Perguntas & Respostas
1. O Crente pode perder a sua salvação?
Satanás jamais deixará o crente descansar. Está em atividade, sem cessar, (Jó 1:7; 2:2), acusando os irmãos dia e noite perante Deus (Apocalipse 12:10), procurando fazê-los tropeçar ou tentando perturbá-los. Desde o princípio, seus meios para realizar esta obra de destruição são os mesmos. Ainda hoje, com o propósito de fazer vacilar a fé, semeia a dúvida nos corações, sempre colocando a mesma questão: "É assim que Deus disse?" (Gênesis 3: 1).
O fato de que alguns sejam perturbados sobre um tema tão claro e frequentem ente tão exposto como o da justificação pela fé, é prova cabal de que o inimigo continua repetindo seus ataques. Da mesma forma que o fez no momento de tentar o Senhor Jesus no deserto (Mateus 4:6; Lucas 4:10), ele o faz, empregando a Palavra; por exemplo, Tiago 2:24: "Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente." E Satanás acrescenta: "Vê como sua conduta deixa muito a desejar! Onde estão as suas obras? Você tem fé, mas isso não é suficiente, pois a Palavra diz que não se é justificado somente pela fé."
Apresentam-se também outras passagens cujo sentido é falsificado e que, por isso, mantêm a dúvida nessa alma angustiada. Assim Romanos 11:22: "Você também será cortado", ou Filipenses 2:12: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor." Também é utilizado Hebreus 6:4-6 para fazer crer que o redimido por Cristo pode muito bem perder sua salvação, e para tirar toda a esperança de restauração daqueles que caíram em pecado.
Com efeito, esta passagem diz:"É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e ainda provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o à ignomínia (zombaria)" . A pessoa perturbada mantém-se assim em contínua inquietação com respeito a sua salvação, tendo sempre temor de que não realize obras suficientes para obtê-la ou para perdê-la.
Faremos duas observações: É perigoso isolar um texto bíblico de seu contexto e, por outro lado, a Revelação consistiu um todo. Sobre a Palavra, diz ela mesma:"Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos." (Salmos 19:9).
Esta expressão "igualmente" mostra-nos bem que o sentido de uma passagem deve ser buscada de acordo com as demais verdades conhecidas do livro Santo. Estes dois princípios devem guiar-nos sempre quando examinamos uma porção das Escrituras.
Justificados perante Deus pela fé
A propósito da justificação, eis que o Apóstolo Paulo escreve aos romanos: "Mas ao que não trabalha, porém, crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Romanos 4:5), enquanto que o ensinamento de Apóstolo Tiago é este:"Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente" (Tiago 2:24). Isolados de seu contexto, estas duas passagens parecem contraditórias e esta aparente contradição é motivo de confusão para muitos.É necessário compreender que nestas duas porções da Palavra tratam-se dois temas muito diferentes. Na epístola aos Romanos, trata-se da justificação perante Deus e na epístola de Tiago da justificação perante os homens. Deus lê no meu coração; Ele pode discernir a realidade de minha fé sem que para isso sejam necessárias as obras. Ao contrário, aqueles que me rodeiam somente podem me julgar através de minha vida prática: "Eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras" (Tiago 2:18).Um mesmo exemplo - o de Abraão - foi escolhido nas duas passagens atadas, o que é notável. Romanos 4 alude à cena de Gênesis 15: "Olha para os céus e conta as estrelas ... Assim será a tua posteridade." Isso é o que Deus disse.
É suficiente crer pra ser justificado: "E creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça". Este versículo mencionado em Romanos 4:3 é citado igualmente em Tiago 2:23, mas precedido por estas palavras. "E se cumpriu a Escritura que diz ... ". Quando foi cumprida esta Escritura? Quando Abraão ofereceu seu filho Isaque sobre o altar (v. 21). A cena de Gênesis 15, durante a qual foi pronunciada a expressão cumprida em Gênesis 22, é bastante anterior. !saque não havia nascido ainda. A fé, pois, precede as obras, as quais são somente a consequência e o testemunho daquela perante o mundo. Em Gênesis 22 havia testemunhas ("dois dos seus servos") embora não tenham ido ao local do sacrifício.
Qual é o resultado em cada uma dessas circunstâncias? Gênesis 15: Abraão creu em Deus. E isso lhe for "imputado para justiça", é justificado perante Deus por sua fé. Não é questão de obras: "ao que não trabalha, porém, crê ..." (Romanos 4:5). Gênesis 22: suas obras manifestam sua fé. Aqui não se diz que isso lhe foi lhe foi imputado como justiça; aqui são dirigidas duas mensagens diferentes: "Mas do céu lhe bradou o Anjo do Senhor ... " (v. 11), "Então do céu bradou pela segunda vez o Anjo do Senhor a Abraão" (v. 15). Quais são essas duas mensagens? A primeira: "Agora sei que temes a Deus ... " (v. 12). A segunda: "porquanto fizeste isso ... deveras te abençoarei" (vs. 16-18).
Torna-se, pois, muito claro, que somos justificados perante Deus pela fé. As obras que somos exortados a fazer nada acrescentam a uma salvação perfeita, a qual está fundamentada sobre o princípio da fé somente.
Elas manifestam esta fé aos olhos dos que nos rodeiam e mostram que vivemos no temor de Deus. (Gênesis 22:12; elas não nos levam à salvação, mas à bênção no caminho - capítulo 22: 16-18). Veja-se ainda, além dessas passagens, Efésios 2:8-10; Tito 3:5-8; Gálatas 2:16. Acrescentemos o que nos diz em outra parte a epístola aos Romanos a respeito da justificação. É Deus quem justifica (8:30,33), Deus e não o homem. Por que o faz? Porque é um Deus de graça: "sendo justificados gratuitamente por sua graça" (3:24). Mas, como um Deus justo e santo pode justificar culpados? Por causa da obra executada na cruz: o sangue de Cristo foi vertido e somos "justificados pelo Seu sangue" (5:9). Basta crer isso "justificados, pois pela fé" (5: 1) para ter paz com Deus.
Juntos com Cristo para sempre
O verdadeiro alcance de Romanos 11 perde-se de vista quando o aplicamos à salvação da alma. Outras passagens da Palavra (por exemplo, a epístola aos Efésios) nos ensinam que os redimidos por Cristo são vivificados e ressuscitados juntamente com Ele, que estão sentados com Ele nos lugares celestiais, que a Igreja é um só corpo com Ele. Como, pois, poderia ser rejeitado aquele que é "um" com Cristo no céu? Em Romanos 11, trata-se da terra e não do céu. A imagem escolhida pelo apóstolo - uma árvore mostra isso muito bem. Esta oliveira não representa a Igreja, mas a nação judaica; a outra oliveira, a selvagem, as nações. Escreve o apóstolo: "Dirijo-me a vós outros, que sois gentios" (v. 13). O Evangelho foi anunciado às nações, mas se elas não perseveram no temor de Deus, serão cortadas (v. 22), da mesma maneira que foram os ramos da boa oliveira, isto é, Israel. Poderia haver no corpo de Cristo membros que fossem arrancados dele para dar lugar a outros? Há nesse corpo alguma diferença entre judeus e gentios? Não diz o apóstolo Pedro aos judeus, falando dos crentes dentre as nações: "não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles ... ?" (Atos 15:9), e, não escreve o apóstolo Paulo aos Efésios: "Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos (os povos) fez um ... para criar, em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um (só) corpo?" (2: 14-16).
Não há, pois, nenhuma dúvida de que no capítulo 11 da epístola aos Romanos não se trata do Corpo de Cristo, mas dos judeus e das nações, responsáveis pelo testemunho de Deus na terra. Servir-se desta porção das Escrituras para afirmar que o crente que não anda fielmente pode perder sua salvação estaria em contradição com todo o restante dos ensinamentos da Palavra a esse respeito.
A Salvação da alma foi definitivamente alcançada
A explicação de Filipenses 2:12 também é dada frequentemente. Mas o apóstolo não tem em vista a justificação quando escreve: "Desenvolvei a vossa salvação com temor e temor." Na epístola que envia aos filipenses, apresenta a salvação como a meta a alcançar: a libertação ao final da carreira. Como possuímos a salvação sobre o princípio da fé - não foi exatamente em Filipos onde ele respondeu à pergunta do carcereiro: "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e tua casa"? (Atos 16:30-32) - somos exortados a trabalhar tendo em vista a libertação final. É um trabalho incessante, um combate contra Satanás que quer nos fazer cair no caminho. Sem dúvida, se tivéssemos que nos defender nesse combate unicamente com nossas próprias forças e recursos, quem de nós poderia alcançar a meta? Mas "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como realizar, segundo a Sua boa vontade" (Filipenses 2: 13). Assim, podemos esperar com inteira confiança "a adoção, a redenção de nosso corpo" (Romanos 8:23-24). A salvação de nossas almas já foi alcançada; é a salvação de nossos corpos a que esperamos.
Uma fé viva e não uma simples profissão de fé
O primeiro versículo da epístola aos Hebreus mostra claramente que ela foi enviada a crentes judeus. Deus havia falado aos pais pelos profetas; quando "falou pelo Filho", seu povo rejeitou-o e crucificou-o. Entretanto, fizeram-no por ignorância (Atos 3: 17). Então é-lhes anunciado o Evangelho e pregado o arrependimento. Mas se, depois de ouvir, depois de adentrar a profissão de fé cristã, rejeitam a Cristo e voltam ao judaísmo, Deus não tem outro meio de salvação para oferecer-lhes. Isso é o que dirá o apóstolo Pedro depois de pronunciar as palavras que acabamos de mencionar (Atos 4: 12). A passagem considerada de Hebreus 6:4-5 aplica-se, pois, a judeus que tiveram por algum tempo a aparência de profissão de fé cristã, mas sem ter realmente a vida de Deus. A "boa palavra de Deus" que ouviram, que apreciaram, iluminou-os; é o mesmo caso de muitos que apenas professam a fé (os que pretendem ser crentes e não o são) na atualidade. Chegaram a ser" participantes do Espírito Santo". Observemos bem que aqui não é utilizada a expressão de Efésios 1:13" Tendo crido nele, fostes selados com o Espírito Santo." Não se trata do selo do Espírito Santo, o qual Deus põe sobre seus filhos como uma marca de propriedade: é questão de pessoas que se encontraram no cristianismo, mas que jamais fizeram parte do único "corpo" (Efésios 1:23;4:4). Nada nestes versículos, pois, permite dizer que um filho de Deus possa perder sua salvação e que é impossível que seja conduzido novamente ao arrependimento se caiu. Um crente que cai não perde sua salvação, mas o gozo de sua comunhão com o Senhor. São duas coisas muito diferentes (Levítico 21:21-23).
Conclusão
Sem dúvida, estamos em tempo de relaxamento. Em muitos sentidos, é útil considerar com atenção nossa responsabilidade. "Já é hora de vos despertardes do sono" (Romanos 13:11-14), e esta exortação dirige-se também a nós:"Lembra-te, pois de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras" (Apocalipse 2:5). Temos necessidade de considerar seriamente nossa caminhada individual e coletiva, respondendo ao convite que nos foi feito:"Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los, e voltemos para o Senhor" (Lamentações de Jeremias 3:40). Talvez pudéssemos duvidar se realmente é salvo - somente Deus lê em nossos corações aquele que disser: "Sou salvo, não importa se eu andar fielmente ou não!" Aquele que crê se transforma em alguém que ama, porque o amor de Deus é derramado em seu coração, e este amor é manifestado guardando Sua Palavra (João 14:21-23). Dessa forma, temos que mostrar nossa fé por obras.
Mas, se nossa salvação dependesse de nossos caminhos, quem ousaria pretender ser salvo? Querer despertar a consciência dos santos adormecidos, mostrando-lhes que sua salvação pode ser questionada, porque sua caminhada não é o que deveria ser, teria como único resultado perturbá-los em vez de despertá-los. Nossa vida está unida à de nosso amado Salvador: "Porque eu vivo, vós também vivereis" (João 14:19). De Suas ovelhas, às quais deu a vida eterna, Ele pode dizer: "jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai". (10:28-29). Esta salvação, que descansa sobre a obra perfeita de Cristo cumprida na cruz e que recebemos pela fé, não nos pode ser tirada. Esta certeza é nossa felicidade e nossa paz.
Que nenhum filho de Deus duvide de sua salvação. Esta descansa sobre o que Cristo fez e não sobre o que nós fazemos. Mas cada um deles manifeste sua fé por meio de suas obras; para ouvir esta promessa: "Agora sei que temes a Deus... deveras te abençoarei" (Gênesis 22: 12, 17). Poderá gozar então de uma comunhão feliz com o Pai e com o Filho: "Viremos para ele e faremos nele morada." (João 14:23). Também sentirá toda a felicidade que resulta da obediência: "Se guardardes meus mandamentos, permanecereis no meu amor ... Tenho vos dito estas cousas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo" (João 15: 10, 11).
P. Fuzier
2. Antissemitismo
A origem antissemitismo é tão antiga quanto a dos primeiros filhos de Abraão, quando Ismael perseguiu Isaque, (Gênesis 21 versos 8 a 11; e Gálatas 4 verso 29). E é tão recente quanto a hora em que você está lendo este artigo. O antissemitismo é talvez a forma de ódio mais antiga e intensa do mundo. Por quê? A resposta não será encontrada no domínio natural, mas no espiritual, e as duas fases específicas do antissemitismo só fazem sentido quando nos voltamos para a Bíblia.
Quando Adão pecou, ele entregou o governo mundial a Satanás, (Lucas 4 versos 5 e 6; e João 16 verso 11). Então o Senhor disse a Satanás que a semente da mulher o esmagaria, (Gênesis 3 verso 15). Portanto, Satanás sempre procuraria impedir que esta semente prometida viesse ao mundo. Avisado por vários textos bíblicos ao longo da história, Satanás presumiria que a semente da mulher viria através de Abraão, (Gênesis 12), Judá, (Gênesis 49 verso 10) e Davi, (2ª Samuel 7). Os judeus se tornariam, portanto, seu alvo. Destrua-os e a semente da mulher não poderá chegar para destruí-lo. E assim, temos as tentativas de holocausto do Faraó, Hamã, Antíoco, Epifânio, Herodes e outros. Mas não se engane, o culpado por trás da cortina foi Satanás. No entanto, a primeira fase do antissemitismo não conseguiu cumprir o seu objectivo principal. Apesar do trágico assassinato de muitos judeus, Jesus Cristo, a semente prometida da mulher, nasceu em Belém. E Ele terminou a obra que Deus O enviou para fazer. Ele morreu, ressuscitou e ascendeu à direita de Deus, selando assim a condenação de Satanás.
Mas Satanás conhece as Escrituras. A Palavra de Deus diz que o mundo não viu o último Messias, Jesus Cristo. Não apenas Seu nascimento foi profetizado, mas também Seu retorno. E Israel ainda tem um papel crítico no plano de Deus para este mundo. Segundo o profeta Zacarias, pelo menos dois eventos ocorrerão antes do estabelecimento do reino de Cristo na terra. Um evento será a derrota liderada por Cristo sobre as nações reunidas para destruir Israel, (Zacarias 12 versos 8 e 9). A outra será o arrependimento da nação de Israel quando olharem para o Messias a quem traspassaram, (verso 10). Uma vez que eles se arrependam e O abracem, Deus esmagará Satanás, lançando-o no abismo, (Apocalipse 20 versos 1 a 3), e Cristo reinará sobre a terra. Mas se não houver judeus para defender e nenhum judeu para se arrepender, Satanás poderá manter o seu reino. Sabendo que tudo isso foi profetizado, Satanás iniciou a segunda fase do antissemitismo. E assim, temos (entre outras coisas) a Inquisição, as Cruzadas, o holocausto de Hitler e a posição dos extremistas muçulmanos de varrer Israel do mapa. O diabo não se importa com quem está disposto a ser usado, desde que sua agenda seja cumprida.
A atividade de Satanás nos bastidores não o torna o único responsável pelo antissemitismo, mas é útil lembrar porque é que a história é o que é e para onde tudo vai. Dias mais sombrios para Israel ainda estão por vir. Satanás será o instigador do severo anti-semitismo durante o próximo período da tribulação, (Apocalipse 12). Lá é dito que ele sabe que seu tempo é curto, (verso 12) antes do retorno de Cristo, e ele fará uma tentativa final e desesperada de destruir os judeus. Mas as últimas páginas da Bíblia mostram que Israel veio para ficar, enquanto será Satanás, o culpado por trás da cortina, quem será varrido da face da terra. E sem ele, também desaparecerá o ódio mais antigo do mundo, pois "todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos," (Zacarias 14 verso 16).
Por David Peterson
(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)
3. A Igreja e a Grande Tribulação
A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 1)
O Arrebatamento.
A verdade da segunda vinda de Cristo é importante não apenas do ponto de vista doutrinário, mas também do ponto de vista da vida e do serviço do crente. É inquestionavelmente uma das verdades essencialmente práticas que nós, como cristãos, podemos contemplar, e a própria consideração do assunto deveria tender a ajustar e embelezar a nossa caminhada.
É importante ter em mente que o Senhor Jesus Cristo virá em pessoa. Este fato é tão claramente afirmado na Palavra de Deus que é surpreendente que qualquer crente genuíno em Cristo possa deixar de o ver. A própria redação das declarações da Sua vinda, são claras e objetivas, que deveria banir imediatamente todos os equívocos. Note algumas destas declarações:
"'Eu voltarei", (João 14 verso 3).
"Este mesmo Jesus..., virá assim como vós o vistes partir", (Atos 1 verso 11).
"Para esperar do céu, a seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura", (1ª Tessalonicenses 1 verso 10).
"O próprio Senhor descerá do céu", (1ª Tessalonicenses 4 verso 16).
Se não fosse pela esperança de ver o próprio Senhor, o futuro seria tão negro quanto a meia-noite. É esta deliciosa antecipação que faz com que alguém se regozije no meio daquilo que a Bíblia chama de "uma criação que geme". É isto que constitui um dos maiores incentivos para um serviço eficaz. É isto que alivia a pesada carga e nos permite cantar os cânticos de Sião em circunstâncias adversas.
Com relação ao momento exato em que o Senhor retornará, esta informação nos foi sabiamente ocultada. Todas as sugestões sobre o ano exato em que Ele aparecerá foram experimentos perigosos e fúteis. Definitivamente, somos informados de que, (além do próprio Deus), ninguém sabe o dia nem a hora em que o maior de todos os eventos acontecerá. O Senhor pode vir este ano. Por outro lado, Ele pode demorar alguns anos para vir.
Portanto, é nosso privilégio estar sempre na torre de vigia da expectativa, em vista da possibilidade de Sua chegada a qualquer momento. Existem evidências inequívocas de que vivemos nos "últimos dias".
Muitos cristãos, sem dúvida, contestarão esta sugestão de que o Senhor pode vir a qualquer momento, especialmente se forem induzidos a acreditar que certos eventos terríveis devem acontecer primeiro. Refiro-me, é claro, à teoria de que a Igreja passará pela Grande Tribulação, e é meu propósito tentar mostrar, a partir das Escrituras, que tal proposição não está de acordo com a vontade divina.
Em primeiro lugar, é necessário que tenhamos uma concepção clara do significado do termo, "A Grande Tribulação". Será um período de sofrimento, perseguição, aflição e crueldade sem paralelo. Em Mateus 24, nosso Senhor descreve-o como sendo um tempo de tribulação, "e tal não houve desde o princípio do mundo..., nem jamais haverá". Duvido que algum de nós consiga imaginar o horror dos acontecimentos que ocorrerão durante esse período. Não só haverá fomes, pestes e terremotos em diversos lugares; não apenas muitos ficarão ofendidos a ponto de se odiarem e traírem uns aos outros; não apenas o amor de muitos esfriará por se multiplicar a iniquidade, mas a situação será tão terrível que aqueles que estiverem na Judeia serão aconselhados a fugir para as montanhas em busca de segurança. Aqueles que por acaso estão nos telhados ou nos campos são avisados para não se preocuparem com os seus bens, pois isso impediria a sua fuga. As mulheres que antecipam as responsabilidades da maternidade ficarão numa situação quase desesperadora devido à sua incapacidade de fugir rapidamente para um local seguro. Além disso, as pessoas daquela época são aconselhadas a orar para que a sua fuga não seja no inverno, nem no dia de sábado, sendo a razão de que a fuga nos meses de inverno seria acompanhada de dificuldades quase intransponíveis, enquanto no dia de sábado apenas um curto período de distância poderia ser percorrida de acordo com a lei mosaica. Na verdade, esse período será tão terrível que, se não fosse por uma concessão oportuna, (a redução dos dias por causa dos eleitos), nenhuma pessoa seria salva. Certamente não nos é difícil ver que este quadro assustador se aplica ao povo terreno de Deus, os judeus. A Igreja e os Gentios não tem nada a ver com a Judeia ou com o dia de sábado.
Se a Igreja tiver de passar por todos os acontecimentos terríveis que acabei de enumerar, a grandeza da esperança do regresso iminente do Senhor para o arrebatamento será em grande parte minimizada, porque muitos do Seu povo redimido antecipariam o futuro com medo positivo.
Mas, afinal de contas, não se trata do que pensam vários grupos de crentes. O último tribunal de recurso é a Bíblia, e se, referindo-nos a várias passagens, pudermos compreender mais claramente quais são os propósitos do Senhor Jesus em relação aos Seus santos, a consideração mútua deste assunto profundo não terá sido em vão.
Há pelo menos duas passagens muito importantes que se relacionam com a vinda do Senhor para "os Seus", falando da Igreja e do arrebatamento antes da Grande Tribulação, e que têm sido uma fonte de conforto para dezenas de milhares de crentes. O primeiro deles fez parte do belo discurso de nosso Senhor aos Seus discípulos antes de Sua partida para Seu Pai, (João 14 versos 1 a 3). Nestes versículos vemos a Casa, ou o Palácio, o Lugar e a Pessoa. Nosso Senhor informa aos discípulos que na casa de Seu Pai há muitos lugares de permanência, (isto é, ampla acomodação para todos os redimidos); que Ele vai preparar um lugar para eles; logo após, Ele retornará e os receberá para Si mesmo; para que onde Ele esteja, eles também possam estar. Esta é a primeira insinuação que Ele fez de Sua segunda vinda em relação à recepção direta, por Ele mesmo, de Seus santos. Agora, observemos aqui toda a ausência de qualquer introdução. Não há referência a terremotos, fomes ou pestilências; nem uma palavra é dita sobre o amor de muitos esfriar por causa da iniquidade abundante; nem se diz nada a respeito da Grande Tribulação; nem nada sobre fugir para as montanhas, nem qualquer outro dos terríveis eventos mencionados em Mateus 24. O Senhor menciona a promessa de Seu retorno para confortar as mentes perturbadas de Seus entes queridos discípulos, sem sugerir que qualquer catástrofe chocante deva ocorrer anteriormente.
A segunda grande passagem é 1ª Tessalonicenses 4 versos 14 a 18. O versículo 13 parece indicar que alguns dos crentes tessalonicenses estavam passando por um período de luto, e o apóstolo escreveu para assegurar-lhes que, embora não fosse errado que eles se entristecessem, ainda assim era gloriosamente possível para eles se alegrarem em meio à sua tristeza, porque, na vinda do Senhor para o arrebatamento, aqueles que haviam falecido nEle ouviriam Seu tríplice chamado, o grito de vitória, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus, e imediatamente responderiam levantando-se vitoriosamente de seus túmulos, para se juntarem aos santos vivos, para que em um único grupo, todos fossem arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, para assim estarem para sempre com Ele.
Aqui novamente, observemos a ausência de qualquer introdução. Nem a menor referência é feita a qualquer uma das terríveis ocorrências mencionadas em Mateus 24 e outras passagens semelhantes. O escritor não apenas revela a verdade inspiradora do retorno do Senhor para os Seus, a Igreja, sem qualquer declaração preliminar, mas exorta distintamente seus irmãos crentes a confortarem uns aos outros com essas palavras, a não assustarem uns aos outros com a perspectiva desconfortável de sofrimento terrível, perseguição, e crueldade que alguns querem que acreditemos que deve ocorrer antes do cumprimento desse grande evento.
A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 2)
Um Ladrão na Noite.
Para entender que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, e que o arrebatamento dela será iminente, isto é, não precisa de sinal algum que anteceda este evento, é muito necessário distinguir entre a "vinda do Senhor", em 1ª Tessalonicenses 4, e o "Dia do Senhor" no capítulo 5.
Lemos no Capítulo 5 verso 2: "Porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite."
A "vinda do Senhor", assunto que Paulo trata no fim do Capítulo 4, será um ato de bênção para a Igreja. O "Dia do Senhor", assunto do Capítulo 5, será um período de julgamento sem paralelo, que se dará após o arrebatamento da Igreja ao céu.
O Apóstolo Pedro em Atos 2 verso 19 e 20, citando a profecia de Joel, nos informa que o "dia do Senhor" será precedido por certos sinais definidos que serão vistos acima no céu e em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. Note o que está registrado: "O sol se transformará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha aquele grande e notável dia do Senhor." Estes fenômenos celestiais ocorrerão imediatamente após os dias da "Grande Tribulação" a que já nos referimos.
O mesmo apóstolo em sua segunda epístola, Capítulo 3 versos 10 a 12, nos diz que o "Dia do Senhor" terminará com desastres maiores e mais terríveis do que aqueles que o precederão. Note as palavras exatas: - "No qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos se derreterão com calor ardente, e a terra e as obras que nela há serão queimadas."
Não é difícil perceber que a frase, "como o ladrão de noite", indica que o "dia do Senhor" chegará repentina e inesperadamente. O ladrão tem muito cuidado para manter suas vítimas na ignorância da hora exata de sua chegada. Na verdade, ele faz o máximo para chegar quando menos se espera. Da mesma forma, a chegada do "Dia do Senhor", surpreenderá aqueles que serão esmagados.
Agora, a "vinda do Senhor", mencionada no Capítulo 4, não será um evento inesperado. Dezenas de milhares de filhos amados de Deus estão antecipando, diariamente e a cada hora, Sua chegada gloriosa, e o número desses crentes "vigilantes" está aumentando rapidamente.
E podemos perceber isto de uma maneira clara no que Paulo escreve em, 1ª Tessalonicenses 5 verso 3: "Porque quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição... e de modo algum escaparão". Aqui vemos o julgamento, repentino e certo. A "Paz e Segurança" mencionada nesta passagem é falsa. Uma falsa paz é pior do que a tempestade mais severa, porque numa tempestade severa a pessoa percebe o perigo e pode haver uma possibilidade de fuga, mas uma paz falsa é totalmente fatal, na medida em que a vítima pensa que tudo está bem quando tudo está errado, e antes que ele tenha consciência do perigo, ele é envolvido por uma calamidade da qual é impossível escapar. O mesmo se aplica a uma falsa segurança. A única paz real e duradoura é aquela que o Senhor Jesus fez pelo sangue de Sua cruz, e a única segurança real pode ser encontrada na eterna Rocha dos Séculos.
Mas a quem se refere o pronome "eles" pensam ter "Paz e Segurança"? Certamente não pode ser os crentes da Igreja, e se não for para os crentes, só pode se referir àqueles que estão nas trevas, àqueles que estão sem Deus e sem Cristo. Para os tais, o "Dia do Senhor" virá como um ladrão durante a noite. Agora observemos cuidadosamente o seguinte versículo: "Mas vós, irmãos, não estais nas trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão." (1ª Tessalonicenses 5 verso 4).
Isto indica claramente que o "Dia do Senhor" não tem nada a ver com os filhos de Deus da era da Igreja, mas com os filhos das trevas. Nós, que fomos tirados das trevas para a mais maravilhosa luz de Deus, estamos mais envolvidos nos versículos finais do Capítulo 4 do que nos versículos iniciais do Capítulo 5 de 1ª Tessalonicenses.
Uma das passagens mais importantes que provam que a Igreja nunca passará pela Grande Tribulação é, 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, pois diz: "Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado." O Apóstolo nos informa claramente que o "Dia do Senhor" não chegará, a menos que venha primeiro a mais terrível das apostasias, culminando na manifestação do homem do pecado. Então o "Mistério da Iniquidade" atingirá o seu clímax, quando os inimigos da verdade seguirem o seu próprio caminho e quando as forças do mal forem liberadas, (por Deus), para agir no seu máximo.
Este profundo "Mistério da Iniquidade" já está agindo hoje, e funciona desde a era apostólica, mas tem sido controlado, limitado. Felizmente, tem havido um poder restritivo em ação, de modo que, embora o elemento de ilegalidade tenha ainda hoje atingido proporções alarmantes, não foi permitido que ultrapassasse a linha fronteiriça. Deus permite que a ira do homem seja exercida dentro de certos limites para que possa louvá-Lo, mas o restante da ira Ele restringe.
Chegará um tempo, porém, em que esse poder restritivo será retirado, e então o homem do pecado – aquele "iníquo" – que se exaltará acima de tudo o que é adorado, pois realmente se sentará no templo de Deus, "mostrando-se que ele é deus", será revelado em todos os seus poderes diabólicos, e sinais e maravilhas mentirosas.
Surge aqui uma questão muito importante: O que é esse poder restritivo? No texto que já citamos em 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, o pronome usado é "Ele", não "isso", o que significa claramente que deve ser uma pessoa, e se for uma pessoa certamente não pode ser outro senão o Espírito Santo de Deus. Os crentes são designados como "o sal da terra", a razão é que eles são habitados pelo Espírito Santo e, portanto, constituem um agente purificador eficaz na terra na sua capacidade corporativa. Se não fosse pela presença do povo redimido de Deus no mundo, a situação seria intolerável. Como é bem sabido, o Espírito Santo desceu no Pentecostes. Mas quando Ele ascenderá? Ele ascenderá com a Igreja quando ela for arrebatada para encontrar seu Senhor glorificado nos ares. Sendo assim, o poder restritivo será removido quando Cristo vier para os Seus, antes do período conhecido como a Grande Tribulação.
A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 3)
O Livro com Sete Selos.
Existem muitas razões sugestivas pela qual a Igreja não passará pela Grande Tribulação e, sem dúvida, a mais importante e talvez a mais imperativa esteja no último livro da Bíblia. A consideração disto exigirá um exame bastante minucioso de um dos capítulos mais inspiradores da Bíblia, a saber, Apocalipse, capítulo 5, que diz assim: "E vi na mão direita daquele que estava assentado no trono um livro escrito por dentro e por trás, selado com sete selos".
É possível que o livro mencionado neste versículo contenha os títulos de propriedade da terra, embora seja bastante claro que os sete selos pelos quais ele está selado estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que, no tempo de Deus, serão derramados sobre este mundo culpado.
Entre todos os habitantes do céu e da terra, apenas Um é considerado digno de abrir o livro e de desatar os seus selos, a saber, o Leão da tribo de Judá, o sempre vitorioso, que, como o Cordeiro de Deus no Calvário, prevaleceu sobre os poderes das trevas tão completamente que revelou Sua dignidade para abrir o livro e desatar os selos. Imediatamente depois, Ele é visto no meio do trono como o Cordeiro que uma vez foi morto. Ao redor do trono estão quatro seres viventes, e vinte e quatro anciãos, e estes são; engajado em cantar a canção mais doce já cantada. É descrita como a Nova Canção, e será sempre nova à medida que os acordes ecoarem pelas cortes celestiais. Devemos ouvir mais uma vez as grandes palavras deste Cântico: "Tu és digno..., porque foste morto, e com Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação."
Geralmente é admitido que esses vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja, e, na verdade dificilmente poderia ser de outra forma, pois quem, a não ser os redimidos, pode cantar o cântico da redenção? E lembremo-nos de que este grupo celestial não é composto por um povo ou nação em particular, mas representa todas as partes deste mundo que Deus amou e pelas quais Ele deu o Seu Filho. Tenhamos também em mente que enquanto esses vinte e quatro anciãos estão empenhados em cantar o novo cântico, o livro está inteiro e com seus selos intactos.
Agora, quando é aberto o primeiro selo? Não no capítulo 5, mas no capítulo 6 de Apocalipse. É extremamente importante que observemos este fato, visto que ele transmite a conclusão inevitável de que antes dos julgamentos divinos atingirem este mundo, os redimidos já estão com Cristo no céu.
Vamos agora tabular os fatos e nos esforçar para ver a proposição em sua verdadeira perspectiva:
- O livro está à direita daquele que está assentado no trono.
- O livro está selado com sete selos, que estão intactos e que estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que serão derramados sobre a terra.
- Os vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja que foram reunidos dos quatro cantos da terra.
- Esses vinte e quatro anciãos estão no céu, ao redor do trono, antes da quebra de qualquer um dos selos.
- O registro da quebra do primeiro selo está no capítulo 6.
Segue-se, portanto, que, antes que ocorra qualquer uma das coisas terríveis registradas em Apocalipse 6 em diante, a Igreja está seguramente alojada no céu de glória.
Pode-se dizer em resposta a tudo isso que os eventos do Apocalipse nem sempre são registrados em ordem cronológica. Isto é sem dúvida correto, mas a questão da ordem cronológica não afeta o ponto em questão. Permanece o fato incontestável de que, quando o livro é visto ainda totalmente selado, os remidos estão com Cristo no céu, portanto, devem ter sido introduzidos ali, antes da abertura do primeiro selo.
Naturalmente, há muitas questões desconcertantes que surgem na consideração deste grande assunto. Seria realmente estranho se não fosse assim.
Uma dessas dificuldades diz respeito ao toque das trombetas; se sãos as mesmas, que encontramos mencionadas em 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, e Apocalipse, Capítulos 8 a 11.
A distinção, resumidamente, é a seguinte: As duas primeiras em, 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, podem ser chamadas de trombetas de bênção e farão parte da tripla convocação que será ouvida pelos santos, quando o Senhor vier para os Seus, a Igreja no arrebatamento, antes da Grande Tribulação.
As trombetas mencionadas no livro do Apocalipse podem ser designadas trombetas de julgamento, com as quais, os crentes não terão nada a ver.
É bem verdade que em 1ª Coríntios 15, o apóstolo Paulo se refere à última trombeta e, no que diz respeito aos crentes, será a última e não tem nada a ver com a última da série de trombetas de Apocalipse, Capítulos 8 a 11. Não é de todo improvável que Paulo tivesse em mente os três sons de trombeta que eram ouvidos com tanta frequência pelos soldados romanos, o último dos quais foi o sinal para que marchassem em frente. Há também uma ligação sugestiva entre esta última trombeta de 1ª Coríntios 15, e as trombetas que foram usadas no acampamento de Israel, registradas em Números, Capítulo 10. Uma trombeta deveria ser tocada para a reunião dos príncipes, – os cabeças de Israel. Um alarme soou quando as pessoas deveriam iniciar uma viagem. Então vem este versículo significativo: "Mas quando a congregação estiver reunida, vocês tocarão, mas não tocarão o alarme."
Quando o Senhor voltar para nós, ouviremos o som da trombeta, embora, felizmente, não seja um alarme, mas o sinal de uma gloriosa "reunião" final de todo o Seu povo amado que encontrará seu Senhor nos ares, e O verão, não pela fé, mas pela vista.
Uma dificuldade adicional diz respeito a expressão à "primeira ressurreição", mencionada em Apocalipse 20, versículos 5 e 6.
Ainda há duas ressurreições para acontecer, e apenas duas. Elas são: 1ª. A dos justos e 2ª. A dos injustos.
A ressurreição dos justos presumivelmente ocorrerá em duas etapas, a saber, a 1ª. Etapa será quando o Senhor descer do céu somente até aos ares, (neste momento os santos da era da igreja serão ressuscitados com corpo de glória, e os crentes vivos transformados e todos levados para o céu), e a 2ª. Etapa da primeira ressurreição, será no final do período da Grande Tribulação e antes de começar o reino milenar de Cristo aqui na terra, será o momento quando os mártires da tribulação serão ressuscitados e com eles os santos do Antigo Testamento. Isto é chamado de a, "primeira ressurreição". A ressurreição dos injustos ocorrerá no final dos mil anos que compreenderão o Milênio, conforme notificado em Apocalipse 20 versos 11 a 15. A referência de Nosso Senhor às duas ressurreições está no Evangelho de João 5 versos 28 e 29.
A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 4)
Salvação em Toda a Sua Plenitude.
Cada salvo da era da Igreja, deve libertar os seus pensamentos de que passará pelos terríveis julgamentos em que o mundo estará envolvido, e concentrar-se agora na mente, nas glórias que nos aguardam, e que serão a posse alegre de todos os verdadeiros crentes no retorno do Senhor Jesus nos ares para o arrebatamento.
O escritor da Epístola aos Hebreus nos informa que tão certamente como Cristo apareceu uma vez para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo, assim certamente Ele aparecerá uma segunda vez, sem pecado, para a salvação. (Hebreus 9 verso 28).
A questão do grande pecado foi resolvida de uma vez por todas na cruz. O Calvário nunca será reencenado. Quando Cristo voltar, esse grande evento será "para a salvação". Então compreenderemos plenamente aquela salvação que foi designada por Deus nas eras eternas passadas, comprada por Cristo na cruz e realizada para nós pelo Espírito Santo. O santo mais antigo e experiente da terra hoje mal tocou a margem desta "grande salvação", mas Deus organizou Seu programa para nós de uma maneira tão maravilhosa que quando, virmos o Senhor Jesus face a face, perceberemos então como nunca antes sua altura, profundidade e comprimento, e largura. Apreciaremos a sua magnitude divina e exultaremos na sua insondável plenitude.
Não é de forma alguma um fato insignificante que em mais de uma ocasião no Novo Testamento seja feita referência à vida eterna como uma promessa, a razão é que, embora possuamos essa vida aqui e agora, de longe a maior parte dela é futuro, e será realizado quando estivermos, "para sempre com o Senhor".
O apóstolo João nos lembra da grandeza e plenitude daquele amor que o Pai nos concedeu, para que sejamos chamados filhos de Deus. Este é o nosso direito espiritual de nascença. Esaú tolamente vendeu o seu direito de primogenitura por um mero bocado de sopa, mas, felizmente, é impossível para nós, como crentes, vender o nosso direito de primogenitura, pela simples, mas profunda razão de que a nossa vida está "escondida com Cristo em Deus". Tão grande valor divino foi atribuído àquela vida que nos foi comunicada, que Deus graciosamente a escondeu, e Seu esconderijo é Cristo. Está, portanto, fora do alcance de todos os nossos inimigos.
Mas o apóstolo continua seu tema fascinante dizendo: "E ainda não é manifesto o que seremos". Se fosse manifesto, o que aconteceria? Se por um breve intervalo de dez segundos Deus nos revelasse o nosso futuro, simplesmente seríamos incapazes de suportar esse peso eterno e extraordinário de glória. Portanto, é necessário que exerçamos aquela "paciência de esperança" pela qual Paulo lembra com elogios, os cristãos tessalonicenses.
Embora, no entanto, o panorama completo das maravilhas do Céu ainda não tenha sido divulgado, isto já foi registrado: "Seremos como Ele, Cristo". Comparadas com isso, todas as outras perspectivas se tornam insignificantes. O cumprimento destas quatro Palavras verá a culminação, combinação e consumação de todos os propósitos eternos de Deus para conosco. Ver a face de nosso amado Senhor será realmente o paraíso, mas ser como Ele, quem pode dizer o que isso significará?
Quando o Apóstolo Paulo lembrou aos crentes filipenses que a sua cidadania estava no céu, ele aproveitou a oportunidade para informá-los ao mesmo tempo que uma magnífica transformação aconteceria no retorno de nosso Senhor Jesus Cristo, que mudará este corpo da nossa humilhação, (que está sujeito ao fracasso, à doença e à morte), e o remodelará como Seu próprio corpo glorioso, de acordo com a operação de Seu poder onipotente. Isto constituirá a maior mudança em nossa história espiritual. Diz-se que os nossos corpos físicos estão em constante mudança, – na verdade, mudam completamente duas ou três vezes numa vida normal, – mas, por mais frequente e por mais completa que estes corpos naturais possam mudar, uma mudança muito mais maravilhosa ainda está para acontecer. A imagem terrena foi tristemente manchada como resultado da queda, mas tão certamente quanto carregamos a imagem do terreno, certamente carregaremos a imagem do celestial. O primeiro item no plano divino de redenção foi a presciência de Deus, e Aquele que conheceu o fim desde o princípio, predestinou que seríamos conformados à imagem de Seu Filho. Isto formou o propósito transcendente que Ele tinha em vista quando nos salvou pela Sua graça.
Mas tenhamos em mente que no céu preservaremos a nossa identidade. Não apenas o sol possui uma glória própria, mas a lua também possui uma glória que é dela. E não apenas isso, mas as estrelas também têm sua própria glória, e até elas mesmas diferem umas das outras em glória. Isto quer dizer que embora estes corpos celestes manifestem uma glória combinada, eles também exibem uma glória individual. Assim será conosco quando amanhecer o "dia perfeito". Seremos todos como Cristo e, nesse momento, cada crente preservará a sua identidade.
Este assunto da identidade pessoal leva a uma pergunta que é feita com tanta frequência: Conheceremos uns aos outros no céu? Sem dúvida que nos conheceremos. Há muitas evidências bíblicas disso. Para citar um dentre muitos, quando o Apóstolo Paulo indicou aos santos em Tessalônica que eles eram sua esperança, e alegria e coroa de regozijo no retorno do Senhor Jesus, ele claramente deu a entender que os identificaria, embora fossem tão poucos entre eles, em vista das miríades dos redimidos daquele dia.
A promessa final do Senhor Jesus na Bíblia é: "Certamente venho sem demora". De todos os eventos futuros registrados nas Escrituras, este está mais próximo do coração de nosso bendito Senhor. Para o cumprimento literal desta promessa, Ele suportou a cruz e desprezou a vergonha. Ele agora está antecipando o momento em que verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito. Além disso, essa satisfação será mútua, na medida em que também estaremos satisfeitos quando despertarmos com a Sua semelhança.
Bem, poderíamos responder com alegria: "Amém, ora vem, Senhor Jesus". Que futuro! Chega de lágrimas; não há mais dor; não há mais tristeza; não há mais decepções; não há mais ansiedade; não há mais fome; não há mais sede; não há mais pecado; não há mais maldição; não há mais morte. Mas, afinal, estes são apenas pontos negativos. Quais devem ser os pontos positivos? O que substituirá todas essas coisas que agora com tanta frequência tendem a nos deprimir? Alegria indescritível e glória em toda a sua plenitude.
Será alegria após alegria; canção após canção; glória sobre glória; satisfação após satisfação sempre abundante à medida que as eras intermináveis de uma eternidade sem data passam. Estaremos num lugar glorificado, vestidos com corpos glorificados, em companhia de um povo glorificado e na presença de um Salvador glorificado.
Então será vista a apresentação mais maravilhosa já testemunhada. A Igreja, — aquela pérola de grande valor, para a qual o Senhor Jesus "vendeu tudo o que tinha" quando se ofereceu sem mácula a Deus, — será apresentada a Si mesmo, uma Igreja gloriosa, completa em todos os aspectos. Nenhum membro estará faltando; nenhuma divisão prejudicará sua grandeza; nenhuma mancha, ruga ou defeito estragará sua beleza; nenhuma nota discordante será ouvida; nenhuma nuvem intervirá; nada faltará para completar a magnificência daquele maravilhoso espetáculo quando formos apresentados sem defeito diante de Sua presença com exultação.
Existe uma estranha teoria corrente entre alguns filhos de Deus, embora felizmente não se ouça menção dela com tanta frequência agora como antigamente. É a ideia de que quando Cristo vier para os Seus, apenas um número limitado, será levado, e o restante será levado num período posterior. Esses santos privilegiados serão. (assim somos informados), os fiéis, ou os vencedores, – aqueles que viveram vidas consistentes, que prestaram serviço fiel e que aguardam ansiosamente o retorno do Senhor. Esta é realmente uma teoria difícil de ser entendida, e pela seguinte razão: É possível, por um lado, que um crente seja fiel e verdadeiro ao Senhor, e ainda assim nunca tenha aprendido claramente a verdade da segunda vinda de Cristo, enquanto, por outro lado, é possível que um crente tenha sido completamente iniciado nesta grande verdade e ainda assim tenha vivido uma vida inconsistente.
As palavras que encontramos em Hebreus 9, versículo 28: "E aos que O esperam, Ele aparecerá segunda vez", tinham um significado especial para aqueles cristãos a quem a epístola foi dirigida, que estavam perfeitamente familiarizados com os serviços do Tabernáculo. Quando o sumo sacerdote entrava no lugar santo para fazer expiação pelo pecado, o povo ficou do lado de fora, aguardando ansiosamente seu reaparecimento, (isto por ser lindo em, Levítico 16 verso 17 e Lucas 1 versos 10 e 21). Pode ter havido aqueles que ficaram um tanto descuidados com o passar do tempo, mas isso de forma alguma alterou o fato de que o sumo sacerdote entrou e saiu, para a bênção de toda a congregação de Israel. Da mesma forma, Cristo já foi oferecido para levar os pecados de Seu povo, e em breve Ele reaparecerá em favor de todos eles para aquele ato final de bênção, quando Ele dirá: "Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem", (Cânticos dos Cânticos 2 verso 10).
Se for verdade que apenas os fiéis serão arrebatados quando o Senhor retornar, é de se perguntar quantos irão! Afinal, quem alcançou aquele padrão de lealdade que o tornaria digno de estar entre os primeiros a ascender? Na melhor das hipóteses, somos todos servos inúteis. Comparado com o que deveria ser, o nosso amor é frio, o nosso serviço é pobre, a nossa influência é limitada.
Não é isso? Se for uma questão de mérito, nem um único santo irá. Se for uma questão de graça, (e certamente é), então toda Igreja irá embora.
Finalmente, lembremo-nos sempre de que, assim como a nossa esperança está centrada em Cristo, a Sua esperança está centrada em nós. Muitas vezes lemos no quarto evangelho que Ele desceu do céu, não para fazer a sua própria vontade, mas a do Pai que O enviou. A grande missão do Senhor Jesus a este planeta pode ser resumida nestas palavras: "Eis! Eu venho para fazer a Tua vontade, ó Deus." Isto foi particularmente manifestado no jardim do Getsêmani, quando, sob a sombra da cruz, Ele disse: "Não seja feita a minha vontade, mas a Tua".
Mas houve uma ocasião em que Ele expressou definitivamente o desejo do cumprimento de Sua própria vontade, e o registro está em João 17, versículo 24: "Pai, quero que onde eu estiver estejam comigo também aqueles que me deste, para que possam contemplar a Minha glória."
Quão grandioso é perceber que esse anseio intenso da parte de nosso bendito Senhor está tão intimamente ligado aos Seus redimidos! Qualquer outro pensamento; todos os outros propósitos; todas as outras expectativas eram subservientes a esse tremendo anseio de Seu coração.
Tenhamos, portanto, coragem, porque: "Porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé", (Romanos 13:11).
Por Ernest Barker
4. Preparação para o reavivamento
Todo verdadeiro avivamento é de Deus, é a operação do Espírito Santo no crente e na igreja. Alguns têm tolamente falado em "produzir um avivamento", mas um verdadeiro avivamento da vida espiritual e renovação do poder espiritual não é "levantou-se", mas "derrubou."
Sua vinda é invariavelmente em resposta à oração sincera, unida e confiante. Nunca vimos ou ouvimos falar de tempos reais de reavivamento, renovação e refrigério vindo sobre um povo sem oração, satisfeito consigo mesmo e pomposo.
O caminho do Senhor ainda é, "reavivar o espírito dos humildes e vivificar o coração dos contritos", (Isaías 57 verso 15).
Podemos considerar, portanto, que a primeira parada para um verdadeiro avivamento é encontrada no exame do coração, e autojulgamento diante de Deus. Isso resultará naquela condição castigada, contrita e humilde, para a qual Deus olha com aprovação e para a qual será, "como chuva sobre a grama cortada e como chuvas que regam a terra".
Seus reavivamentos e refrigérios vêm.
Cabe a nós abrir espaço para o Senhor trabalhar, e não ditar a Ele como e quando Ele deve fazê-lo.
A Palavra, no tempo de Eliseu, para a viúva, que estava na pobreza e endividada, mas que ainda tinha um "pote de azeite" em sua posse, em casa, era: "Traga, não poucos vasos vazios".
E quando estes vasos vazios foram trazidos e a porta fechada sobre eles, o óleo começou a fluir, até que todos os vasos vazios trazidos foram cheios, (2ª Reis 4 versos 1 a 7).
Então o óleo cessou.
Deus nunca desperdiça Suas misericórdias, quando elas não são desejadas, ou onde não há espaço para recebê-las e usá-las para obter lucro.
Aquela casa, com o pote de óleo ainda dentro, mas sem uso, pode certamente falar-nos do coração do crente e da igreja na qual habita o Espírito Santo de Deus e o poder, mas ainda espera que os "vasos vazios" sejam preenchidos.
Numa outra cena que se deu fora de uma casa, o mesmo princípio aparece. O profeta disse aos homens que vieram em tempo de seca em busca de água: "Fazei neste vale muitas covas", (2ª Reis 3 verso 16). Quando estas covas estavam preparadas, o Senhor encheu-os de água até transbordar.
Há poder no Espírito Santo para todo ministério: para despertar os "perdidos", para "manter os salvos em condição espiritual elevada", para "enviar o Evangelho com poder de conversão" e "dar unção e aderência à Palavra quando ministrada aos santos".
Que todos nós, sejamos vasos "vazios", mas limpos, homens e mulheres limpos do pecado, santificados para Deus, vasos "aptos para uso do Mestre", e que Ele possa encher do Seu poder, para que por meio dos quais possamos trabalhar para a bênção de outros. A pergunta solene e penetrante para cada um de nós é, "EU SOU UM NAVIO LIMPO?".
Por John Ritchie
5. O que é a vida eterna, e como recebê-la?
A vida eterna tem sido erroneamente considerada por alguns como sinônimo de imortalidade. O erro é grave, porque confunde o que Deus deu a todos os homens no caminho da natureza com o que a Sua graça concede àqueles que creem no Seu Filho. Pela inspiração divina no início, Deus teve o prazer de conferir à nossa raça um caráter de ser que é inextinguível. Chamamos isso de imortalidade; e é possuído por todos os homens, quer seu destino eterno, seja de felicidade ou de tristeza.
A vida eterna é algo totalmente distinto, é a vida incriada de Deus. Porém, é certo que os contemporâneos de nosso Senhor Jesus consideravam isso, um imenso benefício a ser sinceramente desejado; as diversas perguntas que Lhe foram dirigidas a respeito nos levaram a esta conclusão. Todas as suas investigações pareciam concordar em supor que isso era a recompensa do esforço humano; pois vemos isto claramente no jovem governante sério de Marcos 10, e o cauteloso advogado de Lucas 10, e ambos colocando sua pergunta da mesma forma: "Mestre, o que devo FAZER para herdar a vida eterna?" Era natural que falassem assim; pois entre os homens todas as coisas desejáveis só são obtidas por dinheiro ou trabalho. No entanto, se tivessem compreendido a verdadeira condição do homem aos olhos de Deus, e a sua própria condição em particular, teriam-se expressado de forma diferente. O Espírito Santo de Deus não descreveu os homens como, "mortos em delitos e pecados?", (Efésios 2 verso 1). O que os mortos podem fazer? O Salvador não comparou os homens a um devedor que "não tinha nada a pagar"? (Lucas 7 verso 42). Que preço os falidos podem pagar?
A verdade é que a vida eterna é um dom de Deus. Como Paulo expressa: "O salário do pecado é a morte; mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor", (Romanos 6 verso 23). Aqui temos o princípio pelo qual Deus concede esse benefício inestimável. Não é a recompensa das boas obras, ou seria uma dívida, (Romanos 4 verso 4); é o dom do amor soberano para aqueles que não puderam fazer nem pagar nada para garanti-lo. A base sobre a qual a vida eterna é concedida é plenamente expressa nas conhecidas palavras de nosso Senhor Jesus a Nicodemos, registradas em João 3 versos 14 a 16. A Sua cruz, a satisfação da justiça de Deus e a poderosa expressão do amor de Deus, tornou possível que Ele conferisse a vida eterna a todos os que obedecem ao Evangelho.
A vida eterna tem dois aspectos. As Escrituras falam dela tanto como uma posse presente quanto como um prêmio a ser ganho na vinda do Senhor. O primeiro aspecto pode ser encontrado nos escritos de João; o outro nos escritos de Paulo. As palavras de João são muito explícitas: "Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida", (1ª João 5 versos 11 e 12). Esta é uma grande realidade, para ser desfrutada aqui e agora por cada crente. Sua grande característica é o conhecimento do Pai e do Filho.
A linguagem de Paulo é diferente, lemos: "Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna", (Romanos 6 verso 22).
Será que esta é, uma contradição de ensino dado pelo amado Apóstolo? De jeito nenhum. O pensamento de Paulo inclui tanto o corpo quanto a alma; e ele olha, portanto, para o momento glorioso do retorno do Senhor Jesus, quando os corpos de todos os salvos pela graça de Deus, que são os objetos de Seu amor, serão instantaneamente transformados e se tornarão absorvidos pela vida eterna, assim como suas almas são agora. Vemos esta mesma verdade do mesmo escritor inspirado colocada de forma impressionante em 2ª Coríntios 5 verso 4: "Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida."
"A mortalidade será engolida pela vida."
As declarações mais simples, completas e diretas sobre o que é a vida eterna podem ser encontradas, talvez, na primeira epístola de João, (o objetivo principal de toda a epístola é mostrar o que é essa vida). O apóstolo nos diz que: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, da Palavra da vida; porque a vida foi manifestada, e vimos e testifica e anuncia-vos aquela vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada". Aqui temos a vida eterna, primeiro com o Pai, mas manifestada na Pessoa de Cristo. Assim, no último capítulo o apóstolo nos diz: "E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida". "Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna." Isso, então, é mais definido e distinto. A vida está no Filho. Ele é a vida eterna. Assim João também afirma em seu evangelho: "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens". E ele diz mais: "Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também deu ao Filho ter vida em si mesmo" (João 5). Ele é um Espírito que dá vida; Ele vivifica quem Ele quer.
Tudo isso é claro. A vida está no Filho, ou Ele é vida. Ele tem isso em Sua Pessoa; Ele comunica isso. É dado por Deus, não ganho. "Eu", diz Cristo sobre Suas ovelhas, "vim para que tenham vida e a tenham em abundância".
Podemos agora ver como isso é obtido. É o Espírito operando pela palavra. Nascemos do Espírito; e "segundo a sua vontade, ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos uma espécie de primícias das suas criaturas", (Tiago 1 verso 18). O poder disso está no Espírito Santo, o dom divino de Jesus. É, "uma fonte de água que jorra para a vida eterna", (João 4). O Espírito Santo é vida, se Cristo estiver em nós, (Romanos 8). Ele deveria dar a vida eterna a tantos, (quantos o Pai deu a Ele), (João 17).
Lemos em Tito 1 verso 2, "a esperança da vida eterna, que Deus, que não pode mentir, prometeu antes do mundo começar". Como já fizemos notar, há outro aspecto no qual a vida eterna é vista, a saber, a sua plena realização em glória, de acordo com o pleno propósito de Deus. Nesta visão, é claro, não se diz que a temos, mas que a aguardamos e a seguimos. Assim, então Paulo disse a Timóteo: "Agarre-se, tome posse da vida eterna", (1ª Timóteo 6 verso 12).
Por John Nelson Darby
6. As Alianças na Bíblia
A Aliança com Adão (1)
É geralmente reconhecido que, embora muitas vezes úteis, as informações na Wikipédia nem sempre são precisas. Por exemplo, indica que talvez Priscila tenha sido a escritora anônima da Epístola aos Hebreus! Quando se trata de "Alianças Bíblicas", isso indica a grande variedade de opiniões sobre a natureza de uma aliança bíblica, dizendo-nos que os estudiosos veem algo entre uma e doze alianças diferentes. Aqui, no entanto, não abrangeremos de forma alguma o número superior de alianças, mas nos limitaremos ao que normalmente seria visto como pactos ou alianças bíblicas válidas.
Embora a palavra "aliança" seja empregada extensivamente nas Escrituras, mesmo sendo mantida nas traduções mais recentes, ela raramente é usada nas conversas atuais, portanto, uma indicação do significado da palavra parece necessária. As definições nos dicionários seculares transmitem a ideia de "um acordo solene" ou "um acordo juridicamente vinculativo", e isto expressa apropriadamente o significado bíblico de aliança.
A palavra é usada pela primeira vez em conexão com Noé: "contigo estabelecerei a minha aliança", (Gênesis 6 verso 18), e esta aliança tratará do acordo de Deus com Noé, que permanece válido até os dias de hoje. As outras alianças são as promessas de Deus a personagens notáveis como Abraão e Davi.
Algumas das alianças que Deus iniciou eram compromissos incondicionais, como as promessas a Abraão e Davi, mas noutras ocasiões, a bênção prometida dependia do cumprimento das outras partes do contrato, mais notavelmente a aliança da Lei; portanto, falamos de pactos unilaterais e bilaterais.
Embora a primeira referência a uma aliança esteja na história de Noé, parece que Deus fez uma aliança com Adão nos dias primitivos. Estamos em dívida com o profeta Oséias por nos esclarecer sobre isso. O povo de sua geração transgrediu uma aliança "como Adão", (Oséias 6 verso 7). Assim, o primeiro acordo que Deus fez com a humanidade, foi com o cabeça da raça, o próprio Adão.
Nas suas notas bíblicas, Scofield fala da Aliança Edênica, baseada em Gênesis 1 verso 28, segundo a qual, na dispensação da inocência, Adão estava sob o mandato de "reabastecer a terra e subjugá-la". Ele então se refere à Aliança Adâmica, baseada nos pronunciamentos de Deus subsequentes à Queda, quando Ele condenou a humanidade e a terra a condições desagradáveis, aguardando a vinda da Era do Reino (Gênesis 3 versos 14 a 19). Paulo descreveu isso como "a criação [sendo] sujeita à vaidade, não por sua própria vontade", até ser finalmente "libertada da escravidão da corrupção", (Romanos 8 versos 20 a 21).
A descrição que Scofield faz dessas instruções e pronunciamentos como alianças é possivelmente válida, mas a maneira como a linguagem de Oséias é formulada e seu uso da palavra, "transgredido", nos deixa com a nítida impressão de que a aliança de Deus com Adão se relaciona com Suas instruções a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal, (Gênesis 2 versos 16 e 17). Não há registro do que foi prometido caso Adão observasse submissamente Seu mandamento em relação àquela árvore, mas pelo teor da advertência de Deus, pode ser legítimo conjecturar que havia a garantia de vida perpétua no planeta. A ameaça negativa prometia a morte pelo não cumprimento: "no dia em que dela comeres, certamente morrerás", (verso 17). Assim, a aliança era um acordo bilateral que exigia a obediência total de Adão para garantir a sua sobrevivência contínua.
Não temos ideia de quanto tempo durou o estado de inocência de Adão, mas Gênesis 3 é o triste registro de sua violação da aliança de Deus; é o relato do primeiro pecado humano, descrito por Paulo como "desobediência", (Romanos 5 verso 19). O ato rebelde foi precedido pela duplicidade da serpente, com a insinuação de que Deus nunca implementaria o lado punitivo de Sua aliança: "Certamente não morrereis", (Gênesis 3 verso 4). Isto resultou no engano de Eva, (2ª Coríntios 11 verso 3; 1ª Timóteo 2 verso 14). Esta última Escritura insiste que "Adão não foi enganado"; portanto, seu ato foi de desafio deliberado, – os termos da aliança foram violados.
Para Adão pessoalmente, as consequências de ignorar audaciosamente as condições da aliança foram imediatas. Novas emoções desagradáveis giravam em torno de sua mente: vergonha (Gênesis 3 verso 7), culpa, (verso 8), medo, (verso 10) e suspeita, (verso 11). Havia agora a perspectiva de um trabalho incansável para sustentar a vida, (versos 17 a 19), mas no final, apesar de todo o esforço, a batalha seria perdida. A morte seria a vencedora inevitável: "tu és pó e ao pó retornarás", (verso 19). Adão era agora uma criatura mortal, pois independentemente do argumento do diabo em contrário, incorporado na aliança de Deus com Adão estava este: "certamente morrerás", (Gênesis 2 verso 17). As alianças de Deus são certas e Suas ameaças, bem como Suas promessas, são cumpridas, e assim está registrado: "e ele morreu", (Gênesis 5 verso 5).
Para a humanidade, os resultados da insubordinação de Adão foram imensos. Porque Adão violou a primeira aliança que Deus fez com o homem, seguiu-se uma tragédia, com doenças e morte afetando as nossas pessoas, e desastres como fomes, inundações e terremotos afetando o nosso planeta.
Além disso, como cabeça da raça, ele levou todos sob sua liderança a um estado de pecador. Tanto em Romanos 3 verso 23 como em Romanos 5 verso 12 somos informados de que "todos pecaram", mas um não é uma réplica do outro. A primeira é uma referência ao nosso fracasso pessoal em atingir o padrão perfeito de Deus, enquanto em Romanos 5 verso 12, temos o pensamento é que quando Adão pecou, pecamos em associação com ele como cabeça da raça. É o conceito oriental de solidariedade de uma raça de pessoas, ilustrado em Hebreus 7, onde as ações de Abraão envolvem seus descendentes, (versos 4 a 10).
Adão é a única pessoa nas Escrituras que é considerada um "tipo" do Senhor Jesus, (Romanos 5 verso 14). Ele é um tipo de uma maneira específica. Um ato de sua parte, um ato de desobediência, teve efeitos extremamente adversos para todos os que estavam sob sua liderança; um ato da parte do Senhor Jesus, um ato de obediência ao ir à cruz, teve efeitos enormemente benéficos para todos os que estão sob Sua liderança, (Romanos 5 verso 19). Todos os salvos por Cristo, são aqueles que não estão mais "em Adão", mas "em Cristo" e, como tal, temos a certeza de que a morte não será o vencedor final, pois "em Cristo todos serão vivificados", e "nós também traremos a imagem do celestial", (1ª Coríntios 15 verso 22 e 49).
O ponto crucial para toda a humanidade depois da queda de Adão é que, todos pecaram e carecem, ou estão destituídos da glória de Deus. Em seus pecados, se torna impossível qualquer pessoa entrar no céu, depois da morte. É necessário ser salvo pela graça de Deus mediante a fé no Senhor Jesus Cristo. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2 versos 8 e 9)
Cada pessoa tem uma alma imortal e eterna, que não deixa de existir na hora da morte, nem entra num estado de sono, e muito menos vai reencarnar para volta ao mundo e pagar por seus pecados passados.
Um pecador salvo pela graça de Deus, sem obras, e mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, morrendo, sua alma vai para o céu. O apóstolo Paulo disse aos crentes de Filipos: "Mas a nossa cidade está nos céus." (Filipenses 3 verso 20)
Mas quando um pecador sem esta salvação morre, seu corpo é sepultado, mas sua alma, a verdadeira pessoa que abitou naquele corpo, entra imediatamente no inferno, e sofrerá eternamente as consequências dos seus pecados. O Senhor Jesus contou uma história nestes termos: "Morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos." (Lucas 16 versos 22 e 23)
Deus deseja salvar a todos, mas nem todos querem ser salvos. E você, onde estará na eternidade?
"Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo." (Hebreus 9 verso 27)
A Aliança com Noé (2)
A aliança de Deus com Noé foi o Seu primeiro acordo unilateral, pelo qual promessas incondicionais foram feitas por um "Deus que não pode mentir", (Tito 1 verso 2). Antes do dilúvio, Deus havia prometido a Noé que "contigo estabelecerei a minha aliança", (Gênesis 6 verso 18); observe o pronome singular "contigo". Após o dilúvio, tornou-se evidente que esta promessa se tornaria eficaz para toda a humanidade: "E falou Deus a Noé e a seus filhos com ele, dizendo: "E eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois você", (Gênesis 9 versos 8 e 9). Este seria um acordo universal com os homens, pois todos descendem de Noé e de seus filhos, pois "deles se espalhou toda a terra", (verso 19). Na verdade, beneficiou todas as espécies, – "toda a carne que está sobre a terra", (versos 16 e 17).
Antes de examinar a aliança, lembre-se do contexto. A inundação era agora história recente; a escalada do mal durante os séculos exigiu o extermínio dos ocupantes da Terra. Enormes reservas de água armazenadas sob a crosta terrestre foram expelidas implacavelmente pela face do planeta e, além disso, houve um dilúvio incessante vindo dos céus, (Gênesis 7 versos 11 e 12). O resultado foi um dilúvio universal a tal ponto que "as montanhas foram cobertas", (verso 20). Noé foi o sobrevivente; a graça da parte de Deus (Gênesis 6 verso 8), e a fé da parte de Noé, (Hebreus 11 verso 7), o viram emergir de seu abrigo, "salvo pela água", (1ª Pedro 3 verso 20).
Houve gratidão imediata da parte de Noé, resultando em sua oferta de holocaustos, (Gênesis 8 verso 20), e "o Senhor sentiu um cheiro suave", (verso 21). Nas Escrituras, as características humanas são atribuídas a Deus, – o que chamamos de antropomorfismo. Aqui, um dos sentidos humanos é atribuído a Ele: "Deus sentiu uma doce fragrância do sacrifício de Noé". A palavra "cheiro", carrega a ideia de um odor sendo soprado (Forte), e a imagem é a de um aroma agradável flutuando em direção ao céu. A palavra "suave" contém o conceito de "descanso" e, portanto, alguns traduzem a frase, "um sabor de descanso". Esses sacrifícios proporcionaram a Deus uma sensação de contentamento, e Ele respondeu imediatamente à atividade de Noé, decidindo: "Não amaldiçoarei mais a terra com água por causa do homem". A incorrigível maldade humana teria exigido uma inundação em intervalos regulares! Isso nunca aconteceria, porque Deus "sentiu um cheiro suave".
A intenção de Deus era manter permanentemente a variação dos climas e das estações e a rotina dia e noite "enquanto a terra durar", ininterrupta por outro dilúvio universal, (verso 22). Não há registro de que isso tenha sido comunicado a Noé, mas obviamente fazia parte do acordo de Deus com ele. Jeremias descreveu-a como a "aliança" de Deus ao afirmar a permanência da dinastia de Davi. Seu argumento era que há tantas possibilidades de interferir na promessa de Deus a Davi quanto de interferir em Sua "aliança do dia e da noite", (Jeremias 33 versos 20 e 21). Assim, como descendentes de Noé, ainda desfrutamos dos benefícios da mudança das estações que facilitam a produção agrícola para o nosso sustento, e do ciclo dia e noite que equilibra a atividade e o sono para os nossos sistemas. William Cowper capturou o conceito dos decretos de um Deus superlativamente sábio em seus versos frequentemente cantados:
Nas profundezas de minas insondáveis
De habilidade infalível,
Ele entesoura Seus desígnios brilhantes
E realiza Sua vontade soberana.
Entre a expressão de diferentes aspectos da aliança, Deus introduziu inúmeras inovações para atender à nova era que chamamos de, "A Dispensação do Governo Humano". Os sobreviventes do dilúvio foram comissionados para iniciar o processo de reabastecimento da terra, (Gênesis 9 verso 1). Aliado a isso, eles foram investidos de autoridade sobre animais, pássaros e peixes, e Deus plantou dentro dessas criaturas um medo inato da humanidade. É geralmente aceito que somente quando se sentem ameaçados é que até mesmo os animais mais selvagens atacam os humanos. Como princípio geral, Tiago declara: "toda espécie de animais... foi domesticada pela humanidade", (Tiago 3 verso 7). É significativo que a distinção da humanidade seja mantida; o homem é uma criatura à parte, não apenas um animal sofisticado!
A liberdade foi dada para usar carne animal como alimento, (Gênesis 9 verso 3). Aparentemente, antes do dilúvio, a humanidade era vegetariana, mas a sua dieta agora incluía peixes, aves e carne. A aliança de Deus com Israel restringiu o âmbito da sua vida como parte de um regime que os tornou distintos, mas o Novo Testamento restabeleceu a plena liberdade que tinha sido estendida a Noé: "toda criatura de Deus é boa... é santificada pela Palavra de Deus, e a oração", (1ª Timóteo 4 versos 4 e 5). De uma perspectiva bíblica, os crentes não precisam ser nem vegetarianos nem escrupulosos em relação a qualquer tipo de carne. A advertência sobre o sangue, (Gênesis 9 verso 4), é importante; entre outras coisas, é uma questão de saúde. Qualquer doença em um animal é transmitida pela corrente sanguínea.
A gravidade do assassinato é explicada pelo fato de que o homem foi feito à imagem de Deus, e terminar voluntariamente uma vida humana expressa um ódio inato a Deus. Assim, Deus introduziu a pena capital, (Gênesis 9 versos 5 e 6). Não foi rescindido pela Lei de Moisés, e o ensino do Novo Testamento não defende a sua abolição. Na verdade, ensina que um dos deveres do Estado é manter a lei e a ordem, incluindo a responsabilidade de aplicar a pena de morte. É um assunto emotivo, mas não cabe ao crente exigir vingança; essa é a responsabilidade do governo civil como "ministro de Deus", (Romanos 13 versos 1 a 7).
Conforme observado, a aliança de Deus com Noé incluía a humanidade, (Gênesis 9 verso 9); foi um compromisso permanente, (verso 12), uma "aliança eterna", (verso 16). Essencialmente, foi a garantia da parte de Deus de que Ele nunca mais infligiria punição por meio de um dilúvio, (verso 11). O "arco na nuvem", (verso 13), era um "sinal" visível, um sinal que autenticava Sua promessa. Milênios se passaram; a promessa de Deus foi cumprida; o aparecimento frequente do arco nas nuvens é um lembrete de que, "Deus não é homem, para que minta", (Números 23 verso 19).
O fato de que nunca mais haverá outro dilúvio não significa que Deus nunca intervirá novamente em juízo sobre este mundo. Depois do arrebatamento da Igreja ao céu, vira a Tribulação a este mundo, e durante este período, tal será a severidade das expressões de ira que, se Deus não a restringisse, "nenhuma carne seria salva", (Mateus 24 verso 22). Então, saindo das referências ao dilúvio, Pedro dá um salto quântico até o fim dos tempos e mostra que o universo como é agora está "reservado ao fogo", (2ª Pedro 3 verso7). O Deus que o trouxe esta terra à existência do nada, irá atribuí-lo ao nada novamente, acompanhado por "um grande estrondo" e "calor ardente", (verso 10).
Nos dias que antecedem o dilúvio, os que pertencem à família de Deus trilham um caminho de peregrinos. Eles deixam o mundo para Caim. Não há neles nenhum sentimento de disputa e nem tampouco o menor indício de queixa. Eles não dizem, e nem pensam em dizer, "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança", (Lucas 12 verso 13). Em seus hábitos e princípios de conduta, eles são tão distintos de seu irmão infrator (Caim) que parecem pertencer a uma outra raça; é como se vivessem em outro mundo.
A família de Caim é que faz toda a história do mundo. Eles constroem as cidades, eles promovem as artes, eles conduzem os negócios, eles inventam seus prazeres e passatempos. Mas em nada disso é encontrada a família de Sete. Os daquela geração chamam às suas cidades por seus nomes; os desta se fazem chamar pelo nome do Senhor. Os daquela fazem tudo o que podem para tornar o mundo seu, e não do Senhor; os da outra fazem tudo o que podem para se fazerem do Senhor e não mais pertencerem a si mesmos. Caim escreve seu próprio nome sobre a terra; Sete, escreve o nome do Senhor sobre si.
Podemos bendizer ao Senhor por este vigoroso perfil de estrangeiros celestiais vivendo na Terra, e rogar por graça para experimentarmos em nossas almas, e em nossas vidas, um pouco do seu poder. Temos uma lição a aprender disso.
Os instintos de nossa mente renovada nos sugerem que sigamos o mesmo caminho celestial com igual certeza e desembaraço. O chamado de Deus nos indica esse caminho, e todo o Seu ensino exige que o trilhemos. Os passatempos, costumes, interesses e prazeres dos filhos de Caim nada significam para esses peregrinos. Como ocorre ainda hoje, eles deixam bem claro que rejeitam a ideia de que este mundo seja capaz de lhes trazer satisfação. Eles estão descontentes com o mundo e não se esforçam nem um pouco para inverter esta situação. É nisto que está fundamentada a sua separação da senda de Caim e de sua casa. Eles não estavam preocupados com o país que os cercava, mas procuraram uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Eles são completamente contra o caminho de Caim, e têm um claro discernimento do caminho de Deus.
O Senhor deseja que sigamos esse mesmo padrão, estando no mundo, mas não sendo do mundo. Somos do céu, embora ainda não estejamos lá (exceto no que diz respeito à nossa posição em Cristo). Paulo, no Espírito Santo, desejou também que fôssemos assim, seguindo o exemplo daqueles cuja "cidade está nos céus", (Filipenses 3 verso 20). Pedro, no mesmo Espírito, desejou que fôssemos como "peregrinos e forasteiros", abstendo-nos "das concupiscências carnais", (1ª Pedro 2 verso 11). Tiago nos convoca, no mesmo Espírito, a sabermos que "a amizade do mundo é inimizade contra Deus", (Tiago 4 verso 4). E João nos separa como de um só golpe: "Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno", (1ª João 5 verso 19).
A Aliança com Abraão (3)
A aliança de Deus com Abraão dizia respeito principalmente à terra de Canaã e à promessa de que seus descendentes teriam direito a ela e a ocupariam integralmente. Deus o chamou em Ur dos Caldeus, (Hebreus 11 verso 8), com instruções para abandonar sua terra natal e se mudar para uma terra que Ele lhe mostraria, (Gênesis 12 verso 1; Atos 7 verso 3). Ao chegar lá, ele teve liberdade para viajar por toda a extensão da terra, mas nunca teve propriedade de nada dela, exceto que comprou um cemitério para sua esposa Sara, no final de seus dias, (Gênesis 13 verso 17; Atos 7 verso 5; e Gênesis 23).
Ao seu chamado, Deus acrescentou uma série de promessas auxiliares, à promessa de que Deus lhe mostraria a terra. Embora não tivesse filhos, foi-lhe dito que se tornaria "uma grande nação". Ele seria abençoado e desfrutaria de grandeza pessoal; ele seria um canal de bênção para outros, e seria vantajoso quem tomasse partido com Abraão, e prejudicial ser hostil a ele, (Gênesis 12 versos 2 e 3).
Após a separação com Ló, seu sobrinho, Deus convidou Abraão a inspecionar o território, – norte, sul, leste e oeste. Desta vez, o compromisso não era apenas mostrar-lhe a terra prometida como quando ainda estava em Ur, mas dar-lhe essa terra e aos seus descendentes; "toda a terra que vês, a ti darei e à tua descendência para sempre", (Gênesis 13 verso 15). Foi a confirmação do compromisso anterior, e imediatamente Abraão percorreu toda a extensão da terra, estabelecendo-se em Hebron, (Gênesis 13 versos 14 a 18).
Em última análise, Deus contratou formalmente Canaã a Abraão e seus descendentes, (Gênesis 15). Tendo prometido mais uma vez que seria o progenitor de multidões, (versos 1 a 6), novamente houve a promessa da terra (verso 7). Abraão aprendeu no capítulo 14 que Deus é "o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da terra", (verso 19); sem dúvida ele entendeu que o Possuidor tinha a prerrogativa de distribuí-lo como quisesse!
Esta Aliança Abraâmica foi um contrato unilateral pelo qual Deus prometeu Canaã ao patriarca e seus sucessores sem compromisso, (Gênesis 15 verso 18); foi por isso que Deus o tirou "de Ur dos Caldeus", (verso 7). Abraão havia aceitado a promessa de descendência, (verso 6), mas agora queria uma garantia da terra, (verso 8).
Nos tempos antigos, quando duas partes entravam num acordo, havia um processo elaborado que envolvia sacrifícios e a divisão dos animais. Os "signatários" do acordo caminharam entre as peças como uma indicação de que haviam fechado um acordo. Assim, aqui, Deus exigiu que várias criaturas estivessem disponíveis para sacrifício como parte integrante do ritual da aliança.
Observe que não havia nenhuma exigência para Abraão andar entre as peças porque, como vimos, esse acordo estava todo do lado de Deus; nenhuma obrigação recaiu sobre o patriarca. O elemento milagroso no procedimento seria que somente Deus, representado na fornalha fumegante e na lâmpada acesa, passaria entre as peças dos sacrifícios para satisfazer o pedido de Abraão por um sinal de que Sua Palavra seria cumprida. Em situações em que sacrifícios como esse eram exigidos, havia um prenúncio do único sacrifício final do Salvador. Aqui, a bênção prometida baseava-se no sacrifício e, portanto, está conosco no que diz respeito à nossa herança espiritual.
A obediência de Abraão deve ser notada. A ordem de Deus foi, "Leva-me uma novilha de três anos", (Gênesis 15 verso 9). As escrituras registram: "E ele levou consigo todos estes", (verso 10). Esta foi a obediência implícita. A afirmação é tão simples, mas essa obediência simples é crucial para o nosso bem-estar e progresso espiritual. Maria, disse aos serventes em ralação a Jesus: "Tudo o que Ele vos disser, fazei-o", (João 2 verso 5).
Os últimos versículos do capítulo de Gênesis 15, elucidam a promessa de Deus a Abraão no versículo 7. Ali a linguagem é "dar-te-ei esta terra", sendo "te", um pronome singular. Na verdade, Estêvão indicou que Abraão pessoalmente nunca foi considerado como possuidor da terra, (Atos 7 verso 5). Ele residia nela e Deus prometeu-lhe isso, mas seria a sua "descendência" que a povoaria e controlaria de forma abrangente depois de expulsar os seus antigos habitantes. Da parte de Deus, o cumprimento da promessa da terra a Abraão e à sua descendência parecia um fato consumado mais de quatrocentos anos antes de acontecer! Eu "dei esta terra", (verso 18). As intenções de Deus são muitas vezes vistas como realizações, como quando se diz que as pessoas justificadas já estão "glorificadas", (Romanos 8 verso 30).
Nos assuntos jurídicos, o título de propriedade da terra é elaborado cuidadosamente com limites bem definidos. Aqui, Deus delineia o território que Ele promete a Abraão, (Gênesis 15 versos 18 a 21). O fato de a expansão ser tão claramente definida é uma evidência conclusiva de que se refere a uma localização geográfica na terra; nunca deveria ser espiritualizado para significar o paraíso!
Na conquista de Canaã, "o Senhor deu a Israel toda a terra que jurou dar a seus pais", (Josué 21 verso 43). O mais perto que Israel chegou de desfrutá-lo inteiramente foi durante os dias tranquilos dos reinos de Davi e Salomão. Quando a teocracia for introduzida nos últimos mil anos da história humana, o Senhor Jesus "terá domínio também de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra", (Salmos 72 verso 8). Finalmente, a Aliança Abraâmica será completamente implementada.
Houve treze anos de silêncio após o nascimento de Ismael, e então Deus apareceu novamente a Abraão, confirmando Seu compromisso anterior com relação aos seus descendentes e à terra. Sua promessa era irreversível, pois era "uma aliança eterna", (Gênesis 17 verso 7), e Canaã seria "uma possessão eterna", (verso 8). [Veja também Salmos 105 versos 8 a 13.] Embora Ismael tenha sido gerado antes de Isaque, esse convênio seria com a família proveniente de Isaque; "Isaque… estabelecerei com ele a minha aliança" (Gênesis 17 verso 19). Na verdade, a aliança foi reafirmada tanto para Isaque como para Jacó, (Gênesis 26 verso 3; Capítulo 28 versos 13 e 14; e Capítulo 35 versos 11 e 12).
Embora a promessa da terra fosse incondicional e irreversível, Deus ordenou o que Ele chamou de "sinal da aliança entre mim e ti", (Gênesis 17 verso 11), e Abraão e seus descendentes tiveram que se submeter ao rito da circuncisão. Quando o povo de Israel perdeu de vista a promessa da terra, eles falharam em circuncidar os seus filhos. Durante os 40 anos de Moisés em Midiã, quando ele estava "contente" ali, ele negligenciou a circuncisão de seus filhos, e durante os 40 anos em que o povo de Israel perdeu o ânimo no deserto, nenhum de seus filhos foi circuncidado, (Êxodo 4 versos 24 a 26; Josué 5 verso 5). A fé na promessa havia desaparecido, então "o sinal" foi ignorado. Alegremo-nos porque, apesar da rebelião persistente de Israel, eles são "amados por causa dos pais", e as promessas de Deus para eles serão cumpridas, incluindo a promessa da terra, pois "os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento", (Romanos 11 versos 28 e 29).
É um sentimento muito comum, aos recém-convertidos ao Senhor, o medo de perderem a sua salvação, por notarem que o pecado continua a operar em sua carne. Como quem escreve estas linhas viveu também tal experiência e, pela graça de Deus, a superou, desejo ajudar os que sentem tal amargura que é o medo de se perderem novamente.
Não é possível que isto aconteça, pois Cristo "com uma só oblação aperfeiçoou PARA SEMPRE os que são santificados" (Hebreus 10 verso 14). O medo de se perder a salvação ocorre quando o coração não está firme no fato de que a salvação não depende da nossa conduta, seja antes ou depois da conversão, mas unicamente da perfeição e eficácia da obra de Cristo na cruz. "Temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. Portanto, pode também salvar PERFEITAMENTE os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 10 verso 10; e Capítulo 7 verso 25).
Por conseguinte, queridos remidos pelo precioso sangue de Cristo, não tenham medo, pois "se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu…", (Romanos 8 verso 31 a 34).
Quando um certo pregador voltou a visitar uma localidade onde havia estado um ano antes, aproximou-se dele uma recém-convertida, com lágrimas nos olhos, dizendo-lhe:
– É horrível o que está acontecendo comigo! Já não sinto a felicidade de ser salva…"
– Você está decepcionada consigo mesma? – Perguntou o visitante.
– Sim, – foi a resposta, – Sinto uma grande tristeza dentro de mim.
– Vamos examinar, então, qual é a causa de sua tristeza, – disse ele, e continuou, – Você acredita que, quando aceitou o Senhor Jesus como seu Salvador no ano passado, Ele sabia que você iria estar sentindo isto agora, assim como Ele sabe de tudo o que vai acontecer ao longo de sua vida?
– Certamente que sim, – foi a resposta.
– Você já sabe que Ele não a desprezou quando foi a Ele, como promete na Sua Palavra: "Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora", (João 6 verso 37). Agora você se sente decepcionada consigo mesmo, mas deve perceber que o Senhor, quando a aceitou, já sabia que isto ia acontecer, e a aceitou assim mesmo. Você não acha, então, que o seu temor reflete uma certa desconfiança do que o Senhor Jesus Cristo fez na cruz do Calvário, por você e por cada um que n'Ele crê?
O rosto da jovem, antes choroso e triste, iluminou-se com alegria e gozo, pois estas reflexões devolveram a paz e o sossego à sua alma.
No coração de cada filho de Deus deve reinar o gozo e a paz por reconhecer que o amado Senhor Jesus não morreu na cruz somente por um número limitado dos nossos pecados, mas por TODOS eles. Deus conhece de antemão a nossa vida e natureza, e não limita o Seu amor à nossa fidelidade. Lemos esta verdade no Salmo 103, que diz: "Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó", (verso 14).
Lemos, pois, que o Senhor Jesus levou "em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro". Sim, querido amigo, "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus", (1ª Pedro 2 verso 24; e Capítulo 3 verso 18). Aos que confiam n'Ele como seu Salvador, Cristo salva-os eternamente!
A Aliança Mosaica (4)
A aliança de Deus com Israel foi um acordo bilateral que prometia bênçãos, condicional à sua obediência. O termo genérico que as Escrituras usam para descrever as exigências da aliança é, "A Lei". Assim, os teólogos chamam esta aliança de Aliança Mosaica, porque "foi ordenada por anjos pela mão de um mediador", nomeadamente Moisés, (Gálatas 3 verso 19). Tanto o Senhor Jesus como Paulo ficaram felizes em referir-se a ela como, "a lei de Moisés", (por exemplo, João 7 verso 23; Atos 13 verso 39), um termo usado extensivamente no Antigo Testamento. Outros chamam esta aliança de Aliança Sinaítica, referindo-se ao Monte Sinai, o local onde os termos da aliança foram delineados.
Uma descrição bíblica desta aliança é, "a antiga aliança", (2ª Coríntios 3 verso 14), em contraste com a nova aliança, que é uma promessa incondicional de bênção para Israel no futuro.
Israel estava livre do Egito há três meses, (Êxodo 19 verso 1). Deus os trouxe para Si como se estivessem em asas de águia, uma metáfora que transmite conceitos de força e apoio, compaixão e controle, (verso 4). Uma conversa preliminar com Moisés resumiu Suas intenções para eles e os pré-requisitos para implementação.
Entre todos os povos da terra, esta nação seria Seu "bem precioso" com um lugar muito especial em Seu coração, (verso 5). Eles formariam um reino teocrático, com a expectativa de que funcionariam como sacerdotes perante seu Soberano divino, (verso 6). A singularidade de sua dieta, vestimenta e comportamento os tornaria uma "nação santa", distinta de todos os arredores.
As qualificações para esse relacionamento privilegiado com Jeová eram as seguintes: "se verdadeiramente obedecerdes à minha voz e guardardes a minha aliança, então...", (verso 5). Em uma palavra, a obediência seria um pré-requisito para a bênção.
Moisés transmitiu esse prólogo da aliança aos anciãos, e a resposta imediata deles foi positiva! "Tudo o que o Senhor falou faremos", (verso 8). Eles estavam determinados a assinar o acordo rapidamente e reiterariam essa resposta mesmo depois de terem ouvido os termos do contrato.
Foram implementados preparativos elaborados e controlos rigorosos, tendo sido observados fenômenos dramáticos; agora, o povo estava pronto para "encontrar-se com Deus", (Êxodo 19 versos 9 a 17). O barulho era ensurdecedor, junto com o trovão, e "a voz da trombeta extremamente alta" tornando-se "cada vez mais alta", (versos 16 e 19), mas acima do tumulto, aqueles reunidos sob a sombra do Sinai ouviram uma voz penetrante quando "Deus falou todas estas palavras", (Êxodo 20 verso 1). Os princípios fundamentais da aliança foram comunicados de forma audível por Deus, (os dez mandamentos), especificamente designados, "sua aliança, que ele ordenou que você cumprisse, sim, dez mandamentos", (Deuteronômio 4 verso 13). Moisés decorreu mais instruções depois que o povo aterrorizado lhe disse: "Fala tu conosco, e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que não morramos" (Êxodo 20 verso 19).
Deus descreveu essas instruções como, "os julgamentos que lhes porás", (Êxodo 21 verso 1), leis para governar sua vida nacional. Assuntos domésticos são abordados, o emprego é tratado e questões religiosas são delineadas. A agricultura tornar-se-ia a sua principal indústria, e isso é assegurado por uma extensa legislação relativa à terra e aos animais. As penalidades para a criminalidade são estabelecidas para violência, desonestidade ou má conduta sexual. São abordadas questões sociais, como o cuidado das viúvas e dos órfãos e o bem-estar geral dos pobres. A injustiça é redondamente condenada.
"Moisés escreveu todas as palavras do Senhor" num livro, descrito como "o livro da aliança" que foi "lido na audiência do povo", (Êxodo 24 versos 4 e 7). No capítulo 19 eles concordaram com o princípio geral de que se Deus desse regras, eles obedeceriam. Agora eles tinham os detalhes e ainda estavam firmes em seu compromisso de aderir a todos os princípios da legislação divina: "Tudo o que o Senhor disse faremos e seremos obedientes", (verso 7). Eles agora sabiam que todos os aspectos do seu bem-estar dependiam da sua obediência. A segurança da sua nação, colheitas abundantes, rebanhos e manadas crescentes e a sua saúde pessoal, (Êxodo 23 versos 20 a 33), dependiam todos da sua submissão aos ditames divinos. Mais tarde, as ramificações da obediência seriam explicadas em grande detalhe, assim como as terríveis implicações do não cumprimento (por exemplo, Deuteronômio 28).
A referência ao "livro da aliança" é seguida por uma alusão ao "sangue da aliança", (Êxodo 24 verso 8). Como uma indicação de que eles haviam "assinado" os termos da aliança, "Moisés tomou o sangue e aspergiu-o sobre o povo", uma forma habitual de apertar a mão num acordo nos tempos antigos; a aliança com Israel estava agora em vigor.
Talvez deva ser notado que, no que diz respeito à salvação pessoal, o cumprimento da lei nunca foi a base sobre a qual Deus abençoaria. O "faça isto e viverás" de (Lucas 10 verso 28) nunca foi viável, porque a Lei era "fraca pela carne". A Lei fez exigências, mas não deu poder para cumprir, e tal é a natureza incorrigível da carne pecaminosa; é incapaz de se submeter à Lei, (Romanos 8 versos 3 a 8). O melhor que a Lei pôde fazer foi expor a maldade humana, (Romanos 3 verso 20). Contudo, a morte de Cristo tem valor retrospectivo, a propiciação declarando a justiça de Deus "para remissão dos pecados cometidos anteriormente, pela paciência de Deus", (Romanos 3 verso 25). Além disso, em todas as épocas, o princípio sobre o qual a bênção da salvação foi concedida tem sido o da fé. Uma leitura dos primeiros versículos de Hebreus 11 demonstra isso.
A tinta do papel mal secava quando houve a primeira violação da aliança com o incidente do bezerro de ouro, (Êxodo 32)! Foi o protótipo de um longo relato de fracasso, desobediência e pura rebelião que arruinou a história de Israel. Deus implementa as Suas ameaças tão certamente como cumpre as Suas promessas, e a história do Antigo Testamento é salpicada de narrativas de invasão, fome, pestilência e deportação final. O comentário divino é, "Eles não guardaram a aliança de Deus", (Salmos 78 verso 10). Refletindo sobre a aliança que Deus havia feito com eles quando estavam saindo do Egito, Deus disse o seguinte: "que minha aliança eles quebraram", (Jeremias 31 verso 32).
O acordo de Deus com Israel exigia a observância do sábado. Cada um dos Dez Mandamentos é ratificado no Novo Testamento pelo menos por inferência, com exceção da ordem de guardar o sábado. Embora todas as exigências morais da Lei sejam vistas como um comportamento adequado para os crentes, o sábado era "um sinal" entre Deus e Israel (Êxodo 31 versos 13 e 17), "uma aliança perpétua", (verso 16). Era uma forma óbvia e pública pela qual a nação se distinguia das pessoas ao seu redor. Novamente, houve momentos em que esta questão foi ignorada, e homens como Neemias viram isso como uma grave violação dos termos da aliança, (Neemias 13 versos 15 a 22).
Finalizo apresentando o contraste entre a Lei e a Graça, pois a Lei foi dada por Moisés; mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo", (João 1 verso 17). Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê", (Romanos 10 verso 4). E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados por Ele é justificado todo aquele que crê", (Atos 13 verso 39).
Os dois princípios são distintos, e estão em nítido contraste um com o outro, não podendo ser harmonizados, nem acrescentados um ao outro. A lei torna a minha situação dependente daquilo que sou em relação a Deus. A graça faz tudo depender daquilo que Deus é para mim.
A lei exige; a graça oferece.
A lei condena; a graça justifica.
A lei amaldiçoa; a graça abençoa
A lei conserva em escravidão; a graça liberta o crente.
Porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça", (Romanos 6 verso 15). A lei diz: "Farás". A graça diz: "Está feito". A lei exige do homem justiça. A graça veste o homem com a justiça de Deus.
Tal como Deus fez túnicas de peles para vestir a Adão e Eva, assim a morte expiatória do Cordeiro de Deus cobre o crente. É "o melhor vestido", (Lucas 15 verso 22); a "justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem", (Romanos 3 verso 22).
O nosso Substituto, que nunca pecou, foi feito "pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus", (2ª Coríntios 5 verso 21); "agradáveis a Si no Amado", (Efésios 1 verso 6). "Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8.1). "Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo", (2ª Coríntios 5 verso 17).
Se, depois de Deus haver feito para Adão e sua mulher aquelas túnicas de peles tão belas e duradouras, continuassem a fazer aventais de folhas de figueira; ou se tentassem adicionar às túnicas algum melhoramento, da sua própria imaginação, o que se pensaria deles? Contudo, é justamente isto que muitos, que se intitulam cristãos, estão fazendo. Já nos primeiros dias da Igreja o faziam; mas escute, amigo: "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou?… Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?… Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós… Estai pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão… Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: da graça tendes caído", (Gálatas 3 versos 1,3 e 13; Capítulo 5 versos 1 e 4).
Falsos irmãos, que ensinavam ser indispensável observar a lei, tinham perturbado os crentes, pervertendo o evangelho da graça de Cristo. Ensinavam ser obrigatório observar a lei.
(Leia com atenção: Atos 15 versos 1 a 11, e 24; Gálatas 1 versos 6 e 7; Capítulo 2 versos 4 e 16; e Capítulo 5 versos 10 e 12).
Adão e Eva foram mais sensatos. Não mereciam, nem tiveram de trabalhar para obter as túnicas de peles, nem acrescentar qualquer coisa à dádiva de Deus. Tinham trabalhado em vão para encobrir sua culpa. Agora só lhes restava agradecer a Deus a Sua graça para com eles. Então, depois de terem sido vestidos por Deus, podiam manifestar o que Deus tinha feito para beneficiá-los.
As nossas obras nunca podem ser o meio da nossa salvação. Mas, depois de sermos salvos por fé na obra de Cristo, a nova vida há de se manifestar em boas obras, como evidência do fato de sermos novas criaturas. "Eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras", (Tiago 2 verso 18). Certamente que aqueles que creem em Deus devem procurar "aplicar-se às boas obras", (Tito 3 verso 8), "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas", (Efésios 2 verso 10).
Não vou trabalhar, minha alma pra salvar,
Pois Cristo essa obra completou;
Mas prontamente irei, com alegria trabalhar,
Pra Quem a minha alma resgatou.
A Aliança com Israel (5)
Depois de 40 anos, as peregrinações de Israel no deserto terminaram. Eles estavam agora acampados "na terra de Moabe" e os campos verdejantes de Canaã acenavam, (Deuteronômio 29 verso 1). A aliança da lei foi acordada em Horebe, outro nome para o Sinai, ou talvez um pico na cordilheira do Sinai, (verso 1). Agora Deus estava fazendo uma aliança que era um acréscimo à Lei, uma confirmação da aliança com Abraão quando Ele lhe prometeu a terra. O pacto da lei era um acordo bilateral. Os seus benefícios dependiam da submissão do povo, mas o compromisso de Deus de dar a terra aos descendentes de Abraão não estava condicionado ao bom comportamento. Para que não houvesse qualquer dúvida sobre isso, Ele agora fez esta "aliança adicional... além da aliança que fez com eles em Horebe", (Deuteronômio 29 verso 1). É um princípio geral que nada dito na Lei poderia de alguma forma anular as promessas feitas a Abraão, (Gálatas 3 versos 15 a 19).
Alguns chamaram esta aliança de Aliança Palestina, embora talvez não seja a melhor descrição do acordo, pois a palavra Palestina é aliada à palavra Filisteu, e "a terra da Filistia" era apenas um fragmento do território prometido a Abraão. Portanto, é possivelmente preferível referir-se a ele pela sua descrição alternativa, o Pacto de Terras. Num certo sentido, é uma ampliação e um endosso da aliança com Abraão, e igualmente incondicional. A leitura dos primeiros versículos de Deuteronômio 30 pode dar a impressão de que a presença definitiva e permanente de Israel na terra dependerá da sua conduta. Uma leitura atenta revelará que a sua reintegração não está em questão; apenas o momento em que isso acontece é condicional, dependente do seu arrependimento, então lemos: "Para entrardes na aliança do Senhor teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz convosco; para que hoje te confirme por seu povo, e ele te seja por Deus, como te tem dito, e como jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. E não somente convosco faço esta aliança e este juramento; mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso Deus, e com aquele que hoje não está aqui conosco." (Deuteronômio 29 versos 12 a 15).
