (1ª Timóteo 6 verso 12).

Por John Nelson Darby

 

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