Deuteronômio 28 é uma leitura sombria, pois delineia as terríveis consequências do afastamento de Israel dos caminhos de Deus e de sua desobediência aos Seus mandamentos. Incluída na lista de desastres está a perspectiva de banimento de sua terra: "O Senhor te espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até a outra", (verso 64). Essa ameaça foi implementada, pois mesmo nos dias bíblicos as tribos do norte foram transportadas para a Assíria e nunca mais regressaram em massa. O povo de Judá esteve exilado na Babilônia durante 70 anos, e seu retorno e eventos subsequentes estão registrados nos livros de Esdras e Neemias. Séculos se passaram com eles abrigados na terra, mas com lágrimas o Senhor Jesus predisse a destruição de Jerusalém, (Lucas 19 versos 41 a 44). Isso aconteceu quando os romanos saquearam a cidade no ano 70 d.C. Nesse ponto da história os judeus estavam realmente dispersos e, durante 2.000 anos, as suas andanças levaram-nos a quase todas as partes do globo. O Pacto da Terra prometia que, apesar da dispersão e de serem pessoas deslocadas, no final eles habitariam a terra que Deus havia prometido ao seu grande progenitor.
Um prenúncio do seu reencontro final foi testemunhado nos últimos 150 anos. O movimento sionista foi formado para facilitar o retorno dos judeus da diáspora às suas terras. Um acontecimento significativo foi a "Declaração Balfour" de 1917, quando Lord Balfour, o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, indicou as simpatias do governo britânico com a ideia de uma pátria para os judeus, um "lar nacional para o povo judeu". Alguns anos mais tarde, a Liga das Nações concedeu um Mandato Britânico para a administração da Palestina, que terminou em 15 de maio de 1948, altura em que nasceu o Estado de Israel. Isto foi precipitado pelos horrores do Holocausto e, desde então, os judeus continuaram a gravitar em torno da terra. Contudo, a ocupação final do território prometido a Abraão aguarda um dia futuro, quando o Messias reinar.
A Aliança antecipa a ausência de Israel da terra por causa do seu pecado, espalhado "entre todas as nações para onde o Senhor teu Deus te lançou", (Deuteronômio 30 verso 1). Nesse exílio forçado, eles "lembrarão" "a bênção e a maldição" relacionadas com a Lei, (verso 1), e a memória disso despertará um espírito arrependido e o desejo de restauração. Isso resultará no retorno deles ao Senhor e na obediência à Sua voz, e fazendo isso de todo o coração e alma, (verso 2).
Estas expressões de verdadeiro arrependimento invocarão a compaixão divina, (verso 3), e Deus intervirá pessoalmente para facilitar o seu regresso à sua terra. "Deus… te reunirá de todas as nações", (verso 3). "Dali o Senhor teu Deus te reunirá, e dali te buscará", (verso 4). "O Senhor teu Deus te introduzirá na terra que possuíram teus pais", (verso 5). O Deus que lhes deu a terra e expulsou os seus habitantes anteriores pelo Seu poder, exercerá esse mesmo poder para restabelecê-los na terra no final.
A Aliança promete-lhes não apenas a terra, mas também corações "circuncisos", permitindo-lhes amar a Deus como deveriam e, assim, "viver", (verso 6). Seus antigos perseguidores serão julgados, (verso 7), e eles desfrutarão de famílias florescentes, rebanhos aumentados e colheitas abundantes, (verso 9). Deus terá prazer neles como teve com seus antepassados, (verso 9). Tudo isso aguarda o dia em que o Senhor Jesus retornará em poder e grande glória para estabelecer o Seu reino.
É provável que seja esta aliança, combinada com a nova aliança, que seja reafirmada nos dias de Ezequiel, e ali chamada de "aliança eterna", outra indicação da natureza incondicional desses compromissos divinos, (Ezequiel 16 verso 60).
Como indicado anteriormente, ao longo dos últimos 150 anos, muitos judeus regressaram à terra, mas isto não constitui o reagrupamento previsto nas Escrituras. Numerosas Escrituras profetizam esse retorno final, incluindo o ensino do Senhor Jesus no discurso do Monte das Oliveiras. É no retorno do Filho do Homem que os anjos serão enviados para "reunir os seus escolhidos desde os quatro ventos", (Mateus 24 verso 31). O arrependimento nacional será efetuado quando "olharem para mim, a quem traspassaram", (Zacarias 12 verso 10). "Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para o pecado e para a impureza", (Zacarias 13 verso 1). Em outras palavras, a obra da cruz efetuará a purificação do Israel arrependido.
A migração dos judeus para a terra será monitorada de modo que qualquer um que ainda tenha um espírito rebelde terá o acesso negado, (Ezequiel 20 versos 33 a 38), mas em geral, nos dias milenares a terra será povoada pela nação arrependida, com o Senhor Jesus sentado "no trono de seu pai Davi", (Lucas 1 verso 32). As promessas de Deus são sempre certas e fiéis.
Muitos pregadores estão abandonando as doutrinas solenes e fundamentais da queda espiritual e subsequente ruína e depravação total da raça humana. Raras vezes os pregadores declaram, com nitidez, que somos pecadores perdidos aos olhos de um Deus santo. Os sermões dos nossos antepassados — que procuravam frisar esta verdade constantemente nos corações dos seus ouvintes — são considerados como antiquados e fora de moda. Seja como for, fica conosco um pregador da antiga escola, que nos fala tão claramente hoje como nos tempos passados. Não é um pregador popular, apesar de o mundo inteiro ser a sua paróquia e viajar por toda a parte, falando todas as línguas do globo terrestre. Visita os pobres e os ricos, pregando tanto aos adeptos de todas as religiões como àqueles que não professam nenhuma religião e, seja qual for o auditório, o assunto do seu sermão é sempre o mesmo.
É um pregador eloquente e, muitas vezes, é capaz de comover o coração que jamais pôde ser comovido por qualquer outro, e faz derramar lágrimas a pessoas pouco habituadas a chorar.
Dirige-se à inteligência, à consciência e ao coração dos ouvintes, com argumentos que ainda ninguém pôde contradizer; e não há coração que tenha ficado de todo indiferente aos seus poderosos argumentos. Muita gente o odeia, pois muitos têm tremido na sua presença; mas, duma ou doutra maneira, obriga a todos a ouvirem a sua voz.
Não é nada condescendente nem delicado. De fato, muitas vezes desmancha combinações feitas e intromete-se bruscamente nos prazeres particulares de cada um! Frequenta as lojas, os escritórios e as fábricas; aparece entre os legisladores; também se introduz, em ocasiões inoportunas, nos ajuntamentos religiosos. O nome deste pregador é, A MORTE.
Sempre que você pega um jornal, encontra uma parte que lhe está reservada. Cada túmulo do cemitério lhe serve de púlpito. Muitas vezes se vê o seu auditório encaminhando-se para o cemitério ou dele regressando. O falecimento repentino daquele vizinho, — a despedida solene daquele parente, — a perda daquele amigo tão estimado, — o terrível vácuo que deixou no seu coração a morte da esposa tão querida, ou do filho amado, — têm sido apelos solenes e poderosos que o velho pregador dirigiu a você. Pode ser que em breve você mesmo sirva de texto para o sermão deste pregador, e do meio de sua própria família, ou ao pé do seu túmulo, ele pregue a outros… Que o seu coração agradeça a Deus, neste momento, a sua permanência ainda na terra dos viventes, e por você não ter, até agora, morrido em seus pecados!
Você pode livrar-se da Bíblia; zombar de seus ensinamentos; desprezar os seus avisos; rejeitar o Salvador de Quem ela fala. Você pode se afastar dos pregadores do Evangelho, pois ninguém poderá obrigá-lo a frequentar qualquer lugar de culto; você pode queimar este ou qualquer outro folheto semelhante que venha a cair em suas mãos. Mas como você se livrará do velho pregador de quem estou falando?
Homens e mulheres prestes a morrer: pensem na perspectiva que vocês têm diante de si! O tempo de vocês logo terminará, — os prazeres em breve chegarão ao fim. Vocês terão que morrer. Pois, "Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo", (Hebreus 9 verso 27).
Peço a você, amigo, que pense bem neste fato. Por que é que a morte tem que existir? Será por simples acaso que uma criatura com tanto poder e competência, como o homem, tenha um fim tão trágico e desonroso? Há uma única resposta para estas perguntas; e, enquanto o pregador da antiga escola estiver fazendo sua ronda, ele se encarregará de dá-la. Escuta: "Por um homem (Adão) entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte", (Romanos 5 verso 12).
A Queda do Homem não se trata de um simples dogma teológico; é a medonha realidade da qual são testemunhas a história do mundo e a nossa experiência.
O pecado é a negra e universal realidade, cuja presença traz a maldição sobre o mundo, e não apenas uma simples palavra da Bíblia, usada pelos pregadores para amedrontar os ouvintes.
"Assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram", (Romanos 5 verso 12). Amigo: estas palavras também dizem respeito a você. Você é um pecador; você pecou; sobre você pesa a sentença de morte.
Um momento após a sua morte e já lhe será sem importância ter morrido em um palácio ou numa prisão. Mas a sua condição por toda a eternidade, se é de infinita tristeza ou de suprema felicidade, isso dependerá do estado espiritual em que você morreu. Se tiver morrido em seus pecados, havendo desprezado o sangue purificador do Filho de Deus, sua condenação eterna é certa. Todos os incrédulos terão a sua parte "no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte", (Apocalipse 21 verso 8).
Qual destas frases poderia ser escrita em seu túmulo: "MORREU SEM MISERICÓRDIA", (Hebreus 10 verso 28), ou "MORREU NA FÉ", (Hebreus 11 verso 13)?
"Que bom se eles fossem sábios! que isto entendessem, e atentassem para o seu fim!", (Deuteronômio 32 verso 29).
"O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor", (Romanos 6 verso 23).
Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores", (Romanos 5 verso 8). O pregador da antiga escola nunca falou com voz mais forte, ou em tom mais solene, como falou pela morte de Jesus no Calvário. A santidade divina não podia ter em pouca conta o pecado. O tremendo castigo da nossa culpa, — o salário do pecado em toda a sua realidade negra e terrível — caiu sobre o Substituto inocente. Ele tomou o nosso lugar na morte e condenação, para que nós tivéssemos o Seu lugar de aceitação e favor perante Deus. Você poderá morrer sem ter sido salvo, mas não morrerá sem ter sido amado.
A Aliança com Davi (6)
O Novo Testamento começa com a declaração de que Jesus Cristo é "filho de Davi, filho de Abraão", (Mateus 1 verso 1). Abraão foi o patriarca a quem Deus prometeu pela primeira vez a terra de Canaã, (Gênesis 15 verso 7), e Davi foi o homem a quem Deus prometeu o trono de Israel, com uma dinastia destinada a sucedê-lo, (1ª Crônicas 17 verso 11). Como descendente de Davi e Abraão, nosso Senhor Jesus Cristo receberá "o trono de seu pai Davi", (Lucas 1 verso 32). Ele será universalmente supremo, mas em particular, reinará sobre Seu povo Israel. Nessa altura, estarão reassentados na sua terra, cujo território se estenderá até às fronteiras prometidas a Abraão há séculos. O trono e a terra são dEle.
O pano de fundo da Aliança Davídica é encontrado nos primeiros versículos de 2ª Samuel 7, com sua passagem paralela, 1ª Crônicas 17. Davi havia insinuado a Natã que ele estava interessado em fornecer uma estrutura permanente para abrigar a Arca, e sem consultar o céu, o profeta deu sinal verde. Naquela noite, Deus o instruiu a reverter o conselho errado. Ele transmitiu essa revelação a Davi literalmente, (2ª Samuel 7 verso 17), e nela estão consagrados os detalhes da aliança de Deus com ele. Antes de delinear a aliança, Deus fez um resumo de Seu relacionamento com Davi, relatando Sua escolha dele como rei e Sua presença com ele para lhe dar vitória e fama. A segurança contínua de Israel na terra também foi assegurada, (versos 8 a 11a). Embora isto esteja no preâmbulo da aliança, é crucial, porque no cumprimento final da promessa de Deus, o Messias governará num ambiente onde a paz permeará todas as esferas da vida. Ele é Rei de Salém, Rei da Paz.
Depois de relatar as bênçãos passadas, Deus fez uma promessa sobre o futuro de Davi e da sua "casa", – "ele te fará uma casa", (verso 11b). Esta foi uma enorme compensação após a decepção esmagadora de ter sido negado a Davi o privilégio de construir o Templo. Obviamente, o uso da palavra "casa" não se refere a uma estrutura material, pois o capítulo 5 verso 11 relata detalhes da construção da luxuosa casa de Davi nesse sentido físico, e nosso capítulo o encontra confortavelmente instalado ali. Portanto, a palavra portuguesa, "dinastia", transmitiria melhor o sentido do que está sendo prometido; Davi lideraria uma dinastia que duraria para sempre, pois Aquele que "reinará para sempre sobre a casa de Jacó", (Lucas 1 verso 33) é "da descendência de Davi segundo a carne", (Romanos 1 verso 3). Este uso da palavra "casa", que significa família ou lar, é bastante comum na Bíblia e, de fato, houve outra ocasião em que Deus concedeu uma linhagem familiar como recompensa; das parteiras fiéis, nos dias em que Moisés nasceu, as Escrituras dizem: "[Deus] fez-lhes casas", (Êxodo 1 verso 21).
Uma posteridade estabelecida era de considerável importância para as pessoas nos tempos antigos. Por exemplo, Jônatas obteve de Davi uma promessa, sob juramento, de que mesmo depois de sua morte, Davi nunca eliminaria sua família, (1ª Samuel 20 verso 14 a 17). Ele manteve essa promessa até o fim do seu reinado, (2ª Samuel 21 verso 7).
Inicialmente, a promessa de "uma casa" para Davi abrange a próxima geração: "Depois de ti levantarei a tua descendência", (2ª Samuel 7 verso 12). Então, a promessa é estendida no versículo 16: "a tua casa e o teu reino serão estabelecidos para sempre diante de ti". Daí a resposta de Davi ao Senhor: "Também falaste da casa do teu servo para muito tempo", (verso 19). Seu sucessor imediato seria responsável pela construção do Templo, (verso 13), e Deus o trataria como filho, o que envolveria disciplina, se necessário. No entanto, a experiência de ser deposto do reino como o rei Saul foi, nunca seria replicada, (versos 14 e 15). Na verdade, o trono nunca se afastaria da linhagem de Davi, (verso 16).
Depois que a nação foi dividida, nunca houve uma dinastia estabelecida no reino do norte; golpes militares perpétuos resultaram na transferência do poder dos reis para os generais. As coisas eram diferentes no sul. A Aliança com Davi foi mantida e o trono de Judá foi constantemente ocupado por seus descendentes. A única exceção foi quando Atalia, "se levantou e destruiu toda a descendência real", (2ª Reis 11 verso 1), e durante sete anos chefiou uma administração ameaçadora. O bebê Joás foi resgatado da carnificina e, embora a dinastia de Davi estivesse por um fio, ela se manteve firme; pois os propósitos de Deus, nunca poderão ser frustrados; Ele sempre cumprirá Sua Palavra.
No cativeiro babilônico, a dinastia pareceu cair no esquecimento, e o trono de Davi nunca mais foi ocupado. No entanto, Deus sabia exatamente quem eram os descendentes de Davi, – pessoas comuns que viviam na obscuridade, mas todos mencionados na genealogia do Messias. O último deles era apenas um carpinteiro em Nazaré, mas conhecido no céu como "José, filho de Davi", (Mateus 1 verso 20). A dinastia era como uma árvore cortada até a raiz, e ainda assim um ramo forte e vigoroso brotava dessas raízes, (Isaías 11 verso 1). A Aliança Davídica será totalmente implementada quando o Messias reinar.
As palavras que ouvimos muitas vezes como, "os termos da aliança", são inadequadas, porque foi mais um dos acordos incondicionais de Deus, sem quaisquer "termos" a serem cumpridos pela nação ou pelos indivíduos dentro dela. A palavra "disposições" é mais adequada.
As disposições da aliança davídica incluem, então, os seguintes itens:
1º. Davi terá um filho, ainda por nascer, que o sucederá e estabelecerá seu reino.
2º. Este filho (Salomão), construirá o Templo em vez de Davi.
3º. O trono do seu reino será estabelecido para sempre.
4º. O trono não lhe será tirado (Salomão), embora seus pecados justifiquem o castigo.
5º. A casa, o trono e o reino de Davi serão estabelecidos para sempre.
Algumas destas disposições tiveram o seu cumprimento historicamente, mas a plena implementação da aliança aguarda o futuro, quando o Senhor Jesus assumir o trono. As palavras-chave em 2ª Samuel 7 verso 16, relacionadas a este aspecto futuro da aliança são as seguintes:
"Casa", – O Senhor Jesus é "da semente de Davi", (2º Timóteo 2 verso 8);
"Reino", – Haverá um povo sobre o qual o Senhor Jesus reinará;
"Trono", – O Senhor Jesus exercerá autoridade soberana e absoluta, (Salmos 72 verso 8);
"Para sempre", – Como está bem descrito em Isaías 9 verso 7: "Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto". Jeremias corrobora ao profetizar que o Senhor levantará a Davi, "um Renovo justo", que administrará com sabedoria e justiça, e que é identificado como Jeová Tsidkenu; pois o Filho de Davi, é o Senhor de Davi, (Jeremias 23 versos 5 e 6; e Salmos 110 verso 1).
Em todas as pessoas existe certo conhecimento do bem e do mal; mas a tendência geral da maioria é a de tomar por padrão as normas que julgam estar ao seu alcance. Por exemplo, o bêbado acha não fazer mal beber demais, mas considera como um grande pecado roubar. O avarento, que habitualmente se serve da mentira "para conseguir bons negócios", tranquiliza-se pensando, "todos têm que mentir, sem o que é impossível negociar; mas não me embriago como alguns". Outro, que se tem por muito sério e moral, julga ser cumpridor de todos os seus deveres e, olhando ao seu redor, despreza os que são abertamente pecadores; porém nunca se lembra de quantos maus pensamentos e desejos pecaminosos tem abrigado no seu íntimo, sem que outros o saibam; e que Deus julga o que se passa no coração, embora o homem veja apenas a vida exterior. Assim, cada qual se felicita comparando-se com quem tenha feito coisas piores.
Porém existe um padrão de justiça, que é o da justiça de Deus. Quando a consciência de alguém começa a despertar e a encarar o pecado da forma como ele é visto por Deus, então compreende que é culpado e que está arruinado; não tentará justificar-se procurando descobrir alguém que seja pior; antes, com toda a franqueza, confessará o seu pecado, condenando-se a si mesmo, e manifestará ansiedade por saber se é possível que Deus lhe perdoe.
Sim, o coração depravado do homem encontra alívio e consolação ao descobrir alguém que seja pior do que ele próprio! E, ainda mais, não pode suportar que Deus exerça a Sua graça. A GRAÇA — que significa o perdão NÃO MERECIDO de todo e qualquer pecado, sem que Deus exija coisa alguma à pessoa assim perdoada. É um princípio tão contrário a todo o pensamento humano, tão elevado acima do homem, que este o detesta, e no seu íntimo por vezes o classifica de injustiça. É muito humilhante termos de confessar que dependemos inteiramente da graça — que nada que tenhamos feito, ou possamos fazer, nos tornará aptos para Deus — antes, que tudo aquilo quanto temos que nos recomende à graça de Deus é tão somente a nossa miséria, pecado e ruína.
Quando Adão se reconheceu culpado, lá no jardim do Éden, foi se esconder; voltou as costas ao seu único Amigo, precisamente quando mais necessitava dele. E assim é ainda hoje. O homem tem medo daquele que é o Único realmente pronto a perdoá-lo. "Torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar", (Isaías 55 verso 7).
Se você, querido amigo, deseja possuir o perdão pleno e gratuito que provém de Deus, importa que, antes de mais nada, como pecador culpado, se encontre a sós com Jesus, consciente da sua culpabilidade. Isto sem que primeiro você faça quaisquer promessas ou tentativas de melhorar a si mesmo. São os seus próprios pecados que o levam à presença daquele que morreu pelos ímpios. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios", (Romanos 5 verso 6).
Quando o príncipe de Gales procurava em certa ocasião descobrir um preso digno de ser perdoado, pôs de parte todos os que alegavam não serem culpados, mas escolheu um velhote que, chorando, confessou com franqueza e vergonha ser culpado, e que bem merecia ficar encarcerado. O Salvador que nos perdoa disse: "Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento", (Lucas 5 verso 32).
A Nova Aliança (7)
A passagem fundamental para nossa consideração é Jeremias 31 versos 31 a 34. Claramente, a nova aliança é uma promessa de bênçãos futuras para um Israel unido; será feito "com a casa de Israel e com a casa de Judá", (verso 31). Tão certo como o pacto da Lei foi estabelecido com "seus pais", assim este novo pacto se aplicará aos seus descendentes. A primeira aliança foi um acordo bilateral que exigia sua obediência, uma obediência que não aconteceu, pois, diz o Senhor que, "minha aliança eles quebraram", (verso 32). Esta nova aliança é um compromisso unilateral de Deus para abençoar.
Um fato importante emerge da passagem, – a verdade superficial, mas que precisa ser enfatizada. Haverá um reino unido literal de Israel e Judá. A nação que foi fraturada no reinado de Roboão será unificada e administrada por Cristo. Ele prometeu aos Seus apóstolos que eles "se assentariam sobre doze tronos, julgando as doze tribos de Israel", (Mateus 19 verso 28). Há tanta probabilidade de as estrelas reterem a sua luz, ou de os padrões das marés serem perturbados, como há de Israel "deixar de ser uma nação". Há tantas possibilidades de medir o universo quanto de "a semente de Israel" ser "rejeitada", (Jeremias 31 versos 35 a 37). Isso nunca acontecerá, e com esse reino unido Deus estabelecerá esta nova aliança.
Israel está atualmente marginalizado enquanto Deus tira das nações, "um povo para o seu nome", (Atos 15 verso 14), mas a sua cegueira atual não é total nem permanente. É "em parte", "até que entre a plenitude dos gentios", (Romanos 11 verso 25). A salvação nacional será experimentada quando "o Libertador" "de Sião" intervir, (verso 26), e a nova aliança entrará em jogo, quando Ele "afastar de Jacó a impiedade" e "tirar os seus pecados", "minha aliança para eles", (verso 27). A aliança será implementada na segunda vinda do Senhor para reinar.
No contexto imediato de Jeremias 31, as bênçãos da nova aliança são as seguintes. Primeiro, a lei de Deus será colocada no seu interior e escrita nos seus corações. A inferência é que durante o milênio as exigências do Decálogo ainda estarão em vigor, mas Deus fornecerá gratuitamente o poder para realizá-las. Foi aí que a antiga aliança falhou; era "fraco pela carne", (Romanos 8 verso 3). Em si, a Lei era "boa", (1ª Timóteo 1 verso 8), mas a sua deficiência residia no fato de que a carne pecaminosa não iria e não poderia satisfazer as suas exigências, (Romanos 8 verso 7). A nova aliança irá remediar isso para Israel; quando regenerado, o povo finalmente será energizado para implementar a promessa que fez quando recebeu a antiga aliança: "Tudo o que o Senhor disse faremos e obedeceremos", (Êxodo 24 verso 7).
Em segundo lugar, experimentarão a dignidade de serem reconhecidos universalmente como povo especial de Deus; Eu "serei o seu Deus, e eles serão o meu povo", (Jeremias 31 verso 33). O rótulo de seus dias idólatras, "Lo-Ami", "não meu povo", será removido, (Oséias 1 verso 9).
Terceiro, eles irão saborear a doçura do relacionamento íntimo com o Messias. Ninguém terá que ensiná-los como maximizar o prazer de sua ligação com Ele, "pois todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles", (Jeremias 31 verso 34). A comunhão perpétua com Deus será normal.
Quarto, não menos importante em seu pacote de bênçãos estará o perdão. A sua longa história de rebelião será eliminada da memória divina, para nunca mais ser desenterrada para condená-los; "Não me lembrarei mais dos seus pecados", (verso 34).
Quando a antiga aliança foi estabelecida, ela foi acompanhada pelo sangue do sacrifício, (Êxodo 24 versos 4 a 8), "dedicado" com sangue, (Hebreus 9 verso 18). Da mesma forma, a nova aliança será ratificada com base no sangue derramado. Esse sangue endossa o acordo e fornece uma base sólida por meio da qual suas bênçãos serão transmitidas de maneira justa, sem violar a justiça divina.
Ao instituir a Ceia do Senhor, o Salvador vinculou o derramamento de Seu sangue à nova aliança. O cálice simbolizava "meu sangue do novo testamento (aliança), que é derramado por muitos para a remissão dos pecados", (Mateus 26 verso 28). Ele indicou assim que, ao derramar Seu sangue, Ele estava fornecendo o sangue do sacrifício que autorizaria a aliança, ao mesmo tempo que legitimava suas disposições, como o perdão dos pecados.
Diz-se que Ele é "o mediador do novo testamento", Aquele através de quem os seus beneficiários "recebem a promessa da herança eterna", (Hebreus 9 verso 15), "tendo ocorrido uma morte", tornando isso possível.
A aliança da qual Ele é o mediador é "uma melhor aliança", (Hebreus 8 verso 6). A antiga aliança não era "impecável", (verso 7); conforme observado, não dava poder para atuar. A nova aliança é "melhor", pois "foi estabelecida sobre promessas melhores", (verso 6), portanto as suas bênçãos prometidas são incondicionais e mais extensas.
A primeira aliança "desapareceria", (Hebreus 8 verso 13). Tornar-se-ia obsoleta, pois a função da Lei como "mestre" era apenas "até Cristo", (Gálatas 3 verso 24), "até que Cristo viesse"; quando Ele veio, tornou-se redundante. Por outro lado, a nova aliança é uma "aliança eterna", (Hebreus 13 verso 20), um eco de Ezequiel ao destacar a bênção permanente concedida ao Israel arrependido, (Ezequiel 37 verso 26).
Enfatizamos que Jeremias indicou que a aliança será feita com Israel e Judá, de modo que seus beneficiários serão um futuro Israel arrependido. Contudo, parece que as bênçãos espirituais prometidas são a experiência presente dos crentes da era da Igreja. Paulo descreveu a si mesmo como "ministro do novo testamento", (2ª Coríntios 3 verso 6), uma declaração que se tornou uma plataforma de lançamento para o desenvolvimento do tema de sua responsabilidade de comunicar o evangelho, um tema que se estende por vários capítulos.
As quatro principais disposições da aliança estão em evidência nestes capítulos. Aqueles que acreditam no evangelho têm poder para viver; eles têm "liberdade", (2ª Coríntios 3 verso 17), pois Deus está trabalhando em suas vidas e lhes deu o Seu Espírito, (2ª Coríntios 5 verso 5). Segundo, eles agora são o povo de Deus: "Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo", (2ª Coríntios 6 verso 16). Então, eles conhecem o Senhor, pois lhes foi dada "a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo", (2ª Coríntios 4 verso 6). Por fim, experimentaram o perdão, por terem sido reconciliados, Deus não imputa as suas ofensas, (2ª Coríntios 5 verso 19).
O que foi dito sobre estas bênçãos espirituais vistas na Igreja hoje, não implica que todas as promessas a Israel tenham sido transferidas para a Igreja, mas o fato é que, com base no sangue da nova aliança, as bênçãos a serem desfrutadas pela nação arrependida no futuro, são também realidade espirituais para nós hoje e agora.
O Evangelho proclama o que Deus fez, antes que venha o Dia do Juízo, a fim de que o homem não tenha que responder pelos seus pecados.
Se o meu credor vier exigir o pagamento de uma dívida, e eu não tiver com que pagar, estou perdido; mas se ele vier para quitá-la, fico livre.
Deus não pode aprovar a iniquidade; isso é impossível; mas uma coisa é insistir pelo pagamento de uma dívida, e outra é vir liquidá-la. O Evangelho nos conta o que Cristo fez como Salvador, antes de Sua próxima vinda, então como Juiz.
Na Cruz de Cristo vemos demonstrada ao máximo a inimizade do coração humano; o que nem sempre nos é tão evidente. Logo que encontram uma oportunidade, todos menosprezam o Senhor. Felizmente, pela misericórdia de Deus, Cristo veio para demonstrar a graça divina. A cruz, porém, demonstra também a podridão e o ódio que existem no fundo do coração humano. O mundo crucificou o Filho de Deus!
Agora Deus pode dizer ao mundo: "O que vocês fizeram com meu Filho? O que Ele fez a vocês? Nada senão o bem. Então, por que cuspiram em Seu rosto e O crucificaram?" Se alguém tivesse feito o mesmo ontem à minha mãe, seria possível que hoje eu estivesse disposto a ter amizade com tal pessoa? O homem tem procedido assim, e quando se faz luz em seu espírito, confessa ter agido deste modo e reconhece ser incapaz de justificar a si próprio, mesmo que seja de uma acusação das muitas que pairam sobre si.
O mundo deve sofrer o juízo. Todos nós sabemos que assim será e, no entanto, continuamos de mãos dadas com ele! O que nos diz a lei de Deus? Declara ao homem o que ele deve ser: "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração"; "Não cobiçarás." Mas bem sei que não tenho amado a Deus, e tenho cobiçado. Portanto, sendo réu em um ponto que seja já não estou isento de culpa, mesmo que não tenha cometido todos os pecados de que o homem é capaz.
Muitos falam de misericórdia, mas o que querem dizer com isto é que têm o desejo de que Deus dê, aos pecados que cometeram, tão pouca importância quanto eles próprios dão. Por exemplo, um homem cometeu dez pecados e espera ir para o Céu. Se tiver cometido onze, julgará que não é muito mau; quando tiver cem pecados em sua conta, ainda há de julgar que Deus o desculpará, pois não conhece a santidade de Deus. Ora, um único pecado basta para nos separar de Deus; porém a porta não se fecha para qualquer um que agora confessar tudo com franqueza. O que é o pecado? Acaso o amigo gosta de fazer a sua própria vontade? Isto é que é pecado.
A lei exigia pagamento da dívida. Cristo veio pagá-la, e é isso a graça! "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não tomando em conta os seus pecados", (2ª Coríntios 5 verso 19). Volto-me para a Cruz de Cristo: o que Ele está fazendo ali? Julgando o ladrão arrependido? Não, mas "levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro", liquidando-os, para que jamais voltem a ser lembrados, (1ª Pedro 2 verso 24; Hebreus 10 verso 17).
Lá está Aquele Salvador bendito, a Quem tenho desprezado durante toda a minha vida, e vejo que Ele tomou sobre Si os meus pecados, carregou o meu fardo. "Tudo está consumado" — consumado com absoluta perfeição, nada podendo se acrescentar à Sua obra, pelo que Cristo assentou-Se à destra do trono de Deus. Voltou à glória por haver completado a obra. O Espírito Santo torna isto claro aos nossos corações, e, desse modo, eu posso afirmar que Cristo fez tudo por mim. "O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação", (Romanos 4 verso 25). A ressurreição é a prova de que Deus aceitou a obra, e que nós, também, fomos aceitos ou "feitos agradáveis a Si no Amado", (Efésios 1 verso 6).
Assim, ao invés de afastar a mim, Deus afastou de mim o meu pecado. Veio ao meu encontro no dia da graça, para eu não ter que comparecer perante Ele no dia do Juízo.
Por Jack Hay
(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)
7. O Milênio e o Amilenismo
1. O MILÊNIO - O Conteúdo das Escrituras.
Por que acreditamos num Milênio literal e futuro? Em primeiro lugar, porque é ensinado na Bíblia.
O amilenista irá contrariar isto dizendo que isto só é ensinado numa passagem, Apocalipse 20, e que, estando num livro que é tão simbólico, não significa um período de 1.000 anos literais.
Agora, é verdade que Apocalipse 20 é o único lugar onde a sua duração é dada, mas é afirmado que é de 1.000 anos, nada menos que seis vezes nessa passagem, (uma vez em cada um dos versículos 2 a 7). E quantas vezes a Bíblia precisa afirmar algo para que possamos considerá-lo verdade? Certamente uma vez deve ser suficiente!
Além disso, Apocalipse 20 não é o único lugar na Bíblia onde lemos sobre um reinado literal de Deus na terra. Na verdade, grande parte do Antigo Testamento é dedicada a isso. As referências são tão extensas que seria impossível apresentar todas aqui, e percorrer todas elas. Mas uma leitura de passagens como o Salmo 72; Isaías Capítulos 2, 11, 35 e 65; Ezequiel Capítulos 20, 34, 36, e 47; e Amós 9, nos revela um futuro glorioso para Israel quando ele for reunido e purificado. Haverá bênção universal com libertação da opressão. Haverá retidão e justiça, paz e segurança. As terras improdutivas tornar-se-ão férteis e haverá colheitas abundantes e frequentes. O Mar Morto estará repleto de vida e os animais selvagens serão domesticados, sem perigo para os seres humanos. A terra ficará cheia do conhecimento do Senhor.
Estas, e muitas outras profecias semelhantes, são declaradas claramente no Antigo Testamento, sem qualquer sugestão de que não devam ser interpretadas literalmente. Certamente, a nação à qual foram dadas as entendeu como sendo literais. E nós também. Eles estão na Palavra de Deus e, portanto, acreditamos nelas tal como estão.
Contra isto, o amilenista dirá: "Se eles devem ser interpretados literalmente, por que não são repetidos no Novo Testamento?" Ao que respondemos com três pontos.
Em primeiro lugar, referem-se principalmente à nação de Israel e como as bênçãos fluirão de Israel para as nações. Portanto, não deveríamos ficar surpresos que os detalhes sejam dados no Antigo Testamento, e não no Novo Testamento.
Em segundo lugar, quando Deus já tinha dado estas promessas, não havia necessidade de listá-las todas novamente.
Em terceiro lugar, o Novo Testamento, como o seu nome indica, preocupa-se com a nova revelação de Deus, na Pessoa do Seu Filho, e como consequência disto, a ênfase nas epístolas do Novo Testamento está na verdade da Igreja. O ensino do Antigo Testamento não se torna inválido simplesmente porque não é totalmente repetido no Novo Testamento!
A questão mais pertinente é esta: "O Novo Testamento nega as promessas de futuras bênçãos terrenas dadas no Antigo Testamento a Israel nacionalmente?" A resposta para isso é negativa. Veja, por exemplo, Atos 1 versos 6 e 7. O Senhor Jesus está prestes a retornar ao céu, e os discípulos Lhe perguntam: "Senhor, restaurarás tu neste tempo novamente o reino a Israel?" Israel, como nação, não muito mais de um mês antes disso, O rejeitou. Se Israel estivesse acabado como nação, se não houvesse esperança de um futuro reino terreno, então este seria o momento ideal para o Senhor revelar aos discípulos que eles estavam errados. Mas ele não o fez. Pelo contrário, Ele lhes diz que não cabe a eles conhecer os "tempos e as estações", quando sucederão estas coisas. Não era uma questão de saber se isso aconteceria, mas de quando aconteceria.
Assim, não muito depois da ascensão do Senhor, em Atos 3 versos 19 a 26, Pedro é capaz de dizer ao seu público judeu, numa mensagem cheia de alusões ao Antigo Testamento, que, no retorno do Senhor, e somente então, todas as profecias do Antigo Testamento seriam cumpridas em relação aos "tempos da restituição de todas as coisas" (verso 21).
Mais tarde, (Atos 15 versos 13 a 17), Tiago afirma que a profecia de Amós 9 versos 11 e 12, (que Deus reconstruirá o tabernáculo de Davi), e será "depois" da era atual, (verso 16), quando Ele tomar dentre as nações, "um povo para o Seu Nome", (verso 14).
Tudo isso está bem ilustrado na "parábola das minas", (Lucas 19 versos 11 a 27). O "certo homem", (verso 12) é sem dúvida o Senhor Jesus, que foi para um "país distante" para "receber para si um reino" e que "voltará". É igualmente certo que os "cidadãos" que O rejeitam representam a nação de Israel (verso 14). O Senhor foi rejeitado pela nação; Ele foi embora e retornará na glória do reino.
O homem da parábola retorna ao mesmo lugar e às mesmas pessoas e, como recompensa, receberá autoridade sobre as cidades daquele reino. Da mesma forma, o Senhor retornará ao mesmo lugar onde foi rejeitado, à mesma nação que O rejeitou, e aqueles que foram fiéis serão recompensados naquele reino na terra.
Assim, longe de anular ou espiritualizar as promessas do Antigo Testamento de um futuro reino terreno, pois o Novo Testamento faz o oposto, ele confirma. As promessas estão aí e nós acreditamos nelas.
Mas o amilenista diz: "Não é assim. Estas promessas de bênçãos não serão cumpridas no futuro, literalmente, mas estão sendo cumpridas no presente, espiritualmente, nas bênçãos desfrutadas pela Igreja". No tópico seguinte, consideraremos as condições atuais e veremos se tal afirmação merece exame minucioso.
2. O MILÊNIO – As Condições do Tempo Presente.
O amilenista diz que a igreja (atualmente) cumpre as promessas do Antigo Testamento dadas a Israel em relação às bênçãos terrenas. Olhemos em volta e examinemos se o que vemos no presente, corresponde a esta afirmação.
Há muitos lugares nas Escrituras aos quais poderíamos recorrer, mas nos restringiremos a dois: um do primeiro livro da Bíblia e outro do último.
Em Gênesis 12 verso 1, Deus diz a Abrão para ir para "uma terra que eu te mostrarei". No versículo 5, ele chega a Canaã, e Deus diz que é "esta terra" a que Ele estava se referindo. No capítulo 13 versos 14 e 15, Deus lhe diz que a terra que ele estava olhando pertenceria a ele e à sua semente, para sempre. Isto é reafirmado no capítulo 15 verso 7. Nos versículos 8 a 21, Deus soleniza Sua aliança, indicando que Abrão pode ter certeza de que é "esta terra", que lhe será dada, (verso 18). Além disso, Deus identifica os limites da terra (versos 18 a 21).
O amilenista diz que estas promessas nunca serão cumpridas literalmente; mas afirmam que elas tenham uma realização espiritual presente na Igreja. Porém, nas passagens que citamos, Deus mostra a Abrão uma terra literal e deixa claro que é "esta terra" a que Ele está se referindo, com limites precisos. Em Gênesis, quando "terra" é usada, denota uma terra literal. Por exemplo, no capítulo 15 verso 13, Deus diz: "a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles". Isto é o Egito, e isso foi cumprido literalmente. José, (Gênesis 50 veros 24), não tem dúvidas de que a terra que Deus "jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó", era a terra literal de Canaã, pois ele diz que é para lá que Deus os levará. Moisés em, (Êxodo 32 veros 13), está igualmente certo disso.
O amilenista tenta contra-atacar dizendo que, sim, os santos do Antigo Testamento acreditavam que era literalmente a terra de Canaã, mas à luz do Novo Testamento, podemos ver que ela foi feita para ser tomada espiritualmente, nas bênçãos presentes da Igreja.
O problema com esta visão é que em nenhum lugar, seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, nos é dada a menor indicação de que as Palavras de Deus a Abraão não foram entendidas literalmente; em nenhum lugar a promessa é anulada ou transferida para a Igreja. Pelo contrário, as Escrituras do Novo Testamento afirmam e referem-se literalmente à terra de Canaã. Em Atos 7 versos 3 a 8, Estêvão diz aos seus acusadores que "a terra", (verso 3), é "esta terra em que agora habitais", (verso 4), e que esta era a terra que Deus havia prometido a Abrão e à sua descendência, (verso 5). Não poderia ser mais claro que o Novo Testamento reafirma a promessa da terra literal aos descendentes literais de Abraão. Em Hebreus 11 verso 9, diz-se que Abraão peregrinou na "terra da promessa". Esta tem que ser a terra literal. Assim, o estatuto da "terra da promessa" não mudou, e as promessas relativas a ela aguardam cumprimento.
Passamos para Apocalipse 20. O amilenista diz que esta passagem fala do presente; que os 1.000 anos são a era atual; que a prisão de Satanás é a sua derrota na cruz; que a "primeira ressurreição" é o que uma pessoa experimenta quando recebe a salvação; que os crentes estão atualmente "reinando" com Cristo; e que isso continuará até que os mortos ressuscitem juntos, no fim do mundo.
Agora, tomemos a interpretação do amilenista pelo seu valor nominal, e imediatamente podemos ver três grandes problemas:
1º. Apocalipse 20 verso 2 diz que Satanás será "amarrado" durante todo o reinado de Cristo. O significado disso nos é dito no versículo 3: "para que não engane mais as nações". Olhemos em volta e perguntemos se esta é uma declaração apropriada das atuais condições do mundo. É totalmente inapropriado. Escrituras escritas sobre a era atual, como 2ª Coríntios 4 versos 3 e 4, descrevem vividamente como Satanás cega as mentes dos incrédulos, e nós (crentes) não estamos imunes aos seus ataques: a descrição em 1ª Pedro 5 verso 8, de "um leão que ruge" e que "anda em busca de quem possa devorar", dificilmente retrata alguém que está preso e incapaz de influência! Veja mais algumas passagens como evidência da atividade atual de Satanás: Atos 5 verso 3; 2ª Coríntios 11 verso14; Efésios 2 verso 2; 1ª Tessalonicenses 2 verso 18; e 2ª Timóteo 2 verso 26. E as manchetes diárias testemunham a eficiência de Satanás em enganar as nações.
2º. Apocalipse 20 versos 3, 7 e 8 nos diz que, depois dos 1.000 anos, Satanás será solto por um curto período de tempo e enganará as nações novamente. O amilenista afirma que a era atual continuará até o fim do mundo, quando todos serão ressuscitados e julgados, e o estado eterno começará. Isto não deixa espaço para nada que corresponda à libertação de Satanás. Se, como eles afirmam, o aprisionamento de Satanás é a sua derrota na cruz, então seria desfazer a obra da cruz se ele fosse desamarrado e solto. Não há, no esquema do amilenista, nenhuma explicação para a libertação de Satanás depois do milênio.
3º. Apocalipse 20 verso 4 afirma que os mártires "viveram e reinaram com Cristo durante mil anos". O amilenista diz que esta "ressurreição", (verso 5), refere-se à vida espiritual obtida quando uma pessoa confia em Cristo. Se sim, o que o versículo 5 quer dizer quando diz que, "os demais mortos não reviveram até que se completassem os 1.000 anos"? Não pode significar espiritualmente, pois estas pessoas não são salvas. Se eles forem honesto, serão forçados a admitir que se trata de uma ressurreição literal. Está muito claro no final do verso 4, que diz, e "viveram", e no início do versículo 5, temos outro significado totalmente diferente, apesar do fato de que o contexto e a linguagem deixam claro que esses versículos descrevem um contraste na experiência, (isto é, ressurreição literal), entre dois grupos diferentes. A interpretação amilenista viola o ensino claro da passagem.
"E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição." (Apocalipse 20 versos 4 e 5)
Assim, olhando para as condições atuais, vemos que a doutrina amilenista não resiste a um exame minucioso. Tanto a promessa da terra como a promessa dos santos reinando com Cristo exigem cumprimento literal no futuro.
Acreditamos que uma passagem das Escrituras deve ser interpretada de acordo com o seu vocabulário e gramática, levando em conta o seu contexto, e comparando-a com outras Escrituras. Em outras palavras, as Escrituras querem dizer o que dizem e dizem o que significam. Se abandonarmos este princípio, então a Escritura pode ser entendida como significando tudo o que o leitor desejar.
Muitos amilenistas acreditam na inspiração plenária das Escrituras e, geralmente, defendem o mesmo método. Em muitas doutrinas importantes, como o nascimento virginal e a ressurreição, as Escrituras são interpretadas como significando o que dizem. Mas então, no caso de profecias relativas ao futuro, eles abandonam esse método, substituindo-o por um método alegórico, no qual declarações claras das Escrituras são espiritualizadas e transformadas em significado seja o que o indivíduo escolher. Mas, procuraremos mostrar algumas das inconsistências de tal método de interpretação.
Deus fez muitas promessas a Abraão em Gênesis nos capítulos 12 a 15. Alguns exemplos são que ele teria um herdeiro; que ele seria o pai de muitas nações; que dele sairiam reis; que seus descendentes seriam escravos no Egito; que eles sairiam dessa escravidão. Todas essas profecias foram literalmente cumpridas. Assim, para as promessas relativas à terra, que fazem parte da mesma aliança, podemos esperar que também serão cumpridas literalmente. A consistência da interpretação exige isso.
Agora, considerando as promessas à "descendência" de Abraão nas mesmas passagens, o amilenista, ao tentar fazê-las referir-se à Igreja, aponta para passagens do Novo Testamento onde o termo, a "descendência de Abraão" aparece, e ela é usado para todos os crentes, e diz que estas promessas referem-se à semente espiritual de Abraão e não aos seus descendentes literais. Mas a consistência da interpretação não permite isso. Em Gênesis 15 verso 13, Deus lhe diz: "a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles". Esta é a permanência de Israel no Egito e refere-se aos seus descendentes literais. Diz-se também que as promessas da aliança foram dadas à "descendência" de Isaque, (Gênesis 17 verso 19,) e à "descendência" de Jacó, (Gênesis 28 verso 13). Estes devem ser os descendentes literais e não podem significar os crentes do Novo Testamento, pois nunca somos chamados de "semente de Isaque" ou "semente de Jacó". Outras referências à palavra "semente" em Gênesis, incluem capítulo 7 verso 3; capítulo 9 verso 9; capítulo 38 verso 8; capítulo 46 verso 6; e capítulo 48 versos 11 e 19. Em cada uma destas passagens, deve referir-se a descendentes literais. Por razões de consistência, as referências na aliança de Deus também devem referir-se a Abraão.
A promessa a Davi de que seu trono seria "estabelecido para sempre", (2ª Samuel 7 versos 12 a 16), está embutida em outras profecias que foram literalmente cumpridas, (que ele teria um filho; que este filho construiria o templo; que ele seria castigado pela iniquidade, mas que a misericórdia de Deus não se afastaria dele). Davi esperava o cumprimento literal de toda a profecia, (versos 18 a 29) e, com base na consistência, também podemos esperar o cumprimento literal.
Outras passagens do Antigo Testamento como o, (Salmos 22, Isaías capítulos 7, 11, 53 e 61; e Miquéias 5), que predizem a primeira vinda de Cristo, (que Ele seria descendente de Davi; que Ele nasceria em Belém; que Ele nasceria de uma virgem; descrições de Seu ministério terreno; detalhes de Seus sofrimentos e morte), foram certamente cumpridas literalmente. Além disso, no Antigo Testamento, numerosas passagens falam da Sua segunda vinda, do Seu retorno à terra, dos julgamentos, de um futuro abençoado para Israel, com bênçãos fluindo para as nações, e de um tempo de paz e justiça sem precedentes. Muitas vezes estes estão junto com profecias de Sua primeira vinda, (por exemplo, em Isaías 61). Não negamos o cumprimento literal de Isaías 53 na Sua primeira vinda. Como podemos então negar o cumprimento literal de Isaías 11 em Sua segunda vinda? Não faz sentido dizer que, quando os profetas escreveram sobre Sua primeira vinda, isso significava literalmente, mas quando escreveram sobre Sua segunda vinda, isso significava espiritualmente.
Chegando agora ao Novo Testamento, em Lucas 1 verso 31, Maria é informada de que ela conceberá e dará à luz um Filho, e chamará Seu nome de Jesus. Não duvidamos da interpretação literal destas palavras. Então, imediatamente lemos: "o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre; e o seu reino não terá fim", (versos 32 e 33). O amilenista não pode ter as duas coisas. Se ele considera os detalhes do nascimento do Senhor como literais, então ele também deveria considerar o reinado sobre Israel no trono de Davi como sendo literal.
O amilenista tenta negar o Milênio literal alegando que o Apocalipse é um livro cheio de símbolos. Mas, como já mostramos, o amilenista abandonou a interpretação literal muito antes de chegar ao Apocalipse!
Finalmente, consideremos a rejeição do amilenista do significado literal de Apocalipse 20. Fazer isto com base no fato de o Apocalipse estar cheio de símbolos não servirá. Sim, existem muitos símbolos, mas esses símbolos denotam coisas que são literais. Por exemplo, no capítulo 1 verso 12, os "candeeiros" são símbolos, mas representam algo real: sete igrejas, (verso 20). O "Cordeiro", (capítulo 5 verso 6), é o Senhor Jesus Cristo, embora Ele não seja literalmente um cordeiro. O uso da figura não anula a realidade do que está sendo retratado. Assim é no capítulo 20; a "corrente" (por exemplo) no versículo 1 é figurativa, mas a prisão de Satanás (que ela representa), é real. O uso de imagens enriquece as Escrituras e aprofunda a nossa compreensão delas, mas não elimina a realidade dos eventos literais descritos.
Assim, o amilenista é inconsistente em sua interpretação das Escrituras, usando o método literal em geral, mas mudando para o método alegórico para a profecia, ou pelo menos para alguma profecia; pois ele nem sequer é consistente com a profecia. Quando se trata da primeira vinda do Senhor, eles interpretam literalmente, mas quando se trata da Sua segunda vinda, eles abandonam o método literal.
Quando usamos consistentemente o mesmo critério de interpretação, o método histórico-gramatical, então concluímos que haverá um Milênio literal e futuro, quando Cristo reinará sobre este mundo.
3. O MILÊNIO - O contraste entre Israel e a Igreja.
A Bíblia faz uma distinção clara entre Israel e a Igreja, portanto, esta é mais outra razão pela qual acreditamos num Milênio futuro e literal. Israel e a Igreja, são queridos ao coração de Deus, mas são distintos, com diferentes promessas e papéis nos propósitos de Deus.
Consideremos o que o Novo Testamento ensina sobre a Igreja. Uma passagem crucial é Efésios 3 versos 1 a 12, onde é descrita nos (versos 3 e 4), como um "mistério". Agora, o que é um "mistério"? O versículo seguinte (verso 5), nos diz que é algo "que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito". Outras Escrituras como, (Romanos 16 verso 25; Colossenses 1 verso 26; e Efésios 3 verso 9) ensinam a mesma coisa. É uma verdade que não foi revelada antigamente, mas que Deus agora tornou conhecida. Em suma, é algo que não está no Antigo Testamento, mas no Novo Testamento.
Agora, o que é esse "mistério" na parte inicial de Efésios 3? É a verdade de "um só corpo", tanto judeus como gentios, unidos no "mesmo Corpo", (verso 6). Paulo chama isso de "um Novo Homem", (Efésios 2 verso 15). A Igreja não é o desenvolvimento de Israel, nem está incorporada em Israel; antes, é uma entidade inteiramente nova e distinta, que estava "oculta em Deus", (verso 9), e "agora" foi tornada conhecida, (verso 10). Não poderia haver declaração mais clara do fato de que a Igreja não está no Antigo Testamento.
Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele disse: "Eu edificarei a Minha Igreja", (Mateus 16 verso 18). O tempo verbal é futuro, indicando que a Igreja ainda não existia quando Ele falou. Em Efésios 1 versos 20 a 23, lemos que Deus, "deu Cristo Jesus para ser o Cabeça sobre todas as coisas da Igreja", mostrando que a Igreja, da qual Ele é o Cabeça, veio à existência em consequência da Sua ressurreição, ascensão e glorificação. O batismo no Espírito Santo ocorreu no dia de Pentecostes, pouco depois de Ele ter ascendido de volta ao céu, (Atos 2), e é por meio deste batismo que todos os crentes foram batizados em um corpo, (1ª Coríntios 12 verso 13). Assim, a Igreja começou no Pentecostes.
No Novo Testamento, Israel e a Igreja são claramente distinguidos. Por exemplo, Paulo, ao falar de si mesmo em Filipenses 3, faz uma distinção cuidadosa entre "Israel", (verso 5), e "a Igreja", (verso 6).
Assim, nesta era, surgiu uma nova entidade, diferente de Israel, cujas promessas não são as muitas bênçãos terrenas prometidas a Israel no Antigo Testamento, mas as "bênçãos espirituais", (Efésios 1 verso 3), com as quais temos sido abençoado em Cristo. Muitas são as bênçãos que temos nEle, mas as promessas da terra e das bênçãos nacionais são dadas a Israel e ainda permanecem. Eles não foram transferidos para nós. Deus garantirá que elas sejam cumpridas, literalmente para Israel, num dia vindouro.
O amilenista fará uma série de objeções:
Em primeiro lugar, que a Igreja não é ensinada no Antigo Testamento.
Ao que respondemos que concordamos com a objeção! Na verdade, é precisamente isso que estamos dizendo: a Igreja é um "mistério", que não foi revelado no Antigo Testamento, mas agora foi revelado, como ensina o Novo Testamento.
Em segundo lugar, que o Antigo Testamento não faz nenhuma provisão para que Deus deixe de lado Israel, introduza a Igreja e assuma Israel novamente.
Dizemos que, embora a Igreja não seja revelada no Antigo Testamento, ela fala de Israel sendo rejeitado por Deus e depois retomado. Um exemplo é Oséias 1 verso 10 e 11; outra é a profecia das "setenta semanas" de Daniel 9 versos 24 a 27. Estas 69 semanas de anos, que são (483 anos) decorridas entre o mandamento de restaurar Jerusalém, (verso 25), e a morte do Messias, (verso 26), foram bem estabelecidas, já se cumpriram; isso deixa mais uma "semana", (sete anos) para ser cumprida no futuro. A era da Igreja ocorre entre a 69ª e a 70ª semana. Quando o Senhor Jesus leu Isaías 61 na sinagoga de Nazaré, (Lucas 4 versos 16 a 21), Ele parou depois das profecias da Sua primeira vinda e não leu aquelas relativas à Sua segunda vinda. A lacuna deixa espaço para a era atual. Isto é descrito em Atos 15 versos 14 a 17, onde lemos que, atualmente, Deus está tirando dos gentios "um povo para o Seu nome", (verso 14), e então Israel será restaurado (verso 16).
Terceiro, que as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento são aplicadas à Igreja no Novo Testamento, equiparando assim Israel e a Igreja. Um exemplo é a profecia da "nova aliança" de Jeremias 31 versos 31 a 34, mencionada em Hebreus 8 versos 8 a 12 e capítulo 10 versos 15 a 17.
No entanto, isso não é um problema. O que o escritor aos Hebreus está nos dizendo é que, (por causa do derramamento do sangue de Cristo), aqueles que se voltam para Ele hoje, experimentam, no presente, a bênção do perdão dos pecados que Israel nacional, receberá como bênção no futuro. Isto não nega o fato de Israel usufruir disso no futuro; nem significa que Israel e a Igreja sejam a mesma coisa.
Portanto, nos pouparemos de muita confusão se "manejarmos bem a Palavra da verdade" (2ª Timóteo 2 verso 15). Devemos lembrar que há uma distinção entre Israel, que atualmente está na incredulidade, mas para o qual há um futuro glorioso, quando ela conhecer Jesus Cristo como o verdadeiro Messias, e a Igreja, que é um mistério, não revelado no Antigo Testamento, reunido dentre as nações, e pelo qual é dada a conhecer, "a multiforme sabedoria de Deus", (Efésios 3 verso 10).
Muitas e maravilhosas são as bênçãos, presentes e futuras, que são nossas no Senhor Jesus Cristo; mas nem uma delas anula as promessas de grandes bênçãos a Israel e às nações, que encontrarão o seu cumprimento no Milênio.
4. O MILÊNIO - Alianças com os Pais Israelitas.
O amilenista concordará que homens como Abraão, Isaque, Jacó e Davi, a quem Deus fez promessas tão maravilhosas, foram grandes homens de Deus. Mas então eles apontarão para o fato de que os seus descendentes na nação de Israel não viveram de acordo com o seu padrão e, portanto, a nação perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas.
Concordamos com a primeira parte desta afirmação: a história de Israel é geralmente uma triste história de afastamento de Deus, e a nação pagou caro por isso muitas vezes ao longo dos anos, até aos dias de hoje.
Contudo, temos que examinar a segunda parte da afirmação: a nação de Israel perdeu as bênçãos prometidas aos pais?
Vejamos novamente a Aliança Abraâmica. Já consideramos as promessas feitas a Abraão e à sua descendência da terra e das bênçãos fluindo para todos os povos. As promessas são declaradas e repetidas a ele, e também a Isaque e Jacó, em diversas ocasiões, (veja por exemplo, Gênesis 12 versos 1 a 3; capítulo 13 versos 14 a 17; capítulo 15 versos 1 a 7, e verso 18 a 21; capítulo 17 versos 1 a 19; capítulo 26 versos 2 a 5; capítulo 28 versos 13 a 15).
Não há sugestão de que seja condicional por parte dos descendentes. É uma aliança "eterna", (Gênesis 17 versos 7, 13 e 19; 1ª Crônicas 16 versos 16 e 17; Salmos 105 versos 9 e 10) e, portanto, por definição, inquebrável pelo homem.
Quando Deus o solenizou, (Gênesis 15 verso 9-17), somente Ele passou pelos pedaços – o homem não teve parte nisso; seu cumprimento dependia inteiramente de Deus. Um indivíduo poderia, por causa da desobediência, perder o seu próprio relacionamento com o povo da aliança, (Gênesis 17 verso 14), mas isso não anulava a aliança.
Considerações semelhantes se aplicam à Aliança Davídica, (2ª Samuel 7 versos 12 a 16).
É descrito como "para sempre" ou "eterno", (2ª Samuel 7 verso 13 e 16; capítulo 23 verso 5); suas promessas são muitas vezes repetidas, apesar do fracasso, (Is 9:6, 7; Jeremias 23 verso 5, 6; capítulo 33 verso 14-17, 20, 21); a desobediência de Salomão traria correção, mas não anularia a aliança, (2ª Samuel 7 versos 14 e 15); foi confirmado por um juramento, (Salmos 132 verso 11); e Deus diz que não o quebrará, (Salmos 89 versos 34 a 36).
Mesmo em meio à apostasia, Deus afirma que não rejeitará Israel (por exemplo, Jeremias 31:35-37). O fracasso por parte da nação não anula Suas promessas.
Voltando-nos para o Novo Testamento, depois de a nação de Israel ter cometido o pior pecado possível, rejeitando o Messias, as alianças ainda são especificamente declaradas como sendo deles, (Romanos 9 verso 3, 4 e Efésios 2 verso 12).
Em Romanos 3 versos 1 a 4, Paulo deixa bem claro que a falta de fé por parte de alguns israelitas de forma alguma, anula a fidelidade de Deus. As promessas de Deus não são descartadas só porque alguns não acreditam nelas. Mesmo que todas as pessoas no mundo dissessem o oposto do que Deus diz, então Deus será aquele que será considerado verdadeiro, e todos os outros serão considerados mentirosos, (verso 4). Deus é totalmente fiel e honrará Suas promessas à nação.
Em Romanos 11 versos 1 e 2, Paulo afirma que "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu". Ele continua, (verso 11), afirmando que o "tropeço" deles não é completo e final. A sua "cegueira", (verso 25) é parcial e temporária: "até que entre a plenitude dos gentios". Então, Israel "será salvo", (verso 26), e isso acontecerá quando o Libertador vier "e afastar de Jacó a impiedade", (verso 26), e "tirar os seus pecados", (verso 27).
Que isto se refere à nação de Israel, e não à Igreja, não poderia ser mais claro, pois Paulo diz deles no versículo 28: "Quanto ao evangelho, eles são inimigos por causa de vós". Ele já falou de Israel como daqueles por quem ele tem tristeza no coração, (capítulo 9 verso 2); dos seus privilégios, (capítulo 9 versos 4 e 5); do fato de que Cristo veio através deles, (capítulo 9 verso 5); do seu zelo equivocado, (capítulo 10 versos 2 e 3); da sua desobediência, (capítulo 10 verso 21).
Todas essas referências não podem estar falando da Igreja. Todo o contexto de Romanos capítulos 9 a 11 mostra que quando ele fala de Israel, ele está falando da nação literal de Israel. Então, quando ele fala no capítulo 11 verso 26 de Israel sendo salvo, é a salvação futura da nação. Afirmar que é o contrário é distorcer o ensino claro desta seção de Romanos.
Agora, por que é que, apesar de todo o fracasso de Israel, da sua rejeição do Messias, da sua inimizade para com a Igreja, existe ainda um salvação futura para eles? Não nos resta adivinhar. Em Romanos 11 verso 28, Paulo declara um fato que substitui todas as negativas. "No que diz respeito à eleição, eles são amados por causa dos pais." O seu relacionamento com os patriarcas, a quem as promessas foram feitas, significa que, apesar da sua inimizade para com o evangelho, eles são amados por Deus e recebem grandes bênçãos. Paulo encerra o argumento quando escreve: "Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (verso 29). Isto é, Deus não muda de ideia. Ele fez Suas grandes promessas à nação de Israel e as cumprirá. Elas serão cumpridos.
E assim, por causa das alianças com os pais da nação de Israel, que Deus certamente honrará, acreditamos em um Milênio literal e futuro, quando essas promessas certamente serão cumpridas. Grandes são as nossas bênçãos na Igreja nos dias de hoje, bem como no futuro, mas não são o cumprimento das promessas que Deus fez aos pais da nação de Israel no Antigo Testamento; pois, as promessas que Ele fez a Abraão, a Isaque, a Jacó e aos seus descendentes. Ele os cumprirá.
Levemos a sério a advertência de Paulo aos cristãos em Romanos 11 verso 25. Existe o perigo de sermos "sábios em nossos próprios conceitos", de estarmos tão cheios de nossa auto-importância que desprezamos Israel, pensando erroneamente que todas as bênçãos são nossas e que não resta mais nada para eles. Deus tem um futuro glorioso para aquela nação, e é no Milênio que tantas promessas serão cumpridas.
5. O MILÊNIO - Completude do Programa Divino.
Acreditamos que um futuro reinado literal de 1.000 anos, na terra, é necessário para que os planos de Deus para esta terra sejam cumpridos. Quando Deus fez o mundo e tudo que nele há, tudo era "bom", (Gênesis 1). Ele colocou um homem como cabeça da criação, (Gênesis 1 versos 26 e 28). Isto é descrito no Salmo 8 verso 6: "Fizeste que ele, [o homem] tivesse domínio sobre as obras das tuas mãos; Tu puseste todas as coisas debaixo dos seus pés." Porém, entrou o pecado, por isso, citando e comentando este Salmo, o escritor aos Hebreus diz que, no presente, não vemos todas as coisas sujeitas sob o homem, (Hebreus 2 verso 8). No entanto, esta passagem, (usando as palavras, "ainda não"), mostra que chegará um tempo em que o faremos. Isso ele chama de, "a era vindoura" (verso 5). E certamente o Homem em quem isso se cumprirá é o Senhor Jesus Cristo, (versos 9 e 10).
Como e quando isso acontecerá? Sob o esquema amilenista, não haverá um tempo em que esta terra verá a sua antiga glória restaurada, pois de acordo com eles, as coisas continuarão como estão agora, até o fim, quando haverá uma ressurreição geral, um julgamento geral, a destruição da terra e a introdução do estado eterno. Assim, de acordo com este esquema, as palavras da oração padrão do Pai Nosso, (Lucas 11 verso 2): "Venha o Teu Reino. Seja feita a tua vontade, como no céu, assim na terra", nunca será respondida, no que diz respeito à presente terra.
Contudo, não só o Antigo Testamento está repleto de referências a bênçãos futuras na terra, mas o Novo Testamento as afirma. A "criação inteira", que "geme e sofre de dores" será "libertada da escravidão da corrupção para a liberdade gloriosa dos filhos de Deus", (Romanos 8 versos 21 e 22). Uma profecia tão maravilhosa dificilmente poderia ser cumprida pelo "calor ardente" de 2ª Pedro 3 verso 10, que descreve a dissolução da criação atual, em vez da sua libertação! A conflagração que Pedro descreve aqui certamente ocorrerá, mas não antes que o período glorioso do governo de 1.000 anos de Cristo na terra tenha sido completado. Não, a vontade de Deus será feita nesta mesma terra, durante 1.000 anos, antes que ocorra a dissolução dos elementos, resultando nos novos céus e na nova terra.
Passagens como Zacarias 14 não teriam sentido se não se referissem à terra literal. Afirma-se que o Senhor estará no monte das Oliveiras, (verso 4), e Zacarias descreve grandes mudanças topográficas que ocorrerão então: o monte se dividindo em dois, (verso 4), um grande movimento de águas, (verso 8), e a formação de uma planície, (verso 10). Se fosse verdade que a vinda do Senhor iria resultar imediatamente na dissolução de tudo, Zacarias poderia ter dito isso, sem dar detalhes de lugares geográficos específicos e eventos, que, se o amilenista estiver certo, não acontecerão. Certamente é melhor aceitar as palavras de Zacarias como estão. No retorno do Senhor à terra, haverá mudanças, mas elas acontecerão na mesma terra em que vivemos agora, em lugares que podem ser identificados no globo atual. Além disso, uma vez que Zacarias descreve mudanças topográficas, não atomização, seria sábio aceitar que o que acontecerá no retorno do Senhor é apenas isso, e manter a atomização e a reconstituição (de 2 Pedro 3), para quando ela cumprir, muito mais tarde.
Quando o Senhor esteve aqui, Ele foi crucificado. Ele partiu como um rei rejeitado. Ele ainda é rejeitado. Será este o fim das coisas no que diz respeito a este mundo? Ele nunca irá reinar nesta terra onde foi rejeitado? Sim, ele vai! Quão abençoadas são as palavras de Zacarias 9 verso 10: "Seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra". Ele reinará neste mesmo mundo onde foi rejeitado.
O Salmos 2 versos 1 a 3, descreve o ódio das nações contra o Senhor. O salmista expressa a futilidade de sua oposição: "Contudo, coloquei o meu Rei no meu santo monte de Sião", (verso 6). Isto sem dúvida se refere ao reinado futuro do Senhor Jesus Cristo, (as palavras no verso 7, que diz: "Tu és meu Filho; hoje te gerei", citadas em Atos 13 verso 33; Hebreus 1 verso 5; e capítulo 5 verso 5, e a citação do Salmo 2 em Atos 4 versos 25 a 27, confirme que a passagem se refere a Ele). Os leitores destes Salmos não teriam dúvidas de que "Sião", era a colina sobre a qual Jerusalém foi construída, (Salmos 48 verso 12), e certamente teriam entendido que a declaração no versículo 6, se referia ao Messias reinando na cidade terrena de Jerusalém. Não há razão para alguém descartar o cumprimento literal desta bela profecia messiânica. A declaração em Hebreus 12 verso 22, que diz: "Mas vós chegastes ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial", nos mostra que nós, como crentes nos dias atuais, recebemos as bênçãos espirituais associadas ao céu, a morada de Deus, da qual Sião e a Jerusalém terrestre são um retrato. Isto não nega as referências bíblicas a Ele, Jesus reinando como Rei na cidade literal de Jerusalém.
Quando o Senhor Jesus caminhou pela última vez pelas ruas de Jerusalém, o povo clamou: "Fora com este homem, não queremos que Ele reine sobre nós", (Lucas 23 verso 18). Mas quando O virem novamente, dirão: "Bendito o que vem em Nome do Senhor", (Mateus 23 verso 39). A mesma cidade que O rejeitou O receberá com alegria. Ele estabelecerá Seu trono ali mesmo, e dele fluirão bênçãos para as nações.
Ao negar um reinado futuro de Cristo, centrado em Jerusalém sobre a terra, o amilenista está a negar uma parte vital do programa de Deus para a terra atual. Somente através de um governo literal e futuro de Cristo na terra todas as promessas de Deus para Israel e este mundo poderão ser cumpridas.
6. O MILÊNIO - O Caráter de Deus.
A grande maioria da cristandade é amilenista em doutrina. O Catolicismo Romano vê-se como o cumprimento das profecias do Reino, e não aceitaria a ideia de que há Alguém vindo que substituirá a sua própria preponderância! A maioria das denominações protestantes apóstatas incorporaram a posição católica romana sobre eventos futuros por defeito, – na maior parte das vezes sem questionamento sério. Liberais e modernistas não aceitam a verdade da inspiração das Escrituras. Parte de sua agenda mais ampla é negar o cumprimento literal da profecia, o que então nega a literalidade das Escrituras em geral.
Dito isto, sabemos que existem muitos amilenistas que são verdadeiros crentes, que defendem a inerrância das Escrituras e que nunca procurariam impugnar o caráter de Deus. Contudo, se olharmos atentamente para o que é o ensino amilenista, podemos ver que ele não é consistente com a visão elevada do caráter de Deus, conforme apresentado para nós na Palavra de Deus.
A Bíblia nos diz que Deus não pode mentir, (Tito 1 verso 2). No entanto, a doutrina amilenista está efetivamente dizendo que Deus disse coisas que não eram verdadeiras e que, dessa forma, Ele enganou deliberadamente as pessoas. Por exemplo, quando Ele disse a Abraão para olhar para a terra que ele e sua semente receberiam, (Gênesis 13 versos 14 e 15), e quando Ele indicou os limites da terra, (Gênesis 15 versos 18 a 21), Abraão certamente entendeu as referências à "terra" como literais. Se o amilenista estiver certo, então Deus não tinha nenhuma intenção de lhe dar aquela terra, e Abraão foi enganado.
O mesmo acontece com as promessas feitas a Abraão e à sua "descendência". Abraão certamente tomou o termo para se referir aos seus descendentes literais, (Gênesis 21 verso 12), mas o amilenista nos diz que o termo não se refere à semente literal de Abraão, mas à sua semente espiritual.
Ao longo do Antigo Testamento, quando Deus deu profecias detalhadas à nação de Israel, a respeito do futuro, eles certamente as teriam interpretado literalmente. Esta expectativa era igualmente forte no Novo Testamento. Fica claro pela nossa leitura dos evangelhos e de Atos dos Apóstolos que os discípulos esperavam um reino futuro, literal, com Israel à frente das nações, (Atos 1 verso 6). Será que realmente se espera que acreditemos que, durante centenas e centenas de anos, Deus permitiu que o Seu povo fosse enganado quanto à verdadeira natureza das promessas que Ele estava fazendo? E se eles entenderam mal o verdadeiro caráter da profecia, por que o Senhor Jesus não os corrigiu quando teve a oportunidade de ouro, de o fazer? (Atos 1 verso 7). Será que os amilenistas pensam que receberam algum grande conhecimento da mente de Deus, o que lhes permite descartar as passagens claras que abundam nas Escrituras, quando até mesmo o próprio Senhor Jesus, quando aqui na terra, não o fez?
A implicação de tudo isso não é uma questão insignificante. Pois, se Deus disse coisas a Israel que Ele não pretendia cumprir, que razão temos para acreditar que Ele cumprirá as promessas que nos fez? Podemos estar confiantes de que nos sairemos melhor do que Israel? Se os santos do Antigo Testamento entenderam mal o que Deus lhes prometeu, como podemos ter certeza de que não estamos entendendo mal as promessas que Ele nos fez? Rejeitemos tais calúnias sobre o caráter de Deus e citemos com confiança Hebreus 10 verso 23: "Fiel é aquele que prometeu".
A Bíblia nos diz que Deus não muda de ideia em relação ao Seu chamado e aos Seus dons, (Romanos 11 verso 29). No entanto, o amilenista ensina que (por causa da incredulidade), a nação de Israel perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas. Isto contradiz terminantemente o que Paulo diz em Romanos 11, onde ele indica claramente que Deus não voltará atrás em Suas promessas aos patriarcas (verso 28), que a cegueira de Israel é parcial e temporária (verso 25), e que há futuro salvação e perdão dos pecados para a nação de Israel (versos 26 e 27). Também contradiz as declarações do Antigo Testamento sobre o caráter incondicional das promessas de Deus. Por exemplo, no Salmo 89, o escritor fala da aliança de Deus com Davi, (versos 3, 4 e 20) e afirma que, embora a desobediência por parte dos descendentes de Davi resulte em julgamento sobre eles, (versos 29 a 32), ela de forma alguma anulará a aliança que Deus fez com ele, (verso 28 e 33 a 37).
A Bíblia ensina que nada é impossível para Deus (Lucas 1 verso 37). No entanto, frequentemente o amilenista afirma que um futuro milênio literal é "impossível". Por exemplo, ele diz que os registros das tribos foram perdidos, então seria impossível saber quem são os levitas. Mas certamente Deus ainda os conhece, e não será difícil para Ele torná-los conhecidos à Sua própria maneira e em Seu próprio tempo.
Argumenta-se também que as dimensões do templo milenar, conforme fornecidas em Ezequiel, não caberiam no local atual do templo. Mas isso não inclui as grandes mudanças topográficas que ocorrerão (Zacarias 14), que abrirão espaço para uma estrutura muito maior. Sem dúvida existem outras "dificuldades" para as quais não temos respostas. Mas Deus sabe as respostas e podemos confiar Nele. Não limitemos as capacidades de Deus para cumprir o que Ele prometeu.
Nosso Deus é um Deus de verdade, (Deuteronômio 32 verso 4), um Deus que é capaz de cumprir aquilo que prometeu, (Romanos 4 verso 21). Acreditar num futuro, num Milênio literal, é reconhecer estas coisas; negá-lo é efetivamente negar a confiabilidade e o poder de Deus.
Mas o amilenista discordará da nossa afirmação de que o Novo Testamento não anula as promessas de um reino futuro literal na terra. Ele apontará passagens do Novo Testamento que, segundo ele, mostram que as promessas do reino devem ser interpretadas espiritualmente. Será?
7. O MILÊNIO - O Contexto das Citações Bíblicas.
Acreditamos que, por várias razões bíblicas, haverá um reinado de 1.000 anos de nosso Senhor Jesus Cristo aqui nesta terra. Contudo, aqueles que têm a opinião oposta citam certas passagens do Novo Testamento, que, afirmam, espiritualizam as profecias do Antigo Testamento e, portanto (dizem eles), não devem ser interpretadas literalmente. Aqui, podemos considerar apenas uma amostra de tais citações.
Um exemplo frequentemente citado diz respeito ao termo "semente de Abraão", que é usado pelos crentes atuais em Gálatas 3. Assim (diz o amilenista), todas as promessas da Bíblia à "semente de Abraão" são cumpridas em nós, e não têm cumprimento futuro à semente literal de Abraão.
Mas vejamos o contexto em que somos chamados de "descendência de Abraão". Considere Gálatas 3 verso 8: "E a Escritura, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, pregou antes do evangelho a Abraão, dizendo: 'Em ti serão benditas todas as nações.'" No restante deste capítulo, Paulo prossegue, continuado a mostrar que a promessa de que todas as nações seriam abençoadas por meio de Abraão é cumprida na salvação que pessoas de todas as nações recebem, por meio da fé, por causa da obra do Senhor Jesus Cristo, (versos 14, 26 e 28). Assim, ele pode encerrar o capítulo, (no verso 29), com as palavras: "E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa". Qual promessa? Pelo contexto, é a promessa declarada no versículo 14, que diz: "A promessa do Espírito mediante a fé". Assim, nós, como semente espiritual de Abraão, em Cristo, (versos 19 e 29), cumprimos a promessa feita de bênção ao mundo por meio do evangelho. Nada é dito aqui, que foi anulado qualquer uma das promessas sobre a nação de Israel e a terra. Eles nem são mencionados. Eles aguardam o cumprimento literal no Israel literal.
Outro conjunto de citações usado pelo amilenista são, Hebreus 8 versos 8 a 12 e capítulo versos 15 a 17, referindo-se à promessa da "nova aliança" dada à casa de Israel e à casa de Judá, que é citação de Jeremias 31 versos 31 a 34. O fato de estas promessas serem citadas aos crentes desta era significa, (afirma o amilenista), que "Israel e Judá" e "a Igreja" são uma e a mesma coisa e, portanto, somos o cumprimento completo desta profecia, e não há realização futura para a nação.
Mais uma vez, examinemos cuidadosamente o contexto e veremos que em nenhum lugar o escritor aos Hebreus diz que a promessa da nova aliança é completa e finalmente cumprida pela Igreja. A base para a nova aliança é o derramamento do sangue de Cristo, e isto encontramos em passagem como, (Lucas 22 verso 20; 1ª Coríntios 11 verso 25; e Hebreus 9 verso 15), e o resultado para aqueles que estão sob este sangue, é que seus pecados não serão mais lembrados, (Jeremias 31 verso 34; Hebreus 8 verso 12, e Capítulo 10 verso 17). Assim, uma pessoa que recebe hoje a Cristo como seu Salvador recebe as bênçãos da nova aliança. Esse é o ensino da epístola aos Hebreus. No entanto, isto não vai de forma alguma contra o seu cumprimento futuro para Israel. Israel ainda está incrédulo, mas quando se voltar para o Senhor, a profecia de Jeremias será cumprida para a nação. Os crentes atuais, da era da Igreja, já estão na bênção do que Israel ainda espera. Mas o fato de o possuirmos agora, não significa, de forma alguma, que isso será negado a Israel no futuro.
Outro exemplo usado pelo amilenista é Oséias 1 verso 10 e 11 e Capítulo 2 verso 23, que Paulo cita em Romanos 9 versos 23 a 26. O contexto de Oséias 1 e 2 mostra que ele se refere à restauração de Israel; Paulo está se referindo a trazer bênçãos aos gentios. Assim, diz o amilenista, Paulo está afirmando que a Igreja é o cumprimento da promessa de Oséias a Israel.
Mas Paulo não está dizendo isso. Ele está simplesmente tomando emprestadas as palavras de Oséias e aplicando-as num contexto diferente. Suas palavras são claras: "Como também diz em Oséias", (Romanos 9 verso 25). Ele não afirma que a bênção dos gentios é o cumprimento das palavras de Oséias, mas apenas que as palavras de Oséias podem ser aplicadas a eles. Ele não está negando o futuro cumprimento literal da profecia de Oséias.
Outro caso são as palavras de Tiago em Atos 15 versos 14 a 17, onde Tiago cita Amós 9 verso 11, que, afirmando o amilenista, mostra que a bênção dos gentios no presente, cumpre a profecia de que Deus que diz, "edificará novamente o tabernáculo de Davi".
Mas, mais uma vez, Tiago não diz tal coisa. O exame de suas palavras mostrará que, a atual bênção dos gentios, está "de acordo", (note o verso 15), com esta profecia e não o cumprimento em si dela. Portanto, devemos notar que, Tiago diz mais: é "depois disto", (verso 16), que o tabernáculo de Davi será restaurado. Enquanto isso, Deus está tirando dos gentios, "um povo para o Seu nome", (verso 14). Isto está de acordo com o que Amós disse; e não é o cumprimento da profecia.
Esta análise das citações no seu contexto não foi certamente exaustiva; no entanto, confiamos que já foi dito o suficiente para mostrar que, quando um amilenista cita certos "textos de prova" para a sua doutrina, um exame cuidadoso deles, no seu contexto, mostrará que eles não apoiam a sua teoria.
Acreditamos num futuro reinado literal de Cristo de 1.000 anos na terra; porque as Escrituras ensinam isso; porque as condições atuais no mundo, não respondem à visão alternativa; porque está em consonância com princípios consistentes de interpretação; porque preserva a distinção que as Escrituras fazem entre Israel e a Igreja; porque é a única maneira pela qual as alianças de Deus com os pais serão cumpridas; porque é necessário para a completude do programa de Deus para todos os tempos; porque é consistente com o caráter de Deus; e porque as Escrituras que parecem sugerir o contrário, quando examinadas em seu contexto legítimo, não dizem nada disso.
De bom grado nos unimos a Paulo enquanto ele ensina inequivocamente a restauração e bênção de Israel: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os Seus julgamentos e os Seus caminhos inescrutáveis! … Pois dele, e por meio dele, e para ele, são todas as coisas, a quem seja a glória para sempre. Amém" (Romanos 11 versos 33 a 36).
Por David McAllister (2010)
(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)
8. O diabo está nos detalhes
Muitas vezes, quando o tema da tentação é abordado, a menção ao diabo geralmente vem logo em seguida. Sendo ele um ser vivo e fora de nós, é fácil vê-lo como a tentação personificada. Embora seja verdade que ele é chamado de "o tentador", a expressão casual, "o diabo me obrigou a fazer isso", é uma desculpa esfarrapada para qualquer pecado e está em desacordo com a realidade, (leia, Tiago 1 verso 14). Em certo sentido, podemos dar ao diabo mais crédito do que ele ganhou. Por outro lado, João adverte que "o mundo inteiro está sob o domínio do Maligno", (1ª João 5 verso 19). O pecado de Satanás foi o orgulho, desejando ser o que Deus não havia permitido. Embora já tenhamos notado que a carne é o inimigo que tenta por dentro, "o príncipe das potestades do ar" é o inimigo que ataca de fora. Enquanto o mundo incita o desejo de "ter o que quero" e a carne diz: "Farei o que quero", o sussurro tentador do diabo é que "sereis o que quiser". Sua determinação motriz era esta: "Subirei acima das nuvens mais altas; far-me-ei semelhante ao Altíssimo", (Isaías 14 verso 14).
A nossa sociedade exorta-nos a respeitar as pessoas que se "criaram por si" e a defender a crença equivocada de que cada um pode ser o que quiser. Sem dúvida, Satanás está a explorar inseguranças psicológicas e traumas, e um desejo de pertencer, para promover a preocupante agenda política de identidade pessoal tão prevalecente hoje.
O desejo consumidor de Satanás de se tornar independente foi sua ruína. Não sejamos apanhados desprevenidos; embora tenha perdido sua posição, ele não perdeu nada de seu desejo. Ele continua a encorajar atitudes que desprezam a Deus e exaltam o eu dentro de nossos próprios corações. A tentação que João mais tarde identificaria como "a soberba da vida" é a que Eva experimentou em "que a árvore era desejável para dar entendimento". A tentação de Satanás sempre foi que eu, de fato, me tornasse uma versão melhor, mais sábia, mais esclarecida e mais confiante de mim mesmo do que sou agora.
Desde a tragédia no Éden, ele planeja constantemente criar dentro de nós uma suspeita persistente de que Deus está nos negando algo de bom, ou seja, que Deus nos prescreveu certas limitações porque Ele se sente de alguma forma ameaçado pelo quão poderosos poderíamos nos tornar se atingíssemos "nosso pleno", potencial desimpedido. Uma pessoa orgulhosa será a primeira a cair (novamente) na tentação de Satanás. Em contrapartida, os humildes procuram e encontram refúgio em Deus. Em vez do popular lema "repreender o diabo", as Escrituras nos instruem a resistir a ele. Contudo, a instrução para "resistir ao diabo" não é uma ordem isolada. Em vez disso, está associada a uma resposta correspondente e oposta a Deus, que envolve "submeter-se" e "aproximar-se" dEle, "humilhar-se" sob Ele e "lançar sobre Ele todas as suas preocupações", (leia Tiago 4 versos 7 e 8; e 1ª Pedro 5 verso 6).
Enquanto ataca de cima, o diabo dirige o olhar para baixo. O resultado de desprezar outra pessoa é que nos sentimos elevados. Se Eva ou Acã, Davi ou Pedro tivessem parado para olhar para cima por um momento, as suas histórias poderiam ter sido muito diferentes, – e a nossa também! Naturalmente, ele nos tentará a querer o que pensamos ser melhor para nós mesmos, o que envolve ignorar o sofrimento, parte integrante do seguimento de Cristo, (Mateus 16 verso 24). Quando Pedro ouviu o Senhor falar sobre Seu próprio sofrimento e crucificação que estava por vir, ele objetou veementemente. "Mas Ele se virou e disse a Pedro: 'Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para Mim; pois vocês não estão pensando nos interesses de Deus, mas nos interesses dos homens", (Mateus 16 verso 23). O Senhor acusa Pedro de atender à tentação de Satanás de focar nos próprios interesses e não nos de Deus. Os crentes em Tessalônica estavam experimentando a prova do sofrimento e Paulo "temia que o tentador os tivesse tentado", (1ª Tessalonicenses 3 verso 5). Ele ficou grandemente encorajado ao ouvir que a fé deles permanecia firme em meio ao sofrimento e na hora da tentação. Precisamos de ser lembrados desta ameaça quando enfrentamos ou antecipamos o sofrimento.
Paulo deixa claro em sua carta aos Efésios que Satanás e suas hostes de demônios estão falando sério, e o crente deve levar a ameaça a sério. "Coloque toda a armadura de Deus para poder resistir às maquinações do diabo. Pois a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os governantes, contra as autoridades, contra os poderes cósmicos das trevas, contra as forças espirituais do mal nos lugares celestiais. Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e, tendo feito tudo, tomar posição", (Efésios 6 versos 11 a 13). Quando reconhecemos quão medonho é o nosso inimigo, podemos ser tentados a desesperar. No entanto, "mesmo que Satanás ligue o aquecimento, o Pai Celestial mantém Sua mão todo-poderosa no termostato!"
Em conflitos militares, a batalha consiste em mais do que projéteis de morteiro; envolve também uma guerra de informação. Propaganda, invasão de dados de inteligência, interferência de sinais e redes de satélite se combinam para tornar o ataque mais eficaz. Satanás é experiente em usar informações para lançar seus ataques no nível da mente, disposto até mesmo a usar as próprias Escrituras como uma arma, a fim de redirecionar as afeições de nossos corações. No caso de Eva, ele primeiro lançou dúvidas sobre a Palavra de Deus antes de negar abertamente a sua verdade. Na tentação do Senhor ele diz: "Está escrito" numa tentativa de legitimar o seu tratamento profano das Sagradas Escrituras. O inimigo das nossas almas terá prazer em dar-lhe o seu cristianismo formal, a sua teologia formal, e até mesmo dar-lhe conhecimentos bíblicos… se ele puder capturar e controlar o seu coração. Paulo exorta os crentes sob ataque a "em todas as situações, tomem o escudo da fé, com o qual vocês podem extinguir todas as flechas inflamadas do Maligno", dirigidas aos nossos corações e mentes, (Efésios 6:16).
O Novo Testamento aponta alguns dos campos minados que podem fazer um crente tropeçar e deixá-lo exposto aos esquemas tentadores do diabo. Lemos por exemplos sobre, presunção de posição, (1ª Timóteo 3 versos 6 e 7), raiva não resolvida, (Efésios 4 versos 26 e 27), separação conjugal, (1ª Coríntios 7 verso 5), falta de perdão, (2ª Coríntios 2 versos 10 e 11). O enganador de todo o mundo, sussurra: "Eu serei o que eu quiser". Diante desta tentação, o antídoto prescrito é a humildade diante de Deus, (Apocalipse 12 verso 9).
Por Tim Woodford
(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)
9. O Milênio
O MILÊNIO – O PACTO (1)
A palavra 'milênio' não é um termo bíblico, embora descreva uma doutrina bíblica. O termo, "millennium", é composto por duas palavras latinas, "mille", que significa mil e "nnium", que significa um ano, portanto milênio significa mil anos.
A doutrina assim descrita é que em Seu segundo advento o Senhor Jesus Cristo será aceito por Israel como seu Messias e Ele reinará sobre o mundo inteiro a partir de Jerusalém por mil anos. Estes mil anos do reinado do Senhor são mencionados em Apocalipse 20 versos 1 a 6. Aqui somos informados de que o período de mil anos começa com a ressurreição dos justos e termina com a ressurreição do resto da humanidade para julgamento, (20 versos 7 a 15).
Diz-se que o milênio é mencionado apenas em um lugar nas escrituras, que está aqui em Apocalipse 20, (onde aparece, seis vezes). Certamente esta é a única declaração quanto à sua extensão, mas pretendemos mostrar que o milênio é um dos grandes temas das Escrituras.
Está registrada no livro de Gênesis a aliança que Deus fez com Abraão, (Gênesis 12 versos 1 a 7). Na verdade, as repetidas referências a esta aliança, com as suas reafirmações a Isaque e Jacó, fazem dela o tema principal do livro do Gênesis, sendo mencionada extensamente pelo menos quinze vezes.
(Gênesis 12:1-7; 13:14-18; 15:1-21; 17:1-27; 18:1-19; 22:15-19; 24:7; 26:1-5; 28:1-4; 28:10-22; 32:12; 35:9-15; 46:1-4; 48:1 -4 e 50:24).
Este acordo (aliança) era que, à medida que Abraão cresse e obedecesse a Deus ao deixar seu país, Deus faria de seus descendentes uma grande nação, (Gênesis 12 verso 2), que se tornaria a nação de Israel; e através daquela nação trazer uma bênção a toda a humanidade, (Gênesis 12 verso 3), que seria o Evangelho, (Gálatas 3 verso 8); e essa nação possuiria a terra de Canaã, (Gênesis 12 verso 7). Abraão cumpriu sua parte na aliança obedecendo a Deu, (Gênesis 12 verso 4) e crendo em Deus (Gênesis 15 verso 6).
Deve-se notar que isso é chamado de aliança eterna, (Gênesis 17 versos 7,13,19). Não pode ser quebrado ou abolido. Abraão cumpriu a sua parte pela sua obediência, (Gênesis 26 verso 5) e agora morto, portanto Deus deve cumprir a sua parte. Isto significa que a nação dos descendentes de Abraão não pode ser exterminada; embora muitas tenham sido as tentativas de fazê-lo. Também que a terra de Canaã será deles até o fim da história, (Gênesis 17 verso 8; e Capítulo 48 verso 4).
Deve-se notar também que a nação produziria reis, (Gênesis 17 verso 6; e Capítulo 35 verso 11), que seriam da tribo de Judá, (Gênesis 49 verso 10). Esta parte da aliança foi explicada quando Davi, o rei escolhido por Deus, foi estabelecido sobre Israel. Esta expansão da aliança abraâmica está registrada em 2ª Samuel 7 e 1ª Crônicas 17. Deus diz a Davi: "E a tua casa e o teu reino serão estabelecidos para sempre diante de ti; o teu trono será estabelecido para sempre", (2ª Samuel 7 verso 16). Isto declara que não apenas o reino continuaria para sempre, mas também que um rei da linhagem de Davi reinaria sobre esse reino para sempre. Isto é confirmado pelo profeta Jeremias: "Assim diz o Senhor; se meu convênio não for com o dia e com a noite e se eu não tiver designado as ordenanças do céu e da terra; então rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, para que não tome nenhum de sua descendência para governar a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque farei voltar o seu cativeiro e terei misericórdia sobre eles". (Jeremias 33 versos 25 e 26, leia também versículos 19 a 24).
E é por isto que temos a profecia de Isaías a respeito do nascimento deste Rei: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto." (Isaías 9 versos 6 e 7). E, quando abrimos a primeira página do Novo Testamento, nos deparamos com o anúncio dos anjos antes do nascimento deste Rei: "Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Seu pai Davi; e Ele reinará sobre a casa de Davi, para sempre; e o seu reino não terá fim". (Lucas 1 Versos 32 e 33).
Assim, a soma total da aliança de Deus com Abraão, Isaque, Jacó e Davi é que os descendentes de Jacó (Israel) habitariam na terra de Canaã, governada por um rei da casa de Davi, enquanto a terra existir.
O MILÊNIO – O PARADOXO (2)
As Sagradas Escrituras, registram duas alianças, que dizem respeito à nação de Israel. A primeira delas foi feita com Abraão: "No mesmo dia o Senhor fez aliança com Abrão", (Gênesis 15 verso 18). A segunda foi feita com a própria nação de Israel: "O Senhor nosso Deus fez aliança conosco em Horebe", (Deuteronômio 5 verso 2). Isso é diferente da aliança com Abraão, pois lemos: "O Senhor não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco", (Deuteronômio 5 verso 3).
As duas alianças são distintas e, portanto, não devem ser confundidas. A aliança abraâmica, não deve ser confundida com a aliança mosaica que foi feita séculos depois. Esta distinção deve ser feita pelas seguintes razões.
Primeiro, a aliança abraâmica foi feita com um indivíduo durante a sua vida, enquanto a aliança mosaica foi feita com uma nação inteira, de geração em geração.
Segundo, a aliança com Abraão foi uma aliança eterna (Gênesis 17 versos 13 e 19), enquanto a aliança com Israel foi uma aliança do tipo "se obedecer". Note o que Bíblia diz: "Se vocês andarem em meus estatutos". "Mas se não me ouvirdes". (Levítico 26 versos 3 e 14). Esta aliança Deus fez com Israel no Monte Sinai, com Moisés atuando como seu representante. A parte de Israel era obedecer a Deus: Lemos em Êxodo 24 verso 7: "E ele (Moisés) tomou o livro da aliança e o leu diante do povo; e eles disseram: Tudo o que o Senhor disse faremos e obedeceremos". A parte de Deus no acordo era abençoar Israel nas suas guerras, nas suas colheitas, no seu abastecimento de água, na sua saúde, no seu gado e na sua herança. (Leia, Êxodo 23 versos 22 a 33). A obediência de Israel a Deus significava a bênção de Deus para Israel. Como uma aliança que exigia, "se obedecesse", era uma aliança continuamente condicional, exigia obediência contínua por parte da nação israelita de geração em geração, caso contrário a aliança se tornaria nula e sem efeito.
Terceiro, a aliança abraâmica tem efeito perpétuo, Abraão cumpriu a sua parte pela fé e obediência e agora está morto, portanto, o lado humano do acordo não pode ser quebrado. Considerando que Israel quebrou sua aliança pela desobediência a Deus, e isso resultou na catástrofe do cativeiro babilônico. Lemos em Jeremias 31 verso 31, o Senhor dizendo: "A aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito; a minha aliança eles quebraram". Mas Jeremias se apressa em afirmar que, embora Israel tivesse quebrou a aliança do Sinai, isso de forma alguma afetou a aliança com Abraão. Pois lemos nos versos 35 a 37 deste Capítulo de Jeremias: "Assim diz o Senhor, se os céus lá em cima puderem ser medidos, e os fundamentos da terra pesquisados lá em baixo, também rejeitarei toda a semente de Israel por tudo o que fizeram, diz o Senhor".
Portanto, agora chegamos ao paradoxo. Sob o inalterável pacto abraâmico, a nação israelita deveria possuir a terra de Canaã para sempre, mas sob o pacto mosaico, que eles haviam quebrado, seriam expulsos da terra. Por causa dos seus pecados, até ao ponto do sacrifício humano, os antigos habitantes de Canaã foram expulsos para dar lugar a Israel. (Leia, Deuteronômio 18 versos 9 a 14). Os israelitas, como parte da sua aliança com Deus, foram proibidos de seguir o seu exemplo (Leia Levítico 20 versos 1 a 5). Se Israel quebrasse a aliança, eles também seriam expulsos da terra, pois o Senhor disse: "Se vós... quebrardes a minha aliança... eu vos espalharei entre os gentios", (Levítico 26 versos 15 e 33). Eles quebraram a aliança, (leia, 2ª Crônicas 33 versos 1 a 9), e foram igualmente expulsos da terra, (leia 2ª Crônicas 36 versos 15 a 20). O paradoxo é que sob uma aliança a terra era deles para sempre, enquanto sob a outra aliança eles deveriam ser expulsos da terra. A solução para o paradoxo era que sempre que Israel fosse expulso de sua terra por causa do julgamento divino contra seus pecados, mesmo assim, por causa da aliança com Abraão, eles seriam trazidos de volta mais tarde à terra de Canaã, (leia, Levítico 26 versos 40 a 45).
Este cenário profético foi encenado duas vezes na história.
Primeiro, conforme já dissemos, Israel pecou e foi levado ao cativeiro babilônico. Mas, conforme profetizado por Jeremias, o exílio duraria apenas 70 anos, (leia, Jeremias 25 versos 11 a 13; e Capítulo 29 versos 10 a 14), e então Israel retornou à sua terra, (2ª Crônicas 36 versos 22 e 23), conforme registrado nos livros de Esdras e Neemias.
Segundo, Israel cometeu o pecado supremo contra Deus ao crucificar o seu próprio Messias. O apóstolo Pedro, e sua pregação no dia de Pentecostes, disse: "Portanto, saiba com certeza toda a casa de Israel que Deus fez daquele mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Senhor e Cristo, (Messias)", (Atos 2 verso 36). O próprio Senhor Jesus Cristo alertou sobre as consequências do seu pecado final. Eles caíram ao fio da espada e foram levados cativos para todas as nações; e Jerusalém foi pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem, (Lucas 21 verso 24). Esta profecia foi cumprida quando os romanos capturaram e destruíram Jerusalém no ano 70 d.C. Mas agora, depois de tantos anos, os descendentes de Abraão estão de volta à sua terra. O cenário está sendo montado para o retorno do Messias.
O MILÊNIO - OS PROFETAS (3)
Por causa das promessas de Deus aos seus antepassados, Abraão, Isaque, Jacó e Davi, os profetas aguardavam a idade de ouro para Israel, quando todas estas promessas seriam cumpridas. Sendo profetas, a sua visão desfrutou da vantagem da inspiração divina. As glórias terrenas daquela era vindoura constituem o clímax da maior parte do livro profético do Antigo Testamento. A visão dos profetas era de Jerusalém e da terra de Canaã habitada pelos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó sob a linhagem do rei de Davi, desfrutando de paz ininterrupta e prosperidade material enquanto a terra existir.
Aqui segue um exemplo de declaração de cada profeta com algumas leituras adicionais, pois este assunto preenche uma porção considerável dos escritos proféticos.
Davi profetizou: "A Israel por uma aliança eterna. Dizendo: A ti te darei a terra de Canaã, a parte da tua herança", (1ª Crônicas 16 versos 13 a 18, e repetido no Salmo 105 versos 7 a 11).
Um salmista, Etã, profetizou: "Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei para Davi. A sua descendência durará para sempre, e o seu trono será como o sol diante de mim", (Salmo 89 versos 35 e 36, leia todo o Salmo, e também os Capítulos 2, 72 e 110).
Isaías profetizou: "Tu (Jerusalém) também serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Não serás mais chamado de Abandonado", (Isaías 62 versos 3 e 4, veja o capítulo inteiro e também o capítulo 2).
Jeremias profetizou: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que a cidade (Jerusalém) será edificada para o Senhor. Serão santos ao Senhor; nunca mais será arrancada nem derrubada", (Jeremias 31 versos 38 a 40).
Ezequiel profetizou: "Eles habitarão na terra que dei a Jacó, meu servo, onde habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e meu servo Davi será seu príncipe para sempre", (Ezequiel 37 verso 25, leia os versículos 15 a 28).
Oséias profetizou: "Serei para Israel como o orvalho; ele crescerá como o lírio, e lançará as suas raízes como o Líbano", (Oséias 14 verso 5, leia os versículos 4 a 9).
Joel profetizou: "Mas Judá habitará para sempre, e Jerusalém de geração em geração", (Joel 3 verso 20, leia o capítulo inteiro).
Amós profetizou: "Trarei novamente do cativeiro meu povo Israel. E plantá-los-ei na sua terra, e nunca mais serão arrancados da terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Amós 9 verso 14 e 15).
Miquéias profetizou: "Ele se converterá novamente, terá compaixão de nós... Tu cumprirás a Jacó a verdade e a Abraão a misericórdia que juraste a nossos pais desde os dias antigos", (Miquéias 7 versos 19 a 20, leia versículos 11 a 20).
Sofonias profetizou: "Naquele tempo Eu os trarei novamente, sim, no tempo em que Eu os reunir, quando Eu fizer voltar do seu cativeiro diante dos seus olhos, diz o Senhor", (Sofonias 3 verso 20, leia os versículos 14 a 20).
Zacarias profetizou: "E os homens habitarão nela, e não haverá mais destruição total; mas Jerusalém será habitada em segurança", (Zacarias 14 verso 11, leia os versículos 11 a 21).
A visão futura desses profetas pode ser resumida nas palavras do seu colega profeta Daniel: "Eu vi nas visões noturnas, e eis que alguém como o Filho do Homem veio com as nuvens do céu, e veio ao Ancião de dias, e o fizeram chegar diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, que não será destruído", (Daniel 7 versos 13 e 14).
Isto é confirmado pelo próprio Senhor Jesus Cristo, pois Ele disse: "Ó tolos e lentos de coração para crer em tudo o que os profetas falaram, (…) e começando por Moisés e todos os profetas, ele lhes explicou em todas as Escrituras as coisas a Seu respeito", (Lucas 24 versos 25 a 27).
O MILÊNIO - O REI (4)
O anúncio do anjo antes do nascimento do Senhor Jesus Cristo deixa claro que Ele é o rei da linhagem de Davi que governará para sempre sobre Israel. Pois lemos: "Ele será chamado grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre; e do Seu reino não haverá fim", (Lucas 1 verso 32 e 33).
Os magos viajaram do leste para encontrar este Rei, e "Perguntando: Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?", (Mateus 2 verso 2).
Seus discípulos reconheceram o Senhor Jesus como tal nas palavras de Natanael: "Tu és o Rei de Israel", (João 1 verso 49).
O Senhor reivindicou publicamente esse título ao cumprir a profecia de Zacarias ao entrar em Jerusalém montado num jumentinho, (Mateus 21 versos 1 a 11).
"Alegra-te muito, ó filha de Sião; grita, ó filha de Jerusalém, eis que o teu Rei vem a ti, Ele é justo e tem a salvação; humilde, e montado num jumento, e num jumentinho, cria de jumenta" (Zacarias 9 verso 9).
As multidões gritaram em resposta à sua afirmação: "Hosana ao Filho de Davi" (Mateus 21 verso 9); a ser repetido pelas crianças no Templo, "Hosana ao Filho de Davi", (versículo 15).
Os principais sacerdotes e escribas condenaram tal adoração, mas o Senhor respondeu: "Da boca dos pequeninos e das crianças de peito, se ouve um aperfeiçoado o louvor" (versículo 16, citando o Salmo 8 verso 2).
Até mesmo seus inimigos reconheceram que Ele fez tal afirmação por meio de suas zombarias, enquanto o Senhor Jesus Cristo estava pendurado na cruz. Estes incluíam Pilatos (João 19 versos 1 a 22), bem como os líderes judeus (Mateus 27 versos 32 a 43).
"Então disseram os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos Judeus; mas que Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus. Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi", (João 1 versos 21 e 22).
O Senhor Jesus Cristo anunciou em Seu ensino que Ele retornaria a esta terra como o Filho do Homem, a Pessoa mencionada por Daniel como o governante designado por Deus sobre as nações. "Eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído", (Daniel 7 versos 13 e 14).
O Senhor referiu-se a isso muitas vezes em Suas parábolas, conforme registrado no evangelho de Mateus.
A parábola do chefe de família, (Mateus 24 versos 42 a 44): "Portanto, estai vós também preparados; porque numa hora em que não imaginais, virá o Filho do Homem", (versículo 44).
A parábola dos servos sábios e maus, (Mateus 24 versos 45 a 51): "O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera, e numa hora que ele não sabe", (versículo 50).
A parábola das dez virgens, (Mateus 25 versos 1 a 13), "Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do Homem virá", (versículo 13).
A parábola dos talentos, (Mateus 25 versos 14 a 30): "Depois muito tempo vem o Senhor daqueles servos e acerta contas com eles", (versículo 19).
A parábola das ovelhas e dos cabritos, (Mateus 25 versos 31 a 46): "Quando o Filho do Homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então, se assentará no trono da sua glória", (versículo 31).
Mas, primeiro, o Filho do Homem deve ser crucificado: "Tendo Jesus terminado todas estas palavras, disse aos seus discípulos: o Filho do homem será traído, e será crucificado", (Mateus 26 verso 1 a 2).
Não apenas em Suas parábolas, mas também em Seus ensinamentos claros, o Senhor referiu-se à Sua segunda vinda como o Filho do homem. "Pois assim como o relâmpago sai do leste e brilha até o oeste; assim será também a vinda do Filho do Homem". (Mateus 24 verso 27, ver também Marcos 13 versos 26 e 27, e Lucas 21 verso 27).
Nem sempre é reconhecido que foi a afirmação aberta e pública do Senhor de ser o Filho do Homem da profecia de Daniel a causa imediata de Sua crucificação. Conforme descrito em Mateus 26 versos 57 a 66, o conselho judaico teve grande dificuldade em encontrar duas testemunhas falsas que concordassem em condenar o Senhor. Colocado sob juramento, o Senhor foi obrigado a responder se Ele era ou não o Messias. Ele respondeu: "Tu disseste; contudo, eu vos digo, daqui em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vindo sobre as nuvens do céu", (versículo 64). Todo o tribunal reconheceu isso como uma citação do profeta Daniel. Acreditando que Sua afirmação de ser o Filho do Homem era falsa, eles O condenaram à morte por blasfêmia.
O apóstolo João aguardava com expectativa o dia do Seu aparecimento, quando assumiria a Sua suprema autoridade terrena como Filho do Homem. Pois lemos: "Os reinos do mundo tornaram-se os reinos de nosso Senhor e do Seu Cristo", (Apocalipse 11 verso 15, ver também pode ser lido, Capítulo 19 verso 11 até ao Capítulo 20 verso 6).
O MILÊNIO - O APÓSTOLO (5)
Paulo era o apóstolo dos gentios, mas, sendo ele próprio judeu, a descrença nacional no Evangelho por parte de Israel era um fardo constante para ele. Ele se refere longamente a esse fardo em sua carta à igreja romana, capítulos 9, 10 e 11. É compreensível que Paulo estivesse angustiado porque a maioria de seus companheiros judeus havia rejeitado o Evangelho (Romanos 9 versos 1 a 5). Paulo disse: "Pois eu desejaria ser anátema de Cristo, por causa de meus irmãos, meus parentes segundo a carne", (versículo 3).
Se então a nação do próprio povo de Deus rejeitou Seu Filho, Deus rejeitou Seu povo? Paulo responde que, "Não!", (Romanos 11 versos 1 a 27). A resposta é um duplo, "Não!". Primeiro, um remanescente substancial foi salvo. Um remanescente de milhares: "Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante da imagem de Baal. Da mesma forma, também neste tempo há um remanescente segundo a eleição da graça", (Romanos 11 versos 4 a 5).
Lemos em Atos 21 versos 18 a 20, que quando Paulo subiu a Jerusalém, no dia seguinte, Paulo entrou em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali. E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios. E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei."
Mas e o resto da nação? Lemos, "Israel não obteve aquilo que procurava; mas a eleição o obteve, e os demais foram cegados", (Romanos 11 verso 7).
Mas com isto, será o seu fracasso, como nação, em obter a bênção de Deus permanente?
Paulo responde: "Eu digo então: Eles tropeçaram para cair? Deus me livre", (Romanos 11 verso 11).
Paulo nos diz que isto, é temporário, enquanto os gentios têm a oportunidade de obter a bênção de Deus no Evangelho: "Mas antes, através da sua queda (de Israel), a salvação chegou aos gentios", (Romanos 11 verso 11).
Na parábola da oliveira, que encontramos em, (Romanos 11 versos 16 a 24), os ramos judaicos da oliveira da bênção divina foram quebrados para dar lugar aos ramos gentios serem enxertados. Mas os ramos nacionais judaicos serão enxertados novamente na sua própria oliveira de bênção divina. Lemos: "Pois se foste cortado da oliveira que é selvagem por natureza, e foste enxertado contrariamente à natureza numa boa oliveira, quanto mais estes, que são os ramos naturais, serão enxertados na sua própria oliveira?", (Romanos 11 verso 24).
Esta bênção nacional ocorrerá no segundo advento de Cristo, sete anos após o arrebatamento da Igreja ao céu, lemos: "Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó a impiedade", (Romanos 11 verso 26).
Embora Israel tenha quebrado a aliança que Deus fez com eles através de Moisés no Sinai, agora substituída pela nova aliança do Evangelho, (leia Jeremias 31 versos 31 a 34, e Hebreus 8 versos 7 a 13); embora eles também tenham rejeitado o Evangelho da graça, falando nacionalmente, Israel ainda é o herdeiro da aliança que Deus fez com Abraão, Isaque e Jacó.
Lemos: "No que diz respeito ao Evangelho, eles (Israel) são inimigos por causa de vós (os gentios); mas no que diz respeito à eleição, eles são amados por causa dos pais", (Romanos 11 verso 28).
O que exatamente Deus prometeu aos seus antepassados?
A aliança com Abraão, transmitida a Isaque e Jacó, continha três promessas, (Gênesis 12).
Primeiro, os descendentes de Abraão se tornariam uma grande nação, Israel, (Gênesis 12 verso 2).
Segundo, eles seriam o meio de bênção para toda a raça humana, pelo Evangelho, (Gênesis 12 verso 3, e Gálatas 3 verso 8).
Terceiro, eles ocupariam a terra de Canaã, (Gênesis 12 verso 7).
Também Deus prometeu ao Rei Davi que um dos seus descendentes reinaria sobre Israel para sempre (2ª Samuel 7 verso 16).
Além disso, Deus prometeu continuamente através dos profetas que, no final das contas, Israel habitaria na terra em paz permanente sob o reinado próspero daquele Rei.
Assim, através da ruptura temporária da nação de Israel com a bênção divina, a salvação veio para todos, tanto judeus como gentios, (Romanos 11 versos 30 a 32).
Lemos: "Porque Deus os encerrou na incredulidade, para ter misericórdia de todos", (Romanos 11 verso 32).
Mas na segunda vinda do Senhor Jesus Cristo o mistério será revelado. "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais sábios em vossos próprios conceitos; que a cegueira em parte aconteceu a Israel, até que a plenitude dos gentios entre. E assim todo o Israel será salvo: como está escrito, sairá de Sião o Libertador, e afastará a impiedade de Jacó", "Romanos 11 versos 25 a 26).
"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Romanos 11 versos 33 a 36)
O MILÊNIO - O PRELÚDIO (6)
Foi dado aos profetas Ezequiel e Zacarias definir o cenário no qual o próprio Senhor se introduziria em sua segunda vinda à Terra para governar e reinar.
No capítulo 37 de seu livro, Ezequiel visualiza o retorno da nação de Israel do cativeiro na Babilônia. Ele retrata os esqueletos secos que jaziam nas terras de Israel desde a invasão babilônica voltando à vida, (versículos 1 a 14). Anteriormente havia duas nações, Israel e Judá, mas elas retornariam como uma só nação, (versículos 15 a 23). Então a linhagem do rei de Davi virá até eles, (versículos 22 a 28).
Ezequiel ignora a rejeição deles ao seu Rei, para contar que essa era a tarefa de Isaías, (Isaías 52 verso 13, até ao Capítulo 53 verso 12). Ezequiel está ansioso pelo segundo advento do Rei nos últimos dias, (Ezequiel 38 versos 8 e 16). E mostra como naquele tempo Israel estará de volta à terra de Canaã como nação, (Leia com atenção os Capítulos 38 e 39). Os judeus foram dispersos de suas terras pelos romanos como resultado das Guerras Judaicas, quando Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C. Depois de quase mil e novecentos anos, Israel foi reconstituído como uma nação na terra no ano 1948 d.C., e depois da Guerra dos Seis Dias, os judeus ganharam o controle de toda Jerusalém, encerrando assim o controle gentio daquela cidade desde os tempos romanos. "Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem", (Lucas 21 verso 24).
Ezequiel diz que a nação de Israel foi reunida de muitas nações na terra, (Ezequiel 38.8). A terra conheceu a guerra, mas agora está em paz, (versículo 8). A terra tem sido um desperdício contínuo, (versículo 8), mas agora está florescendo, (versículo 12).
Israel tem um inimigo no extremo norte, (Ezequiel 38 versos 6 e 15, e Capítulo 39 verso 2), um inimigo equipado com um enorme exército, (Ezequiel 38 versos 2 a 6).
Se o meridiano 35 de longitude, que corre 30 milhas (48,28 quilômetros) a oeste de Jerusalém, for traçado até o extremo norte, identificará a terra da qual Ezequiel está falando.
Este exército vem invadir Israel, para isso deve cruzar o rio Eufrates, como mostrará facilmente num mapa. Compare isto com as declarações de João sobre o rio Eufrates em Apocalipse 9 versos 13 a 21, e Capítulo 16 versos 12 a 14.
Mas esse exército, esperando uma vitória fácil, (Ezequiel 38 versos 10 a 12), será totalmente destruído pela intervenção divina direta, (Ezequiel 38 verso 17 até ao Capítulo 39 verso 5).
Esta é a batalha do Armagedom, (Apocalipse 16 versos 14 a 16).
João usa a própria linguagem de Ezequiel, (Ezequiel 39 versos 17 a 20), para descrever esta batalha, (Apocalipse 19 versos 11 a 21, leia com atenção, principalmente os versículos 17 e 18).
O profeta Zacarias pinta o mesmo quadro geral nos últimos três capítulos do seu livro, (Zacarias 12 a 14). Zacarias profetiza sobre o ataque a Jerusalém por muitas nações. (A terra ao extremo norte é uma união de repúblicas). Ele também fala da libertação da cidade pelo Senhor. Chegará o momento em que o Senhor retornará à terra, Aquele a quem eles traspassaram, (Zacarias 12 verso10), Aquele a quem feriram e feriram, (Zacarias 13 versos 6 e 7), Aquele que estará no Monte das Oliveiras, (Zacarias 14 verso 4), de onde Ele ascendeu ao céu, (Atos 1 versos 11 e 12). Então toda a nação, O reconhecerá como seu Messias, (Zacarias 12 verso 10).
Lemos em Miquéias 7 verso 20: "Mostrarás fidelidade a Jacó e amor inabalável a Abraão, como juraste a nossos pais desde os tempos antigos"
E concluímos com Zacarias 14 verso 9: "O Senhor se tornará Rei sobre toda a terra".
O MILÊNIO – O REINO (7)
A maior afronta da humanidade ao seu Criador foi a rejeição e assassinato do Seu Filho.
Os discípulos em oração em Atos 4, transmite isto muito bem: "Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram a uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel", (Atos 4 versos 25 a 27, é uma citação no Salmo 2 versos 1 e 2).
O grande propósito do milênio é anular este insulto supremo à majestade do Pai e do Filho.
"Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai." (Filipenses 2 versos 9 a 11).
O reinado milenar de Cristo ridicularizará a rebelião arrogante da raça humana contra o seu Criador todo-poderoso, lemos no Salmo 2: "Aquele que está assentado nos céus se rirá: o Senhor os ridicularizará", (Salmo 2 verso 4, observe o contexto).
Em Sua presciência, Deus prometeu a Abraão que Ele teria descendentes que formariam uma nação terrena para o Messias, (Gênesis 15 versos 5 a 6).
Deus prometeu uma terra para eles viverem, (Salmos 105 versos 9 a 11).
Também um Rei da linhagem de Davi para governá-los, (2ª Samuel 7 versos 18 a 29).
A nação de Israel ainda existe, após 4.000 anos após a promessa. Eles agora, nesta geração, retornaram àquela terra após uma ausência de quase 2.000 anos.
O Rei ressuscitou dos mortos e vive no poder de uma vida imortal por 2.000 anos no céu, (Hebreus 7 verso 16).
As condições, o cenário, o palco, estão dando forma para o reinado milenar do Senhor Jesus Cristo.
Quais serão as características do reinado milenar?
As profecias dos Salmos, Capítulos 2, 72, 110 e 132, nos dão vislumbres de suas principais características.
Em primeiro lugar, será de extensão universal. "Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os confins da terra por tua possessão", (Salmos 2 verso 8).
"Ele dominará também de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra", (Salmos 72 verso 8).
Os quatro impérios universais das visões de Daniel, (Capítulos 2 e 7), que eram Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, eram universais apenas no sentido limitado do mundo de então conhecido.
Mas o domínio do Senhor controlará o globo inteiro. "E a pedra que feriu a imagem tornou-se um grande monte e encheu toda a terra", (Daniel 2 verso 35, veja também os versículos 44 e 45).
Só no século XX é que a tecnologia de comunicação deste mundo permitiria que o globo inteiro fosse governado a partir de um centro. "Porque o Senhor escolheu Sião; ele a desejou para sua habitação", (Salmos 132 verso 13).
Em segundo lugar, será um reinado de paz e prosperidade. "Nos seus dias florescerão os justos; e haverá abundância de paz enquanto durar a lua", (Salmos 72 verso 7).
"Que haja abundância de grãos na terra; no topo das montanhas possa ondular; que os seus frutos sejam como o do Líbano; e que os homens floresçam nas cidades como a grama do campo!", (Salmos 72 verso 16).
As forças militares e as guerras serão abolidas, pois as nações do mundo serão como uma nação sob um único governante. "Os reinos deste mundo tornaram-se os reinos de nosso Senhor e de seu Cristo; e ele reinará para todo o sempre", (Apocalipse 11 verso 15).
O domínio de Satanás sobre as nações será abolido, "para que ele não engane mais as nações", (Apocalipse 20 verso3).
Os problemas de poluição, superpopulação, fome, doenças e pobreza serão resolvidos pela sabedoria divina (Salmos 72).
Terceiro, será um reinado de justiça. O pecado não será erradicado do coração humano, mas a raça humana estará sob uma disciplina Onisciente e Todo-Poderosa. "Governará todas as nações com vara de ferro", (Apocalipse 12:5, veja também Salmos 2 verso 9, Apocalipse 2 verso 27, e Capítulo 19 verso 15).
O crime e a injustiça serão severamente reprimidos, mas o pecado humano alimentará uma rebelião final, (Apocalipse 20 versos 7 a 10).
Quarto, o reino milenar perdurará até o fim do mundo. O Senhor Jesus Cristo governará a terra até que ela passe. "De cuja face fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles, porque o primeiro céu e a primeira terra passaram". (Apocalipse 20 verso 11 e Capítulo 21:1, ver também Salmos 72 verso 5, Jeremias 31 versos 35 a 36, e Lucas 21 verso 33).
No propósito de Deus, conforme definido nas Escrituras, o reinado milenar do Senhor Jesus Cristo é o clímax da história mundial, mas mesmo isso é apenas o prelúdio para o reinado eterno do Senhor sobre os novos céus e a nova terra, (Apocalipse 21 verso 1 a Capítulo 22 verso 5).
Como o apóstolo Pedro expressou: "Nós, de acordo com a Sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, onde habita a justiça", (2ª Pedro 3 versos 13).
Por J. E. Todd
10. A verdadeira libertação - (Romanos 7 e 8)
A doutrina de que o crente está morto para a lei; e o fato de ele estar casado com outra Pessoa, Cristo Jesus, que foi ressuscitado dentre os mortos, como a única fonte de produção de frutos, é apresentado nos primeiros seis versículos de Romanos 7; depois, nos próximos versículos deste mesmo capítulo, temos um caso suposto de experiência de uma alma vivificada sob a lei, lutando pela libertação. Esta libertação é declarada por alguém que foi liberto. A prática segue a libertação.
A pessoa que deveria estar aqui falando em Romanos 7 versos 7 a 25, tem vida, pois,
- Ele sabe que "a lei é espiritual", isto é, não se aplica apenas à conduta externa, mas aos sentimentos e desejos internos; e que ele é carnal, vendido sob o pecado, o escravo do pecado.
- Ele declara que a lei é boa e resolve ser bom e fazer o bem, mas não consegue.
- Ele se deleita na lei segundo o homem interior e diz que o mandamento é santo, justo e bom. É porque seu entendimento mudou que ele consente com a lei é boa; porque sua vontade foi mudada, a vontade está presente com ele para sempre; e porque ele agora tem um coração segundo Deus, ele se deleita na lei de Deus de acordo com o homem interior. Isto revela o seu estado e que ele nasceu de Deus; mas o contexto mostra também que ele não está ocupado nem com Cristo, nem com o Espírito Santo, mas consigo mesmo.
Mas embora tenha vida eterna, ele está realmente sob a lei e, através da sua luta com a lei, aprende,
- Que nele (sua carne) não habita nenhum bem. (Verso 18).
- Esse pecado habita nele. (Verso 20).
- Que ele não tem poder para realizar o que é bom, de modo que é levado cativo à lei do pecado que está em seus membros. Ele descobre que é impotente para superar o mal que o habita através de esforços de cumprimento da lei.
Três lições proveitosas, mas muitas vezes aprendidas através de profunda angústia e humilhação de espírito. E tendo descoberto por experiência, embora dolorosamente, que o pecado habita nele, que toda a sua natureza de Adão é pecaminosa, sem nenhum bem nela, e que ele não tem poder sobre isso, ele fica verdadeiramente "miserável" e clama por um libertador para tirá-lo disso: "Quem me livrará?" Então ele descobre que Deus já fez isso por ele, através de Jesus Cristo, nosso Senhor; e, acreditando nisso, ele agradece a Deus. Ele agora tem a libertação da alma e espera pela libertação do seu corpo, pois o propósito de Deus é que "sejamos conformados à imagem de seu Filho". Ele pode ter recebido o perdão dos pecados antes, mas agora descobre que está liberto do pecado e da lei pela morte de Cristo, e a partir desse momento ele tem uma nova experiência. Sem dúvida, entre muitas outras lições proveitosas, tais pessoas aprendem que a experiência nunca proporciona paz com Deus, mas que a fé no Senhor Jesus Cristo sempre proporciona.
Em Romanos Capítulos 3 a 7, Deus é o Justificador dos ímpios, o Reconciliador do Seu inimigo, o homem, e Deus é também o Libertador do pecado. A lei, em vez de justificar, condenou; em vez de reconciliar, dá o conhecimento do pecado; e em vez de libertá-lo, torna-o culpado e sob maldição. No entanto, a lei é "santa", porque, em vez de desculpar o pecado, expõe o pecado; a lei é "justa", porque julga até mesmo os movimentos do pecado, bem como a prática dos pecados; e a lei é "boa" se um homem a usa legalmente. Nossos pecados são perdoados com base em Cristo ter morrido por nós, mas somos libertos desse princípio maligno em nós (pecado) pela morte, pois Cristo "morreu uma vez para o pecado", morremos com Ele e agora estamos vivos para Deus, nAquele que está vivo novamente, e isso para sempre.
Quanto à sua experiência agora:
- Seus olhos estão fora de si mesmo e da lei, ele olha para Deus em Cristo e fica ocupado com tudo o que a graça divina realizou para ele nessa obra. Antes que ele conhecesse a libertação, era uma preocupação consigo mesmo, "eu" e "eu" - mas agora ele está diante de Deus, agradecendo-Lhe pelo que Ele fez por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Isto produz uma mudança surpreendente no estado de alma.
- Ele tem os pensamentos de Deus, em vez dos seus próprios pensamentos sobre si mesmo. Ele agora sabe que tem duas naturezas de qualidades muito opostas – "aquela que nasce da carne" e "aquela que nasce do Espírito". A primeira ele vê como tendo sido julgada por Deus na cruz; este último ele sabe que é uma nova criação em Cristo, na qual Deus sempre o vê. Ele está ciente de que ambas as naturezas são imutáveis em suas qualidades morais, pois "aquilo que nasce da carne é carne" e "aquilo que nasce do Espírito é espírito". Ambas as naturezas estão no crente; um pratica o que é "apenas o mal", a outra o que é para a glória de Deus. Ao olhar para si mesmo agora, ele toma partido de Deus e, reconhecendo essas duas naturezas, conclui: "Então, com a mente (ou nova natureza), eu mesmo sirvo à lei de Deus", mas "com a carne (ou velha natureza) a lei do pecado." (Verso 25).
- Ele desistiu de ter qualquer posição na carne diante de Deus e de confiar nela; pois Deus deu-lhe um novo estado e colocou-o diante dele em terreno totalmente diferente. Ele não apenas foi perdoado, mas Deus o libertou de seu antigo estado carnal e lhe deu um novo lugar diante dele. Ele não está mais em Adão, mas em Cristo Jesus; não na carne, mas no Espírito, se assim for, o Espírito de Deus habita nele. Esta é uma libertação real e, acreditando no testemunho de Deus a respeito dela, temos, pelo Espírito, o conforto e o poder dela; pois "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus." (Romanos 8 verso 1). Que grande contraste agora quanto ao estado e à posição, e que conforto e descanso tem a alma que simplesmente recebe o testemunho de Deus!
- Ele, o crente, tem poder sobre o pecado. Se ele pensa no pecado na carne, ele se lembra de que Deus enviou Seu próprio Filho à semelhança da carne pecaminosa, e pelo pecado condenou o pecado na carne. Foi assim para sempre para a fé, sob o julgamento de Deus. Se ele considera que em sua carne não habita o bem, ele sabe que sua posição diante de Deus agora não está na carne, mas em Cristo Jesus. E agora, em vez de ficar desamparado quanto ao pecado e ao seu cativeiro, ele descobre que tem poder para andar na luz, como Deus está na luz, para resistir ao diabo e vencer o mundo. Ele sabe que pelo dom do Espírito Santo está ligado a um Cristo triunfante. Ele está consciente de que foi libertado e que o PECADO não é mais seu mestre; e, olhando para cima, ele pode dizer que "o Espírito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do pecado e da morte". (Verso 2). Assim, tendo uma nova natureza e o dom do Espírito Santo, os dois grandes requisitos da lei são cumpridos nele; amor a Deus e amor ao homem; embora ele não esteja sob a lei e ande "não segundo a carne, mas segundo o Espírito". (Romanos 8 versos 1 a 4).
Nas escrituras que examinamos até agora, pode ser bom observar que há quatro leis apresentadas diante de nós:
- "A lei de Deus", cujas exigências até mesmo uma alma vivificada se vê impotente para responder. (Romanos 7 verso 22).
- "A lei da minha mente", que é a resolução de uma alma vivificada, de obedecer a Deus. (Romanos 7 verso 23).
- "A lei do pecado e da morte", que é o princípio da inimizade e antagonismo do homem natural para com Deus, da sujeição à Sua vontade; como outro disse, "aquele princípio mortal que governou em nós antes como vivo na carne".
- "A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus", que é o princípio e o poder daquela nova vida que nos foi dada em Cristo pelo Espírito Santo, que agora habita em nós.
A alma assim trazida à liberdade, ou libertada pela graça divina, é libertada de três maneiras:
Pela morte. Nosso velho homem foi crucificado com Cristo, pois Deus condenou o "pecado na carne" na morte de Seu próprio Filho imaculado e bem-amado. Assim, "morremos para o pecado", "morremos com Cristo" e estamos isentos da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos detidos; e pode um homem morto ter concupiscência ou pecado?
Como "não debaixo da lei, mas debaixo da graça", o pecado não terá domínio sobre nós. Estamos agora "em Cristo Jesus", trazidos ao pleno e permanente favor de Deus. A fé não conhece outra posição. E isso nos levará ao pecado? Não deveríamos antes ter nossos frutos para a santidade! (Romanos 6).
Pelo Espírito de vida em Cristo Jesus, conduzindo-nos a uma nova ordem de coisas, – nova vida, nova posição e estado. Será, então, que esta nova vida e poder no Espírito Santo nos levará ao pecado; ou seremos assim fortalecidos para resistir ao diabo e nos abster de todo mal?
Estamos libertos, então,
- Quanto à consciência, pela morte de Cristo, em quem Deus condenou o "pecado na carne".
- Quanto ao estado e posição, não na carne, mas em Cristo; e o Espírito habitando em nós, e não debaixo da lei, mas debaixo da graça.
- Quanto à experiência, o pecado não tem mais domínio sobre nós, mas tendo em nossos corações amor a Deus e aos homens, e poder do Espírito para vencer, descobrimos que a mente do Espírito Santo é vida e paz.
- Quanto à prática, "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito".
Que libertação! Que louvor e adoração isso suscita! Que causa interminável de ação de graças a Deus! Certamente podemos dizer ao crente desconsolado: "Olhe para Jesus e não se preocupe mais."
É o conforto desta libertação que temos, "em acreditar". Nosso poder para desfrutá-lo, e para a vida e a piedade, é o Espírito Santo, e somos informados de que, se formos guiados pelo Espírito, não estaremos sob a lei; e se andarmos no Espírito, não satisfaremos os desejos da carne. Antes da libertação era tudo "eu", "eu" e "meu", mas depois da libertação, CRISTO se torna o objeto da fé, e o Espírito Santo o poder para a santidade. Podemos, portanto, fazer todas as coisas através de Cristo que nos fortaleceu.
Quanto ao Espírito Santo, podemos observar que:
- Ele nos dá "vida em Cristo Jesus". (Romanos 8 verso 2).
- Ele habita em nós como uma Pessoa divina - o Espírito Sano que ressuscitou Jesus dentre os mortos e "vivificará seus corpos mortais". O próprio Espírito Santo habita em nossos corpos. (Romanos 8 verso 11).
- Ele é o nosso poder para "mortificar as obras do corpo". Observe, não diz "o corpo", mas "as ações do corpo". (Romanos 8 verso 13).
- Ele é "o Espírito de adoção", para nos fazer saber que somos filhos de Deus. Ele forma em nós afetos e pensamentos adequados a tal relacionamento, e nos conduz a "clamar, Abba, Pai". (Romanos 8 verso 15).
- Ele é as "primícias do Espírito", porque, aos poucos, o Espírito será derramado sobre toda a carne. (Romanos 8 verso 23).
- Ele é o Ajudador de nossas enfermidades em oração e intercede por nós. (Romanos 8 verso 26).
- Ele nos ensina a esperar pela redenção do nosso corpo. (Romanos 8 verso 23).
Assim, trouxemos diante de nós algo do poder que atua em uma alma libertada. Não deveríamos, então, "abundar em esperança, pelo poder do Espírito Santo"?
Na linha de coisas da velha criação, temos pecado, carne, morte, sofrimentos, gemidos e enfermidades, muitas vezes lutando sob a lei; mas na nova criação temos libertação do pecado, vida no Espírito, ação de graças, paz; estamos em Cristo, e o Espírito em nós; todas as coisas trabalhando juntas para o nosso bem, somos mais do que vencedores em todos os problemas, "não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça", não tendo condenação e não conhecendo separação.
Mas lembre-se de que, embora tão abençoadamente libertos e andando no Espírito, nunca podemos esquecer que a carne está em nós; mas a carne não somos nós, pois estamos em Cristo e não estamos na carne diante de Deus. No entanto, nunca perdemos a sensação de que em nós, isto é, em nossa carne, não habita nenhum bem; sabemos qual é o conflito entre as duas naturezas e descobrimos que a nossa comunhão com o Pai é interrompida no momento em que confiamos na carne e andamos nela. Além disso, a alma libertada geme:
- Geme por ter um corpo mortal. Pois "nós que estamos neste tabernáculo gememos". "Nisto gememos, desejando sinceramente ser revestidos com a nossa casa que é do céu", nosso corpo glorificado. Deus sabe que tem um "corpo mortal", sujeito a doenças e dores. (2ª Coríntios 5; Romanos 8 verso 11).
- A alma libertada tem gemidos por dentro. "Também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do corpo". (Romanos 8 verso 23). Isto é mais do que sofrimento em nossos corpos; pois, tendo o Espírito Santo, as afeições e pensamentos são de acordo com Cristo, o Sofredor e Rejeitado, que está vindo, não apenas para a redenção de nosso corpo, mas para trazer até mesmo a esta criação que geme para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
- A alma libertada tem gemidos inexprimíveis em oração, pois "o próprio Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis".
Quantos gemidos o Senhor Jesus silenciará quando Ele voltar! Quão abençoado é o pensamento de que quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, nós também seremos manifestados com Ele em glória! (Colossenses 3 verso 4). Enquanto isso, que nossos corações, elevados a Ele, permaneçam firmes na liberdade com a qual Ele nos libertou e se regozijem na esperança da glória de Deus!
Por Charles Stanley
11. A falsa teoria de que a Igreja passará pela Grande Tribulação
A teoria de que a Igreja passará pela Tribulação, elimina a distinção vital entre a vinda do Filho do Homem à terra para julgamento e reinar, e a vinda do Senhor Jesus nos ares para chamar aos céus a Sua Igreja. Evento conhecido como, o arrebatamento.
O primeiro destes estágios do retorno do Senhor como Filho do Homem, (que realmente é, subsequente ao outro na ordem dos eventos), foi predito no Antigo Testamento, por exemplo, em Daniel 7 verso 13, "Eu vi nas visões noturnas alguém como o Filho do Homem", e mencionado em passagens como Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21.
Já este último, a vinda do Senhor nos ares, o arrebatamento, era "um mistério", (isto é, mantido em segredo até ser divulgado no Novo Testamento), e revelado especialmente a Paulo, e por ele para a Igreja em suas epístolas, em especial, a "Palavra do Senhor" para os Tessalonicenses, e como um "mistério" para os Coríntios, pois é o que lemos, ("Eis que vos digo um mistério" 1ª Coríntios 15 verso 51).
O apóstolo Paulo, depois de falar sobre o arrebatamento em 1ª Tessalonicenses 4, algo que eles não poderiam saber lendo somente o Antigo Testamento, o apóstolo continua falando, no capítulo 5, daquilo que está relacionado com "tempos e épocas", ou seja, o "dia do Senhor", do qual ele diz: "Não tendes necessidade de que eu vos escreva, porque vós mesmos sabeis perfeitamente".
Como eles poderiam saber disso? Porque o "dia do Senhor", é a vinda em julgamento, é o "dia grande e notável", que foram mencionados nos profetas do Antigo Testamento, de Isaías a Malaquias.
Mas se os Tessalonicenses e os Coríntios necessitavam de revelações especiais para os informar sobre a "vinda do Senhor" para a Sua Igreja, como se poderia supor que os apóstolos, no Evangelho de Mateus 24 tivessem em mente, esta vinda, que naquela época era um mistério não revelado?
É realmente muito anticientífico, para usar uma expressão moderna, reler nas mentes dos apóstolos aquilo que, se estivesse lá, teria sido nada menos que uma vaga ideia surpreendente. Não, o Senhor não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ele se dirigia a quatro dessas ovelhas perdidas, que haviam ouvido a voz do pastor, e elas estavam com Ele na relação de um remanescente judaico fiel ao seu Messias, e representavam esse remanescente fiel nos últimos dias.
Todos os temas e circunstâncias de Mateus 24 são judeus, e dependem da destruição de Jerusalém, – a tribulação "deste povo" (leia Lucas 21, que diz: "grande ira sobre este povo"), e Mateus 24 continua falando da vinda do Filho do Homem para a sua libertação, como predito em Zacarias 14. É claro que aqueles que enfatizam o título aqui usado, de "Filho do Homem", não querem dizer que este nunca seja usado quando estão em questão de verdades diretamente aplicáveis à Igreja. Tudo o que se quer dizer é que onde você tem "a vinda do Filho do Homem", a referência é à vinda do Filho do Homem conforme revelado a Daniel.
Um escritor, sem o menor senso de interpretação bíblica, referiu-se à "notável semelhança" entre as "vindas" descritas em Mateus 24 e 1ª Tessalonicenses 4. Infelizmente, ele se absteve de indicar os pontos de semelhança. Mas ele não apresentou, porque não existe. Qualquer um que acredite que as Escrituras são inspiradas por Deus ficaria, penso eu, mais impressionado com os pontos de contraste do que com os pontos de semelhança. As palavras das Escrituras não são usadas ao acaso. Diferenças que podem não significar nada num mero livro humano têm muitas vezes um significado profundo no Livro de Deus. É verdade que existem certas semelhanças superficiais. Em ambas as passagens é descrita "uma vinda", e a da mesma Pessoa. Mas os dois eventos diferem quanto a circunstâncias, maneira e objetos.
Quanto às circunstâncias, ambas as passagens de fato se referem à mesma Pessoa, Jesus Cristo, mas por que essa Pessoa é descrita como "Filho do Homem" em Mateus, e como "o próprio Senhor" em 1ª Tessalonicenses 4?
Perguntamos se não há significado no fato de que "a vinda" em Mateus 24 é precedido pelo "sinal do Filho do Homem", pelas maravilhas celestiais e pela Grande Tribulação, e é comparado ao "dilúvio" e tem, portanto, caráter de julgamento divino, enquanto que, em 1ª Tessalonicenses 4 não há uma palavra de sinais premonitórios ou Tribulação, nem indício de julgamento acompanhante?
Quanto à maneira, em Mateus 24, a vinda é assim descrita: "Então as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo nas nuvens do Céu com poder e grande glória; e Ele enviará os Seus anjos, e eles reunirão os Seus eleitos". Em 1ª Tessalonicenses 4, as tribos da terra não aparecem em cena, nem os anjos são mencionados sequer uma vez. Os santos são reunidos pela voz pessoal do Senhor e pela trombeta de Deus. A ação aqui em 1ª Tessalonicenses 4, é instantânea, num abrir e pescar de olhos; mas o evento de enviar anjos e reunir o povo por meio da sua atuação, como em Mateus 24, apresenta a ideia de tempo.
A vinda de Jesus como "Filho do Homem" em Mateus 24 é pública. "Todas as tribos da terra se lamentarão." Não há menção disso em conexão com a vinda do Senhor Jesus em 1ª Tessalonicenses 4. Tudo termina "num momento, num abrir e fechar de olhos", (confira 1ª Coríntios 15, onde a mesma vinda é descrita), e o efeito no mundo em geral não é mencionado.
É absurdo afirmar que porque "o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus", (1 Tessalonicenses 4 verso 16), o mundo ouvirá. Em João 12 temos um relato autêntico de Deus falando do céu em palavras definidas. Para alguns que estavam ali, foi apenas um trovão. Deus pode fazer ouvir Sua voz a quem Ele quiser, e velá-la a quem Ele quiser.
Quanto aos objetos em vista, em Mateus 24, os objetos são duplos: 1º. os eleitos; 2º. o mundo. Em 1ª Tessalonicenses 4 os objetos também são duplos, mas diferentes daqueles que acabamos de mencionar: 1º. os santos adormecidos que serão ressuscitados, (não há menção de ressurreição em Mateus 24); e 2º. os santos vivos, que serão transformados e ambos arrebatados nas nuvens, para estarem para sempre com o Senhor.
Mas alguém dirá: Não encontramos o arrebatamento mencionado em Mateus 24 versos 40 e 41? Sim, mas é precisamente de caráter inverso ao de 1ª Tessalonicenses 4.
Os levados em 1ª Tessalonicenses 4, são os santos da Igreja removidos de um mundo condenado ao julgamento. Em Mateus 24, se compararmos os versículos 40 e 41 com o versículo 39, notamos que os "levados" correspondem aos ímpios cortados pelo dilúvio, enquanto os deixados correspondem a Noé e sua família, e serão abençoados como eles. Quando o Senhor vier como em 1ª Tessalonicenses 4, será uma bênção ser levado embora. Quando Ele vem em Seu Mateus 24 versos 39 a 41, será uma bênção ser deixado para trás. Os levados, são os ímpios levados a julgamento, que não foram salvos pelo evangelho do reino pregado naqueles dias, e os deixados, ficam para entrar com Cristo no reino milenar.
Antes de concluir este assunto, temos que dizer que, a ordem dos eventos no Apocalipse e o caráter judaico do Livro são fortes argumentos, contra a falsa teoria de que a Igreja passará pela Tribulação e Grande Tribulação.
Em Apocalipse 1 verso 19, é dada a divisão tripla do Livro, onde diz que o capítulo 1 representa a primeira divisão; os capítulos 2 e 3 a segunda, a saber, "as coisas que são", (não apenas mensagens para as sete igrejas literais, mas, como é geralmente admitido, uma visão profética e panorâmica da Igreja desde o período apostólico até os últimos dias); e temos no capítulo 4 até o fim, a terceira divisão, ou seja, "as coisas que hão de acontecer depois destas". Neste ponto, João é arrebatado ao céu aberto, de onde ele olha para a terra, e daí em diante começa o tratamento de Deus com Israel, Babilônia e as nações.
Por que Ele não trata mais com "as igrejas"?
Porque, como creio, o arrebatamento de João em Apocalipse 4, é apenas representativo do arrebatamento de toda a Igreja, que pode ser representada no capítulo 4 sob a figura de vinte e quatro anciãos vestidos de branco. Estes estão sentados ao redor do trono, em contraste com a grande multidão no capítulo 7, que é vista em pé diante do trono. No capítulo 5, o Senhor Jesus é mencionado como "o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi", evidentemente em contraste com Israel, (pois não é nesses termos que Ele nos é apresentado em relação à Igreja).
Mais tarde, o Leão é visto como "o Cordeiro", uma palavra usada para Ele apenas no Apocalipse, e bastante distinta daquela empregada no Evangelho de João 1 verso 29 e 36; Atos 8 verso 32; e 1ª Pedro 1 verso 19. Foi como "o Cordeiro" que Ele comprou o mundo, e pode reivindicar romper os selos do livro, os títulos de propriedade da compra da terra. É dEle como "o Cordeiro" que os seres viventes e os vinte e quatro anciãos dão testemunho, como também do sangue, o preço de compra (leia Jeremias 32 versos 8 a 12). À medida que cada um dos primeiros quatro selos é quebrado, uma criatura vivente clama: "Venha!" E imediatamente há uma manifestação correspondente de energia na terra, que mostra que embora o homem proponha e Satanás se oponha, ainda é Deus quem dispõe.
Muitos acreditam que o conquistador do capítulo 6 é apenas a imitação de Satanás daquele outro Conquistador em um cavalo branco de Apocalipse 19, e não é outro senão "o homem do pecado" de 2 Tessalonicenses 2, que está destinado a fazer uma aliança de sete anos, não com a Igreja, mas com o povo de Daniel, "Israel". O quinto selo pode muito bem corresponder em medida à Grande Tribulação, consequente à quebra dessa aliança no meio do período de sete anos. Esta Tribulação, idêntica, creio eu, ao tempo da "angústia de Jacó" (Jeremias 30 verso 7), continua até o fim, até aquele, "um dia" de Zacarias 14 verso 7.
É notável que no versículo 1 deste capítulo a Versão Revisada diz, não: "O dia do Senhor vem", mas "Um dia do Senhor vem", ou seja, um dia especial, descrito abaixo como um dia "quando a luz se acenderá", "não será claro nem escuro", "nem dia, nem noite", devido, talvez, ao escurecimento dos corpos celestes? Estes sinais, sabemos por Mateus 24, precedem imediatamente a vinda do "Filho do Homem com poder e grande glória". Acredito que este, "um dia", é o dia mencionado nas Escrituras, "o dia do Senhor, o grande e notável".
É geralmente reconhecido que o Apocalipse não pode ser lido consecutivamente, exceto dentro de certos limites. O Espírito de Deus continuamente nos leva até o fim, embora "o fim ainda não tenha chegado". Assim, o capítulo 5 nos leva às cenas milenares, capítulos 6, 14 e 19, ao que parece ser em cada caso (pelo menos nos dois últimos) o clímax do julgamento final. Mas onde quer que estejamos, o registo está tingido com uma coloração judaica. A própria oração das almas sob o altar (no capítulo 6), que clama por vingança contra seus inimigos, certamente é suficiente para mostrar que estes não são mártires cristãos, mas judeus salvos depois do arrebatamento. Embora a resposta mostre que o dia da tribulação ainda estava em andamento.
Os 144.000 israelitas do capítulo 7, o Templo reconstruído do capítulo 11, o caráter do testemunho das duas testemunhas do capítulo 11 e o do "Evangelho Eterno" do capítulo 14, (que, embora, é claro, baseado no mesmo fundamento que o "Evangelho da graça de Deus" desta dispensação, é certamente distinto desta última, como mostram seus termos), e muitos pontos semelhantes, todos provam que a Igreja não está à vista no Apocalipse do capítulo 6 em diante, até que ela venha com seu Senhor no capítulo 19.
A esperança do cristão não é uma vida longa nem uma morte sem dor. Não é nem a conversão do mundo, nem o julgamento do mundo. Não é "o dia do Senhor" nem "a Grande Tribulação", mas a vinda do Senhor nos ares para o arrebatamento. A teoria de que a Igreja passará pela Tribulação, tira esta esperança de todo o salvo desta dispensação.
Mas, não precisamos temos esta falsa teoria, pois uma das últimas promessas de Cristo foi: "Virei outra vez", e Sua última garantia antes do fechamento do Livro de Apocalipse foi: "Eis que venho sem demora". Era por Ele mesmo, não os acontecimentos na terra, muito menos "a Grande Tribulação", pela qual Ele nos faria esperar.
Temos a certeza de que a Grande Tribulação é apenas como um semáforo que mergulha para mostrar que o trem está na hora certa; mas a ilustração não é muito feliz, pois se um semáforo afundasse e o trem demorasse três anos e meio para chegar, deveríamos supor que houve um acidente.
De alguma forma, não posso deixar de suspeitar que por trás desta falsa teoria se esconde, insuspeitada pelos seus adeptos, a legalidade. Ou seja, no conceito errôneo deles, como a Igreja não tem sido o que deveria ter sido, nem coletivamente, nem individualmente, portanto ela deve passar pela Grande Tribulação, uma espécie de "Purgatório Protestante", para expiar os seus múltiplos fracassos. Na verdade, se fosse uma questão padecer pelos desvios, ela merecia sofrimentos piores do que uma Grande Tribulação pode ameaçar. Mas a mesma graça que nos salva nos dá um objeto para procurar e nos ocupar, aquela bendita esperança, (Tito 2 verso 13).
O que só posso descrever como uma tentativa muito inadequada foi feita para superar a dificuldade. Foi feito um esforço para sugerir um paralelo entre a Igreja que espera pelo seu Senhor e um grupo de cidadãos que espera pela chegada do seu Rei. É verdade que estes últimos sabem que o seu Rei deve ser precedido por um esquadrão de cavalaria e uma banda militar, mas será que isso estragaria a sua esperança de vê-lo?
Eles não prefeririam forçar os olhos e os ouvidos para captar a primeira visão e o esforço do líder da procissão?
Assim argumenta o apologista da Tribulação.
Muito bem, mas o que corresponderia no caso da Igreja a estes alegres acordes musicais?
A perseguição mais terrível que o mundo já conheceu, pior que os massacres mundiais, uma "Grande Tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá" (Mateus 24 verso 21).
Se, voltando ao suposto paralelo, os cidadãos soubessem que antes que o seu Rei pudesse aparecer, teriam de suportar três anos e meio de tortura e massacre na prisão, afirmo que seria inútil falar-lhes da vinda do seu Rei com esta sombra terrível em seu caminho. Os Tessalonicenses foram ensinados por Deus a "esperar pelo Seu Filho do Céu", a esperar o próprio Senhor, porque era, por assim dizer, a próxima coisa a acontecer no programa celestial, o arrebatamento da Igreja.
Por W. Hoste, BA
12. A teoria da Grande Tribulação para a Igreja
Para algumas pessoas a questão da "Teoria da Tribulação para a Igreja", pode parecer sem importância. Na realidade não é assim. A teoria tende a apagar distinções da maior importância. Confunde as dispensações presentes e futuras. Introduz uma estranha confusão na interpretação do Apocalipse. Em uma palavra, anularia de uma só vez grande parte do ensino distintivo que os servos de Deus têm insistido nos últimos cento e quarenta anos. Mas, como alguém bem disse, "Uma hipótese experimental pode explicar muitos fatos, mas nada menos do que um apoio bíblico completo deverá satisfazer-nos quanto ao que afirma ser a verdade de Deus". Acredito que a "Teoria da Tribulação" está errada por cinco razões.
A primeira razão que a "Teoria da Tribulação" está errada é porque confunde a Igreja e Israel.
Aprendemos em Romanos 11 que Israel como nação, devido à sua rejeição a Cristo, foi rejeitada por um tempo. Ela está privada de privilégios nacionais e religiosos, (Oséias 3 verso 4), e foi "deixada como uma casa varrida ou vazia", do espírito impuro da idolatria. Este espírito retornará mais tarde numa forma sete vezes pior do que antes. Agora, o afastamento de Israel deixou espaço para a revelação do "mistério de Cristo mantido em segredo desde o princípio do mundo", (Romanos 16 verso 25), ou seja, uma Igreja composta de judeus e gentios crentes, entre os quais a parede intermediária de separação foi quebrado sob a liderança de um Cristo glorificado. Israel era um povo terreno, com uma herança terrena e um "santuário terreno". A Igreja é um povo celestial com um chamado celestial, como também um sacerdócio e uma herança celestiais.
Em 1ª Coríntios 10 verso 22 Paulo divide a população de Corinto em "judeus" (rejeitando Jesus como Messias), "os gentios" (sem Cristo e sem Deus) e "a Igreja de Deus" (consistindo de todos os dois primeiros judeus e gentios salvos pela graça de Deus, pois que receberam a Cristo como Senhor e Salvador). Agora, enquanto a Igreja estiver na terra, nenhum judeu ou gentio poderá receber a Cristo sem ser, por esse mesmo fato, imediatamente incorporado ao único Corpo, (leia 1ª Coríntios 12 verso 13). Quando a Igreja for arrebatada ao céu, então a antiga distinção permanecerá válida novamente, e haverá grupos de judeus e gentios crentes, não apenas distintos do mundo, mas uns dos outros. É claro então que se as Escrituras nos falam de um momento futuro em que a adoração no Templo será restaurada em Jerusalém e os israelitas salvos serão mais uma vez reconhecidos como tais, a Igreja não estará mais na terra.
Agora, aplique isso a Mateus 24. Temos aqui um discurso profético proferido a quatro discípulos de Jesus que eram judeus, (leia Marcos 13 verso 3). Eles estavam ansiosos pelo estabelecimento do trono do Messias na terra, por aquele momento em que "o reino deveria ser restaurado a Israel". Sem eles perceberam de momento, estavam, é verdade, destinados a um lugar mais elevado, pois deveriam fazer parte "da Igreja que é o Corpo Cristo". Esse, porém, era um mistério escondido em Deus, revelado oficialmente pela primeira vez por meio de Paulo, e de suas esperanças e destinos eles então não sabiam absolutamente nada. Em Mateus 24, o Senhor Jesus dirigiu-se a eles como representantes do fiel remanescente judeu dos últimos dias. Certamente a atmosfera de Mateus 24 é judaico e não a Igreja. O cenário dos eventos preditos é Jerusalém e a Judeia, (veja isto em Mateus 24 verso 16; e Lucas 21 verso 20). O Templo destruído no ano 70 d.C. terá sido reconstruído depois do arrebatamento da Igreja ao céu, pois um certo sinal predito por Daniel a respeito do seu povo será visto no "lugar santo". Então os fiéis judeus devem fugir e deixá-los, e "orar para que a sua fuga não aconteça no sábado".
Agora, o que a Igreja tem a ver com o sábado?
E por que a Igreja deveria ser encontrada especialmente em Jerusalém e na Judeia?
E que papel a Igreja tem nos "lugares santos feitos por mãos"?
Não, não há nada da Igreja em Mateus 24.
Pensar nisso é um anacronismo grosseiro. Se ela estivesse lá, então os judeus crentes, servindo a Deus de acordo com os antigos ritos, não poderiam estar lá ao mesmo tempo, pois eles próprios formariam parte da Igreja. Mas acabamos de ver que os judeus crentes são as mesmas pessoas a quem se dirige e, portanto, se conclui sabiamente que a Igreja está excluída de Mateus 24 e da Grande Tribulação.
A segunda objeção à "Teoria da Tribulação" é que ela se baseia numa exegese equivocada de Mateus 24 verso 29 e Atos 2 verso 20. Na primeira dessas passagens diz-se que os sinais celestiais seguem a Grande Tribulação, na última diz-se que eles precedem "o grande e terrível Dia do Senhor" e, portanto, também os "Tribulacionistas" argumentam que a ordem dos eventos futuros será: 1º. A Grande Tribulação; 2º. Os sinais celestiais; 3º. O dia do Senhor!
Isto é certamente muito claro; mas pode ter ocorrido a esses professores que, se sua teoria fosse tão verdadeira quanto é claro, dificilmente teria sido deixado para os nossos dias a tarefa de fazer a notável descoberta. A falácia do seu argumento reside no fato de não terem conseguido compreender a diferença entre "o dia do Senhor" e, "o grande e notável dia do Senhor". Embora diga que os sinais celestiais precedem estes últimos, não diz que eles precedem "o dia do Senhor".
A "Grande Tribulação", de Apocalipse 7, deve ser cuidadosamente distinguida, admitem esses professores, do longo período de tribulação que até agora está conduzindo a ela.
Não negligenciaram eles a diferença entre, "o grande e notável dia do Senhor," (descrito em Joel 2; Malaquias 4; e Atos 2), e o longo período intitulado, "o dia do Senhor"?
Este período de tempo, "o dia do Senhor", acredito, surgirá em Apocalipse 6 verso 1, e continuará por pelo menos mil anos, até Apocalipse 20, quando, de acordo com 2ª Pedro 3, "Os céus passarão com grande estrondo".
Já, "o grande e notável dia do Senhor" será, pelo contrário, uma crise de tempo, quando Cristo será revelado como, "o Sol da Justiça" para a cura do Seu povo Israel, e "como um forno ardente" para a destruição dos ímpios (Malaquias 4). Isso, portanto, é perfeitamente verdadeiro e podemos afirmar que, "os sinais nos céus" precedem, "o grande e notável dia", mas eles próprios são apenas um incidente no longo período conhecido como, "o dia do Senhor". Não quero dizer, é claro, que em cada passagem onde "o dia do Senhor" é trazido diante na Bíblia, a distinção do que já dissemos seja necessariamente enfatizada, mas onde as duas expressões ocorrem na mesma passagem, como em Joel 2, a distinção é tão claro, quanto importante
Sendo assim, a ordem dos acontecimentos não é como afirmam os "Tribulacionistas"; mas da seguinte forma:
1º. O Arrebatamento da Igreja.
2º. O Dia do Senhor, que incluirá: A Grande Tribulação; Os sinais celestiais; O grande e notável dia do Senhor; e até mesmo, O reinado milenar.
Que esta ordem é a correta, apresento as cinco seguintes provas:
1ª. Em diversas profecias, o dia do Senhor começou antes que os sinais celestiais ocorressem.
2ª. Não lemos nos profetas sobre uma Grande Tribulação precedendo o "dia do Senhor".
3ª. As mesmas características são comuns ao dia do Senhor e à Grande Tribulação.
4ª. O mesmo caráter incomparável de gravidade é previsto para ambos os períodos.
5ª. Não vemos nem no Antigo nem no Novo Testamento que o Senhor seja exaltado durante "o dia do Senhor".
Em vários lugares das Escrituras, o "dia do Senhor" é descrito como estando em pleno progresso antes mesmo dos "sinais nos céus" serem mencionados: Veja por exemplo Isaías 24 versos 1 a 23; Joel 2 versos 1 a 10; É um. 13.6-10; É um. 34.2,3. Como então é possível sustentar, em face de tais Escrituras, que o "dia do Senhor" só começa depois dos sinais nos céus? Tampouco existe a distinção rígida e rápida que esses professores manteriam entre o "dia do Senhor" e a " Grande Tribulação ", seja no que diz respeito ao tempo ou ao caráter. Parece antes que o primeiro inclui o último. Mesmo pela exibição dos "Tribulacionistas", "a Grande Tribulação " ocupa apenas uma parte de todo o período, estendendo-se desde a abertura do primeiro selo em diante, (Apocalipse 6). Seria estranho que este período inclusivo não tivesse um nome genérico. Acredito que sim e que esse nome é, "O Dia do Senhor".
Como no Egito durante as pragas, o "dia do Senhor" durante parte de seu curso, será caracterizado pela tribulação do povo terreno de Deus (Israel), nas mãos de seus inimigos com a permissão de Deus, e ao mesmo tempo por julgamentos terríveis contra as nações da terra diretamente da mão de Deus, na qual Seu povo terreno também participa.
Portanto, se a ordem dos eventos for como ensinam os defensores da "Teoria da Tribulação", não deveríamos apenas esperar encontrar "o dia do Senhor", precedido pelos sinais celestiais, (o que, como acabamos de ver, não é o caso), mas com forte razão, a "Grande Tribulação ", ou por algum período que, embora não tenha esse nome, de qualquer forma corresponderia a ele em caráter. Vimos que é impossível, de qualquer forma, excluir Israel das cenas retratadas em Mateus 24.
Não deveríamos esperar encontrá-la dizimada e exausta pelas terríveis perseguições pelas quais acabou de passar?
Mas onde encontramos tal estado de coisas nas profecias?
É "o dia do Senhor", com o qual Israel será ameaçado se não se arrepender, (por exemplo, Isaías 2; Joel 2; Amós 1; Sofonias 2), bem como as nações da terra.
Portanto, se a vinda do Senhor em 1ª Tessalonicenses 4, é o arrebatamento e a libertação da Sua Igreja após "a Grande Tribulação ", por que não há nenhuma indicação disso, anteriormente naquele capítulo?
Pelo contrário, a exortação que imediatamente precede é: "Que se consoleis com as Palavras que Paulo escrevia, e estais quietos, e era para seguir adiante com seus negócios, e trabalhar com as suas próprias mãos", conselho dificilmente adequado para um povo que sofre uma perseguição feroz como a "Teoria da Tribulação" exige. Claro, eu não admito por um momento que temos em 1ª Tessalonicenses 4 versos 13 a 17, uma descrição da vinda do Filho do Homem, como em Mateus 24.
Mas por que não temos, mesmo no capítulo seguinte, uma alusão à Tribulação e aos sinais celestiais que provavelmente precederão o "dia do Senhor", ali mencionado?
E por que em 2ª Tessalonicenses os santos imaginaram que estavam no "dia do Senhor", e não na " Grande Tribulação ", se isso aconteceria primeiro?
A leitura mais correta de 2ª Tessalonicenses 2 verso 2, é:"como se o dia do Senhor já estivesse presente".
É sem fundamento aplicar, como faz um certo escritor, as referências em 1ª Tessalonicenses à "ira de Deus", simplesmente dizendo que é o "dia do Senhor". Esta "ira de Deus", é mencionada em Apocalipse 14 versos 10 e 11.
Uma terceira razão para rejeitar a "Teoria da Tribulação", é que a ordem dos acontecimentos em que ela se baseia necessita de uma distinção fictícia entre "o dia do Senhor", como um tempo em que só Deus julga o homem, e a "Grande Tribulação", como um tempo quando somente o homem aflige o povo de Deus. Aliás, os dois períodos são marcados pelas mesmas características.
Não é verdade que "o dia do Senhor" seja apenas um momento de julgamento divino direto sobre o homem. Pois, em Joel 2, por exemplo, vemos o julgamento de Deus sobre o Seu povo, mas não diretamente. Ele usa "um povo grande e forte" para castigá-los. Israel é afligido pelo homem, mas isso é claramente chamado de "o dia do Senhor" em Joel 2 verso 1. Em Lucas 21 verso 22, por outro lado, que é uma passagem paralela a Mateus 24, onde se fala da "Grande Tribulação", lemos: "Estes serão os dias da vingança, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas." Certamente a vingança aqui mencionada é a vingança de Jeová pelas mãos de Seus inimigos. Observe também a expressão em Lucas 21 verso 23, a "ira sobre este povo".
Que pessoas, além de Israel, poderiam estar em causa aqui?
A expressão no verso 22 diz: "todas as coisas que estão escritas", também aponta para isso, pois Israel é o sujeito da profecia, não a Igreja. O "dia do Senhor" também será marcado pelo julgamento de Deus contra as nações gentias, (lei com atenção, Apocalipse 16), mas não há indícios de que estes, tenham mudado nem um pouco em seu ódio contra aqueles, que recusam a marca da besta.
Veremos mais tarde que, "o tempo de angústia de Jacó", é outra maneira de expressar, a "Grande Tribulação". Mas comparando Isaías 13 verso 8, com Jeremias 30 verso 6, vemos que a mesma característica estranha é comum ao "tempo de angústia de Jacó", e ao "dia do Senhor". O problema em cada um deles é comparado ao de uma mulher em trabalho de parto, (leia também 1ª Tessalonicenses 5 verso 3). Isto não é uma prova adicional de que a "Grande Tribulação", ou "o tempo de angústia de Jacó", (e chame como quiser), está incluído no "dia do Senhor"?
Uma quarta razão para rejeitar esta ordem falaciosa de acontecimentos e esta distinção fictícia entre "o dia do Senhor" e "a Grande Tribulação", é que o mesmo carácter único e sem paralelo de severidade são previstos para ambos os períodos. Em Mateus 24 verso 21 lemos: "Haverá Grande Tribulação, tal como não existia desde o início do mundo, nem jamais haverá", e em Joel 2 verso 2 é dito sobre "o dia do Senhor"; "Nunca houve igual, nem haverá mais depois dele". Em ambos os casos, as declarações são feitas da maneira mais geral de todos os povos e épocas, de modo que não se pode dizer que os dois períodos sejam únicos apenas na experiência de alguma classe particular de sofredores. Os dois períodos referidos não devem ser iguais?
Portanto, em Jeremias 30 verso 6 lemos sobre, o "tempo de angústia de Jacó", que "não há outro igual". Visto que a mesma coisa é dita sobre a "Grande Tribulação" em Mateus 24 verso 21, não fica claro para uma demonstração que as duas expressões descrevem, possivelmente de pontos de vista diferentes, o mesmo período?
Temos que responder e dizer, segue-se inevitavelmente que se fala do mesmo período em ambos os lugares.
Mais uma vez, os "Tribulacionistas" ensinam que a "Grande Tribulação" é exclusivamente um tempo de perseguição do povo de Deus por parte do homem, e que "o dia do Senhor" é exclusivamente um tempo de julgamentos de Deus sobre o homem, mas como vimos, a sua teoria exige que a "Grande Tribulação", da qual se diz que "nenhum tempo será igual a este", deveria preceder o "dia do Senhor". Portanto, se isto fosse verdade, a perseguição do homem será mais severa do que os julgamentos de Deus sobre os perseguidores, o que é incrível. Mas como também é dito sobre o "dia do Senhor" que nunca haverá um tempo como este antes, somos reduzidos a dizer que a "Grande Tribulação" é maior do que o "dia do Senhor", e que esta última é maior que "a Grande Tribulação", o que é absurdo.
Podemos afirmar então com segurança que estas duas expressões, e o "tempo de angústia de Jacó", são apenas três maneiras diferentes de descrever, a partir de três pontos de vista diferentes, o mesmo período simultâneo. Mas se a "Grande Tribulação" é descrita em Jeremias 30 verso 6 como o tempo da "angústia de Jacó", é certo que não será a Igreja, que passará por essa Tribulação, mas o próprio Israel.
É bem possível dar muita ênfase à expressão que temos em Isaías 2: "Somente o Senhor será exaltado naquele dia". Acredito que isso não significa que durante todo o "dia do Senhor", somente Ele será exaltado, mas como resultado dos julgamentos de Deus, somente Ele será exaltado. Esta interpretação, além de perfeitamente natural, tem a vantagem adicional de estar de acordo com os fatos.
Onde encontramos naqueles capítulos de Apocalipse que os "Tribulacionistas" atribuem especialmente ao "dia do Senhor", que somente o "Nome do Senhor" é exaltado?
É realmente incrível como alguém pode sustentar seriamente que o Senhor é o único exaltado durante o "dia do Senhor", quando em Sua vinda Ele encontra a besta e o falso profeta em rebelião em flagrante contra o Senhor.
Por W. Hoste, BA
13. Os pais da Igreja eram Amilenistas ou Pré-Milenistas?
A esperança ardente do povo judeu, baseada nas promessas do Antigo Testamento, foi durante séculos o estabelecimento do Reino de Deus em glória visível na terra. Contudo, na sua ignorância, os líderes da nação ignorou completamente dois fatos básicos. Uma delas era que as promessas do Reino não lhes poderiam ser cumpridas enquanto rejeitassem a Cristo, que era o Rei de Israel. A outra era que o único caminho para o Reino era através de um nascimento espiritual. Em Seu ministério, nosso Senhor deixou esses fatos bem claros, acrescentando que Ele, sendo rejeitado, seria temporariamente afastado deles (Mateus 23 verso 39). Contudo, nunca em Sua pregação, nem em Suas conversas com os fariseus, nosso Senhor sequer sugeriu que a promessa de restauração e glória da nação tivesse sido revogado ou anulado. Visto que Ele tinha tanto a dizer a esses homens a título de correção, por que, se as antigas aspirações de Israel eram apenas um sonho vazio, Ele não lhes disse isso claramente?
Ele expôs a hipocrisia dos fariseus e mostrou que em muitos assuntos eles estavam perdendo o significado espiritual interno das Escrituras, mas nunca, nem por um momento, Ele disse algo que enfraquecesse ou diminuísse o significado externo e literal das promessas do Antigo Testamento. Aos Seus Ele disse, "que é necessário que se cumpram todas as coisas que estão escritas na lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos, a meu respeito" (Lucas 24 verso 44). Quem será tão ousado a ponto de dizer que estas, "todas as coisas", não incluíam Seu futuro reinado terrestre? Quando os discípulos perguntaram: "Senhor, restaurarás neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1 verso 6), por que Ele simplesmente respondeu que não cabia a eles conhecer "os tempos", se na verdade o Reino nunca seria restaurado?
É muito importante que isto esteja claro, pois tem sido ensinado que os princípios do Pré-Milenismo foram emprestados pela primeira geração de cristãos do judaísmo corrupto, e que desde que o nosso Senhor condenou os fariseus, Ele próprio deve ter sido um A-Milenista. O Pré-Milenismo tem suas raízes nos escritos sagrados do Antigo Testamento e não há verdade na afirmação de que nosso Senhor era um Amilenista.
O fato de pouco ser dito sobre o reinado terreno de nosso Senhor em algumas das epístolas não prova nada e não precisa nos surpreender. Muito pouco é dito neles a respeito da Ceia do Senhor, mas isso não significa que os escritores não acreditassem nessa ordenança sagrada. Novamente, comparativamente falando, não é revelado muito no Antigo Testamento a respeito da felicidade das almas dos santos que partiram. Vários livros não fazem alusão a isso, mas certamente a verdade de seu estado futuro não é posta em dúvida por causa disso. A Bíblia é uma grande unidade divina, e nela cada doutrina tem seu lugar apropriado. Deus não se repete desnecessariamente. Se Ele, o Autor da verdade, menciona um fato ou doutrina uma vez, seja no Antigo ou no Novo Testamento, isso deveria ser suficiente para a nossa fé. Não há nada em nenhum livro do Novo Testamento que seja inconsistente com o conceito de um reinado glorioso na terra. Acreditamos que nosso Senhor e Seus apóstolos o consideraram um artigo vital de sua fé, embora sua duração não seja revelada até chegarmos a Apocalipse 20. O período apostólico não foi sem suas disputas sobre certos assuntos doutrinários, mas, sobre "o Reino Milenar", não há registro de qualquer disputa sobre esta questão, e devemos entender o silêncio de alguns escritores sobre o assunto. Não existia necessidade de enfatizar uma doutrina bem conhecida e universalmente sustentada.
O período que se seguiu imediatamente à era apostólica foi o período mais puro, mais espiritual e mais ortodoxo da história da Igreja desde que os apóstolos faleceram. Nele estavam professores santos que conheceram e ouviram os apóstolos. Tais pessoas estavam, portanto, bem qualificadas para contar o que os apóstolos acreditavam sobre esta questão, e também como eles próprios e seus contemporâneos encaravam a profecia do Apocalipse. Escrevendo sobre suas visões teológicas, o teólogo anglicano irlandês, erudito bíblico, professor e tradutor da Irlanda do Norte, Sr. Robert Henry Charles, que não tinha preconceitos milenares, disse: "Os primeiros expositores estavam certos, pois estavam em contato próximo com o tempo apostólico".
Como veremos agora, a evidência destes primeiros Pais da Igreja, inclina fortemente a balança a favor do Pré-Milenismo. É claro que os A-Milenistas não gostam de admitir isso. Na sua obra em inglês, intitulado, "The Momentous Event", o autor,
William James Grier, dedica um capítulo a, "Os Pai da Igreja e o Milênio". Nele, ele se esforça arduamente para refutar uma afirmação do Dr. Charles Feinberg, que afirma que, "toda a Igreja primitiva dos primeiros três séculos era Pré-Milenistas, quase até um homem". Ao fazer isso, o Sr. Grier revisa os ensinamentos de vários santos, desde Clemente de Roma, (possivelmente, seja o mesmo Clemente de Filipenses 4 verso 3), até Agostinho (do ano 354 a 430 d.C.), e se ele consegue ou não refutar a afirmação do Dr. Charles Feinberg, só é válido para ele mesmo. Ele nos assegura que na primeira carta de Clemente não há, "nenhum indício de duas ressurreições ou de uma ressurreição apenas dos justos ou de um reino milenar na terra", e que na segunda carta, (provavelmente escrita pelo mesmo Clemente), não há, "nem uma palavra de um reino milenar na terra". Este silêncio, contudo, não consegue provar que Clemente não cria num milênio literal na terra. Ele pode ter sido o mais convencido deste fato. Em sua primeira carta, ele cita Hebreus 10 verso 37 e Malaquias 3 verso 1 em apoio à visão de que os propósitos de Deus, "serão cumpridos em breve e repentinamente". Estas citações não implicam claramente o reino terreno do Senhor Jesus? Muitos acreditam que sim. A vinda do Senhor ao 'Seu templo' em Malaquias 3 verso 1, é seguida pela promessa de que, "Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos", (verso 4). Não é esta uma "sugestão", – e também bastante clara, – de "um reino milenar na terra"?
O A-Milenistas, Sr. William James Grier, a seguir faz uma citação de Policarpo sobre a vinda do Juiz e sobre nossa ressurreição. Incluída na citação está a frase: "Ele vem como Juiz dos vivos e dos mortos". Comentando isto, o Sr. Grier, diz: "Policarpo parece esperar um julgamento geral na segunda vinda de Cristo. Ele certamente não tem uma palavra sobre um reino milenar na terra". Ora, é verdade que o nobre mártir aqui, "parece procurar um julgamento geral". Não é de todo certo que ele o faça. Ele "parece" fazer isso, mas você não pode construir com segurança o que uma pessoa "parece" fazer, pode? Na verdade, não há base sólida e segura nesta afirmação para a opinião de que Policarpo acreditava num julgamento geral. Note o que Policarpo disse: "Se conquistarmos Sua aprovação no mundo atual, ganharemos também o mundo vindouro. Ele prometeu nos ressuscitar dentre os mortos. Se nos comportarmos como cidadãos dignos do Seu reino, também compartilharemos da Sua realeza... Ou vocês não sabem que os santos julgarão o mundo?" Isto pode ser lindo na, (Cartas de São Policarpo aos Filipenses, no livro intitulado: "Ancient Christian Writers", ou seja, "Antigos Escritores Cristãos", Volume 6, páginas 78 e 81).
Agora, a primeira frase aqui é uma referência a Hebreus 2 verso 5; a segunda e a terceira sentenças são retiradas de 2ª Timóteo 2 versos 11 e 12, e Apocalipse 20 versos 4 e 6; e o último é uma citação de 1ª Coríntios 6 verso 2. É verdade que Policarpo não usa aqui, "uma palavra de um reino milenar na terra". Pode haver alguma dúvida, entretanto, sobre o que ele tem em mente? Qual é o contexto em cada uma dessas quatro passagens? Em que sentido é afirmado em Apocalipse 20 verso 4, que "eles viveram e reinaram com Cristo"? Novamente, quando os santos julgarão o mundo? Será na "era vindoura"? Se assim for, essa "Era", não pode ser o estado eterno, pois não haverá mal para julgar, se então fosse o caso. Portanto, deve estar no que chamamos de milênio. Se insistirmos que a referência é ao julgamento do Grande Trono Branco, então isso não pode ser um "julgamento geral", como ensinam os A-Milenistas, pois como podem os santos "julgar o mundo", e na mesma sessão serem eles próprios julgados com o mundo? Qualquer que seja a nossa visão, ela condena os A-Milenistas. Agora, por que o Sr. Grier ignorou em silêncio essas crenças do amado Policarpo? Talvez, é claro, ele não os tivesse notado.
O terceiro Pai da Igreja, cujos escritos são revistos em, "O Evento Momentâneo", é Inácio de Antioquia. Em sua longa viagem a Roma, onde seria martirizado, Inácio escreveu sete cartas, afirma o Sr. Grier, "dos eventos finais, ele não diz absolutamente nada". Agora, é verdade que Inácio diz muito pouco sobre "eventos finais". Ele alude a um desses eventos, no entanto, como ilustram as seguintes citações: "Quem (falando de Cristo), além disso foi verdadeiramente ressuscitado dentre os mortos, tendo Seu Pai o ressuscitado, o qual da mesma forma ressuscitará também a nós que cremos Nele, - Seu Pai, eu digo, nos ressuscitará, - em Cristo Jesus"; (extraído da carta de Inácio, "Para os Tralianos", capítulo 9); "Eu ressuscitarei livre nEle" (extraído da carta de Inácio, "Aos Romanos", capítulo 4). Nestas citações, Inácio fala da ressurreição futura, e isso certamente é um evento do fim dos tempos. Neles também está a ressurreição dos santos de que ele fala. Eles serão ressuscitados "da mesma forma" como o Filho de Deus foi ressuscitado. Eles serão criados "em Cristo Jesus" e "livres nEle". Nenhuma pessoa não salva será ressuscitada na primeira ressurreição. Isto é perfeitamente consistente com o ensino do Novo Testamento.
Além disso, ser ressuscitado, "da mesma forma" como Filho de Deus, "em Cristo Jesus", e "livre nEle", implica uma ressurreição além de todo julgamento, no que diz respeito às consequências penais da culpa. Sugerir que um crente em Cristo, que foi "perdoado de todas as ofensas", que foi abençoado, não apenas com a dignidade de filiação, mas "com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais", que foi "feito adequado para a herança dos santos na luz", cujo espírito resgatado talvez esteja há séculos, "com Cristo, que é muito, muito melhor", e cujo corpo será ressuscitado "em glória" e "em poder", conforme (1ª Coríntios 15 verso 43), para sugerir que esse crente ainda deve permanecer com a multidão ímpia, os inumeráveis mortos ímpios, em um "julgamento geral" diante do Grande Trono Branco de Apocalipse 20, para ser "julgado cada homem de acordo com suas obras", trai uma concepção estranhamente pervertida do amor de nosso gracioso Pai. É antibíblico, absurdo e totalmente indigno de Deus, cuja Palavra prometida é que o crente, "não entrará em julgamento". (João 5 verso 24)
Mesmo que a afirmação de Inácio de Antioquia, "Eu ressuscitarei livre nEle", se refira ao que aconteceria na morte do mártir, a citação mais longa certamente alude a "um evento no final". Além disso, se um crente for "livre" na morte, muito mais ele será "livre" na ressurreição. Onde, porém, estaria a liberdade se ele soubesse que ainda teria de comparecer no tribunal, enfrentar os livros abertos, mesmo que no final lhe fosse concedida uma dispensa judicial?
Inácio, também disse: "Marquem as estações. Esperem Aquele que está acima de todas as estações, o Eterno…" ("Santo Policarpo", volume 7, capítulo 3). A palavra grega aqui traduzida como 'esperar' pode ser traduzida corretamente como 'aguardar', e na verdade, outra tradução é: "Considere o tempo. Aguarde por Ele...". Isso enfatiza o espírito de expectativa e, como as citações anteriores, aponta para o tempo do fim. Finalmente, as últimas palavras do mártir aos romanos foram estas: "Ficai bem até o fim, na paciente espera por Jesus Cristo." Como seus outros ditos que foram citados, este é completamente Pré-Milenistas em perspectiva.
O A-Milenista, Sr. Grier, então examina, "A Carta de Barnabé", que se pensa ter sido escrita em algum momento entre os anos 117 e 138 d.C. Ele cita o Professor, Diedrich Hinrich Kromminga, dizendo: "Barnabé era o que hoje chamamos de A-Milenista". Segundo o próprio revisor, porém, esta afirmação foi uma 'presunção' por parte do Professor. Ficamos satisfeitos, após uma leitura cuidadosa da, "A Carta de Barnabé", de que nada mais era do que isso, uma 'presunção'. Em que então Barnabé acreditou? Ele acreditava no retorno iminente de Cristo, lemos por exemplo em sua Carta: — "Está próximo o Senhor e Sua recompensa", extraído do livro, (Antigos Escritores Cristãos, Volume 6, página 64). Ele acreditava que os seis dias da Criação em, (Gênesis 1), retratam as seis eras sucessivas da história humana, que o Senhor virá, "porá fim à era do Iníquo, julgará os ímpios e mudará o sol, o a lua e as estrelas", e que "então no sétimo dia Ele dará descanso". Além disso, ele acreditava que "o fim do mundo" se seguiria, quando Deus "inauguraria o oitavo dia, que é o amanhecer de outro mundo", extraído do livro, (Antigos Escritores Cristãos, volume 6, página 59). Isso é consistente com o ensino A-Milenista? Certamente que não! Isto é o que nosso amigo chama de "presunção" do erudito Professor! O editor dos livros, "Antigos Escritores Cristãos", afirma claramente em suas "Notas" anexas, que Barnabé sustentava a doutrina de um milênio terrestre, (Isto pode ser lido no livro, Antigos Escritores Cristãos, volume 6, página 79, nota 160).
Ao discutir os pontos de vista deste pai da Igreja, o A-Milenista, Sr. Grier pergunta: "Que Pré-Milenista está disposto a admitir que o milênio é introduzido pelo julgamento dos ímpios, como Barnabé afirma?" Só podemos expressar espanto por tal pergunta ser feita. Como ele imagina que acreditamos que isso será introduzido? Será por julgamento divino sobre os ímpios, é claro. Isto é o que muitas Escrituras ensinam claramente. Mas perguntamos, como pode o Sr. Grier, ser tão ignorante sobre o que os Pré-Milenistas defendem? "Barnabé", diz novamente o Sr. Grier, "exclui a possibilidade de um milênio terreno em que os homens não regenerados estarão sob o reinado de Cristo". Respondemos que o que o pai Igreja ensinou a respeito do lugar dos "homens não regenerados" naqueles dias é uma consideração muito secundária. Não discutiremos sobre isso. Afirmamos, no entanto, que "Barnabé" certamente NÃO "exclui a possibilidade de um milênio terrestre", mas sim o estabelece. Sua doutrina certamente não deixa espaço para a escatologia A-Milenista. Apenas o Professor, Diedrich Hinrich Kromminga, de todos os autores consultados, parece acreditar que Barnabé era um amilenista. Muitos A-Milenista admitem que ele é um Pré-Milenista.
Já dissemos o suficiente para demonstrar se os argumentos do A-Milenista, Sr. Grier, relativos às crenças dos antigos Pais da Igreja repousam ou não sobre um fundamento seguro. Ele parece estar inadequadamente informado sobre o que os Pré-Milenistas realmente acreditam. Esta é uma característica surpreendente em muitas partes de seu livro. Outra característica notável é que, embora ele cite o que se adequa ao seu propósito, – e é claro que ninguém pode culpá-lo por isso, – ele frequentemente ignora muitas coisas que poderiam ir contra as visões A-Milenistas. Também em vários casos os seus argumentos baseiam-se principalmente em evidências negativas, incertas e inconclusivas, por exemplo, ele diz: — "Clemente… não tem indícios de duas ressurreições", "não diz uma palavra de qualquer reino milenar", "Policarpo parece procurar um julgamento geral", "ele provavelmente teria dito isso", "Isso parece um julgamento geral", "toda distinção parece ter sido eliminada" e "a presunção é". Declarações de certeza positivas, fundamentariam o seu argumento e transmitiriam convicção, mas certamente não em sentenças tão carentes de provas como estas.
É verdade que alguns dos primeiros Pais da Igreja cometeram erros graves. Alguns tinham uma concepção muito imperfeita da verdade profética. Alguns mudaram e outros modificaram suas opiniões, e alguns empregaram linguagem extravagante. Tudo isso é concedido de bom grado. No entanto, – e é isto que sublinho, – o Pré-Milenismo foi forte no período Pós-Apostólico. Alguns Pais da Igreja fizeram apenas uma breve referência aos seus conceitos milenares, mas mesmo isto deve ser levado em conta. Todos acreditavam que uma certa ilha era desabitada, mas a crença desapareceu no ar quando uma pegada humana foi encontrada em sua costa. Assim, mesmo uma "pegada" da escatologia Pré-Milenista é suficiente para indicar a posição de certos Pais da Igreja. Eusébio, o historiador da Igreja, (que viveu entre os anos 260 a 340, d.C.), embora não seja um Pré-Milenista, admite que, "a maioria dos escritores eclesiásticos", incluindo, Pápias e Irineu, "adotaram tais sentimentos", (isto pode ser lindo em seu livro, "História Eclesiástica", página 115). Muitos comentaristas e autores confiáveis de tempos mais modernos afirmam que há evidências abundantes e esmagadoras disso. Vamos citar apenas alguns:
Temos o Dr. A. J. Bengel, (viveu do ano 1687 a 1751), autor do famoso "Gnomon", ele disse: "A Igreja primitiva acreditava plenamente que a segunda vinda de Cristo poderia preceder ou inaugurar os mil anos de Seu reinado".
Dr. Andrew Bonar, o santo pregador escocês, disse: "A doutrina do milênio prevaleceu universalmente durante os primeiros três séculos", (em seu livro, "Marcos Proféticos").
Adolf Harnack, disse: "Esta doutrina do segundo Advento de Cristo e do reino milenar, aparece tão cedo que pode ser questionado se não deve ser considerada como uma parte essencial da religião cristã".(Pode ser lido na, Encyclopaedia Britannica", volume 15, página 495).
Dr. Philip Schaff, historiador da Igreja, disse: "O ponto mais marcante na escatologia da era Pré-Nicena, é o proeminente "Quiliasmo", ou seja, a doutrina que afirma que os predestinados ficariam ainda na Terra durante mil anos após o julgamento final, no gozo de todos os prazeres." (Em seu livro, "A Testemunha do Advento").
Henry Alford, o notável comentarista, disse: "Que o Senhor virá em pessoa a esta terra, que Seus eleitos reinarão com Ele…, que o poder do mal será limitado…, esta é minha firme convicção…, assim como foi a de Sua Igreja primitiva, antes que a controvérsia cegasse os olhos dos Pais, à luz da profecia". (Em seu livro, "O Testamento Grego", página 259).
Até mesmo Oswald Allis, um importante A-Milenista, admite que o "Quiliasmo", "era amplamente defendido na Igreja primitiva"; e Daniel Whitby, o "pai do Pós-Milenismo", (que viveu entre os anos de 1638 a 1726), também afirma que, "a doutrina do milênio…, passou entre os melhores cristãos durante duzentos e cinquenta anos como uma tradição apostólica".
Em vista destas evidências, todas tão inequívocas, e todas provenientes de homens na primeira linha da erudição, o que se ganha ao tentar dar a impressão de que a Igreja primitiva não era predominantemente Pré-Milenista? No entanto, o Sr. Philip Mauro em seu livro, "O Evangelho do Reino", o Arquidiácono Lee em seu livro, "The Speaker's Commentary", o Sr. W.H. Rutgers em seu livro, "Premillermialism in America", e outros, bem como o Sr. Grier, esforçam-se arduamente para estabelecer isto. Todos os seus argumentos, no entanto, são fracos e insatisfatórios. O Sr. Charles Caldwell Ryrie atribui as afirmações de Mauro à pura "ignorância dos fatos". O grande refúgio do Sr. Lee é o silêncio de certos Padres da Igreja sobre o assunto. O argumento do Sr. Rutger é que "a prevalência de pontos de vista milenaristas tem sido indevidamente exagerada". "Mas quando ele (o Sr. Rutger), se pronuncia sobre o "Quiliasmo" dos primeiros colonizadores americanos, suas observações são tão infundadas e tão amplas que o Sr. Smith lhe dá o golpe de misericórdia em todo o argumento histórico". (Livro intitulado: "Pré-Milenismo ou A-Milenismo?", Sr. C.L. Feinberg, página 245).
Em sua obra, "A Base da Fé Pré-Milenista", o autor, Sr. Charles Caldwell Ryrie, traça a evidência do Pré-Milenismo ao longo dos três primeiros séculos cristãos. Ele fundamenta isso com citações de homens como: 1º. O Didache; 2º. Clemente de Roma; 3º. O Pastor de Hermas; 4º. Barnabé; 5º. Inácio; 6º. Papias; 7º. Justino Mártir; 8º. Irineu; 9º. Tertuliano; 10º. Cipriano; 11º. Commodiano; 12º. Nepos; 13º. Lactâncio.
Ele também inclui os nomes de homens como: 14º. Coracion; e 15º. Metódio, que pelas razões expostas devem ser considerados "Quiliastas".
A esta lista, é claro, outros nomes poderiam ser adicionados. Alguns deles tinham mais luz do que outros. Alguns enfatizam uma faceta da crença Pré-Milenista, alguns outros.
Sr. George N. H. Peters que foi um ministro luterano americano e autor d do livro "The Theocratic Kingdom", fornece uma lista mais extensa de expoentes do "Quiliasmo" para este período. Ele dá os nomes de quinze defensores dele no primeiro século, (sete deles são apóstolos, e estão listados por Papias, que é, acredita-se ter conhecido o apóstolo João); nove no segundo; e sete no terceiro (pode ser lido no livro, "Things to Come", páginas 374 e 375). Mesmo que a evidência de alguns destes trinta e um defensores seja contestada, o testemunho a favor do Pré-Milenismo permanece forte e inabalável. Isto fundamenta plenamente as declarações anteriores citadas sobre a prevalência quase universal desta fé no período Pós-Apostólico, no qual havia homens ainda vivos que conheceram e ouviram o discípulo amado e, portanto, tinham o melhor direito de nos dizer o que ele significado em Apocalipse Capítulo 20.
Por William Bunting
14. Existem profecias assegurando um futuro nacional para Israel?
As Profecias concernentes ao futuro dos Judeus, de sua terra e do trono de Davi, seu rei, são tão numerosas que seria impossível, no espaço aqui disponível, citar ou mesmo referir-se a mais do que algumas delas.
ISAÍAS está repleto de promessas de restauração de Israel. Capítulos inteiros são dedicados ao assunto.
Isaías 11 versos 11 a 13, por exemplo, o profeta diz: "O Senhor porá novamente a sua mão pela segunda vez, para recuperar o remanescente do seu povo, que restará, da Assíria…, Egito…, Patros…, Cuxe…, Elão…, Sinar…, Hamate, e das ilhas do mar. E Ele (…) reunirá os rejeitados de Israel e reunirá os dispersos de Judá desde os quatro cantos da terra. Também a inveja de Efraim desaparecerá, e os adversários de Judá serão exterminados. Efraim não invejará Judá, e Judá não irritará Efraim."
Agora, a primeira vez que o Senhor recuperou Seu povo foi quando as duas tribos foram trazidas de volta da Babilônia. Mas aqui Ele promete que no "segundo tempo", Ele recuperará todas as doze tribos, (quando menciona, Judá, está também, Benjamim; e quando fala de Efraim, se refere as dez restantes), e isso "dos quatro cantos da terra", e não apenas da Babilônia. Então as duas partes alienadas da nação viverão juntas pacificamente. Esta profecia nunca foi cumprida e não pode ser aplicada espiritualmente à Igreja com qualquer consistência.
O mesmo assunto é tratado em Isaías, nos capítulos 27 versos 12 e 13; Capítulo 43 versos 1 a 8; Capítulo 49 versos 8 a 16; Capítulo 61 versos 1 a 11; Capítulo 65 versos 8 a 10, e versos 17 a 25; Capítulo 66 versos 10 a 24, e outras passagens nesta grande profecia.
Como a porção no Capítulo 11, eles ainda nunca foram cumpridos. Certamente não estão se cumprindo na Igreja.
Como poderiam os dois versículos do Capítulo 27, por exemplo, se aplica a esse organismo, a Igreja?
A Igreja alguma vez foi chamada de "Jacó", (Isaías 43 verso 1)?
O Egito, a Etiópia e Sebá foram dados como "resgate" por isso, (verso 3)?
A Igreja "herda heranças desoladas", (Isaías 49 verso 8)?
Qual é a "terra da sua destruição", (Isaías 49 verso 19), e quais são as suas "cidades devastadas", (Isaías 61 verso 4)?
Ou estão no Céu ou no Estado Eterno?
Novamente, Deus alguma vez "abandonou" Sua Igreja, como se diz de Israel (Isaías 49 versos 14; Capítulo 54 verso 7)?
Ele não disse a ela: "Nunca te abandonarei", (Hebreus 13 verso 5)?
Não negamos que nestes capítulos haja linguagem figurada, e que partes deles possam receber uma aplicação secundária à Igreja, mas certamente deve ser cegado deliberadamente aquele que não pode ver aqui o futuro reagrupamento literal da nação de Israel.
De que outra forma devemos entender os dois últimos capítulos do livro de Isaías?
Onde e quando será cumprido, Isaías 65 verso 20?
Não haverá "pecador" e nem "maldição" no Céu nem no Estado Eterno. Lá também "eles não contam o tempo em anos", mas nesta profecia de Isaías fala em, "uma criança e em cem anos."
Então o versículo 25 deste capítulo, fala da presença de lobos, cordeiros, leões e serpentes.
Alguém ousaria afirmar que estes estão na Igreja, no Céu ou no Estado Eterno?
Perguntamos ainda, como também devemos entender a cena de Isaías 66, onde haverá um centro de adoração; onde serão celebrados o "sábado", e as festas mensais, onde oficiarão os "sacerdotes e levitas", onde haverá uma cidade chamada "Jerusalém", e fora dela um lugar de "abominação para toda a carne"?
Só há uma resposta! O cenário é Milenar e aguarda o dia do grande retorno e restauração de Israel.
E quando passamos para o testemunho das profecias de JEREMIAS, só vem a confirma tudo isto. Aqueles a quem o Senhor prometeu recuperar do cativeiro são chamados de "Israel", "Judá", "Jacó" e "Efraim", (Jeremias 30 versos 3 e 7; e Capítulo 31 verso 9), – nomes que nunca se referem à Igreja. Eles são ainda descritos como "a semente de Abraão, Isaque e Jacó", (Jeremias 33 verso 26), e embora se admita que os membros do Corpo de Cristo sejam a semente de Abraão, eles nunca são chamados de semente de Isaque ou Jacó. Novamente, quando lemos: "Aquele que dispersa Israel", (Jeremias 31 verso 10), a alusão não pode ser ao rebanho espiritual de Cristo, pois é o lobo e o mundo que dispersa Suas ovelhas, (João 10 verso 12; e Atos 8 verso 1), mas nunca o Bom Pastor; e nenhum cristão instruído certamente falaria do Senhor ferindo Sua Igreja "com a ferida de um inimigo" (Jeremias 30 verso 14). Além disso, quando lemos sobre o povo retornando à "terra que (Deus) deu a seus pais", (Jeremias 30 verso 3), sobre sua habitação novamente nas cidades de Judá, (Jeremias 31 verso 24), e quando sete marcos bem conhecidos na Jerusalém restaurada são nomeados, (Jeremias 31 versos 38 a 40), parece absurdo sugerir que é a Igreja que está em vista. Bobagem, irmãos, bobagem! O que a "torre de Hananéel", o "vale dos cadáveres" ou a "porta dos cavalos" têm a ver com a Igreja do Deus vivo?! Tudo isso é linguagem literal. Seu bom senso dado por Deus lhe diz que sim. Não pode referir-se à Igreja, e seria igualmente absurdo aplicá-lo ao Céu ou ao Estado Eterno. Foi o Israel literal que foi "disperso", e é o Israel literal que será "reunido" novamente, (Jeremias 31 verso 10).
Quando o Senhor promete ainda que Seu povo retornará "dos confins da terra" (Jeremias 31 verso 8), que um "grande grupo retornará", (verso 8), tão grande de fato que a terra não será grande o suficiente para contê-los, (Isaías 49 versos 19 e 20; e Zacarias 10 verso 10), para que "todos conheçam o Senhor" e "desfrutem do Seu perdão", (Jeremias 31 verso 34), para que tenham "abundância de paz", (Jeremias 33 verso 6), que "Jerusalém habitará seguramente", (verso 16), que eles "não mais sofrerão" (Jeremias 31 verso 12), nem serão "derrubados", (Jeremias 31 verso 40), que eles não tenham mais medo (Jeremias 30 verso 10), que "os estranhos não mais se servirão deles", (Jeremias 30 verso 8), e que então servirão, "Davi, seu rei", (Jeremias 30 verso 9), é óbvio que uma libertação muito maior do que o da Babilônia sob Esdras é contemplado. Portanto, nenhuma dessas doze declarações foram cumpridas. Tudo o que aqui é prometido, porém, terá um cumprimento literal e completo "nos últimos dias", (Jeremias 30 verso 24), pois a "Força de Israel não mentirá nem se arrependerá".
Nas profecias de EZEQUIEL, da mesma maneira, presta sua cota de testemunho. O Bom Pastor "procurará as suas ovelhas e as livrará de todos os lugares onde foram espalhadas", e "as levará para a sua terra", (Ezequiel 34 versos 12 e 13). Nunca mais estarão sob o jugo gentio, (verso 28). O Capítulo 36 versos 1 a 15 descreve a restauração da Terra; e versículos 16 a 38, a limpeza moral da nação. A Restauração Nacional de "toda a casa de Israel", segue em Ezequiel 37 versos 1 a 14, e então nos versículos 15 a 25 ocorre a reunião das dez tribos e das duas tribos, "e meu servo Davi será seu príncipe para sempre", (verso 25). A destruição de seus inimigos "sobre as montanhas de Israel" ocorre nos capítulos 38 e 39. Os capítulos 40 a 48 fornecem uma descrição magnífica da Jerusalém restaurada e do Templo reconstruído. Os limites do Território são apresentados nos capítulos 47 e 48, sendo várias cidades listadas no capítulo 47; enquanto no capítulo 48 todas as tribos de Israel são nomeadas. Está totalmente fora de questão supor que essas grandes profecias já tenham sido cumpridas na história da nação, e que as bênçãos desfrutadas pela Igreja, correspondam de alguma forma a elas. Contudo, como as profecias de Jeremias que vimos, cada uma delas será literalmente cumprida ao pé da letra "nos últimos dias", (Ezequiel 38 versos 8 e 16).
Além do já citamos, existem muitas referências à bênção futura de Israel em livros posteriores do Antigo Testamento, por exemplo: Daniel 9 versos 24 a 27; 12.1; Oséias 3 verso 4, 5; Joel 3 verso 20; Amós 9 verso 14 e 15; Miquéias 4 versos 6 e 7; Zacarias 3 versos 14 a 20; Zacarias 2 versos 11 e 12; Zacarias 8 versos 20 a 23; Zacarias 12 versos 2 e 3; Zacarias 14 versos 1 a 21.
Algumas dessas passagens são de especial interesse para nosso estudo. A profecia de Daniel 9, por exemplo, foi proferida para que o povo de Deus soubesse que a libertação prometida da Babilônia não era a libertação total e final de Israel predita pelos profetas. Isto aconteceria, não no final dos setenta anos previstos em Jeremias 25 verso 12, (conforme Daniel 9 verso 2), mas no final de setenta "semanas" proféticas (ou seja, setenta, setes de anos). A septuagésima semana de Daniel 9 verso 27, porém, ainda não foi cumprido, falta uma semana, ou seja, sete anos. Para o seu cumprimento, Israel deve estar de volta à sua própria terra, e no seu final as bênçãos do verso 24, serão desta nação salva e restaurada ao Senhor.
As outras passagens de significado especial são aquelas encontradas em Zacarias, e sua característica interessante é que foram escritas após o retorno da Babilônia. Agora, a grande libertação e restauração nacional de Israel, conforme aqui prevista, não pode, com qualquer consistência, ser espiritualizada como aplicável à Igreja. O cumprimento das profecias de Zacarias, portanto, deve ser ainda futuro, o que confirma o que foi dito sobre profecias anteriores com as quais estas estão em perfeita harmonia.
Por William Bunting
15. O futuro nacional para Israel é certo?
Os Amilenistas afirmam com confiança que não existe um futuro para Israel como nação. Mas o que diz a Escritura? Deus não tem um futuro glorioso reservado para Israel? Se Ele não o fará, o que aconteceria com as numerosas profecias bíblicas de bênçãos nacionais mundiais para os filhos de Jacó?
Os principais argumentos dos A-Milenista de que não existe um futuro para Israel como nação, são as seguintes:
1ª. Que essas promessas devem ser compreendidas espiritualmente.
2ª. Que muitos dessas promessas estão sendo cumpridos na Igreja nesta época.
3ª. Que outras promessas que retratam uma era dourada para a nação, se cumprem no Céu.
Em relação ao primeiro destes argumentos, de que o método espiritualizante, tal como empregado pelos A-Milenistas, violenta todos os cânones de interpretação sólida. "As Escrituras", devem ser entendidas de uma forma normal, gramatical e literal; isto é, é claro, a menos que o Senhor indique claramente o contrário. Quando o bom senso faz sentido, não procure outro sentido. O cumprimento literal de centenas de profecias no passado prova a absoluta solidez deste princípio fundamental de interpretação. Destas profecias, podemos considerar aqui apenas algumas, para dar provas de que, é incensastes a maneira de interpretação A-Milenista:
1ª. Profecias a respeito de indivíduos. Veja, por exemplo, Deuteronômio 32 verso 50 (Moisés); Josué 6 verso 28 (Reconstrutor de Jericó); 2ª Reis 7 versos 1, 2, 17 a -20 (um "senhor" em Samaria).
2ª. Profecias relativas às grandes cidades. Veja, por exemplo, Ezequiel Capítulos 26 e 27 (Tiro); Capítulo 28 versos 20 a 23 (Sidônia); e Lucas 19 versos 42 a 44 (Jerusalém).
3ª. Profecias sobre nações poderosas. Veja, por exemplo, Gênesis 15 verso 14 (Egito); Isaías Capítulos 13 e 14 (Babilônia).
3ª. Profecias a respeito de Israel, — sua escravidão no Egito, (Gênesis 15 verso 13); sua libertação do Egito (Gênesis 15 verso 14); seus quarenta anos de peregrinação (Números 14 verso 33); a conquista de Canaã (Josué 1 versos 2 e 3); sua apostasia (Deuteronômio 31 versos 16); seus setenta anos de cativeiro (Jeremias 25 versos 11, 12); seu retorno do cativeiro (Jeremias 29 verso 10); sua atual dispersão e cegueira espiritual (Lucas 21 verso 24; e Romanos 11 verso 25).
4ª. Profecias relativas ao Universo Físico, (Gênesis 8 verso 22; Capítulo 9 versos 12 a 17; Isaías 54 verso 9; Salmos 148 versos 4 a 6; e Jeremias 31 versos 35 e 36).
5ª. Profecias relativas ao primeiro advento de Cristo, – Seu nascimento, vida, sofrimentos, morte, sepultamento e ressurreição. Eles são numerosos demais para serem listados aqui, mas são do conhecimento de todo leitor sincero. E sei que existem ao todo mais de 300 delas.
6ª. Profecias dos últimos tempos, últimas dias e últimas horas, (1ª Timóteo 4 versos 1 a 3; 2ª Timóteo 3 versos 1 a 5; 2ª Pedro 2, e a Epístola de Judas).
Agora, todas essas profecias foram, ou estão em vias de ser, literalmente cumpridas. Quando Deus as criou, Ele quis dizer exatamente o que Ele disse, – nada mais, nem menos, nem diferente; e aqueles a quem foram feitos justos, os compreenderam. Como então, diante de algumas das declarações mais claras da Palavra de Deus, ousamos nós ou qualquer outra pessoa dizer que as profecias relativas ao destino de Israel serão cumpridas de qualquer maneira que não seja literal?
É verdade que essas profecias são mantidas em suspenso durante o atual parêntese da Igreja. As Escrituras deixam perfeitamente claro que desde a rejeição de Cristo pelos líderes Judeus em Mateus Capítulos 12 e 13, todos os relacionamentos meramente naturais foram negados por Cristo, (Mateus 12 versos 46 a 50), que a oferta do tão esperado reino em glória e poder foi retirada da nação favorecida, (Mateus 21 verso 43), e que o reino está agora em forma de mistério. Isto é, está velado e, portanto, não é visível nem exposto externamente, pois como poderia ser manifestado publicamente, visto que o Rei teve seus direitos reais negados perversamente, expulso e crucificado? (Mateus 21 versos 33 a 43). Daí o ensino em parábolas de nosso Senhor sobre o reino em Mateus Capítulo 13, é descrito no versículo 11 como "mistérios", que os rejeitadores Judeus não conseguiam entender (versos 11 a 15), e o Capítulo nos fornece as características especiais do reino conforme visto nesse aspecto. Daí também Palavras de Cristo em Lucas 17 verso 21, "O reino de Deus está dentro de vós", com as quais podemos comparar com Romanos 14 verso 17 e 1ª Coríntios 4 verso 20. Este aspecto era algo inteiramente novo e jamais sonhado por Seus discípulos. Naturalmente foi difícil para eles reconciliarem-se com a visão de que o reino havia agora assumido uma forma nova e oculta. Mesmo depois da ressurreição de Cristo "perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1 verso 6).
O fato de Israel estar presentemente posto de lado, contudo, não significa de forma alguma que a rejeição da nação por parte de Deus seja final ou irrevogável. Se fosse esse o caso, nosso Senhor não estava moralmente obrigado a dizer isso aos discípulos perplexos em Atos 1: "Não vos compete saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (verso 7). Perguntamos, "Os tempos ou as estações" de quê? A resposta certa é, da "restauração do reino a Israel", que era o assunto sobre o qual acabavam de lhe perguntar, como se vê claramente no contexto. Israel é rejeitado, mas apenas temporariamente. O apóstolo Paulo disse: "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu" (Romanos 11 verso 2). Seu decreto imutável é que Israel será reunido e se tornará o centro da administração divina e das bênçãos sobre a terra. "E assim todo o Israel será salvo; como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó a impiedade. Pois os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento". (Romanos 11 versos 26 a 29)
Por William Bunting
16. Romanos 11, ensina que os crentes do Antigo e Novo Testamento formam uma Igreja, a mesma “Oliveira”?
Será que podemos concordar com aqueles que afirma que, os termos "Igreja", e "Oliveira", de Romanos 11, são sinônimos? Não, nem por um momento.
A verdade da Igreja não entra em Romanos 11. Pois Romanos 11, trata da verdade dispensacional. É de extrema importância ver isso. É verdade que da apostasia de Israel há, "neste tempo, um remanescente segundo a eleição da graça" (verso 5), e que faz parte da Igreja. Esse, no entanto, não é o argumento aqui.
A Oliveira representa Israel no lugar de privilégio e responsabilidade para Deus na terra. Por causa da incredulidade, "os ramos naturais", isto é, o povo Judeu, foram cortados e uma "oliveira brava" enxertada (verso 17). Não precisamos ter nenhuma dúvida quanto ao povo que a oliveira brava representa. Representa "os gentios". Observe com que frequência, eles são mencionados no capítulo. Observe também que, ao se dirigir aos seus leitores romanos no versículo 13, Paulo não se dirige a eles como "cristãos", ou mesmo como "santos", como havia feito no capítulo 1 verso 7. "Eu falo", diz Paulo, "a vocês, gentios". Isto é, ele se dirige a eles como representantes dos gentios, que, agora, após o fracasso de Israel, são, na soberania de Deus, colocados no lugar de privilégio e responsabilidade. Eles são avisados, no entanto, que se falharem, também serão afastados do seu lugar de bênção (verso 21). Sabemos, é claro, que todos os gentios salvos nesta era estão na Igreja, mas essa verdade não é o que Paulo está ensinando em Romanos 11. Sugerir que a Oliveira é a Igreja seria um absurdo. Quem já ouviu falar do Corpo de Cristo ter membros "naturais", (verso 21), ou de algum de seus membros ser cortado (verso 20)? Não, a Oliveira não é, nem pode ser, a Igreja.
Pouco precisa ser dito sobre os demais pontos. Em vista do que foi escrito, deveria ser óbvio para todo leitor honesto que os títulos ou cabeçalhos, colocados em alguns capítulos do Antigo Testamento, nos quais "a Igreja" é mencionada, são totalmente enganosos. Esses títulos não fazem parte das Escrituras originais. Eles foram adicionados como resumos para ajudar os leitores a dividir os capítulos em diversas partes. Aqueles que os compuseram eram, sem dúvida, homens eruditos e sinceros, e devemos agradecer a Deus pelo seu trabalho infatigável, mas certamente estavam "todos errados" ao inserir as palavras, "a Igreja", nos títulos.
Acreditamos que a verdade da Igreja estava escondida dos santos da velha economia, os crentes do Antigo Testamento. Contudo, o A-Milenista, Sr. William James Grier, afirma com segurança que não foi assim. Os profetas antigos, diz ele, "apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento".
Mas o que diz a Escritura? Efésios 3 versos 4 a 6, fala das principais características da Igreja como sendo "um mistério, que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito Santo, em que os gentios deveriam ser coerdeiros, e do mesmo corpo, e participantes de sua promessa em Cristo pelo evangelho".
Agora, o que é um mistério? É um segredo que é revelado apenas aos iniciados. E essas verdades sobre a natureza da Igreja eram um segredo que em épocas passadas era desconhecido do homem. (Compare com Romanos 16 versos 25 e 26).
Como então os profetas do Antigo Testamento poderiam ter tido conhecimento deles? Não há ambiguidade na linguagem de Paulo.
Em quem devemos acreditar, – no Apóstolo inspirado ou nos A-Milenista?
Como podemos verificar se os profetas do Antigo Testamento conheciam a Igreja?
Onde, por favor, eles falam sobre isso?
A citação de Romanos 9 versos 24 a 26, à qual o Sr. Grier alude, é tirada de Oséias 2 verso 23. Esta profecia, prediz ricas bênçãos espirituais para os gentios, assim como muitas outras passagens do Antigo Testamento. Em vão, porém, procuramos nele a menor referência à Igreja. O mesmo se aplica a Atos 26 verso 22. Pois os versículos que se seguem, (23 e 24), nos dizem que "as coisas que Moisés e os profetas disseram que deveriam acontecer", ou seja, que Cristo deveria morrer e ressuscitar, "e deveria trazer luz ao povo e aos gentios". Mas não há aqui uma sílaba sobre a Igreja.
Quanto a Atos 2 versos 16 a 21, é uma citação de Joel 2, a respeito do derramamento do Espírito Santo. É verdade que isto teve um cumprimento parcial no dia em que a Igreja nasceu; mas onde na profecia há a mais leve que seja, em alusão à própria Igreja? Não há nenhum.
O Novo Testamento tem muito a dizer sobre a Igreja, – a sua origem, o seu custo, o seu fundamento, a sua natureza, a sua composição, a sua preciosidade para Deus, o seu conflito, o seu progresso e o seu destino celestial.
É o Corpo de Cristo (Efésios 1), o Edifício de Deus (Efésios 2), a Noiva do Senhor Jesus (Efésios 5).
Em vão, porém, procuramos nos livros do Antigo Testamento alguma revelação dessas verdades gloriosas. Eles não estão lá. Se estiverem, onde, por favor, devemos encontrá-los?
No entanto, os A-Milenista insistem que os profetas do Antigo Testamento falam da Igreja Cristã. É preciso graça para ter paciência com esses pensadores vãos. Nós nos perguntamos como eles leem suas Bíblias. Se alguma coisa é "ultrajante", certamente é que os homens não acreditam nas declarações claras das Sagradas Escrituras.
Mais uma vez, citamos o Sr. Grier, pois rejeita o significado óbvio de Efésios 3 versos 5 e 6, tomando as palavras de Paulo que diz, "como agora é revelado", como uma cláusula qualificativa. Isto é, quando Paulo declara "que os gentios deveriam ser coerdeiros e pertencer ao mesmo corpo, ele de forma alguma diz que isso era totalmente desconhecido nas épocas passadas, mas não conhecido tão completa e claramente como é agora".
A este argumento a seguinte resposta parece conclusiva: Para que não se deva presumir da palavra, 'como', na frase, "como agora é revelado", em Efésios 3, que esta afirmação é comparativa, não absoluta, significando apenas que a revelação foi de fato feita através dos profetas anteriores, mas em alguns obscuridade que agora havia sido esclarecida, as palavras de Colossenses 1 verso 26,que diz: "o mistério que esteve oculto desde os tempos e gerações, mas agora foi manifestado aos seus santos", corrigem esta impressão. A ordem das palavras também mostra que não se trata dos profetas que precederam os apóstolos, mas daqueles que vieram com eles e depois deles. É inútil, portanto, recorrer ao Antigo Testamento em busca de instruções a respeito da Igreja da qual o Senhor e Seus apóstolos falaram.
O relógio profético parou no Calvário e o intervalo atual entre os Adventos de Cristo é um "parêntese, dos quais nenhuma palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento"?
Ao procurar responder a estas questões, admite-se imediatamente que a ressurreição de nosso Senhor, (que se lê no, Salmos 16 verso 10; e Salmos 110 verso 1), o derramamento do Espírito Santo, (visto em Joel 2 verso 28), a consequente iluminação e bênção dos gentios até os confins da terra (citado em Isaías 42 verso 6; e Capítulo 49 verso 6), e a rejeição temporária de Israel (conforme Oséias 3 versos 4 e 5); todos os quais são posteriores ao "Calvário", foram preditos no Antigo Testamento.
Até agora, porém, no que diz respeito à história de Israel durante sua dispersão, a ascensão e queda dos grandes poderes gentios e o propósito divino na formação do Corpo místico de Cristo, nesta era da Igreja, não há uma palavra em profecia do Antigo Testamento. No que diz respeito ao futuro das nações, a profecia tem a ver principalmente com Israel, mas como Israel está agora posto de lado, esta era presente é ignorada em todas as previsões do Antigo Testamento. Essas previsões predizem o "Calvário", mas aí, como disse o Sr. Ironside, "o relógio profético parou".
A Igreja, como já vimos, não é objeto da profecia do Antigo Testamento. Esta era cristã é um "parêntese". Assim que terminar, o relógio da profecia começará a funcionar novamente, e as previsões da reunificação de Israel e da derrubada da dominação gentia no mundo terão o seu cumprimento completo, tão certo como estas coisas foram ditas por homens movidos pelo Espírito Santo.
Podemos concluir, então, que quando mãos iníquas ergueram a cruz no Calvário, e Deus pronunciou o terrível, 'Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus', de (Oséias 1 versos 9 e 10), sobre Seu povo Israel, o curso da era profética cessou. Nem fluirá novamente até que a autonomia de Judá seja restaurada.
A afirmação de que esta era da Igreja é um parêntese não precisa nos surpreender de forma alguma. Existem lacunas ou parênteses na história do Antigo Testamento, como todo estudante sabe. Da mesma forma, várias Escrituras que apresentam os dois Adventos de Cristo, desconsideram totalmente esta era cristã. Contudo, é interessante notar que estas Escrituras estão redigidas de modo a deixar espaço para o período atual. Isto deve, sem dúvida, ter sido muito desconcertante para os profetas do Antigo Testamento, e podemos apreciar a declaração de Pedro de que o que os intrigava não era tanto o fato dos "sofrimentos de Cristo e a glória que se seguiria", mas o "tempo" e a "maneira", " em que essas coisas seriam cumpridas. (1ª Pedro 1 verso 11).
Das numerosas passagens do Antigo Testamento nas quais o Espírito Santo, inspirador, ignora intencionalmente esta era da Igreja, podemos mencionar as seguintes: — Salmo 118 verso 22; Isaías 9 versos 6 e 7; Capítulo 53 versos 10 e 11; Capítulo 61 verso 2; Oséias 3 versos 4 e 5; Daniel 7 versos 23 e 24; Capítulo 8 versos 22 e 23; Capítulo 9 versos 26 e 27; Zacarias 9 versos 9 e 10.
Por William Bunting
17. As falhas por não distinguir Israel da Igreja
Os Amilenistas apontam, e com razão também, que nas Escrituras o termo "Israel" é empregado de uma forma dupla para se referir à raça escolhida que surgiu de Abraão. Geralmente é usado em seu sentido mais amplo e denota seus descendentes naturais através de Jacó. Como tal, a grande maioria do povo carecia da fé de Abraão, e quando o Messias, há muito prometido veio, eles O rejeitaram. Ao longo dos tempos, contudo, tem havido uma pequena minoria espiritual na nação que acreditou em Deus e que acolheu a Cristo quando Ele apareceu, e o termo "Israel" também é usado para este remanescente, em contraste com a nação como um todo. É o verdadeiro "Israel", pois como diz o Apóstolo: "Nem todos os que são de Israel são Israelitas", (Romanos 9 verso6); e "²⁸ Porque não é judeu o que o é exteriormente, mas é judeu o que o é no interior", (Romanos 2 versos 28 e 29).
Os A-Milenista ensinam, no entanto, que esta verdadeira minoria espiritual, e a Igreja do Novo Testamento, são um e o mesmo corpo. O A-Milenista, William James Grier, em seu livro intitulado, "The Momentous Event", demonstrarão isso. "Insistamos aqui", diz ele, "que havia uma Igreja nos tempos do Antigo Testamento; e que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja – a mesma oliveira de (Romanos 11),... e que os profetas do Antigo Testamento apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento." Ele segue dizendo que, "a alegação da maioria dos pré-Milenistas é que o chamado da Igreja do Novo Testamento foi escondido dos profetas do Antigo Testamento. Durante o intervalo entre os adventos, Cristo estabeleceu Sua Igreja, que é, dizem eles (os pré-Milenistas), não um cumprimento em qualquer sentido das promessas e profecias do Antigo Testamento, mas algo novo e desconhecido para os profetas - é um 'parêntese', agora totalizando quase dois mil anos, dos quais nenhuma Palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento. Esta é a opinião do Dr. Henry Allan Ironside. Ele diz: 'O relógio profético parou no Calvário. Nenhum tique foi ouvido desde então'."
O escritor, William James Grier, declara ainda que, "dizer que os profetas do Antigo Testamento não falam da Igreja Cristã é ultrajante, tendo em vista muitas passagens do Novo Testamento, como Romanos 9 versos 24 e 26, onde temos a declaração de Paulo de que o chamado para fora dos Judeus e Gentios na Igreja Cristã, é o cumprimento direto de uma profecia de Oséias." Duas outras passagens às quais o Sr. Grier se refere como confirmação de sua afirmação são, Atos 2 versos 16 a 21; e Capítulo 26 verso 22. Ele então tenta justificar os títulos da Bíblia em inglês, Versão Autorizada, em capítulos como Isaías Capítulos 30, 34, 43, 45, 50, 54 e 64, em que cada um dos quais a "Igreja" é nomeada; e conclui seu parágrafo dizendo que "Estêvão falou de uma Igreja no tempo de Moisés (Atos 7 verso 38), e Paulo diz que os crentes do Antigo e do Novo Testamento formam uma oliveira".
Já foi citado o suficiente para deixar clara esta posição dos A-Milenismo, e que pode ser resumida da seguinte forma:
- Que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
- Que Atos 7 verso 38 prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
- Que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja.
- Que esta Igreja é a Oliveira de Romanos 11.
- Que os títulos dos capítulos da Versão Autorizada do Antigo Testamento nos quais a Igreja é nomeada não estão "totalmente errados".
- Que o chamado da Igreja do Novo Testamento não foi escondido dos profetas do Antigo Testamento.
- Que os profetas do Antigo Testamento predisseram a Igreja do Novo Testamento.
- Que o relógio profético não parou no Calvário, mas que ainda funciona.
Examinaremos agora este ensino à luz da Palavra de Deus.
Em primeiro lugar, havia uma Igreja no Antigo Testamento? Nossa resposta é que, se houve, nunca foi mencionado ali. Lemos sobre Israel, uma nação terrena, sendo plantada como um testemunho de Deus entre os pagãos circundantes. Lemos frequentemente sobre a "congregação do Senhor", e muitas referências são feitas aos fiéis em Israel que em dias de declínio se associaram; mas nunca lemos sobre uma Igreja no Antigo Testamento. Como veremos mais adiante, as características essenciais de uma Igreja são evidentes pela sua ausência.
O que dizer então da declaração de Estêvão em Atos 7 verso 38, onde ele se refere à "igreja no deserto"? Como é bem sabido, a palavra "Igreja", significa, "uma companhia chamada". Pode ser usado para qualquer corpo ou grupo que para qualquer propósito, secular ou sagrado, tenha sido convocado da reunir-se. Assim, é a palavra que é traduzida três vezes como "assembleia" em Atos 19. Nos versículos 32 e 41 denota uma multidão indisciplinada, e no versículo 39, uma assembleia de cidadãos legalmente constituída. A palavra "Igreja", no entanto, é usada mais de 100 vezes no Novo Testamento num sentido técnico e teológico para descrever os salvos desta era, quer no seu conjunto, quer num aspecto local; mas em Atos, nos Capítulos 7 e 19, o termo é usado em seu sentido original, não técnico e não teológico. Portanto, a palavra "igreja" em Atos 7 não deve ser escrita com "I" maiúsculo. A referência de Estêvão não prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento, e evitaria confusão de ideias se a sua expressão fosse lida como na margem em algumas versões bíblicas, "congregação no deserto". A palavra "Igreja" seria tão justificada no capítulo 19 como no capítulo 7 de Atos. No entanto, quão totalmente fora de lugar e enganoso seria substituir apalavra, "Igreja", por "assembleia" ali! Isto ilustra que o princípio de traduzir sempre a mesma palavra grega para o mesmo termo português não é praticável.
Do que foi dito segue-se que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento, NÃO formam uma Igreja. É verdade, claro, que eles têm muito em comum. Existem muitos pontos de semelhança entre o povo de Deus nas eras passada e presente. Assim, todos eles: — foram amados por Deus, — arrependeram-se do pecado, — foram salvos pela fé, — foram redimidos pelo sangue, — foram vivificados pelo Espírito, — foram trazidos para um relacionamento de aliança com Deus, — foram tornados eternamente seguros, — foram descritos como descendentes de Abraão, — compartilharam muitas das mesmas promessas, — testemunharam por Deus, — desfrutaram da comunhão com Ele, — viveram como estrangeiros e peregrinos aqui em baixo, — tiveram conflito com o mesmo inimigo triplo, — ansiaram pelo descanso eterno do Céu, — e assim todos um dia serão glorificados.
Aqui estão cerca de quinze semelhanças, às quais sem dúvida outras poderiam ser acrescentadas. Será que isto, no entanto, prova que os crentes no Antigo Testamento e no Novo Testamento formam uma Igreja? – Nem por um momento. Duas fotografias podem ser extremamente semelhantes, mas seria tolice argumentar que devem, portanto, ser imagens do mesmo original.
Passaremos agora a salientar que embora existam tantas semelhanças, a Igreja do Novo Testamento possui características que são bastante peculiares a si mesma, o que prova conclusivamente que Israel e a Igreja não são idênticos. Pois crentes nesta dispensação:
1º. São batizados no Espírito Santo, formando o Corpo místico de Cristo (1ª Coríntios 12 verso 13). Isto não era verdade para nenhum crente do Antigo Testamento.
2º. Os salvos da Igreja, são habitados pelo Espírito Santo (João 14 verso 17). No Antigo Testamento, o Espírito Santo simplesmente, "se encontrou, ou vinha sobre", os homens. Leia por exemplo Juízes 3 verso 10; Capítulo 14 verso 6.
3º. Os salvos da Igreja, todos são um, sejam Judeus ou Gentios (Gálatas 3 verso 28). No Antigo Testamento, "a parede intermediária de separação" ficava entre eles, (Efésios 2 verso 14).
4º. Os salvos da Igreja, são membros do Corpo cuja Cabeça está no Céu (Efésios 1 verso 22; e Capítulo 5 verso 23). Isto não poderia ser dito de nenhum crente do Antigo Testamento.
5º. Os salvos da Igreja, foram "escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo" (Efésios 1 verso 4). Nada disso é dito dos crentes do Antigo Testamento; é dito somente, "está preparado desde a fundação do mundo". (Mateus 25 verso 34)
6º. Os salvos da Igreja, são "feitos para assentar-se com o Senhor Jesus nos lugares celestiais", (Efésios 2 verso 6). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento esteja em uma associação tão exaltada.
7º. Os salvos da Igreja, são "abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1 verso 3). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento tenha desfrutado de tal bênção, pois as suas são terrenas.
8º Os salvos da Igreja, "são edificados casa espiritual, e um sacerdócio santo", (1ª Pedro 2 verso 5). No Antigo Testamento, os crentes tinham um sacerdócio separado, – o de Aarão, e adoravam numa casa material.
9º Os salvos da Igreja, não devem esperar nada no mundo a não ser tribulações como recompensa por uma vida piedosa (João 15 versos 19 e 20; Capítulo 16 verso 33; e 1ª Timóteo 3 verso 12). No Antigo Testamento, aos crentes foi prometida prosperidade material e bênçãos terrenas como recompensa por uma vida piedosa.
10º. Os salvos da Igreja, devem orar por bênçãos sobre seus inimigos (Mateus 5 verso 44). No Antigo Testamento, os crentes oravam por vingança contra seus inimigos.
Estas dez diferenças vitais provam de uma vez por todas que Israel e a Igreja não são idênticos. A Igreja é única, possuindo características que lhe são peculiares. Não há Igreja no Antigo Testamento. O fato de que este é um caso incontestável é confirmado pelas próprias palavras de nosso Senhor Jesus que disse: "EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA", (Mateus 16 verso 18). Observe que Ele não disse: "Estou construindo a Minha Igreja", mas, "EU EDIFICAREI a Minha Igreja". Portanto, a Igreja ainda era futura que Ele falou assim. Ele ainda não havia começado a construí-lo. Cristo teve que morrer, ressuscitar, ascender ao Céu e enviar o Espírito Santo antes que a Igreja pudesse existir. Quão néscio e absurdo é, portanto, que os homens falem da Igreja do Antigo Testamento!
Ora, foi somente no Calvário que o fundamento da Igreja foi lançado. Portanto, Como poderia a Igreja ter existido antes de seu fundamento ser lançado? Não, não, as palavras claras e simples de nosso Senhor nos proíbem de acreditar que a Igreja existiu no Antigo Testamento. Sua linguagem é inequívoca: "EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA".
As palavras de Pedro em Atos 11 verso 15, também são corroborativas e decisivas, ele disse: "O Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio". A referência é ao dia de Pentecostes registrado em Atos 2.
Me responda, por favor, o que, teve seu "começo" ali em Atos 2? Só há, uma resposta: o período da Igreja.
No Novo Testamento, Israel nunca é chamado de Igreja, e a Igreja nunca é chamada de Israel. Em Gálatas 6 verso 16, onde Paulo se dirige ao "Israel de Deus", não é exceção.
Perguntamos: a Igreja alguma vez foi chamada de Israel?
Em Gálatas 6 verso 16, fala de judeus crentes, a Igreja não é Israel.
Já foi dito o suficiente para demonstrar que não havia Igreja no Antigo Testamento e que, portanto, Israel e a Igreja não são idênticos. O ensino de que são idênticos, é doutrinária e historicamente incorreto, e deve ser visto como um erro grave por aqueles que valorizam a Verdade bíblica, e desejam manejar bem, a Palavra da Verdade.
Por William Bunting
18. Como entender corretamente Apocalipse 20:1-9
Talvez não haja nenhuma passagem das Escrituras, cujo significado tenha sido mais veementemente contestado por escolas opostas de interpretação profética, do que os primeiros nove versículos de Apocalipse 20. Omitindo suas pequenas diferenças, a visão popular dos A-Milenistas é a seguinte:
O final do capítulo 19 nos leva ao fim do mundo, no Segundo Advento de Cristo.
Os versículos 1 a 9 do capítulo 20 fornecem uma recapitulação dos triunfos da era da graça, que datam do Primeiro Advento.
O versículo 10 então retoma a narrativa temporariamente deixada no capítulo 19 verso 21, dando-nos a condenação de Satanás, assim como esse versículo nos deu a condenação de seus dois principais agentes, – a Besta e o Falso Profeta.
Assim interpretada, porém, a passagem é quase completamente desprovida de significado literal. A prisão de Satanás é explicada como tendo ocorrido durante a vida de nosso Senhor ou na cruz. Os mil anos são feitos para representar esta era Evangélica. Durante ela, Cristo reina no céu, aqueles que estão sentados em tronos com Ele, simbolizando os santos que partiram desta vida. A primeira ressurreição é explicada como definindo o novo nascimento do crente. A segunda ressurreição, porém, é aceita como sendo literal. Afirma-se que é uma ressurreição geral dos mortos, que abrange todos os justos e ímpios que partiram. Embora a avaliação do Grande Trono Branco, na segunda metade do capítulo 20, seja interpretada pelos A-Milenistas como sendo idêntica ao julgamento das ovelhas e dos bodes em Mateus 25 versos 31 a 46, e o do Tribunal de Cristo em 2ª Coríntios 5 verso 10.
Agora, é verdade que João às vezes retorna a um evento ou época histórica anterior à medida que revela o futuro em seu Apocalipse. Ele faz isso para traçar os acontecimentos de um ângulo diferente ou para enfatizar uma lição diferente. Contudo, não parece de todo sustentável que ele o faça aqui em Apocalipse 20 versos 1 a 9. Os acontecimentos destes versículos são claramente a sequência natural e esperada da importante descida de Cristo à terra, tão graficamente descrita no capítulo 19. Ali os reis da terra são destronados, aqui outros, e sugerimos que os mansos da terra, são entronizados. No capítulo 19, os dois agentes de Satanás são sumariamente lançados à sua condenação, no capítulo 20, o próprio grande inimigo de Deus e dos homens, Satanás, é tratado. Primeiro ele fica confinado ao abismo durante mil anos, (Apocalipse 20 versos 1 a 3). Depois ele é liberto por um breve período, (versos 7 a 9), possivelmente para demonstrar que sua prisão não mudou em nada seu ódio implacável por Deus. Depois disso, ele é lançado na mesma condenação eterna de seus dois capangas, (verso 10).
No capítulo 19, Cristo retorna à terra como "REI DOS REIS" (verso 16) e suprime toda oposição. Aqui, após Sua conquista triunfal, Ele reina com os Seus por mil anos (verso 4), o que é um prelúdio, uma introdução para Seu reinado eterno, (Apocalipse 22 verso 5).
Deve-se observar também que temos nesta passagem duas visões, cada uma introduzida pela expressão, "E eu, vi", (versos 1 e 4). Essas visões são apenas parte de uma série de visões que se estende do capítulo 19 ao capítulo 21, todas introduzidas pelas mesmas palavras. Sua descrição inspiradora flui suavemente em uma sequência cronológica simples, ordenada e majestosa. João nos diz que ele "viu":
No capítulo 19 versos 11 a 16, João vê: A descida do Senhor, sentado em um cavalo branco.
No capítulo 19 versos 17 e 18, João vê: Um anjo chamando as aves para o grande banquete de carne humana, da grande ceia de Deus.
No capítulo 19 versos 19 a 21, João vê: A destruição das forças militantes reunidas da Besta.
No capítulo 20 verso 1-3, João vê: Um anjo desce para amarrar e aprisionar Satanás.
No capítulo 20 versos 4 a 6, João vê: Três grupos de seres celestiais que vivem e reinam com Cristo.
No capítulo 20 verso 11, João vê: O Grande Trono Branco.
No capítulo 20 versos 12 a 15, João vê: Os inumeráveis mortos ímpios diante do Trono.
No capítulo 21 verso 1, João vê: A Nova Criação.
No capítulo 21 verso 2, João vê: A Cidade Santa, a Nova Jerusalém.
Certamente o leitor cuidadoso das Escrituras, pode discernir que neste simples tratamento destes capítulos não há nada de contundente ou fantasioso. Apenas segue o esboço divino dos eventos futuros, sem se envolver em quaisquer detalhes expositivos de natureza controversa. Se isso for aceito como a previsão do futuro revelado pelo Espírito Santo, pense no que isso significa. Isso significa que a teoria da recapitulação A-Milenial, supostamente encontrado em Apocalipse 20, entra em colapso completamente, e vai longe ao expor a falácia de todo esse sistema de interpretação profética.
Passaremos agora a examinar a passagem mais detalhadamente, o que confirmará ainda mais a total insustentabilidade do ponto de vista dos A-Milenial.
Um defensor desse ponto de vista A-Milenial, diz que, "os Pré-Milenistas às vezes nos fazem acreditar que todo o seu esquema milenar em Apocalipse 20, é claro como um mapa do bairro onde moramos".
Só podemos responder que não acreditamos nem por um momento em tal coisa e é um assunto sério para alguém fazer uma declaração tão precipitada. O que acreditamos é que todo o esquema milenar está claramente escrito nas páginas das Sagradas Escrituras, das quais Apocalipse 20, é uma pequena porção.
O mesmo escritor acusa, o escritor Pré-Milenistas, Walter Scott de, "misturar o simbólico e o literal por seu mero capricho", ao tratar desta passagem, porque o Sr. Scott, trata a chave, a corrente e o selo como símbolos, mas os mil anos, o abismo, as duas ressurreições, etc., como literais.
Parece nunca ocorrer ao crítico que isso é exatamente o que ele mesmo faz. Ele ensina que enquanto a ressurreição do versículo 12, que diz: ("Eu vi os mortos, pequenos e grandes, presentes diante de Deus") é uma ressurreição literal dos mortos, mas "a primeira ressurreição", do versículo 5, é o novo nascimento do crente.
Além disso, ele faz isso, apesar do fato óbvio de que nos versículos 4 a 6, o Espírito Santo menciona as duas ressurreições juntas, e as menciona em uma linguagem que significa claramente que, embora no tempo, elas estejam separadas por mil anos, e ambas devam ser entendido exatamente no mesmo sentido, literal.
O apóstolo João diz: "E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos." (Apocalipse 20 versos 4 a 6)
Os leitores da Bíblia, já devem ter previsto há muito tempo que não podemos consentir em distorcer as palavras de seu sentido claro e lugar cronológico na profecia, por conta de quaisquer considerações de dificuldade ou de qualquer risco de abusos que a doutrina do milênio possa trazer consigo. Aqueles que viveram depois dos Apóstolos, e toda a Igreja durante 300 anos, compreenderam-nos no sentido literal; e é estranho ver hoje em dia expositores que estão entre os primeiros a reverenciar a antiguidade, deixando de lado complacentemente os exemplos mais convincentes de unanimidade que a antiguidade primitiva apresenta.
No que diz respeito ao texto em si, nenhum tratamento legítimo dele irá extorquir o que é conhecido como a interpretação espiritual agora em voga.
Se, em uma passagem onde, "DUAS RESSURREIÇÕES" são mencionadas, onde certas "ALMAS VIVERAM" no início, e o resto dos "MORTOS VIVERAM" apenas no final de um período específico após aquela primeira, se em tal passagem a primeira ressurreição pode ser entendida como significa "RESSUSCITAÇÃO ESPIRITUAL" com Cristo, enquanto o segundo significa "RESSUSCITAÇÃO LITERAL" da sepultura, então há um fim para todo significado na linguagem, e a Escritura é eliminada como um testemunho definitivo de qualquer coisa.
Se a "primeira ressurreição" é espiritual, então a "segunda ressurreição" também o é, o que suponho, que ninguém será suficientemente resistente para manter esta interpretação. Mas se a "segunda ressurreição" é literal, então a "primeira ressurreição" também o é; o que, em comum com toda a Igreja primitiva e muitos dos melhores expositores modernos, mantenho e recebo como um artigo de fé e esperança.
À luz do que foi dito, o leitor atento, pode julgar por si mesmo quem é que "mistura o simbólico e o literal conforme seu mero capricho", ao interpretar Apocalipse 20.
Espera-se que fique duas coisas perfeitamente claras. Uma é que a "primeira ressurreição" não é o novo nascimento. A palavra "ressurreição" (Grego: anastasis), que ocorre cerca de 40 ou 42 vezes no Novo Testamento, nunca é usada neste sentido. É empregada consistente e exclusivamente na ressurreição de uma pessoa ou pessoas que estavam mortas fisicamente, sendo Lucas 2 verso 34, uma possível exceção.
Além disso, nosso Senhor em João 5 versos 25 a 29 distingue claramente, não apenas entre a transmissão de vida espiritual às almas mortas espiritualmente e de vida física aos cadáveres, mas também entre o período de tempo em que cada transmissão seria feita. Falando do primeiro, Ele diz: "Vem a hora, e AGORA É quando os mortos ouvirão, e viverá". Falando deste último, Ele diz apenas: "A hora está chegando" (verso 28), porque aquela hora em que, "todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz" era, e de fato é, ainda futura.
Por William Bunting
19. Amilenismo nega a verdade dispensacional
A Bíblia revela Deus como sendo ordeiro, metódico e progressista em todos os Seus caminhos. No primeiro capítulo de Gênesis, isto está muito bem ilustrado, onde descreve os seis dias da criação. Cada dia viu seu trabalho particular realizado e tudo culminou no homem como a coroa da criação.
As mesmas características de ordem, método e progressão podem ser vistas na história humana. A grande procissão dos séculos, não é uma marcha desorganizada de anos. O tempo é dividido em "Eras" ou "Dispensações". A palavra "Dispensação" é um termo perfeitamente bíblico. Representa uma palavra que ocorre sete vezes no Novo Testamento. É traduzido como "Mordomia" em Lucas 16 versos 2, 3 e 4; e "Dispensação" em 1ª Coríntios 9 verso 17; Efésios 1 verso 10; Capítulo 3 verso 2; e Colossenses 1 verso 25. O significado literal da palavra é "Ordenação, gerenciamento ou administração de uma casa". Portanto, não denota estritamente um período de tempo, mas o usamos para referir-se ao método ou maneira de Deus lidar com o homem em qualquer época específica. Ao todo, existem sete grandes "Eras" ou "Dispensações" sucessivas. Esta, acreditamos, é a visão simples da história bíblica.
Os A-Milenistas, no entanto, não veem as coisas assim, embora seja realmente difícil de entender como eles falham em fazê-lo. Eles não apenas ignoram as grandes distinções dispensacionais, mas negam que elas existam. "Não existe", declaram eles, "nenhum plano dispensacional presente nas Escrituras". Dizer que existe é "tudo um erro". "Estamos todos errados", afirmam eles, "ao pensar que o Antigo Testamento apresenta uma série de Dispensações, e que no Novo Testamento encontramos pessoas passando de uma dispensação para outra".
Mas, uma vez que enfatizam a unidade do propósito de Deus desde a queda do homem até o estado eterno, eles falham em fazer qualquer distinção entre o programa de Deus para Israel e aquele para a Igreja, e apesar das contradições que tal método acarreta, eles persista nisso.
Quanto a um futuro milênio terrestre, é visto por eles como sendo uma mera "noção", baseada na interpretação encontrada na Bíblia Scofield.
Mas, qual é então o testemunho das Escrituras?
As Escrituras reconhecem, "Eras" ou "Dispensações" distintas? Afirmamos que sim!
É verdade que não nos fornece uma lista formal destas dispensações, mas nenhuma tabela desse tipo é fornecida em conexão com muitas outras doutrinas bíblicas. No entanto, reconhece e diferencia cuidadosamente as grandes eras históricas. Para ter uma compreensão clara destes é necessário "manejar bem a palavra da verdade" (2ª Timóteo 2 verso 15).
Esta expressão, é claro, aplica-se a mais do que a verdade dispensacional. Aplica-se a todas as doutrinas bíblicas, cada uma das quais deve receber o seu devido lugar e ser mantida em equilíbrio adequado com outras doutrinas. Nada, porém, é mais importante do que uma apreensão inteligente dos grandes períodos de tempo e das suas respectivas características.
Na verdade, sem isso, é impossível evitar total confusão de pensamento no estudo das Escrituras.
A Bíblia fala de Eras passadas (Efésios 3 verso 5; e Colossenses 1verso 26); fala da Era atual (Romanos 12 verso 2; e 2ª Coríntios 4 verso 4; Gálatas 1 verso 4; Efésios 1 verso 21; Capítulo 2 verso 2; Capítulo 6 verso 12; e Tito 2 verso 12); e fala de uma Era futura em (Efésios 1 verso 10, que diz "a dispensação da plenitude dos tempos"; e no Capítulo 1 verso 21, diz: "aquela (Era ou idade) que há de vir"; em Hebreus 2 verso 5 fala do: "mundo ("a terra habitada ") por vir").
Na maioria dessas passagens a palavra "mundo" é corretamente traduzida como "idade" em algumas versões.
Referências as expressões, "tempos", "estações" e "dias" nas Escrituras poderiam ser adicionadas aqui, mas alguns desses termos são usados para denotar períodos judaicos ou gentios que não são de grande importância, por isso não os incluímos.
Com facilidade encontramos na Bíblia sete dispensação:
1ª. A Dispensação da Inocência, que vai da Criação à Queda.
2ª. A Dispensação da Consciência, que vai de Caim ao Dilúvio.
3ª. A Dispensação do Governo Humano, que vai de Noé a Babel.
4ª. A Dispensação da Promessa. Que vai de Abraão ao Êxodo.
5ª. A Dispensação da Lei, que vai de Moisés a Cristo.
6ª.A Dispensação da Graça, que vai de Cristo até o Segundo Advento.
7ª. A Dispensação do Governo Justo, ou Milênio, que vai do Segundo Advento até o fim dos Mil Anos.
Um pouco de estudo diligente deverá satisfazer qualquer leitor bíblico sincero e imparcial de que esta lista, são as grandes Eras ou Dispensações da história humana.
As Escrituras ensinam que estas Eras foram divinamente planejadas. Hebreus 1 verso 2, diz: "Ele fez os séculos"; e capítulo 11 verso 3, diz que as "eras foram estabelecidas".
Sabemos, é claro, que a palavra "idades" aqui, é entendida por muitos como significando "o universo".
Os Pais Gregos, no entanto, viram na palavra o seu significado original, "Idades do Tempo", e Vine e outros comentaristas confiáveis concordam que o fator tempo está incluído nela.
Além disso, estas "Eras" exibem uma ordem, um método e um propósito progressivo divinos maravilhosos. O homem que, num período de tempo ou no outro, em que foi testado de uma forma ou de outra, revelou-se um completo fracasso. No entanto, Deus, em infinita sabedoria, paciência e amor, mudou, era após era, Sua maneira de lidar com ele, tudo para proporcionar oportunidade para mais testes de obediência. Não sugerimos que Deus alguma vez tenha mudado, e afirmamos que existe apenas um Evangelho, embora tenha vários aspectos, mas os métodos de Deus, variam de acordo com as necessidades humanas. Não há espaço aqui para elucidar detalhes, mas um pouco de reflexão também mostrará que estas "Eras", têm certas características em comum. No início de cada uma, Deus faz uma nova abordagem ao homem, concede-lhe uma nova revelação de Si mesmo e confia uma nova mordomia aos líderes escolhidos. Durante cada "Era", o homem revela-se um completo fracasso e torna-se apóstata. Consequentemente, cada "dispensação" termina em julgamento, que define claramente o seu prazo.
No estudo da Bíblia é importante lembrar que sim, é o contexto em cada caso que determina o sentido em que uma palavra é usada. O mesmo acontece com a palavra "Idade". Em algumas passagens, todo o tempo presente e futuro são descritos como uma "Era". Assim, em Lucas 20 versos 34 a 36, lemos: "Os filhos deste século casam-se e são dados em casamento. Mas aqueles que forem considerados dignos de alcançar o século vindouro e a ressurreição dentre os mortos, não se casarão nem serão dados em casamento, porque eles serão iguais aos anjos." Aqui o Tempo e o Estado Futuro são descritos como "Eras", separadas pela ressurreição.
O escritor aos Hebreus 9 verso 26, por outro lado, nos diz que foi no "fim dos tempos", (observe o plural), que Cristo morreu. Isto, no entanto, não significa, como afirma um A-Milenista, que "a encarnação de Cristo introduziu os períodos finais da história do mundo". A palavra "fim", aqui é traduzida como "consumação", em algumas traduções.
Vine em dicionário bíblico, diz: "Não denota um término, mas um encaminhamento dos eventos até o clímax designado".
Foi no "cabeçalho" das épocas anteriores, quando os propósitos do amor Divino atingiram seu grande objetivo, que nosso Senhor foi crucificado; e todo o futuro olhará para trás, para Seu Primeiro Advento como sendo "a consumação dos tempos". O grande centro espiritual e ápice do "Tempo", foi a Cruz. Tudo, por um lado, era preparatório e para ele convergia; tudo, por outro lado, irradia dEle. "A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (João 1 verso 17). Se a palavra, "consumação", significa um fim, então a história humana deveria ter terminado na Cruz.
É verdade que João diz: "É a última vez", em (1ª João 2 verso 18), mas isso também não significa, como afirma confiantemente outro A-Milenista, que "o período em que vivemos é o último programa no plano divino". Pelo contrário, significa que é o último período antes de Cristo vir à terra para estabelecer o Seu reino. O argumento de que este é o período final visa livrar-se do Milênio, mas as Escrituras ensinam claramente o futuro reinado terrestre de Cristo. Será "o mundo (a terra habitada) por vir, do qual falamos" (Hebreus 2 verso 5).
Na primeira dispensação, o governo da terra nas mãos de Adão (Hebreus 2 versos 6 a 8) falhou devido ao seu pecado. Portanto, "ainda não vemos todas as coisas sujeitas a ele", (verso 8).
Contudo, pela morte de Jesus (verso 9), "o último Adão", recuperou a soberania perdida da terra, e o oitavo Salmo, do qual o escritor ao Hebreus cita nos versículos 6 a 8, encontra a sua gloriosa realização nEle, o "Filho do Homem".
Nenhum argumento honesto ou justo pode fazer com que a expressão, "a terra habitada que está por vir", signifique este período do Evangelho; e uma vez que deve estar sujeito ao "Filho do Homem", não é o Estado Eterno, pois então "Ele entregará o reino a Deus, o Pai", como lemos claramente em, (1ª Coríntios 15 verso 24).
A referência, portanto, é claramente à última dispensação na terra, quando "Ele derrubará todo governo, toda autoridade e poder" (1ª Coríntios 15 verso 24), e triunfará onde o primeiro Adão falhou. Na inauguração desse reinado, Deus "trará novamente o Primogênito à terra habitada", (mesma palavra encontrada em Hebreus 2 verso 5), e "todos os anjos de Deus", não apenas uma multidão, como em Seu Primeiro Advento, "o adorarão", (Hebreus 1verso 6).
Desejamos, no entanto, deixar igualmente claro nesta conjuntura que não acreditamos no que é geralmente denominado, "Ultra-Dispensacionalismo". Este é o ensinamento defendido pelo falecido, Ethelbert William Bullinger, que foi um clérigo anglicano e professor de estudos bíblicos. Segundo ele, os Quatro Evangelhos são judaicos, e não se aplicam de forma alguma aos dias de hoje. Também, Atos dos Apóstolos cobre um, chamado por ele, "período de transição", e somente quando chegamos às Epístolas da Prisão é que a, "Dispensação do Mistério", é revelada. Assim começou a Igreja que é o Corpo de Cristo, como se afirma, não no Dia de Pentecostes, mas cerca de trinta anos depois. Quanto às ordenanças, Batismo e Ceia do Senhor, pertencem ao período de Atos e não têm lugar agora, sendo esta uma dispensação espiritual.
É com total falta de confiança que vemos as sutis distinções que os Ultra-Dispensacionalistas imaginam discernir na Palavra de Deus. Esses professores levam seus princípios a extremos antibíblicos, e na profecia, como, na verdade da Igreja, e em qualquer outra linha de verdade, os extremos antibíblicos são errados e perigosos. Eles levam ao erro e a todos os tipos de inconsistências. Certos pontos da doutrina são muito enfatizados, enquanto outros pontos de fé e moral, talvez de maior importância, são ignorados. Não só isso, eles levam a conflitos, amargura e divisão entre aqueles que deveriam ser marcados pelo amor. Portanto, extremos antibíblicos devem ser evitados. O Ultra-Dispensacionalismo leva as coisas a um extremo errado. O ensino que ignora ou nega as diferenças dispensacionais leva-as ao extremo oposto, e é isso que o A-Milenismo faz. A Verdade que acreditamos, está entre estes dois extremos.
Por William Bunting
20. Como entender as duas ressurreições da Bíblia?
Uma interpretação correta das Escrituras, concluirá que haverá, duas ressurreições distintas. Sabemos que a passagem de João 5 versos 25 a 29, é às vezes citada em apoio a uma ressurreição geral. A base para isso é que nosso Senhor coloca a ressurreição "dos que fizeram o bem" e "dos que fizeram o mal" na mesma "hora".
Mas para o leitor atento, perceberá que quando o Senhor Jesus fala sobre o assunto, Ele distingue claramente, não apenas entre a transmissão de vida espiritual às almas mortas e de vida física aos cadáveres, mas também entre o período de tempo em que cada transmissão seria feita.
Falando da primeira "hora", Ele diz: "Vem a hora, e AGORA É, quando os mortos ouvirão..., e … viverão". Aqui fala de ter vida eterna, todo aquele que ouvir, e crer no Senhor Jesus como salvador pessoal.
Mas falando da último "hora", Ele diz apenas: "A hora está chegando" (verso 28), aquela hora em que "todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz" era, e de fato é, ainda futura.
Um momento de reflexão, porém, dir-nos-á que dois acontecimentos poderiam ocorrer na mesma hora, sem que acontecessem simultaneamente. É preciso considerar a duração de tempo que "hora" pode denotar. O uso da palavra por nosso Senhor, três versículos antes, como também no capítulo 4 versos 21 a 23, indicaria que "hora" pode significar um período de tempo muito longo e extenso. Portanto, concluímos que o uso da palavra "hora" por nosso Senhor não é prova alguma de que uma ressurreição geral é ensinada em João 5. A mesma coisa pode ser dita do "último dia" em João 6 versos 39,40,44 e 54; e no capítulo 11 verso 24, onde "Marta lhe disse: Eu sei que ele (Lázaro) ressuscitará na ressurreição, no último dia".
O conceito de uma ressurreição geral levanta dificuldades que nos parecem intransponíveis. Por exemplo, em Lucas 14 verso 14, nosso Senhor disse: "Recompensado serás na ressurreição dos justos". Por que, entretanto, nosso Senhor exigiu descrever a ressurreição como sendo aquela, "DOS JUSTOS", se todos, justos e injustos, ressuscitarão ao mesmo tempo?
Estas palavras qualificativas, "DOS JUSTOS", não implicam claramente outra ressurreição?
Além disso, se todos devem ser ressuscitados juntos, por que o Senhor Jesus, em uma ocasião posterior, falou de uma classe que será "considerada digna de alcançar aquele mundo e a ressurreição dentre os mortos"? (Leia Lucas 20 verso 35).
Visto que haverá uma ressurreição para a qual nem todos serão "considerados dignos de alcançar", segue-se que necessariamente deve haver outra ressurreição.
Um outro fator decisivo, entretanto, é encontrado em nosso versículo em Lucas 20. A expressão, "dos mortos", são literalmente, "dentre os mortos", (no grego: ek nekron). Esta expressão, que ocorre quase 50 vezes no Novo Testamento, deve ser cuidadosamente distinguida da frase "dos mortos" (no grego nekron), encontrada em muitas passagens, como Atos 17 verso 32; Capítulo 24 versos 15 e 21; 1ª Coríntios 15 verso 13, em que o assunto da ressurreição é tratado de forma ampla, aplicando-se a todos os que morreram, tanto justos como ímpios.
Nosso Senhor usou a expressão anterior (grega: ek nekron) em Marcos 9 verso 9, ao falar de um tempo então futuro, "quando o Filho do Homem ressuscitar dentre (os) mortos".
O uso desta linguagem deixou os discípulos muito perplexos. Como judeus, é claro, eles acreditavam na ressurreição dos mortos. Mas "eles guardaram esse ditado entre si, questionando uns aos outros o que deveria significar ressurgir DENTRE OS MORTOS" (verso 10).
Com o nosso conhecimento, sabemos, graças a Deus, o que o nosso Senhor quis dizer - nomeadamente, que a Sua ressurreição seria uma ressurreição dentre milhões de outros mortos, que permaneceriam imperturbados nas suas sepulturas e seriam ressuscitados mais tarde.
Isto também foi o que aconteceu: "Agora Cristo ressuscitou dentre os mortos (grego: ek nekron), sendo as primícias dos que dormem" (1ª Coríntios 15 verso20); e é disso que falamos como "A RESSURREIÇÃO EXCELENTE".
Aqui está então o que nosso Senhor tinha em mente em Lucas 20 verso 35. A ressurreição dos santos será segundo o Seu próprio modelo. Será uma ressurreição extraordinária. Nenhum que desprezou a Cristo pode "alcançá-lo" e, portanto, no Novo Testamento a palavra é usada apenas para se referir a nosso Senhor e àqueles que morrem "em Cristo".
Este pensamento Paulo expressa com grande ênfase em Filipenses 3 verso 11.
Ele deu as costas a tudo o que, como judeu piedoso, lhe era querido, (Filipenses 3 versos 4 a 7), para que pudesse "ganhar a Cristo", (verso 8), ser encontrado Nele (verso 9), "conhecê-Lo", (verso10), e finalmente alcançar "A RESSURREIÇÃO EXCELENTE, DE ENTRE OS MORTOS". (Esta frase no grego seria assim: teen exanastasin teen ek nekron).
E vemos que, Daniel 12 verso 2, concorda perfeitamente com essas passagens.
O estudioso bíblico inglês, Samuel Prideaux Tregelles, cuja autoridade em crítica textual é bem conhecida, diz: "Não duvido que a tradução correta deste versículo em Daniel 12 verso 2, seja: 'E muitos dentre os que dormem no pó da terra despertarão; estes serão para a vida eterna; mas aqueles (o resto dos que dormem, aqueles que não acordam neste momento) serão para vergonha e desprezo eterno'".
A partir desta consideração, fica perfeitamente claro que haverá duas ressurreições distintas dos mortos. Embora muitas passagens tratem do assunto sem fazer essa diferenciação, a Bíblia não ensina uma ressurreição geral. Porém, somente quando chegamos a Apocalipse 20 é que somos ensinados que mil anos separarão as duas ressurreições. Isto não nos surpreende, pois é apenas aqui, que o período "dos mil anos" é mencionado. Isto se harmoniza perfeitamente com as profecias anteriores e é totalmente consistente com o princípio reconhecido do avanço da revelação divina, que corre como uma corrente cada vez mais ampla através da Palavra de Deus. É no Apocalipse que as numerosas linhas da verdade profética atingem as suas alturas mais sublimes e convergem, e que a profecia como sujeito recebe a sua amplificação e confirmação finais.
Lemos em Apocalipse 20 verso 5, a frase "ESTA É A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO".
Esta frase exige algumas observações. De acordo com a nossa passagem, esta ressurreição ocorre no final do reinado da Besta e no início dos mil anos. Visto que é descrito como "a primeira", contudo, pode haver uma ressurreição antes do reinado da Besta começar, como ensinam os pré-tribulacionistas?
No livro intitulado, "O advento de Cristo que se aproxima", na página 81, do autor, Alexander Reese, ele argumenta que se a ressurreição de 1ª Tessalonicenses 4 e 1ª Coríntios 15 ocorre antes da Grande Tribulação, então João deveria ter dito aqui: "Esta é a segunda ressurreição". Ele está confiante, porém, de que a palavra "primeira" em Apocalipse 20 verso 5 é prova de que não há ressurreição anterior a esta.
Quando o autor diz: "Nenhuma palavra", ele nos assegura, "é dita por João em todo o Apocalipse sobre tal ressurreição em duas etapas. Nada pode ser encontrado de algo anterior, nem aqui nem em qualquer outra parte da Palavra de Deus."
Esta é certamente uma declaração precipitada. Alguém pode se perguntar se o Sr. Alexander Reese não leu sobre os vinte e quatro Anciãos nos capítulos anteriores do Apocalipse. Quer representem os santos do Antigo Testamento e a Igreja, ou apenas a Igreja, a sua presença no céu pressupõe a ressurreição. Além disso, o que dizer das duas Testemunhas do capítulo 11 que morreram e ressuscitaram de entre os mortos? No entanto, este escritor tem a ousadia de informar calmamente aos seus leitores que "nenhuma palavra é dita por João em todo o Apocalipse sobre tal ressurreição".
Agora, o que é contemplado na "primeira ressurreição" é a ressurreição dos santos, e acreditamos que ela é chamada de "primeira" porque haverá outra e posterior ressurreição – a dos ímpios mortos. É importante, também, que compreendamos que a expressão "a primeira ressurreição", não significa que haverá apenas um ato divino de ressurreição dos santos adormecidos. As palavras denotam uma ordem de ressurreição em vez de um ato.
Lemos que, "Cada um", será ressuscitado, "por sua própria ordem". (1ª Coríntios 15 verso 23)
Lemos que "Cristo, as primícias" da ressurreição do Seu povo, já ressuscitou dos mortos. Nos estágios posteriores da ressurreição, surgirão grupos de santos, pois embora seja uma ressurreição, ocorrerá em vários estágios sucessivos.
(Leia com atenção: 1ª Tessalonicenses 4 versos 13 a 18, juntamente com, 1ª Coríntios 15 versos 51 a 55; Apocalipse 11 versos 11 e 12; e Capítulo 20 verso 4).
O que desejamos deixar claro é que a expressão: "Esta é a primeira ressurreição", indica que a fase final já passou. A última companhia ou destacamento de santos adormecidos a fazer parte da ressurreição pré-milenar ocorreu agora (Apocalipse 20 verso 4). "Esta é (a conclusão da) primeira ressurreição".
O fato de os santos serem ressuscitados em grupos, em momentos ou etapas diferentes, para formar uma ressurreição, é bastante consistente com os caminhos de Deus. Ele estabeleceu uma aliança com Abraão em Gênesis, capítulos 15 e 17. Ela é sempre referida como sendo uma e indivisível, mas foi estabelecida em duas etapas, separadas por mais de 14 anos. O Advento de Nosso Senhor ocorreu em etapas – Belém, Jordão, Calvário – mas foi um só Advento. Seu próximo Advento também será em etapas, pois se Ele vier "COM" Seus santos, (1ª Tessalonicenses 3 verso 13), Ele deverá primeiro vir "PARA" eles, (1ª Tessalonicenses 4 versos 16 e 17) - um Advento, mas em duas etapas ou partes distintas. Da mesma forma, a Palavra de Deus ensina, com clareza inconfundível, uma ressurreição pré-milenar de santos, mas será composta por uma série de ressurreições dentre os mortos, claramente definidas nas Escrituras.
Por William Bunting
21. A Igreja não herda as promessas de Israel?
Está claro nas Escrituras proféticas, tanto do Antigo como do Novo Testamento que a supremacia final e o esplendor insuperável de Israel como potência mundial são garantidos pelas promessas divinas. Essas promessas constituem um assunto importante nas Escrituras proféticas. A antiga teoria romana era "que a Igreja do Novo Testamento é a herdeira legítima de todas as promessas da Aliança feitas a Israel no Antigo Testamento", e foi erroneamente revivida pelo falecido Philip Mauro. Este, é um dos principais argumentos dos A-Milenistas. É, no entanto, uma falácia total. Essas promessas foram seladas pelo juramento e aliança Divinos, e nada pode invalidá-las. A honra do nome do Senhor está inseparavelmente ligada a alas e Ele não deixará de cumprir Sua obrigação moral para com aqueles a quem Suas promessas foram originalmente feitas.
No entanto, mesmo que alguém estivesse inclinado a favorecer a visão de tal transferência de bênçãos prometidas, surge uma dificuldade que nem o Sr. Philip Mauro, nem ninguém que conhecemos, jamais foi capaz de remover. O que acontece com as "maldições" e "pragas" punitivas da vingança divina ameaçadas sobre a nação pela desobediência em Deuteronômio Capítulos 28 e 29?
Estas incluíam carência, pestilência, opressão, destruição, dispersão mundial, cegueira espiritual e abandono por parte de Deus. Estes também, ou os julgamentos que lhes respondem, foram transferidos para a Igreja?
Qualquer jovem crente sabe que não. Os membros do Corpo de Cristo, sem dúvida, experimentam individualmente o castigo do Senhor por causa do pecado não julgado, algo que temos, por exemplo, em, (1ª Coríntios 11 verso 32); uma igreja pode agir de tal maneira que seu candeeiro de testemunho possa ser removido pelo governo divino, algo que temos, por exemplo, em, (Apocalipse 2 verso 5); e professantes impenitentes e sem Cristo serão "jogados da boca do Senhor", algo que temos descrito em, (Apocalipse 3 verso 16); mas a concepção da amada Igreja de Cristo sendo amaldiçoada, atormentada, abandonada ou, em qualquer sentido, sujeita à ira de Deus, está completamente em desacordo com o ensino do Novo Testamento.
Com base em que princípio justo pode então ser demonstrado que a Igreja é herdeira das promessas nacionais de Israel, mas não dos seus julgamentos penais?
Eles permanecem ou caem juntos?
Ou todas as bênçãos devem ser apropriadas para a Igreja, e todas as maldições ser deixadas para Israel?
Uma resposta afirmativa parece muito simples e conveniente, mas não seria nem razoável, nem justa, nem consistente.
Pode-se argumentar, no entanto, que a Igreja herda as bênçãos, menos as maldições, com base na Nova Aliança, que é de pura graça, enquanto o trato de Deus com a nação de Israel estava de acordo com a Aliança do monte Sinai, que era uma das obras.
Sabemos que houve tal mudança de aliança - um fato que enfatiza a importância de distinguir entre coisas que diferem, especialmente entre os métodos de Deus com o homem nos vários períodos de tempo da história, respectivamente. Não fazer isso é em grande parte responsável pelos erros da A-Millennial.
As bênçãos espirituais da nossa era Cristã, contudo, não correspondem às previsões da futura restauração e exaltação de Israel. Não se pode demonstrar que sejam a contrapartida das promessas de Israel. É inútil tentar ilustrar que sim. Acreditamos, portanto, que o cumprimento dessas promessas está temporariamente suspenso, e que a Nova Aliança será a própria base sobre a qual elas ainda serão cumpridas para o povo judeu.
Lemos em Jeremias 31 versos 31 a 34: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma nova aliança com a casa de Israel".
Observe que esta aliança foi feita principalmente "com a casa de Israel", e que é muito semelhante à Aliança Abraâmica, da qual, na verdade é uma amplificação. Que os seus termos incondicionais, e pelo menos parte das suas graciosas disposições, se aplicam à Igreja, é comprovado pelas cinco referências diretas a elas no Novo Testamento.
Pode ser lindas em passagem como: Lucas 22 verso 20; 1ª Coríntios 11 verso 25; 2ª Coríntios 3 verso 6; Hebreus 8 verso 8; e Capítulos 9 verso15).
Mas há inúmera prova de que, as disposições da Nova Aliança, feita com a casa de Israel, em Jeremias, que não são esgotadas pela Igreja, e devem, portanto, ser reservadas para aqueles a quem foram originalmente dadas - a nação Judaica.
Um argumento importante e, como nos parece, incontestável em apoio a isso é o fato de que esta é a única Aliança nas Escrituras de acordo com a qual se diz que Deus remove os pecados e, portanto, esta deve ser a aliança da qual o Espírito fala em Romanos 11 versos 26 e 27, quando Ele diz: "E assim todo o Israel será salvo; como está escrito, sairá de Sião o Libertador, e Ele afastará de Jacó a impiedade. Porque esta é a minha Aliança para eles, quando eu tirar os seus pecados".
A expressão; "a casa de Israel", é, portanto – os descendentes físicos de Jacó, e "Jacó" nunca significa "a Igreja" – que ainda herdará as bênçãos da Nova Aliança na sua glória e plenitude sem nuvens.
Já fizemos alusões às maldições anunciadas sobre Israel. O mais temível delas foi o que lhe sobreveio em consequência de sua rejeição a Cristo. Ora, o Sr. Philip Mauro ensinou que esse julgamento era final e irrevogável. Assim, comentando sobre Mateus 21 verso 43, que diz: "O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos", ele concluiu erroneamente que este "ato Divino, era o claro e definitivo, fim da nação de Israel".
(Isto está em seu livro, intitulado, "A Esperança de Israel", na página 89).
Para ele era "totalmente impossível", que a nação Judaica tivesse um futuro de bênçãos; pois disse ele, os Judeus "deixaram de ser uma nação no ano 70 d.C.
Estas declarações precipitadas e sem reservas da pena de um advogado cristão são surpreendentes.
Não, "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu", (Romanos 11 verso 2).
A eles "as promessas" ainda "pertencem", (Romanos 9 verso 4).
Somente por "um pequeno momento", Deus os abandonou Israel (Isaías 54 verso7).
O seu reagrupamento é tão certo como a sua dispersão. "Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho." (Jeremias 31 verso 10).
O julgamento que lemos em Mateus 21 verso 43 não é, "o fim da nação Judaica", pois o remanescente será salvo.
Durante cerca de dois mil e quinhentos anos, reis, concílios, governos, ditadores, papas, prelados e impérios tentaram exterminar os judeus; mas Deus disse: "Porquanto darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida". (Jeremias 30 verso 11)
Lemos no profeta Amós 9 verso 8, o Senhor Deus dizendo a esta nação: "Não destruirei totalmente a casa de Jacó"; e o milagre da existência contínua da nação é um testemunho da fidelidade da Palavra de Deus.
Pela mesma Palavra, seus filhos ainda "dominarão sobre seus opressores." (Isaías 14 verso 2)
"A abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti." (Isaías 60 verso 5)
"Os reis serão seus pais que amamentam, e diante deles se curvarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos seus pés." (Isaías 49 verso 23)
"A nação e o reino que não te servirem, perecerão" (Isaías 60 verso 12),
Deus fará deles "um nome e um louvor entre todos os povos da terra" (Sofonias 3 verso 20).
Depois do arrebatamento da Igreja ao céu, e este pobre mundo ter passar pela Tribulação e Grande Tribulação, o Senhor Jesus volta em poder e grande glória como o Filho do Homem, para salvar Israel e julgar as nações.
Então chegaram o fim dos "tempos dos gentios" e a transferência da soberania mundial novamente para Israel marcarão a inauguração da idade de ouro da Terra – o Milênio. A palavra "Milênio" é derivada de duas palavras latinas – "mille", mil, e "annus", um ano, e é equivalente ao termo grego "chilia ete", que em Apocalipse 20 é traduzido "mil anos".
Pelos fatos de que a palavra "Milênio" nunca ocorre em nossa Bíblia em português, de que um período de tempo limitado para o reino visível e terrestre de Cristo nunca foi revelado anteriormente, e de que nosso Senhor e Seus apóstolos disseram tão pouco sobre tal reino futuro, – alguns chegam afirmam que não disseram nada, – foram aproveitados como argumentos a favor do A-Milenismo. É em parte com base nisso que o termo "mil anos" é espiritualizado, e seu sentido literal e comum é negado. Mas isto, é um erro, o reinado literal de mil anos, com o remanescente de Israel restaurado e salvo e as bênçãos milenar, são assuntos de profecias como Isaías 65.
Deus tem um reino e Daniel falou dele, (Daniel 2 verso 44), João Batista também falou dele, (Mateus 3 verso 2), Cristo também falou dele, (Marcos 1 verso 15), Paulo também, (Atos 20 verso 25), Pedro também, (2ª Pedro 1 verso 11), e tantos outros falaram sobre isso; e será proclamado durante "a Grande Tribulação" (Mateus 24 verso 14).
É um reino totalmente literal aqui na terra, fique perfeitamente claro sobre isso, mas tem diferentes aspectos ou fases. A futura forma terrena, com a qual estamos atualmente preocupados, durará mil anos. Longe de anular o Reino Eterno, o Reino Milenial será "o vestíbulo" para ele. Certamente uma pessoa com inteligência média pode perceber isso.
Por William Bunting
22. Qual era o plano original para Israel?
Era o desejo original de Deus que os descendentes de Jacó fossem, "um tesouro peculiar para Ele acima de todos os povos" (Êxodo 19 verso 5), que eles "possuíssem a porta de seus inimigos", (Gênesis 22 verso 17), desfrutassem da supremacia política como "o cabeça das nações", (Deuteronômio 28 verso 13), e que como um, "reino de sacerdotes" eles deveriam permanecer entre Deus e as outras nações (Êxodo 19 verso 6) – que a nação fosse um veículo de bênção para toda a humanidade (Gênesis 22 verso 18).
Contudo, por causa do afastamento perverso e persistente do Senhor, Israel falhou em seu alto chamado. Consequentemente, depois de muito sofrimento a eles por causa divina, muitas advertências e pequenos castigos, as ameaçadas, "maldições" e "pragas" de Deuteronômio capítulos 28 e 29 visitaram o povo e sua amada terra.
(Veja isto em Deuteronômio 28 versos 15 a 68; e Capítulo 29 versos 22 a 28).
Partes desses dois capítulos tiveram um cumprimento parcial quando a nação foi levada ao cativeiro – o Reino do Norte foi levada para Assíria no ano 721 a.C. (2ª Reis 18 verso 11); e o Reino do Sul foi levado para a Babilônia no ano 606 a.C., (2ª Reis 24 versos 1 a 4). Porém, estes dois capítulos de Deuteronômio, tiveram um cumprimento mais completo e exaustivo na época da invasão romana da Judeia pelo general Tito, no ano 70 d.C.
Agora, desde a queda do Reino de Judá no ano 606 a.C., até o presente, Israel tem sido "a cauda" das nações (Deuteronômio 28 verso 44). Pois naquele ano, Deus transferiu solenemente o cetro da soberania mundial do Reino de Judá para o Império Babilônico, (Leia Jeremias 27 versos 6 e 7; e Daniel 2 verso 38). Assim começou o longo período de supremacia gentia na terra, mencionado por nosso Senhor Jesus como "os tempos dos gentios" em (Lucas 21 verso 24). A expressão "tempos dos gentios" deve ser distinguida daquilo que Paulo chama de "plenitude dos gentios" em (Romanos 11 verso 25). O primeiro refere-se ao prolongado período de dominação mundial pelos gentios, como acabamos de salientar; o último, para a conclusão da reunião graciosa dos gentios durante o período em que Israel é judicialmente, embora apenas temporariamente, posto de lado por Deus. A primeira expressão é política; a outra, é espiritual.
Estes "tempos dos gentios" são retratados pela imagem colossal, "cujo brilho era excelente" e cuja "forma era terrível", que Nabucodonosor viu em seu sonho, conforme registrado em Daniel 2. Durante o seu curso, quatro grandes Monarquias Gentias, representadas pelas quatro partes respectivas da Imagem mencionada pelo profeta, irão suceder-se umas às outras como Potências mundiais (Leia Daniel 2 versos 31 a 45). Como é bem sabido, as quatro Potências são Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Ao longo destes "tempos" Jerusalém será "pisada pelos gentios" (Lucas 21 verso 24), mas este tempo chegará ao seu fim na ocasião da descida Jesus, como o Filho do Homem à terra "com poder e grande glória" (Lucas 21 verso 27). Ele é a "pedra cortada sem mãos", que "feriu a estátua nos pés", de modo que o todo foi "despedaçado e tornou-se como a palha da eira de verão, e o vento as levou embora, que não se achou lugar para eles; e a pedra que feriu a imagem tornou-se um grande monte e encheu toda a terra" (Daniel 2 versos 34 e 35).
Na interpretação que se segue, não nos restam dúvidas quanto ao significado desta imagem. Nos versículos 44 e 45, Daniel 2 diz: "Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação."
É claro, portanto, que quando terminar o período divinamente designado de dominação gentia, um quinto reino, o de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o substituirá. Disto não pode haver dúvida. "O sonho é certo e a sua interpretação certa." Na verdade, na grande visão concedida ao próprio profeta em Daniel no Capítulo 7, cerca de 48 anos depois, esta profecia foi confirmada e amplificada. As quatro Bestas correspondem às quatro partes da Imagem do capítulo 2, a diferença é que os sucessivos impérios mundiais são ali vistos como Deus os viu, ao passo que no sonho anterior eles são vistos como apareceram a Nabucodonosor.
Os dez chifres ali em (Daniel 7 versos 20 e 24), correspondem aos dedos dos pés do Capítulo 2 versos 41 a 44 e representam dez reis que se unirão para formarem a fase final do quarto Império mundial, nos dias finais da supremacia gentia.
Da mesma forma, Aquele em (Daniel 7 versos 13 e 14) que é descrito como "semelhante a um Filho de Homem", que veio "com as nuvens do céu", a quem foi dado "domínio e glória, e um reino, para que todas as pessoas, nações e línguas, deveria servi-lo", e cujo "domínio é um domínio eterno que não passará, e o seu reino que não será destruído", é claramente Aquele representado pela "pedra cortada sem mãos" e destinado pelo "Deus do céu" para "tornar-se uma grande montanha e encher toda a terra" (Daniel 2 versos 34 e 35).
Os seguintes fatos devem ser cuidadosamente observados:
1. Não há absolutamente nada que sugira que estas monarquias mundiais gentias devam melhorar moralmente, manifestar qualquer mudança interna para melhor ou desenvolver-se gradualmente no Reino de Deus. Toda a sua tendência é de deterioração moral, o que está de acordo com a declaração de Paulo, de que "os homens maus, pioram cada vez mais" (2ª Timóteo 3:13).
2. Não poderá haver reinado de paz até que Cristo retorne. A era dourada não pode ser introduzida pela instrumentalidade humana – pela reforma social, pela educação secular, pelos tratados de paz ou mesmo pela pregação do Evangelho, mas apenas pela intervenção divina da "Pedra cortada sem mãos". Isto expõe a total falácia do ensino pós-milenista.
3. Esta intervenção será repentina, rápida, universal e com julgamento devastador. Cristo descerá e com um golpe de mestre de severidade sem paralelo quebrará em arrepios a força combinada de Seus inimigos, e a supremacia gentia terminará para sempre. Veja passagens como Números 24:17-24; Salmos 2:7-9; Isaías 63:1-6; Joel 3:13-16; Zacarias 3:8; Ageu 2:22; Zacarias 12:1-9; 14.3; Mateus 24:30; Apocalipse 1:7; 11:15; 19:11-21.
4. Este golpe cairá "nos dias daqueles reis" que são representados pelos dedos dos pés da Imagem (Daniel 2:41-44) e pelos chifres da quarta Besta (Daniel 7:24-27). Esses reis reinarão simultaneamente e se federarão para formar um poderoso império, que terá um suserano poderoso – o "chifre pequeno" do capítulo 7:8, 20-24. É, portanto, bastante absurdo dizer, como fizeram alguns Amilenistas, que esta profecia foi cumprida no primeiro Advento, ou, como outros ensinaram, durante a história europeia subsequente. O primeiro Advento ocorreu no reinado de Tibério César (Lucas 3:1), e não nos dias daqueles reis", cujo tempo ainda é futuro. Além disso, "não há nada na história passada dos reinos da Europa que responda a isto. Geralmente eram inimigos guerreiros, cada um buscando a destruição dos outros. Rejeitamos totalmente esta interpretação dos dez dedos dos pés.
5. O quinto reino então, que será o messiânico, estará aqui na terra, assim como foram os quatro anteriores. Será "debaixo de todo o céu" (Daniel 7:27) e "lavrar toda a terra" (Daniel 2:35). Para estabelecê-lo, Cristo retornará corporalmente à terra (Atos 1:10,11). Ele descerá ao Monte das Oliveiras (Zacarias 14:4). Então, ao derrotar Seus inimigos, "o reino do mundo se tornará o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo" (Apocalipse 11:15). "Ele será rei sobre toda a terra" (Zacarias 14.9). Numerosas outras passagens descrevem ou aludem ao Seu reinado terreno.
Veja, por exemplo, Salmo 22:27-29; 72:1-20; Isaías 11:9; Jeremias 3:17; 23.5; Zacarias 14:16,17; Mateus 5:5; 6:10; Apocalipse 5:10. Cada um dos chamados Profetas Menores diretamente ou por tipo fala disso, ou de Sua vinda visível para estabelecê-lo.
Como estas passagens, em muitas das quais são mencionadas relações terrenas, condições terrenas, prosperidade terrena e nomes próprios nacionais e geográficos, podem ser aplicadas ao Céu ou ao Estado Eterno, como os Amilenistas sugerem, confunde a compreensão de alguém. Além disso, que a Igreja, cuja vocação, carácter e destino são celestiais, possa preencher o papel do Reino de Daniel capítulos 2 e 7, é totalmente inadmissível, para dizer o mínimo.
6. O Reino de nosso Senhor na terra será literal e visível. Os antigos reinos em Daniel 2 e 7 eram literais e visíveis, portanto, por uma questão de consistência, devemos entender aquele que os substituirá de maneira semelhante. Não há nada no contexto que indique uma mudança no modo normal de interpretação literal, que precedeu, nem há nada incompatível com isso aqui ou em qualquer uma das outras numerosas passagens às quais nos referimos. Na verdade, o testemunho combinado das Escrituras exige tal interpretação. Embora literal e visível, porém, o Reino futuro também será espiritual, pois o Espírito de Deus será então "derramado sobre toda a carne" (Joel 2:28). O Reino hoje é espiritual, interior e invisível. Naquele dia será espiritual, mas em manifestação pública. Um reino espiritual inteiro", porém, "sem a união santificada do material ou natural, é totalmente oposto à Palavra de Deus.
Neste contexto, não pode ser demasiado enfatizado que as Escrituras proféticas não devem ser interpretadas como significando qualquer coisa senão o que o seu sentido claro e óbvio indica, como já foi apontado nestes capítulos. Quando nos é dito, por exemplo, que nosso Senhor num dia futuro estará no "Monte das Oliveiras, que está diante de Jerusalém, a leste" (Zacarias 14:4), o que poderia ser mais claro do que a literalidade da declaração? Quando lemos sobre homens cultivando seus campos, plantando vinhas e bebendo vinho, nos dias da restauração de Israel à sua própria terra (Amós 9:11-15), a referência certamente não pode ser a pessoas que se revestiram da imortalidade e estão habitando no paraíso. Não sejamos tão tolos, portanto, a ponto de "cair no absurdo cego de esperar o cumprimento de teorias baseadas no que os homens conjeturam que os profetas deveriam ter predito. Mesmo uma leitura superficial de Daniel 2 e 7 deixará claro que, em muitos aspectos, o quinto reino mundial será totalmente diferente dos quatro que o precedem. Eles são simbolizados por metais, por uma "pedra cortada sem mãos"; eles são marcados por uma deterioração crescente da qualidade e por uma força, influência e glória crescentes; eles duram cada um, mas por um tempo limitado, "permanecerá para sempre". No entanto, tal como eles, será um reino literal e material - um reino em manifestação pública, que "quebrará em pedaços e consumirá todos estes (outros) reinos". Não há nenhuma garantia bíblica para acreditar no contrário.
7. Finalmente, "o reino será dado ao povo dos santos do Altíssimo" (Daniel 7:27). Quem serão essas "pessoas"? Acreditamos que eles serão o mesmo povo descrito como o "povo" de Daniel no capítulo 12:1. Em outras palavras, eles são o povo de Israel. Israel foi posto de lado, como vimos, mas apenas, observe apenas, "até que os tempos dos gentios se cumpram" (Lucas 21.24), apenas "até que chegue a plenitude dos gentios" (Romanos 11:25). Então "todo o Israel será salvo" (Romanos 11:26), e o Israel salvo se tornará mais uma vez o cabeça das nações.
Por William Bunting
23. Israel é a chave para a profecia?
Na mente da Cristandade, a Igreja, é a continuação ou substituição de Israel, o antigo povo de Deus que ficou no Antigo Testamento. Para eles, as profecias do Antigo Testamento, que faria do Israel restaurado e salvo, a cabeça das nações, caducaram, e se tornaram bênçãos espirituais vistas hoje na Igreja. Mas isto está longe de ser uma interpretação correta das Escrituras.
Quem pode duvidar, portanto, de que as coisas preditas nas Escrituras em relação a Israel estão agora tomando forma literalmente?
Que fazer com que todas as condições e ocorrências que se, sincronizassem, coincidissem, convergissem exatamente para o mesmo período da nossa história?
Sabemos que o relógio profético está parado nesta era da Igreja, mas o cenário já está sendo montado, para que, com o arrebatamento da Igreja ao céu, Israel volte a ser o foco de Deus para a sua restauração e salvação.
Se, como alguns sugerem, a Bíblia não é a própria Palavra de Deus, por que as coisas opostas não acontecem hoje?
Russell Taylor Smith disse muito bem que "qualquer homem que consegue segurar uma Bíblia aberta em uma mão, e um jornal na outra, e então não consegue dizer que horas são, precisa se lembrar das palavras de nosso Senhor Jesus que disse: 'Ó hipócritas, vocês não conseguem discernir os sinais dos tempos?' (Mateus 16 verso 3)".
Se, portanto, o cenário está preparado para o cumprimento literal das profecias, como pode ser negado que Israel, como nação, foi destinado por Deus a desempenhar um papel nos acontecimentos dramáticos e cruciais para os quais o mundo está agora a mover-se rapidamente?
O que acontecerá se os Judeus e sua terra forem tirados deles?
Quem é tão cego que não consegue ver que Israel é o pivô em torno do qual giram hoje todos os relacionamentos de Deus com as nações?
Deixar de fora a nação de Israel como o futuro destinatário da bênção de Deus na terra, não só anula o efeito da Palavra de Deus, mas também a distorce completamente, de modo que a profecia não tem significado.
A atual cena política internacional, especialmente quando vista em relação a Israel, tem um significado profundo. Pois, em primeiro lugar, o Médio Oriente e os Países próximos constituem um dos focos mais vitais da tensão mundial. Em segundo lugar, muitos povos daquela e de outras regiões surgiram como do pó, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e sacudiram a inércia de séculos, reafirmando os seus direitos e declarando corajosamente a sua independência. Especialmente o Egito tem vindo a ganhar cada vez mais destaque e é agora um Estado soberano. A seguir, os vizinhos de Israel e as nações mais distantes lançam sobre ele, olhares cobiçosos.
Não precisamos nos surpreender com isso. Israel é uma terra de riqueza e prosperidade ilimitadas. Sua conquista e rápido desenvolvimento foram surpreendentes. O espírito pioneiro dos seus filhos fez com que o deserto florescesse como uma rosa. Nas artes, na cultura, no comércio, na ciência, na medicina e na agricultura, Israel está cada vez mais na vanguarda. O aumento das chuvas é um milagre moderno. O seu serviço de saúde está num nível superior ao dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, França ou Alemanha. A sua taxa de mortalidade é a mais baixa do mundo, e considerando que o Estado tem apenas setenta e cinco anos e que a migração em massa de tantas terras para ele foi acompanhada por doenças generalizadas.
No entanto, apesar da conquista notável e do progresso nacional de Israel, há algo ainda mais notável. Está no fato bem conhecido de que os Judeus na Palestina hoje estão totalmente excluídos do único lugar na terra que, acima de todos os outros, é querido e sagrado para seus corações – a sua amada Cidade de Davi, com sua área do Templo, o Muro das Lamentações e outros objetos de veneração. A velha Jerusalém ainda está em mãos árabes.
Contudo, não são apenas as nações vizinhas que cobiçam a riqueza de Israel; eles nutrem um ódio intenso e profundo. Eles são seus inimigos declarados. No mesmo dia da sua independência, o novo Estado foi atacado em todas as frentes pelos exércitos de sete países. Também há alguns meses depois, o Egito, a Síria e o Iraque assinaram um tratado para se unirem a fim de destruí-lo. Na época, um político israelita, chamado Davi Ben Gurion, disse: "Pela primeira vez na história das nações modernas, a destruição de um povo foi estabelecida como objetivo na constituição de três países que eram membros das Nações Unidas". Além disso, no extremo norte da Palestina encontra-se a antiga e grande União ateia das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que através da "penetração pacífica" e outros meios tem agora muitas nações satélites sob as suas asas. Esta potência também é hostil a Israel e tem ajudado os árabes enviando-lhes grandes quantidades de armas e equipamento militar, para usarem contra os Judeus.
Então não devemos deixar de observar que a oeste da Palestina se formou uma grande combinação de nações como – Itália, Alemanha Ocidental, França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Esta poderosa combinação estabeleceu o que é conhecido como "Mercado Comum Europeu", que foi ratificado pelo "Tratado de Roma" em 1957. O seu objetivo é tanto econômico como político, e foi descrito como "a maior tentativa de unificação europeia desde Carlos Magno." Como é bem sabido, a influência cada vez mais dominante nesta grande combinação é o Vaticano Romano. Uma grande diferença entre ela e da antiga União Soviética é que ela é amiga da causa judaica.
Aqui está, brevemente, um delineamento do atual cenário internacional, visto em sua relação com Israel. O seu significado profundo, como o da vida judaica moderna, reside na sua estreita semelhança com o quadro dos últimos dias tão graficamente retratado nas Escrituras proféticas, como veremos agora.
Estas Escrituras indicam claramente que o centro da tempestade no fim dos tempos será a Palestina e os países adjacentes (Para ver e entender tudo isto, é sugerido que leia com a tenção, Ezequiel Capítulos 38 e 39; Daniel 11 versos 40 a 45; Zacarias 10 versos 10 e 11; e Capítulos 14 versos 1 a 21). Estas passagens bíblicas, ensinam que nessa altura haverá um poderoso surto de nacionalismo. A figueira exibindo suas folhas tenras, após o longo sono do inverno como temos em (Lucas 21 versos 29 a 33), simboliza a revivificação e a prosperidade de Israel como nação; enquanto a afirmação de que "todas as árvores brotarão", indica que nova vida e vigor também se manifestarão em outras raças. Mesmo que se duvide desta interpretação da parábola de nosso Senhor, muitas outras Escrituras ensinam claramente a mesma coisa.
Assim, Daniel 11 versos 41 a 43 implica que no tempo do fim, nações como Edom, Moabe, Amom, Egito, Líbia e Etiópia, que durante séculos foram fracas, e sem importância, serão poderes a serem considerados.
Ezequiel Capítulo 38 nomeia várias grandes nações guerreiras. Que deve ser comparadas também com o Salmo 72 verso 10; Isaías 60 versos 6 a 9 e Joel Capítulo 2; profecias que nenhuma das quais ainda foi cumprido. De todas estas nações, a mencionada com mais frequência como tendo um grande papel no futuro é o Egito, como mostrará a referência a Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outras profecias.
O profeta Ezequiel prediz, também, que nos "últimos anos" (Capítulo 38 verso 8) – "nos últimos dias" (verso 16) – "os povos que estão reunidos dentre as nações" (verso 12) – "Israel " (verso 14) - então habitar "na terra que foi trazida de volta da espada" (verso 8), "no meio da terra" (verso 12), será tão rico em "prata e ouro, gado e bens" (verso 13), que certas nações, gananciosas e invejosas das suas vastas riquezas, irão atacá-los "para capturar a presa… para levar grande despojo" (verso 13).
Tudo isto não deixa de ser muito interessante, mas chegamos agora a um ponto muito mais interessante. Pois embora esteja claro nas Escrituras que Israel reocupará sua própria Terra na incredulidade, e antes da descida de Cristo à terra para reinar por mil anos, nosso Senhor menciona algo que à primeira vista pode parecer sugerir uma contradição positiva disto. Este é o fato de que Jerusalém, a capital da Palestina, não será libertada do jugo gentio, mas será "pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se cumpram" (Lucas 21 verso 24).
Conciliar este versículo com as passagens que parecem ensinar exatamente o oposto deve ter sido uma dificuldade para muitos estudantes devotos da Palavra de Deus até os tempos modernos. Mas, para nós hoje isso demonstra a precisão infalível dessa Palavra. A Jerusalém moderna cobre agora a área precisa predita em Jeremias 31 versos 38 a 40, e pertence a Israel, mas a cidade do Tempo de nosso Senhor, a velha Jerusalém, ainda está sob o domínio dos gentios.
Além disso, Joel 3 versos 9 a 19 e Zacarias 12 versos 1 a 9; e Capítulo 14 versos 1 e 2, indicam claramente que Israel será assolado por muitos inimigos no fim dos tempos. Acreditamos, também, que o Salmo 83, no qual uma grande confederação de dez povos se opõe a Nação, e do qual alguns veem um cumprimento parcial em 2ª Crônicas 20, ainda aguarda seu cumprimento integral. A profecia, é claro, emprega nomes antigos. Embora a identidade de alguns deles seja talvez incerta, a referência é claramente às nações árabes que fazem fronteira com Israel – Assur, ao norte; Tiro ao noroeste; Edom, Ismael e Moabe ao sul; Amom e Amaleque ao leste; e os filisteus (hoje no distrito da faixa de Gaza) a oeste. Todos estes estão empenhados na destruição do povo escolhido de Deus.
"Venha", dizem eles, "vamos excluí-los de ser uma nação; para que o nome de Israel não seja mais lembrado" (Salmos 83 verso 4). Então, em Ezequiel 38, já mencionado, o grande inimigo que ataca Israel tão impiedosamente nos "últimos anos" vem "dos confins do norte" (Observe isto em Ezequiel 38 versos 6 e 15; e Capítulo 39 verso 2). A expressão que está nestes versículos, "os extremos do norte" (ou seja, o norte da Palestina), não deixa qualquer dúvida quanto à localização geográfica em vista – que é aquela ocupada hoje pela Rússia.
Finalmente, além da grande Confederação do Norte, as Escrituras falam da presença de um poderoso bloco de nações no Sul da Europa no tempo do fim. Este poderoso império será composto por dez reinos (Leia Daniel 2 versos 40 a 43; Capítulo 7 versos 7 e 24; Apocalipse 13 verso 1; Capítulo 17 versos 3,7,12,16,17).
Durante algum tempo será controlado pelo sistema eclesiástico representado pela mulher vestida de escarlate em (Apocalipse 17 versos 3 e 7). As sete colinas sobre as quais a mulher está sentada significam a cidade de Roma (Apocalipse 17 versos 9 e 18). Roma será, portanto, o centro governamental deste imenso império – "uma Europa Unida". O seu grande príncipe será declaradamente amigo dos Judeus e celebrará com eles um pacto de sete anos, garantindo, sem dúvida, a proteção dos direitos e liberdades do seu pequeno Estado (Daniel 9. 26-27).
Ver-se-á assim que, ao tocar em todas estas questões profundamente significativas - o foco da tensão mundial, o espírito do nacionalismo, a importância crescente do Egito, a ganância das nações pela vasta riqueza de Israel, os fatos únicos relativos a Jerusalém, o ódio dos árabes dos Judeus, a ascensão da Rússia e o seu apoio às nações árabes, a união das grandes potências na Europa, a sua crescente subserviência a Roma e a sua atitude favorável para com Israel - no que diz respeito a todos estes assuntos e outros que poderiam ser mencionados, existe uma semelhança estreita e surpreendente entre a face da atual situação internacional e o programa profético dos últimos dias, conforme retratado na Palavra de Deus.
Bem, tenho uma surpresa para todos aqueles que acompanharam os pensamentos descritos aqui, pois tudo isto foi escrito pelo irmão William Bunting, no ano de 1963, e só mostra como a Palavra de Deus é infalível, pois o cenário de hoje está mais arranjado do que quando ele escreveu estas linhas.
24. A Parábola das Dez Virgens se refere ao Arrebatamento?
Mateus 24 e 25 são uma unidade, sendo uma narrativa contínua. O discurso do Senhor flui de questões sobre o templo, Sua vinda e o fim dos tempos.
O foco em "sinais de sua vinda" indica o cenário judaico da passagem, pois "os judeus pedem um sinal" (1 Coríntios 1:22) e "os tempos e estações" que o Senhor dá aqui estão relacionados ao Dia do Senhor e o tempo em que a destruição repentina (1 Tessalonicenses 5:1-3) virá sobre aqueles que confiam em uma aliança com o inferno (Isaías 28:15; Daniel 9:27) para garantir-lhes "paz e segurança".
Tudo isso está ligado com a última semana, das 70 Semanas de Daniel, que o período de 7 anos que se segue após ao Arrebatamento.
Os sinais iniciais que o Senhor dá em (Mateus 24:4-10), correspondem aos cinco primeiros selos dos julgamentos de (Apocalipse 6:1-11), que vem após o arrebatamento, visto figurativamente quando João é chamado ao Céu, em (Apocalipse 4:1) e a recompensa é dada aos santos dessa era da Igreja (Apocalipse 4:10).
A abominação da desolação (Mateus 24:15) refere-se à metade do período de 7 anos (Daniel 9:27b).
"E sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador."
A "grande tribulação" (Mateus 24:21) aponta para a última metade desse período e para a vinda visível do Filho do Homem, para o retorno do Senhor à terra. (v.27)
"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem."
Paulo confirma isso em 2 Tessalonicenses 1:7-10, dizendo que, "O Senhor Jesus vem do céu com os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem."
O ensino comparando os dias de Noé em (Mateus 24:37-42) refere-se à vinda do Filho do Homem, referindo-se ao versículo 27, assim como a advertência no versículo 44.
"Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há-de vir à hora em que não penseis."
A Parábola dos Servos Fiéis e Maus em (Mateus 24:45-51) tratam igualmente da "manifestação do Senhor Jesus", que deve ser a vinda do Filho do Homem, pois é isto que vemos no contexto.
A Parábola dos Talentos (Mateus 25:14-30), que segue a Parábola das Dez Virgens, não pode se referir aos crentes desta era da Igreja.
O servo perverso teve a responsabilidade confiada a ele por seu mestre, mas é lançado pelo mestre nas trevas exteriores. Isso é semelhante à parábola no final de Mateus 24, e tem um cenário judaico.
A parábola das ovelhas e dos cabritos, (Mateus 25:31-46) também se refere à vinda gloriosa do Filho do Homem.
"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda."
Portanto, o contexto das Dez Virgens é o retorno do Senhor à terra e não o Arrebatamento.
25. As Dez Virgens ensina o arrebatamento parcial dos crentes?
Muitos tentam extrair da parábola das Cinco Virgens prudentes e das Cinco Virgens loucas de Mateus 25, um ensinamento sobre um arrebatamento parcial, mas isto é imprudente e antibíblico.
Primeiro, porque o contexto mostra que a parábola não trata do arrebatamento.
Em segundo lugar, as descrições de "sábios" e "insensatos" neste último discurso em Mateus nos lembram do mesmo contraste no final do primeiro discurso do Senhor em, (Mateus 5-7).
Lá, os tolos não constroem sobre a Palavra do Senhor e sua construção sofre uma grande queda. Eles não são crentes.
E em terceiro lugar, se alguém relacionar as virgens acordadas (sábias) e as adormecidas (tolas) aos dois estados, que temos registrados em (1 Tessalonicenses 5:10), que diz, "quer acordados, quer dormindo", só mostra insensatez, pois o contexto dessa passagem dissipará a ideia de um Arrebatamento parcial.
Paulo em 1 Tessalonicense 4:13 ao 5:10, descreve os cristãos que estão esperando a vinda iminente do Senhor no arrebatamento e fala também dos cristãos cujo comportamento é semelhante aos incrédulos do mundo (ou seja, esfriaram na fé e estão dormindo na noite, v. 7), mas Paulo não sugere um arrebatamento parcial somente com os crentes firmes na fé, pelo contrário, ele afirma que a razão pela qual ambos serão levados no Arrebatamento e porque serão salvos da ira vindoura, (que é o período dos 7 anos de tribulação).
O arrebatamento de todos os salvos é o resultado da morte de Cristo e não da nossa condição espiritual.
O ensino de um arrebatamento parcial não está na Parábola das Dez Virgens ou em qualquer outro lugar nas Escrituras.
26. Qual é a interpretação correta da parábola das Dez Virgens?
A parábola das Dez Virgens está registrada em Mateus 25:1-13, e percebemos que todas as virgens têm lâmpadas que indicam que estão esperando o retorno de um noivo durante a noite. Esta é uma figura do testemunho delas.
Elas estão todas inconscientes, instintivas do tempo, pois estão dormindo.
No meio da noite, um grito traz todas elas à consciência.
O anúncio é que esta é a noite da vinda do noivo. As virgens não são noivas ou candidatas a noivas.
Elas estão esperando para participar da festa de casamento (o contexto define-se pela palavra "casamento", v. 10, e se refere ao casamento ou à festa de casamento) com o noivo.
O evento que anuncia a vinda do noivo mostra a diferença entre as duas classes.
As sábias com o óleo em suas vasilhas, e as outras, que se mostram incapazes de encontrá-lo, porque não têm óleo para sustentar sua professa expectativa do noivo.
Tudo isto nos leva para um período depois do arrebatamento da Igreja, e vemos aqui dois tipos de judeus que professam estar esperando o retorno de Cristo à terra.
Das 70 semanas proféticas de Daniel 9:24-27, falta uma semana de 7 anos para se cumprir. Evento que começa a se desenrolar após o arrebatamento da Igreja para o céu.
No meio do período destes 7 anos, ocorre o evento que o Senhor descreve no capítulo 24 de Mateus como, a abominação da desolação.
O Iníquo profana o templo judaico em Jerusalém tomando o lugar de Deus, provavelmente sentado no propiciatório do templo.
Isso fará com que aqueles judeus que professam esperar pela redenção de Israel reconheçam os tempos proféticos cruciais que os cercam. (Lucas 21:28; 2:38)
Aqueles que não foram salvos e nasceram do Espírito (representado pelo óleo nas vasilhas) não serão capazes de resistir ao poder da Besta (o Iníquo), e será difícil sobreviver em uma sociedade governada pela marca da Besta (Apocalipse 13:4-18).
Quando o Sol da Justiça (Malaquias 4:2), o Senhor Jesus, o Filho do Homem vier para acabar com aquela noite escura de perseguição, os regenerados pelo Espírito entrarão na alegre festa de casamento (Apocalipse 19:9, 11).
Os não regenerados serão eternamente excluídos do reino milenar e da presença do Senhor.
Ambas as classes nesta parábola são judeus que estão esperando a vinda do Noivo, o Filho do Homem, retornando com Sua Noiva, a Igreja.
O Senhor não nos se os envolvidos na parábola ouviram o evangelho antes do arrebatamento, mas ele nos dá sua herança. Eles tinham as Escrituras proféticas do Antigo Testamento para assegurar-lhes o retorno do Senhor à Terra de acordo com os sinais, os tempos e as estações. A questão de uma segunda oportunidade de salvação após o arrebatamento, não está nesta passagem.
27. O batismo era necessário para a salvação antes de Pentecostes?
Lemos em Lucas 3:3: "E (João) percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados."
Há um princípio bíblico que, devemos observar os detalhes de qualquer assunto registrado pela primeira vez na Bíblia, e Paulo invoca essa "lei da primeira menção", quando em Romanos destaca que a justiça e a fé são introduzidas juntas nas Escrituras. Ele diz que, "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (Romanos 4:3).
Paulo está ensinando que, desde o princípio, estar de bem com Deus era baseado na fé, não pela observância de ritos religiosos como a circuncisão, ou obediência à Lei (Romanos 3:1-13).
Paulo recorre a Habacuque 2:4 para apoiar o que ele tem a dizer em Romanos 1:16-17: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé."
Ser salvo, que é inseparável de ser declarado justo por Deus, é, foi e sempre será baseado na fé.
O "batismo para arrependimento" de João Batista não era um batismo para a salvação.
O anjo Gabriel descreveu a missão de João dizendo: "Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E ele irá adiante dele no espírito e poder de Elias, preparar para o Senhor um povo preparado" (Lucas 1:16, 17).
Ele ministrou à nação para preparar dentre eles, um povo que esperasse no Senhor.
João despertou a consciência de seus ouvintes, cuja pergunta era: "O que devemos fazer?" (Lucas 3:10, 12, 14).
Sua resposta não os direcionou à fé, como fizeram Paulo e Silas diante da pergunta do carcereiro em (Atos 16:30, 31), mas João os direcionou às obras de fé, para "dar frutos dignos de arrependimento" (Lucas 3:8, 11, 13, 14).
Seu batismo de arrependimento não os salvou; preparou-os para a mensagem culminante quando ele viu a Jesus vindo para o batismo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." (João 1:29)
Se os 12 discípulos de João Batista encontrado por Paulo em Éfeso tivessem sido salvos pelo batismo de João (Atos 19:1-7), eles já teriam recebido o Espírito Santo e teriam feito parte da Igreja no Pentecostes. (1 Coríntios 12:13)
O batismo que João administrava, foi uma expressão de submissão à mensagem de Deus entregue a João.
Confirmou um reconhecimento de culpa ligada aos seus próprios pecados e aos pecados de sua nação.
Na verdade, esse ato batismal de João, declarava que: "Precisamos da vinda do Messias-Salvador".
Pelo menos para alguns que foram batizados por João, seu batismo para arrependimento precedeu a fé em Cristo.
28. Atos 2:38 indica que o batismo é necessário para a salvação depois de Pentecostes?
Atos 2:38, 39 diz, "E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar."
Pedro, assim como João Batista, estava falando para ouvintes judeus.
Assim como o batismo de João foi uma declaração de dissociação, separação de seu passado – tanto pessoal quanto nacional – então a ordem de Pedro para se arrepender e ser batizado chamou a atenção para sua dissociação de pecados pessoais e nacionais do passado.
Na sua pregação, Pedro declara o grande pecado da Nação: "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?" (Atos 2:36, 37)
O batismo de João foi "para arrependimento"; o que Pedro ordenou foi o batismo "para remissão".
Para alguns, o batismo para arrependimento precedeu a fé; para todos, a fé precedeu o batismo para a remissão (livramento, perdão).
Os judeus, cujo nascimento os ligava à nação que havia rejeitado o Messias, foram salvos ao receberem alegremente a mensagem de Pedro de Deus, mas eles se salvaram "desta geração pervertida" por seu batismo "para remissão."
Atos 2:40-42, diz: "E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações."
O batismo deles afirmava visivelmente que eles não estavam mais ligados àqueles que haviam rejeitado a Cristo.
Não acrescentou nada à sua fé pessoal Nele (Cristo) e não contribuiu em nada para a sua salvação eterna.
Foi dito a Saulo de Tarso: "Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor" (Atos 22:16).
Ele mesmo mostra mais tarde que "invocar o nome do Senhor" é evidência de fé já depositada em Cristo quando ele pergunta: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram?" (Romanos 10:14).
Em Romanos 10:9-13, Paulo diz: "Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo."
Saulo (o Judeu) foi salvo antes de ser batizado, mas seu batismo afirmou sua dissociação, separação de sua vida passada de animosidade contra o Cristo.
29. À luz de Efésios 4:5, por que praticamos o batismo nas águas?
Lemos em Efésios 4:4-6: "Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."
O raciocínio por trás dessa pergunta parece ser que "um batismo" é o batismo do Espírito Santo (Lei Atos 1:5; 1 Coríntios 12:13) e, portanto, os cristãos não têm outro batismo – nenhum batismo nas águas.
Duas respostas possíveis para isso dependem de como interpretamos "um só batismo".
Alguns baseiam sua interpretação no agrupamento que veem nas sete "coisas únicas" em Efésios 4:4-6.
Os três primeiros formam um grupo: um Corpo, um Espírito (que formou o Corpo), uma esperança (pertencente ao Corpo, veja Efésios 1:18).
Os próximos três formam um outro grupo: um Senhor (a quem todos obedecem), uma fé (pela qual todos confiaram em Cristo, e também refere-se a um corpo de verdade revelada que todos guardam pela obediência), e um batismo (pelo qual todos expressaram sua união com Cristo).
O último grupo é um só Deus e Pai de todos.
O primeiro grupo, (Um Corpo, Um Senhor e Uma esperança), nos fala do que é posicional (o que Deus fez).
O segundo grupo, (Uma fé, um batismo) nos fala do que é prática (o que devemos fazer).
O terceiro grupo, (um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós), é teológico e resume os grupos anteriores.
Se aceitarmos esta interpretação, o único batismo é o batismo nas águas que Deus ordenou para cada crente nesta era.
Pode haver razão, entretanto, para ver o único batismo como o batismo do Espírito Santo.
A palavra "há" no início do versículo 4, foi acrescentada pelos tradutores, não se encontra no original grego.
Esta palavra pode obscurecer a conexão dos versículos 4 a 6 com o versículo 3, que diz: "Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz."
Paulo está expandindo sua declaração, "a unidade do Espírito Santo".
No Pentecostes, o Espírito Santo formou uma entidade única que nunca existiu antes.
Essa unidade, o sujeito do mistério de (Efésios 3), é composta por judeus e gentios (Efésios 1 e 2).
Nesses versículos, Paulo resume o ensino posicional dos capítulos anteriores. Ele o usa como o pivô no qual baseia sua exortação prática ("esforçando-se para manter a unidade do Espírito Santo").
O único Senhor é Aquele em quem todos estão unidos e, antecipando o restante da epístola, a quem todos devem obedecer.
A única fé é o corpo revelado da verdade ou doutrina, incluindo agora o mistério sobre a Igreja.
O único batismo é o único evento que formou o Corpo.
Além dessa interpretação, Paulo estaria falando sobre a unidade do Espírito Santo sem mencionar quando o Espírito a formou.
Se essa é a interpretação de "um batismo", nesses três versículos (vs. 4-6), Paulo está lidando com nossa posição (o que Deus fez por nós).
Esse batismo nunca será repetido e não ocorre quando um crente é salvo.
O Senhor disse que isso aconteceria não muitos dias depois que Ele estivesse com Seus discípulos (Atos 1:5).
Paulo ensina que o batismo nas águas expressa nossa união com Cristo e é nossa responsabilidade prática ser batizado.
Lemos em Romanos 6:4, 5: "De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição."
Lemos em Gálatas 3:26, 27: "Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo."
Em Gálatas, Paulo ao falar dos judeus, ele usa a expressão "nós", e ele mostra que estavam confinados sob a lei até a vinda de Cristo. A lei manteve-os, como um povo separado para quem a justificação pela fé poderia ser pregada.
Após serem justificados, deixaram de estar debaixo da lei, e seu caráter distintivo como judeu cessou. Daqui até o fim do capítulo, o pronome vós, inclui os salvos entre os judeus e os gentios. Todos esses são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.
A união com Cristo, que acontece no momento da conversão, é confessada pelo batismo em água.
Esse batismo não torna a pessoa membro de Cristo, ou herdeira do reino de Deus. Trata-se apenas de uma identificação pública com Cristo, o que Paulo descreve aqui como "revestir-se de Cristo".
Assim como um soldado se declara membro do exército por "vestir" a farda, do mesmo modo um crente se identifica como pertencendo a Cristo por ser batizado na água.
Por esse ato, ele confessa publicamente sua submissão à liderança e autoridade de Cristo. Ele mostra visivelmente que é filho de Deus.
É claro que o apóstolo não está sugerindo que o batismo na água une uma pessoa a Cristo. Seria repudiar completamente sua tese básica de que a salvação é somente pela fé.
Tampouco Paulo em Gálatas 3:27, trata do batismo do Espírito Santo, o que coloca o crente no corpo de Cristo e é tratado em 1 Coríntios 12:13. O batismo do Espírito Santo é invisível e aconteceu somente uma vez, no dia de Pentecostes.
Não há nada que corresponde a um "revestimento" público de Cristo.
Esse é um batismo em Cristo. Como os israelitas foram batizados em Moisés, identificando-se com ele como seu líder, da mesma maneira os crentes hoje são batizados em Cristo, significando que o reconhecem como seu verdadeiro Senhor.
O batismo na água, do crente, significa também o sepultamento da carne, junto com os esforços dela para conseguir justiça própria. Significa o fim da velha maneira de viver e o começo da nova.
Sendo batizados na água, os gálatas confessaram que haviam sido mortos com Cristo e que foram sepultados com ele.
Assim como Cristo morreu para a lei, do mesmo modo os gálatas estavam mortos para a lei e não deviam desejar estar sujeitos a ela como regra de vida. Assim como Cristo, por sua morte, derrubou a distinção entre judeus e gentios, eles devem fazer morrer suas diferenças nacionais.
Revestiram-se de Cristo no sentido de que levavam uma vida nova — a vida de Cristo.
Depois da morte, ressurreição e antes de volta para o céu, o Senhor associa o batismo ao discipulado e à mensagem do evangelho nesta era (Mateus 28:19, 20; Marcos 16:15, 16).
Ele também indica que o crente é responsável por ser batizado na água e isso não é feito pelo Espírito Santo, mas por aqueles que "vão", "fazem discípulos", "batizando-os", "ensinando-os" (Mateus 28:19, 20).
30. Ancião tem posição mais elevada na assembleia do que outros?
A Bíblia ensina que os homens que trabalham publicamente no presbitério na assembleia local devem ser "reconhecidos e estimados por dignos de duplicada honra".
Proponho lermos algumas passagens que tratam dos anciãos e qual deve ser a postura dos outros crentes em relação a eles.
"Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros." (1 Tessalonicenses 5:12, 13)
"Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino." (1 Timóteo 5:17)
"Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão-de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13:17)
"Aos presbíteros, que estão entre vós, apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória." (1 Pedro 5:1-4)
"Olhai, pois, por vós (anciãos), e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (Atos 20:28)
A Versão Almeida Atualizada é enganosa ao traduzir (Atos 20:28), pois ela diz: "Atentai por vós mesmos e por todo rebanho sobre o qual, o Espírito Santo vos constituiu bispos".
Em vez de dizer "sobre o qual", a traduções mais precisas desta passagem deve ser "no qual" ou "entre os quais".
Embora os irmãos de fé devam se submeter aos anciãos, e considerá-los dignos de honra e de muita estima, esses anciãos estão no rebanho, não sobre ele.
A posição dos anciãos não está acima de outros crentes.
Quando uma assembleia reconhece um homem que o Senhor levantou para ser um presbítero, isso não muda a preocupação de seu coração pelos crentes ou sua capacidade de cuidar deles por meio da Palavra de Deus.
No entanto, dá a ele a responsabilidade adicional de se reunir com os anciãos quando eles se reúnem (Atos 20:17, 18).
Publicamente, ele se juntou a outros anciãos e compartilha com eles a responsabilidade pela saúde espiritual de cada ovelha (Hebreus 13:17).
O Senhor deu uma lição espiritual para todos os crentes e principalmente para queles que estão na frente do rebanho, ao literalmente, lavar os pés de Seus discípulos (João 13:7, 12).
Ele estava exemplificando o cuidado amoroso que cada ancião deve ter com os outros ao remover dos discípulos, pela Palavra de Deus, tudo aquilo que impedirá a comunhão com seu Senhor.
Ao cingir-se com uma toalha e inclinar-se aos pés dos discípulos, Ele foi o modelo de cuidado de serviço.
Assim, aqueles que aceitam a responsabilidade de cuidar com amor da condição espiritual dos irmãos na fé são humildes servos do Mestre.
Ele ensinou que aqueles que lideram Seu povo são ministradores (diáconos) e servos (escravos). (Mateus 20:26, 27).
E esta atitude é exigida de todos os crentes, pois Paulo disse aos Filipenses:
"Nada faça por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens."
(Filipenses 2:3-7)
Lemos em 1 Pedro 5:4: "E, quando aparecer o Sumo Pastor, (os anciãos) alcançareis a incorruptível coroa da glória."
Essa coroa aparentemente é para os "sub pastores" que cuidam das ovelhas do Sumo Pastor.
O contexto do livro pode explicar por que Pedro (pela inspiração do Espírito) a chama de coroa de glória.
Pedro lembra os crentes dos sofrimentos do Senhor Jesus e de Sua glória subsequente (1 Pedro 1:11).
Ele encoraja os crentes em suas provações de que seu sofrimento também precede a glória (1 Pedro 1:7; 4:13).
De duas maneiras, os anciãos podem ter sofrimentos especiais.
Quando os inimigos perseguem os crentes, os líderes são alvos especiais. Além disso, o fardo de cuidar do rebanho muitas vezes lhes causa muita dor e sofrimento na alma.
A glória segue o sofrimento, por isso, de maneira única, o Senhor reservou para eles uma coroa de glória.
A Bíblia fala em outras coroas, a coroa da vida, por exemplo, é oferecida aos que "suportam a tentação" (Tiago 1:12).
Todos os crentes podem concorrer a esta coroa por sofrer por amor ao seu Senhor.
31. A Alma Humana é Consciente de Si?
A Bíblia afirma que o ser humano é formado por corpo, alma e espírito.
Paulo em 1 Tessalonicenses 5:13 diz: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."
A Bíblia também afirma que alma e espírito não é a mesma coisa, pois lemos em Hebreus 4:12: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."
Como o espírito, a alma não é física. No entanto, faz sentido posicionar a alma entre o espírito e o corpo e considerá-la como a parte "inferior" de nossa constituição espiritual, porque a Bíblia relaciona intimamente a alma com o corpo.
Mentalmente, a alma tem consciência de si mesma e é capaz de raciocinar e lembrar. Por meio de uma interface com o cérebro físico, a alma recebe os sentidos corporais e dirige as ações corporais.
A alma, por exemplo:
Come (Levítico 7:20).
Toca (Levítico 5:2; 22:6; Números 19:13).
Jura (Levítico 5:4).
Além disso, a alma exibe toda a gama de emoções:
Ama (1 Samuel 18:1).
Odeia (2 Samuel 5:8).
Regozija-se (Salmos 35:9).
Sofre (Mateus 26:38).
É "lançada para baixo" (Salmos 42:6).
Quando lemos sobre almas comendo, tocando e xingando, entendemos que a Escritura está usando "alma" como uma "figura de linguagem" para a pessoa inteira.
Mas por que tanta ênfase na alma?
Por que a Palavra de Deus chama o homem inteiro de "alma vivente" em vez de corpo vivente?
Porque o Espírito Santo quer que entendamos que a pessoa verdadeira e duradoura é a alma invisível, não o corpo visível - uma flagrante contradição da filosofia do materialismo.
Deus considera a alma responsável pelo pecado (Levítico 5:15, 17; Ezequiel 18:4).
As concupiscências carnais, combatem contra a alma (1 Pedro 2:11).
Por outro lado, a alma do crente, em sintonia com o espírito humano, pode louvar a Deus (Lucas 1:46).
Então a alma faz escolhas.
A Bíblia chama aqueles que não têm o Espírito de Deus habitando neles de "almáticos", porque suas almas perdidas dominam suas vidas e suprimem seus espíritos humanos disfuncionais. (1 Coríntios 2:14; Tiago 3:15; Judas 19).
Na verdade, eles se comportam como animais, que não têm espírito.
Essas pessoas não têm consciência de Deus e não podem compreender as verdades espirituais; eles agem em impulsos físicos, entregam-se ao conforto da criatura caída, buscam gratificação instantânea e cedem a toda luxúria e imoralidade.
Mas os salvos, estão em Cristo e são novas criaturas, com nova vida espiritual.
(2 Coríntios 5:17; João 3:6).
Seus espíritos renovados agora supervisionam suas almas e controlam os apetites da alma.
(Romanos 6:12; 1 Coríntios 9:27).
Eles andam de acordo com o Espírito Santo de Deus, que produz Seu fruto neles.
(Gálatas 5:16, 22-23).
Deus reivindica nossas almas e somos responsáveis por fazer as escolhas certas para Ele.
A alma que serve a Deus assumirá a responsabilidade por seus pensamentos (Filipenses 4:8).
Ele permitirá que a doutrina cristã fortaleça sua mente e excluirá todos os pensamentos indignos.
A obediência à Palavra de Deus e o amor por nossos irmãos e irmãs manterão nossas almas puras: "Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro; sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre." (1 Pedro 1:22, 23).
Paulo escrevendo para aquelas pessoas que já estavam salvas em Éfeso, disse: "Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, pois faziam a vontade da carne e dos pensamentos." (Efésios 2:1-3)
A vida de uma pessoa não regenerada está quase por inteira governada pela alma.
Pode estar vivendo com temor, curiosidade, alegria, orgulho, piedade, prazer, delícia, estranheza, vergonha, amor, arrependimento, gozo.
Ou pode estar cheia de ideais, imaginações, superstições, dúvidas, suposições, interrogações, induções, deduções, análise, introspecções.
Ou pode ser impulsionada — pelo desejo de poder, reconhecimento social, riqueza, liberdade, posição, fama, glória, conhecimento — a tomar decisões atrevidas, a entrar pessoalmente em compromissos, a expressar opiniões obstinadas, ou inclusive a resistir a testes pacientemente.
Todas estas coisas e outras similares são simplesmente manifestações das três principais funções da alma, que são a emoção, a mente e a vontade.
Acaso a vida não se compõe predominantemente destas coisas? Mas nunca poderão levar à regeneração.
Fazer penitência, sentir-se aflito pelo pecado, derramar lágrimas, inclusive fazer votos, não leva à salvação.
A confissão, a decisão e muitos outros atos religiosos nunca podem nem têm que ser interpretados como um novo nascimento. O julgamento racional, a compreensão inteligente, a aceitação mental, ou a busca do bom, do belo e do autêntico, são simplesmente atividades da alma não salva.
Embora possam servir bem como criados, as ideias, sentimentos e decisões do homem natural não podem servir como donos e por isso são secundários neste assunto da salvação.
Daí que a Bíblia nunca considera que o novo nascimento seja tratar com severidade o corpo, um sentimento impulsivo, a exigência da vontade ou uma reforma através da compreensão mental. O novo nascimento bíblico acontece em uma área muito mais profunda que o corpo, sim, é no espírito e alma do homem onde recebe a vida de Deus por meio do Espírito Santo.
O escritor de Provérbios nos diz que "o espírito do homem é a candeia do Senhor" (Provérbios 20:27).
No renascimento, o Espírito Santo entra no espírito do homem e o aviva como se acendesse um abajur.
Este é o "espírito novo" mencionado em Ezequiel 36:26.
O velho espírito morto é avivado quando o Espírito Santo lhe transmite a vida incriada de Deus.
Lemos em Romanos 8:16: "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus."
Antes da regeneração, a alma do homem controla a seu espírito, enquanto seu próprio "eu", governa a sua alma e sua paixão governa a seu corpo. Neste caso a alma se converteu na vida do corpo.
Na regeneração, o homem recebe a própria vida de Deus em seu espírito e nasce de Deus. Em consequência disso, agora o Espírito Santo governa o espírito do homem, que, por sua vez, é equipado para recuperar o controle sobre sua alma e, por meio da alma, governar seu corpo.
Quando um pecador é salvo pela graça de Deus, o seu espírito humano, a alma e o corpo são restaurados segundo o propósito original de Deus.
Paulo diz que, "Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai."
Não sei como tem pessoas e até líderes religiosos que não somente pensam, mas estão eles mesmos, por suas habilidades naturais e religiosas alcançar esta tão grande salvação, que somente Deus pode produzir.
A Bíblia é clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."
(João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)
Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)
32. O Corpo Humano é Consciente do Mundo?
Deus projetou o espírito e a alma para habitar um corpo material. Experimentamos nosso ambiente físico por meio dos sistemas sensoriais do corpo e controlamos nosso ambiente por meio de seus sistemas motores. Com nossos corpos, nos relacionamos com outros seres físicos. Embora os materialistas insistam que o corpo é a pessoa inteira, a Escritura vê o corpo como a posse e morada da alma e do espírito.
Após a morte, a localização de uma pessoa é a localização de seu espírito e alma, no céu ou no inferno; o corpo retorna ao pó Assim, um corpo sozinho não é uma pessoa, mas apenas um espírito e uma alma é uma pessoa.
Vamos ler alguns versículos para nos ajudar no que foi dito até agora:
Paulo disse: "Tenho desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne." (Filipenses 1:23, 24)
"Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor." (2 Coríntios 5:8)
"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio." (Lucas 16:22, 23)
Apesar do corpo ser a parte mais periférica e menos essencial do ser humano, as Escrituras ainda o consideram necessário para a integridade humana.
Atualmente, tanto o céu quanto o inferno são povoados por pessoas desencarnadas, descritas, por exemplo, como "espíritos de justos aperfeiçoados" (Hebreus 12:23) ou "espíritos em prisão" (1 Pedro 3:19).
São pessoas incompletas, almas "nuas" num certo sentido, aguardando uma reunião final com seus corpos (2 Coríntios 5:1-3).
Quer sejam salvos ou perdidos, está chegando o dia em que homens e mulheres entrarão em sua morada eterna como pessoas completas com seus corpos, almas e espíritos.
Antigos filósofos gregos como Platão, os saduceus da época de Cristo e os gnósticos posteriores viam o corpo como uma prisão maligna.
Na verdade, eles acreditavam que o corpo poluía a alma, impedindo-a de obter seu verdadeiro potencial. Para esses pensadores, a salvação e a liberdade vêm apenas quando a alma escapa das correntes do corpo e dos emaranhados do mundo físico. Hoje, os pensadores da Nova Era ensinam essencialmente a mesma coisa: por meio da meditação e de outros meios, pode-se aproveitar as energias espirituais para escapar do corpo, transcender o físico e alcançar a unidade com o cosmos.
A Bíblia nega completamente essas visões.
Quando Deus criou Adão, ele era "muito bom" – seu corpo não era mau ou corruptível. Se o pecado não tivesse entrado, o envelhecimento físico e o desgaste que levam à morte não teriam feito parte da vida humana. (Gênesis 2:17; 3:19, 22; Romanos 5:12)
A Bíblia ensina que o pecado estragou e humilhou o corpo humano (Filipenses 3:21), mas nunca culpa o corpo físico pelo pecado. (Mateus 15:19; Romanos 1:28; Efésios 2:3)
A salvação, então, não é a libertação da alma do corpo.
Pelo contrário, a salvação deve primeiro purificar o espírito e a alma.
Em um dia vindouro, a redenção transformará também o corpo do crente para se tornar como "o corpo da sua glória". (Romanos 8:23; Filipenses 3:21).
A Bíblia considera o corpo como uma vestimenta que a alma veste na concepção, tira na morte e veste novamente na ressurreição.
Paulo também compara o corpo a uma tenda – uma habitação temporária para a alma e o espírito (2 Coríntios 5:1, 4).
As estacas podem ser levantadas e a tenda dobrada a qualquer momento.
No arrebatamento (evento que somente os salvos participarão), trocaremos nossas tendas por lares permanentes — trocaremos este corpo terreno por um corpo celestial eterno (2 Coríntios 5:2).
Paulo chama nossos corpos em sua condição atual de "almáticos" (no grego: psuchikos ), porque Deus os projetou principalmente como veículos para a alma (1 Coríntios 15:44).
Nossos corpos estão associados a Adão, a "alma vivente" (1 Coríntios 15:45).
Eles não estão totalmente equipados para que o espírito humano se expresse.
Mas um dia, na ressurreição, eles mostrarão sua associação com Cristo, o "Espírito que dá vida".
Receberemos então corpos espirituais, não corpos compostos de espírito (como um fantasma), mas corpos governados pelo espírito regenerado.
Assim como nossos corpos atuais expressam a vida da alma, nossos corpos futuros expressarão a vida do espírito.
Eles terão habilidades para o serviço de Deus além do que podemos imaginar agora.
Hoje somos animados a apresentar nossos corpos "como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual" (Romanos 12:1).
Nossos corpos são agora os templos do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).
Deus os valoriza, e nós também devemos.
As pessoas do mundo dizem a Deus e ao governo para "manter suas leis fora do meu corpo".
O crente, entretanto, sabe que ele ou ela é apenas um mordomo do corpo - não o dono: "Porque fostes comprados por bom preço; portanto, glorificai a Deus em vosso corpo" (1 Coríntios 6:20).
Não devemos entregar nossos corpos a vícios e outros hábitos pouco saudáveis; nunca devemos abusar dos direitos de Deus alterando nossos corpos com tatuagens, piercings ou cirurgias plásticas desnecessárias do ponto de vista simplesmente estético.
Paulo disse: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça." (Romanos 6:12, 13)
Com nossos espíritos, temos consciência de Deus; com nossas almas, estamos conscientes de nós mesmos; com nossos corpos, nos relacionamos com o mundo físico.
Quando falamos em ter "três partes", entretanto, devemos lembrar que cada um de nós é uma unidade com uma única consciência.
O pecado arruinou todo o nosso ser, mas a redenção de Cristo purificou e reivindicou todo o nosso ser, e Ele nos aperfeiçoará como seres humanos intactos. Ainda assim, Deus revelou essas verdades para nosso aprendizado, para que possamos servi-Lo com mais inteligência.
Que nossos espíritos comuniquem com Deus e aceitem a instrução do Espírito Santo; que nossas almas respondam à direção de nossos espíritos e resolvam ser separadas para Deus; e que nossos corpos honrem e sirvam ao Senhor Jesus!
O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 3:1, divide a todos os cristãos em duas classificações.
São os espirituais e os carnais. Um cristão espiritual é aquele em que o Espírito Santo vive em seu espírito e controla todo seu ser. Então, o que significa ser carnal?
A Bíblia usa a palavra "carne" para descrever a vida e o valor de um homem não regenerado. Compreende tudo o que surge de sua alma e de seu corpo pecaminoso (Romanos 7:19).
Por isso o cristão carnal é o que nasceu de novo e que tem a vida de Deus, mas em lugar de vencer a sua carne é vencido por ela.
Sabemos que o espírito de um homem caído está morto e que esse homem está dominado por sua alma e seu corpo. Em consequência, um cristão carnal foi salvo, é aquele cujo espírito foi avivado, mas que ainda segue à sua alma e ao seu corpo para pecar.
Se um cristão permanecer em um estado carnal muito tempo depois de ter experimentado o novo nascimento, impede que a salvação de Deus leve a cabo sua completa manifestação e seu potencial.
Só se crescer na graça, constantemente governado pelo Espírito Santo, pois desta forma, pode a salvação manifestar-se totalmente nele.
Deus providenciou uma salvação completa no calvário para a completa regeneração dos pecadores, e uma vitória total sobre a velha criatura por parte dos crentes.
"Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." (Romanos 6:11-14)
33. As almas humanas diferem das almas dos animais?
A Bíblia deixa bem claro que o homem é único de todas as outras criaturas. "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis 1:26).
Observe que Deus discute apenas a criação do homem, não dos animais. A formação do homem difere da das outras criaturas: somente o homem é criado como indivíduo, formado pessoalmente do pó, e separadamente recebe o sopro da vida diretamente de Deus.
Esta vida única equipa o homem com entendimento espiritual e uma consciência.
Lemos em Jó 32:8: "Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido."
E lemos em Provérbios 20:27: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre."
Feito à imagem de Deus, somente o homem representa Deus; feito à semelhança de Deus, só o homem se assemelha a Deus. Somente o homem tem um espírito, capacitando-o de maneira única para a comunhão com Deus. Somente Adão era o "filho de Deus" pela criação, e ele, com Eva, tinha domínio sobre o resto da criação. (Lucas 3:38)
Devemos reconhecer, no entanto, que os animais também são almas viventes.
Gênesis 1:20, 21, 24 e 30 usa a expressão, "hebraico: nephesh hayyah" (literalmente "uma alma de vida") para peixes, pássaros e criaturas terrestres, e Gênesis 2:7 usa a mesma expressão para o homem.
Os animais têm alma no sentido de que sua vida, como a nossa, não pode ser reduzida apenas ao funcionamento biológico de suas células. Eles têm uma força vital imaterial.
No entanto, a Bíblia em nenhum lugar sugere que as almas dos animais existem sem fim.
Milhares de almas de animais acompanharam Noé na arca, mas em 1 Pedro 3:20 afirma que apenas oito almas foram salvas.
As almas humanas são, portanto, totalmente diferentes das almas animais.
Apenas as almas humanas são responsáveis perante Deus, apenas as almas humanas sobrevivem a seus corpos e apenas as almas humanas habitam o céu ou no inferno para sempre.
Em relação aos sacrifícios do Antigo Testamento, é imperativo ver o significado da vida da alma animal.
Levítico 17:11 ensina que "a vida (hebraico: nephesh, alma) da carne está no sangue".
O sangue derramado de animais faz expiação pela alma humana.
O próprio sangue permeia todo o corpo, trazendo uma única vida coerente ao organismo; o sangue ilustra a existência de uma força vital imaterial dentro do corpo físico.
Lemos em Deuteronômio 12:23: "O sangue é vida; pelo que não comerás a vida com a carne."
O sangue correndo sinaliza a presença de uma vida anímica interior e informe que transcende a mera vida biológica.
O derramamento de sangue animal significava o gasto de uma alma animal, que fornecia limpeza cerimonial para almas humanas.
Deus não soprou nos animais e, portanto, eles não possuem espíritos.
Reconhecidamente, Gênesis 6:17 e 7:15, 22 usam o termo (hebraico: ruach - "espírito" ou "fôlego") para animais, mas esses versículos da narrativa do Dilúvio referem-se a respiração literal.
Todos os animais que respiram ar morreram afogados no dilúvio, exceto os que estavam na arca de Noé. Os animais não têm espíritos reais ou almas sem fim.
Tem outras passagens na Bíblia que também falam de respiração literal, como Salmos 104:29 e Eclesiastes 3:21.
A morte entrou no mundo por meio da queda do homem.
Aqui se faz referência à morte espiritual que separa o homem de Deus. Entrou por meio do pecado no princípio e continuou fazendo-o desde então. A morte sempre chega através do pecado. Notemos o que nos diz Romanos 5:12 sobre este assunto.
Em primeiro lugar, que "o pecado entrou no mundo por meio de um homem". Adão pecou e introduziu o pecado no mundo.
Segundo, que "a morte (entrou no mundo) através do pecado". A morte é o resultado invariável do pecado.
E, finalmente, que como consequência "a morte se estendeu a todos os homens porque todos os homens pecaram".
A morte não "se estendeu a" ou "passou aos homens simplesmente", mas sim literalmente "passou para todos os homens".
A morte impregnou o espírito, o alma e o corpo de todos os homens. Não há nenhuma parte de um ser humano pela que não tenha passado.
Por isso é indispensável que o homem receba a vida de Deus. A salvação não pode chegar por uma reforma humana porque "a morte" é irreparável. O pecado tem que ser julgado antes de que possa haver resgate da morte para os homens. Isto é exatamente o que tem feito a salvação do Senhor Jesus.
O homem que peca deve morrer. Isto está anunciado na Bíblia.
Nenhum animal nem nenhum anjo podem sofrer o castigo do pecado em lugar do homem. É a natureza do homem a que peca, por isso é o homem que deve morrer. Só o humano pode expiar pelo humano. Mas como o pecado está em sua humanidade, a morte do homem não pode expiar por seu próprio pecado. O Senhor Jesus veio e assumiu a natureza do homem, para poder ser julgado em lugar da humanidade.
Não corrompida pelo pecado, sua santa natureza humana pôde deste modo expiar pela humanidade pecadora por meio da morte. Morreu como substituto, sofreu todo o castigo do pecado e ofereceu sua vida como resgate por muitos.
Como consequência, todo aquele que crê nEle já não será julgado (João 5:24).
Falando do Senhor Jesus, a Bíblia diz que, quando o Verbo se fez carne, levava em si toda carne.
Assim como a ação de um homem, Adão, representa a ação de toda a humanidade, a obra de um homem, Cristo, representa a obra de todos. Temos que ver quão completa é a obra de Cristo antes de poder compreender o que é a redenção.
Por que o pecado de um homem, Adão, é julgado como o pecado de todos os homens passados e presentes?
Adão é o cabeça da humanidade da qual vieram ao mundo todos os demais homens. De uma forma similar, a obediência de um homem, Cristo, faz-se justiça de muitos, passados e presentes, posto que Cristo constitui o Cabeça de uma nova humanidade, originada por um novo nascimento.
Estava em Suas mãos livrar-se destes sofrimentos da cruz do calvário, mas voluntariamente ofereceu seu corpo para suportar todas as insondáveis provações e dores sem acovardar-se nem um momento até que soube que "tudo estava consumado". Só então entregou seu espírito. (João 19:28-30)
Não só seu corpo; sua alma também sofreu. A alma é o órgão da própria consciência. Antes de ser crucificado, deram a Cristo vinho misturado com mirra como calmante para mitigar a dor, mas Ele o rejeitou porque não estava disposto a aceitar nenhum sedativo, mas sim a estar plenamente consciente do sofrimento. As almas humanas desfrutaram plenamente do prazer dos pecados; por conseguinte, Jesus ia suportar em sua alma a dor destes pecados. Preferiu beber a taça que Deus lhe deu do que a taça que anestesiaria sua consciência.
Que vergonhoso era o castigo da cruz, utilizava-se para executar os escravos fugidos.
Um escravo não tinha propriedades nem direitos. Seu corpo pertencia a seu dono, e por conseguinte podia ser castigado com a cruz mais vergonhosa. O Senhor Jesus tomou o lugar de um escravo e foi crucificado.
O profeta Isaías o chamou "o servo", e Paulo disse que tomou a forma de um escravo. Sim, veio como um escravo para nos resgatar aos que estávamos sob a escravidão perpétua do pecado e de Satanás. Fomos escravos da paixão, do temperamento, dos costumes e do mundo. Estivemos a mercê do pecado. No entanto, Ele morreu por nossa escravidão e carregou com todo nosso opróbrio.
A Bíblia traz o relato de que os soldados ficaram com a roupa do Senhor Jesus (João 19:23).
Estava quase nu quando o crucificaram. Esta é uma das vergonhas da cruz. O pecado nos tira nossa veste radiante e nos deixa nus.
Nosso Senhor foi despido diante de Pilatos e logo depois de novo no Calvário. Como reagiu sua santa alma diante de semelhantes maus tratos?
Acaso não era um insulto à santidade de sua personalidade e uma vergonha?
Quem pode sondar seus sentimentos naquele trágico momento?
Como todos os homens tinham desfrutado da glória aparente do pecado, o Salvador tinha que suportar a autêntica vergonha do pecado.
"Verdadeiramente (Deus) cobriste-o de vergonha..., com que os teus inimigos, ó Senhor, têm difamado os passos do teu ungido."; e até "suportou a cruz, desprezando a vergonha."
(Salmos 89:45, 51; Atos 12:2).
Ninguém poderá jamais constatar o muito que sofreu a alma do Salvador na cruz. Contemplamos frequentemente seus sofrimentos físicos, mas passamos por cima dos sentimentos de sua alma. Uma semana antes da Páscoa o ouviram dizer: "Agora a minha alma está perturbada" (João 12:27). Isto assinala a cruz.
No Jardim do Getsêmani o ouviram de novo dizer: "A minha alma está triste até a morte" (Mateus 26:38).
Se não fosse por estas palavras quase não poderíamos pensar que sua alma tinha sofrido.
Em Isaías 53:10-12, menciona três vezes que sua alma foi oferecida pelo pecado, que sua alma sofreu e que derramou sua alma até a morte.
Pois que Jesus suportou a maldição e a vergonha da cruz, quem crê nele já não será maldito nem envergonhado.
Seu espírito também sofreu terrivelmente. O espírito é a parte do homem que o equipa para comunicar-se intimamente com Deus. O Filho de Deus era santo, inocente, imaculado, separado do pecado.
Seu espírito estava unido ao Espírito Santo em perfeita unidade. Nunca teve seu espírito um momento de perturbação nem de dúvida, porque sempre teve a presença de Deus com Ele.
Jesus disse: "Não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou... E aquele que me enviou está comigo" (João 8:16, 29).
Por isso pôde orar: "Pai, graças te dou, porque me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves" (João 11:41,42).
Enquanto pendurado na cruz — e se houve algum dia que o Filho de Deus necessitasse desesperadamente da presença de Deus deve ter sido esse dia — Ele gritou: "meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46).
Seu espírito estava separado de Deus. Quão intensamente, sentiu a solidão, o abandono, a separação!
O Filho eterno ainda estava cedendo, o Filho ainda estava obedecendo à vontade de Deus-Pai; sem dúvida, o Filho tinha sido abandonado: não por causa dEle, mas sim por causa de outros.
O pecado afeta muito profundamente o espírito e, por conseguinte, embora o Filho de Deus fosse santo, tinha que ser separado de Deus porque levava o pecado de outros.
É certo que nos incontáveis dias da eternidade, como Ele mesmo disse: "eu e o Pai somos um" (João 10:30).
Inclusive durante sua estada na Terra continuou sendo assim, porque sua humanidade não podia ser uma causa de separação do Deus.
Só o pecado podia separá-los, embora esse pecado fosse de outros.
Lemos em 2 Coríntios 5:19-21: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."
Abandonado Por Deus, Cristo sofreu, pois, a mais amarga dor do pecado, suportando na escuridão a ira castigadora de Deus sobre o pecado sem o apoio do amor de Deus ou a luz de seu rosto.
Ser abandonado por Deus é a consequência do pecado.
Agora nossa humanidade pecadora foi julgada totalmente porque foi julgada na humanidade sem pecado do Senhor Jesus. Nele, a humanidade santa conquistou sua vitória. Toda sentença sobre o corpo, a alma e o espírito dos pecadores foi lançada sobre Ele. Ele é nosso representante. Por fé estamos unidos a Ele. Sua morte é considerada como nossa morte, e sua sentença como nossa sentença. Nosso espírito, alma e corpo foram julgados e castigados nele. Seria o mesmo que se tivéssemos sido castigados em pessoa.
"Assim, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).
Isto é o que Ele tem feito por nós e esta é agora nossa posição diante de Deus.
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:19)
Nossa posição real é de que já morremos no Senhor Jesus, e agora só falta que o Espírito Santo transporte este fato para nossa experiência. A cruz é onde o pecador — seu espírito, alma e corpo — é julgado.
É por meio da morte e da ressurreição do Senhor que o Espírito Santo de Deus pode nos transmitir as realidades da natureza divina.
A cruz ostenta o julgamento do pecador, proclama a ausência de valor do pecador, crucifica o pecador e proporciona a vida do Senhor Jesus. Desde então, qualquer que aceitar a cruz nascerá de novo pelo Espírito Santo e receberá a vida do Senhor Jesus.
"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." (1 Coríntios 1:18)
A Bíblia é clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)
Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)
34. A alma e o espírito humano são distintos?
Como o espírito difere da alma não é tão óbvio ou fácil. De fato, o escritor aos Hebreus aponta que somente a Palavra de Deus pode distinguir claramente os dois: "penetra até a divisão da alma e do espírito" (Hebreus 4:12).
No interior do corpo (representado por seus ossos), um bisturi pode dissecar articulações da medula. Assim, no setor não físico interno, a Palavra de Deus diferencia a alma humana do espírito humano.
A frase "a divisão da alma e do espírito" não significa que a Palavra de Deus realmente desconecte esses componentes imateriais um do outro. Embora a morte física separe o espírito-e-alma do corpo, nada pode deslocar o espírito da alma.
A parte espiritual do homem, composta de espírito e alma juntos, é indivisível; ainda assim, a Palavra de Deus pode separar figurativamente a alma e o espírito, distinguindo-as e tratando-as cada uma separadamente.
Apesar disso, muitos teólogos modernos ensinam que os termos "alma" e "espírito" são idênticos, afirmando que os seres humanos têm apenas dois componentes, não três.
Eles baseiam isso no fato de que a Palavra de Deus muitas vezes parece usar "alma" e "espírito" de forma intercambiável.
As palavras de Maria em Lucas 1:46-47 são um exemplo disso: "A minha alma se engrandece..., e meu espírito se alegrou". (Leia Jó 7:11; Isaías 26:9).
Quando o Espírito Santo de Deus coloca frases paralelas juntas, no entanto, Ele não pretende que vejamos as palavras correspondentes como precisamente idênticas. Se deixarmos de procurar distinções sutis, deixaremos escapar verdades valiosas por entre os dedos. Por exemplo, aqueles que entendem significados idênticos para as frases "à nossa imagem" e "conforme a nossa semelhança" em Gênesis 1:26 perdem a verdade de que Deus fez o homem à sua imagem para representar Ele, mas fez o homem à Sua semelhança para se assemelhar a Ele.
Frases semelhantes não são frases idênticas.
Mas por que os termos "alma" e "espírito" parecem se sobrepor na Palavra de Deus?
A Bíblia frequentemente usa um dos dois termos para representar ambos, ou mesmo para a pessoa como um todo. Chamamos esse dispositivo literário de "sinédoque" – uma figura de linguagem na qual uma parte representa o todo (como a mão do marinheiro em todas as mãos no convés), ou o todo representa uma parte (como a lei para o policial).
Assim, Lucas registra em Atos 27:37: "E éramos ao todo, no navio, duzentas e setenta e seis almas".
Neste versículo, o termo "alma" é uma sinédoque para pessoas inteiras, (corpo, alma e espírito).
Da mesma forma, a Bíblia às vezes usa "espírito" ou "carne" ou "coração" ou "corpo" para se referir à pessoa inteira.
Portanto, algumas passagens falam de termos "corpo" e "alma" (Mateus 10:28), algumas usam os termos "corpo" e "espírito" (Tiago 2:26; 2 Coríntios 7:1), e algumas combinam " carne" e "coração" (Salmos 16:9; 73:26; Ezequiel 44:7).
Em cada caso, "espírito", "alma" ou "coração" representam o componente imaterial e espiritual do homem, em contraste com o físico.
O conceito de regeneração conforme o encontramos na Bíblia fala do processo de passar da morte para a vida. O espírito de um homem antes da regeneração está afastado de Deus e é considerado morto, porque a morte é a dissociação da vida e de Deus, que é a fonte da vida. Em consequência, a morte é a separação de Deus.
O espírito do homem está morto e por conseguinte é incapaz de ter comunhão íntima com Ele. Ou sua alma o controla e o submerge em uma vida de ideias e imaginações, ou os desejos carnais e os costumes de seu corpo o estimulam e reduzem a sua alma à escravidão.
A Bíblia é clara no assunto da nossa salvação: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)
Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)
O espírito do homem tem que ser avivado porque nasceu morto. O novo nascimento de que falou o Senhor Jesus com Nicodemos é o novo nascimento do espírito. (João 3)
É obvio que não é um nascimento físico como acreditava Nicodemos, nem tampouco anímico. Devemos nos fixar cuidadosamente em que o novo nascimento transmite a vida de Deus ao espírito do homem. Posto que Cristo expiou por nossa alma e destruiu o princípio da carne, os que estamos unidos a Ele participamos de sua vida de ressurreição.
Quando salvo pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, fomos unidos a Ele em sua morte; por conseguinte, é em nosso espírito onde colhemos primeiro o cumprimento de sua vida de ressurreição.
O novo nascimento é algo que acontece totalmente no espírito humano: não tem nenhuma relação com o corpo em si.
O que faz que o homem seja único na criação de Deus não é que possui uma alma, mas sim que tem um espírito que, unido à alma, constitui o homem. Esta união faz do homem um ser extraordinário no universo.
Segundo a Bíblia é seu espírito que tem relação com Deus. Deus é Espírito, e em consequência todos os que o adoram devem adorá-lo em espírito. Só o espírito pode ter comunicação íntima com Deus. Só o espírito humano pode adorar em Espírito e em verdade. Por isso encontramos na Bíblia frases como:
"Servindo com meu espírito" (Romanos 1:9; 7:6; 12:11);
"Conhecendo por meio do espírito" (1 Coríntios 2:9-12);
"Adorando em espírito" (João 4:23, 24);
"Recebendo em espírito a revelação de Deus" (Apocalipse 1:10; 1 Coríntios 2:10).
A bíblia diz que antes da salvação, aquela pessoa, "estava morta nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, pois faziam a vontade da carne e dos pensamentos" (Efésios 2:1-3).
A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo.
1 Tessalonicenses 5:23, 24 diz: "E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, e ele também o fará."
Este versículo mostra claramente que o homem está dividido em três partes. O apóstolo Paulo se refere aqui à santificação total dos crentes: "vos santifique completamente".
Segundo o apóstolo, como se santifica uma pessoa por completo? Guardando para Deus o seu espírito, alma e corpo.
Com isso, é fácil compreender que o conjunto da pessoa compreende estas três partes.
Este versículo também faz uma distinção entre espírito e alma, pois de outro modo Paulo teria dito simplesmente "sua alma". Posto que Deus distinguiu o espírito humano da alma humana, concluímos que o homem está composto, não de dois, mas sim de três partes: espírito, alma e corpo.
Em sua carta aos Gálatas, depois de enumerar muitos atos da carne, o apóstolo Paulo adverte que "os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e desejos"(Gálatas 5:24). Eis aqui a libertação.
Não é estranho que o que interessa ao crente difere muito do que interessa a Deus?
O crente está interessado nas "obras da carne" (Gálatas 5:19), quer dizer, nos pecados variados da carne. Está ocupado com a irritação de hoje, o ciúme de amanhã ou a disputa depois de amanhã.
O crente se lamenta por um pecado em particular e deseja conseguir a vitória sobre ele. Entretanto, todos estes pecados só são frutos da mesma árvore. Enquanto se agarra uma fruta (em realidade não se pode agarrar nenhuma) aparece outra. Crescem uma atrás de outra e não dão nenhuma possibilidade de vitória. Por outro lado, Deus não está interessado nas obras da carne, mas sim na crucificação da carne.
A salvação que proporciona esta vitória é justamente o remédio adequado preparado exclusivamente por Deus.
Primeiro Cristo morreu na cruz pelo pecador para perdoar seus pecados. Portanto, o Deus santo podia perdoá-lo com justiça. Mas a seguir está o fato de que o pecador também morreu na cruz com Cristo para que não possa ser controlado mais por sua carne. Só isto pode fazer que o espírito e alma do homem recuperem seu próprio domínio, que o corpo seja seu servidor externo.
Desta forma, o espírito, a alma e o corpo serão restaurados a sua posição original anterior à queda.
"Os que pertencem a Cristo Jesus" se refere a todo crente no Senhor. Todos os que creram nEle e nasceram de novo lhe pertencem.
O fator decisivo é se esteve unido a Ele pela fé para ser salvo, não se é espiritual ou se trabalhar para o Senhor, nem se conseguiu libertação do pecado; pois, com a verdadeira salvação que recebemos em Cristo, venceram-se as paixões e desejos da carne e agora se é plenamente santificado.
Em outras palavras, a pergunta só pode ser: foi-se regenerado, ou não?
Creu no Senhor Jesus como Salvador, ou não?
Se a resposta for sim, não importa o estado espiritual atual — em vitória ou em derrota —, "crucificou-se a carne".
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:17)
O assunto que temos adiante não é moral, nem é coisa da vida, conhecimento ou obras espirituais. Simplesmente é, se é do Senhor ou não.
Se for assim, então já se crucificou a carne na cruz. Está claro que isto significa, não que alguém vai crucificar, nem que está no processo de crucificação, mas sim que já crucificou.
Se foi uma crucificação conjunta, então quando o Senhor Jesus foi crucificado, nesse momento também foi crucificada nossa carne. Além disso, a crucificação junto com a sua não a sofremos pessoalmente, posto que foi o Senhor Jesus quem nos levou a cruz em sua crucificação.
Em consequência, Deus considera nossa carne já crucificada. Para Ele é um fato consumado. Sejam quais forem nossas experiências pessoais, Deus declara que "os que pertencem a Cristo Jesus, crucificaram a carne".
Para possuir esta morte não devemos dedicar muita atenção a investigar ou observar nossas experiências. Em vez disso, devemos crer na Palavra de Deus.
Deus diz que minha carne foi crucificada e por isso acredito que está crucificada. Reconheço que o que diz Deus é verdade. Respondendo desta maneira logo nos encontraremos com a realidade disto. Se primeiro olhamos o ato de Deus, nossa experiência virá a seguir.
Da perspectiva de Deus, (os crentes de Corinto que boa parte era carnal) já tinham crucificada sua carne na cruz com o Senhor Jesus, mas do seu ponto de vista é evidente que não tinham semelhante experiência.
Possivelmente isto se devia a seu desconhecimento de fato de Deus. Daí que o primeiro passo para a libertação é tratar a carne segundo o ponto de vista de Deus. E o que é isso?
Não é tentar crucificar a carne, mas sim reconhecer que foi crucificada; não é andar segundo nossa vista, mas sim segundo nossa fé na Palavra de Deus. Se estivermos bem assentados neste ponto de reconhecer que a carne já está crucificada, então poderemos tratar com a carne em nossa experiência. Se vacilarmos quanto a este fato perderemos a possibilidade de possuí-lo definitivamente. Para experimentar a crucificação junto com Cristo, primeiro devemos deixar de lado nossa situação atual e simplesmente confiar na Palavra de Deus e viver a luz desta verdade.
Lemos em Gálatas 5: "Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito."
35. O espírito humano é Consciente de Deus?
O conceito corrente da constituição dos seres humanos é dualista: alma e corpo. Segundo este conceito, a alma é a parte interior espiritual invisível, enquanto que o corpo é a parte corporal externa visível. Embora haja algo de correto nisto, contudo, é inexato.
Esta opinião vem de homens caídos, não de Deus. Além da revelação de Deus não há nenhum conceito seguro. Que o corpo é a cobertura externa do homem é, sem dúvida alguma, correto, mas a Bíblia jamais confunde o espírito e a alma como se fossem a mesma coisa. Não só são diferentes em condições, mas também suas naturezas diferem uma de outra. A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo.
Lemos em 1 Tessalonicenses 5:23, 24 diz: "E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, e ele também o fará".
Para termos consciência de Deus, amá-lo e comungar com ele, precisamos ter espírito. Embora as plantas tenham corpos físicos e os animais tenham almas, apenas os seres humanos possuem espíritos. Somente por nossos espíritos conhecemos Deus, o Pai dos espíritos (Hebreus 12:9).
"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).
A Palavra de Deus atribui ao espírito habilidades como razão, fé e esperança. O espírito do homem o torna consciente de Deus e capaz de se relacionar com Deus (1 Coríntios 14:2, 14-16).
Além disso, seu espírito o torna consciente de seus próprios pensamentos e capaz de compreender a si mesmo (1 Coríntios 2:11).
O espírito de uma pessoa tem o senso moral de fazer julgamentos éticos e formar convicções, e carrega a capacidade de anular os instintos. O espírito humano é capaz de reverência e adoração. Nenhum animal tem tais capacidades.
O espírito humano, dá-lhe imaginação e criatividade.
Antes da conversão, nossos espíritos estavam alienados de Deus (Efésios 4:18).
No entanto, a salvação trouxe vida espiritual, e "aquele que se une ao Senhor é um só espírito com Ele", descrevendo a união mais próxima possível (1 Coríntios 6:17).
Assim como o sopro de Deus trouxe vida a Adão, o Espírito Santos de Deus nos traz vida eterna (João 6:63).
O Espírito de Deus continua a trabalhar intimamente com nossos espíritos: "O mesmo Espírito Santos testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8:16).
Na verdade, esse contato é tão próximo que às vezes não temos certeza se certos versículos se referem aos nossos espíritos ou ao Espírito Santo de Deus que os capacita (por exemplo, Filipenses 3:3).
"Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne."
Pelo gracioso controle do Espírito Santo, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Coríntios 14:32).
O serviço mais elevado que podemos prestar a Deus é o serviço que surge de nossos espíritos renovados (Romanos 1:9).
Deus espera que tenhamos uma mente espiritual (Romanos 8:6).
A mente espiritual aprende a ceder ao Espírito e recebe dele a verdade espiritual e anseia por comunhão íntima com Deus. (1 Coríntios 2:10-16).
Qualquer pecador pode ser salvo pela graça de Deus, mediante a fé no Senhor Jesus Cristo. E quanto a isso, a Bíblia é muito clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."
(João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)
Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna."
(Tito 3:5-7)
Paulo diz aos crentes em Roma, que, "Enquanto estavam vivendo na carne, nossas paixões pecaminosas, obravam em nossos membros para dar fruto de morte. Mas agora estamos, mortos com Cristo." (Romanos 7:5, 6)
A consequência disto é a carne já não ter nenhum poder sobre nós.
Acreditamos e reconhecemos que nossa carne foi crucificada na cruz. O que Deus tem feito por nós na Cruz de Cristo e o que experimentamos dia a dia da obra acabada de Deus, embora sejam duas coisas distinguíveis, são inseparáveis.
Deus fez o que podia fazer. A pergunta imediata é: Que atitude adotamos em relação à sua obra terminada?
Ele crucificou nossa carne na cruz, não de nome, mas sim de fato. Se acreditamos e exercemos nossa vontade para escolher o que Deus tem feito por nós, esta experiência será nossa para sempre. Não se nos pede que façamos nada, porque Deus tem feito tudo. Não se nos exige que crucifiquemos nossa carne, porque Deus a crucificou na cruz.
Cremos nisso como verdade consumada?
Desejam possuí-lo em nossa vida?
Se cremos e desejamos, então colaborarão com o Espírito Santo para conseguir uma rica experiência.
Colossenses 3:5 nos exorta: "Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais." Este é o caminho para a experiência.
O "pois" indica a consequência do dito no versículo 3, "morrestes".
O "morrestes" é o que Deus obteve para nós. Posto que "morrestes", pois, "façam morrer o que é terrestre em vós".
Aqui, a primeira menção da morte é nossa posição de fato em Cristo; a segunda é nossa experiência real. O fracasso dos crentes de hoje pode achar-se no fracasso em ver a relação entre estas duas mortes. Alguns tentaram anular sua carne porque têm insistido exclusivamente na experiência da morte. Por isso sua carne cresce mais forte com cada tentativa!
Outros reconheceram a verdade de que sua carne de fato foi crucificada com Cristo na cruz, mas não procuram a realidade prática disso. Nenhum destes pode jamais se apropriar em sua experiência da crucificação da carne.
Se desejamos fazer morrer nossos membros, devemos primeiro ter uma base para semelhante ação, pois do contrário simplesmente confiaríamos em nossas forças. Nenhum grau de entusiasmo pode nos trazer jamais a experiência desejada.
Além disso, se unicamente soubermos que nossa carne foi crucificada com Cristo, mas não nos preocupamos de que sua obra acabada trabalhe em nós, nosso conhecimento também será inútil.
Para fazer morrer nossos membros devemos primeiro passar pela identificação de sua morte. Conhecendo nossa identificação, devemos então proceder ao fazer morrer nossos membros. Estes dois passos devem acontecer juntos.
Enganamos a nós mesmos se nos conformamos em simplesmente entender o fato da identificação, achando que agora somos espirituais posto que a carne foi destruída. Por outro lado, também nos enganamos se, ao fazer morrer as más ações da carne, colocamos nisso muita ênfase e falhamos em tomar a atitude de que a carne morreu.
Se esquecermos que a carne está morta, nunca poderemos nos desprender de nada, enterrar nada. O "façam morrer" depende do "morrestes".
Aqui, o fazer morrer significa levar a morte do Senhor Jesus a todas as ações da carne. A crucificação do Senhor tem muita autoridade porque faz morrer aquilo com que se enfrenta.
Como estamos unidos a Ele em sua crucificação, podemos aplicar sua morte a qualquer membro que seja tentado pelas paixões e fazê-lo morrer imediatamente.
Nossa união com Cristo em sua morte significa que é um fato em nossos espíritos. O que o crente deve fazer agora é tirar esta morte de seu espírito e aplicá-la a seus membros cada vez que suas paixões despertem.
Esta morte espiritual não é coisa para uma vez e pronto. Se o crente não se mantiver vigilante ou se perde a fé, é indubitável que a carne entrará em um frenesi de atividade.
Quem deseja ser totalmente conformado à morte do Senhor, deve fazer morrer sem cessar as ações de seus membros para que o que é real no espírito se realize no corpo.
Mas de onde vem o poder para aplicar a crucificação do Senhor a nossos membros?
Paulo insiste em que é "pelo Espírito Santo que se fazem morrer as ações do corpo" (Romanos. 8:13).
Para fazer morrer estas ações, o crente deve confiar no Espírito Santo para converter sua crucificação conjunta com Cristo em uma experiência pessoal.
Deve acreditar que o Espírito Santo aplicará a morte da cruz a tudo o que tenha que morrer. Em vista do fato de que a carne do crente foi crucificada com Cristo na cruz, não tem que ser crucificada de novo.
Tudo o que se precisa é aplicar, por meio do Espírito Santo, a morte consumada do Senhor Jesus em favor dele sobre a cruz a qualquer ação má do corpo que tente elevar-se. As obras más da carne podem surgir em qualquer momento e em qualquer lugar. Como consequência, se os filhos de Deus não fazem valer constantemente pelo Espírito Santo o poder da santa morte de nosso Senhor Jesus, não poderá triunfar.
Mas se enterrar as ações do corpo deste modo, o Espírito Santo que habita nele realizará finalmente o propósito de Deus de deixar inoperante o corpo do pecado (Romanos 6:6).
Apropriando-se da cruz deste modo, o menino em Cristo será libertado do poder da carne e será unido ao Senhor Jesus na vida da ressurreição.
Daí em diante o cristão deveria "andar pelo Espírito, e não satisfazer os desejos da carne" (Gálatas 5:16).
Deveríamos recordar sempre que por muito profundamente que penetre em nossas vidas a cruz do Senhor, não podemos esperar evitar mais perturbações das más ações de nossos membros sem uma constante vigilância por nossa parte.
Sempre que um filho de Deus fracassa em seguir o Espírito Santo, isto tem como consequência imediata seguir à carne.
36. Liderança tem que ser masculina?
A Palavra de Deus confia a autoridade e a liderança nos relacionamentos humanos aos homens. Assim, no governo da assembleia local, o Novo Testamento exclui as mulheres dos papéis de liderança e da pregação e ministério público, em vez disso, as chama para servir em tarefas igualmente importantes, mas complementares. As Escrituras baseiam essa divisão em papéis de gênero não no valor ou habilidade pessoal, mas sim na liderança – um princípio fundamental que Deus constrói em tudo o que Ele faz.
O termo hierárquico "cabeça" (hebraico "rosh ", grego "kephale"), descreve o que está em primeiro lugar.
Liderança pode ser confundida com senhorio, então observe as seguintes distinções:
Senhorio é sobre propriedade, Liderança é sobre ordem, autoridade;
Senhorio é poder, Liderança é posição;
Senhorio é regra, Liderança é ordenação.
Tanto um senhor quanto um líder ou chefe assumem o papel principal entre outros. Um senhor exerce a força para subjugá-los; uma liderança recebe a autoridade para liderá-los.
Os que estão sob o domínio devem se curvar, mas os que estão sob a liderança se submetem voluntariamente, reconhecendo a responsabilidade localizada em sua chefia para liderá-los e inspirá-los.
Pelo desígnio de Deus, Jesus não é apenas Senhor, mas Cabeça.
Ele é o Cabeça sobre todas as coisas para a Igreja (Efésios 1:22).
O Cabeça da Igreja (Efésios 5:23; Colossenses 1:18).
O Cabeça de todos os homens (1 Coríntios 11:3).
O Cabeça de todos os governos e autoridade (Colossenses 2:10).
No milênio vindouro, Deus "encabeçará todas as coisas no Cristo" (Efésios 1:10) – será o cumprimento espetacular de Seu plano de colocar um Homem sobre o universo.
(Gênesis 1:26; Salmos 8:5-6; Hebreus 2:8-9).
Como Cabeça administrativa, Cristo assume a responsabilidade de liderar, motivar e apoiar aqueles sob Sua liderança; como a Cabeça orgânica, Ele assume o encargo de santificar, nutrir e cuidar de Seu corpo (Efésios 5:25-33).
Todas as lideranças menores sob a liderança de Cristo finalmente O honram, então a liderança é imensamente preciosa para Deus.
Embora o Senhor Jesus seja infinitamente maior do que as criaturas sob Sua liderança, o próprio conceito de liderança nunca requer superioridade pessoal. Liderança é liderança funcional. A Bíblia revela tal hierarquia dentro da Trindade: embora o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam iguais em ser e em glória, o Filho se submete ao Pai, e o Espírito se submete ao Pai e ao Filho. (1 Coríntios 11:3; João 14:26; 15:26).
Uma vez que "a cabeça de Cristo é Deus" (1 Coríntios 11:3), a submissão à liderança não pode envolver inferioridade.
Homens e mulheres são igualmente o mesmo em valor. Em Gênesis 1:26-28, Deus descreve o homem genérico como eles – macho e fêmea.
Em seu relacionamento vertical com Deus, eles permaneceram como iguais, ambos criados à Sua imagem e segundo a Sua semelhança, mas distintos em sua masculinidade e feminilidade. O segundo capítulo de Gênesis, no entanto, Deus introduz a liderança. Aprendemos que a mulher foi feita depois, do homem e para o homem.
Deus formou o homem e falou com ele sozinho antes de formar sua ajudante Eva do seu lado. Assim, em seu relacionamento horizontal um com o outro, o macho e a fêmea são desiguais em função: Deus atribuiu a liderança a Adão e o papel de ajudadora a Eva.
Embora o domínio deles fosse uma parceria, a responsabilidade por esse domínio era apenas do homem. A submissão da mulher à chefia do homem, como a subordinação de um vice-presidente a um presidente em uma organização, não viola seu valor ou minimiza sua importância como pessoa.
Satanás, sem surpresa, odeia a liderança e a mina sempre que pode (Isaías 14:13-14).
Ele derrubou a liderança no Jardim isolando Eva de Adão (Gênesis 3:1-7), e as consequências trouxeram o pecado ao mundo (Romanos 5:12).
Hoje, Deus chama Seu povo para restaurar e manter a ordem original da criação praticando a liderança, não apenas em casa, mas também na assembleia local. Ao se submeterem inteligente e voluntariamente à chefia masculina, as mulheres podem honrar a Cristo de uma maneira ordenada apenas para elas. Nas reuniões da assembleia local, comunicamos essa liderança por liderança e ensino masculino, e cobertura feminina e o silêncio das mulheres. (1 Timóteo 2:12-15; 1 Coríntios 11:2-16; 14:33-35).
Quando os homens agem como homens e as mulheres como mulheres, eles retratam a relação de Cristo com Seu Corpo e deleitam não apenas os anjos, mas o próprio Deus. (1 Coríntios 11:10)
Antes de falar sobre as qualificações dos anciãos em sua primeira carta a Timóteo, Paulo afirma que "a mulher deve aprender em silêncio e em total submissão". Ele continua: "Não permito que a mulher ensine ou tenha autoridade sobre o homem; ela deve ficar em silêncio" (1 Timóteo 2:11-12).
Ele faz o mesmo argumento em 1 Coríntios 14:34, onde escreve: "As mulheres devem ficar caladas nas igrejas. Pois elas não têm permissão para falar, mas devem estar submissas, como também diz a Lei".
Paulo baseia seu ensinamento inspirado não em questões culturais atuais em Éfeso ou Corinto, mas na prioridade do homem na criação e na "prioridade" da mulher na queda, onde a ordem de liderança foi invertida de Deus-homem-mulher- serpente para serpente-mulher-homem-Deus (1 Timóteo 2:13, 14).
Após afirmar a liderança masculina nas reuniões de assembleia local em 1 Timóteo 2, Paulo aplica esse princípio no próximo capítulo aos homens que aspiram servir como anciãos (1 Timóteo 3:1-7).
Ele dá a Tito uma lista semelhante para ajudá-lo a reconhecer os anciãos nas assembleias de Creta (Tito 1:5-9).
Em ambas as listas, Paulo restringe as qualificações aos homens. Ele consistentemente usa apenas pronomes e adjetivos masculinos e inclui "marido de uma só mulher", uma frase que só pode ser aplicada a homens (1 Timóteo 3:2; Tito 1:6).
O modelo bíblico é liderança servil, não tirania opressiva. Pedro escreve que os anciãos não devem dominar os que estão sob sua responsabilidade, mas servir de exemplo para o rebanho (1 Pedro 5:3).
Os anciãos devem, no entanto, ensinar e exercer autoridade sobre o rebanho – funções de liderança designadas por Deus para os homens. Homens piedosos lideram e mulheres piedosas servem em papéis de apoio de importância crucial.
Ensinar papéis de gênero para homens e mulheres se choca com o igualitarismo que agora prevalece no mundo ocidental e em alguns círculos pseudocristãos.
Temendo represálias do estado e cedendo à pressão feminista, até mesmo grupos cristãos conservadores estão agora abertos a "reinterpretar" as declarações claras das Escrituras sobre os papéis de gênero.
Nesta era da mídia de massa, essas opiniões da moda e esquisitices hermenêuticas inundaram o mundo evangélico e estão se infiltrando por toda parte da Cristandade.
Os igualitaristas anunciam Gálatas 3:28 como seu manifesto e é a última palavra sobre o assunto.
Quando Paulo escreveu em Gálatas: "Não há macho e fêmea, pois todos vocês são um em Cristo Jesus", eles dizem que Paulo alcançou seu pensamento mais nobre; e nas "passagens problemáticas" onde ele ensinou a liderança masculina, ele estava recaindo em seu farisaísmo pré-conversão.
A partir disso, eles concluem que mulheres e homens são intercambiáveis em todos os lugares e que não deve haver restrições baseadas em gênero em qualquer "cargo" da igreja ou ministério.
Mas um texto arrancado de seu contexto é um mero pretexto.
Em Gálatas, Paulo proclama a justificação somente pela fé e não pelas obras (Gálatas 2:16).
Ele aborda apenas o relacionamento vertical das pessoas com Deus, não o relacionamento horizontal de homens e mulheres entre si; Paulo está falando da posição celestial "em Cristo" de cada pessoa salva pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, não de homens e mulheres em sua condição terrena em uma família ou em uma assembleia local.
Deus aceita todos os que colocam a fé em Cristo no mesmo terreno, não importa quem ou o que sejam. Todos os crentes são "um homem em Cristo Jesus", fundidos não apenas a Cristo, mas uns aos outros (Gálatas 3:28; Efésios 2:15).
Longe de neutralizar todas as distinções étnicas, sociais ou de gênero entre os cristãos, este versículo afirma que essas distinções – que ele assume – não implicam desigualdade espiritual diante de Deus.
Não temos dúvidas de que as assembleias locais dependem das mulheres. Os homens nunca poderiam fornecer o lastro espiritual que as mulheres fornecem. O serviço que prestam é tão valioso quanto o trabalho dos homens, e os homens não poderiam fazer o que fazem sem o apoio feminino.
A bênção depende da oração das mulheres. As mulheres casadas servem a Deus criando filhos e sustentando seus maridos (1 Timóteo 2:15).
Todas as mulheres fortalecem os crentes por sua misericórdia e hospitalidade, e por seu serviço a outras mulheres e crianças (Tito 2:3-5).
A divulgação do evangelho seria impossível sem as mulheres – um terço dos trabalhadores que Paulo elogia em Romanos 16 são mulheres.
As boas obras das mulheres constroem integridade na assembleia local e a transferem para os de fora (1 Timóteo 2:10; 5:10).
Quando os homens exibem a glória da liderança e as mulheres a glória da ajuda, temos o Éden antes da queda novamente.
37. Estamos certos em pregar que a salvação é uma decisão?
A pregação evangélica usa "uma decisão por Cristo" como equivalente para receber a salvação.
Vale a pena repetir com ênfase uma declaração frequentemente reiterada: "Ninguém é salvo se não decidiu buscá-lo, mas essa decisão não é a salvação".
O Senhor disse: "Esforce-se para entrar" (Lucas 13:24).
Os pecadores, portanto, são responsáveis por exercer sua vontade – decidir – na busca da salvação.
O pecador deve receber a Cristo para nascer de Deus (João 1:12).
No entanto, João 1:13 deixa claro que a vontade do homem não o salva: "Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus".
A salvação é uma obra de Deus, um ato da graça divina, não merecida pela decisão do pecador, nem causada pela fé do pecador, (pois então não seria pela graça de Deus).
Um pecador precisa estar ciente de sua responsabilidade, mas nossa pregação ou conquista pessoal de almas não deve pressionar um incrédulo a acreditar, como se decidir concordar com a verdade divina o salvaria.
A ênfase está em "Jesus Cristo e este crucificado" (1 Coríntios 2:2).
O pecador arrependido finalmente enfrenta sua total incapacidade de salvar a si mesmo e assim encontra a suficiência de Cristo para salvá-lo porque Cristo sofreu pelos pecados.
Lemos em Romanos 5:6-8: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores."
"Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus." (1 Pedro 3:18)
Lemos na Bíblia: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)
Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)
Uma revelação nas Escrituras é o ato de Deus de divulgar a verdade que não poderia ser conhecida de outra forma. Às vezes, esta revelação é chamada de mistério. (Efésios 3:3; 1 Coríntios 2:10).
Iluminação é compreender a verdade já revelada. À luz do ensinamento de Paulo em 2 Coríntios 4:4, a salvação chega a um indivíduo quando a verdade do evangelho se manifesta nele.
Paulo traça o paralelo entre a luz ordenada na criação e a luz que brilha em nossos corações na salvação (2 Coríntios 4:6).
Deus está pronto e desejoso de ordenar que essa luz brilhe no coração de todo pecador e não demora a fazê-lo quando um pecador finalmente submete sua vontade ao que Deus diz. O alvorecer da luz do evangelho não é uma questão de eleição, mas da submissão do pecador à Palavra de Deus.
"Deus nosso Salvador, quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos." (2 Timóteo 2 3-6)
Pregar arrependimento como se fosse um passo para a salvação não é bíblico nem útil para um pecador. Um pecador precisa aceitar a mensagem de Deus sobre sua condenação e desamparo; essa é a mensagem que ele precisa.
Tampouco devemos pregar ao pecador que ele precisa de uma revelação ou, mais propriamente, de uma iluminação.
Ele precisa de Cristo.
Ao apresentarmos Cristo e Seu glorioso triunfo no Calvário, o pecador arrependido receberá a verdade da salvação, iluminada pela Palavra de Deus.
Assim, a cruz está onde a justiça de Deus é manifestada. A cruz nos mostra o quanto Deus odeia o pecado. Ele está determinado a julgar o pecado. Ele estava disposto a pagar preço tão alto como o de ter Seu Filho pregado na cruz. Deus não estava disposto a desistir de Sua justiça. Se Deus estivesse disposto a esquecer Sua justiça, a cruz teria sido desnecessária. Por não estar disposto a abandonar Sua justiça, Deus preferiu que Seu Filho morresse.
A cruz também é o lugar onde o amor de Deus é manifestado. O peso dos nossos pecados deveria estar sobre nós. Se não o suportamos, é injusto. Mas suportar tal carga é demais para nós. Por isso Ele veio e a carregou por nós. O fato de Deus dispor-se a suportar a carga mostra-nos Seu amor. O fato de Deus ter, na verdade, suportado tal fardo, demonstra a Sua justiça. Deus fazer-nos levar a punição é justiça sem amor. Deus não nos fazer levar a punição é amor sem justiça. Por Ele tomar a punição e levá-la por nós, há tanto justiça como amor. Aleluia! A cruz cumpre tanto a exigência da justiça, como a exigência do amor. Nossa salvação hoje não é "mercadoria contrabandeada"; não a recebemos de modo fraudulento ou impróprio. Nós não fomos salvos ilegalmente. Fomos salvos de modo claro e definitivo por meio do julgamento.
Para nós, o perdão é gratuito, mas para Deus não há tal coisa como perdão gratuito. Para Ele, o perdão vem somente após a redenção dos pecados. Por exemplo, se você infringir a lei, e o tribunal exigir que pague uma multa de mil dólares, você deve pagar a multa para que seu caso seja encerrado. Da mesma maneira, fomos salvos somente após sermos julgados na cruz. Nossa salvação vem do julgamento de Deus sobre Cristo por nossos pecados. É uma salvação que vem apenas mediante o julgamento.
Neste caso, nós fomos julgados; então, depois disso, fomos salvos. O amor de Deus está aqui e a justiça de Deus também está aqui.
Se você não sabe o que é a justiça de Deus, tudo o que precisa fazer é encontrar uma pessoa salva e dar uma boa olhada nela. Você então saberá o que é a justiça de Deus. Se quiser conhecer a justiça de Deus, basta encontrar um cristão e saberá que Deus não lida com os nossos pecados irresponsavelmente. Ele fez pecado Àquele que não conheceu pecado. Porque o Senhor Jesus morreu, a obra da redenção foi cumprida. Estarmos hoje no Senhor Jesus é uma expressão da justiça de Deus. Quando uma pessoa vê alguém que crê no Senhor Jesus, ela vê a justiça de Deus.
O ponto de partida de uma pessoa salva é a Palavra de Deus, não a conduta do homem.
Hoje você pode perguntar-me se ainda está salvo, pois mentiu ontem. Eu não posso afirmar se você é salvo ou não baseado em se sua mentira foi uma boa mentira ou má mentira, uma mentirinha ou uma grande mentira.
Posso somente dizer-lhe o que a verdade da Bíblia diz. Se não for assim, não serão necessários, o tribunal de Cristo para os salvos do julgamento e o grande trono branco para não salvos.
Somente podemos atentar para o que a Palavra de Deus diz. Podemos apenas julgar as atitudes do homem pela Palavra de Deus. Nunca podemos julgar a Palavra de Deus pelas atitudes do homem. É a Palavra de Deus que diz que uma vez que o homem é salvo, ele é salvo eternamente.
Não há nada de errado nisso. Embora seja errado o homem agir irresponsavelmente por causa dessa palavra, ainda devemos julgar tudo pela Palavra de Deus. A Palavra de Deus é nossa constituição plena e nosso tribunal mais elevado.
38. E os Dinossauros?
Não precisamos ficar desesperados ou na ignorância porque a Palavra de Deus não faz nenhuma referência "clara" aos dinossauros, esses bichinhos que encantam, tantas as crianças como também o tempo e o dinheiro dos arqueólogos.
A Bíblia também não faz nenhuma menção sobre águas-vivas ou cangurus.
Toda a criação é uma revelação maravilhosa de Deus e muito dela ainda é desconhecida.
Que os dinossauros existiram não está em discussão aqui. O enorme esqueleto exposto em um museu não foi "inventado"; faz parte do registro da maravilhosa habilidade de Deus em criar todas as coisas.
Ninguém que conheça um pouco que seja da Bíblia, vai negar a existência dos dinossauros. Agora, quanto a teoria da evolução, ou melhor, chamada de "hipótese da evolução", a isto sim nos opomos, porque ela nega o registro da Palavra de Deus.
Em Jó 40 e 41, somos apresentados a dois animais enormes chamadas beemote e leviatã, criaturas com as quais Deus esperava que Jó se familiarizasse, foram criadas junto com a humanidade e eram claramente superiores a outros animais. (Jó 40:15; 41:33)
Não é novidade para ninguém que agora essas criaturas estão extintas, mas quem são estas criaturas em Jó, que são chamadas de beemote e leviatã, de tamanho enorme e grande força, senão dinossauros?
Os evolucionistas teorizam que os dinossauros morreram devido a mudanças climáticas catastróficas que causaram o desaparecimento de suas fontes normais de alimento.
A catástrofe em questão foi uma inundação global, provocada por um novo fenômeno chamado chuva, que é um dos pilares dos padrões climáticos atuais, combinado com uma redução das presas disponíveis para apenas o que caberia dentro da arca construída por Noé.
Através dos anos, com o avanço cada vez mais profundo da ciência, ela tem chagado a uma conclusão que apoia a verdade da criação divina.
Não dependemos da ciência para crer em Deus e na Sua Palavra, mas não devemos ter medo de nos informar e fazer uso desse conhecimento. O apóstolo Paulo se valeu e citou duas vezes poetas-estudiosos gregos em seu sermão na Colina de Marte em Atos 17 para pregar as verdades divinas.
A Segunda Lei da Termodinâmica científica (todas as leis também têm sua origem em Deus!) afirma que qualquer coisa deixada a si mesma degenera em vez de produzir algo melhor.
A decadência é uma lei que Paulo viu claramente "escrita em seus próprios membros" (Romanos 7:23).
Esta lei que tem suas raízes no pecado e persistirá até que o pecado seja erradicado, contradiz a premissa básica da evolução (que a ordem pode surgir espontaneamente do caos).
Para existir, a ordem tem que ter um Criador.
Os especialistas que se dedicas e estudam a genética humana, provaram que os humanos compartilham um ancestral comum mais recente, vivendo em qualquer lugar, entre 6000 anos a.C. a 1000 anos d.C. – ou seja, chegaram a Noé e sua esposa.
Estudos semelhantes mostram que todos nós compartilhamos um único pai chamado de "Adão do cromossomo Y" pelos evolucionistas, e também uma mãe solteira "Eva mitocondrial".
Mas nós podemos usar os nomes que Deus lhes deu – Adão e Eva.
A óbvia juventude da criação é vista na terra, no mar e nos céus. O rápido declínio do campo magnético da Terra, os altos níveis de hélio aprisionado em rocha produzido por elementos instáveis, os baixos níveis de sedimentos fluviais e sal em nossos oceanos, a existência contínua de cometas, o baixo número de supernovas observadas e as formações de galáxias cata-vento, todos apontam para um universo criado recentemente. Portanto, a criação divina tem uma idade entre 6000 mil a 7000 mil anos.
(Informações retiradas de artigos do site: www.icr.org – Instituto de Pesquisa da Criação).
Uma nota de cautela: quando Davi levou cinco pedras em sua bolsa de pastor, isso nos diz que ele se preparou para mais do que apenas o confronto imediato com Golias, mas ele claramente não estava planejando enfrentar todo o exército dos filisteus sozinho!
A derrota total das mentiras de Satanás pertence exclusivamente a Cristo; Por mais tentador que seja, não vamos antecipar Sua vitória nos engajando em uma cruzada global contra a evolução.
Como Paulo em Montanha de Marte em Atos 17, tentamos apresentar a verdade em qualquer oportunidade que nos é dada e continuamos com aqueles dispostos a ouvir. O evangelho é, e continua sendo, nosso foco, sendo a criação uma bela faceta de toda a joia divina.
O que toda criatura humana precisa saber em primeiro lugar, e com urgência, é que Deus a declara perdida por causa de seu pecado, e que será condenada por causa dos seus pecados. Mas que Deus preparou uma salvação sem obras do pecador, recebida pela fé, e está disponível a todos. E não menos importante, é responsabilidade de cada indivíduo se apropriar desta salvação enquanto tem condições mentais e físicas para fazer isto.
O profeta Isaías disse: "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." (Isaías 55:1-9)
O Senhor Jesus disse: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus."
(João 3:17, 18)
O apóstolo Pedro disse: "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (1 Pedro 3:18; Atos 4:11, 12)
O Senhor Jesus quando andou aqui deu uma ordem e caso rejeitemos esta ordem, nossa eternidade será desesperadora, ele disse: "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." (Mateus 7:13, 14).
O Senhor Jesus informar-nos que há um lugar chamado perdição.
A entrada a esse lugar é por meio de uma porta larga e além da porta, encontra-se um caminho espaçoso. Gente incontável apressa-se para este lugar; até mesmo parecem estar indo de trens expressos, tanta é a velocidade com que se dirigem para este destino!
Visto que a porta é larga, tudo pode ser levado com eles. E uma vez que o caminho é espaçoso é muito fácil viajar por ele. Mas esta porta e este caminho conduzem para a perdição. O lugar da perdição é o inferno.
Assim, o que o Senhor Jesus diz aqui é que larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para o inferno e são muitos os que entram por ela. Pode ser que você se encontre entre os que estão neste caminho, rumo a perdição.
Não fique a especular, dizendo não haver porta para o inferno. Pelo contrário, a porta para o inferno existe e é larga.
Não fique a imaginar que não há caminho para o inferno, pois existe um caminho que conduz ao inferno e é mais espaçoso do que qualquer via expressa deste mundo. É muito mais espaçoso do que a rodovia mais espaçosa que se construiu.
De fato, os caminhos do inferno são muitos — não há somente um. Se a pessoa desejar ir para o inferno pode encontrar muitas estradas secundárias à sua escolha.
Embora sejam muitos os caminhos, um só é o destino.
Embora os pontos de partidas possam variar, a linha de chegada é a mesma. Embora as pessoas viajem por caminhos diversos, todas acabam no inferno.
De forma que se você está decidido a ir para esse lugar, a Bíblia pode, facilmente, mostrar-lhe muitos caminhos a seguir. Todos os que desejarem ir para o inferno podem tomar qualquer destes caminhos e terão a segurança de acabarem lá. Entretanto, os que não quiserem acabar no inferno podem aprender como escapar de tal destino.
O anseio de Deus é que ninguém vá para o inferno; mas se alguém insiste em palmilhar este caminho, quem poderá fazê-lo mudar de ideia?
Deus pelo evangelho avisa o pecador da sua ruína, do remédio que Ele preparou e também da responsabilidade de cada pessoa receber pela fé esta grande salvação.
Rejeitar este evangelho é rejeitar o único caminho de salvação. E tal atitude naturalmente mandará a alma para o inferno. A pessoa pode ser boa, mas não consegue ser perfeita. Quem poderá dizer que durante a vida jamais pecou nem por um segundo?
Se a pessoa pecar uma única vez em um segundo, necessitará de um Salvador porque seu pecado deve ser punido. Ao rejeitar o Salvador manda a si mesmo para o inferno. Não abrigue o pensamento de que se você praticar boas obras, não irá para o inferno. A menos que você nunca tenha, desde o nascimento até a morte, nem por um único segundo, cometido pecado por ação, palavra ou pensamento, você está destinado para o inferno.
Mediante a morte e a ressurreição do Senhor Jesus realizou-se a redenção. O que lhe está sendo entregue agora é o evangelho.
Por que é ele chamado de boas-novas, evangelho?
Porque todos os pecadores na terra, sem exceção, podem ser salvos. O Senhor Jesus morreu por todos eles. Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre aquela cruz. Logo, todos os que estiverem dispostos a aceitá-lo pela fé como Salvador serão libertos da opressão e também do castigo do pecado.
O caminho do homem é sempre tentar gradativamente reformar a si mesmo, acumulando mais méritos e esperando, ao final, alcançar a salvação.
Isso não são boas-novas; são notícias de miséria. Pois quantos neste mundo são capazes de disciplinar a si mesmos de tal forma a acumular virtudes nesta vida, se é que alguém possa fazê-lo?
E a todos os que desejam salvar a si mesmos mediantes as boas obras façam a seguinte observação: a não ser que sua boa obra seja perfeita e sem mácula, o seu assim chamado bem em si mesmo é pecado.
A menos que sua justiça alcance os padrões dos céus e satisfaça a Deus, é como trapos da imundícia. Na solidão da noite sua consciência o acusará de misturar o ego, a fama, a reputação e outros pensamentos impuros com seus atos justos; como é que Deus pode ficar satisfeito com "justiça" como essa?
Será que você pode praticar o bem que satisfaça a Deus (e não somente satisfazer a si mesmo ou aos seus vizinhos)? Dificilmente.
Visto que você não pode praticar o bem, as notícias de que você deve realizar o bem a fim de ser salvo, na verdade, são notícias más.
Mas graças a Deus que ele não pede que façamos o impossível.
Ele conhece nossa fraqueza e por isso fez com que seu Filho morresse por nós e levasse a penalidade de todos os nossos pecados. Não precisamos, gradativamente, praticar o bem em antecipação da salvação; podemos ter a vida eterna imediatamente depois de crermos no Filho de Deus como nosso Salvador pessoal, e aceitá-lo como tal.
Isso não significa, é claro, que nós, os que cremos no Senhor Jesus, não precisemos praticar o bem; quer simplesmente dizer que, não podemos ser salvos por meio das boas obras.
Nossa salvação depende inteiramente da graça de Deus (Efésios 2:8).
Depois de sermos salvos, porém, o Senhor dá-nos nova vida e essa vida praticará o bem espontaneamente. Primeiro, seja salvo, depois pratique o bem. Não queira primeiro praticar o bem para ser salvo.
Há alguém oprimido pelo pecado?
Há alguém que trema só em pensar na vida depois da morte?
A sua consciência não lhe diz que é pecador?
Você não tem medo da morte e do juízo?
Eis a salvação para o pecador contrito. O Senhor Jesus veio para salvar tais pecadores. Venha a ele pela fé assim como estás, e ele o salvará.
Ele mesmo declarou: "o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37).
O seu temor deve ser em não vir, mas não tenha medo algum de que ele não o receba.
Agora você não tem desculpa alguma porque já ouviu o evangelho.
Obedecerá a ele?
O evangelho trouxe o Salvador até você e informou-o que o caminho da salvação é mediante a aceitação de Cristo. Agora a decisão de obedecer é sua. Se você perecer não será por causa de seus pecados passados, mas por não obedecer ao evangelho.
Suponha que você esteja doente e quase à porta da morte e alguém lhe traz um remédio que pode curá-lo. E suponhamos que você se recuse a tomar o remédio. Se morrer, não será por causa da doença, mas por ter recusado o remédio que podia tê-lo curado e salvado.
Não há dúvida de que você pecou, mas eis um Salvador cuja especialidade é salvar pecadores. Se você perecer, será porque não deseja obedecer ao evangelho e aceitar o Salvador dos pecadores.
E quantas almas estão agora no inferno — contudo, estão lá por muito mais do que a causa dos seus pecados, pois rejeitaram ao Salvador.
O Senhor Jesus disse uma certa vez: "Contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (João 5:40)
39. Se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado para nos salvar!
No evangelho de João 8:58, o Senhor Jesus fez mais uma das maiores declarações já feitas: "Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou."
"Verdadeiramente, verdadeiramente" nos diz que o que se segue é fundamentalmente importante. E o que se segue é a afirmação de Cristo de Sua própria eternidade e divindade! Os judeus ouviram nas palavras ditas por Jesus, a linguagem de Isaías 41:4: "Eu, o SENHOR, o primeiro e com o último; Eu sou ele."
Eles entenderam as reivindicações de Cristo e tentaram apedrejá-lo por blasfêmia.
Nos séculos seguintes, muitos atiraram pedras nessas mesmas verdades.
O presbítero Ário de Alexandria/Egito, ensinou que o Filho não era eterno, levando a uma avalanche de conclusões heréticas. Ele raciocinou que o Filho "foi gerado atemporalmente, antes dos tempos de vida", mas que "houve um tempo quando ele não existia".
Se o Filho não fosse "eterno" e se "gerado" significasse começo, então, Ário concluiu, "o Filho tem uma origem, mas Deus não tem origem".
Isso significaria que o Pai e o Filho não são iguais e que, o Filho não é Deus. Ário mergulhou ainda mais nessas mentiras diabólicas e concluiu que Cristo era apenas um ser criado.
Atanásio estava entre aqueles que se opuseram a Ário. Ele argumentou que se Cristo não fosse Deus (o que Ele não poderia ser se não fosse eterno), então Cristo não poderia ter revelado Deus ao homem, não fomos redimidos por Deus, nem fomos unidos a Deus em Cristo. Na verdade, se Cristo não fosse eternamente Deus, então seríamos idólatras flagrantes por adorá-lo. Claramente, a eternidade de Cristo é uma verdade fundamental!
O apóstolo João tratou isso como fundamental. Ele abriu seu Evangelho ecoando Gênesis 1:1.
Quando o tempo, o espaço e a matéria foram trazidos à existência, ali, presente, afirma João, "estava o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1).
A expressão "Era (Deus)" em João 1:1, justapõe, une-se a expressão "tornou-se, se fez (carne)" no versículo 14.
A existência da Palavra fora do tempo contrasta com o momento no tempo em que Ele "se tornou" carne.
Aquele cuja glória é "do Filho único do Pai", este sempre foi, e este se tornou o homem que João conheceu.
Quando João afirma que Ele estava "no princípio com Deus" é uma salvaguarda inserida para evitar a ideia falsa que diz que o Verbo (o Filho) foi criado. Tanto Ele como Deus já existiam na Divindade, no princípio. Esta existência não foi produzida por qualquer causa inicial - as Escrituras desconhecem tal coisa, pois Ele não teve "princípio de dias", era um estado eterno. (Hebreus 7:3)
Cristo declarou Sua própria existência pré-terrena em várias ocasiões. Por exemplo, Ele disse a Nicodemos que "ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu" (João 3:13).
Ele perguntou a Seus discípulos: "E se vísseis o Filho do Homem subindo para onde estava antes?" (João 6:62).
E Ele orou: "Pai, glorifica-me junto de ti, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (João 17:5).
Paulo também afirma a preexistência do Filho. Aos romanos ele escreveu: "Deus... enviando seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa" (Romanos 8:3)
Aos gálatas Paulo disse: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher. " (Gálatas 4:4).
Paulo também lembrou aos coríntios "que, (o Filho eterno) sendo rico, por amor de vós se fez pobre" (2 Coríntios 8:9), o que só faz sentido se a vida de pobreza de Cristo na terra foi precedida por riquezas em outros lugares.
E aos Colossenses, Paulo afirmou que pelo "Filho amado... todas as coisas foram criadas... e ele é antes de todas as coisas." (Colossenses 1:13, 16-17).
O escritor aos Hebreus afirma o mesmo, iniciando com a declaração de que Deus "nos falou por meio de seu Filho... por meio de quem também criou o mundo" (1:2, 10).
Mais tarde, o escritor descreve Melquisedeque, cujo sacerdócio foi "feito como o Filho de Deus", "não tendo princípio de dias nem fim de vida" (Hebreus 7:3).
Cristo não foi feito como Melquisedeque, mas o sacerdócio contemporâneo de Abraão foi modelado segundo o que já era verdade para o Filho de Deus: sem começo nem fim.
Muito mais poderia ser dito sobre esses e outros versículos que ensinam que Cristo é o eterno Filho de Deus.
A primeira coisa que os opositores, desta verdade de tão fácil compreensão encontrada na Bíblia, fazem, é tirar o leitor das traduções já existentes, para leva-los aos "tais originais gregos", que dizem eles, até agora ninguém percebeu, mas que eles têm a "chave" da interpretação correta, mais evolutiva. E por trás da mão deste "mágico tradutor fiel", vem sua doutrina diabólica, rastejando como uma serpente mortal.
O apóstolo Paulo falou desses homens a Timóteo: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina." (2 Timóteo 3:1-10)
Mas, antes de terminar, talvez pode ser útil tocar brevemente em dois termos bíblicos relacionados as expressões: "primogênito" e "gerado".
Cristo é "o primogênito de toda a criação" (Colossenses 1:15).
"Primogênito", algumas vezes na Bíblia pode se referir à ordem de nascimento, mas esse título também é usado para significar ocupar o lugar de privilégio.
Como mostram Êxodo 4:22 e Salmo 89:27, "primogênito" nem sempre significa onde de nascimento.
Êxodo 4:22 diz: "Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito." Bem, se formos para Jacó, que foi chamado de Israel, e Esaú seu irmão; Esaú seria o primogênito e não Jacó/Israel. Neste caso vemos que primogênito e dignidade, preeminência, elevação. E se falarmos de Israel como nação, que deve ser o caso aqui neste versículo, o termo continua tendo o mesmo significado, pois a nação Israelita não foi a primeira.
O Salmo 89:27 diz: "Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra." Estas palavras do Senhor Deus se refere a Davi, mas ele era o mais novo dos filhos de Jessé. Portanto o primogênito aqui também tem o sentido e preeminência, honra, dignidade. Não está ligado ao tempo, mas sim a sua posição de dignidade ocupada.
O arianismo erroneamente concluiu que "primogênito" significava um começo.
Hebreus 1:5 cita o Salmo 2: "Tu és meu Filho, hoje te gerei".
E João fala de Cristo como o "unigênito". (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9).
"Unigênito" transmite a singularidade de Cristo como o Filho, e Sua essência é a mesma do Pai.
Em termos humanos, entendemos que o que fazemos não compartilha de nossa natureza, mas sim o que geramos.
O "Filho unigênito" compartilhou eternamente a natureza de Seu Pai.
Devemos lembrar que os relacionamentos humanos pai-filho são uma imagem imperfeita do arquétipo – o perpétuo e divino relacionamento Pai-Filho Deus.
Seria um retrocesso interpretar a filiação de Cristo com base nos limites do paralelo humano.
Se negarmos a filiação eterna de Cristo, perdemos nossa medida do amor divino. A força de uma passagem como João 3:16 deriva do relacionamento único de Cristo com o Pai. Ele não se tornou o Filho de Deus por ser dado ao mundo; ele foi dado como Filho de Deus.
A primeira coisa que temos de ver no assunto da nossa salvação, é que o Senhor Jesus é Deus.
Se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.
Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte. A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte. Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um devedor, um credor e o filho do credor. O devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.
Esse é o evangelho que o homem prega hoje. Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia. Primeiro, esse tipo de entendimento mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, Alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado.
A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (João 3:16).
Deus enviou Seu Filho porque nos amou. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus. Graças ao Senhor porque quem nos amou foi Deus. Agradecemos-Lhe porque foi o próprio Deus quem enviou Seu Filho a nós. O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada. Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem.
O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva. Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.
Segundo, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados.
Mas foi justo para o Senhor Jesus?
Suponha que tenhamos dois irmãos aqui. Suponha que um dos irmãos tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. O outro irmão quis muito morrer por ele e, por isso, foi executado em seu lugar. Ele é inocente, e também uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro. A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa.
Que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção?
O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado. Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado. Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado.
Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: o homem pode resolvê-lo, Deus pode resolvê-lo ou uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição. Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio Deus e o outro é pelo próprio homem.
Que quero dizer com isso?
Vamos primeiro considerar o que o homem pensa. Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema. Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo.
Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado. O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.
Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: levar os pecados e o resgate pelos pecados.
Por favor, não pensem que não creio na substituição. Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição da Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça. Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio.
Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou.
Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala.
Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que creem em Jesus, assim como os que não creem Nele, serão igualmente salvos. O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não creem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível.
Por que a Bíblia diz que os que não creem já foram julgados e perecerão? (João 3:16,18).
A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva por nós, os que cremos. Ele não é um substituto para os que não creem.
Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia?
Há somente duas maneiras justas para resolver o problema. Uma é tratar com quem pecou e a outra é tratar com aquele contra quem se pecou. Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado.
Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou.
Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar. A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição.
Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato.
É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir. Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.
Você sabe o que significa o perdão?
No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro.
Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar?
Se um irmão me roubou dez dólares, e eu o perdoo, isso significa que eu tenho de suportar a consequência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdoo, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a consequência do golpe. O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a consequência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a consequência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição. Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça.
Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado. Por que Ele teve de sofrer o julgamento?
Somente o pecador pode suportar a consequência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça. Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda. Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.
Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo.
Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.
Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?
Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?
É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).
Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.
Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.
Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste". Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (Hebreus 10:6).
Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.
O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.
Todas às vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: "Este é Deus". Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte. Por isso declarei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.
40. Encarnação de Cristo
Quando Deus olhou do céu, Ele observou que toda a raça humana era corrupta e ninguém buscava a Deus (Salmos 14:2-3). Ele nos criou à Sua imagem, e nós nos rebelamos. A humanidade estava perdida, cega e escravizada pelo pecado. Como nosso Deus misericordioso respondeu? Ele o fez tornando-se um de nós e compartilhando humildemente nossa existência carnal e sanguínea (Hebreus 2:14). Ao mesmo tempo, em Aquele menino estava na manjedoura e depois nos braços de Maria, sua mãe, Ele sustentava e mantinha em perfeita ordem e harmonia toda a Sua criação." Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.""Ele é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele."(João 1:4; Colossenses 1:15-17)
O termo em encarnação vem de palavras latinas que significam "em" e "carne". Na teologia cristã, então, a encarnação refere-se ao "encarnado" de Deus – Seu ser corporificado em carne humana. No evangelho João 1, identifica Jesus Cristo como o Filho eterno de Deus e o chama de "o Verbo" – uma pessoa distinta dentro da Divindade ("com Deus"), mas igualmente Deus ("era Deus"). Então João testifica claramente sobre a encarnação: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós observamos a sua glória, a glória como o único Filho do Pai" (João 1:1,14).
Observe que Ele (Filho eterno) não foi despojado da glória divina, "porque toda a plenitude da natureza de Deus habita corporalmente em Cristo", de modo que na encarnação Ele se tornou o que nunca foi antes (um homem) sem deixar de ser o que Ele sempre foi (Deus). (Colossenses 2:9)
Só Deus tem a prerrogativa de possuir outro corpo, se ficar culpa.Todo outro nascimento [concepção] é a criação de uma nova personalidade. Não foi assim com Jesus. Já existia uma Pessoa Divina, mas agora entrando em um novo modo de existência. No entanto, é preciso ter cuidado para não confundir a encarnação com uma metamorfose. Deus não se transformou em homem, como na mitologia grega.
Em vez disso, o Filho de Deus adotou a natureza humana e a uniu à Sua natureza divina na unidade de uma pessoa. Isso deve ser entendido como não significando que Jesus Cristo é um terceiro ser entre Deus e o homem, mas que ele é Aquele que é totalmente Deus e verdadeiramente homem. Em nosso desejo de proteger a divindade do Senhor Jesus, devemos ter cuidado para não minimizar a realidade de Sua humanidade. Na verdade, negar a genuinidade de Sua experiência humana é o espírito do anticristo em ação.(1 João 4:2-3; 2 João 7).
Em Sua humanidade, Ele se desenvolveu no seio de Maria. Ele passou pelos sucessivos estágios da vida, pois as Escrituras diz que Maria deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, e logo vemos um menino que provocou ansiedade em Seus pais por ter ficado em Jerusalém depois da festa e ainda assim quando o acharam se submeteu a eles, e também vemos um homem que tinha um emprego regular como carpinteiro. (Lucas 2:7,48,51; 6:3)
Sua peregrinação terrena foi caracterizada pela oração, porque Ele era um homem real vivendo na dependência de Seu Deus (Lucas 22:41-42).
Ele teve fome (Mateus 4:2), sede (João 4:6-7), esteve cansado (Marcos 4:38), e lágrimas rolaram pelo Seu rosto diante da morte de seu amigo Lázaro (João 11:35).
Adoramos um Deus que não está distante da dor de nossa existência humana, "pois, visto que ele mesmo padeceu quando foi tentado, pode socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18).
Mas ao se tornar como nós, Ele permanece diferente de nós, pois Sua verdadeira humanidade é uma humanidade perfeita. Hebreus 4:15 é um resumo precioso disso: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado".Havia um grande propósito na encarnação do Filho eterno, e esta era a revelação de Deus.Deus falou de muitas maneiras ao longo dos tempos, mas Sua mensagem final e auto-revelação vieram nestes últimos dias pela encarnação de Seu Filho (Hebreus 1:1-2).
Enquanto "ninguém jamais viu a Deus, o Filho Unigênito, que é Deus e está junto do Pai – ele o revelou" (João 1:18). Deus não nos deixou no escuro acerca de Si mesmo e de Seus propósitos, como se nós O procurassem em vão, procurássemos por um Ser que nunca encontrariam.
Deus não se escondeu – "Ele se manifestou em carne" (1 Timóteo 3:16). Quando olhamos para o Senhor Jesus nas páginas das Escrituras, vemos Deus revelado em clareza cristalina e nossos corações são tocados ao aprendermos em Cristo que nosso Deus é um Deus que se humilha (Filipenses 2:5-8).
Tome nota – o homem, Cristo Jesus, não é uma representação parcial de Deus, mas uma revelação perfeita de tudo o que Deus é, "a imagem, ou, a expressão exata do Deus invisível" (Colossenses 1:15).
As Escrituras estão repletas da mensagem de que, por causa de nossa pecaminosidade, Deus só pode ser abordado com base em um sacrifício e que "sem derramamento de sangue não há perdão" (Hebreus 9:22).
A morte eterna do pecador é o justo castigo pelos seus pecados (Apocalipse 21:8).
Para sermos salvos – reconciliados com Deus – nossa penalidade precisava ser paga, mas nenhum homem ou mulher jamais poderia pagar a penalidade por si mesmo. Somos pecadores frágeis e finitos, e mesmo o castigo eterno dos incrédulos não pagará pelos pecados cometidos contra o Deus infinito. A encarnação é a resposta. Nossa salvação exigia que alguém sofresse e morresse em nosso lugar, que oferecesse um sacrifício de valor infinito e pagasse integralmente nossa pena. Somente o próprio Deus poderia atender a esse requisito, então Ele encarnou na pessoa de Seu Filho para realizar isso por nós.
"O Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo" (1 João 4:14), e "o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 João 1:7).
Observe, então, estas duas coisas: o Pai não se encarnou, mas somente o Filho; e as Escrituras nunca dizem que Deus morreu, mas o homem que é Deus morreu. Deus é espírito e não pode morrer.
Assim, foi necessário que Ele se tornasse homem, em carne e osso, para morrer por nós (Colossenses 1:19-22).A humanidade de Cristo começou em Sua concepção no ventre de Maria, que inicialmente e compreensivelmente não acreditou na possibilidade de ela dar à luz por não ter "conhecido" um homem.
Então o anjo Gabriel explicou: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Portanto, o Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lucas 1:35).
Obviamente, as Escrituras não fogem do sobrenatural. Quando Deus traria Seu Filho eterno ao mundo, é apropriado que Ele destacasse a singularidade da pessoa por meio de um sinal único. A razão pela qual os defensores da fé nos primeiros séculos da Igreja incluíram o nascimento virginal em suas declarações de credo é que eles sabiam que não era um adendo trivial à mensagem do evangelho. (Por exemplo, Credo dos Apóstolos, Credo Niceno, Credo de Calcedônia)Mateus protege cuidadosamente a verdade no capítulo um de seu Evangelho. Depois de uma longa lista de homens que geraram seus filhos, ele muda a fórmula no versículo 16: "Jacó gerou José, marido de Maria, que deu à luz Jesus, chamado o Messias".
Jesus não foi gerado por José e, como evidência adicional, José sabia disso, como os versículos 18-19 deixam claro. Mateus também registra o nascimento de Cristo como o cumprimento de Isaías 7:14: "A virgem conceberá, terá um filho e lhe dará o nome de Emanuel." O que todos na presença de Acaz entenderam naquele dia é discutível.
Mas a interpretação do Espírito Santo e a escolha de palavras em Mateus 1:23 não deixam dúvidas – o nascimento virginal de Cristo foi um cumprimento necessário da profecia. Quando o Filho de Deus assumiu a carne humana, Ele não veio como um ser sem gênero, mas como um homem. Ele tinha um cromossomo Y. Ele tinha pelos faciais. Sua companhia principal era um grupo de homens. Isso não está afirmando que os homens são superiores às mulheres – eles são iguais, ambos tendo sido criados à imagem de Deus – mas revela que a encarnação abraça a ordem divina da sexualidade de gênero estabelecida em Gênesis 1.
De forma alguma, isso diminui o valor do gênero feminino, pois o Filho de Deus "nasceu de mulher" (Gálatas 4:4). Mas a encarnação mostra que a distinção de gêneros na criação original era boa – e a ressurreição de Jesus e outros nos mostra que ela permanecerá. A encarnação, uma vez realizada, é um estado duradouro para nosso Senhor Jesus. Começou em seu nascimento e continua para sempre, embora agora em um corpo ressurreto, glorificado. É o mesmo corpo humano em que Cristo, nasceu, viveu e sofreu na cruz que Ele também ressuscitou, e Sua ressurreição é o padrão para a nossa. O Senhor Jesus é para sempre um homem. Claramente, os corpos humanos são significativos, pois o Filho de Deus possui um.
Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo.
Que é a obra redentora de Cristo?
É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz. Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?
Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).
Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer. Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.
Por isso, Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste". Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (Hebreus 10:6). Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.
O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.
41. Divindade de Cristo
O raciocínio hipotético de Paulo em 1 Coríntios 15:14 sobre a ressurreição poderia ser aplicado a este tópico atual: Se Cristo não é divino, nossa fé é vã, ainda estamos em nossos pecados... somos os mais miseráveis de todos os homens. Isso não é uma hipérbole; a eternidade depende da identidade do Senhor Jesus.
Dizer que Cristo é divino é dizer que Ele tem a natureza e substância essenciais de Deus. Ele não é ontologicamente inferior de forma alguma. Como um homem na terra, Ele ainda era co-igual, co-essencial e co-eternamente Deus.
Há uma distinção de pessoas dentro da Divindade, significando que Cristo é o Filho, e não o Pai. Visto que a substância de Deus não pode ser dividida, ambas as pessoas são divinas.
Quando Ele se fez carne, Ele se tornou o que nunca havia sido antes, mas nunca deixou de ser quem sempre foi. Em uma pessoa (Cristo) residiam duas naturezas (divina e humana). Ele é simultaneamente e paradoxalmente verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
Provar a divindade de Cristo "não é forçar um ou dois textos, mas a doutrina da Escritura tecida em toda a sua composição".
Ao comprar uma pintura original, um certificado de autenticidade é vital, mas o comprador também quer ver as cores, contrastes e pinceladas da obra de arte. Ele quer ver e sentir sua realidade. Assim é com as Escrituras. Existem textos de prova em abundância da divindade de Cristo, estes correspondem ao certificado.
Mais do que isso, no entanto, são as sombras, sugestões, implicações e tempos verbais que se combinam para dar a sensação e a experiência da realidade.
(Leia: João 1:1; 20:28; Romanos 9:5; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1; 1 João 5:20)
A galeria de arte dos tipos do Antigo Testamento nos mostra que o homem Cristo Jesus é divino.
O éfode do sumo sacerdote era um item singular (Êxodo 39:2,3), com dois materiais distintos – linho e fio de ouro (os judeus consideravam o ouro como um símbolo da divindade, daí o bezerro de ouro (Êxodo 32:3,4).
O maná era como uma semente dourada (Números 11:7), e o tabernáculo tinha peles de texugo por fora (Êxodo 26:14), velando o ouro por dentro.
Cada tipo descreve um item, com duas características distintas, prenunciando uma pessoa (Cristo) com duas naturezas (divina e humana).
O Salmo 45, que fala do casamento do Messias, retrata o filho de Davi com seus "companheiros" – Ele é um homem.
Deus diz a este rei: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre" (Salmos 45:6,7).
O homem no trono é chamado de Deus – Ele é divino.
O filho de Davi também é o Senhor de Davi, mostrando que Ele é eterno; "O SENHOR disse ao meu Senhor (Adon): Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés" (Salmos 110:1; Marcos 12:35-37).
O salmista nunca considerou "Adon" um título inferior a Jeová (Leia Salmos 8:9; 97:5).
O fato de hoje haver um homem sentado onde somente Deus está sentado nos diz que Cristo é divino.
Deus é um Deus ciumento e não pode dar Sua glória a outro. Cristo está sentado em um lugar reservado para a divindade – nenhuma criatura ousa sentar-se ali (Hebreus 1:13).
Outra prova de Sua divindade é vista na subjugação de todos os Seus inimigos. O governo universal é exclusivo de Deus; Ele é o "Rei sobre toda a terra" (Salmos 47:2); somente Ele pode ser adorado (Lucas 4:8).
Visto que Cristo recebe a homenagem e a honra devidas a Deus, isso mostra que Ele é divino.
Os profetas também acreditaram nessa doutrina, proclamando o filho da virgem como Emanuel (Isaías 7:14).
O filho dado era o Deus Forte (Isaías 9:6).
Eles disseram que um mensageiro seria enviado com antecedência para preparar o caminho de Jeová (Isaías 40:3; Malaquias 3:1).
João Batista anuncia a vinda de Jesus de Nazaré (Mateus 3:3).
Mateus, Marcos e Lucas se harmonizam com os profetas, pois eles afirmam que o Jesus de Nazaré é Jeová dos exércitos.
Muito antes de o Senhor Jesus vir a Jerusalém montado em um jumento, Zacarias disse: "O teu Rei vem a ti, justo e salvador" (Zacarias 9:9).
Ele ainda descreve esse rei como "o SENHOR... rei sobre toda a terra" (Zacarias 14:9).
Zacarias registra ambos os adventos do Rei e o chama de Jeová – este é "o Rei dos séculos" (1 Timóteo 1:17).
O Senhor Jesus é Auto existente, Auto suficiente e absolutamente independente de Sua criação. Ele tem vida em Si mesmo e, como o EU SOU, é completo em Si mesmo (João 5:26; 8:58).
Além disso, Ele é o criador não contingente; todas as coisas foram feitas por Ele, o que significa que Ele não recebeu propósito e existência de ninguém (João 1:3).
O mistério de Sua pessoa é que aquele com vida em Si mesmo a deu na cruz.
Não é que Deus morreu, mas Cristo, tornando-se homem, morreu.
O Auto suficiente aqui na terra tinha fome, sede e chorava, e o criador sem causa, que não precisava de nada, baixou e se humilhou para comprar uma noiva como Sua plenitude.
O "Jesus Cristo que é o mesmo ontem, e hoje, e para sempre" de Hebreus 13:8, é paralelo de Malaquias 3:6, "Eu sou o SENHOR, não mudo".
O Senhor Jesus é Jeová. Em Sua natureza, Ele é imutável, perfeito e não sofre nem flutua. Ele não é o Deus do teísmo aberto, mudando Sua vontade e sofrendo emocionalmente.
A entropia é uma característica da criação; ela perece, mas o Filho "permanece".
Entropia é um conceito da termodinâmica que mede a desordem das partículas de um sistema físico, portanto ela prece, mas o Filho "permanece para sempre" (Hebreus 1:10,11).
Embora sendo Filho (referindo-se à Sua natureza divina – imutável e impassível), Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hebreus 5:8).
Ele só poderia sofrer tendo se tornado homem, mas tais sentimentos e experiências só serviram para mostrar e torna-lo "perfeito" e o capacitaram para ser nosso misericordioso Sumo Sacerdote. (Hebreus 2:10)
Lemos em João 3:31, "Aquele que vem do céu está acima de todos", e Ele mesmo disse em João 8:23, "Eu sou lá de cima". São declarações de transcendência.
Embora fosse um humilde carpinteiro que caminhava pelas estradas da Galileia, Ele ainda habitava a eternidade, mais alto e maior do que tudo. Aquele que desceu do céu ainda era o Filho do homem no céu (João 3:13).
Ele estava muito além do alcance do homem, mas chegou tão perto que foi visto e tocado.
Embora Ele tenha vindo em carne e sangue, há um aspecto da pessoa de Cristo que está muito além de nossa compreensão – insondável.
Jó entendeu que isso era um atributo divino, dizendo: "Tocando o Todo-Poderoso, não podemos encontrá-lo" (Jó 37:23).
Lucas concorda, registrando: "Ninguém sabe quem é o Filho" (Lucas 10:22).
Isso se refere à vida interior do Filho, além de Suas relações com o homem. Se Ele não tivesse escolhido se revelar, ainda estaríamos cegos.
Para provar a realidade invisível de Sua natureza divina, o Senhor Jesus realizou milagres. A cura do coxo é um exemplo clássico. O Senhor Jesus afirmou perdoando seus pecados, mas os judeus afirmaram e com razão, que essa era uma obra que só Deus poderia fazer (Lucas 2:5,7).
Sendo onisciente, Ele conhecia seus pensamentos (v.8) e os apresentou a um dilema humanamente impossível. Pecados perdoados ou o andar do coxo, qual é mais fácil?
Para provar a realidade invisível – que os pecados deste homem foram perdoados e que Ele era Deus – Ele disse ao coxo para andar. Não é de admirar que eles tenham dito: "Nunca vimos isso dessa maneira" (v.12).
Da mesma forma, quando o Senhor Jesus afirmou que Deus era Seu Pai (João 5:17), Ele estava afirmando ter a mesma natureza de Deus. Para provar essa realidade invisível, Ele delineou as obras visíveis que realizaria. Suas obras são as obras clássicas da divindade: salvação, condenação, adoração (João 5:21-24).
As obras são descritas como sendo dadas pelo Pai, mostrando as funções da Divindade. Mas todos eles brotam da mesma fonte – o Pai e o Filho têm a mesma essência, apesar de serem pessoas distintas.
Quem mais senão uma pessoa eterna poderia conceder vida eterna?
Quem senão um juiz onisciente poderia conhecer todos os casos e avaliar cada coração em um julgamento global?
Cristo fez essas obras exatamente como o Pai as teria feito.
Não é de admirar que Ele tenha dito: "Quem me vê, vê o Pai" (João 14:9), a expressão perfeita e visível da substância de Deus (Hebreus 1:3).
Somente Deus pode revelar Deus.
A eternidade é outra prova da divindade, e esse atributo é revelado como um título nas Escrituras: "Eu sou o primeiro e eu sou o último... fora de mim não há Deus" (Isaías 44:6).
O equivalente no Novo Testamento sobre o Filho é: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último" (Apocalipse 1:11).
João atribui esse título ao Filho do homem, o Senhor Jesus. João descreve ainda o Filho do homem como o Ancião de Dias da profecia de Daniel (Daniel 7:9; Apocalipse 1:14).
Ele não usa o título, mas espelha as mesmas características. Daniel viu o Filho do homem e o Ancião de Dias como pessoas distintas. João viu a mesma essência. Ambos estavam certos.
O Senhor Jesus também é chamado de "Santo" (Atos 3:14), "verdadeiro Deus" (1 João 5:20) e "Filho de Deus" (Mateus 14:33). Ele tem os nomes e títulos de Deus – Pois Ele é Deus.
Ao considerar o mistério e a maravilha de nosso bendito Senhor, só podemos cair a Seus pés e exclamar: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).
42. Impecabilidade de Cristo
O apóstolo Pedro experimentou o pecado e o fracasso em sua vida, mas conheceu um Homem perfeito, o Senhor Jesus. E quando ele pegou sua pena para escrever sua primeira epístola, ele incluiu dois retratos deste Sem pecado: primeiro como um Cordeiro (1 Pedro 1:18-21) e depois como um Pastor (1 Pedro 2:21-25).
"Um Cordeiro sem defeito e sem mácula" (1 Pedro 1:19).
Deus enviou Seu Filho como um Cordeiro imaculado e perfeito a um mundo cheio de "ovelhas desgarradas" (1 Pedre 2:25).
Ele veio da eternidade para nos redimir (1 Pedre 1:20).
Ele era santo e nasceu de uma virgem (Lucas 1:35), enviado para viver entre toda uma raça concebida em pecado (Salmos 51:5).
E pela primeira vez, o anseio de Êxodo 13:2 foi plenamente atendido: Aqui estava um Filho primogênito perfeitamente santo.
Santos em "Seus passos" (1 Pedre 2:21).
Desde o início, Seu caminho refletiu Seu caráter santo. Não foi apenas que Ele não pecou, mas que Ele "amou a justiça" (Hebreus 1:9).
Ele se deleitava em fazer o que era certo. Ele amava a vontade de Seu Pai.
Nosso primeiro vislumbre dEle ocorre aos doze anos de idade - uma idade em que muitas crianças resistem à autoridade. Mas Ele não era rebelde; Ele era um Filho submisso, focado na vontade de Seu Pai. Os mestres em Jerusalém ficaram maravilhados com o Seu conhecimento, mas Maria e José não O entenderam. Ainda assim, Ele os honrou voltando a Nazaré e submetendo-se a eles (Lucas 2:46-51).
Por trinta anos, Ele viveu uma vida imaculada na obscuridade, crescendo no favor de Deus e dos homens (Lucas 2:52).
Cada passo que Ele deu foi certo. E o veredito de Deus sobre aqueles anos ocultos foi o mesmo que sobre Seu ministério público: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17; 17:5).
Pedro disse Ele era aquele, "Que não cometeu pecado" (1 Pedre 2:22).
O padrão da lei de Deus já era inatingivelmente alto para a humanidade. Então, o que Cristo fez? Ele elevou nossa compreensão a níveis ainda maiores (Mateus 5:17-48).
Não apenas o assassinato foi condenado, mas também a raiva descontrolada, não apenas o adultério, mas também a luxúria. Não só devemos amar nossos vizinhos, mas também nossos inimigos, e assim por diante. Em um mundo que busca constantemente rebaixar os padrões de Deus, Ele os exaltou e então os atendeu plenamente.
Seus inimigos procuraram ansiosamente por falhas nele, mas quando ele afirmou que sempre agradaria a Deus e os desafiou a convencê-lo de pecado, eles não tiveram resposta. Eles só podiam recorrer à calúnia (João 8:29,46,48).
Mesmo Seu inimigo mais poderoso não poderia fazer com que Ele tropeçasse. Satanás sabia que se ele pudesse fazer o Filho de Deus pecar apenas uma vez, então tudo estaria arruinado. Mas, embora o Senhor estivesse sozinho no deserto e com muita fome, Ele não poderia ser seduzido a fazer nem mesmo um pão sem a vontade de Seu Pai (Mateus 4:3-4).
Ele resistiu a todas as tentações.
O testemunho de Seu santo caráter foi abrangente: tanto anjos como demônios, tanto Seu traidor como Seu juiz, tanto Seu carrasco quanto o criminoso executado com Ele – todos eles declararam Sua justiça. (Lucas 1:35; 4:34; 23: 41,47; Mateus 27:4; João 18:38)
Aqueles que O conheciam melhor, Seus apóstolos, estavam unidos em seu testemunho sobre Ele:
"Ele não conheceu pecado!" (2 Coríntios 5:21);
"Ele não cometeu pecado!" (1 Pedro 2:22);
"Nele não há pecar!" (1 João 3:5).
Pedro disse que "Nem dolo se achou em sua boca" (1 Pedro 2:22).
Para Pedro, a impecabilidade de Cristo era especialmente evidente em Suas palavras: sem dolo, sem injúrias e sem ameaças. Nós pecamos tão facilmente com nossas línguas indisciplinadas; basta um momento de descuido para mentir, exagerar, ameaçar ou se gabar. Todos nós nos arrependemos e nos desculpamos por coisas que dissemos, mas Ele nunca precisou. Ele estava impecável!
Ele ensinou que nossas palavras refletem nosso coração (Mateus 12:34).
Ele disse isso às pessoas cujas palavras revelavam sua maldade, mas Suas próprias palavras revelavam Sua pureza interior. Ele era tão "cheio de graça e de verdade" (João 1:14) que as pessoas se maravilhavam com Suas "palavras graciosas" (Lucas 4:22).
E quando os principais sacerdotes enviaram guardas para prendê-lo, eles voltaram de mãos vazias, dizendo: "Nunca ninguém falou como este homem" (João 7:46).
Pedro também disse que "Quando sofria, não ameaçava" (1 Pedro 2:23).
Infelizmente, nosso pior comportamento geralmente ocorre quando estamos sob estresse. Deixamos escapar coisas que normalmente não diríamos. Nosso Senhor foi tratado de maneira terrível e imerecida. Mas quando eles O insultaram, Ele não revidou. Quando Ele sofreu sob o abuso deles, Ele não ameaçou. Sua resposta à crueldade deles foi esta: "Pai, perdoa-lhes" (Lucas 23:34).
"Ele … se comprometeu com Deus, que julga com justiça" (1 Pedro 2:23). Um dos pecados mais básicos da humanidade é a incredulidade, mas a confiança do Senhor Jesus em Deus nunca vacilou, mesmo até o fim. Ele viveu Sua vida em total dependência do Pai. Ele confiou e obedeceu totalmente a Ele – até a morte de cruz (Filipenses 2:7-8).
"Ele mesmo carregou os nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça" (1 Pedro 2:24).
Se Ele tivesse pecado pelo menos uma vez em Sua vida, então Ele não poderia ter sido nosso Substituto. Mas como o Sem pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5:21).
Antes do Calvário, Ele nunca conheceu nada além do deleite e do sorriso de Deus. Mas lá na cruz, Ele sentiu, pela primeira vez, a ira e abandono de Deus contra o pecado. Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre aquele madeiro, Ele tomou o nosso lugar no julgamento de Deus, deu Sua vida e depois ressuscitou triunfante sobre a morte.
A sepultura não poderia reivindicar que ficasse na morte, Aquele que não tinha pecado.
Como salvos pela fé em Cristo e agora ocupando já neste mundo uma posição de santos, temos um chamado elevado – viver para a justiça – mas também temos um grande apoio: um pastor para nos guiar e um santo sumo sacerdote para nos sustentar (1 Pedro 2:25; Hebreus 7:26).
Ele está sentado à direita de Deus como um Homem perfeito e glorificado.
Quando a pressão da tentação parece esmagadora, podemos buscar ajuda naquele que foi tentado como nós, mas sem pecado (Hebreus 4:15).
Ele resistiu ao ataque implacável da tentação sem ceder um centímetro. Ele sozinho, de todos os homens, suportou todo o seu peso sem vacilar ou ceder por um momento. Por causa disso, Ele pode nos dar graça para ajudar em tempos de necessidade (Hebreus 4:16).
E se falharmos, então Ele se aproxima como Advogado, "Jesus Cristo, o justo" para nos restaurar a comunhão com o Pai (1 João 2:1).
Devemos dar graças a Deus por nosso Salvador sem pecado!
43. Cristo, o Servo Perfeito
O fato de que o eterno Filho de Deus alguma vez "se aniquilou" ao vir ao mundo na forma de um servo é uma maravilha da graça divina.
Talvez ainda mais surpreendente seja que o abençoado Senhor Jesus manterá esse caráter de servo por toda a eternidade (Lucas 12:37).
Nos chamados "Cânticos do Servo" de Isaías, eles pintam um resumo conciso e bonito do curso daquele Servo perfeito.
No Novo Testamento, o Evangelho de Marcos apresenta o Senhor Jesus como o Servo perfeito, pois tinha em vista alcáçar o mundo romano.
Isaías primeiro nos apresenta o Messias como aquele que é um Filho divino, nascido no mundo por meio do nascimento virginal (Isaías 7:14).
Embora Ele fosse um menino nascido, Ele também era um Filho dado, que sempre esteve do lado do Pai (Isaías 9:6).
É este Filho eterno que se tornou um servo. Desde a eternidade Ele foi o Servo chamado e escolhido a quem Deus deseja que contemplemos: "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito" (Isaías 42:1).
Ele foi escolhido por causa de quem Ele é por natureza, pois somente aquele que é Deus manifestado na carne poderia realizar a obra para a qual Ele foi ordenado. De fato, Ele foi chamado "desde o ventre" e "em justiça", isto é, para cumprir o justo propósito de Deus. (Isaías 42:6; 49:1)
Graças a Deus, Ele não mostrará fraqueza nem se deixará ferir, até que estabeleça a justiça sobre a terra (Isaías 42:4).
Em uma bela declaração, Isaías resume o propósito do Servo perfeito. Ele é aquele em quem Deus "será glorificado" (Isaías 49:3).
A preocupação primária do Servo era a glória de Seu Pai (João 17:4).
Isso Ele fez, entre outras coisas, curando corações partidos (Isaías 61:1), abrindo olhos cegos e libertando almas (Isaías 42:7).
Mas tal glória foi plenamente manifestada no Calvário, e embora o Servo crucificado em uma cruz possa ter a marca de aparente fracasso (Isaías 49:4), é por meio dessa obra consumada que Ele restaurará os "preservados de Israel", ser uma "luz para os gentios," e ser a "salvação de Deus até a extremidade da terra" (Isaías 49:6).
Por fim, Ele estabelecerá justiça na terra – o Servo, de fato, será um Rei reinando em retidão (Isaías 32:1).
O Servo perfeito ainda tem negócios inacabados aqui na terra!
Um Servo perfeito deve ter um caráter perfeito, pois os dois andam de mãos dadas. O Senhor Jesus ainda dirá a servos imperfeitos como nós: "Muito bem, servo bom e fiel" (Mateus 25:21).
O caráter "bom" ou irrepreensível (reto) é essencial para o desempenho fiel no serviço. Tal era o caráter do Senhor Jesus. Ele nunca foi ostensivo ou clamando por atenção. Ele não reclamou em voz alta, não chorou por vingança ou discutiu com raiva. Ele nem levantou a voz na rua, mas falou com calma, suavidade e serenidade. Havia um espírito neste Servo que contrastava fortemente com o orgulho do coração humano (Isaías 42:2).
Ele nunca procurou ferir uma "cana" já frágil e quebrada, como a viúva de Naim, mas procurou consertá-la com cuidado e compaixão. Ele nunca apagaria dois pavios fumegantes, como os dois no caminho de Emaús, mas sim procurou acender a chama brilhante do testemunho novamente. Não é de admirar que o caráter desse servo tenha encantado seu Mestre; Ele era verdadeiramente alguém em quem "a minha alma se deleita" (Isaías 42:1).
O Servo perfeito ministrou conforto aos outros, não menos por Suas palavras. Sua língua era a de alguém bem instruído e educado. Ele sabia exatamente o que dizer e como dizer. Tiago declara que nenhum ser humano pode "domar" (subjugar) a língua, mas Cristo estava em completo controle sobre a Sua. Todas as manhãs Ele despertava com a instrução de Seu Pai para que Ele, por sua vez, pudesse erguer o coração abatido e fortalecer o cansado. Embora parte de Seu ministério fosse "consolar todos os que choram" (Isaías 61:2), Ele mesmo não foi deixado sem o consolo da presença e preservação de Seu Pai.
Sua promessa foi: "Eu… te segurarei pela mão e te guardarei" (Isaías 42:6).
A conduta do Servo perfeito sempre foi marcada pelo poder e energia do Espírito.
O Espírito de Deus repousou sobre Ele em Sua encarnação (Isaías 11:2), batismo (Isaías 42:1) e durante Seu ministério público (Isaías 61:1).
Não havia necessidade de o Espírito Santo lutar com Ele como faz conosco. Consequentemente, Suas palavras eram como uma "espada afiada", indicando a incisão penetrante e poderosa com a qual Ele falava (Isaías 49:2).
O próprio Servo era como uma "flecha polida" ou "flecha afiada" que, sem rugosidade ou irregularidade, é altamente precisa em seu voo. Seu único objetivo era a vontade do Pai, e Ele não errou!
É inevitável que o serviço diligente a Deus leve ao sofrimento e à perseguição nas mãos daqueles que se opõem a Deus. Assim, o Servo perfeito foi obediente até a morte, até a morte de cruz. Muito antes do tempo, Ele sabia exatamente o que Seu sofrimento acarretaria, mas Ele não era rebelde, nem se desviou do caminho claramente marcado que estava diante Dele (Isaías 50:5).
Suas costas foram dadas aos "batedores", sua face aos "que arrancavam a barba". Seu rosto foi exposto a "vergonha e salivadas" (Isaías 50:6).
Ele foi brutalizado além da conta, de forma que seu parecer ficou irreconhecível (Isaías 52:14).
Mas Ele cumprirá o propósito divino, custe o que custar. Isso é, em última análise, para a glória de Deus e, portanto, Ele irá sem murmurar (Isaías 53:7).
Mas este Servo receberá a mais alta compensação por Seu serviço fiel: Ele "será exaltado e muito elevado" (Isaías 52:13).
Embora os judeus designassem Sua sepultura com os ímpios de acordo com sua morte vergonhosa em uma cruz, Deus planejou que Ele realmente fosse enterrado na tumba de um homem rico de acordo com Sua beleza moral – Ele não havia cometido "violência" nem "engano" estava em Sua boca (Isaías 53:9).
Além disso, este Servo "verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito" (Isaías 53:11).
O fruto do Calvário, Sua "semente" espiritual, Lhe trará plenitude de deleite. Para ser franco, o terrível sofrimento do Calvário será totalmente compensado (valeu a pena!) quando Sua noiva (Igreja) for revelada ao Seu lado.
João 12:24 é um versículo precioso na Bíblia. Lá diz que se um grão de trigo cair na terra e não morrer, fica ele só.
Um homem como o Senhor Jesus foi exatamente um grão diante de Deus. Somente após Ele ter morrido, houve os muitos grãos. A salvação começa com a cruz. Embora devamos ter Belém (Seu nascimento) antes de podermos ter o Gólgota (Sua morte), somos salvos por meio do Gólgota, não por meio de Belém.
O Filho de Deus é totalmente justo. Ele foi o grão justo. Mas Sua justiça não nos pode salvar. Ela não pode ser imputada a nós. Deus faz menção da justiça de Cristo na Bíblia.
Mas Ele nunca diz que a justiça de Cristo deve ser nossa. A Bíblia diz que Cristo é nossa justiça. Ela nunca diz que a justiça de Cristo é nossa justiça. Gostaria de salientar isso, pois isso exaltará a cruz do Senhor Jesus Cristo. A Bíblia diz que Cristo é a nossa justiça. O próprio Cristo é a nossa justiça. Nós nos achegamos a Deus em Cristo. Cristo é nossa justiça.
É a justiça de Deus que nos traz o perdão e nos livra do julgamento. Não é a justiça de Cristo que faz isso.
A justiça de Cristo é somente a qualificação para que Ele seja nosso Salvador. Cristo nunca transferiu-nos Sua justiça. Se a justiça do Senhor Jesus fosse transferível a nós, Ele poderia tê-lo feito enquanto vivia na terra. Ele não teria de ir à cruz e nós, assim, poderíamos ter sido salvos.
Se o caso fosse esse, Sua vida se tornaria nossa vida resgatadora. Mas não há tal doutrina como vida resgatadora. Há somente a doutrina da morte resgatadora. Somente a morte do Senhor Jesus nos salvará.
Sua vida é e pode ser um bom exemplo. Mas não podemos ser salvos por Sua vida. Sua justiça nos condena.
Quanto mais justo Ele é, mais embaraçados ficamos. Não há maneira alguma de Sua justiça ser imputada a nós. Se Deus nos colocasse lado a lado com a justiça do Senhor, somente poderíamos ir para o inferno.
Mas graças a Deus porque Ele morreu e se tornou nossa justiça. Eis por que somos salvos.
A salvação vem da cruz. Ela não veio da manjedoura. A salvação vem do Gólgota; ela não vem de Belém. Se a justiça do Senhor Jesus pudesse salvar-nos, Ele não precisaria ter morrido. Por isso, quando lemos a Bíblia, não devemos ser afetados pela teologia. Ficaremos muito mais esclarecidos se formos ensinados pela Bíblia do que pela teologia. A palavra do homem pode ajudar, mas ela também pode danificar. Devemos colocar de lado a palavra do homem.
Lemos em Isaías 53:5-10: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro, foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos".
Os apóstolos citam Isaías 53 muitas vezes no Novo Testamento. A pessoa falada nessa passagem das Escrituras é o Senhor Jesus.
Que disse o profeta quando escreveu essa porção da Escritura?
A última frase no versículo 4 diz: "Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido".
No começo, o profeta achava que Ele fora ferido e afligido por Deus, que fora punido por Seus próprios pecados e ferido por Deus por Suas transgressões. Mas no versículo 5 há uma volta.
Deus lhe deu uma revelação através da palavra "mas".
Achávamos que Ele estivesse meramente sofrendo punição e ferimento por seus erros. Mas Ele não estava sofrendo punição e ferimento por si, mas por nós: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho" (Isaías 53:5-6).
A frase seguinte é muito preciosa: "Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (v. 6).
Isso é o que o Senhor fez. Vemos que em relação à cruz há o aspecto do homem e o aspecto de Deus. Embora tenham sido as mãos humanas que pregaram o Senhor Jesus, manifestando o ódio do homem por Deus, foi também Deus quem colocou todos os nossos pecados sobre Seu Filho, o Servo perfeito, e O crucificou. A cruz foi obra de Deus; foi algo que Jeová cumpriu para nossa salvação.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)
44. Como é feita a reconciliação do pecador, com Deus?
A palavra "reconciliação" ocorre apenas quatro vezes no Novo Testamento, e às vezes ela é traduzida em algumas versões por "expiação". (Romanos 5:11; 11:15; 2 Coríntios 5:18,19)
A palavra, no grego (katallage), tem seu significado primário como troca – no negócio de cambistas, que troca valores equivalentes.
Mas temos um outro significado que é o ajuste de uma diferença, reconciliação, restauração à situação favorável anterior.
A "reconciliação" tem base na morte sacrificial de Cristo na cruz que fornece a Deus um meio de oferecer perdão e salvação aos pecadores culpados.
Seria impossível exagerar a importância da "reconciliação" feita por Cristo; está intimamente ligada às outras verdades discutidas em outros vídeos recentemente.
O nascimento virginal, a encarnação, a divindade e o caráter perfeitamente sem pecado de nosso Senhor Jesus Cristo fornecem a "reconciliação" com suas propriedades essenciais e valor incalculável. A ressurreição e a ascensão são fundamentadas na "reconciliação" e dão a ela a validação do céu.
Os ministérios presentes e futuros de Cristo não teriam valor, na verdade, não existiriam, sem a "reconciliação".
Ao considerar a "reconciliação", é importante diferenciar entre o fato e as teorias da "reconciliação".
O fato da "reconciliação" é uma verdade singular apresentada por Deus; as teorias dos homens sobre isso são muitas.
O fato da "reconciliação" está, de fato, bem no centro da verdade divina. Uma compreensão imprecisa de sua verdade afetará, na medida correspondente, todas as outras verdades a respeito da pessoa de Cristo. Seria impossível explicar completamente a "reconciliação" em um único vídeo, então examinaremos os principais pontos da doutrina sob uma série de questões.
Por que a "Reconciliação"?
A resposta está nos eventos de Gênesis 3, conforme explicado em Romanos 5:12: "Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; e assim a morte passou a todos os homens."
O pecado de Adão mergulhou o mundo em pecado, morte e condenação; essa é a situação de todos os seus descendentes. A humanidade está condenada diante de Deus, com uma natureza pecaminosa herdada que inevitavelmente resulta em pecado, e dessas ações pecaminosas vem a pena de morte e julgamento eterno.
Romanos 5, descreve a situação: "Pela ofensa de um homem, a morte reinou por um só" (v.17), e "pela desobediência de um homem muitos foram feitos pecadores" (v.19).
A afronta ao trono de Deus pela transgressão de Adão resultou na separação da humanidade de Deus. Tendo pecado, Adão nada pôde fazer para efetuar a reconciliação entre ele e Deus, que é santo e justo. Naquela situação desesperadora, Deus providenciou o remédio: túnicas de peles para vestir Adão e Eva em seu estado decaído. Foi gracioso e amoroso da parte de Deus fornecer um remédio, mas isso sugere que Seu amor, misericórdia e graça tiveram precedência sobre Sua santidade, justiça e retidão? De jeito nenhum.
Cada atributo de Deus funcionou em divina harmonia no jardim de uma maneira que prenuncia a maior provisão que Ele, em misericórdia e graça, faria com retidão pela morte de Seu Filho. A misericórdia e a graça não se opunham aos requisitos da justiça, nem a justiça impedia o exercício da misericórdia e da graça.
O que é a "Reconciliação"?
A "reconciliação" é o meio provido por Deus para lidar com o problema criado pelo pecado. Esse problema é multifacetado e, entre outras coisas, declara que o homem está "morto em delitos e pecados", corrompido em sua natureza, "filhos da ira", distante de Deus, seguindo "as concupiscências da nossa carne, cumprindo os desejos … da mente". (Efésios 2:1-13)
Para Deus oferecer perdão aos pecadores, Sua justiça deve ser satisfeita. Essa satisfação deve incluir exigir a pena de morte pelo pecado.
A "reconciliação" por Cristo forneceu propiciação (para apaziguar a Deus santo e justo), em um sacrifício expiatório que satisfez a justiça de Deus e reconciliação (retirar os pecados).
O objeto da propiciação é Deus; o objeto da reconciliação é a impureza, o pecado.
A propiciação e a reconciliação são dois componentes da "reconciliação": "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro" (1 João 2:2).
E "agora, no fim dos tempos, apareceu para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hebreus 9:26).
No Calvário, todos os requisitos da justiça divina foram atendidos e, assim, Deus pode justamente oferecer perdão e remissão a todo pecador.
A "reconciliação" feita por Cristo no Calvário não foi o sofrimento da penalidade idêntica devida ao pecador, mas foi uma provisão divina de medida muito maior do que a punição que todos os pecados de toda a humanidade exigiam. Essa provisão respondeu corretamente a todas as demandas da justiça do céu de uma maneira e em uma extensão que excede em muito o que a execução real da punição pelo pecado teria sido se imposta ao pecador.
Se Cristo suportasse os sofrimentos devidos aos pecadores, por mais numerosos que fossem, não seria uma reconciliação, mas suportando meramente a penalidade por seus pecados e nada mais. Sua reconciliação foi muito maior em medida e de um tipo diferente da penalidade exigida pelos pecados da humanidade.
Se Cristo sofreu a mesma penalidade pelos pecados da humanidade, então a remissão da penalidade ao crer em Cristo não é resultado de graça e misericórdia, mas é uma obrigação.
Quando Cristo "morreu por nossos pecados" (1 Coríntios 15:3), Seu sacrifício forneceu uma base justa de valor ilimitado sobre a qual Deus pode oferecer e dispensar perdão a qualquer pecador crente.
A obra de reconciliação não é o mesmo que expiação, redenção, perdão, santificação ou justificação, mas é a base sobre a qual essas bênçãos podem ser oferecidas livremente. Como resultado da reconciliação, Deus pode estender todas essas bênçãos e ser misericordioso com o pecador de maneira honrosa.
Em resumo, então, a reconciliação contém dois elementos: primeiro, um sacrifício que satisfez a Deus em relação ao pecado e, segundo, uma provisão de tal medida no sacrifício que permite a Deus oferecer perdão a todo pecador.
A mensagem das Escrituras é que Deus, em Seu grande amor, providenciou os meios de reconciliação do pecador através da morte de Seu Filho: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que crê em não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Quando Foi Feita a Reconciliação?
A reconciliação feita por Cristo restringiu-se às horas de Seu sofrimento na cruz.
A vida imaculada de Cristo foi um pré-requisito necessário para a reconciliação, e a ressurreição e ascensão foram uma validação necessária da reconciliação, mas a reconciliação em si foi completada inteiramente na cruz quando o Salvador disse: "Está Consumado".
Isso significa que tudo o que foi concluído na cruz permanece completo por toda a eternidade e não pode ser complementado de forma alguma depois disso. Quem foi incluído na provisão de reconciliação na cruz permanece assim eternamente.
É por esta razão que o trilema de John Owen de "todos os pecados de todos os homens" ou "todos os pecados de alguns homens" ou "alguns dos pecados de todos os homens" é um argumento falso.
Baseia-se em uma visão comercial antibíblica da reconciliação que defende a execução do julgamento por uma quantidade específica de pecados e pecadores. A morte de Cristo nunca é vista dessa forma nas Escrituras.
Qual é o Resultado da Reconciliação?
A reconciliação feita por Cristo foi um sacrifício substitutivo que tornou possível a salvação de todos os homens, removendo todos os obstáculos que impediam Deus de oferecer um perdão, e fazê-lo de maneira que honrasse Sua Lei. Deus tem os meios pelos quais Ele pode genuinamente oferecer a salvação a todo pecador e trazer os pecadores arrependidos para um relacionamento com Ele, evitando a penalidade por seus pecados.
Isso é descrito em Romanos 3:26: "para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus".
Se algum pecador é salvo ou não, não faz diferença para o expediente fornecido pela reconciliação de Cristo. Se um pecador é salvo, é porque os obstáculos à sua salvação foram removidos por Deus; se um pecador perece, não é por causa de um obstáculo da parte de Deus. Quando um pecador perece, é inteiramente devido à sua incredulidade. Deus se declara disposto e pronto para salvar qualquer pecador; Ele é "Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos" (1 Timóteo 2:3-4).
A reconciliação feita por Cristo é o meio pelo qual Deus dispensa a salvação, e também o meio pelo qual o pecador obtém a salvação. A mensagem do evangelho é para "toda criatura", porque as bênçãos da salvação estão disponíveis para toda criatura. (Marcos 16:15)
No entanto, nem todas as pessoas serão salvas. As bênçãos disponíveis por meio da reconciliação feita por Cristo são dispensadas mediante o exercício da fé. Cristo é o sacrifício pelo pecado, cujos benefícios são apresentados por Deus, e os pecadores obtêm a remissão da pena de seus pecados quando creem no Senhor Jesus como salvador pessoal (Romanos 3:24-25).
Na conversão, o pecador recebe as bênçãos que fluem da reconciliação que Cristo fez na cruz – perdão, libertação, vida eterna, expiação, redenção, santificação e a certeza do céu para a eternidade.
Para quem é a reconciliação?
É importante observar que: Não há uma passagem nas Escrituras que afirme que Cristo morreu apenas por alguns pecadores.
As Escrituras afirmam que a morte de Cristo foi por todos os homens.
(leia: Isaías 53:6; João 1:29; 2 Coríntios 5:15; 1 Timóteo 2:6; Tito 2:11-14; 1 João 2:2).
A mensagem do evangelho de perdão é para todas as pessoas (Lucas 2:10; Marcos 16:15).
Uma vez que a mensagem do evangelho é para o mundo inteiro e exorta aqueles que a ouvem a se arrependerem de seus pecados e crerem em sua mensagem, deve haver uma possibilidade real de todos aproveitarem as bênçãos da reconciliação para que ela seja uma oferta genuína, feito de boa fé.
Cristo morreu pelos pecadores (Romanos 5:6,8) e pelos pecados de todo pecador (1 João 2:2).
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)
45. Ressurreição de Jesus Cristo
Juntamente com a encarnação e morte de Cristo, a ressurreição corporal de Jesus Cristo permanece como o evento mais significativo e transformador que já ocorreu. Para usar uma frase bem conhecida, é a "dobradiça da história", uma trindade de ações divinas que formam o fundamento inabalável do propósito redentor de Deus. A ressurreição é "a espinha dorsal do evangelho cristão, a pedra angular da doutrina cristã e a base da conduta cristã". O túmulo vazio de Cristo afirma a gloriosa plenitude de nosso exaltado Senhor: "Eu estou … vivo. Eu morri, e eis que estou vivo para todo o sempre" (Apocalipse 1:17-18).
Ser ressuscitado é ser ressuscitado corporalmente dentre os mortos. O Novo Testamento nos ensina que assim como a morte é universal – "a morte passou a todos os homens porque todos pecaram" (Romanos 5:12) – assim também a ressurreição será todo-inclusiva. O Senhor Jesus apontou para uma hora vindoura "quando todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão, os que fizeram o bem para a ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição do juízo" (João 5:28-29).
Isso não é uma bagatela teológica. Paulo nos diz que "se os mortos não ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou" (1 Coríntios 15:16).
Se os homens comuns não pudessem ser ressuscitados, então a ressurreição do homem perfeito de Deus seria impossível também, e ainda estaríamos perecendo.
Desde os primeiros tempos, o povo de Deus acreditou na ressurreição corporal. Jó, na antiguidade, afirmou com confiança que "depois que minha pele for assim destruída, ainda em minha carne verei a Deus" (Jó 19:26).
Seu contemporâneo, Abraão, tinha a mesma crença; em relação a Isaque, ele reconheceu "que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos" (Hebreus 11:17-19).
E Davi, nos Salmos, falou com grande confiança espiritual: "Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; quando acordar, ficarei satisfeito com a tua semelhança" (Salmos 17:15).
Essa antecipação da ressurreição de Cristo foi prenunciada nas Festas de Jeová em Israel (Levítico 23).
Assim como a Páscoa indicava Sua morte, a Festa das Primícias, no primeiro dia da semana, antecipava Sua ressurreição. Paulo ensinou que "Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois, na sua vinda, os que pertencem a Cristo" (1 Coríntios 15:20-23).
Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento contém histórias maravilhosas sobre o poder de Deus em ressuscitar os mortos. A breve alusão a "mulheres [que] receberam de volta seus mortos pela ressurreição" em Hebreus 11:35 apontava para eventos na vida dos profetas Elias (1 Reis 17:17-24) e Eliseu (2 Reis 4:32-37).
Acrescente-se a essas histórias a narrativa colorida de um homem morto que foi jogado às pressas na tumba de Eliseu e ressuscitou milagrosamente ao entrar em contato com seus ossos (2 Reis 13:21).
O registro da vida de Cristo no Novo Testamento também contém três ressurreições. Na cidade de Naim, Jesus ordenou ao filho de uma viúva que se levantasse, e "o morto sentou-se e começou a falar" (Lucas 7:15).
Em outro dia, Ele ressuscitou uma menina judia, filha de Jairo (Lucas 8:40-56).
Mais tarde ainda, quando a triste notícia da morte de Lázaro de Betânia O alcançou, Ele disse: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou despertá-lo" (João 11:11).
Ao proclamar "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11:25), Jesus emitiu uma ordem em voz alta, e Lázaro saiu da tumba, vivo!
Após a própria morte de Cristo, três outras ressurreições são registradas; lemos que quando o Senhor Jesus entregou seu espírito na cruz, houve um terremoto e "muitos corpos de santos que dormiam, ressuscitaram (depois ressurreição dEle)" (Mateus 27:50-54).
Em Jope, Pedro ordenou a Tabita (ou Dorcas) que ressuscitasse dos mortos, o que ela fez (Atos 9:36-41), e Paulo, como os profetas antes dele, estendeu-se sobre o corpo quebrado de Êutico e o devolveu vivo para a assembleia em Trôade (Atos 20:7-12).
É significativo que todas as pessoas, uma vez ressuscitadas, também morram novamente. O veredicto de Deus, "ao homem está ordenado morrer uma só vez" (Hebreus 9:27), estabelece a sentença mínima; não contradiz a possibilidade de morrer duas vezes, como os ressuscitados na Bíblia realmente fizeram. Tampouco nega a terrível realidade de uma "segunda morte" para aquele que rejeita a Cristo.
Mas houve uma ressurreição diferente de todas as outras. Paulo escreveu: "Sabemos que, sendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, não morrerá nunca mais; a morte não tem mais domínio sobre ele. Para a morte que ele morreu, ele morreu para o pecado, de uma vez por todas, mas a vida que ele vive, ele vive para Deus" (Romanos 6:9-10).
E agora, para aqueles que aguardam Sua vinda, existe a possibilidade real de que nós também nunca morreremos. Olhando para Sua vinda, Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá" (João 11:25-26).
Paulo escreveu: "Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles" (1 Tessalonicenses 4:16-17).
A morte de Jesus Cristo é indiscutível; pensando na lança e no sangue, Spurgeon disse: "Nenhum homem neste mundo esteve mais certamente morto do que ele". Assim, também, Sua ressurreição era certa. Os romanos podem selar uma tumba fechada, mas nós colocamos nossa esperança em uma tumba aberta! Como os primeiros visitantes, ouvimos a doce palavra angelical: "Ele ressuscitou", e então, como Maria, nos voltamos para abraçar Seus pés em adoração.
Ele não experimentou nenhum tipo de corrupção na tumba.
Imaculado em Sua impecabilidade e perfumado com nardo e especiarias preciosas, Ele emergiu no "poder de uma vida indestrutível" (Hebreus 7:16).
Sim, era um corpo humano, mas agora, muito mais; neste corpo ressurreto, havia novas qualidades, elevando-se acima das limitações materiais, transcendendo as leis naturais dentro de Sua própria criação.
Houve testemunhas, é claro – não poucas, mas multidões de testemunhas confiáveis. E o que eles viram? Eles viram um homem vivo, criado em um corpo humano real.
Ele não disse aos discípulos: "Vejam minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo. Toque-me e veja. Pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (Lucas 24:39)?
Pedro testificou: "Deus o ressuscitou no terceiro dia" e Ele apareceu às "testemunhas, que comeram e beberam com ele depois que ressuscitou dos mortos" (Atos 10:40-41).
É claro que houve "narrativas alternativas" apresentadas para negar Sua morte e ressurreição, todas elas invenções mal disfarçadas de descrença. Não, Ele não desmaiou. Não, não havia engano sobre o túmulo. E não, não houve alucinação em massa das testemunhas. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele vive!
A mensagem de Pedro no Dia de Pentecostes estabeleceu a agenda para toda mensagem autêntica do evangelho. "Jesus de Nazaré [foi] (…) crucificado e morto pelas mãos de iníquos. Deus o ressuscitou, soltando as ânsias da morte, porque não era possível que ela o retivesse" (Atos 2:22-24).
Apontando para Davi, ele argumentou convincentemente que "ele previu e falou sobre a ressurreição do Cristo, que ele não foi abandonado no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, e disso todos nós somos testemunhas" (Atos 2:31-32).
Toda a mensagem apostólica foi centrada aqui. Paulo registrou de forma memorável o evangelho que lhe havia sido revelado em quatro proposições curtas (1 Coríntios 15:3-8).
Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou e foi visto; esta foi a soma e a substância da palavra pregada. Desde sua primeira mensagem registrada em Antioquia (Atos 13:30), sua pregação foi permeada pelo Cristo ressurreto.
E ainda hoje, "se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Romanos 10:9).
Um Cristo ressuscitado é essencial para nossa salvação. Sem ela, o cristianismo é inválido; "Se Cristo não ressuscitou, sua fé é vã e vocês ainda estão em seus pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo pereceram" (1 Coríntios 15:17-18).
Felizmente, Pedro nos lembra que Deus, "segundo a sua grande misericórdia… nos fez renascer para uma viva esperança, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (1 Pedro 1:3).
Somos declarados justos quando "cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por nossos delitos e ressuscitou para nossa justificação" (Romanos 4:24-25).
A santificação agora é nossa; "Assim como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida" (Romanos 6:4).
A ressurreição de Jesus Cristo garante nosso futuro em Sua presença, "sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos levará convosco à sua presença" (2 Coríntios 4:14).
Um Cristo ressuscitado confere total segurança para todos os salvos, pois Eles disse; "porque eu vivo, vocês também viverão" (João 14:18-19).
46. Ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo
Os discípulos seguiram ansiosamente seu Senhor de Jerusalém a Betânia (Lucas 24:50).
Eles pararam ao cruzar o riacho Cedrom e possivelmente se lembram da última vez que cruzaram suas águas.
Eles queriam ficar no Getsêmani? Não somos informados.
Foi em Betânia que eles finalmente chegaram.
Talvez eles estivessem pensando que finalmente chegara a hora. Seu Salvador triunfante estava prestes a estabelecer o Reino, afirmar Sua messianidade e reivindicar a coroa. Ninguém poderia negar que o Homem que foi colocado na cruz, que agora estava vivo, deveria ser o Messias!
Suas expectativas devem ter sido altas. Depois de três anos sendo incompreendido e negado, sem dúvida Ele afirmaria com poder Sua realeza. Em vez disso, algo totalmente diferente, mas tão surpreendente e importante quanto Sua morte, sepultamento e ressurreição: foi Sua ascensão. Atos 1 descreve isso em detalhes.
Os discípulos foram testemunhas oculares. Não há possibilidade de espiritualizar isso como os homens tentaram fazer com a ressurreição. Esta não foi uma "experiência edificante" na qual os discípulos de alguma forma tiveram uma experiência espiritual que viu o poder de Deus ainda presente à direita de Deus. Esta não foi uma ilusão provocada pelo êxtase emocional. O relato em Atos 1:9-11 enfatiza a experiência como uma realidade ao empregar palavras como ver, contemplar e ouvir – todas as palavras que atestam o relato de uma testemunha ocular.
Lemos em Lucas 24:50 que o Senhor Jesus ressuscitado conduziu os seus discípulos até Betânia.
A pequena aldeia ficava nas proximidades do Getsêmani. Talvez a razão pela qual Ele escolheu Betânia foi porque era o único lugar que Ele frequentava onde era sempre bem-vindo. Belém não tinha lugar para Ele, Nazaré e Cafarnaum O rejeitaram, Jerusalém lhe deu uma cruz, mas Betânia sempre O acolheu. A última semana de Sua estada aqui na terra, Betânia, e mais particularmente o lar em Betânia, acolheu-O e cuidou dele.
A linguagem de Atos 1 é emocionante de se considerar. Os verbos de ação nos dão uma noção da maravilha que marcou o momento: "ele foi arrebatado", "uma nuvem o recebeu", "enquanto subia", "este mesmo Jesus... arrebatado".
Lucas, em seu Evangelho, acrescenta à lista que Ele foi "levantado" (Lucas 24:51).
A nuvem Shekiná o escoltou até a sala do trono, onde Ele entrou com pleno direito moral e Se sentou à direita da Majestade nos céus (Hebreus 8:1).
Ele subiu em virtude de Sua Pessoa; Ele foi recebido no céu como se em repreensão à terra que O havia rejeitado. Aquele que carregou uma cruz para a colina da caveira foi agora levado para o céu, para ser abordado por Seu Pai: "Senta-te à minha direita, até..." (Salmos 110:1).
Os discípulos ficaram olhando para o céu enquanto marcavam Seu caminho desde a terra até a mão direita do Pai. Ele atravessou o domínio de Satanás, o príncipe das potestades do ar, e atravessou-o sem impedimentos. Todas as hostes do inferno tiveram que se afastar enquanto o poderoso conquistador caminhava triunfalmente por seu domínio (Colossenses 2:15).
Sua suposta vitória no Calvário foi sua derrota final. Sua ascensão através de sua esfera demonstrou a eles sua impotência e foi um prenúncio de sua derrota final e definitiva.
Em Gênesis, temos uma bela ilustração disse na vida de José, pois chegou o dia em que José foi chamado de sua cela na prisão e conduzido à sala do trono do Faraó. Como sinal de sua exaltação, um anel foi colocado no dedo de José, investindo-o de autoridade e majestade. De maneira muito maior, a glorificação do Filho de Deus O colocou no cume do domínio e da glória universais.
Ouça algumas das palavras dos escritores do NT:
"Também Deus o exaltou soberanamente " (Filipenses 2:9)
"Muito acima de todo principado e potestade" (Efésios 1:21)
"Ele… é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus (Efésios 4:10)
"Mais alto, mais sublime que os céus" (Hebreus 7:26)
Deus deu o lugar mais alto ao Homem a quem a terra deu o lugar mais baixo. Ele não é apenas exaltado, mas altamente exaltado, não apenas acima de tudo, mas muito acima de tudo. Deus não poderia honrar Seu Filho em nenhuma medida mais elevada.
A ascensão de nosso Senhor Jesus é vital para a verdade doutrinária. Na epístola aos Hebreus, a presença do Senhor Jesus no céu é nossa garantia da Nova Aliança. Assim como a aceitação de Israel, ano após ano, dependia da aceitação de seu Sumo Sacerdote no Dia da Expiação, Cristo tendo entrado no céu é nossa garantia de nossa aceitação. Permite-nos chegar com ousadia, entrar com confiança e aproximar-nos com toda a segurança. Ao longo da carta aos Hebreus, é enfatizada a ascensão e o sentar de Cristo à direita de Deus. Quatro vezes nos é dito que Ele está sentado em um trono. Cada menção nos garante que:
Ele se senta no trono do controle universal (Hebreus 1:8)
Ele ocupa um trono de conforto infalível (Hebreus 4:16)
Ele se senta em confiança inquestionável (Hebreus 8:1)
Ele está sentado como o incontestado campeão da fé (Hebreus 12:1-2)
É também a garantia de um futuro para Israel, para a Igreja e para as nações. "Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir." (Atos 1:11).
Seus pés um dia pisarão no Monte das Oliveiras quando Ele vier para Israel e as nações para reinar (Zacarias 14:4).
Mas sete anos antes, Ele vem até as nuvens, de onde ele arrebata a sua noiva, a Igreja e a leva para a casa do Pai.
Tudo isso nos dá a segurança da Sua vitória no Calvário. Nos assegura a satisfação de Deus com Sua obra na cruz, o triunfo final de todos os propósitos e planos de Deus e a honra e glória eternas devidas ao Filho.
Sua morte vicária, ressurreição vitoriosa e ascensão visível são indispensáveis para nossa salvação e bênção.
A mensagem do evangelho de perdão é para todas as pessoas (Lucas 2:10; Marcos 16:15).
Uma vez que a mensagem do evangelho é para o mundo inteiro e exorta aqueles que a ouvem a se arrependerem de seus pecados e crerem em sua mensagem, deve haver uma possibilidade real de todos aproveitarem as bênçãos da reconciliação para que ela seja uma oferta genuína, feito de boa fé.
Cristo morreu pelos pecadores (Romanos 5:6,8) e pelos pecados de todo pecador (1 João 2:2).
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)
47. Ministério Presente de Cristo
Para aqueles que já leram Êxodo 17, vão lembrar do campo de batalha naquele dia em Refidim, e a visão teria sido tanto desconcertante quanto intrigante. No vale estavam os dois exércitos em combate, Israel, sob o comando de Josué, e Amaleque, seu inimigo de longa data. Mas na colina com vista para o campo de batalha estava um homem com as mãos estendidas para o céu. Surpreendentemente, enquanto suas mãos permaneciam levantadas, Israel prevaleceu, mas quando suas mãos abaixavam, Amaleque moveu-se com poder prevalecente. À medida que o dia avançava, ficou claro que o que estava acontecendo no vale estava sendo dramaticamente afetado de cima.
Maravilhosamente, nós também temos um Homem na glória, pois nosso Senhor não apenas morreu por nós, mas agora vive por nós em nossa jornada de peregrinação.
Hebreus 9:24 deixa esta grande verdade bem clara: "Cristo não entrou num santuário feito por mãos... mas no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus". Embora o Calvário tenha resolvido a grande questão do nosso pecado, dia a dia estamos sendo salvos por Seu ministério contínuo no céu. Como pecador, eu precisava de um Mediador com um Deus justo (1 Timóteo 2:4); como filho na família, precisava de um Advogado junto ao Pai; mas como peregrino, precisava de um Intercessor em vista das minhas fraquezas e enfermidades. Nosso Senhor Jesus Cristo realizou tudo isso e muito mais. Então, o que exatamente Ele está fazendo agora?
As jornadas pelo deserto não foram fáceis para os israelitas, nem são para nós. Mas nosso Deus não nos deixou enfrentar essas dificuldades sozinhos, pois Cristo, nosso Grande Sumo Sacerdote, nos convida a nos aproximarmos para experimentar Sua presença e poder. Sua intercessão em nosso favor não está relacionada ao nosso pecado, mas sim às fraquezas e enfermidades que nos marcam.
A Bíblia Corrigida Fiel, usa a palavra "socorrer" em Hebreus 2:18, quando fala Cristo como nosso Sumo Sacerdote junto a Deus; isto, na verdade, significa que Ele pode "ajudar" em vista de nossas necessidades.
A mulher de Canaã que apelou ao Senhor em nome de sua filha finalmente gritou em desespero: "Senhor, ajuda-me!", e o Senhor graciosamente curou sua filha. (Mateus 15:25)
Muitos de nós clamamos a mesma oração na grandeza de nossa necessidade, com resultados semelhantes. Que recurso tremendo temos n'Aquele que conhece todos os detalhes sobre nós, que se lembra de nossa fragilidade, que se compadece de nós como um pai se compadece de seus filhos, e que tem prazer em atender nossas carências. Ele esteve onde nós estamos e, "porque ele mesmo padeceu quando tentado, pode socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18).
Ele realmente simpatiza conosco em nossas fraquezas, pois Ele "em tudo foi tentado como nós, mas sem pecado", e assim podemos ir com ousadia ao trono da graça para obter a misericórdia e a graça para o julgamento. (Hebreus 4:15)
Nosso acesso a Ele é ilimitado – 24 horas por dia, 7 dias por semana – pois Jesus Cristo é apresentado como um sacerdócio eterno e imutável.
Por causa disso, "ele é capaz de salvar perfeitamente [ou, em todos os momentos] aqueles que se aproximam de Deus por meio dele, pois vive sempre para interceder por eles" (Hebreus 9:25).
Mas as intercessões de nosso Senhor nem sempre começam quando nos aproximamos Dele. No caso de Pedro, Cristo revelou a ele que já havia orado por ele para que sua fé não falhasse. Sua intercessão precedeu a provação e a tentação e, embora Pedro tenha falhado tristemente com seu Senhor, a graciosa intercessão do Senhor finalmente o preservou e restaurou a uma vida e ministério de grande bênção.
Cristo não apenas é marcado pela intercessão em nosso favor, mas também é nosso advogado junto ao Pai em vista do pecado em nossa vida.
A única referência a esta grande obra é encontrada em 1 João 2:1: "Se alguém [crente] pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo". Um advogado (grego, parakletos) é aquele que "se aproxima para ajudar" no momento em que o pecado rompeu a comunhão com o Pai. Nosso pecado nunca é minimizado ou desconsiderado, mas por causa de quem Jesus é e do que Ele fez, nosso Advogado pleiteia os méritos de Seu próprio sacrifício no Calvário diante do Pai, pois Ele é a "propiciação [satisfação] pelos nossos pecados".
Por Jesus ser o "Justo", nossa união com o Pai é mantida. O Calvário é o lugar onde a propiciação foi realizada, mas aqui em 1 João 2, é a maravilhosa pessoa do próprio Cristo que satisfez as justas exigências de um Deus ofendido. Que bênção tremenda ter Alguém na glória que está apto e disposto a nos representar como advogado de defesa e defender nossa causa.
Mas há outro foco em Sua defesa, pois a palavra grega contém a ideia de "consolador". No Cenáculo, Nosso Senhor prometeu enviar outro Consolador, o Espírito Santo; e exatamente como Ele prometeu, o Espírito veio no Pentecostes. Assim, temos um Consolador acima mantendo nossa ligação com o Pai e um Consolador abaixo que nos mantém em nossa caminhada de fé. A defesa de Cristo por nós é contínua e sem falhas, pois Ele pagou um preço tremendo para nos tornar Seus e ternamente cuida de nós ao longo do caminho. Ele garante nossa segurança na família e procura manter nosso desfrute do Pai.
Existem outros aspectos do ministério atual de Cristo, mas preciso acrescentar um breve lembrete de Seu trabalho contínuo como o Bom Pastor. Seu cuidado e sacrifício pelos Seus enquanto aqui na terra é o tema de nossa adoração e louvor, mas Ele ainda não está pastoreando Seu rebanho?
Parte desse trabalho foi dado a homens fiéis que receberam o dom de Cristo, e no meio do povo do Senhor, atuam como "pastores auxiliares", "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor."(Efésios 412-16)
Em 1 Pedro 1:5 diz-se: "Sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo". O último passo da salvação é a redenção na vinda do Senhor Jesus. A salvação pode ser dividida em três estágios. A salvação abordada neste trecho refere-se à nossa redenção na volta do Senhor Jesus. Mediante a fé somos guardados pelo poder de Deus para a redenção.
Somos nós que seguramos Deus ou é Deus quem nos segura?
Somos nós que nos guardamos ou somos guardados por Deus?
A Bíblia diz que é Deus quem nos guarda. O guardar do poder de Deus pressupõe que se eu me perdesse, a responsabilidade não seria minha, mas de Deus. Eu falo reverentemente: se nós nos perdêssemos, maior responsabilidade recairia sobre Deus do que sobre nós. Por isso, não devemos ter qualquer pensamento de que os cristãos podem perder-se. Falaremos sobre esse assunto nos próximos capítulos deste livro. O problema hoje é a salvação. A salvação é algo totalmente relacionado com Deus.
Por que seremos totalmente salvos?
Em 2 Timóteo 1:12 diz-se: "Porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia". Tudo o que Paulo depositou no Senhor, o Senhor guardará até o dia de Sua volta. Portanto, estamos salvos o tempo todo até aquele dia.
Para mim, ir para o inferno e perecer, não importaria muito, mas para a glória de Deus a perda significaria muito. Minha perdição não seria importante; mas se eu perecesse, Deus certamente não seria glorificado. Sua glória certamente seria danificada, porque indicaria que Deus não guarda bem. Se eu perecesse, isso aconteceria porque Deus não me guardou bem. Por causa da glória de Deus, todos os que conhecem Deus e Seu poder protetor dirão que não há como perder a salvação de Deus. Não há possibilidade de perdê-la. A Palavra de Deus é mais do que clara a esse respeito.
Em relação aos versículos sobre a segurança da salvação do crente, o que mais gosto é Judas 24-25a.
Ele é mais peculiar do que qualquer dos outros versículos. Ele nos diz o que o nome de Deus é. O nome de Deus é "Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, ao único Deus, nosso Salvador".
Que é o nome de Deus? O nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos guardar de tropeços; o nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos apresentar com exultação, imaculados diante de Sua glória; o nome de Deus é Aquele que é o único Deus, nosso Salvador. Este é nosso Deus.
Que é não tropeçar? Aqui não diz que Deus nos livrará de cair, e, sim, que Ele nos guardará de tropeços. Cair é deitar no chão. Mas tropeçar é somente cometer um deslize. Ele diz que Deus pode guardar-nos de deslizes. Deus não apenas pode livrar-nos de cair, mas pode livrar-nos de deslizes.
Nenhum ensinamento na Bíblia pode ter os pecadores como ponto de partida; todos os ensinamentos devem ter o Senhor Jesus como ponto de partida. Seria terrível se os pecadores fossem tomados como ponto de partida; mas se o Senhor Jesus é tomado como o ponto de partida, as coisas ficarão esclarecidas. Se tomarmos os pecadores como ponto de partida, o problema do pecado se tornará obscuro para nós. Haverá muitas coisas que não consideraremos como pecados. Muitas questões imundas serão consideradas limpas; muitas questões fracas serão consideradas fortes; muitas coisas vergonhosas serão consideradas gloriosas. Mesmo após nos tornarmos cristãos, ainda consideraremos muitas coisas pecaminosas como gloriosas. Entre os que conhecem a Deus, há ainda muitos pecados que não foram julgados. Há ainda muitos pecados que um cristão considera como gloriosos.
Se um cristão não tem clareza a respeito da questão do pecado, quanto mais um pecador?
Há muitos pecados que Deus já julgou no Senhor Jesus, que não nos foram manifestados como pecados quando éramos pecadores. Somente após crermos no Senhor Jesus é que fomos esclarecidos de que eram pecados. Quando éramos pecadores, não tínhamos clareza; somente após crermos no Senhor Jesus fomos esclarecidos. Contudo, mesmo os cristãos não são tão dignos de confiança; há ainda muitas coisas que eles não veem.
Quanto a perder a salvação, se considerarmos a questão do ponto de vista humano, nunca veremos coisa alguma. Se considerarmos as verdades da Bíblia do nosso ponto de vista, tudo se tornará confuso. Podemos pensar que uma coisa é maior que as demais. Somente quando consideramos as coisas do ponto de vista do Senhor é que teremos clareza. A questão não é se somos capazes ou não de conservar a nossa salvação. A questão é se o Senhor Jesus é ou não capaz de conservar a nossa salvação. E quanto a isto Ele mesmo afirma:
"E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um." (João 10:28-30)
48. O Futuro Ministério de Cristo
O Senhor Jesus disse em João 5:28,29: "Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação."
Isso acontecerá durante um período de tempo, começando com a ressurreição dos crentes que será em duas etapas,
1a) primeiro os mortos da Era da Igreja no Arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:13-18),
1b) e depois de sete anos, será a ressurreição dos santos da Tribulação (e, creio eu, também os santos do Antigo Testamento) no final da Tribulação (Daniel 12:1,2; Apocalipse 20:4,6),
2) terminando com a ressurreição dos mortos injustos no final do Milênio para comparecer diante do Trono Branco para serem lançado no Lago de Fogo, corpo, alma e espírito (Apocalipse 20:5, 11-13).
No Arrebatamento, o Senhor Jesus receberá Sua Igreja: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo; para que onde eu estou estejais vós também" (João 14:3).
Após o arrebatamento, sete anos mais tarde, Ele receberá a nação arrependida de Israel, dando-lhes as boas-vindas a Si mesmo. Sobre isto Paulo disse: "Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são." (Romanos 11:15,16).
Nesta mesma ocasião, Ele receberá os salvos das nações, convertidos pela pregação do Evangelho do Reino, feto pelos 144.000 evangelistas Israelenses que, com Israel redimido, entrarão em Seu reino. Note o que o Senhor Jesus diz sobre este evento: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mateus 25:34).
Em vários estágios do programa para o futuro, o Senhor Jesus resgatará Seu povo. Um exemplo notável está no final da Tribulação, quando Israel está enfrentando o que parece ser, uma destruição certa. Então Ele virá do céu em grande glória e concederá libertação física e espiritual. Note o que Bíblia diz sobre isto: "E acontecerá naquele dia que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém. E derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o espírito de graça e de súplicas" (Zacarias 12:9,10).
"E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó as impiedades" (Romanos 11:26).
No tribunal de Cristo, evento que está ligado somente com os crentes da dispensação da Igreja, Ele revelará nossas obras, lemos na Bíblia que, "A obra de cada um se manifestará; porque aquele dia a declarará, porque pelo fogo será revelada; e o fogo provará qual seja a obra de cada um" (1 Coríntios 3:13).
Quando Ele retornar à terra no final da Tribulação, Ele Se revelará: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória" (Mateus 24:30).
Pedro também escreve sobre "sua glória" que "será revelada" (1Pe 4:13; 5:1).
Teremos uma parte nisso; Paulo escreve que "as aflições do tempo presente não podem ser comparadas com a glória que em nós há de ser revelada" (Romanos 8:18).
Paulo anima aos crentes de Tessalônica com estas palavras: "É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes causam tribulação, e dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá do céu, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho." (2 Tessalonicenses 1:6-10)
Todos serão julgados pelo Senhor Jesus Cristo (João 5:22,27).
Após o arrebatamento, os crentes da presente era "todos devem comparecer perante o tribunal de Cristo; para que cada um receba o que foi feito por meio do corpo" (2 Coríntios 5:10).
Após sete anos do arrebatamento, quando Ele retornar em glória, Ele julgará aqueles que vivem na terra, resultando em "castigo eterno" ou "vida eterna" (Mateus 25:31-46).
No final do Milênio, os mortos injustos serão ressuscitados, julgados "segundo as suas obras" no grande trono branco e "lançados no lago de fogo" (Apocalipse 20:11-15).
Seja em recompensa ou em punição, o Senhor Jesus sempre agirá com retidão.
"Pois conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. E ainda: O Senhor julgará o seu povo" (Hebreus 10:30).
Pedro falou de "Jesus Cristo… a quem convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas" (Atos 3:20,21).
Em Seu retorno à terra, ou seja, sete anos após o arrebatamento, Satanás será lançado no abismo por mil anos, onde não poderá mais enganar as nações (Apocalipse 20:2,3).
Naquela época, o Senhor Jesus Cristo "restaurará o reino a Israel" (Atos 1:6).
Durante esse período de mil anos, a terra experimentará uma restauração de condições favoráveis, incluindo fertilidade (Isaías 35:1,2; Amos 9:13,14), administração justa (Salmos 98:9; Isaías 11:4, 5), paz (Miqueias 4:3,4) e segurança (Isaías 11:6-9).
"E o Senhor será Rei sobre toda a terra" (Zacarias 14:9).
"Seu domínio será de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra" (Zacarias 9:10).
"Todo aquele que restar de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirá de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos" (1Zacarias 4:16).
Os santos da Era da Igreja e da Tribulação reinarão com Ele (Apocalipse 5:10; 20:4-6).
Este reinado não acabará no fim dos mil anos, mas será eterno: "Reinará eternamente sobre a casa de Jacó; e o seu reino não terá fim" (Lucas 1:33);
"Os reinos deste mundo passaram a ser de nosso Senhor e de seu Cristo; e ele reinará para todo o sempre" (Apocalipse 11:15).
Este é "o reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pedro 1:11).
Em sua visão, João "viu um novo céu e uma nova terra: porque o primeiro céu e a primeira terra já passaram" (Apocalipse 21:1).
Sem dúvida, assim como na criação do cosmos original, o Senhor Jesus será Aquele por meio de quem Deus realizará essa ação. Este cosmo renovado estará livre de qualquer traço de pecado e não haverá possibilidade de o pecado entrar nele.
Então se cumprirá em sua totalidade o que temos em João 1:29: "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo."
O apóstolo pedro anima e exorta os crentes com as seguintes palavras: "O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor.
Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.
Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém." (2 Pedro 3:9-18).
49. Que significa quando Pedro disse: “Deus fez Jesus, Senhor e Cristo”?
Pedro em sua pregação no dia de Pentecostes disse a seus ouvintes: "Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:36)
Pedro disse que Deus fez de Jesus o Senhor e o Messias.
Isso significa que Jesus não era o Senhor antes de Sua ressurreição?
Bem, todos os leitores da Bíblia devem lembrar que muitas vezes no Novo Testamento Jesus é chamado de "Senhor", Ele também é identifica como Javé.
Mas se Jesus era verdadeiramente Senhor nesse sentido último, Ele não poderia ser feito Senhor, poderia?
Quando os que negam que Jesus é Deus olham para Atos 2:36, eles não veem apenas o fim de um grande sermão, mas da falha que é a teologia Trinitariana.
Para eles, as palavras de Pedro significam o fim da doutrina da Trindade.
Mas o que devemos fazer?
Nós nos encontramos fazendo a mesma pergunta que a primeira audiência de Pedro fez (Atos 2:37).
Por um lado, é tentador enfraquecer a palavra que diz, que Jesus foi, "constituiu, ou feito" em algo, como "reconhecido".
Mas a palavra grega não nos permite este pensamento.
Deus não apenas reconheceu Jesus como Senhor após a ressurreição; Ele O fez Senhor.
Por outro lado, não se pode negar que Lucas chama Jesus de Senhor antes de ressuscitar. Na verdade, Lucas fala de três nomes ou títulos que Jesus recebe em Sua exaltação – Senhor, Cristo e Salvador (Atos 2:36; 5:31) – embora ele tenha aplicado esses nomes a Jesus o tempo todo.
Já na narrativa do nascimento, por exemplo, o anjo anuncia aos pastores que lhes nasceu "um Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2:11).
Não podemos suavizar a palavra grega (poieo), traduzida em algumas versões por "fez ou constituído" Senhor e Cristo.
Algo mudou na ressurreição e exaltação de Jesus – Deus o fez Senhor.
Mas também não podemos negar o fato de que antes de Deus O fazer Senhor, Jesus já era Senhor, pois isto fica claro nas Escrituras, e foi afirmado pelo próprio Jesus aos Judeus: "E ele lhes disse: Como dizem que o Cristo é filho de Davi? Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?" Lucas 20:41-44
Parece que estamos diante de um dilema, pois em que sentido Deus "fez" de Jesus, o Senhor?
Para responder a isso, devemos começar observando como a sentença final de Pedro em Atos 2:36 "Deus o fez Senhor e Cristo", está intimamente ligada ao restante de seu sermão.
Em Atos 2:36, a palavra inicial deste versículo "Saiba" cria uma inclusão com a abertura de seu sermão (Atos 2:14), e a palavra "pois" mostra que todo o seu argumento foi construído até este ponto.
"Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." Atos 2:36
Para entender o que ele quer dizer com Deus tornando Jesus Senhor, precisamos prestar muita atenção a tudo o que ele disse antes.
O que causou a explosão multilíngue de louvor a Deus naquele dia?
O fluir dos espíritos? Não, foi o derramamento do Espírito Santo de Deus, conforme havia prometido por meio do profeta Joel (Atos 2:17).
Os últimos dias finalmente chegaram.
Deus cumpriu outras promessas também. A rejeição e crucificação de Jesus de Nazaré pela nação fazia parte do plano predeterminado de Deus. Eles mataram o Messias, mas Deus O ressuscitou e O exaltou ao trono do céu e deu a Ele (Jesus) "a promessa do Espírito Santo", que Jesus havia derramado (Atos 2:33).
Esse fenômeno que eles estavam testemunhando era nada menos que o dom do Espírito do fim dos tempos, disponibilizado pela morte, ressurreição e exaltação do Messias.
As antigas palavras do Salmo 110:1 chegaram ao seu cumprimento: o Senhor Deus havia convidado o Senhor de Davi para sentar-se à Sua direita no céu e reinar (Atos 2:34-35).
É neste sentido que devemos entender o versículo 36.
Deus fez Jesus o Senhor quando Ele instalou Seu Messias no trono divino. Algo significativo mudou na exaltação de Jesus – Ele começou a reinar. Ao mesmo tempo, nada mudou ontologicamente em nosso Senhor Jesus.
Assim como existem vários estágios importantes na vida de um rei, desde o nascimento como herdeiro do trono, até a unção… Ou mudando para uma analogia mais conhecida, o presidente é eleito presidente por algum tempo antes de exercer o direito de seu cargo. Seu mandato só começa quando ele é empossado em Janeiro.
De maneira semelhante, Cristo, durante Seu ministério terreno, foi corretamente identificado como o Messias…. Mas foi somente quando ele foi entronizado no céu que começou a exercer todas as prerrogativas do ofício.
E vendo desta forma, o dilema está então resolvido.
O fato de Deus ter feito Jesus Senhor em Sua exaltação de forma alguma implica que Jesus não era Senhor antes. Assim, os que negam se Jesus Deus, não podem usar este versículo para minar outros versículos do Novo Testamento que identificam Jesus como Senhor no sentido pleno de Javé.
Não devemos ter dúvida quanto a isto, pois Jesus não é outro senão Javé, o único Deus de Israel, como mostram as seguintes linhas de evidência:
Primeiro, o escritor Lucas repetidamente identifica Jesus como Senhor em Lucas e Atos. Basta ler estes dois livros para comprovar isto.
Em segundo lugar, neste mesmo sermão, Pedro identifica Jesus como o Senhor. O mesmo fluxo de pensamento e coerência que determinam o significado de Atos 2:36 também revelam algo mais profundo sobre a identidade do Homem que Deus fez Senhor.
A promessa de Deus de que Ele, Javé, derramaria Seu Espírito (Atos 2:17-18) é cumprida quando Jesus derrama o Espírito (Atos 2:33).
E Pedro ainda identifica Jesus como o Senhor e salvador em sua citação de Joel que diz: "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Atos 2:21).
Vimos Paulo aplicar este texto de Javé a Jesus. "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (Romanos 10:13)
E Pedro faz o mesmo, soando uma nota que será tocada repetidas vezes na pregação apostólica que se segue: a salvação não pode ser encontrada em nenhum outro nome senão o de Jesus Cristo (Atos 2:38).
Em Atos 2:33,38, vemos que é Jesus quem agora concede o perdão dos pecados e o dom do Espírito, e é o nome do Senhor (Javé em Joel), que deve ser invocado para ser salvo do julgamento do 'dia do Senhor', é o Senhor Jesus, o Senhor de Davi, que está sentado à direita do Senhor (Atos 2:34).
Também devemos lembrar que o Espírito Santo é uma Pessoa divina não criada. Nenhum mero ser humano, mesmo que sem pecado, poderia transmiti-Lo a outros. Se Jesus Cristo derramou o Espírito Santo – e Ele derramou – toda a casa de Israel pode saber, sem sombra de dúvida, que Jesus de Nazaré não é apenas o Messias; Ele deve ser Deus encarnado.
Estas foram as duas qualificações que Cristo deve cumprir a fim de receber o convite divino do Salmo 110. Ele tinha que ser filho de Davi e, portanto, totalmente humano (Atos 2:22-23,34); Ele precisava ser o Senhor de Davi e, portanto, totalmente Deus.
As palavras de Pedro em Atos 2:36 descrevem um desenvolvimento chocante no céu. Na sua ascensão e entronização … Jesus começou a fazer como Homem glorificado o que sempre havia feito como Deus: reinar sobre todos.
50. Os cristãos são moralmente transformados na morte para estarem com Cristo?
Paulo nos fornece a tão desejada esperança de que, quando o Senhor Jesus voltar para Seus santos no Arrebatamento, "seremos transformados" (1 Coríntios 15:51-52).
Ele escreve: "Quando isto que é corruptível se revestir da incorrupção, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" (1 Coríntios 15:54).
João acrescenta estas palavras surpreendentes: "Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque o veremos como ele é" (1 João 3:2).
A reconstituição de milhões de corpos humanos terrestres no Arrebatamento será um grande milagre. Mas ainda mais será a transformação imediata de todos aqueles em corpos glorificados, nos quais não apenas veremos nosso Salvador pela primeira vez, mas, ainda mais notável, seremos semelhantes a Ele. Essas mudanças serão a transformação moral definitiva para os filhos do pó.
Mas como estão aqueles que deixam esses corpos terrenos por meio da morte e vão para o céu?
Foi Paulo, escrevendo em Romanos 7 sobre as lutas com sua carne e sua natureza pecaminosa, quem perguntou: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:24).
Suas lutas morais, como crente, estavam relacionadas com "este corpo de morte" e sua natureza pecaminosa que o acompanha.
Mas, então o apóstolo, em seus últimos dias na terra, escreveu estas palavras em Filipenses 1:23 em relação à sua vida continuando ou talvez terminando: "Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor".
Se lhe fosse permitido viver, ele ainda teria que lidar com a carne e sua natureza pecaminosa. No entanto, se o Senhor permitisse que ele "partisse" e o levasse para casa no céu para estar com Cristo, ele entendia que isso seria "muito melhor". Podemos apenas concluir que sua chegada ao céu para estar com seu Salvador não envolveria a miséria de seu corpo mortal e a natureza pecaminosa que o acompanhava. Uma vez morto, "este corpo de morte" será deixado para trás.
O escritor de Hebreus refere-se aos habitantes da "cidade do Deus vivo" (Hebreus 12:22) e aos santos do Antigo Testamento que foram justificados pela fé. Ele os descreve como "os espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hebreus 12:23).
Justificados pela fé, eles permanecem em pureza imaculada porque o valor da obra de Cristo foi imputado a eles.
Parece então que quando o Senhor Jesus voltar, e os corpos de milhões de santos adormecidos forem ressuscitados, eles se tornarão corpos glorificados, adequados para o céu.
Eles serão reunidos aos espíritos almas dos santos que já faleceram, cujos espíritos já foram preparados para a presença de Cristo.
Nós que estivermos vivos no arrebatamento, é que teremos nossos corpos e espíritos transformados, moral e fisicamente, naquele momento tão glorioso, e então seremos capazes de apreciar plenamente nosso Salvador e estar com Ele para sempre.
Antes de finalizar, gostaria de apresentar de uma maneira clara e concisa, como temos tanta certeza da salvação e que somos salvos para sempre.
Em João 10:27-30 o Senhor Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um."
A palavra do Senhor aqui não pode ser mais clara: "Eu lhes dou a vida eterna; de modo algum perecerão". Estas palavras sozinhas são suficientes. Aqui o Senhor fala de maneira muito solene e definida que nós "de modo algum pereceremos". É exatamente como dizer que não seremos abandonados, como mencionado anteriormente. É também como dizer que não entraremos em julgamento, mas passamos da morte para a vida, como mencionado em João 5:24. Estas são palavras totalmente absolutas: "Eu lhes dou a vida eterna; de modo algum perecerão". Deus é um Deus eterno. Os que não conhecem Deus não sabem o que Deus fez. Se um homem conhece Deus, ele sabe que tudo o que Deus faz é eterno. Deus nunca faz algo temporário. Deus não muda de tempo em tempo. O que Deus fez está feito uma vez por todas. Deus não mudará após dois dias. Desde que Deus tenha feito algo, está feito para sempre. Deus não salvará você hoje e o jogará no inferno amanhã. Ele não o salvará novamente no dia seguinte e o jogará no inferno novamente no próximo. Se esse fosse o caso, o livro da vida não seria muito bonito; haveria cancelamentos e correções aqui e ali. Deus é eterno. O que Ele nos dá é vida eterna. Eis por que nunca pereceremos. Precisamos ver que tudo o que Deus faz é eterno. Deus jamais mudará. O homem pode mudar à vontade, mas Deus não. Uma vez que Ele nos salva, estamos salvos eternamente; nunca mais correremos o perigo de perecer.
Que prova temos disso? "Ninguém as arrebatará da Minha mão". A palavra "ninguém" no texto original significa "nenhuma coisa criada". O Senhor diz que nenhuma coisa criada pode arrebatar-nos de Sua mão. "Eu sou o bom pastor; eu dei a vida pelas minhas ovelhas, e minhas ovelhas jamais perecerão". Como o Pai deu as ovelhas ao Senhor, nenhuma coisa criada pode arrebatá-las da mão do Pai. O versículo 28 fala do Pastor. O versículo 29 dá uma volta e menciona o Pai: "Meu Pai, que as deu a Mim, é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar". A mão mencionada no versículo 28 é "Minha mão" e a mão mencionada no versículo 29 é a mão do Pai.
Quem é o Pai? Ele diz que o Pai é maior que tudo. Todas as coisas estão incluídas nesse "tudo". Todas as coisas criadas, todos os anjos, todos os espíritos malignos, todos os seres humanos, todas as coisas criadas no mundo, incluindo você e eu, estão incluídas nesse "tudo". O Senhor diz que o Pai é maior que tudo. Ninguém pode arrebatar-nos de Sua mão. Ele tem uma grande mão que guarda Suas ovelhas.
Como podem elas perder-se novamente?
Somente alguém que, se possível, fosse maior que esse que é maior que todas as coisas é que poderia arrebatar-nos.
Alguns podem dizer: "Na verdade, os outros não podem arrebatar-nos, mas eu mesmo posso sair". Quando alguém diz isso, prova que sua mente é caída. Ele não conhece a Palavra de Deus e não conhece a si próprio.
Após uma pessoa ser salva, se ela viesse a perecer, seria por causa de sua própria vontade de perecer? Ou seria por causa da tentação do mundo, a sedução do inimigo e o ataque de Satanás? Um cristão perecer significaria que a cobiça pode arrebatar o homem da mão de Deus; significaria que o diabo e o mundo podem arrebatar o homem da mão de Deus.
O homem não vai para o inferno porque ele quer ir para o inferno; mesmo os próprios pecadores não querem ir para o inferno, muito menos os cristãos. É evidente que o homem está morto no pecado por causa da obra opressora dos espíritos malignos. Todos no mundo são oprimidos pelos demônios.
Todos os pecadores têm demônios trabalhando neles. Se os cristãos podem ser arrebatados da mão do Pai, então os espíritos malignos são maiores que o Pai de toda a criação. Aqui está uma ovelha na mão do Pai de todos. Se nada é maior que o Pai de todos, então não há possibilidade de que essa ovelha seja arrebatada. Além do mais, é-nos impossível escapar por nós mesmos, porque até nós somos parte de todas as coisas. O Senhor Jesus disse: "Meu Pai é maior que tudo". Você não pode colocar-se do lado de fora de todas as coisas.
O versículo 28 mostra-nos a mão do Senhor Jesus e o versículo 29 mostra-nos a mão do Pai.
O versículo 28 fala-nos sobre a mão do Pastor. Essa não é uma questão de lei nem de maldição tampouco de misericórdia, mas uma questão de ser guardado pela mão de Deus. O versículo 29 diz que a mão do Pai é maior e mais poderosa que tudo. Devemos considerar-nos seguramente guardados por duas mãos: a do Pai e a do Pastor.
51. A Divindade de Cristo
Vivemos em uma época em que toda verdade preciosa e vital a respeito do Senhor Jesus é atacada e questionada, e a divindade do Senhor Jesus não é exceção. Passado e presente, há um componente rebelde do coração humano que nega a própria essência de quem é o Senhor Jesus. Em termos simples, a divindade do Senhor Jesus é a verdade de que Ele é Deus, nada menos, nunca.
O Senhor Jesus no Novo Testamento é o mesmo que Jeová no Antigo Testamento.
Este fato é inaceitável para o incrédulo.
Dos fariseus egoístas do primeiro século aos "arianos" do quarto século, às seitas modernas e talvez até mesmo aos seus amigos, o Senhor Jesus está longe de ser Deus. Felizmente, as Escrituras não deixam dúvidas, com uma apresentação completa dessa verdade. A Escritura confirma que o Senhor Jesus é, em todos os pontos, totalmente Deus.
A divindade de Cristo é estabelecida na eternidade e não precisa de defesa. Não é uma verdade oculta nas Escrituras; em vez disso, é proclamado em voz alta, clara e frequentemente.
Na primeira carta de Paulo a Timóteo, foi "sem controvérsia" que "Deus se manifestou na carne" (1 Timóteo 3:16).
O próprio Deus é a autoridade. Muito antes que os homens pudessem questionar a divindade de Cristo, o Pai a estabeleceu para sempre com uma declaração gloriosa sobre Seu Filho: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre" (Salmos 45:6).
Em Hebreus 1:8, o Espírito de Deus garante que sabemos que Ele está falando sobre o Senhor Jesus: "Ao Filho diz: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre."
O Senhor Jesus chocou os judeus com esta afirmação: "Antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8:58).
Não tenho dúvidas de que eles, conhecendo o Antigo Testamento completamente, pensaram em Moisés no Horebe quando Deus lhe disse para dizer ao povo que "EU SOU me enviou a vós" (Êxodo 3:14).
Seus argumentos foram inúteis e sua raiva se manifestou quando entenderam que isso era uma afirmação direta de ser Deus, o eterno "EU SOU". Mais tarde, no templo, o Senhor novamente respondeu ao questionamento dos judeus com a ousada declaração de que "Eu e meu Pai somos um" (João 10:30).
Pela segunda vez, suas mãos perversas pegaram pedras para arremessá-lo.
Em nossos dias, o diabo com muito mais experiência, usa seus "ministros da trevas" para dizer que no "grego" não é bem assim, ou a nossa Bíblia como a lemos não está totalmente correta, precisa de colocar um "e" ou tirá-lo, para que então combine com a "falsa doutrina" que eles pregam.
Não precisamos ter dúvidas se estamos com a Bíblia certa ou não, desde que não sejam "Bíblias" modernas como "Tradução na Linguagem de Hoje" e outras que seguem o mesmo estilo, são boas traduções.
A Bíblia na versão Corrigida e na versão Atualizada, são ótimas fontes de leitura e pesquisa para todo o estudante da Palavra de Deus.
Numa certa ocasião, foi o próprio Senhor quem questionou: "Que pensais vós do Cristo? Ele é filho de quem?" (Mateus 22:42).
Ele então os silenciou com uma citação do Salmo 110:1 para mostrar que Ele era realmente Deus: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés".
Podemos estar muito distantes no tempo, cultura e linguagem; no entanto, os judeus presentes quando o Senhor falou estavam muito seguros de Suas reivindicações.
Em suas próprias palavras, o Senhor "disse também que Deus era Seu Pai, fazendo-se igual a Deus" (João 5:18). (Leia também João 10:33, 19:7).
Em grande graça, o Senhor disse a um certo paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados".
A resposta dos judeus foi "Quem pode perdoar pecados senão Deus somente?" (Marcos 2:5, 7).
Os inimigos do Senhor chegaram a uma conclusão correta com esta afirmação! Se ao menos eles pensassem mais sobre suas próprias palavras, e se convencessem que o Jeová estava ali com eles, teriam sido salvos do inferno para onde foram, se não se arrependeram depois daquele evento.
Em Lucas 2:11, o anjo tinha uma mensagem maravilhosa para os pastores: "Porque na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor". O uso consistente de "Senhor" no capítulo 2 Lucas (vs. 11, 22-23) apresenta Cristo como Jeová conforme extraído de Êxodo 13.
Reserve um tempo para ler Apocalipse 5 por conta própria e determine se os anjos na sala do trono adoraram ou não o Senhor Jesus como Deus ou como alguém menos.
João Batista recebeu uma tarefa especial e foi descaradamente fiel a ela. Ele declarou que o Senhor Jesus estava diante dele em preferência e tempo, e respondeu aos judeus questionadores citando Isaías 40:3: "A voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mateus 3:3). Aquele que vinha era o Senhor (Jeová)!
No evangelho de João 1:1 lemos: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus."
O apóstolo João falou com clareza e conforto ao ensinar sobre o Filho que veio, "a Verdade" que revelou perfeitamente o Pai. João disse: "estamos naquele que é verdadeiro, sim, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5:20).
Não havia dúvida em sua mente. É maravilhoso pensar que João, que era tão íntimo da perfeita humanidade do Senhor, também podia declarar Sua perfeita divindade.
Após a ressurreição, quando Tomé finalmente estava na presença do Senhor Jesus, havia apenas uma resposta possível de seu coração: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).
Sim, Tomé "duvidoso" pode ter sido menos do que perfeito, mas é difícil criticar alguém que chega ao ponto de uma compreensão tão profunda.
A pessoa de Cristo encheu o coração do apóstolo Paulo, e ele ansiava pelos companheiros israelitas, que eles também apreciassem "Cristo, que é Deus sobre todos, bendito para sempre. Amém" (Romanos 9:5).
Aos filipenses, ele exaltou a humildade daquele "que, subsistindo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus" (Filipenses 2:6).
Verdadeiramente, somos completos em Cristo: "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9).
Além do que já observamos no Salmo 45, o Espírito de Deus declara em Hebreus 1:3 que o Senhor Jesus é o resplendor ou "brilho da glória de Deus e a expressão exata de Sua natureza."
Como alguém menos que Deus poderia revelar Deus plenamente?
No Salmos 102:10, tratando da continuação do discurso ao Filho, Deus o chama de Senhor (Jeová).
Muitos anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Isaías revelou os detalhes: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías 7:14).
Mateus acrescenta a interpretação "Deus conosco" (Mateus 1:23).
Mais uma vez, Isaías fornece uma verdade inestimável informando-nos que o filho nascido de Maria não era menos do que "o Deus poderoso" (Isaías 9:6).
Que incrível humildade; a maravilha não está em Sua divindade, mas em Sua humanidade!
Deus afirma ser o "primeiro e o último" três vezes em Isaías (41:4, 44:6, 48:12).
Não é por acaso que o Senhor Jesus afirma ser o "primeiro e o último" três vezes no livro de Apocalipse (1:17, 2:8, 22:13).
Muitas Escrituras adicionais apontam para a divindade daquele que é "Cristo, o poder de Deus e a sabedoria de Deus" (1 Coríntios 1:24).
Muitas são as ações traçadas através dos Evangelhos que falam da onipotência, onisciência, onipresença, eternidade e soberania do Senhor Jesus. É bom lembrar, porém, que se o Senhor Jesus nunca tivesse realizado um único milagre, Ele ainda seria plenamente Deus. Suas ações registradas servem como confirmação do que já era verdade.
Há uma maravilhosa "unidade" no relacionamento entre o Pai e o Filho.
Eles são um em essência (João 10:30),
Um em honra (João 5:23),
Um em posses (João 16:15),
Um em domínio (Apocalipse 22:1),
Um em salvação (Isaías 43:11)
Um em glória (Isaías 42:8, Apocalipse 21:23, Hebreus 1:3).
Pense nos sábios que adoraram o menino Jesus em Belém e lembre-se de que a Escritura sanciona a adoração a Deus somente, sem exceções (Apocalipse 19:10).
O Senhor teve uma taxa de sucesso de 100% na realização de milagres, incluindo ressuscitar os mortos, e somente Ele poderia ler os pensamentos dos outros. Tudo isso aponta para Sua divindade.
A obra redentora de Cristo para nos salvar é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (contra Deus).
Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Deus. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.
Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem? Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).
Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.
Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si (contra Deus), Ele teve de tomar o corpo de um homem.
Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste".
Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (v. 6).
Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.
O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem.
Somos gratos porque quando o Senhor Jesus for revelado como "REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES", Sua divindade nunca mais será questionada! (Apocalipse 19:16)
52. A Bíblia ensina a “depravação total” do ser humano?
Moralmente, nossa natureza caída é completamente corrompida e degradada.
"Enganoso acima de tudo e incurável", é o nosso coração natural, a nossa mente, e somos hostis a Deus, rebeldes e incapazes de se submeter à justiça de Deus. (Jeremias 17:9; Romanos 8:7, 8).
Se não fosse a intervenção de Deus em nos buscar e salvar, não O buscamos, nem desejamos nada além do que serve a nós mesmos.
Esse mal contamina tudo o que a natureza humana produz; portanto, o não regenerado não pode glorificar ou agradar a Deus.
Porém, indo além das Escrituras, os "calvinistas", no entanto, ensinam que "depravação total" significa que a vontade do homem não pode escolher o que é certo.
A Bíblia afirma a capacidade do homem de escolher o bem ou o mal, pois vemos isto no fato de Deus julgar aquele que não escolhe crer no Filho para a salvação, e também vemos Deus garantir que a "água da vida" seja recebida pela vontade do homem.
(Leia sobre isto em João 3:36; Apocalipse 22:17)
A queda de Adão dobrou a vontade dos "filhos da desobediência" para o mal (Efésios 2:3), mas não os tornou incapazes de escolher o que é certo.
Além disso, a consciência do homem traz a assinatura da lei de Deus (Romanos 2:13).
A depravação é total em seus efeitos sobre tudo o que o homem faz, mas Deus ainda o responsabiliza por não escolher e querer ser salvo.
O Senhor Jesus clama dizendo: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Mateus 23:37)
Quando um fazendeiro planta uma semente, ele pode semear num campo sem ter feito nada na terra?
O trigo cresce muito facilmente?
Até para fazer o trigo crescer, primeiro devemos arar o campo e cultivar o solo. Do mesmo modo, deve haver primeiro a obra do cultivo na salvação de Deus antes de as plantas crescerem de maneira profunda. Por isso, os que nunca sentiram que pecaram jamais irão ser salvos nem os que nunca sentiram que estão errados. Talvez depois que alguém ouvisse o evangelho completo como estamos pregando muitas vezes, seria esclarecido a respeito da obra de Deus em Cristo e iria alegremente receber o evangelho.
Eu não ousaria dizer que ele não se arrependeu. Talvez ele tenha se arrependido.
Mas se um homem não se arrependeu por não saber o quanto está arruinado diante de Deus, talvez receba o evangelho prontamente quando escuta, mas só de forma mental e emocional, e em sua experiência futura, Deus ainda precisa mostrar a ele sua ruína e a necessidade de arrependimento e fé, e desta forma ser verdadeiramente salvo. Até então, mesmo religioso, ele ainda não é salvo e está no caminho para o inferno como qualquer outro pecador.
É necessário conhecer a si mesmo na hora da salvação e isto levará ao arrependimento, pois não nada de bom em nós; isto nos levará ao Deus salvador para a fé em Cristo. Deus nunca permite que um cristão não se conheça.
Portanto, podemos ver o verdadeiro significado de arrependimento segundo a Bíblia. É um novo conceito do passado do homem. O arrependimento vê alguém do mesmo modo que a fé vê o Senhor Jesus.
Do lado positivo, quando o homem crê, ele vê o que o Senhor Jesus fez por ele na sua morte de cruz.
Do lado negativo, quando o homem se arrepende, vê as más obras que ele mesmo fez no passado.
Ver o que alguém fez no passado, repudiar e abandonar tudo aquilo em seu coração é arrependimento, ver o que o Senhor Jesus fez na cruz é fé. Se quisermos ver o que o Senhor Jesus fez por nós, precisamos primeiro ver o que nós próprios fizemos. A menos que o ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus tivesse dito claramente com a própria boca que o que ele estava sofrendo era o que ele merecia, ele não poderia ter dito para Aquele crucificado ao seu lado: "Lembra-te de mim quando vieres no teu reino" (Lucas 23:42).
Se aquele delinquente crucificado estivesse somente amaldiçoando os magistrados como agentes dos imperialistas e não tivesse visto que ele estava sofrendo porque merecia, ele não teria visto quem o Senhor era.
Quando não nos vemos, não vemos o Senhor. Quando vemos a nós mesmos como pecadores perdidos no caminho do inferno por causa dos nossos pecados, vamos lançar os olhos da fé no Senhor que morreu por nós, para nos salvar. Isso é arrependimento e fé.
Portanto, podemos ver que o arrependimento não implica nenhum elemento de nós mesmos, de nosso trabalho, de nosso comportamento.
Por um lado, um homem não é salvo por meio do arrependimento, mas pela fé. Essa é a verdade mostrada a nós pelo Evangelho de João, e pelas Epístolas de Romanos e Gálatas. Não podemos equivocar-nos a esse respeito.
Mas, por outro lado, sem arrependimento um homem não pode crer. Então, em nossa pregação, muitas vezes falamos às pessoas para se arrependerem. Isso não significa que só o arrependimento nos salvará. Pelo contrário, significa que o arrependimento levará a um outro passo, que é da fé. Se um homem não se arrependeu não será capaz de crer.
Mas arrependimento não é obras. A Bíblia diz que o arrependimento é dado por Deus. Deus nos fala para nos arrependermos. Não é que sentamos em um canto pensando que devemos arrepender-nos, que temos de odiar nossos pecados e julgar-nos.
Temos de perceber que ninguém pode fazer isso. Sinto dizer que ninguém em todo o mundo consegue fazer isso. Mesmo se alguém fosse capaz de fazer isso, não teria nenhum valor. Arrependimento é um dom de Deus. Mesmo nos Evangelhos, quando o Senhor Jesus veio para pregar o evangelho, Ele não somente pregou o perdão, mas também o arrependimento. Ele é o único que nos capacita a arrependermo-nos.
Os que se arrependem são os cristãos e os salvos. Se há aqui os que não foram salvos ainda e que não sabem como receber a graça de Deus, temos de dizer que Deus deseja dar-lhes graça. Ele deseja dar-lhes arrependimento. Ele os está conduzindo à salvação por meio do arrependimento dos pecados praticados por si e para a fé em Cristo como salvador pessoal.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
53. Como Cornélio se harmoniza com o ensino da depravação humana?
Cornélio era um homem de atitudes justas e era respeitável, orava, temia a Deus e dava esmolas. (Atos 10).
Essas qualidades notáveis se coordenam com a crescente consciência de Pedro quando disse no versículo 34 "Eu percebo", por meio de revelação anterior (por exemplo em, Lucas 24:47), sua visão (Atos 10:11-16) e suas circunstâncias (versículos 19-33) que Deus não faz distinção entre judeus e gentios que O buscam (versículo 35).
Deus afirma em sua Palavra que "Não há homem justo na terra" (Eclesiastes 7:20; Romanos 3:10); "não há temor de Deus" no homem por natureza (Romanos 3:18); "não há quem busque a Deus" (Romanos 3:11).
Isso se harmoniza com o que é dito sobre Cornélio apenas porque ele respondeu à luz da revelação divina e aos procedimentos do Espírito de Deus.
É um falso ensina, quem usa a história de Cornélio antes da salvação, para dizer que isto é o "novo nascimento" operado pelo Espírito Santo, preparando-o para a salvação.
O novo nascimento faz parte do "grande pacote" recebido pelo pecador salvo pela fé em Cristo.
Embora Cornélio não fosse salvo e nem tão pouco havia nascido de novo (Atos 11:14), ele escolheu fazer as coisas certas, justas e honestas; mas ainda assim, cada um desses atos ficou aquém dos justos requisitos de Deus (Romanos 3:23).
Nada do que é dito sobre Cornélio indica que ele foi salvo sem graça por meio da fé (Efésios 2:8).
A graça de Deus falou com Cornélio, concedendo-lhe arrependimento (Atos 11:18) e remissão de pecados e recebimento do Espírito Santo (Atos 10:43,44).
Antes e depois de sua salvação, Cornélio não tinha do que se vangloriar diante de Deus. Como é apropriado, ele se submeteu a Deus.
Todos os que leem a Bíblia sabem que a condição para a salvação é a fé. Não há outra condição senão a fé. O homem, por ter caído e ser corrupto, por seus pensamentos serem tortuosos e por estar a sua carne na esfera da lei, pensa que deve fazer algo para que seja salvo. Contudo, a Bíblia nos mostra que a única condição para nossa salvação é a fé. Além da fé não há outra condição. O Novo Testamento diz-nos claramente, pelo menos cento e quinze vezes, que quando o homem crê, ele é salvo, tem a vida eterna e é justificado. Quando o homem crê, ele tem todas essas coisas. Somando-se a essas cento e quinze vezes, outras trinta e cinco vezes a Bíblia diz que o homem é justificado pela fé, ou torna-se justo por meio da fé. No primeiro caso, temos o verbo crer. No segundo caso, temos o substantivo fé.
O verbo crer é usado cento e quinze vezes. Uma vez que o homem crê, ele é salvo (Atos 16:31).
Uma vez que o homem crê, tem a vida eterna (João 3:36).
Uma vez que o homem crê, ele é justificado. Além desses versículos, há trinta e cinco ocorrências em que o substantivo fé é usado. O homem é salvo mediante a fé. Ele recebe vida eterna pela fé, e é justificado mediante a fé. Portanto, em todo o Novo Testamento, pelo menos cento e cinquenta vezes é dito que o homem é salvo, justificado, e tem vida eterna unicamente por meio da fé. Não é uma questão de quem a pessoa seja, do que ela faça ou do que possa fazer. Tudo depende do crer. Tudo depende da fé.
Outra questão que merece especial atenção é que em todas essas cento e cinquenta ocorrências da fé e do crer, nenhuma outra condição é adicionada. Esses versículos não dizem que o homem deve crer e a seguir fazer algo para receber a vida eterna. Eles não dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser justificado. Tampouco dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser salvo. A Palavra do Senhor menciona a fé de maneira clara e definida. Nada além é misturado ou vinculado à condição da fé. Portanto, a Bíblia nos mostra claramente que do ponto de vista de Deus, não há outra condição para a salvação além de crer.
Um dos livros mais lidos e apreciados no Novo Testamento é o Evangelho de João. Se alguém o ler cuidadosamente, verá que João escreveu esse livro com o único propósito de dizer-nos como o homem pode receber vida e ser salvo e como pode ser libertado da condenação. O Evangelho de João menciona oitenta e seis vezes que é por fé somente, e por nada mais, que o homem recebe a vida, é justificado, e não entra em condenação. Portanto, a Bíblia nos mostra clara, adequada e simplesmente que a salvação não é baseada no que o homem é, no que ele tem, tampouco no que fez. A Bíblia nos mostra que quando o homem crê, ele recebe. Ele recebe por meio de crer.
"Mas, a todos quantos receberam (o Senhor Jesus), deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." (João 1:12,13)
De acordo com a Bíblia, graça é o que Deus nos deu por intermédio de Jesus Cristo. Para Ele, fazer isso está no princípio da graça. Uma vez que esteja no princípio da graça do lado de Deus, então, do nosso lado, está no princípio da fé. Fé e graça são dois princípios inseparáveis. Graça é Deus dando algo a nós, e fé é o nosso receber algo da parte de Deus.
Fé nada mais é que receber o que Deus nos deu em espírito. Isso é totalmente independente de obra. Somente dessa maneira o homem pode receber a graça de Deus. Se recorrermos a quaisquer outros meios, não seremos capazes de receber a graça de Deus.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
54. É necessário pregar sobre a pecaminosidade humana?
O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Espírito Santo não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado." (João 16:7-11)
Os discípulos pregaram que os homens deveriam se arrepender, enquanto ainda o Senhor estava com eles na terra. (Marcos 6:12)
Antes de Sua ascensão, o Senhor Jesus os enviou para pregar arrependimento e remissão de pecados (Lucas 24:47).
Paulo pregou "o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21).
Para os judeus em Jerusalém, Pedro destacou a crucificação do Messias (Atos 2:36).
Aos judeus na Ásia, Paulo enfatizou sua desobediência histórica a Deus (Atos 13:17-29) e aos filósofos gentios seu pecado de idolatria (Atos 17:22-30).
O Senhor enfrentou a mulher samaritana com sua necessidade percebida e com seus pecados (João 4:13-16), como também fez com o homem rico (Lucas 18:18-22).
O Senhor se concentrou no pecado de Nicodemos, sua ruína espiritual (João 3:3).
Pregadores evangélicos populares estão aumentando sua insistência de que o evangelho deve deixar os buscadores confortáveis e atender apenas às necessidades percebidas dos ouvintes.
Em geral, o pensamento da sociedade justifica o pecado e obscurece a linha divina entre o certo e o errado. Essas condições exigem uma ênfase maior, em vez de diminuída, na pecaminosidade do homem.
Os incrédulos, mesmo lutando para serem salvos, ainda não se arrependeram ou se submeteram a Deus. Apresentar claramente o sacrifício de Cristo e a simplicidade da salvação não libertará um pecador impenitente.
A pregação do evangelho equilibra essas verdades valiosas sobre o remédio de Deus com a apresentação convincente da ruína do homem, sem amenizar a responsabilidade de cada um crer no Evangelho.
Na Bíblia, os pecados (plural) estão relacionados com a nossa conduta, enquanto o pecado (singular) está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Romanos 8:13).
Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Romanos 7:23).
Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.
Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão.
O Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: "O meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados." Mateus 26:28
O apóstolo Pedro falando do mesmo assunto disse: "Ao Senhor Jesus Cristo, dão testemunho, todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome." (Atos 10:43)
Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação.
O apóstolo Paulo fala dos crentes em Roma que, desde o momento da salvação em diante, eles: "Obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Pois que, assim como (antes) apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:17-23)
55. A pregação sobre o pecado não ofenderá os incrédulos?
A maneira gentil, precisa e respeitosa do Senhor ao perguntar pelo marido da mulher samaritana é instrutiva. (João 4:16)
Ele pretendia uma resposta imediata.
As relações pacientes de Jesus com o príncipe rico e jovem governante visavam uma resposta final. (Lucas 18:18-24)
O príncipe não estava preparado para reconhecer sua necessidade, então o Senhor Jesus plantou sementes da verdade destinadas a produzir convicção. Visto que o príncipe não amava seu próximo como a si mesmo, ele precisava enfrentar sua culpa por quebrar a lei de Deus.
A necessidade e o grau de compreensão dos ouvintes determinaram a abordagem.
Pedro em sua pregação no Pentecostes, não condenou a idolatria em Jerusalém (Atos 2); Paulo não condenou a culpa de crucificar o Messias em Atenas (Atos 17).
Pregar sobre o pecado foi e é essencial em todas as gerações.
Noé e chamado de "o pregoeiro da justiça." (2 Pedro 2:5)
Noé vivia e pregava na contramão da vida de seus conterrâneos.
"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor." (Gênesis 6:5-8)
A mensagem de Romanos 3:22,23, de que "não há diferença, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus", confronta o pensamento humano, mas sua apresentação não precisa ser conflituosa ou ofensiva.
Alguns que ouviram a pregação apostólica ficaram desconfortáveis e ofendidos (Atos 2:37; 4:1-3; 7:54).
O conteúdo da mensagem, não a forma de sua apresentação, foi o motivo.
A pregação no poder do Espírito de Cristo convencerá cada indivíduo de sua ruina total diante de Deus, do remédio que Deus tem preparado em Jesus Cristo, e da responsabilidade de receber pela fé, o remédio de Deus.
O pregador deve ser sensível às necessidades dos ouvintes, lidando com verdades de confronto da maneira mais provável de ser eficaz.
Pregar o evangelho é um serviço. Os servos precisam serem fieis e honrarem ao seu Senhor, sem deixar de ter compaixão por aqueles que um dia estavam no mesmo lugar que ele, longe de Deus, nas travas do pecado e de satanás.
Dentre todos os pecados, há um que encabeça a lista. Este pecado introduz todos os demais. Por meio dele todos os outros se sucederam. A Bíblia diz que o pecado entrou no mundo por um só homem (Romanos 5:12).
Quero perguntar-lhes: Qual foi o pecado que este homem cometeu? Foi fornicação, roubo, homicídio, incêndio criminoso? Não havia coisas semelhantes no Éden. Todas as coisas malignas, imundas ou terríveis que ocorrem no mundo hoje tiveram origem naquele incidente único envolvendo Adão.
Que fez Adão? Adão não assassinou, não cometeu fornicação, ele não cometeu nenhum dos pecados malignos e sujos do mundo de hoje. O pecado que Adão cometeu foi simples. Adão achou que Deus estava escondendo algo dele. Ele pensou que se comesse do fruto daquela árvore seria como Deus. O pecado que Adão cometeu foi, na verdade, um problema que se desenvolveu entre ele e Deus. Deus esperava que Adão permanecesse em sua posição. Contudo, Adão não acreditou que aquilo que Deus lhe havia dado fosse proveitoso para ele. Ele começou a duvidar do amor de Deus. Um problema surgiu, então, em relação ao amor de Deus.
O pecado de Adão foi um problema que surgiu entre ele e Deus. Em decorrência disso, todos os tipos de pecados se sucederam.
Em João 3:17,18, o Senhor Jesus disse que quem não crê nEle para ter a vida eterna, ser salvo, já está condenado.
O motivo de o homem cometer pecados é que ele não tem um relacionamento adequado com o Senhor Jesus. No Antigo Testamento, quando o homem deixou de ter um relacionamento adequado com Deus, todos os tipos de pecados foram cometidos. No Novo Testamento, quando o homem deixa de ter um relacionamento adequado com o Senhor Jesus, é que todos os tipos de pecados são cometidos. Aqui residem todos os problemas. Enquanto está atento a esta mensagem, você pode achar que apesar de eu ter provado que você é um pecador, na verdade, você não cometeu muitos pecados. Mas ninguém no mundo pode dizer que não cometeu o pecado de não amar a Deus. Tampouco existe alguém no mundo que possa dizer que não cometeu o pecado de não crer no Senhor Jesus. Note, eu não disse que as pessoas não creiam que Ele existe, eu disse que as pessoas não creem nEle como salvador pessoal, totalmente suficiente. Por isso, ninguém pode dizer que não é um pecador.
Agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa. Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus. Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados. A Bíblia diz que o sangue do Senhor Jesus purifica-nos de nossos pecados. Portanto, podemos desfrutar de paz e alegria, pois não sentimos mais a presença dos pecados perdoados por Cristo. Isso é maravilhoso. Estou alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados.
Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados é porque ainda há registro de pecados diante de Deus. Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?
Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.
56. Que significa quando Jesus disse ao Pai: “Conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro”?
Com a vinda de Cristo ao mundo e o início do cristianismo, o monoteísmo ainda é mantido, embora a existência de Deus em três Pessoas divinas também seja claramente vista. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são co-iguais em poder e glória. "A Trindade" (uma verdade bíblica, se não um termo bíblico) é um conceito tão grande que não podemos entendê-lo completamente, mas é tão importante que devemos acreditar nele e tão maravilhoso que devemos apreciá-lo.
Mas o que o Senhor Jesus quis dizer, quando chamou o Pai de, o único Deus verdadeiro e disse também que o Pai era maior do que Ele? (João 17:3; 14:28)
Alguns argumentam, portanto, que as próprias palavras de Jesus subvertem a doutrina da Triunidade de Deus, e qualquer conversa sobre três pessoas em um só Deus é antibíblica.
Bem, devemos acreditar em tudo o que esses dois versículos dizem e de estabelecer o que eles dizem interpretando-os no contexto de todo o Evangelho de João. O livro inteiro é a Palavra de Cristo tanto quanto as citações de Cristo que ele registra.
Quando fazemos isso, começamos a detectar um padrão. Podemos chamá-lo de padrão de ambos.
Duas vezes no prefácio, João identifica o Filho como Deus e O distingue de Deus (João 1:1,18).
No meio do Evangelho, Jesus faz o mesmo, distinguindo-se de Deus – e identificando-se como o único Deus de Israel (João 8:54,58).
Agora, conforme avançamos neste Evangelho até o final do livro, veremos João usar o padrão novamente.
Também veremos outra característica surgir – a estrutura geral do livro.
João não apenas encerrou a introdução com a divindade de Cristo (João 1:1,18), mas todo o seu Evangelho.
O auges do corpo principal de sua obra é Tomé dizendo: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).
Este é o tipo de expressão que um israelita diria a Javé, ou os habitantes do céu a Deus Pai (Salmos 99:8; Apocalipse 4:11).
Tomé diz isso a Jesus Cristo. Jesus é Deus no início e no fim deste Evangelho (João 1:1; 20:28).
Os que negam que Jesus é Deus, têm maneiras engenhosas de contornar o sentido claro deste texto de Tomé chamando Jesus de Deus.
A maioria destes argumentos bem elaborados por eles, até mesmo colocando em dúvida as traduções que temos de nossas Bíblias, é refutada quando observamos que Tomé é um judeu monoteísta.
A aparição repentina e o conhecimento sobrenatural de Jesus implicam Sua divindade (João 20:27).
Tomé está respondendo a Jesus, chamando-o de Deus (sem olhar para o céu).
Longe de repreender Tomé, Jesus endossa sua fé (João 20:29).
Os que não creem em Jesus é Deus, tentam ma objeção mais sincera indica que Tomé não é a primeira pessoa a dizer "meu Deus" na passagem. Alguns versículos antes, Jesus diz as mesmas palavras ao Seu Deus, o Pai (João 20:17).
Jesus é o Deus de Tomé, com certeza, mas o Pai é o Deus de Jesus.
"Vejam", dizem eles, o que esta visão diz, "tudo se encaixa com João 14:28 e João 17:3. E seguem argumentando, como Filho de Deus, Jesus é divino por natureza. Mas somente o Pai é o único Deus verdadeiro, o mais alto em posição. Por que outra razão o Filho O chamaria de 'meu Deus'?"
Mas infelizmente, essa interpretação falha em detectar o padrão de João em seu Evangelho, Aquele que ele espera que reconheçamos no versículo inicial do Evangelho.
João está novamente identificando Jesus como Deus ao mesmo tempo em que o distingue de Deus.
As palavras "meu Deus" ditas a Cristo por Tomé, estabelecem Sua divindade; as palavras "meu Deus" ditas por Cristo distinguem Sua Pessoa – Ele não é o Pai Deus, mas o Filho Deus.
"Mas, podemos perguntar a João, como pode o Filho chamar o Pai de seu Deus, se o Filho é igual ao Pai?"
Um João exasperado poderia responder: "Você não leu minha introdução do Livro? Já não expliquei que o Filho que é Deus se fez homem?"
É exatamente como vimos em Hebreus 1:8-9.
"Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros."
Para nos salvar, o Filho teve que se tornar um homem perfeito, obediente a todos os mandamentos, não tendo outros deuses diante de Javé.
Quando Jesus chama o Pai de Seu Deus, Ele não está diminuindo Sua divindade, mas expressando Sua humanidade.
Jesus é Deus, que tem Deus, como Seu Deus.
E porque Ele permanecerá um homem por toda a eternidade, Ele sempre terá – mesmo no céu – Deus como Seu Deus (Apocalipse 3:12).
Longe de sinalizar alguma inferioridade da parte de Cristo, as duas instâncias de "meu Deus" em João 20 transmitem poderosamente que há duas Pessoas em um Deus, e que uma dessas Pessoas (o Filho) é Deus e homem.
Mas já hora de voltar para João 17:3 e João 14:28, onde o Senhor Jesus chamou o Pai de o único Deus verdadeiro e disse que o Pai era maior do que Ele.
Toda a estrutura do Evangelho de João é projetada para defender – não diminuir – a divindade e a humanidade de Cristo. E em todo o caminho, João implantou o padrão de ambos, uma estratégia eficiente para comunicar tanto a unidade no único Deus quanto a distinção nas Pessoas. No entanto, alguns insistem que quando Jesus chama o Pai de o único Deus verdadeiro, Ele não está apenas excluindo os falsos deuses pagãos, mas também a si mesmo.
Mas observe:
- No mínimo, João 17:3 afirma o monoteísmo, um componente crucial da doutrina da trindade.
- Jesus não diz que somente o Pai é o único Deus verdadeiro.
- O padrão de ambos ressurge: a vida eterna é conhecer Deus o Pai e Jesus Cristo. Veja o que esse emparelhamento implica? Quem mais poderia colocar seu nome ali senão Aquele que é o próprio Deus? A vida eterna é conhecer a Deus... a vida eterna é conhecer a Cristo.
- Cristo é o Filho encarnado. Como um homem orando a Seu Deus, não é apenas apropriado, mas reconfortante ouvi-lo reconhecer o Pai como o único Deus verdadeiro. De que outra forma esperaríamos que o Homem perfeito orasse?
- Porque a vida eterna é conhecer a Deus, é algo que só Deus pode dar. No entanto, o Filho tem autoridade para dá-la, assim como o Pai (João 17:2).
- João não tem medo de chamar Cristo de "o verdadeiro Deus" em outro lugar (1 João 5:20).
Ainda não tem certeza?
Se João 17:3 significa que somente o Pai é o verdadeiro Deus, mas João 20:28 diz que Jesus é Deus, então que tipo de "deus", isso faz de Jesus? Um "deus" falso ou um "deus" separado.
No primeiro caso, então Jesus endossa a adoração de Tomé a um "deus" falso.
Se for o último, então Tomé (e todos os cristãos) adoram dois "deuses", em contradição com o monoteísmo de João 17:3!
Pedro disse em 2 Pedro 1:1: "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo."
A única maneira de se apegar a toda a palavra de Cristo no Evangelho de João é entender que tanto o Pai quanto o Filho são o único Deus verdadeiro.
Não há nada em João 17:3 que contradiga essa interpretação, e há tudo em todo o Evangelho para apoiá-la. Nossas únicas, outras opções são o politeísmo (Pai e Filho são "deuses" separados) ou negar a divindade de Cristo.
A Palavra de Deus nos constrange.
Mas o que dizer de João 14:8, que "o Pai era maior do que Ele", e o fato de que em João 17:3, "o Filho é enviado?" E mais, nunca lemos sobre "o Pai sendo enviado pelo Filho".
É verdade: o Pai envia, o Filho é enviado. O Pai dá ao Filho autoridade para conceder a vida eterna (João 17:2), e não o contrário.
João já nos ensinou como entender esse padrão também, ensinando-nos que o Filho é eternamente gerado pelo Pai (João 1:14,18).
Alguns acreditam que é esta a "geração eterna do Filho" que está por trás das palavras de Cristo: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28).
Uma explicação mais provável é a da humanidade de Jesus - Igual ao Pai no que diz respeito a Sua Divindade e inferior ao Pai no que diz respeito à Sua humanidade.
A melhor visão apela não apenas para a encarnação de Cristo, mas para a humilhação que ela implicou. Aquele que era igual a Deus se humilhou para se tornar um servo (Filipenses 2:6-7).
Um servo não é maior que seu mestre (João 13:16).
A partida do Senhor da terra para o céu após Sua morte, abriria mais bênçãos para os discípulos (João 14:12,16), e restauraria tal bem-aventurança ao Senhor, pois que seria egoísmo míope da parte dos discípulos, invejar a exaltação do Filho eterno, quando estaria volta à glória e presença do Pai, agora não somente como Deus verdadeiro, mas também Homem (João 17:5).
Portanto, Ele não estaria mais andando pelas estradas poeirentas da Galileia, cercado pelo pecado, doença e miséria. Ele não seria mais alvo de ataque e ridicularizado por legiões de escribas e fariseus.
Em vez disso, Ele estaria à direita do Pai no próprio céu. Assim, vemos que o termo 'maior' fala da posição do Pai no céu em contraste à posição do Filho na terra de servo.
Mais uma vez, João exige que acreditemos em ambos: o Pai é maior que o Filho (João 14:28), e o Filho é igual ao Pai (João 5:18; 10:30; Filipenses 2:6).
O mesmo apostolo João, em 1 João 5:20 diz aos salvos que, "E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
Portanto, conhecer o verdadeiro Deus e ter a vida eterna estão indissoluvelmente ligados e isso foi confirmado pelo Senhor Jesus quando Ele disse. "E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).
Então, "nós - conhecemos aquele que é verdadeiro" e indo além, muito, além disso, "estamos naquele que é verdadeiro ".
A vida eterna por meio da qual tanto o Pai quanto o Filho são glorificados, se manifesta no verdadeiro conhecimento daquele que enviou e do enviado.
Em João 17:3 não temos uma definição de vida eterna, porém mostra como ela se revela e quão maravilhosa ela é.
Conhecer o Pai e Jesus Cristo, pois ele é o único caminho para o Pai (João 14.6), não se refere meramente ao conhecimento abstrato, mas ao prazeroso reconhecimento de sua soberania (João 1.10), alegre aceitação de seu amor e comunhão íntima com Sua Pessoa (por meio das Escrituras, isto é, por meio de sua Palavra a nós dirigida; e por meio da oração, isto é, por meio de nossa palavra a ele dirigida).
Devemos notar com muita atenção o que Jesus, o Filho Deus, expressa ao referir-se ao Pai como, "o único Deus verdadeiro", pois dissipava a não fantasia da imaginação dos judeus, que tentaram cultuar um Pai que não tinha se revelado no Filho; nem o objeto do culto pagão, que era dirigido à criatura em lugar do Criador; mas ao Pai como revelado no Filho.
Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: "Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura."
1 Tessalonicenses 1:9,10
Quando a pessoa experimenta a vida eterna, ela tem comunhão com Deus em seu Filho Unigênito, que como o Cristo ou Ungido (separado e qualificado para a obra) é Jesus, o Salvador.
A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (Deus).
Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si (Deus.
Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.
Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.
Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?
Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?
É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso?
O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).
Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus (Jesus Cristo) é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.
O Senhor Jesus não é uma terceira parte na obra da redenção; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar.
"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:23)
57. Jesus é Deus e Homem para o cumprimento da Redenção!
A Bíblia deixa bem claro que o Senhor Jesus é Deus.
Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte.
A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte, pois Ele é Deus.
Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um (1) devedor, um (2) credor e o (3) filho do credor.
O (1) devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o (2) credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o (3) filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.
Esse é o evangelho que o homem prega hoje.
Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia.
Temos que entende, que esse tipo de percepção mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado, e isso não é a Bíblia.
A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (João 3:16).
Deus enviou Seu Filho porque nos ama. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus.
O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada.
Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem.
O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva.
Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.
Outra coisa, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados.
Mas foi justo para o Senhor Jesus?
Suponha que tenhamos duas pessoas aqui. Suponha que uma dessas pessoas tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. A outra pessoa quis muito morrer por ela e, por isso, foi executada em seu lugar.
Ele é inocente, e também é uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro.
A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa.
Mas então, que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção?
Temos de considerar essa questão cuidadosa e precisamente conforme a Bíblia.
Gostaria que vocês estivessem cientes de uma coisa. O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado.
Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado.
Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado.
Alguma explicação se faz necessária aqui. Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: (1) o homem pode resolvê-lo, (2) Deus pode resolvê-lo ou (3) uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição.
Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio (1) Deus e o outro é pelo próprio (2) homem.
Que quero dizer com isso? Vamos primeiro considerar o que o homem pensa.
Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre o julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema.
Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo.
Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado.
O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.
Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: (1) levar os pecados e o (2) resgate pelos pecados.
Por favor, não pensem que não creio na substituição, pois é uma doutrina bíblica.
Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição na Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça.
Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio. Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou.
Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala.
Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que creem em Jesus, assim como os que não creem Nele, serão igualmente salvos.
O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não creem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível.
Por que a Bíblia diz que os que não creem já foram julgados e perecerão? (João 3:16,18).
A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva, por aqueles que já cremos. Portanto, a doutrina bíblica da substrução feita por Cristo na Cruz, não desrespeita aos que não creram ainda, Ele não é substituto para os que não creem.
Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia?
Há somente duas maneiras justas para resolver o problema.
(1) Uma é tratar com quem pecou e a (2) outra é tratar com aquele contra quem se pecou.
Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado. Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou.
Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar.
A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição.
Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato. É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir.
Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.
Você sabe o que significa o perdão?
No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro. Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar?
Se um irmão me roubou dez dólares, se arrepende, e eu o perdoo, isso significa que eu tenho de suportar a consequência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdoo, desde que se arrependa, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a consequência do golpe.
O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a consequência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a consequência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição.
Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça. Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado.
Por que Ele teve de sofrer o julgamento? Somente o pecador pode suportar a consequência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça.
Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda.
Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.
Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (Deus).
Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si (Deus). Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa.
Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados.
Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?
Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso?
O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).
Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.
Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer.
Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.
Por isso, Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste".
Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (v. 6).
Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.
O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar.
Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem.
Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.
Todas às vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: "Este é Deus".
Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte.
Por isso afirmei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer e ir a perdição eterna. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:16-18)
58. O telefone celular e a assembleia local
Em 2013, o discurso de vendas de Telemóvel da fabricante Apple para seu iPhone declarou: "Chame-o de melhor, mais rápido e ainda mais mundano".
Mundanismo e piedade são opostos um ao outro. É verdade que um iPhone não é mundano em si. A tecnologia não é boa nem ruim. Mas a tecnologia tem um potencial (e uma história) para causar problemas.
Em muitas assembleias locais espalhadas pelo mundo, os anciãos têm passado por um dilema, pois muitos dos crentes já substituíram o modo de usar a Bíblia no formato papel e tinta, para o modelo digital, facilmente baixado em muitos telemóveis.
Mas alguém dirá, onde está o problema em usar a Bíblia no formato digital, não é a mesma Palavra de Deus?
E até podem argumentar que, antigamente a Bíblia vinha em rolos de pergaminhos, sendo impossível cada pessoa ter uma Bíblia completa e andar com ele por aí, então onde está o problema?!
Bem, o problema não está em ter a Bíblia no formado digital em seu Telemóvel e durante a semana levar consigo para onde quiser, e até mesmo, se preferir, usá-la nas reuniões; o problema está que, no aparelho em que foi baixado a Bíblia, também tem muitas outras coisas como, as redes sociais e o WhatsApp, e nas reuniões da assembleia, o Telemóvel ficando conectado a internet, o canal fica aberto para aquele aparelho receber mensagens, vídeos, imagens e etc.
E como todo ser humano é curioso, e muitos crentes não têm domínio próprio, logo deixa de estar em espírito e comunhão na reunião e em tudo o que está acontecendo ali, e passa a olhar as novidades que acabam de chegar. Após dar uma olhadinha a sua volta para certificar-se que ninguém percebeu, seus dedos correm para responder algo ou interagir com a novidade que acaba de chegar.
Portanto, aí está o grande problema exposto, crentes estão indo para as reuniões da assembleia com suas Bíblias em seus Telemóvel, mas com ela, levam o mundo consigo, que não conseguem se desconectar nem naquela hora.
A pessoa que age assim, não só está prejudicando a si mesma, mas está dando um mal testemunho e passando a ideia aos outros crentes mais jovens e mais francos, que nas reuniões do povo do Senhor, podem agir assim.
Além de que, em muitas dessas reuniões, estão presentes os não salvos que percebem este comportamento, principalmente os filhos ainda não salvos dos crentes piedosos, que procuram estabelecer o temor do Senhor nos corações deles.
Paulo disse: "Bom é nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça." (Romanos 14:21)
A atitude correta é, querendo fazer uso da Bíblia em seu Telemóvel na hora das reuniões, desconecte-o da internet, e se limite a usar o aparelho naquilo que harmonize com o ambiente espiritual do momento.
Eu não tenho o costume de usar o Telemóvel para a leitura bíblica nas reuniões da assembleia, mas tenho uma biblioteca de comentários bíblicos nele, a Bíblia em várias versões e a Bíblia com o dicionário de Strong e outras ferramentas deste gênero para consulta e leitura quando precisar. Faço anotações bíblicas em um bloco eletrônico que existe nele.
Mas, uma coisa é você fazer uso de algo para o bem e dominá-lo, e outra é deixar que este algo domine e te leve a tropeçar.
Mas, voltando aos anciãos, eles têm um verdadeiro dilema para resolver, pois são os responsáveis pelo bom andamento das reuniões e pelo cuidado de todo o rebanho sobre que o Espírito Santo os constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (Atos 20:28)
Quando algum crente não tem domínio próprio, seja em que área for da sua vida, e este mal afeta as reuniões da assembleia local, os anciãos tem que agir, primeiramente falando com esta pessoa e também apresentado ministérios que vá ajudar os outros a não cometerem o mesmo erro.
A Bíblia aconselha a todos os crentes, "Obedecei a vossos pastores (anciãos), e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13:17)
Os anciãos e os irmãos que ministram o povo de Deus, fazem uso da Palavra de Deus, pois ela é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem e mulher de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra."(2 Timóteo 3:16,17)
Mas o apóstolo Paulo diz: "se alguém não obedecer à nossa palavra…, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe." (2 Tessalonicenses 3:14)
Cada assembleia local e chamada à igreja de Deus, e os salvos ali são os santificados em Cristo Jesus e chamados santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso." (1 Coríntios 1:2)
Portanto, se alguém por seu mau comportamento prejudicar esse "Templo de Deus", Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado. Não se enganem. Se algum de vocês pensa que é sábio segundo os padrões desta era, deve tornar-se "louco" para que se torne sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus. Pois está escrito: Ele apanha os sábios na astúcia deles; e também: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios e sabe como são fúteis." (1 Coríntios 3:17-20)
Cada pessoal salva deve ouvir a Deus: não ouvir uma voz do céu, mas sim, uma sensibilidade à Sua Palavra enquanto medita sobre ela e uma abertura à Sua orientação enquanto ora e busco a face de Deus.
Ouvir a Deus também inclui uma sensibilidade de consciência diante de Deus, estar pronto para mudar meus caminhos quando percebo que algo não está certo em minha vida.
Paulo poderia dizer em Atos 24:16: "E nisto me exercito, para ter sempre uma consciência limpa de ofensa para com Deus e para com os homens".
Existem problemas reais para todos nós, e precisamos apoiar uns aos outros e orar uns pelos outros.
São nas poucas horas que passamos juntos nas reuniões da assembleia local, agindo com atitudes irreverentes e impensadas que refletimos como está a nossa vida espiritual e nossa comunhão com Deus durante a semana.
No final do dia, você se pergunta:
"Para onde foi o tempo?"
Foi pelo dreno tecnológico ou produziu algo para a eternidade?
Em uma pesquisa da "bimeanalytics.com" sobre o iPhone (Telemóvel), ela diz que, 33% dos entrevistados nos EUA disseram que usam o iPhone de 30 a 49 vezes por dia. Isso é cerca de uma vez a cada 40 minutos.
Claro, não estamos falando de 30 telefonemas. Como já mencionamos, os Telemóveis se tornaram úteis para muitas coisas, desde verificar o tempo até pesquisar as Escrituras. Mas da próxima vez que você começar a ir além da Bíblia na hora das reuniões neste aparelho, pare um momento para se perguntar: "Isso realmente é urgente e necessário, vai importar daqui a uma hora ou amanhã… no ano que vem… depois desta vida?"
O Senhor Jesus disse: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:33,34)
Tiago, chamando os crentes de infiéis ao Senhor, dizendo: "Crentes infiéis, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?" (Tiago 4:4,5)
Os métodos de Satanás não mudaram. Desde o início, suas táticas têm sido tentar e ostentar o desconhecido e o prazer sensual, tornando-o algo desejável - algo que você está perdendo, algo que você deveria ter, mas que Deus reteve de você.
Lembre-se de que comer daquela árvore significará um desastre e trará ruína e devastação à sua vida e de outros.
O jardim com todo o gozo das bênçãos de Deus, como deve ser as reuniões de uma assembleia local para o crente, a participação em Sua obra, a comunhão com Seu povo e a comunhão com Sua pessoa serão perdidos se você comer daquela árvore.
Lembre-se do primeiro Adão e sua queda, e honre o Último Adão (Jesus Cristo) e Seu sacrifício.
A primeira árvore significava morte certa. A árvore do Calvário significava morte. Lembre-se, também, que seu antigo eu, morreu no madeiro do Calvário.
"Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça." (Romanos 6:11-13)
O mundo em que vivemos perdeu em grande parte o senso de modéstia, o respeito santo, devido a muitas coisas que veem e ouvem, incluindo publicidade, televisão e Internet.
Por favor, não contribua para este mundo que não tem respeito pelas coisas santas de Deus, e nem tão pouco vivem uma vida de piedade.
Ao fazer o que eles fazem, você tenta os outros a pecar, e isso é sério. Os homens respondem a estímulos visuais muito mais do que a maioria imagina. A modéstia é bela para um homem espiritual e de grande valor para Deus. Lembre-se disso!
Temos um Deus bom e generoso.
"Nenhum bem sonegará aos que andam retamente" (Salmos 84:11).
Deixe que seu desejo seja andar no caminho do Senhor, e o desejo do Senhor será abençoá-lo e encantá-lo além das palavras.
59. Como João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe?
Esta questão, sem dúvida, surge ao tentar entender esta afirmação à luz do ensino que temos hoje a respeito do Espírito Santo no período da Igreja.
Muitos encontram dificuldades com as palavras do anjo em Lucas 1:15 a espeito de João Batista: "Ele será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe".
Alguns têm chegado a dizer que João teve um nascimento espiritual antes do seu nascimento natural. Toda esta especulação humana é desnecessária. Há um contraste óbvio sendo feito entre ser cheio do Espírito Santo e as palavras "não beberá vinho, nem bebida forte". Este é o contraste feito por Paulo em Efésios 5:18.
Ser cheio do Espírito é estar sob o Seu controle para serviço, e é bem distinto da verdade neotestamentária de "morada" do Espírito Santos, que dependia da ressurreição e ascensão do Senhor Jesus e começou no Pentecostes (João 14:12-17).
Esta é a primeira menção do Espírito Santo por Lucas, e é um tema principal em seus dois livros.
Do livro dos Atos dos apóstolos e das cartas as igrejas locais, aprendemos que, após a conversão, o cristão é selado e subsequentemente habitado pelo Espírito Santo, é guiado pelo Espírito, pode entristecer o Espírito e extinguir o Espírito. (Efésios 1:13, João 14:6)
O estudo comparativo com o Antigo Testamento ensina que o Espírito Santo, antes de Sua descida no Pentecostes, veio "sobre" as pessoas. Isso foi para um serviço particular para Deus, como com Saul, com Davi e com o servo perfeito de Jeová, descrito na profecia de Isaías e cumprido no Senhor Jesus quando Ele iniciou Seu ministério terreno.
(Leia 1 Samuel 11:6; 16:13; Isaías 42:1; Lucas 4:18).
Outro termo encontrado antes de Pentecostes, no caso do Senhor Jesus, e depois com Estêvão (e outros), é "cheio do Espírito Santo." (Lucas 4:1; Atos 6:1, 5).
Essa expressão descreve o caráter de tais pessoas e é distinta de "estar cheio do Espírito Santo" no período da Igreja.
Mas as palavras "cheio do Espírito Santo" em relação a João Batista (Lucas 1:15), também ocorrem antes e depois do Pentecostes.
O exame revela que:
a) o verbo é passivo descrevendo uma ação feita, não "por" uma pessoa, mas "para" ela;
b) é o ajuste de uma pessoa, pelo Espírito Santo, para capacitá-la a falar por Deus.
Foi profetizado sobre João Batista, mas também foi mencionado sobre seu pai, sua mãe, os apóstolos em Atos e até mesmo sobre o cristão em sua comunicação diária com outros crentes e em seu louvor a Deus. (Leis, Lucas 1:15, 41, 67; Atos 2:4; 4:8; Efésios 5:18).
Assim, o segredo da verdade, poder e eficácia do ministério de João estava na presença e no poder do Espírito Santo dentro dele, e não no caráter rude do homem.
Quando chegou a hora de Deus para ele pregar, as palavras, o poder, e a ousadia necessária foram todas supridas pelo Espírito Santo que o encheu na época. Isso por si só pode explicar o aparente sucesso em seu serviço.
A expressão "desde o ventre de sua mãe" dificilmente poderia se referir ao enchimento do Espírito Santo desde o momento em que ele foi concebido no ventre.
Afinal, levaria tempo para ele aprender a falar; e levaria anos até que seu serviço real começasse. Mas a separação e a abnegação tão obviamente características da vida de João, começaram no nascimento.
As proibições expressas eram características do voto do nazireu, como visto em Sansão, Samuel e outros, também incumbidos desde o nascimento. Eles eram servos de Jeová criados para atender às necessidades de seus dias, assim como João.
(Números 6 fala sobre a vida e conduta de um Nazireu)
A vida de João, portanto, assim como sua mensagem, foi um testemunho contra os excessos dos líderes de Israel, a quem ele reprovou ao apresentar Cristo. Portanto, a expressão "desde o ventre de sua mãe" deve se referir à vida de abnegação que ele levaria, e não ao poder com que falaria.
A pontuação da Bíblia e a ordem das palavras foram inseridas pelos tradutores para facilitar a leitura; não foi inspirado nem no texto original.
Aqui, causou alguma confusão quanto ao tempo de início da obra do Espírito Santo em João. Também sabemos que exigiria algum momento quando João fosse "salvo" e, somente depois, "ser cheio do Espírito Santo", embora esses eventos não sejam registrados.
A Bíblia NVI traduz Lucas 1:15, assim: "Pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento."
Na Bíblia Corrigida Fiel: "Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe."
Versão Católica: "Porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo."
Na Bíblia de Darby, Lucas 1:15, está assim: "Porque (João) será grande diante do Senhor, e vinho e bebida forte não beberá, e de Espírito Santo será enchido já desde o ventre de sua mãe."
Mas Darby faz uma observação em nota de rodapé, dizendo que a expressão grega ('epi ek' – traduzida 'já desde') se refere a um momento específico, uma data; i.e.: 'desde o nascimento'.
Ele diz que são pouquíssimos manuscritos que têm: 'já dentro' do ventre. Ou seja, que João era cheio do Espírito Santo já no ventre de sua mãe. E Darby acrescenta, portanto, essa possibilidade pode ser descartada.
60. Os sofrimentos de Cristo na cruz, estão relacionados aos dos perdidos no inferno?
O que foi infinito em caráter (os sofrimentos de nosso Senhor Jesus no Calvário) e o que será eterno em duração (os sofrimentos dos perdidos no lago de fogo) devem ser cuidadosamente distinguidos. Uma consideração reverente das descrições bíblicas do Calvário indica que o Senhor Jesus suportou o julgamento absoluto de Deus. Ele tinha uma capacidade infinita de sentir e sofrer. Suas santas emoções, desanuviadas pelo pecado, registraram plenamente a tempestade que se aproximava quando Ele estava no Getsêmani.
Ele suportou a totalidade daquele julgamento na cruz. Profeticamente, Sua linguagem foi:
"Tu me afligiste com todas as Tuas ondas".
"Todas as Tuas ondas e Tuas vagas passaram sobre mim."
Embora as águas do dilúvio fossem "contidas" nos dias de Noé, nenhuma dessas limitações restringiu a maré de tristeza que varreu Sua alma santa.
Tipologicamente, o bode expiatório, cuja morte ocorreu em uma terra desabitada, aponta para Aquele cujos sofrimentos eram incompreensíveis para a mente humana. Como poderíamos medir Seus sofrimentos quando Aquele que é a Santidade absoluta foi, ao mesmo tempo, "feito pecado por nós?"
O Salvador não apenas estava sofrendo pelos pecados de incontáveis outros, mas Deus, por meio de Seu Filho, estava condenando o pecado na carne.
Os pecadores hoje no inferno e depois no lago de fogo sofrem por causa dos seus pecados e por não terem crido no Senhor Jesus como salvador pessoal. Sofrerão por uma dívida impagável, contraída por eles mesmos.
O apóstolo Paulo montra em Tito 3:5, como Deus salva um pecador perdido no caminho para o inferno, ele diz: "Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou".
Não há justiça em nós. Enquanto estávamos sem justiça e numa situação de sofrimento aqui no mundo e sem esperança, Deus teve misericórdia de nós. Graças ao Senhor que existe a misericórdia! A misericórdia origina-se no amor e termina na graça. Quando a misericórdia se estende, somos salvos. Ele teve misericórdia de nós na condição em que estávamos, e como resultado podemos ser salvos.
Em Romanos 11:32, o apostolo Paulo diz: "Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos". Por que Deus encerrou a todos na desobediência?
Foi para que pudesse mostrar misericórdia a todos. Deus permitiu que todos se tornassem desobedientes e encerrou a todos na desobediência, não com o propósito de fazê-los desobedientes, mas a fim de mostrar misericórdia para com todos. Após ter mostrado misericórdia, Seu próximo passo foi salvá-los. Portanto, a misericórdia tem a ver com sua condição, não a condição após você ter-se tornado um cristão, mas com a sua condição antes de ser salvo. Porém, graças a Deus, que Ele não parou na misericórdia; com Ele há também a graça.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Existe um lugar na Bíblia que nos mostra claramente que nossa regeneração é proveniente da misericórdia. A Primeira Epístola de Pedro 1:3 diz: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". Toda a obra de Deus na graça foi planejada de acordo com Sua misericórdia em amor. Sua graça é dirigida por Sua misericórdia, e Sua misericórdia é dirigida por Seu amor.
É segundo a Sua grande misericórdia que Deus nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Assim sendo, tanto a regeneração como a viva esperança estão relacionadas com a misericórdia. Por existir a misericórdia, existe a graça.
Esta salvação é recebida pela fé, sem obras: "Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo." (Atos 16:30,31)
61. Os poderes de raciocínio seriam perdidos nos tormentos de um fogo literal?
As implicações da questão são tão avassaladoras que nos impedem de responder a isso de alguma maneira teórica ou filosófica. As realidades eternas só podem ser expressas pela Palavra de Deus.
O outro perigo que devemos evitar é tentar entender as experiências eternas pelas terrenas temporais. Lucas 16 nos revela um homem no inferno. Além de ter outras faculdades, ele é evidentemente capaz de pensar, lembrar, reconhecer responsabilidades e tirar conclusões. Ele se lembra de cinco irmãos. Se ele era o mais velho, isso mostra seu senso de responsabilidade pelo bem-estar deles. Ele reconhece e deduz logicamente que se seguirem o mesmo caminho que ele, também estarão no inferno.
Ele formula um plano, "Enviar Lázaro…" para avisar seus irmãos, pois Lázaro era um homem bem conhecido por ele, que também tinha morrido, mas agora estava num lugar feliz, que ele assume irá convertê-los.
Tudo isso defende a preservação do raciocínio do homem sem Deus.
Assim como o corpo foi usado pelo pecador não salvo como veículo para o pecado e, portanto, deve participar do sofrimento no lago de fogo (Apocalipse 20:11-13), a mente e o raciocínio, empregados para manter Deus à distância por toda a vida, devem ser preservados para sofrer já hoje no inferno (Marcos 9:44).
O sofrimento na terra frequentemente entorpece a mente e destrói o corpo. O Deus que impedirá a destruição dos corpos no fogo eterno, o lago de fogo, também impedirá a destruição do raciocínio.
Como é diferente a vida e o futuro de uma pessoa salva, Judas 21 diz: "Guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna".
O pecador é salvo pela graça de Deus por meio da fé no senhor Jesus. Ele não vai para o inferno, ele vai para o céu.
Este versículo em Judas 21, mostra-nos que hoje nós os salvos, devemos manter-nos no amor de Deus. Até que o Senhor venha novamente, isto é, até que Ele apareça a nós, devemos aguardar a Sua misericórdia para a vida eterna. Antes de sermos arrebatados, devemos aguardar a Sua misericórdia. Hoje, enquanto vivemos nesta terra, recebemos não apenas misericórdia, mas também graça.
Agradecemos ao Senhor que fomos salvos e pertencemos a Deus, contudo ainda há um problema.
O nosso corpo ainda não está redimido. Embora não sejamos mais do mundo, ainda estamos no mundo. É bom não pertencermos ao mundo, mas isso não é suficiente.
Cedo ou tarde, os israelitas tiveram de deixar o Egito. Cedo ou tarde, Noé teve de deixar a arca para entrar no novo período. Cedo ou tarde, Ló teve de deixar Sodoma. E virá o dia em que os cristãos terão de deixar o mundo.
Enquanto estou sendo atacado neste mundo, espero a misericórdia do Senhor Jesus. Enquanto estou sendo confrontado pelo pecado neste mundo, espero a misericórdia do Senhor Jesus.
Enquanto estou sendo esbofeteado por Satanás neste mundo, aguardo a salvação no seu sentido amplo do Senhor. Assim, enquanto estamos vivendo nesta terra e mantendo-nos no amor de Deus, esperamos o dia em que o Senhor mostrará misericórdia a nós. Portanto, é ainda necessário que a Sua misericórdia esteja sobre nós. Temos de aguardar a Sua misericórdia até o dia de sermos arrebatados.
Hebreus 4:16 exorta-nos a vir constantemente ao Senhor a fim de orar. Ao virmos orar diante do Senhor, recebemos misericórdia e achamos graça para socorro em ocasião oportuna.
Algumas versões usam a expressão obter misericórdia. Mas, na verdade, na linguagem original, a palavra não é obter. Obter é algo muito ativo. No grego, a palavra é mais passiva.
Ela deveria ser traduzida para "receber". Recebemos misericórdia e achamos graça.
Que é receber? Receber significa que tudo está aqui; está sempre pronto para uso a qualquer tempo.
Que é graça? Graça é algo que você tem de "achar", pois é algo que Deus fará. Graça é algo positivo; é algo para ser elaborado. É por isso que se diz "receber" misericórdia e "achar" graça.
Você pode ver que a Bíblia é muito clara acerca da misericórdia e da graça. Não há confusão entre ambas.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
62. A punição do homem pelos pecados é eterna?
Essa pergunta não pode ser respondida pelo raciocínio humano, mas pela revelação bíblica. Antes de respondermos a isso, precisamos entender o que são os "pecados" diante de um Deus infinitamente santo.
O pecado é errar o alvo. É injustiça, iniquidade, transgressão, ilegalidade; portanto, o pecado não pode ser tolerado e deve ser punido.
Romanos 6:23 ensina: "O salário do pecado é a morte". O pecado é, na verdade, uma afronta ao caráter de Deus. Se Deus não punir o pecado com justiça, Ele será infiel a Seu caráter.
A Palavra de Deus revela a punição eterna pelos pecados em linguagem vívida e inconfundível:
"punidos com destruição eterna" (2 Tessalonicenses 1:9);
"enviados para o castigo eterno" (Mateus 25:41);
"a sua parte será no lago de fogo que arde com fogo e enxofre para todo o sempre (Apocalipse 21:8).
Isso não é apenas punição eterna, mas punição eterna consciente, pois mesma Bíblia diz: "a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre, e eles não têm descanso nem de dia, nem de noite" (Apocalipse 14:11); e em Judas 7 lemos dos ímpios "sofrendo (presente contínuo) a vingança do fogo eterno".
A maior prova de "punição eterna" pelo pecado é oferecida nos sofrimentos infinitos de Cristo pelos pecados. A rejeição de Cristo tem consequências eternas. Se pudéssemos compreender os sofrimentos de Cristo pelos pecados, poderíamos compreender o castigo eterno dos homens em seus pecados. Os dois são Impossíveis!
O homem pensa que par escapar do julgamento eterno, ele tem que praticar boas obras e Deus pesar com seus pecados e tirar uma nota positiva.
Quais são as obras do homem? Genericamente falando, existem três coisas consideradas como obras do homem:
1) seus delitos, 2) suas realizações e 3) suas responsabilidades.
As obras más do homem são seus delitos; as boas são suas realizações e as obras que ele está disposto a assumir, suas responsabilidades.
Aqui temos três coisas: das coisas que o homem faz, as que não são bem feitas tornam-se seus delitos; as que são bem feitas tornam-se suas realizações, e as que ele promete fazer para Deus são suas responsabilidades.
Na questão do tempo, delitos e realizações são coisas do passado, enquanto responsabilidades são coisas do futuro; são coisas pelas quais um homem é responsável.
Se a graça de Deus que pode salvar o homem pela fé, é Deus trabalhando pelo homem pecaminoso, fraco, ímpio e desamparado, imediatamente vemos que a graça de Deus e o delito do homem não podem ser unidos.
Tampouco pode a graça de Deus ser unida às realizações e responsabilidades do homem. Quando a questão do delito entra em cena, a graça não existe. Quando a questão da realização entra em cena, a graça também não existe. De semelhante modo, onde houver a responsabilidade, a graça não existirá. Se a graça de Deus é de fato graça, os delitos, as realizações e as responsabilidades não podem ser misturados a ela. Sempre que os delitos, as realizações e as responsabilidades são adicionados, a graça de Deus perde suas características.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
A primeira característica da graça de Deus é que ela não está relacionada com os maus procedimentos do homem. A graça de Deus é concedida ao homem pecaminoso, aos pecadores desamparados, baixos, fracos e impiedosos. Se a questão do delito surge e se está determinado que aqueles com pecado não terão graça, então a graça está fundamentalmente anulada. A graça de Deus nunca pode ser retida simplesmente porque o homem pecou. A graça de Deus não pode ser reduzida nem quando os pecados do homem aumentam. Isso nunca pode ocorrer.
A mente do homem, estando cheia da carne, está preenchida com o conceito da lei. Podemos achar que os bem-sucedidos podem receber graça, mas nós, pecadores e sem realizações, estamos desqualificados para receber graça. No conceito do homem, delito e graça estão em extremos opostos. No conceito do homem, graça somente vem onde não houver delito. Se você disser a alguém que tem alguma consideração por Deus, que Deus o amou e deu-lhe graça, ele imediatamente vai querer saber como isso pode ser verdade, uma vez que ele tem cometido tantos pecados.
O conceito do homem é que a graça pode ser recebida somente quando não há delito. Ele não consegue perceber que isso está totalmente errado.
Por quê? Porque o delito dá a melhor oportunidade para a graça operar. Sem delito, a graça não tem oportunidade de manifestar-se. Além de ser incapaz de impedir a graça, o delito é a condição necessária para a graça ser manifestada.
Da mesma forma, nossa insuficiência diante do Senhor não é um impedimento para a graça. Pelo contrário, a nossa pobreza é uma condição para recebermos graça. Se não estivermos muito pobres, não estaremos desejosos de receber graça.
Todos já se deparam com algum mendigo. Eles andam por toda parte, e são muito pontuais onde lhes dão esmolas. Quando se aproximam e você lhes dá uma ou duas moedas, eles sorriem e pegam-nas.
Mas, que ocorreria se você oferecesse uma moeda a qualquer homem ou mulher que estivesse bem vestido e que tivesse uma boa educação, e dissesse: "Tome aqui, pegue isto. Arranje mais duas moedas e poderá comprar um salgadinho na padaria"? Certamente ele ou ela não aceitariam; e não somente não aceitariam, mas considerariam isso um insulto. Portanto, ser pobre é uma condição para receber graça; de fato, é a condição mais necessária.
Note o que Paulo diz: "Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:3-7)
63. O tormento do homem em Lucas 16 é físico (ou apenas mental)?
A noção de que o tormento mental é menos intenso do que o mental e o físico, combinados é falho.
Alguns falam da agonia em Lucas 16 como "somente sofrimento mental", procurando assim minimizar sua intensidade. Esta é uma má compreensão fatal da natureza do homem.
Paulo considerava as percepções mentais, dentro ou fora do corpo, indistinguíveis. Assim, em 2 Coríntios 12:3, ele não conhecia seu estado: "se no corpo, ou fora do corpo, não sei".
No entanto, ele ouviu palavras tão sublimes e sagradas que estavam além da compreensão humana normal. As alturas da emoção humana, seja de alegria ou tristeza, podem ser alcançadas sem a ajuda do corpo físico. Claramente, não importa que a alma esteja separada de um corpo enquanto suporta o terrível terror do inferno.
Tão semelhante é a experiência da alma sem o corpo que o Senhor Jesus relata que o homem em (Lucas 16:23-24), levantou os olhos, e vê Abraão num lugar feliz, enquanto ele estava suportando uma terrível agonia, estava sentindo sede e calor porque queria água para refrescar sua língua, e sentiu que estava sendo atormentado nesta chama.
O horror do inferno (Hades) em Lucas 16 não é menos terrível do que o sofrimento quando a alma e o corpo são reunidos no lago de fogo no juízo final (Apocalipse 20:13).
Mas, aqueles que ainda estão vivos, podem ser salvos e não perecer no inferno.
Romanos 5:20 diz-nos que "onde abundou o pecado, superabundou a graça".
A Palavra de Deus mostra-nos que onde estiver o pecado, ali estará também a graça. Onde o pecado abundar — não que ele tenha realmente abundado, pois todos os homens pecam semelhantemente, mas onde o pecado tenha-se manifestado mais abundantemente — a graça de Deus abunda ainda mais.
A palavra abundar na linguagem original tem a ver com a ideia de transbordar. Não sei se você já esteve à beira-mar ou à margem de um rio. Quando a maré alta vem, uma marca é deixada na praia ou margem. Mas se vier uma enchente esta ultrapassa a marca. Quando a água alcança a marca, dizemos que há somente uma elevação normal da maré, mas se a água sobe acima da marca há uma enchente. Isso é o que significa abundar.
O pecado é tão grande, mas a graça é maior e até mesmo cobre o pecado. O pecado é grande, mas a graça é ainda maior e cobre o pecado. Esta é a graça de Deus. O homem tem o estranho conceito de que para receber graça, deve estar sem pecado ou delito. Mas isso não existe. Embora nossos delitos sejam muito sérios e possam elevar-se muito, a graça de Deus se eleva ainda mais. Uma vez que a graça de Deus está aqui para lidar com o problema dos delitos, os delitos não são mais um problema.
Qual é a essência da graça de Deus?
A graça de Deus é simplesmente Deus vindo à posição do pecador para tomar sobre Si a consequência dos pecados do pecador.
Se não tivermos qualquer delito, não necessitamos de que Deus faça qualquer coisa por nós e, como resultado, não necessitamos da graça de Deus. Mas por termos pecado e por termos problemas, Ele tem de vir e solucionar nossos problemas. Portanto, necessitamos da graça.
Se eu digo: "Uma vez que pequei, não posso receber graça" é como dizer: "Por estar doente demais, estou muito envergonhado para ver o médico. Eu o verei quando minha temperatura tiver abaixado um pouco".
Visto que não há tal paciente no mundo, tampouco deve haver tal pecador no mundo. Assim sendo, nossos delitos são a condição para recebermos a graça de Deus.
Paulo deixa isto muito claro em Romanos 5: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5:6-11)
64. Poço assistir a um musical de uma denominação, fora do culto da “igreja”?
Aqueles que realizam serviços "fora da igreja" os consideram um "ministério".
Assistir a eles é associar-se a "um ministério" que usam métodos não guiados pelas Escrituras. Isso implica que os caminhos de Deus falharam em fornecer suficientemente para nossa edificação.
Nos tempos do Antigo Testamento, os israelitas adoravam em dois tipos de altos: aqueles que faziam adoração de ídolos (1 Reis 12:32); outros por adorarem ao Senhor (2 Crônicas 33:17), o que lhes parecia um tanto justificado (1 Reis 3:2).
Jeová não aprovou nenhum dos dois.
Toda a adoração deveria ocorrer no local e da maneira prescrita por Deus (Deuteronômio 12:13-15).
Agora, no Novo Testamento, ao nos chamar para Si mesmo e para tudo o que expressa Seu caráter, Deus nos separou de tudo o que Ele não ordenou.
Isso inclui reuniões marcadas por:
- a) Licenciosidade, que é perversão das Escrituras (1 Coríntios 10:21,22; 2 Coríntios 6:17),
- b) Legalismo, que põe as regras acima de Deus (Hebreus 13:13)
- c) Ou denominacionalismo (1 Coríntios 1:11-13).
O Senhor Jesus, Aquele que anda no meio dos candeeiros de ouro, tem o conhecimento de todas as necessidades espirituais coletivas nas reuniões da assembleia local e as suprirá.
Antes de termina, ainda gostaria de fazer uma pergunta sobre um outro assunto, e concluir com uma explicação para você refletir.
Qual você pensa ser maior: O Filho de Deus ou a nossa salvação? O Filho de Deus é mais precioso, ou a vida eterna que recebemos é mais preciosa?
Porque somos carnais, pensamos que o Salvador não é tão importante e que a vida eterna é mais importante que o Salvador. Enquanto temos vida eterna, tudo está certo. Não estamos tão preocupados com o Salvador; mas aos olhos de Deus, o Salvador é mais precioso. Ele é mais precioso que a nossa vida eterna. O Filho de Deus é mais precioso que a vida eterna que recebemos.
Assim, Romanos 8:32 nos diz que se Deus não poupou a Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?
Se Deus quis dar Seu Filho por nossos pecados e se Ele quis dar-nos esse Filho gratuitamente, pensaria Ele em nos tomar a vida eterna após algumas considerações?
Suponha que um irmão me deva dez mil dólares e não possa pagar essa quantia.
Se sou um homem rico, eu posso dizer-lhe: "Você não tem condições de me pagar seu débito, mas sou compassivo. Aqui estão dez mil dólares. Tome-os e me pague seu débito".
Depois disso, temos de tomar um comboio para o cais. A passagem custa oito centavos por pessoa, mas ele tem apenas sete centavos. Ele pode dizer-me: "Você pode dar-me uma moeda, pois me está faltando um centavo?" Eu não só tenho muitas moedas, como também notas de dinheiro e outras economias.
Contudo, eu lhe peço que me devolva o dinheiro. Digo-lhe que deve pagar-me primeiro.
Você não acharia estranho eu fazer isso? Ontem dei a ele dez mil dólares. Hoje não quero emprestar-lhe nem uma moeda.
Que é isso? Provavelmente você diria que tenho febre alta e estou doente. Por que eu não me importaria com dez mil dólares, contudo ficaria preocupado com uma moeda?
Se por Seu grande amor Deus nos deu Seu Filho unigênito, discutiria Ele conosco sobre a salvação que recebemos?
Devemos lembrar-nos de que a diferença entre uma moeda e dez mil dólares é insignificante diante da diferença entre a vida eterna e o Salvador, entre a vida e o Senhor da vida, entre a salvação que recebemos e o Filho unigênito de Deus.
Uma vez que Deus nos deu Seu Filho unigênito, como pode Ele pedir a salvação de volta?
Ter tal pensamento não é apenas ignorância e falta de entendimento da graça e do amor de Deus, mas total insanidade mental. Somente os que têm mente obscurecida e insana diriam tal coisa.
Graças a Deus, Ele nos deu Seu Filho e não O pedirá de volta. Além de Seu Filho, Ele nos deu muitas outras coisas, tais como vida eterna e salvação.
Deus nos deu Seu Filho e a vida eterna também. Se Ele não pode reclamar Seu Filho de volta, então Ele também não pode reclamar a vida eterna que recebemos. Assim, de acordo com a graça de Deus, é impossível perder a salvação e a vida eterna que recebemos. Essa é a palavra clara de Deus a nós.
O Senhor Jesus disse aos Judeus religiosos da sua época: "Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar." (João 10:26-31)
65. Como lidar com os convites dos amigos para seus “cultos” denominacionais?
Paulo ensina que não pode haver comunhão entre as coisas de Deus e as coisas deste mundo, pois lemos em 2 Coríntios 6:14-17: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor. "
Retornar à congregação do denominacionalismo, desobedece esta instrução.
Nenhuma explicação de não irmos a seus "cultos" é passível de ser compreendida por eles. Apontar características não bíblicas dessa congregação provavelmente ofenderá esse amigo.
Em vez disso, antecipe um convite recíproco. Ore por graça para responder de uma maneira gentil e humilde. Expresse uma sincera apreciação e compreensão de seu convite. Certifique-se de que ele entenda que você valoriza sua amizade e companhia em contextos que não comprometam suas convicções. Esteja aberto à discussão, mas direcione a conversa para a questão principal entre vocês, a necessidade da salvação de Deus pela graça de Deus mediante a fé.
Deixe-o saber que preocupações espirituais, e não sociais, motivaram seu convite.
Como a salvação da maioria das religiões do mundo, são pelas obras humanos, pode perguntar para este amigo se Deus salvar-nos é um acidente ou um ato proposital?
E pode reforçar o assunto com outra pergunta: a salvação de Deus é como as duas moedas que um homem dá a um mendigo ao cruzar com ele na rua, ou Deus está propositadamente procurando um homem a quem Ele possa dar "dinheiro" salvação?
A salvação de Deus é um acidente ou ela está de acordo com um plano determinado?
Os que não entendem a salvação, podem pensar que a salvação de Deus é acidental. Mas os que compreendem a Bíblia e conhecem Deus percebem que a salvação de Deus não é acidental. Pelo contrário, foi planejada há muito tempo com um plano definido.
Romanos 8:29 diz: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". O versículo 30, uma palavra explicativa, diz: "E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou". A salvação sobre a qual estamos falando envolve todas as coisas mencionadas nos versículos 29 e 30.
A história da nossa salvação começou com a justificação, no versículo 30. Fomos salvos quando fomos justificados. Sabemos apenas que cremos em Jesus e que fomos salvos e justificados. Pensamos que a justificação é nosso primeiro encontro com Deus. Pensamos que a primeira vez que tocamos Deus em nossa vida foi quando fomos justificados. Mas a Bíblia diz que Deus nos tocou há muito tempo. Ele conheceu-nos há muito tempo. Nossa justificação veio mais tarde. Deus conheceu-nos primeiro.
Alguns têm dito que Romanos 8:29-30 é a única corrente em toda a Bíblia. É uma corrente de elos diversos. Essa é a corrente mais preciosa e completa. O primeiro elo dessa corrente é o conhecimento prévio de Deus no tocante ao homem. O segundo é nossa predestinação para sermos conformados à imagem de Seu Filho. O terceiro elo é o chamamento dos que foram predestinados. A justificação dos que foram chamados é o quarto elo. O quinto é a glorificação dos que foram justificados. É uma série de interligações. Nós pensamos que conhecemos Deus à época em que fomos salvos e justificados. Mas a Bíblia diz que antes de sermos salvos e justificados, Deus já nos conhecia.
Aqueles que Deus conheceu há muito tempo, Ele marcou. Ser marcado significa ter em nosso nome uma marca de identificação, indicando que Ele nos reivindica para Si. Para que propósito fomos marcados? Para que venhamos a ser como Seu único Filho, Jesus Cristo. Ele não quer apenas um Filho, Jesus Cristo; Ele veio marcar-nos para que fôssemos idênticos ao Seu Filho. Assim, os que foram marcados foram chamados. Os que foram chamados são os conhecidos por Ele; são também os que foram marcados por Ele. Então, Ele chamou os que conheceu e marcou-os. Após chamá-los, Ele os justificou.
Se a justificação é o primeiro passo no relacionamento de um cristão com Deus, então não há mais motivo para que sejamos justificados novamente no futuro. Se apanho duas moedas hoje e as atiro no fogo amanhã, isso não é uma grande perda para mim. Não ser justificado é, sem dúvida, uma perda para o homem. Porém, Deus não sofre perdas. No entanto, temos de saber que a história de nosso relacionamento com Deus não começa na justificação e salvação.
Antes, ela começa na presciência de Deus. A presciência de Deus é o princípio de todas as coisas. Ser predestinado é o segundo passo. Então, ser chamado é o terceiro passo. Somente após o terceiro passo é que temos a justificação. Se perdêssemos nossa justificação e nos tornássemos pecadores novamente, deveríamos questionar a onisciência de Deus.
Uma vez que Deus nos conheceu de antemão e nos predestinou, como podemos ainda perecer após sermos salvos?
Uma pessoa predestinada por Deus nunca pode ser lançada no inferno e queimada como se fosse um pedaço de madeira.
Para nós, tomar uma decisão é uma coisa simples porque mudamos mui facilmente.
Num minuto podemos estar no céu e no minuto seguinte, no inferno. É possível que mudemos uma vez por dia nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Mas como Deus é Deus, Sua presciência e predestinação não podem ser abaladas. O Deus que conhecemos e a quem adoramos não pode mudar coisa alguma que Ele tenha decidido. Por Ele ter a presciência, a predestinação e o chamamento, nossa justificação é eterna. Para nós, é uma coisa pequena perder nossa justificação.
No entanto, para Deus é uma grande coisa perder Sua presciência. Para nós, perder nossa justificação não significa muito. N
o entanto, para Deus seria algo sério cometer um erro em nos conhecer antecipadamente, nos chamar e não nos justificar. Deus não pode anular a justificação sem afetar Sua presciência, predestinação e chamamento. Se retirarmos um elo, os outros três elos não permanecerão. Se perdêssemos nossa salvação, a presciência, a predestinação e o chamamento de Deus seriam todos anulados.
Complementando, há outro item.
O Senhor diz: "E aos que justificou, a esses também glorificou" (v. 30).
A não ser que Deus introduza na glória os que Ele justificou, Sua obra não está completa. Se não pudermos entrar no novo céu e na nova terra e se não pudermos entrar na glória eterna, a obra de Deus não é completa. O último elo da obra de Deus é a glória. Até estarmos na glória, a obra de Deus não é completa. Essa é a Palavra de Deus. Que você está fazendo com ela? Não podemos colocá-la de lado. Deus diz que os que Ele justificou entrarão na glória incondicionalmente. Ele não diz que os que foram justificados entrarão na glória se praticarem boas obras. Ele não diz que aqueles cujas obras são aprovadas podem entrar na glória.
Nem diz que os que Ele justificou devem ser considerados salvos pelo homem antes que possam entrar na glória. Não há tais condições. Todas as coisas que são mencionadas aqui estão relacionadas com Deus. Foi Deus quem nos conheceu de antemão. Foi Deus quem nos predestinou. Foi Deus quem nos destinou para sermos como Seu Filho e conformados à imagem do Filho. Foi Deus quem nos chamou e nos justificou. É Deus também quem nos introduzirá, os justificados, na glória. Novamente, é Deus quem nos introduzirá no novo céu e na nova terra para herdarmos a glória eterna.
66. Em quanto tempo a 70ª semana de Daniel começará após o arrebatamento?
Quando a era da Igreja, que esta no parêntese entre a 69ª e a 70ª semana (Daniel 9:24-27), estiver completa, o arrebatamento acontecerá.
A remoção dos santos da Igreja sinaliza o início dos eventos proféticos relacionados a Israel. Então o relógio profético de Israel começará a funcionar.
Daniel 9:27 indica que a confirmação da aliança com muitos (Israel) por uma semana começa na 70ª semana.
O templo também será reconstruído (2 Tessalonicenses 2:3,4; Daniel 9:27).
Ambos implicam um possível lapso de tempo entre o arrebatamento e o início da 70ª semana, embora nenhum tempo específico seja mencionado.
Acontecimentos mundiais recentes na arena política aconteceram rápida e inesperadamente.
Portanto, podemos facilmente concluir que com rapidez tais eventos podem ocorrer depois que a Igreja estiver em casa na glória.
Com tudo isto em vista, podemos ver que impossível perder a salvação.
Quando fomos salvos, Deus não apenas nos regenerou e nos deu vida eterna, mas Ele nos fez um espírito com o Senhor. A Primeira Epístola aos Coríntios diz-nos que não somente nos tornamos um espírito com Cristo, mas nos tornamos membros do Seu Corpo (1 Coríntios 12:27).
Em 1 Coríntios 6:15 temos a mesma palavra. Essa passagem diz que nosso corpo é membro de Cristo. Assim, quando um incrédulo é salvo, ele não apenas recebeu regeneração e vida eterna de Deus, mas, ao mesmo tempo, foi unido ao Corpo de Cristo para se tornar um membro do Corpo de Cristo. A Bíblia diz que nós somos o Corpo de Cristo.
Se Deus nos salvou um a um em Cristo e se Cristo morreu por nós, purificou-nos de nossos pecados, deu-nos vida eterna e nos levou a ter um relacionamento de vida com Ele para nos tornar Seus membros, qual é nosso fim? A salvação inclui ser um membro do Corpo de Cristo.
Se perecêssemos, qual seria o fim? O fim seria que o Corpo de Cristo seria mutilado. Este Corpo teria uma orelha a menos ou metade de um nariz. Teria um dedo da mão ou do pé a menos. O Corpo de Cristo é uma verdade definitiva na Bíblia. Ele é uma coisa concreta. Se nos tornamos um corpo com Cristo após termos sido salvos, o perecer de uma pessoa significará a perda de uma parte do Corpo de Cristo, e o Corpo de Cristo será mutilado.
Certa vez, uma escrava negra estava trabalhando na casa de uma família branca. A dona da casa era uma cristã nominal, mas a mulher negra era uma cristã genuína. O dia todo a escrava cantava jubilosamente. A patroa ficava aborrecida, tão aborrecida com as canções alegres que ela não podia deixar de perguntar por que a escrava estava tão contente.
A mulher lhe disse: "A senhora não sabe que Deus enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para nos purificar de todos os nossos pecados? A senhora não sabe que estaremos com Deus no futuro? Por que, então, não estaria me regozijando?"
A senhora perguntou: "Como você sabe que estará com Deus no futuro? Que acontece se você se perder?"
A escrava disse: "O Senhor Jesus nos disse que o Pai é maior do que tudo. Estou nas mãos de meu Pai. Essas mãos estão me sustentando e preservando. Como posso perder-me?"
A senhora ponderou a esse respeito por um tempo e, então, disse: "Como você é tola! Se Deus é maior do que tudo, quão grandes Suas mãos serão! Se as coisas podem escorregar por entre seus dedos, então as coisas podem escorregar por entre os dedos Dele também. Visto que Suas mãos são grandes, o espaço entre Seus dedos deve ser grande também. Se você escorregar por entre Seus dedos, Ele nem mesmo notará.
Você diz que as mãos Dele a protegerão. Mas Deus é tão grande e você é tão pequena. Não há comparação entre você e Deus. Se você escorregar da mão de Deus, Ele nem perceberá".
A escrava respondeu: "A senhora não entende. Não estou somente em Suas mãos, eu sou um pequeno dedo da Sua mão. Se apenas estivesse em Sua mão, Ele poderia nem notar quando eu escorregasse.
Mas se sou um dedinho na mão de Deus, como posso escorregar?"
Portanto, se um pecador creu em Cristo como salvador pessoal e se tornou cristão, ele é membro do Corpo de Cristo e um pequeno dedo na mão de Deus. Se sou um membro do Corpo de Cristo, como membro, Deus nunca me permitirá escorregar. Sou grato ao Senhor hoje, porque eu não posso me perder nunca.
67. No livro de Apocalipse, quem são os 24 anciãos?
Os intérpretes identificam os 24 anciãos como angelicais ou humanos. A primeira visão, em Apocalipse 4:4, os vê como uma classe especial de 24 administradores angélicos intimamente ligados aos quatro seres viventes e formando parte do conselho executivo do céu.
Outros os consideram um símbolo da humanidade redimida, pois cantam: "Tu nos redimiste…" (Apocalipse 5:9).
Por causa da incerteza textual deste versículo, "Tu nos redimiste…", o pronome "nós" provavelmente deveria ser omitido e seria lido assim: "Tu redimiste…".
"E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue, compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação." "Apocalipse 5:9)
No próximo versículo 10, certamente devemos ler, "os fez reis e sacerdotes" e "eles reinarão".
Portanto, os anciãos não estão cantando sobre sua própria redenção, mas sobre a dos outros.
Existem, no entanto, alguns recursos de compensação.
Em número, são 24 (um número sacerdotal, 1 Crônicas 24); no vestido, eles estão de branco; em posição, eles estão sentados em tronos; em dignidade, eles são coroados.
Significativamente, tudo isso já foi dito dos santos desta era atual (capítulos 1 a 3).
Somos sacerdotes (Apocalipse 1:5); como vencedores, temos a promessa de vestes brancas (Apocalipse 3:5), coroas (Apocalipse 3:11) e assentos em tronos (Apocalipse 3:21).
Talvez com toda essa semelhança desses marcadores, fica fácil de perceber que os capítulos 1 a 3 retratam os santos em testemunho na terra, enquanto os capítulos 4 e 5 mostram o mesmo grupo em triunfo sob a figura dos 24 anciãos.
Na Bíblia, vemos que há um relacionamento entre o Senhor Jesus e Deus, e que há um relacionamento entre o Senhor e nós. Muitos cristãos não viram claramente o relacionamento entre Deus, o Senhor Jesus e nós, os pecadores. Por isso, eles se confundem e pensam que podem perder a salvação. Há uma palavra maravilhosa na Bíblia que diz que nós, cristãos, os pecadores já salvos, somos os presentes dados por Deus ao Senhor Jesus (João 17:6).
O Pai e o Filho estão presentes nesse versículo. O Pai deu como presentes ao Senhor Jesus as pessoas salvas. Se Deus nos deu como presentes ao Senhor Jesus, será que ainda há possibilidade de perdermos a salvação? Temos de considerar a questão sob dois ângulos.
Por um lado, Deus nos deu ao Senhor Jesus como presentes. Se nos fosse possível perecer e perder a salvação, se nossa salvação não fosse eterna, o fato de Deus dar-nos ao Senhor Jesus se tornaria uma brincadeira com o Senhor. Seria como uma mãe dando bolhas de sabão ao filho.
Você já brincou com bolhas de sabão? Mergulha-se um canudo em água com sabão, sopra-se no canudo e as bolhas aparecem. Sabemos que essas bolhas desaparecerão em poucos minutos. Mas quando as vê, a criança vibra, pensando que a bolha é uma grande diversão; ela não sabe que a bolha logo estourará.
Se Deus não fosse onisciente, ser-nos-ia possível perecer porque Deus não saberia se nossa salvação seria temporária ou permanente. Mas Deus é onisciente; Ele saberia se fôssemos salvos eterna ou temporariamente. Se Deus não fosse onisciente, seria possível que Ele nos desse como uma bolha de sabão ao Senhor Jesus.
Mas se Deus é onisciente, Ele deve saber que após três ou cinco anos essa bolha estourará. Sendo assim, Ele simplesmente estaria dando ar ao Senhor Jesus, e não um presente. Deus é um Deus eterno; tudo o que Ele faz é eterno. Se Deus nos dá como dádiva ao Senhor Jesus, Ele não pode considerar isso uma prenda sem valor.
Em segundo lugar, se Deus fizesse isso, causaria um problema ao Senhor Jesus também. Suponha que Ele nos tenha dado ao Senhor; entretanto, três ou cinco anos mais tarde, perecemos e perdemos a salvação. Em nosso conceito, nós a teríamos perdido.
Mas de quem seria a culpa de a termos perdido? Você poderia culpar o presente dado por Deus por ser corruptível, como também poderia culpar o Senhor Jesus de não ser capaz de cuidar desse presente. Muitas vezes, as pessoas enviaram-me bons presentes. Quando estive longe de casa, perdi um deles ou o danifiquei. Posso culpar o presente por ser frágil ou a mim mesmo por ser descuidado em guardá-lo. Deus disse ao Senhor Jesus que deu essas pessoas a Ele.
Que aconteceria se um dia essas pessoas se perdessem? Não poderíamos culpar somente Deus por dar ao Senhor Jesus um brinde sem valor, mas deveríamos também culpar o Senhor Jesus por não ser capaz de guardar aqueles que Deus Lhe deu.
Em João 17:6, o Senhor Jesus disse ao Pai: "Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do mundo. Eram Teus, Tu mos deste e eles têm guardado a Tua palavra". Todos os salvos foram dados e presenteados por Deus ao Senhor Jesus. O versículo 9 diz: "Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo". O Senhor Jesus não orou pelo mundo, mas "por aqueles que Me deste, porque são Teus". Assim, nós, cristãos, somos os presentes dados por Deus ao Senhor Jesus.
O versículo 12 diz: "Quando Eu estava com eles, guardava-os no Teu nome, que Me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição".
Na oração do Senhor, Ele disse que havia guardado todos os que Deus Lhe dera. Havia apenas um filho da perdição, que foi Judas. Judas jamais creu; desde o princípio ele era o filho do inimigo e nunca foi salvo. O Senhor Jesus disse que, exceto Judas, não pereceu nenhum dos que Deus Lhe dera.
68. Como respondo àqueles que dizem não haverá arrebatamento ou milênio?
O ensino claro e literal da Palavra de Deus é convincente neste assunto.
- O arrebatamento, que significa "arrebatado", é ensinado claramente no Novo Testamento. O Senhor Jesus mencionou isso em João 14:1-3.
- Em 1 Coríntios 15:51-57, Paulo ensina que os mortos em Cristo ressuscitarão com corpos incorruptíveis e os vivos (mortais) se revestirão da imortalidade e serão arrebatados juntamente (1 Tessalonicenses 4:13-17).
- Após ao arrebatamento, seguem-se Sete anos terríveis, quando a ira de Deus será derramada sobre a terra (Mateus 24:21).
- Isso termina quando o Senhor desce à terra em poder e grande glória (Apocalipse 19:11-21).
- Ele banirá Satanás para o abismo por mil anos (Apocalipse 20:2).
- Este reinado milenar de Cristo na terra é descrito em detalhes no Antigo Testamento.
- (Isaías 11; Jeremias 31:31; 40; Ezequiel 40-48; Zacarias 8-14).
- Em Apocalipse 20:4-7, os 1000 anos são mencionados seis vezes.
- Após os 1000 anos, Deus criará o Novo Céu e a Nova Terra para Seu reino eterno. (2 Pedro 3:10-13)
A única maneira de fazer parte deste arrebatamento é ser salvo, mas como pode ser isto?
Lemos em Efésios 2:8 e 9: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie".
Aqui ela nos diz que a salvação é absolutamente pela graça e mediante a fé. A palavra mediante significa atravessar. É como dizer que a luz elétrica brilha pela eletricidade e mediante o fio condutor. É também como dizer que a água da torneira vem do reservatório no departamento de águas e mediante os encanamentos. O homem é salvo pela graça, mas o canal mediante o qual a salvação vem a nós é a fé. O canal não são as obras, mas a fé. É mediante a fé e nada tem a ver com as obras. Não é adicionar a fé às obras. É preciso saber que a fé e as obras são basicamente opostas entre si. A graça do Senhor Jesus é baseada no amor de Deus. Quando cremos, a graça e o amor fluem para dentro de nós. Como resultado, somos salvos, temos vida, e somos justificados. Nada disso é transmitido a nós por meio das obras.
Graças ao Senhor que não é por causa das obras! Por que deveria sê-lo?
A resposta aqui é que ninguém deve vangloriar-se. O que Efésios 1 nos diz é que Deus quer ter toda a glória. É por isso que Ele faz toda a obra.
A glória só pode ir para aquele que realizou a obra. Não existe tal coisa no mundo, como alguém trabalhar e outro receber a glória. Os que trabalham merecem o pagamento. Quem quer que trabalhe, este mesmo recebe a glória. Por que Deus fez toda a obra de nos salvar? É para que Ele tenha toda a glória. A razão de Deus nos ter concedido a graça é que Ele receba toda a glória. Ele não quer que trabalhemos para que não nos vangloriemos. Vangloriar-se é glorificar a si mesmo. Se fizermos qualquer coisa que mereça alguma glória, não agradeceremos nem louvaremos a Deus diante Dele. Imediatamente diremos: "Sem dúvida, a salvação é concedida a mim por Ti. É a Tua obra. Mas acrescentei minha parte a ela. Se não tivesse acrescentado minha parte, não seria como sou hoje". O homem gosta de superestimar seus próprios méritos.
Ele gosta de enfatizar suas próprias virtudes.
Se Deus dissesse que cumpriria noventa e nove por cento da obra da salvação e que deixaria um por cento para nós, este um por cento silenciaria os céus. Os anjos não louvariam mais, e as pedras não clamariam mais. Em vez de as pedras se tornarem os filhos de Abraão, os filhos de Abraão tornar-se-iam as pedras, pois de cem por cento, alguns reivindicariam um por cento.
Eles, então, contariam a maravilha de sua própria obra e diriam: "Eu passei por aquilo desta maneira ou daquela maneira. Como você conseguiu passar? Qual foi sua contribuição?"
Cada um estaria se gabando de sua própria obra e Deus não teria possibilidade de obter a glória.
Isso significa que podemos ser relaxados e que não precisamos mais fazer o bem?
Efésios 2:10, explica: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas".
Os versículos 8 e 9 nos mostram o que Deus fez por nós objetivamente.
O versículo 10 imediatamente nos mostra as questões subjetivas. Deus não nos salvou de maneira tola. Ele nos deu nova vida, nova natureza e novo espírito interiormente. O Senhor Jesus está vivendo em nós por meio do Espírito Santo e nos preparou para toda boa obra. Lembre-se de que Deus não incluiu essas boas obras nos dois versículos anteriores. Não importa quantas boas obras você tenha feito após ser salvo.
A salvação ainda provém da graça. Não importa quão rápido você avance espiritualmente, pois a salvação ainda provém da graça gratuita do Senhor Jesus. Mesmo que tenha uma obra como a de Paulo, um resultado como o de Pedro, amor como o de João, e sofrimento como o de Tiago — mesmo que tenha todas estas quatro coisas — você ainda é salvo por meio da graça gratuita. No futuro, embora sua obra possa mostrar que é salvo, ela jamais será sua condição para salvação. Minha fé não significa muito. Ela é apenas um receptor da obra de Deus.
O homem não é salvo por obras. Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito miserável.
Por ser seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser sua carne má e cheia da lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deve também adicionar obras. O homem não vê que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras. A salvação nada tem a ver com obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo uma pequena atenção à obra, a graça de Deus é anulada (Gálatas 2:21).
Uma vez que é graça, ela deve provir somente da fé e não da obra.
69. Qual é a consciência e a ocupação atual dos crentes que já morreram?
Embora a Bíblia não aborde esse assunto em detalhes, podemos tirar várias conclusões:
Os crentes no céu são muito felizes (Apocalipse 14:13).
Eles estão com Cristo, contemplando Aquele que os amou e se entregou por eles; eles estão muito melhor em um lugar tão maravilhoso (Filipenses 1:21, 23).
Eles não têm mais a carne e a provação do sofrimento que tanto os incomodava na terra (Romanos 7:24, 25a).
Descansam de seus trabalhos até o Arrebatamento, quando recebem corpos glorificados nos quais começarão seu serviço eterno a Deus (Apocalipse 14:13; 22:3, 4).
Eles reconhecem os outros e conversam entre si (Lucas 13:28; Mateus 17:4; Lucas 16:24).
Falando sobre consciência, será que é verdade que todo ser humano têm uma consciência?
Certamente todos têm uma consciência. Contudo, algumas consciências estão obstruídas e a luz de Deus não pode entrar. Algumas consciências são como uma janela de cozinha que tem uma espessa camada de sujeira sobre ela. Por ela você pode ver a sombra de um homem movendo-se, mas não pode ver o homem claramente. Se a sua consciência não puder receber a luz de Deus, você estará despreocupado e alegre. Mas no momento em que ouvir o evangelho e vir seus próprios pecados, sua posição diante de Deus e o registro de seus pecados diante Dele, sua consciência terá um problema. Ela ficará incomodada; não estará em paz, mas irá condená-lo. Você perguntará o que deve fazer para ser capaz de permanecer diante do Deus justo, e como ser justificado diante deste Deus tão justo.
O que é surpreendente quanto à consciência é que, na pior das hipóteses, ela pode adormecer, mas ela nunca morrerá. Nunca pensemos que nossa consciência morreu. Ela nunca morrerá, mas adormecerá. Entretanto, quando a consciência de muitos desperta, eles acham que é tarde demais, que não têm mais a oportunidade de crer ou de ser salvos. Não pense que nossa consciência nos deixará em paz. Um dia ela nos acusará. Um dia ela falará. Muitos que pensavam assim, que faziam muitas coisas más, achavam que escapariam. Mas, quando a consciência deles finalmente acordou, eles foram capturados por ela.
Que fazem as pessoas quando sua consciência desperta e elas percebem que pecaram?
Tão logo a consciência as capture, elas tentam fazer o bem praticando boas obras.
Qual é o propósito do homem ao tentar fazer boas obras? O seu propósito é subornar a consciência.
A consciência mostra ao homem que ele pecou. Então, agora ele faz mais atos de caridade e faz mais boas obras para dizer à sua consciência que, apesar de ter feito tanta coisa errada, ele também faz todas essas coisas boas.
Que significa fazer boas obras? Significa subornar a consciência quando esta começa a acusar, de modo a abrandar sua condenação. Essa é a forma de salvação inventada pelo homem.
Mas lembre-se de que essa é a maneira errada.
Onde reside esse erro básico? O erro encontra-se na nossa suposição de que o pecado existe apenas em nossa consciência. Esquecemo-nos de que o pecado também existe diante de Deus. Se o pecado existisse somente em nossa consciência, então necessitaríamos realizar, quando muito, dez boas obras para compensar cada erro nosso. Entretanto, o problema agora não é somente com a nossa consciência. O problema agora é o que está diante de Deus. Eu não posso ser absolvido do julgamento por uma infração de estacionamento proibido, apenas porque estaciono o carro corretamente uma centena de vezes. Pecado é algo diante de Deus. Não é somente algo em nossa consciência.
Não somente precisamos lidar com o pecado em nossa consciência; também temos de lidar com o nosso pecado diante de Deus. Somente quando tivermos lidado com o registro do pecado diante de Deus, é que o pecado em nossa consciência poderá ser tratado. Não podemos lidar com o problema na consciência primeiro, pois esta poderá ser apaziguada pelo auto engano.
Mas lembre-se de que a consciência nunca morrerá.
Talvez você ainda não tenha visto a consciência em funcionamento. Frequentemente vejo pessoas atormentadas pela consciência. Quando a luz de Deus vem, a consciência fica incomodada. Se houvesse um buraco no chão, uma pessoa em tal condição se arrastaria para dentro dele. Ela faria qualquer coisa para apaziguar sua consciência. Ela até daria sua vida para redimir-se do pecado.
Por que Judas se enforcou? Porque sua consciência não o deixava em paz. Ele havia traído Jesus e sua consciência não o deixava em paz.
Quando a consciência se levanta para condenar um homem, ela exige que o homem seja punido. A punição não é apenas uma exigência de Deus, mas também do homem. Antes de ver o que é o pecado, você tem medo da punição. Mas após ver o que é o pecado, você encara a punição como uma bênção.
Você já viu criminosos ou assassinos no momento da execução? Antes de ver seu pecado, um homem pode alegrar-se em matar. Mas depois de ver seu pecado, ele se alegrará com sua própria execução. Portanto, o inferno não é somente um lugar de punição. É também um lugar de fuga. É o derradeiro lugar de refúgio. O pecado na consciência causa dor hoje e clama por punição na era vindoura. Portanto, para Deus nos salvar, Ele precisa lidar com nossos pecados diante Dele, e também precisa lidar com nossos pecados em nossa consciência.
Quando Deus salva um pecador pela Sua graça, mediante a fé no Senhor Jesus, só temos que agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa. Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus. Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados.
Lemos em 1 João 1:7 que o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
Posso estar alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados. Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados, é porque ainda há registro de pecados diante de Deus. Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?
Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.
70. Saberemos mais da verdade do que a Bíblia revela?
Devemos afirmar claramente que nesta vida, nenhuma outra verdade jamais será conhecida além da revelada nas Escrituras.
No entanto, teríamos que dizer que verdades adicionais serão reveladas na eternidade, enquanto as eras infinitas se desenrolam.
Quanto ao presente, a Bíblia indica que a mente e a vontade total de Deus já foram reveladas.
Em 1 Coríntios 13:10, mostra que os "dons de sinal" eram exigidos apenas até que o cânon da Escritura, "o que é perfeito", estivesse completo.
Assim, quando João, o último escritor do Novo Testamento, completou sua parte dos escritos inspirados, Deus não tinha mais nenhuma mensagem para dar a este mundo.
Com relação ao mundo vindouro (Efésios 2:7), o escritor mostra "que nas eras vindouras" novas manifestações de nosso Senhor Jesus Cristo serão sempre reveladas e nunca se esgotarão.
Portanto, quando chegarmos ao nosso paraíso desejado, nunca nos formaremos na universidade celestial.
Gostaria de lhe fazer uma pergunta, e lhe surpreender como Deus responderia.
É verdade que Deus salva o homem porque o ama?! A resposta correta seria que sim.
Mas Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo com Sua justiça, Seu proceder, Seu padrão moral, Sua maneira, Seu método, Sua dignidade e Sua majestade.
Sabemos que para Deus é fácil salvar o homem. Mas não é fácil para Deus salvá-lo de maneira justa. Apenas imagine quão fácil seria para Deus salvar-nos se a questão da justiça não fosse um problema. Não haveria dificuldade alguma. Se Deus não nos amasse, nada poderia ser feito por nós e tudo seria sem esperança.
Mas Deus nos amou e teve misericórdia de nós. Além disso, Ele pretende dar-nos graça. Se a justiça não contasse, Deus poderia dizer: "Você pecou? tudo bem, apenas não cometa o erro novamente".
Deus, assim, poderia ignorar nossos pecados. Ele poderia dispensar-nos e mandar-nos embora. Se Deus não julgasse o pecado do pecador e tratasse seus pecados conforme a lei, mas perdoasse descuidadamente, onde então estaria Sua justiça? Aqui reside a dificuldade.
É verdade que Deus nos quer salvar, e é verdade que precisamos ser salvos. A questão é se há ou não injustiça em sermos salvos. Há muitos hoje que aceitam subornos e são parciais por causa dos relacionamentos particulares. Eles sempre ajudam os outros, e os outros sempre recebem benefícios deles; mas todos concordamos que essas pessoas não são adequadas. Elas não são justas, mas corruptas. Elas podem ter muito amor, mas o que fazem não é correto. Deus não pode salvar-nos à custa de se envolver em injustiça. Deus deve salvar-nos preservando Sua justiça. Para Deus é importante salvar-nos, mas deve fazê-lo de acordo com Sua justiça. Deus poderia salvar-nos imediatamente com Seu amor. Mas também deve salvar-nos de maneira muito justa.
Como isso pode ser feito? Para Deus não é uma questão fácil salvar-nos sem violar Sua justiça.
Como pode Deus justificar pecadores sem cometer injustiça?
Como pode Deus salvar pecadores sem envolver-se em injustiça?
Como Deus pode perdoar nossos pecados de maneira justa?
Deus quer nos salvar, mas Ele quer que sejamos capazes de dizer ao mesmo tempo que recebemos Sua vida e fomos salvos porque Ele nos justificou da maneira mais justa.
Vejamos Romanos 3:25-26, começando com a segunda parte do versículo 25: "Para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus".
Aqui tenho de acrescentar uma palavra. Algumas versões cometem um erro ao traduzir o versículo 25. Elas traduzem: "Para declarar Sua justiça para a remissão de pecados passados, pela tolerância de Deus". Mas a palavra para não deveria ser usada nesse versículo. Em vez disso, deveria dizer: "Para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos".
Além disso, no versículo 26, a palavra e deveria ser entendida como união de duas coisas que ocorrem ao mesmo tempo. Assim, esta sentença deveria ser entendida desta maneira: "Para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus". Enquanto Deus justifica os que creem em Jesus, Ele demonstra ser justo, e o homem deve reconhecê-Lo como justo.
O versículo 25 trata de problemas passados; o versículo 26 trata de problemas presentes. Os problemas passados referem-se ao povo da época do Antigo Testamento.
Os problemas presentes relacionam-se ao povo da época do Novo Testamento. O versículo 25 trata de questões do Antigo Testamento. O versículo 26 trata de questões do Novo Testamento. As pessoas da época do Antigo Testamento transgrediram a lei por quatro mil anos. Elas eram cheias de pecados e transgressões. Mas Deus não as destinou à perdição ou destruição imediata. Naqueles quatro mil anos, dia após dia, Deus tolerou e deixou impunes os pecados previamente cometidos. Não vemos o lago de fogo imediatamente após o jardim do Éden. Embora Deus dissesse ao homem que no dia em que ele comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal certamente morreria (Gênesis 2:17), quando Adão comeu o fruto, ele não foi imediatamente para o lago de fogo.
Por quê? Porque Deus deixou impunes os pecados da época do Antigo Testamento; Ele exerceu Sua tolerância sobre eles. Deus tolerou e deixou impunes os pecados cometidos pelo homem no passado. Mas uma questão se levanta imediatamente: Deus foi justo ao tolerar e deixar impunes os pecados humanos no Antigo Testamento? Qual foi o propósito de Deus em fazer isso? Na verdade, ao deixar impunes os pecados do homem e tolerá-los, Deus estava manifestando Sua justiça.
Deus não quer que pensemos que após sermos salvos, nossa salvação é ilegal. Deus não gostaria que o homem acolhesse tais críticas. Deus quer nos mostrar que nada há de ilegal ou injusto em Seus caminhos. Quanto aos pecados da época do Antigo Testamento, Ele diz que Sua tolerância e Sua indulgência foram para demonstrar a Sua justiça. Quanto aos pecados da presente era, Ele diz que o que é feito é também para demonstrar Sua justiça. Deus deseja que ao justificar os que creem em Jesus, Ele seja reconhecido como O justo.
A salvação de Deus não é "mercadoria contrabandeada". Deus quer que a nossa salvação venha pela "porta da frente". Nossa salvação tem de ser correta e adequada. Ele não permitirá que ninguém diga que a nossa salvação é inadequada. Ele não oferece uma salvação fraudulenta. Uma salvação fraudulenta é rejeitada por Deus. A intenção de Deus é salvar-nos, mas Ele quer fazê-lo de maneira a estar relacionada com Sua natureza, Seu padrão moral, Sua dignidade, Sua lei e Sua justiça. Deus não pode salvar-nos ilegalmente.
A vinda do Senhor Jesus Cristo à terra foi a exigência de Deus em justiça; não foi a exigência de Deus em graça. Essa é uma palavra muito séria. Se houvesse amor sem justiça, o Senhor Jesus não teria necessidade de vir à terra e a cruz teria sido desnecessária. Por causa do problema da justiça, o Senhor Jesus teve de vir.
Dessa forma, Jesus, o Nazareno, veio e levou nossos pecados em Seu corpo na cruz. O próprio Deus veio carregar os nossos pecados. Nossos pecados foram julgados por Deus na pessoa de Jesus Cristo. O sangue do Senhor Jesus derramado na cruz é a prova desse julgamento. Nós nos achegamos a Deus por esse sangue. Por intermédio do Senhor Jesus, dizemos a Deus que fomos julgados.
Agora, devolvemos-Lhe o que o Senhor Jesus pagou por nós. É verdade que pecamos. Mas não somos irresponsáveis; houve o julgamento. É verdade que tínhamos um débito. Mas não estamos fugindo dele; o débito já foi pago. Temos o sangue, que significa a salvação realizada pelo Senhor Jesus, como prova de quitação de que Deus pagou nosso débito a Si Mesmo. Eis porque o sangue no Antigo Testamento era aspergido sete vezes no interior do véu. É por isso que ele tinha de ser levado até o propiciatório sobre a arca. Deus tem de perdoar todos os pecadores que vêm a Ele pela fé, baseado no valor do sangue do Senhor Jesus. Não há outra maneira de sermos perdoados por Deus.
71. Qual é a diferença em nosso conhecimento agora e quando o Senhor vier?
Quando o Senhor vier, nosso conhecimento não será necessariamente diferente.
A verdade é tão imutável quanto o próprio Deus. "Eu sou o Senhor, não mudo" (Malaquias 3:6).
Qualquer conhecimento verdadeiro que temos agora sempre será verdadeiro, seja na terra ou no céu.
Os pensamentos eternos de Deus não são de forma alguma meras 'ideias' flutuando muito acima do curso de todos os assuntos terrenos, mas são ações criativas que, ao mesmo tempo, se incorporam diretamente a toda a história, se entrelaçam estreita e profundamente com ela e se manifestam efetivamente 'dentro, com e abaixo' de tudo.
'A história das eras é a história da humanidade, e a história da humanidade é a história – de Deus'.
Como a eterna 'Palavra', o Filho é o centro e o sol de toda a revelação divina em todo o universo.
Colossenses 1:16, declara: "Todas as coisas visíveis e invisíveis… foram criadas por Ele e para Ele".
Existe uma unidade de todo o conhecimento no universo e um objetivo de todos – a revelação de Deus.
Deixe-me ajudar num outro assunto de suma importância – Será que Deus é obrigado a perdoar-nos por causa da Justiça?
Note uma coisa, antes de o Senhor Jesus vir à terra e ser morto na cruz, seria correto Deus recusar-se a nos salvar. Deus podia não nos salvar. Se Deus não nos tivesse dado Seu Filho, tudo o que podíamos dizer era que Deus não nos amava.
Nada poderíamos dizer, além disso. Mas porque Deus verdadeiramente nos deu Seu Filho e pôs nossos pecados sobre Ele a fim de que pudéssemos ser redimidos de nossos pecados, Deus nada pode fazer senão perdoar nossos pecados quando nos achegamos a Ele por meio do sangue do Senhor Jesus e mediante Sua obra. Aleluia! Deus tem de perdoar nossos pecados! Você percebe que Deus é obrigado a nos perdoar? Se vai a Deus por intermédio de Jesus Cristo, Deus é obrigado a perdoar seus pecados. Foi amor que levou Seu Filho à cruz, mas foi justiça o que levou Deus a nos perdoar.
João 3:16 diz: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito". Por amor, Deus nos deu Seu Filho Unigênito.
Mas em 1 João 1:9 é dito: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". A obra da cruz foi cumprida para nós mediante o amor de Deus. Mas hoje quando vamos a Deus por meio da obra consumada de Jesus Cristo, Deus tem de nos perdoar baseado em Sua fidelidade e justiça.
Assim, se o Senhor Jesus não tivesse vindo, Deus estaria desobrigado de nos salvar. Mas agora que o Senhor Jesus foi morto, mesmo que Deus não tivesse prazer em salvar-nos, rigorosamente falando, Ele ainda teria de fazê-lo. Se Ele recebesse o dinheiro, poderia recusar-se a devolver a nota promissória? Deus não pode ser injusto, porque se for injusto, Ele próprio se torna um pecador. Por isso, Deus é obrigado a perdoar a todos os que vêm a Ele por meio do sangue do Senhor Jesus.
Deus não pode recusar-se a perdoá-los.
Uma vez que Deus nos deu Seu Filho, Ele se comprometeu. Você pensa que podemos restituir a Deus agora?
Hoje, por meio do Senhor Jesus, não apenas podemos pagar a Deus, mas temos mais do que precisamos para pagá-Lo. Temos um excedente; pois onde o pecado é abundante, a graça é superabundante. O pecado é abundante. Mas a graça no Filho de Deus é mais abundante, até mesmo superabundante. Por essa razão é que unicamente por meio do Senhor Jesus podemos ser salvos.
Cada um deve admitir que não há nada injusto com Deus quando vamos a Ele pela fé por meio do Senhor Jesus e quando Ele nos dá vida eterna e perdoa nossos pecados.
O nosso coração nunca pode dizer que Deus, ao perdoar nossos pecados, salvou-nos ilicitamente quando deixou impunes nossos pecados, tolerando e justificando aos que creem em Jesus.
Nunca podemos dizer que Deus lidou irresponsavelmente com nossos pecados. Pelo contrário, devemos dizer que Deus nos salvou do modo mais justo. Nossa salvação é uma salvação adequada e íntegra. Os nossos pecados foram julgados; portanto, fomos salvos. Ninguém pode dizer que Deus nos salvou adotando procedimentos injustos.
Antes, devemos dizer que Deus nos salvou pelos mais justos procedimentos.
Paulo aos Romanos disse: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." (Romanos 5:1)
72. Os que partiram, sabem sobre a vida na Terra, e a daqueles que eles deixaram?
Os crentes que partiram estão plenamente conscientes.
(Lucas 16:24-26; 2 Coríntios 12:2)
No Apocalipse, os remidos no céu (além de João, o profeta) parecem estar cientes apenas dos eventos na terra por meio do que ocorre no céu.
(Apocalipse 7:11, 13; 11:15, 16; 19:1-4)
No capítulo 11: 17, eles ouvem que Deus tomou os reinos deste mundo.
Pelas Escrituras, eles conhecem os eventos que os acompanham (versículo 18).
Eles estão cientes do que Deus está fazendo.
O mesmo era verdade para Moisés e Elias no Monte da Transfiguração, falando com o Senhor sobre a "sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém." (Lucas 9:31)
Eles, entretanto, não estavam presentes, quando Pedro errou, pois lemos: "E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram." (Lucas 9:33,34)
Em Lucas 15:7, 10, o Senhor ensina que aqueles que estão na presença de Deus, compartilham da alegria por um pecador que se arrepende e é salvo.
Essas passagens sugerem que os entes queridos que partiram estão totalmente ocupados com os acontecimentos no céu. Embora não conheçam os eventos diários que ocorrem na terra, eles estão cientes do que Deus está fazendo, o que traz glória a Cristo e o que traz alegria ao coração de Deus. Isso inclui muitos eventos em nossas vidas – e exclui muitos também.
É verdade que agora estamos salvos e que nossos pecados estão perdoados, mas que fazer enquanto vivemos na terra?
Hoje somos todos cristãos e somos todos filhos do Senhor. Observando Seus filhos, Deus declara algo muito espantoso em 2 Coríntios 5:21: "Àquele (Cristo) que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós".
Deus fez o Senhor Jesus pecado. Originalmente, o Senhor Jesus era completamente sem pecado; Ele nada tinha a ver com o pecado. Agora, na cruz, Deus O julgou enquanto julgava o próprio pecado. Deus O julgou dessa forma "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".
Hoje, no Senhor Jesus Cristo, todos os salvos somos o exemplo da justiça de Deus. Quando as pessoas nos veem, elas veem a justiça de Deus. Porque o Senhor Jesus se tornou pecado por nós e carregou os nossos pecados para nos perdoar, nós, os pecadores, tornamo-nos agora a justiça de Deus no Senhor Jesus Cristo. Somos a justiça viva de Deus andando na terra. Em Cristo, somos os representantes da justiça de Deus.
Se você não sabe o que é a justiça de Deus, tudo o que precisa fazer é encontrar uma pessoa salva e dar uma boa olhada nela. Você então saberá o que é a justiça de Deus. Se quiser conhecer a justiça de Deus, basta encontrar um cristão e saberá que Deus não lida com os nossos pecados irresponsavelmente.
Ele fez pecado Àquele que não conheceu pecado. Porque o Senhor Jesus morreu, a obra da redenção foi cumprida. Estarmos hoje no Senhor Jesus é uma expressão da justiça de Deus. Quando uma pessoa vê alguém que crê no Senhor Jesus, ela vê a justiça de Deus.
Se alguém quiser conhecer a justiça de Deus, posso levantar-me e dizer: "Simplesmente olhe para mim. Deus me ama muito. Ele me ama ao máximo. Ele não é negligente com o pecado. Eis por que Ele levou o Senhor Jesus a morrer na cruz. Olhe para mim, um pecador salvo hoje. Eu sou uma amostra da justiça de Deus em Cristo".
Hoje, nós proclamamos duas grandes verdades ao mundo. Todas as duas são o que o mundo desesperadamente necessita. A primeira é que Deus ama ao homem. Esse é um fato maravilhoso. Mas não é tudo. A outra grande verdade é que Deus em Sua justiça perdoou os pecados do homem. Agora o homem pode vir a Deus com toda intrepidez e cheio de fé, lembrando-O de que Ele perdoou seus pecados.
Uma coisa que devemos saber é que antes de o Senhor Jesus morrer, seria injusto Deus perdoar nossos pecados, mas depois da Sua morte seria igualmente injusto Deus não perdoar nossos pecados. Sem a morte do Senhor Jesus, o perdão de Deus seria injustiça de Sua parte; Ele nunca poderia fazê-lo. Com a morte do Senhor Jesus, Ele continuaria igualmente injusto se não quisesse perdoar. Por favor, lembre-se, uma redenção sem sangue é injusta. Por outro lado, quando alguém tem o sangue e lhe é negada a salvação, isso também é injusto.
Somente crendo em Jesus, o pecador será perdoado. Pois seus pecados foram julgados no Senhor Jesus e quando crer Nele, será perdoado.
Aqui está a justiça de Deus. Hoje os homens consideram se Deus é amor ou não. Eles não percebem que Deus não é apenas amor, mas Ele também é justo. Não é que Deus queira somente perdoar os pecados do homem. Ele tem de perdoá-los de maneira que não conflituem com Sua natureza e Sua justiça. É isso que os homens não veem.
Paulo apresenta isto munto bem em Romanos 3: "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus." Romanos 3:19-25
73. Nosso conhecimento de nossa vida na Terra mudará quando estivermos com o Senhor?
O Senhor Jesus em Lucas 16:25 cita Abraão, no paraíso, falando com um homem que estava no inferno: "Filho, lembra-te…"
O homem rico agora no inferno conhecia eventos pessoais de sua vida. Ele também sabia dos acontecimentos da vida de Lázaro.
Em Apocalipse 6:10, aqueles que foram mortos se lembram da maneira como morreram e apelam para que sua morte seja vingada.
No Tribunal Cristo onde todo salvo comparecera, um evento que acontecerá após o arrebatamento, o Senhor Jesus revisará o serviço e os motivos em nossa vida cristã na terra. Então saberemos Sua avaliação, quando Ele der as recompensas.
Colossenses 3:25, é uma passagem solene a considerar. "Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas."
(Leia sobre o Tribunal de Cristo em: Romanos 14:10-12; 1 Coríntios 3:13-15; 2 Coríntios 5:10)
Concluímos que nosso conhecimento do passado não será menor, mas se ampliará por meio do que aprendermos com o Senhor Jesus sobre nossa vida.
Todo o pecador salvo pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo, foi perdoado de todos os seus pecados e também recebeu o Espírito Santo para lhe orientar e vencer o pecado, a natureza que ainda nele está.
Se nunca resistiu ao pecado, você ainda não sentiu o poder dele.
Mas se tentar resistir ao pecado, sentirá o poder dele. Você não sente a força da correnteza de um rio quando se deixa levar por ela. Mas se tentar ir contra a correnteza, sentirá a força dela.
A maioria dos rios na China correm do ocidente para o oriente; assim, se você tentar viajar do oriente para o ocidente, sentirá quão poderosos são os rios da China. Os que mais conhecem o poder do pecado são também os mais santos, pois são os que tentam se opor e permanecer contra o pecado. Se você se une ao pecado e segue seu curso, certamente não conhecerá sua força.
O pecado na sua carne está o tempo todo incitando e compelindo-o a pecar, mas somente quando você desperta para lidar com o pecado é que perceberá que é um pecador perdido e destinado a perecer. Só então você saberá que está sem recursos e que não tem solução para o problema do pecado em sua carne, sem mencionar a presença dos pecados na sua consciência e o registro dos pecados diante de Deus.
Portanto, precisamos ver que quando Deus nos salvou, Ele tratou com todos os três aspectos do pecado.
O pecado interior é tratado pela cruz e pela crucificação do velho homem.
Bíblia mostra qual é a maneira de Deus lidar com nossos pecados diante Dele e a condenação dos pecados em nossa consciência.
Os pecados referem-se aos atos pecaminosos diante de Deus e em nossa consciência. Toda vez que a Bíblia menciona pecados, ela se refere aos atos pecaminosos diante de Deus e em nossa consciência.
Mas toda vez que a Bíblia menciona o pecado na carne, ela usa a palavra pecado, e não pecados. Se você lembrar-se disso não terá problemas mais tarde.
Agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa.
Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus.
Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados.
Muitas vezes ouvi cristãos dizerem que o sangue do Senhor Jesus purifica-nos de nossos pecados. Quando pergunto se sentem paz e alegria, eles dizem que às vezes ainda sentem a presença de seus pecados. Isso é inconcebível.
Estou alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados. Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados é porque ainda há registro de pecados diante de Deus.
Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?
Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.
O pecado do homem nos mostra a necessidade do homem. O amor de Deus nos mostra a provisão de Deus. Se houver somente a necessidade sem a provisão, nada pode ser feito. Mas se existe a provisão sem a necessidade, aquela será desperdiçada. A salvação é cumprida e o evangelho é pregado devido aos dois maiores fatos do universo. O primeiro é que o homem pecou e o segundo é que Deus ama o homem. Estes dois fatos são imutáveis. São dois fatos enfatizados na Bíblia. Se você derrubar qualquer uma das extremidades, a salvação se perderá. Não há necessidade de que ambas as extremidades sejam derrubadas. Uma vez que uma delas se vai, não haverá possibilidade de a salvação ser realizada. Deus tem o amor e o homem tem o pecado. Por haver estes dois fatos, existe a salvação e existe o evangelho.
O Senhor Jesus, falando dEle e de Seu Pai, disse: "É necessário que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:14-18)
74. Consolo para a hora silenciosa, junto a sepultura de quem amamos
Jairo aproximou-se do Senhor com um pedido ardente: "Minha filha está à morte; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva." (Marcos 5:23). O Senhor foi com ele.
O primeiro teste da fé de Jairo foi o teste da demora. Pois no caminho, a mulher com fluxo de sangue veio, tocou nas vestes do Senhor e foi curada (Marcos 5:25-34). Mas, então o Senhor parou, chamou-a e ouviu sua história completa. Pode-se imaginar a ansiedade de Jairo aumentando quando o Senhor apareceu sem pressa para curar sua filha. O segundo teste foi o teste da morte. Quando eles estavam prestes a se mover novamente, mensageiros chegaram com a notícia: "Tua filha está morta" (Marcos 5:35).
Esta foi a pior notícia possível. Foi a ruína de todas as esperanças. Foi a remoção de toda possibilidade de cura. À primeira vista, as palavras dos mensageiros faziam todo o sentido: "Por que incomodas ainda mais o Mestre?"
No entanto, "assim que Jesus ouviu a palavra que foi dita, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente" (Marcos 5:36). Este foi um apelo para não ceder ao medo, mesmo no pior pesadelo. Foi um lembrete de que Jesus tinha o poder de fazer o impossível.
O terceiro teste foi o teste da dúvida. O Senhor chegou à casa de Jairo para o lamento de enlutados profissionais. Ele perguntou o significado do tumulto e disse: "A donzela não está morta, mas dorme" (Marcos 5:39). Por que expressar uma tristeza tão desesperada quando esta menina, embora fisicamente morta, não estava eternamente morta? Ela era uma crente.
Os enlutados tornaram-se escarnecedores. Suas falsas lágrimas se transformaram em zombarias de escárnio. Enquanto Jairo permanecia em silêncio, a multidão expressou suas dúvidas em voz alta. O Senhor os expulsou. Aqueles sem fé não veriam Seu poder.
Cercado apenas por discípulos crentes e pai e mãe crentes, o Senhor pegou a menina de doze anos pela mão e disse: "Menina, eu te digo, levante-se". Para sua surpresa, "a menina se levantou e começou a andar" (Marcos 5:41-42). Imagine a alegria daquela casa.
A morte traz tristeza. Mas para o crente, NÃO há necessidade de nos entristecermos "como os outros que não têm esperança" (1 Tessalonicenses 4:13).
Por que? Porque o Senhor Jesus está voltando e Ele tem a solução para a separação. A solução é o poder da ressurreição: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu… e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4:16-17).
É de admirar que Paulo conclua: "Portanto, consolem-se uns aos outros com estas palavras" (v.18)?
Tenhamos fé em Cristo. À medida que nossa fé cresce, nossos medos também diminuem.
75. (1ª) A igreja de Éfeso Profeticamente
As sete cartas que encontramos em Apocalipse 2-3, devem ser vista da forma histórica e da forma profética.
1) Estudando estas cartas historicamente, vemos condições que existiram nas igrejas às quais João escreveu. Vemos problemas que realmente existiram em igrejas locais no fim do primeiro século e aprendemos como tais problemas foram tratados.
Nisto há lições importantes para nós. Aprendemos como enfrentar estes e outros problemas que podem surgir em igrejas locais até hoje.
Estas cartas, portanto, eram de grande proveito prático para as igrejas naquele tempo e continuam sendo-o em nossos dias.
2) Profeticamente, estas sete cartas nos fornecem uma visão "panorâmica" do testemunho de igrejas, desde os dias pós-apostólicos até ao arrebatamento.
Há várias razões que levam a esta conclusão:
- 1ª) Estas cartas são parte integral do Apocalipse e este livro, na sua totalidade, é chamado de "profecia" (Apocalipse 1:3).
- 2ª) A análise dada pelo Senhor (Apocalipse 1:19) mostra que os capítulos 2 e 3 apresentam "as coisas que são". Estas cartas, portanto, descrevem condições nesta dispensação.
- 3ª) O Senhor falou do mistério das "estrelas" e dos "candeeiros" (Apocalipse 1:20). Isto indica que há algo mais do que o ensino prático nestas cartas.
- 4ª) São sete cartas a sete igrejas. Os números são muito importantes neste livro de símbolos; sete indica o que é perfeito ou completo. Vemos nestas cartas a história completa das condições de igrejas até ao arrebatamento.
- 5ª) As referências ao Antigo Testamento nestas cartas levam à mesma conclusão. Estão em ordem cronológica e se estendem do Jardim do Éden até aos dias de Malaquias.
I) Na primeira carta temos menção da "árvore da vida" (veja Gênesis 2:9);
II) Na segunda carta vemos sofrimentos que recordam as angústias do povo de Israel no Egito (Êxodo, capítulos 1 a 12);
III) Na terceira, vemos referências a Israel no deserto (Balaão e o maná);
IV) Na quarta carta, a ilustração é tirada do período dos reis (Jezabel).
Nas demais cartas, as referências são do período pós-exílio:
V) Na quinta carta apresenta uma cena que faz lembrar Zacarias capítulo 3,
VI) Na sexta relembra a reconstrução do templo e da cidade nos dias de Neemias.
VII) Na sétima e última carta mostra a mesma cegueira e complacência que caracterizavam os dias de Malaquias.
- 6ª) A única igreja, entre as sete, cuja origem é conhecida é Éfeso; foi plantada por trabalho apostólico. As demais foram plantadas, sem que apareça um apóstolo.
Temos ainda mais uma razão por que cremos que estas cartas apresentam um quadro profético do testemunho de igrejas até ao arrebatamento. É que a chave se encaixa perfeitamente na fechadura! O que vemos nas cartas é exatamente o que tem acontecido através dos séculos do testemunho de igrejas neste mundo.
Na carta à igreja em Éfeso, vemos os primeiros ataques do inimigo, querendo infiltrar-se na igreja por meio de falsos ensinadores. Estes foram rechaçados, mas, na luta contra os tais "apóstolos", a igreja perdeu o seu primeiro amor. Este esfriamento, por sua vez, abriu a porta para as obras dos "nicolaítas", ou seja, o sistema clerical, no qual o clero domina os leigos.
Na história, este quadro reflete o período pós-apostólico. Em escritos daquele tempo que ainda existem, encontramos menção ao "bispo da igreja local". Este era um que liderava na igreja, o precursor dos "pastores" e "padres" de hoje. Esta prática constitui um desvio do plano de Deus, pois em o Novo Testamento não há nenhuma menção de tal dirigente; a igreja local é governada por uma pluralidade de presbíteros, constituídos pelo Espírito Santo.
Na carta à igreja em Esmirna, vemos uma igreja perseguida. Esta condição caracterizou o período que se estende até o início do quarto século, quando o Imperador Constantino professou a fé cristã. Foi um período de sucessivas ondas de perseguição, mas Deus impôs limites e Satanás, frustrado, mudou finalmente de tática.
Vemos uma grande diferença quando lemos a terceira carta, a Pérgamo. Ainda lemos de perseguição, mas agora como coisa do passado. As igrejas estavam habitando onde estava o trono de Satanás, isto é, no mundo.
Pior ainda, Satanás estava habitando na igreja! Havia também os que sustentavam a doutrina de Balaão (misturar o povo de Deus e o do mundo) e a doutrina dos nicolaítas (cujas obras notamos na primeira carta).
Este quadro representa o período que começou com Constantino, no início do quarto século, quando a perseguição cessou e a igreja professa passou a receber as honras do Império. Foi o "casamento" da igreja com o mundo político e pagão.
Houve igrejas, porém, que mantiveram a sua autonomia e protestaram contra a união ilícita com o mundo; vemo-las na figura de Antipas (que significa "contra todos"). Este período se estendeu até o início do sétimo século, quando o Papismo foi estabelecido.
A quarta carta, a Tiatira, introduz algumas modificações. Já observamos a mudança na ordem, pois a partir desta carta a promessa ao vencedor precede o apelo ao indivíduo. Notamos também que os períodos representados pelas três primeiras igrejas são sucessivos, mas, a partir desta carta, os períodos, embora começando sucessivamente, continuam paralelamente até ao arrebatamento.
A igreja em Tiatira era caracterizada pelas obras. A influência de Jezabel, porém, levou muitos dos servos de Deus à idolatria. Representa aquele período que começou no sétimo século, com o Papismo, e continua até ao arrebatamento.
Na quinta carta, a Sardes, vemos uma igreja que tinha nome de que vivia, mas estava morta. Havia recebido o Evangelho no poder do Espírito, porém, perdera aquele poder, retendo apenas a profissão.
Nisto vemos um período que teve início no século dezesseis, com o aparecimento do Protestantismo. Sem dúvida alguma, o Evangelho foi pregado no poder do Espírito Santo naqueles dias, mas logo este movimento se acomodou e hoje tem o nome de que vive, mas está morto. Este estado de profissão sem vida também continuará até ao arrebatamento.
Na sexta carta, a Filadélfia, vemos uma igreja fraca, porém, fiel. Duas coisas a caracterizavam: guardava a Palavra do Senhor e não negava o Seu Nome.
Isto representa grupos de cristãos que, embora fracos, guardam a Palavra de Deus. Não guardam decretos de concílios, nem tradições religiosas, mas somente a Palavra de Deus. Não aceitam nenhum nome denominacional, pois são atraídos ao Nome do Senhor Jesus Cristo (compare com Mateus 18:20); não negam aquele Nome. São igrejas autônomas que recusam filiar-se a qualquer movimento e reconhecem como única regra de fé a Palavra de Deus. Tais igrejas também continuarão até ao arrebatamento.
A última carta, a Laodicéia, mostra uma condição lastimável: uma igreja enganada, que pensa estar rica, quando na realidade está pobre; pensa que não precisa de nada e o Senhor está ao ponto de vomitá-la da Sua boca.
Neste quadro triste vemos a condição característica dos últimos dias; uma atitude de independência que leva igrejas a pensar que podem fazer tudo sem Deus. Esta condição continuará até ao arrebatamento.
Em Apocalipse 2:1-7, temos uma carta do Senhor Jesus, enviada pelo apóstolo João a igreja de Éfeso.
Éfeso era uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor.
Éfeso ocupa um lugar destacado no Novo Testamento. É a cidade mais mencionada nas epístolas (depois de Jerusalém) e o lugar onde Paulo permaneceu mais tempo; está relacionada com muitas de suas cartas. Além de Paulo, Apolo ajudou no trabalho nesta cidade; Timóteo ficou algum tempo ali e historiadores nos dizem que o apóstolo João também residiu em Éfeso. O templo da deusa Diana foi considerado uma das sete maravilhas do mundo e era o orgulho dos efésios.
A igreja em Éfeso é uma profecia a respeito da condição do primeiro estágio da igreja depois dos apóstolos.
A era apostólica foi até o ano 96 d.C. e depois do ano 96, a era apostólica aparentemente acabou, e muitas coisas erradas começaram a ser infiltradas nas igrejas.
Uma vez que esse é um livro de profecia, os nomes no livro são também proféticos.
Éfeso, em grego, significa desejável. A igreja ainda era desejável, após os apóstolos partirem.
O Senhor disse (v.2a): "conheço tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança".
O pronome "teu" usados nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse está sempre no singular.
Entre as sete igrejas, cinco foram censuradas, uma não recebeu nem censura, nem louvor, e apenas uma foi louvada.
Éfeso é uma das que foram censuradas. Mas aqui, o Senhor primeiro fala ao mensageiro de Éfeso sobre a realidade espiritual.
Alguns acham que o Senhor tenta dizer algo bom antes de censurar para que sendo censurada ela não se sinta tão mal, como se o Senhor fosse diplomata. Mas o Senhor não é assim.
Aqui, o Senhor expõe a realidade espiritual da igreja.
Há algo chamado realidade espiritual que existe independente da condição exterior.
Embora os israelitas fossem indignos à vista dos homens, contudo, por meio de Balaão, um falso profeta, Deus disse que Ele não viu iniquidade em Jacó (Números 23:21).
Não é que Deus não veja; pelo contrário, Ele vê, contudo, não enxerga nada errado. Não que os olhos de Deus podem ver melhor que os nossos, mas ele vê a realidade espiritual.
Não nos é difícil ver que a condição da igreja hoje está desolada. Algumas vezes achamos que certo irmão ou irmã estão desolados também. Mas se os filhos de Deus forem iluminados pelo Senhor, eles verão que suas muitas fraquezas e falhas são "mentiras", ou seja, não é nossa realidade. Se a realidade espiritual é verdadeira, então tudo aquilo é "mentira".
Por exemplo, considere um garotinho que foge para a rua e volta coberto de lama. Embora ao entrar em casa ele esteja sujo, eu digo que ele é limpo e bonito. É verdade que seu corpo está coberto com sujeira, mas a sujeira não veio dele.
Uma vez lavado, ele ficará limpo novamente.
Temos ensino claro nas Escrituras de como remover esta sujeira que se nos pega durante a caminhada neste deserto do mundo.
Lemos em 1 João 2:1,2: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo."
Lemos também: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." (1 João 1:9)
Cada filho de Deus deve ver que mesmo antes de ser lavado, ele é bom. A sujeira é uma mentira; a realidade dele é boa.
Hoje a igreja não parece tão gloriosa quanto Deus diz que ela é, mas hoje a igreja é gloriosa. Se você tem discernimento espiritual, embora a igreja não esteja lavada, você ainda consegue ver que ela é boa.
Por essa razão, você também pode agradecer a Deus continuamente pela igreja. Hoje, a igreja é gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante (Efésios 5:25-27).
Sem mácula significa sem pecado, e sem ruga significa não envelhecida, sempre conservando seu frescor diante do Senhor. Deus disse que a igreja de Éfeso é boa; sua realidade espiritual é que é boa.
No (v.2b), lemos: "E que puseste à prova os que a si mesmo se declaram apóstolos e não são, e os achastes mentirosos."
Após a era apostólica (com a morte de João), não houve uma sucessão dos mesmos.
Mas como nos dias de João, havia aqueles que queriam ter entre o povo de Deus, o primado (3 João 1:9).
Queriam ser líderes e ter o poder apostólico para exercer autoritarismo sob a herança de Deus. Mas esta igreja pós a prova estes impostores, e os achou mentirosos.
No (v.4), o Senhor diz: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor."
A palavra primeiro em grego é "proten". Isto se refere não apenas à primazia em tempo, mas também em natureza.
Em Lucas 15, o pai deu a melhor veste para vestir o filho pródigo; melhor também é a tradução de "proten".
Portanto, o Senhor não está dizendo que eles não O amavam, mas sim que não estavam dando o seu melhor em amá-lo.
Já no (v.5), o Senhor diz: "E se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas."
As igrejas, nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse, são não apenas as igrejas proféticas, mas também a igreja local que estava realmente em sete localidades da Ásia.
É extraordinário, porque a história diz-nos que por mais de mil anos, não tem havido igreja local em Éfeso. O candeeiro foi removido; mesmo sua aparência exterior foi removida. Porque ela não se arrependeu, o candeeiro foi removido.
No (v.6), o Senhor diz: "Tens, contudo, a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, os quais eu também odeio."
Os nicolaítas não podem ser encontrados na história da igreja. Uma vez que o Apocalipse é um livro de profecia, ainda devemos atentar para o significado da palavra.
Nicolaítas, em grego, é composta de duas palavras: "nikao" que significa conquistar ou sobre outros e "laos" que significa povo comum, povo secular ou laicato. Então nicolaíta significa conquistando o povo comum ou subindo sobre o laicato. Nicolaítas, portanto, refere-se um grupo de pessoas que se auto-avaliam muito acima dos crentes comuns.
O Senhor está acima, os crentes comuns estão abaixo.
Os nicolaítas estão abaixo do Senhor, contudo acima dos crestes comuns como uma classe mediadora é o que o Senhor detesta; é algo para ser odiado.
Mas devemos notar aqui que, naquela época, havia somente o comportamento; este ainda não se havia tornado um ensinamento.
No Novo Testamento há um princípio fundamental: todos os filhos de Deus são Seus sacerdotes.
Em Êxodo 19, Deus convocou o povo de Israel, dizendo: "Agora, pois, se diligentemente ouvires a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa".
Deus ordenou no princípio que a nação toda fosse de sacerdotes; mas, não muito depois, ocorreu o incidente da adoração ao bezerro de ouro.
Moisés quebrou as tábuas da lei e disse: "Quem estiver do lado de Deus, mate a seu irmão".
Naquela ocasião, os levitas permaneceram do lado do Senhor e, como resultado, naquele dia três mil israelitas foram mortos (Êxodo 32:25-29).
De agora em diante, somente os levitas poderiam ser sacerdotes: o reino de sacerdotes tornou-se uma tribo de sacerdotes. O restante do povo e Israel não poderia ser sacerdote e deveria depender dos levitas serem os sacerdotes em seu favor. A classe sacerdotal no Velho Testamento era uma classe mediadora. Mas no Novo Testamento, Pedro diz: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (1 Pedro 2:9).
Nós, a igreja toda, somos sacerdotes; isso retorna a condição do início.
Apocalipse 1: 5-6 diz que todos quantos foram lavados no sangue, são sacerdotes. Os sacerdotes estão encarregados dos negócios de Deus. Não deve haver uma classe mediadora na igreja. A igreja tem apenas um Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus.
Antes de haver essa mudança na igreja, todos os crentes cuidavam dos assuntos do Senhor. Mas depois dos apóstolos, esta condição começou a mudar: os homens começaram a perder o interesse quanto à questão de servir o Senhor. Quando a Igreja Católica Romana começou (na época de Pérgamo), havia poucos que eram salvos, mas muitos que eram batizados; porquanto incrédulos encheram a igreja.
Então, apareceu um grupo de "clérigos". Desde de que havia membros que não eram salvos e muito menos espirituais, que deveriam eles fazer?
Dizer-lhes para colocarem de lado o livro da contabilidade e pegar a Bíblia para pregar não seria conveniente. Assim, um grupo de pessoas foi separado para ter cuidado especial pelos assuntos espirituais, enquanto o restante fazia o trabalho secular.
Portanto, o "clero" foi produzido contrariamente ao desejo de Deus. Deus deseja que todos quantos façam trabalho secular tomem conta dos assuntos espirituais.
Na Igreja Católica Romana, distribuir o pão, impor as mãos, batizar etc., tudo é realizado pelos padres; mesmo casamentos e funerais devem ser dirigidos pelo "clero".
Na igreja protestante há os pastores. Para doenças, chame o médico; para assuntos legais, chame o advogado; para assuntos espirituais, chame o pastor.
E quanto a mim? Eu posso dedicar-me ao trabalho secular sem distração.
Por favor, lembre-se, no taoismo há sacerdotes taoistas para cantar a liturgia para o povo; no judaísmo há sacerdotes para lidar com as coisas de Deus para os homens; mas na igreja não deve haver qualquer classe mediadora, porque nós mesmos somos todos sacerdotes.
Vemos em Gênesis 4 que, Abel pôde oferecer sacrifício, assim como Noé em Gênesis 8.
No início, todo o povo de Israel podia oferecer sacrifícios; mas, mais tarde, por causa do incidente do bezerro de ouro, eles não mais podiam oferecer sacrifícios por si mesmos. Deus diz que cada crente pode vir diretamente a Ele.
Mas agora, há o pessoal mediador na igreja. Hoje há os Nicolaítas na igreja; então o cristianismo tornou-se judaísmo.
O Senhor fica satisfeito com os que rejeitam a classe mediadora.
Se já fomos lavados no sangue Cristo pela fé, temos o direito de participação direta nos assuntos espirituais.
A igreja pode ser fundamentada apenas sobre esta base; do contrário, é judaísmo.
Portanto, aquilo pelo qual lutamos, não é somente em relação às seitas, mas é pelo privilégio que é dado a cada salvo pelo sangue de Cristo.
Hoje há três categorias principais de igreja no mundo:
1) uma, é a igreja do mundo, isto é, a Igreja Católica Romana;
2) outra, são as igrejas estatais, tais como a Igreja Anglicana e a Igreja Luterana;
3) e a outra, são as igrejas independentes, tais como a Igreja Metodista, a Igreja Presbiteriana etc.
Na Igreja Católica Romana há o sistema sacerdotal (católico), na Igreja Anglicana há o sistema clerical e nas igrejas independentes há o sistema pastoral.
Tudo o que vemos é uma classe mediadora a qual se encarrega dos assuntos espirituais. Mas a igreja que Deus quer estabelecer é aquela na qual Ele pode colocar todo o Evangelho e a Sã Doutrina, sem a classe mediadora.
Quando o Evangelho todo entra, algo "sobra"; isso que sobra não pode ser igreja.
O Senhor avisa (v.7a): "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas."
O senhor fala da mesma maneira a todas as sete igrejas, mostrando que não somente a igreja em Éfeso necessita ouvir, mas todas as igrejas devem ouvir.
O Senhor conclui dizendo (v.7b): "Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus."
A intenção original de Deus para o homem é que ele coma o fruto da árvore da vida. Agora Deus diz que podemos ir diretamente a Ele e agir de acordo com sua intenção original.
O problema não é o que a árvore da vida é; em lugar disso, o problema é se você está disposto a seguir a intenção inicial de Deus – comer o fruto da árvore da vida no jardim de Deus. Apenas os vencedores podem comer.
Todo aquele que retorna à intenção e exigência original de Deus é um vencedor.
76. (2ª) A igreja de Esmirna Profeticamente
Em Apocalipse 2:8-11, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Esmirna.
A cidade de Esmirna fica no sudoeste da Turquia, situada na região de Egeu.
Na história da igreja, as igrejas da era apostólica e as imediatamente após ela foram muito perseguidas. Sofrimento é a especial característica da igreja: esta razão por que o nome da igreja aqui é Esmirna.
Esmirna vem da palavra mirra, que significa sofrimento e representa a igreja sob perseguição.
Esta carta revela que o nome do Senhor Jesus é especial e que a recompensa ao vencedor também é especial. O Senhor Jesus fala de Si mesmo como "o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver" (v.8).
O Senhor diz que o vencedor "de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte" (v.11).
Isso prova que a vida vence a morte. Muitas pessoas têm visto somente o termo "vivo" em relação ao Senhor Jesus, mas não têm visto "vivo pelos séculos dos séculos" nem têm visto "mas eis que estou vivo" (Apocalipse 1:18).
Quão grande isso é!
No dia de Pentecostes, o apóstolo disse ao povo: "Ao qual (Jesus Cristo), porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele rético por ela" (Atos 2:24).
A morte não pode retê-Lo. Em outras palavras, uma vez que todos os que são vivos entram na morte, eles não podem sair novamente. Mas o Senhor Jesus não pode ser retido pela morte; a morte não tem poder para retê-Lo. Isso é ressurreição.
A Sua vida pode suportar a morte. Portanto, o princípio da ressurreição na Bíblia torna-se muito precioso.
"Estive morto, mas eis que estou vivo" prova que a vida pode resistir a morte.
Deus vê a igreja como um ser que pode suportar a morte. As portas do Hades estão abertas para a igreja, mas as portas do Hades não podem prevalecer contra ela e não podem confiná-la; assim, a natureza da igreja é ressurreição.
Toda vez que a igreja perde seu poder para vencer o sofrimento, ela se torna inútil. Muitas pessoas sentem-se terminadas ao encontrar certas questões contrárias a seus desejos; para elas é como encontrar a morte.
Mas a ressurreição não teme a morte; o sofrimento simplesmente prova que se pode suportar a morte. Você pode pensar que certo homem provavelmente chegará ao fim após encontrar determinada circunstância, mas, não, ele passa por ela e torna a sair. Aquilo que passa pela morte, e ainda permanece, é ressurreição.
Mesmo em nossa vida pessoal, há muitas situações como essa. Quando você encontra provações e tentações, talvez a oração cesse e torne-se difícil ler a Palavra. Todos os irmãos dizem que desta vez você "está terminado", mas, não muito depois, você se levanta e a vida de Deus flui de você outra vez. Aquilo que é terminado pela morte não é ressurreição.
A igreja tem um princípio básico: ela é capaz de passar pela morte; ela não pode ser sepultada.
A igreja em Esmirna especialmente expressa essa verdade. A igreja tem sofrido perseguições e aflições.
Por exemplo: Policarpo, foi um bispo da igreja naquela época, e foi capturado por seus opositores. Como ele já tinha oitenta e seis anos, eles o não levaram a morte e foram especialmente brandos para com ele. Se ele dissesse apenas: "Eu não confesso Jesus de Nazaré", eles os libertariam.
Mas ele replicou: "Não posso negá-lo. Eu o tenho servido por oitenta e seis anos, Ele nunca me tratou mal; como poderia eu negá-Lo por amor ao meu corpo!" Por isso, levaram-no e o queimaram no fogo.
Enquanto a metade inferior de seu corpo estava ardendo em chamas, ele ainda conseguiu dizer: "Obrigado Deus, porque eu tenho oportunidade hoje de ser queimado pelos homens e de dar a minha vida para testemunhar por Ti".
Houve uma irmã a quem foi dito que se ela apenas se curvasse a Diana (o ídolo Ártemis da cidade de Éfeso, citado em Atos 19), seria libertada.
Que disse ela? Ela replicou: "Vocês me pedem para escolher entre Cristo e Diana? Da primeira vez escolhi Cristo, e agora vocês me pedem para escolher novamente. Eu ainda escolho Cristo".
Como resultado, ela também foi morta. Duas irmãs que estavam presentes disseram: "Muitos filhos de Deus foram levados.
Por que nós ainda permanecemos? Mais tarde, elas também foram levadas e colocadas na prisão. Essas irmãs viram muitas pessoas sendo devoradas pelas feras, e novamente disseram: "muitos têm testemunhado com seu sangue. Por que nós apenas testificamos com a boca?" Uma dessas irmãs era casada e outra era noiva. Então seus pais, marido e noivo foram persuadi-las do contrário. Eles até mesmo levaram o filho da irmã casada, pedindo-lhe que negasse o Senhor. Mas elas disseram: "Que podem vocês trazer que se compare com Cristo?"
Como resultado, elas também foram arrastadas para fora e entregues aos leões para serem devoradas. As duas cantavam enquanto caminhavam até serem dilaceradas pelas feras.
Quão terríveis foram as perseguições sofridas pela igreja em Esmirna! Mas por mais que se tenha feito, a vida sempre revive após ter morrido. As perseguições simplesmente manifestam que espécie de igreja a igreja é.
O Senhor diz que, Ele é o primeiro e o último e Aquele que esteve morto, mas eis que está vivo.
O Senhor diz a Esmirna (v.9a): "Conheço a tua tribulação, a tua pobreza".
O Senhor estava dizendo, você não tem nada do que há nesta terra, mas o Senhor sabe que você é rica.
No (v.10a), o Senhor diz: "Não temas as cousas que tens de sofrer".
Toda a igreja em Esmirna foi perseguida, mas a vida que morreu e agora está vivendo novamente pode atravessar todas essas perseguições. A razão pela qual a igreja em Esmirna foi capaz de suportar as grandes perseguições e que ela conhecia a ressurreição. Somente a ressurreição consegue tirá-la da sepultura.
No (v.9b), o Senhor diz: "E [eu conheço] a blasfêmia dos que a si mesmo se declaram judeus, e não são".
Aqui devemos dar atenção para o problema dos judeus. O Senhor disse que nos seus sofrimentos, a igreja tem tribulação e pobreza; com isso é fácil tratar. Mas tratar com aquilo que vem do interior não é fácil. Os judeus mencionados aqui não se referem aos judeus no mundo, mas aos judeus na igreja, assim como as pessoas que vimos antes relacionadas aos nicolaítas não se referem às pessoas do mundo, mas ao laicato na igreja. Aqui fala sobre os judeus que os perseguiram. Isso é mais doloroso entre as coisas dolorosas. Nas sete cartas há uma linha de oposição.
Os nicolaítas são mencionados duas vezes: uma vez na igreja em Éfeso e outra em Pérgamo.
Os judeus também foram mencionados duas vezes: uma vez aqui, e de novo na igreja em Filadélfia.
Em Pérgamo, o ensinamento de Balaão é mencionado.
Em Tiatira, Jezabel é mencionada.
Todos estes constituem a linha de oposição.
Você pode perguntar: qual é o significado dos judeus?
A salvação não é dos judeus?
Por que eles falam blasfêmias aqui?
Por essa razão devemos saber o que é judaísmo e o que é igreja. Há muitas diferenças essenciais entre judaísmo e a igreja. Aqui quero mencionar quatro pontos para os quais devemos dar especial atenção; (1) o templo, (2) a lei, (3) os sacerdotes e (4) as promessas.
1) Os judeus identificaram um templo esplêndido de pedras e de ouro, como o lugar de adoração.
2) Como padrão de comportamento, eles tinham os Dez Mandamentos e muitos outros regulamentos.
3) Para cuidar dos assuntos espirituais eles tinham o ofício dos sacerdotes, um grupo de pessoas especiais.
4) E, finalmente, eles também tinham as bênçãos pelas quais podiam prosperar na terra.
Por favor, note que o judaísmo é uma religião terrena e gostaria de examinar estes quatro pontos encontrados no judaísmo:
1º)O que eles possuem é um templo material, regulamentos de letras, sacerdotes mediadores e gozo na terra. Quando os judeus entraram na terra de Canaã, eles construíram o templo. Se sou um judeu e desejo servir a Deus, devo ir ao templo. Se sinto que pequei, eu preciso oferecer um sacrifício, devo ir ao templo para oferecer o sacrifício. Se sinto que Deus me tem abençoado e quero agradecer, devo ir ao templo para agradecer.
Todas às vezes, devo tomar esse caminho. Posso adorar a Deus somente quando vou ao templo. Este é chamado lugar de adoração.
Os judeus são adoradores, e o templo é o lugar onde eles adoram. Os adoradores e o lugar de adoração são duas coisas diferentes.
Mas é assim no Novo Testamento? A característica especial da igreja é que não há lugar nem templo, pois nós, o povo, somos o templo.
Efésios 2:21-22 diz: "No qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito".
A característica especial da igreja é que seu corpo é a habitação de Deus. Individualmente falando, cada um de nós é o templo de Deus. Coletivamente falando, Deus nos edifica e adequadamente nos ajunta para tornar-nos Sua habitação. Não há lugar de adoração na igreja; o lugar de adoração é o adorador.
Carregamos nosso lugar de adoração aonde quer que vamos. Isso é fundamentalmente diferente do judaísmo. O templo no judaísmo é um templo material; o templo na igreja é um templo espiritual.
Alguém certa vez calculou o valor total do templo judeu – é o suficiente para proporcionar a todas as pessoas da terra uma boa porção financeira.
Mas, e quanto ao templo dos cristãos hoje? Alguns são mancos, alguns são cegos e alguns são pobres, mas este é o templo.
Hoje algumas pessoas dizem: "Se você não quer ir a um templo solene e magnífico, no mínimo precisa de uma capela".
Mas a igreja não tem um templo. Aonde quer que os crentes vão, para lá o templo também vai. Deus habita em homens, não em uma casa. Os homens pensam que, se forem adorar a Deus, eles precisam de um lugar. Alguns até chamam templo de "igreja". Isso é judaísmo, não a igreja!
A palavra igreja em grego é "eklésia", que significa "os chamados para fora de". A igreja é um povo comprado com o sangue precioso de Cristo – esta é a igreja.
Hoje temos o templo no andar superior, temos o templo no pórtico de Salomão, temos o templo na porta chamada Formosa e temos templo no andar inferior. O judaísmo tem o lugar material.
Então, quem são os judeus? São os que levam o lugar material para dentro das igrejas. Se os filhos de Deus desejam andar no caminho do Senhor, eles devem pedir a Deus que abra seus olhos, para que possam ver que a igreja é espiritual, não material.
2º) Os judeus também têm as leis, os regulamentos para seu viver diário (Deus somente usa leis para fazer os homens conhecerem os seus pecados). Todo aquele que for um judeu deve guardar os Dez Mandamentos. Mas o Senhor Jesus disse claramente que mesmo que você guarde os Dez Mandamentos, ainda lhe falta uma coisa (Lucas 18:20-22).
O judaísmo tem um padrão de princípios para seu viver diário, o qual está escrito em tábuas de pedra e precisa ser memorizado. Mas o problema está aqui: se sou alfabetizado, entendê-lo-ei; se sou analfabeto, não o entenderei. Se tiver boa memória, consigo lembrá-lo; se não tiver boa memória, não consigo lembrá-lo. Isso é judaísmo. O padrão do viver diário do judaísmo é morto; é exterior. Na igreja não há lei; em vez disso, sua lei está em outro lugar. Não está escrita em tábua de pedra, mas nas tábuas do coração. A lei do Espírito da vida está dentro de mim. O Espírito Santo habita em mim; o Espírito Santo é a minha lei. Leia Hebreus 8 e Jeremias 31.
Deus diz: "Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as escreverei" (Hebreus 8:10).
Hoje, certo e errado não estão em tábuas de pedra, mas no coração. Hoje nossa especial característica é que o Espírito de Deus habita em nós.
Se o Espírito Santo não concorda, o que quer que você diga não vale nada; se o Espírito Santo concorda, o que quer que você diga também não vale nada. A lei torna-se uma questão interior, não exterior. Há leis escritas e regulamentos no judaísmo. Hoje também há muitas normas e regulamentos escritos na "igreja professa", mas isto não é a igreja. Qualquer regulamento que é colocado exteriormente não é a igreja. Não temos leis exteriores; nosso padrão de viver diário é interior. A tribulação da igreja em Esmirna foi devido ao fato de aqueles que chamavam a si mesmo judeus estarem impondo regulamentos judaicos sobre ela.
3º) No judaísmo, os homens que adoram e o Deus que é adorado estão separados e muito distanciados um do outro.
A distância é o judaísmo. Quando o homem vê o Deus do judaísmo, ele imediatamente morrerá.
Como os do judaísmo conseguem aproximar-se de Deus? Eles dependem de um mediador, o sacerdote.
Os sacerdotes os representam para ir a Deus. As pessoas são seculares; elas somente podem fazer coisas seculares e ser mundanas. Mas os sacerdotes devem ser totalmente santos e cuidar das coisas santas. A responsabilidade dos judeus é levar o boi ou a ovelha ao templo. Quanto a servir a Deus, esse é um assunto dos sacerdotes, não dos judeus. Mas na igreja não é assim. Na igreja, Deus não apenas quer que tragamos coisas materiais a Ele, mas também deseja que o povo venha a Ele. Hoje a classe mediadora foi abolida.
Quais foram as palavras de blasfêmia faladas pelos judeus? Um grupo de pessoas na igreja em Esmirna estava dizendo: "Se aos irmãos é permitido fazer tudo, se os irmãos podem batizar as pessoas, se os irmãos podem partir o pão, não há qualquer ordem! Isto é terrível!"
Eles queriam estabelecer uma classe mediadora.
O cristianismo de hoje já tem sido judaizado. O judaísmo tem os sacerdotes, enquanto o cristianismo tem os rigorosos padres, os clérigos que não são assim tão severos, e os pastores comuns no sistema pastoral. Os padres, os clérigos e os pastores cuidam de todas as coisas espirituais. Sua única expectativa quantos aos membros da igreja é o donativo. Nós, o laicato (os crentes comuns), somos seculares; podemos somente fazer coisas seculares e ser mundanos o quanto quisermos. Mas a igreja não tem qualquer pessoa secular (mundana)!
Isso não significa que não cuidamos de coisas seculares, mas que o mundo não pode tocar-nos. Na igreja cada um é espiritual.
Deixe-me dizer-lhe: toda vez que a igreja chega a ponto de somente poucas pessoas cuidarem das coisas espirituais, tal igreja já caiu. Todos sabemos que aos padres católicos romanos não é permitido casar; quanto mais eles diferirem em aparência dos seres humanos, mais seguras as pessoas sentir-se-ão em confiar-lhes as coisas espirituais. A igreja não é nada disso. A igreja exige que ofereçamos todo o nosso ser a Deus. Esta é a única maneira. Cada um deve servir o Senhor. Fazer coisas seculares é apenas tomar conta de nossas necessidades diárias.
4º) O propósito dos judeus ao servirem a Deus é que eles pudessem colher mais trigo dos campos e que os bois e rebanho não perdessem seus filhotes, mas multiplicassem muitas vezes, exatamente como no caso de Jacó. Eles estão buscando a bênção neste mundo. As promessas de Deus a eles são também promessas da terra, para que entre as nações da terra eles sejam a cabeça e não a cauda. Mas a primeira promessa à igreja é que devemos tomar a cruz e seguir o Senhor.
Pessoas enganadas pelo falso "evangelho da prosperidade", já me perguntam: "Haverá comida, saúde e emprego quando crermos em Jesus?"
Eu respondo: "Quando você crê em Jesus, todas estas coisas serão quebradas". Esta é a igreja.
Não é que após crer você ganhará mais em todas as coisas.
Certa vez ouvi um pregador dizer em sua mensagem: "Se você apenas crer em Jesus, embora possa não fazer fortuna, no mínimo, você conseguirá uma vida confortável".
Quando ouvi isso, pensei:" Isto não está de acordo com a igreja. O que a igreja ensina não é quanto eu vou ganhar diante de Deus, mas quanto estarei disposto a perder diante de Deus".
A igreja não acha que o sofrimento é uma coisa dolorosa; pelo contrário, é uma alegria.
Hoje, estes quatro itens – (1) o templo material, (2) as leis exteriores, (3) os sacerdotes mediadores e (4) as promessas terrenas – estão na igreja professa.
No (v.9b), o Senhor fala uma palavra muito forte: "Dos que a si mesmos se declaram judeus, e não o são, sendo antes sinagogas de Satanás."
A palavra sinagoga está especialmente relacionada ao judaísmo, assim como templo ao budismo, mosteiro ao taoismo e mesquita ao islamismo.
O Senhor disse que eles eram sinagoga de Satanás. Os judeus citados aqui pelo Senhor referem-se aos judeus na igreja, porque eles até mesmo introduziram a sinagoga.
Devemos livrar-nos completamente de todas as coisas do judaísmo.
Na igreja de Esmirna havia tribulação, pobreza e blasfêmia dos judeus. Mas o Senhor disse àqueles cristãos (v.10a): "Não temas as cousas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova".
Não temas! Muitas vezes se apenas entendêssemos que algo é causado por Satanás, o problema já estaria solucionado pela metade. Quando começamos a pensar que algo é causado pelos homens é que temos dificuldade. Se conseguíssemos apenas entender que isso está sendo feito pelo inimigo, o problema seria resolvido e nosso coração poderia imediatamente descansar diante do Senhor.
Lemos também no (v.10b)"E tereis tribulação de dez dias."
Temos, aqui, o problema dos "dez dias". Muitos expositores de Apocalipse e Daniel estão acostumados a contar um dia como um ano. Uma vez que contam os dez dias aqui como dez anos, eles procuraram esses dez anos na história, mas não encontraram nada. Eu pessoalmente sinto que não há nenhuma base bíblica para isto.
Há muitos lugares na Bíblia onde dias não podem ser considerados como anos.
Por exemplo, Apocalipse 12:14 diz: "Um tempo, tempos, e metade de um tempo". Isto é três anos e meio.
Apocalipse 12:6 diz: "Mil duzentos e sessenta dias". O ano do calendário judaico tem 360 dias; logo 1260 dias são três anos e meio. Se um dia é equivalente a um ano, então seriam mil duzentos e sessenta anos.
Se a grande tribulação durasse tão longo tempo, que fariam as pessoas?
Então, qual é o verdadeiro significado de dez dias? Na Bíblia dez dias são mencionados muitas vezes.
Em Gênesis 24:55 há "dez dias". Quando o servo queria levar Rebeca com ele, o irmão e a mãe de Rebeca pediram-lhe que ela ficasse com eles pelo menos dez dias.
Quando Daniel e seus amigos não se permitiram ser corrompidos pelas iguarias do rei, eles pediram aos cozinheiros-chefe para testá-los por dez dias (Daniel 1:12).
Portanto, "dez dias", na Bíblia, significa um período bem breve. O que o Senhor fala aqui tem o mesmo significado. Por um lado, isso significa que há dias certos para o nosso sofrimento, e nossos dias de sofrimento são contados pelo Senhor. Após estes dias seremos libertados exatamente como Jó.
Por outro lado, significa que os dez dias são um período muito breve. Não importa quais provações passemos diante de Deus, elas não durarão muito. Quando os dias são completados, o maligno não pode fazer nada. As provações que você sofrerá passarão rapidamente.
No final do (v.10) lemos: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida".
Fiel até a morte é uma questão de tempo e atitude. O Senhor insiste que a vida de todos aqueles que O servem pertence a Ele; essa é a razão por que você deve ser fiel até a morte. Todo aquele que é comprado com o sangue precioso, pertence ao Senhor e deve ser totalmente pelo Senhor.
Desde o início Cristo exige tudo de nós; agora Ele diz: "Sê fiel até à morte."
Quanto a nossa atitude, devemos ser fiéis mesmo até à morte; quanto ao tempo, devemos ser fiéis até à morte.
E a promessa do Senhor é (v.10): "Dar-te-ei a coroa da vida".
A coroa é uma recompensa; naquele tempo, a vida tornar-se-á uma coroa.
No (v.11), o Senhor finaliza sua carta dizendo: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte".
Aqui, diz claramente que o salvo, não somente escapará da morte, como nem sofrerá a dor da segunda morte, porque já aprendeu a lição. As tribulações são severas; se você nunca esteve em tribulação, nunca saberá quão terríveis elas são.
A pobreza é opressora; se você nunca foi pobre, nunca saberá o gosto dela.
A blasfêmia é também opressora; se você nunca foi blasfemado, não conhece a sua dor.
É como se cada encontro com determinada situação arrastasse você para a morte, mas enquanto passa por ela, você prova que a ressurreição é um fato. O Senhor saiu da sepultura, e nós também vamos sair. Sua vida de ressurreição hoje não pode ser sufocada; portanto, ousamos dizer que nós também não podemos ser sufocados.
77. (3ª) A igreja de Pérgamo Profeticamente
Em Apocalipse 2:12-17, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Pérgamo.
Pérgamo era uma antiga cidade grega que situava-se na Mísia, no noroeste da Anatólia.
Antes da era romana, Pérgamo era a capital da Ásia e, posteriormente, veio a ser um centro de administração romana. Havia pouco comércio em Pérgamo e as suas principais atrações eram a Biblioteca e os Templos. Dizem que a sua Biblioteca possuía 200.000 livros. Por causa dos muitos templos dedicados a deuses pagãos, havia muita imoralidade.
A igreja em Éfeso representa a igreja do final da era apostólica, é a igreja anterior e posterior a morte do apóstolo João, a igreja a qual o próprio João se referiu à última hora, e a igreja mencionada em 2 Pedro e 2 Timóteo.
A seguir, houve a era em que a igreja foi perseguida, a qual foi profetizada pela igreja em Esmirna, como nos é mostrado pelo Senhor. Agora observaremos a igreja em Pérgamo.
A palavra Pérgamo significa casamento ou união. Aqui vemos como a igreja deu uma "virada". Penso que os crentes daquela época, quando liam a respeito de Pérgamo, provavelmente não entendiam o que essa carta significava; mas hoje, quando olhamos para a história da igreja, isso fica muito claro.
Edward Gibbon, um historiador britânico, disse que se matassem todos os cristãos em Roma, a cidade tornar-se-ia desabitada. Portanto, a maior perseguição de todo o mundo ainda não foi capaz de destruir a igreja. Então, Satanás mudou o método de ataque.
O mundo não só parou de perseguir a igreja, mas até o maior império desta terra – Roma – aceitou o cristianismo como sua religião estatal.
Dizem que o imperador Constantino teve um sonho no qual ele viu uma cruz com as palavras: "Vença com este sinal" escritas sobre ela. Ele descobriu que a cruz era um sinal do cristianismo; por isso aceitou o cristianismo como religião estatal. Ele encorajou as pessoas serem batizadas, e a quem quer que fosse batizado eram dadas duas vestes brancas e algumas moedas de prata. A igreja foi unida ao mundo; então, a igreja tornou-se caída.
No capítulo anterior lemos que a igreja em Esmirna foi a igreja do sofrimento, e o Senhor não teve nada a dizer contra ela. Aqui, porém, Pérgamo e o mundo estão unidos para se tornarem a maior religião estatal. De acordo com o homem, isso seria um progresso; contudo, o Senhor ficou descontente. Quando a igreja se um com o mundo, o testemunho da igreja é arruinado.
A igreja é peregrino no mundo. É certo um barco estar na água, mas não, a água estar no barco.
O Senhor fala de si mesmo no (v.12), como "Aquele que tem a espada afiada de dois gumes." Eis aqui o julgamento.
A igreja está arruinada, mas isso não significa que a igreja naquela época estivesse completamente sem testemunho. Não importa em qual circunstância ela esteja, a realidade da igreja está sempre presente. Pérgamo é a igreja que continua imediatamente após Esmirna.
Em que tipo de situação ela está? O Senhor diz aqui (v.13a): "Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás".
O Senhor reconhece a dificuldade da situação de Pérgamo. Uma vez que ela habita no mesmo lugar do trono de Satanás, é bastante difícil para ela manter um testemunho.
Aqui temos uma pessoa que é muito especial para o Senhor (v.13b), "Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós".
Não encontramos seu nome na história; portanto, já que isso é uma profecia, precisamos descobrir o significado do nome em si.
"Anti" significa "contra"; "pás" significa "tudo". Há um homem fiel, Antipas, que é contra tudo; ele se opõe à todas as coisas. Isto não quer dizer que ele intencionalmente cria problemas sem se importar com a situação, mas ele permanece ao lado de Deus para opor-se a todas as coisas. É evidente que essa pessoa deveria tornar-se um mártir. A história não conhece seu nome, mas o Senhor o conhece. Considerando esse homem fiel que foi morto, o Senhor diz: "Conservas o meu nome, e não negaste a minha fé".
Duas questões são mencionadas aqui: uma é o (1) "nome do Senhor", a outra é a (2) "fé do Senhor".
Os filhos de Deus são homens que Ele escolheu dentre os gentios em o nome do Senhor. Há uma diferença básica entre a igreja e a religião. Na religião é suficiente aceitar-se os ensinamentos, mas na igreja isto é insignificante, se não se crê no Senhor.
1) O nome do Senhor representa o próprio Senhor. Essa é uma característica especial. Além disso, o nome também nos diz que Ele esteve aqui e se foi, Ele morreu e reviveu; portanto, Ele deixou um nome em nosso meio. Se perdermos o nome do nosso Senhor, já não temos o testemunho. Pérgamo recebeu o nome do Senhor.
Há uma coisa à qual os filhos de Deus devem prestar atenção: devemos manifestar-nos como aqueles que estão no nome do Senhor. Este nome é um nome especial, um nome que irá preservar-nos de perder o testemunho.
(2) Cristo também diz: "E não negaste a minha fé".
Fé, aqui, em grego, é "pistin". O significado dessa palavra é crença. Não é uma crença comum, mas a única crença, a crença que é distinta de todas as outras. O Senhor diz: "Não tens negado minha única fé".
A igreja não é algo da filosofia, ciência natural, ética ou psicologia – estas não são coisas da igreja. A igreja é algo de crença, algo de fé, "não negaste a minha fé".
Que significa isso? Significa "Não Me negaste crendo em Mim."
Os filhos de Deus devem preservar essa crença. Nossa crença no Senhor Jesus não deve mudar de maneira alguma. O que nos separa do mundo é a nossa fé.
Assim, "conservas o Meu nome, e não negaste a Minha fé" – estes dois pontos, são as coisas que o Senhor louvou nela.
No (v.14), o Senhor disse: "Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem prostituição".
Balaão era um gentio; não sabemos porque Deus o chamava profeta. Como no caso de Saul, o Espírito de Deus moveu-o, mas não entrou nele.
Porque o povo de Israel era sempre vitorioso, Balaque, rei moabita, estava temeroso e chamou Balaão. Ele lhe disse: "Você é um profeta. Por favor, amaldiçoe, o povo de Israel."
Balaão cobiçou o dinheiro oferecido e ficou desejoso de ir, e embora Céus o impedisse no início, por fim permitiu-lhe ir. Mas Balaão não encontrava maneira para amaldiçoar o povo de Israel. Contudo, desde que ele aceitara o dinheiro de Balaque e não fizera nada em troca, sentiu-se incomodado; assim ele traçou um plano. Os moabitas pediram s suas mulheres para se aproximarem do povo de Israel.
Assim, as mulheres moabitas e o povo de Israel uniram-se, e os homens do povo de Israel tomaram para si aquelas mulheres. Essas mulheres gentias trouxeram consigo seus ídolos, induzindo o povo de Israel não apenas cometer prostituição, mas também a adorar os ídolos. Deus irou-se e matou vinte e quatro mil israelitas; mas Moabe foi preservado.
Em Números 25, vamos que as mulheres moabitas uniram-se com os israelitas, mas só no capítulo 31 descobrimos que o plano foi feito por Balaão. Deus nos mostra o que Pérgamo é: o significado de Pérgamo é casamento com o mundo.
Originalmente, o mundo opunha-se à igreja; agora o mundo e a igreja estão casados.
Tenho dito muitas vezes que o significado de igreja (eklésia) é "os chamados para fora"; não unidos, não situados no mundo, mas separados, chamados para fora – isto é igreja.
O método de Balaão é destruir a separação entre a igreja e o mundo, e o resultado é idolatria. Aqui, precisamos dar especial atenção a duas coisas – fornicação e idolatria. É muito estranho que estas duas questões estejam colocadas juntas.
Em 1 Coríntios elas também são mencionadas juntas. Estas são duas coisas que Deus mais odeia.
Ouça o que Tiago 4 diz sobre isto: "Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus?" Estar unido com o mundo é o que Deus odeia.
Mamom também está em oposição a Deus: "Não podeis servir a Deus e a mamom" (Mateus 6-24).
Os homens ou servem a um, ou a outro. Aqui vemos a questão mais importante, isto é, mamom posiciona-se contra Deus. Muitos ídolos existem somente por causa de mamom. Hoje nenhum cristão mataria pessoas ou adoraria ídolos, mas cobiçarmos dinheiro, confiando no poder de mamom, é equivalente à idolatria. Mamom é o princípio dos ídolos, e Deus deseja separar os homens de mamom. Unir-se a fornicação é idolatria; portanto, cobiçar dinheiro está junto à união com o mundo. Quero apresentar os lados opostos na Bíblia; vendo o lado negativo, então conseguiremos ver o lado positivo. A Bíblia sempre coloca Satanás em oposição a Cristo, a carne em oposição ao Espírito Santo, e o mundo e mamom em oposição a Deus, o Pai.
O mundo é oposto ao Pai; essa é a razão por que em 1 João 2 diz: "Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (v.15b).
Mamom é contra Deus. Sempre que os homens servem a mamom, ele não pode servir a Deus. A obra de Balaão é unir o mundo com a igreja. A necessidade de Constantino nos exaltar é ensinamento de Balaão. Nada é mais difícil do que impedir que a obra de Balaão entre. Hoje, todos os filhos de Deus querem ser grandes, querem ter mais e não querem prestar atenção à santidade e pureza. Então, eles se entregam aos pecados, aos ensinamentos de Balaão e consentem que o nome do Senhor seja negado.
O Senhor, aqui, menciona especialmente Balaão. Balão foi o primeiro a ganhar dinheiro com seus dons. Há diversos lugares no Novo Testamento que mencionam Balaão.
Em 2 Pedro lemos que Balaão foi alguém que amou o prêmio da injustiça. Judas diz que Balaão foi alguém que buscou gananciosamente a remuneração. Consideremos isto. Você acha que seria possível a igreja em Corinto convidar Paulo, e ainda discutir, primeiro, a questão de remuneração? Você acha que a igreja em Jerusalém assinou um contrato com Pedro por certa quantia de pagamento anual? Não podemos absolutamente conceber tais coisas acontecendo. Originalmente, aqueles que trabalhavam para Deus dependiam de Deus para seu sustento; eles não pediam nada dos homens e não aceitavam dinheiro dos gentios (3 João 7).
Mas, durante a época de Constantino, todos os que serviam a Deus recebiam salário da tesouraria estatal. Foi um pouco depois do ano 300 d.C. que esta prática começou. Quando cada um recebeu um salário, o método de Balaão entrou. O método de Balaão não tem lugar nos planos de Deus.
Se perguntasse aos apóstolos daquele tempo: "Quanto você recebe de salário por mês?", isso seria um absurdo.
Mas hoje essa condição tornou-se comum. Se confiamos em Deus, então vamos trabalhar para Ele; se não confiamos em Deus, então não vamos trabalhar. Precisamos prestar especial atenção a essa questão diante do Senhor. Logo a seguir, são mencionados novamente os nicolaítas. "Outrossim, também" – estas duas palavras formam um elo com as palavras anteriores. O Senhor expressou sua rejeição pelos ensinamentos de Balaão; assim também o Senhor reprovou os ensinamentos dos nicolaítas. Na Bíblia, o próprio Deus tem estabelecido aquilo com que a igreja deve parecer-se. Lemos em Mateus 20:25-28: "Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós, pelo contrário quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; a quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
A igreja é estabelecida pelo Senhor, e principais e maiorais não são permitidos; não deve haver tal classe. O Senhor diz que quem quiser ser grande, seja servo; quem é o servo, este é o grande. Grandeza não é decidida sobre a base de posição, mas sobre a base do serviço.
Em Mateus 23:8-11 isso está ainda mais evidente.
O princípio básico da igreja é: Todos são irmãos; não há rabinos, nem mestres nem padres. Quando Constantino aceitou o cristianismo, os ensinamentos de Balaão aconteceram e os ensinamentos dos nicolaítas apareceram. Vemos aqui o sistema dos padres. Entre os muitos padres, o que está acima de todos eles é o papa. Ao beijar-se seus pés deve-se clamar: "meu senhor".
Ao mesmo tempo, há oficiais graduados no Vaticano, bem como muitos embaixadores, representando seus países, e ministros. Há reis e oficiais graduados, há os que são denominados padres e os denominados rabis. Por essa razão, aqueles que têm posição e reputação no mundo devem ser cuidadosos para não trazer as coisas do mundo para a igreja. Se você não consegue chamar de irmão a pessoa humilde sentada a seu lado, algo está errado com você. Quando você está sentado entre os irmãos e irmãs, e não consegue ser um irmão ou irmã, então os nicolaítas aparecem.
No (v.15), vemos o Senhor dizer: "Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio."
A palavra "laos" na palavra grega original "Nikaolaos" não somente significa laicato (povo comum), mas também significa leigos, em contraste com "entendidos" e "especialistas".
Por exemplo, os médicos são especialistas, e as pessoas em geral são por eles chamadas de leigos. Quando um carpinteiro encontra outro carpinteiro, eles são do mesmo ramo e ambos entendidos. Quando ele encontra alguém que não é carpinteiro, ele o chama de leigo, alguém fora do ramo.
Nicolaítas significa conquistar os leigos, o que significa que há um grupo de pessoas que são entendidos, homens dentro do ramo, enquanto o restante são os leigos, os homens fora do ramo. O Senhor diz que Ele é contra isso.
A condição da igreja em Éfeso e a da igreja em Pérgamo é diferente.
A igreja em Éfeso tem somente o "comportamento dos nicolaítas", enquanto a igreja em Pérgamo tem o "ensinamento dos nicolaítas".
Leva algum tempo para o comportamento tornar-se ensinamento.
Se certo comportamento é manifestado e sua doutrina também é pregada, isto não é somente a habilidade de comportar-se, mas também a habilidade de produzir uma teoria do comportamento; este é um passo além. O comportamento vem antes do seu ensinamento. Quando o ensinamento aparece, isto é bastante sério.
Como Pérgamo elaborou esse ensinamento? Já dissemos que após Constantino aceitar o cristianismo como a religião estatal, a igreja tornou-se casada ao mundo. Desde que fosse um romano, você seria batizado; assim, a igreja enche-se de incrédulos. Originalmente, só irmãos estavam na igreja, e todos os irmãos eram sacerdotes.
Então, introduziu-se tal multidão mista. Dizer-lhes para servir Deus era impossível. Por conveniência, então, eles escolheram um grupo de pessoas, dizendo: "Vocês cuidam dos assuntos espirituais; os outros continuam sendo o povo comum, os leigos".
Muitos dos que se tornaram membros da igreja não conheciam absolutamente o Senhor Jesus. Assim, aqueles que conheciam o Senhor Jesus tornaram-se "os entendidos"; desse modo, os nicolaítas apareceram.
Esse é o resultado inevitável do casamento da igreja com o mundo. O que os nicolaítas tiveram em Éfeso foi um comportamento, mas em Pérgamo tornou-se um ensinamento.
Agora, a posição é que daqui em diante a igreja torna-se o negócio dos entendidos, não de leigos.
O ensinamento, agora, é que é correto os homens não serem espirituais; os negócios espirituais podem ser confiados aos cuidados dos entendidos; nós, as pessoas comuns, podemos cuidar apenas dos negócios seculares. A doutrina agora é que há dois tipos de pessoas na igreja: um encarrega-se dos assuntos espirituais e outro cuida das coisas seculares. A doutrina agora é que há dois tipos de pessoas na igreja: um encarrega-se dos assuntos espirituais e o outro cuida das coisas seculares. Para você, que é povo comum, basta apenas comparecer às reuniões; você não precisa cuidar de outras coisas.
Se alguém introduzisse os princípios de reunião de 1 Coríntios 14, isto não funcionaria.
A "doutrina de Balaão" introduziu o "ensinamento em nicolaítas".
Creio que essa questão é a que Deus mais odeia; portanto, temos de prestar especial atenção a ela. Concordo que há a questão do ministério.
Também reconheço que há Paulo, que, ao mesmo tempo ocupou-se em fazer tendas; e há também Pedro, Tiago e João devotando-se inteiramente à pregação. Mas hoje, a posição dos irmãos não está relacionada à sua posição no ministério.
Na igreja, são os irmãos da assembleia local que devem ser os diáconos e os presbíteros. Todos os irmãos e irmãs devem cuidar dos assuntos espirituais; eles são sacerdotes.
Os presbíteros (anciãos) não devem fazer tudo por eles; os presbíteros são para "supervisionar".
Assim, os obreiros, quando vêm para a igreja, têm apenas a posição de irmãos.
Aqui reside a diferença entre os nicolaítas e os irmãos. A Bíblia nos mostra que todos os filhos do Senhor testificam, mas os apóstolos testificam mais. A diferença é uma questão de estágio, não de natureza. A natureza é idêntica; apenas o estágio é diferente.
Mas o ensinamento dos nicolaítas dá uma reviravolta: os assuntos espirituais são cuidados por um grupo de uma classe especial. Isto é reprovável diante do Senhor, porque, se este for o caso, a igreja pode ser mundana e contentar-se em ter somente uns poucos diáconos espirituais.
Elas se tornam outra classe encarregando-se das coisas espirituais.
Os sistemas de padres da igreja do mundo, o sistema clerical da igreja do estado e o sistema pastoral das igrejas independentes são todos da mesma natureza: são todos nicolaítas. Na Bíblia há somente irmãos.
Em Efésios 4, lemos que há o dom de pastor, mas não o sistema de pastores. O sistema pastoral é uma tradição do homem.
Se os filhos de Deus não estão dispostos a retornar a posição do início, o que quer que eles façam não estará correto.
A igreja não deve estar unida com o mundo e não deve receber incrédulos para dentro dela. Do contrário, não será difícil aceitar o ensinamento dos nicolaítas. As pessoas devem ser separadas do mundo antes de serem introduzidas na igreja. Sempre que permitimos que um incrédulo entre na igreja, a igreja não é mais a igreja, mas o mundo. A santidade e a separação da igreja devem ser mantidas a qualquer preço.
No (v.16), o Senhor fala palavras muito fortes: "Se você não se arrepender, puni-lo-ei com a espada da Minha boca" – isto é, Ele punirá e julgará aqueles que se rebelaram contra Ele. Oramos ao Senhor para que não haja nicolaítas entre nós!
Se a igreja for espiritual, então nicolaítas não serão produzidos. Uma vez que a igreja torna-se mundana, os nicolaítas aparecem. A exigência de Deus ao povo de Israel, no princípio, era que a nação toda fosse de sacerdotes. Foi porque o povo de Israel pecou que Deus separou os levitas para serem sacerdotes. Do mesmo modo, foi quando a igreja tornou-se mundana, que servir a Deus foi comissionado a poucas pessoas.
Agora Deus quer todas as pessoas na igreja, fazendo as coisas espirituais.
Lemos no (v.17): "Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe".
Duas coisas são prometidas ao vencedor: uma é o maná escondido, e a outra é a pedra branca.
O maná escondido e o maná no deserto são duas coisas diferentes. Quando o povo de Israel estava no deserto, o maná descia dos céus diariamente para eles comerem. Então Moisés disse a eles que tomassem um pote de ouro, enchessem-no com um ômer de maná e guardassem-no na arca. Quando as próximas gerações perguntassem sobre o assunto, eles deveriam dizer-lhes como Deus enviara o maná dos céus para alimentá-los, enquanto, estavam no deserto e que tinham o maná na arca como evidência (Êxodo 16:14-35).
Os das gerações posteriormente que não sabiam como era o maná poderiam ser esclarecido pelo maná na arca. Então eles saberiam. Mas aqueles que já haviam comido o maná, teriam outro sentimento em relação ao maná escondido. Eles conheceram o sabor; portanto, quando o vissem novamente, teriam uma espécie de recordação. Os que não o provara, embora pudessem saber o que era, não teriam tal recordação.
Ao vencedor o Senhor daria de comer do maná escondido, o que significa que eles teriam recordações.
Todas as nossas experiências diante de Deus são válidas e não serão perdidas.
Já me fizeram a seguinte pergunta: "Isto que tenho passado diante de Deus terá alguma utilidade na eternidade?"
Se você conhece o significado do maná escondido, sabe se isso terá alguma utilidade ou não. Se temos a oportunidade de ver o "maná escondido", então seremos capazes de rememorar uma vez mais o "maná diário".
Qualquer dificuldade que passemos ou quaisquer lágrimas que derramemos hoje, tornar-se-ão mais tarde a nossa lembrança. Para mim, o maná escondido é o maná diário.
O que nunca têm comido o maná, naquele dia, quando virem o maná escondido, não terão nenhuma recordação.
Embora fossem advertidos pela graça do Senhor, contudo não o comeram.
Mas os que têm comido dele estarão cheios de recordações. O maná escondido é um princípio muito grande na Bíblia, e é também um grande tesouro.
Um dia comeremos do maná celestial escondido. Se não tivermos algumas cicatrizes aqui, não seremos os vencedores.
Se nunca passamos estas coisas hoje, então, no futuro, mesmo se nos for dado do maná escondido, não haverá nem recordação, nem qualquer novo saborear das experiências.
Nunca diga que o que você encontra hoje é sem significado. Nenhuma experiência é perdida. Naquele dia todos nós iremos ser capazes de relembrar nossas experiências.
Não devemos dizer que no reino todos serão a mesma coisa. Não, não serão todos a mesma coisa! A nossa experiência na terra está relacionada com aquilo que desfrutaremos naquele dia.
O maná escondido é conhecido dos quem o conhecem, e desconhecido dos que não o conhecem.
Hoje passamos por dificuldades e tribulações; naquele dia o Senhor enxugará dos olhos nossas lágrimas. Como podem aqueles que não têm lágrimas conhecer a preciosidade do enxugar as lágrimas?
Há outra recompensa prometida pelo Senhor, isto é, a pedra branca, e na pedra escrito o novo nome do vencedor.
O Senhor dá a ele um novo nome, um nome que corresponde a sua condição diante do Senhor. O Senhor escreve o nome na pedrinha branca; somente o Senhor e você o conhecerão. O vencedor não recebe um nome especial; ao contrário, ele recebe o nome que lhe corresponde, em uma palavra, que mercê.
78. (4ª) A igreja de Tiatira Profeticamente
Em Apocalipse 2:18-29, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Tiatira.
A cidade de Tiatira era um importante centro comercial na Ásia Menor que foi fundado para ser um posto militar.
Tiatira era uma cidade militar, guarnecida por soldados macedônios. O principal deus da cidade era representado por um guerreiro que levava um machado de dois gumes. Veja quão apropriada é a promessa ao vencedor; ele terá poder sobre as nações.
Aqui devo enfatizar especialmente que foi após a igreja na era apostólica passar, que Éfeso apareceu, Esmirna, e após Esmirna, Pérgamo e após Pérgamo, Tiatira.
A igreja no tempo dos apóstolos passou, a época de Éfeso passou, a época de sofrimento passou, o período de Pérgamo também passou, e o que vem a seguir é Tiatira.
Mas a igreja representada por Tiatira continuará até que o Senhor Jesus voltar.
Não só (4ª) Tiatira, mas também (5ª) Sardes, (6ª) Filadélfia e (7ª) Laodicéia continuarão até o Senhor Jesus retornar.
Nas primeiras três igrejas, não há menção da volta do Senhor, mas, nas quatro últimas, a volta do Senhor é mencionada em cada caso.
Laodicéia, contudo, não menciona a segunda vinda do Senhor literalmente, por causa de alguma coisa particular referente a ela, conforme explicaremos mais adiante. Portanto, as últimas quatro igrejas continuarão até o Senhor voltar.
Na Bíblia, vemos que o "número sete" é um número que significa completação.
Sete é composto de três mais quatro.
Três o número de Deus; o próprio Deus é três-um.
Quatro é a criatura de Deus; é o número do mundo, tal qual as quatro direções, os quatro ventos, as quatro estações etc. – todos contêm número quatro.
Sete, significa o Criador mais a criatura.
Quando Deus é adicionado ao homem, isto é completação.
(Mas esta complementação é deste mundo – Deus nunca coloca sete na eternidade.
O número de completação na eternidade é doze.
Sete é formado por três mais quatro; doze é formado por três vezes quatro.
Quando Deus e o homem são colocados juntos, há completação, neste mundo. Quando Criador e criatura são incorporados, então há completação eterna.)
A sete igrejas estão divididas em dois grupos: as três primeiras igrejas e as quatro últimas.
As três primeiras não mencionam a volta do Senhor, enquanto as outras quatro mencionam.
Desse modo, três igrejas são de um grupo, enquanto as outras quatro são de outro.
A igreja em Tiatira é a primeira entre as quatro igrejas até o Senhor Jesus voltar.
Tiatira significa "o sacrifício de perfume", isto significa, repleta de muitos sacrifícios.
As palavras faladas pelo Senhor tornam-se cada vez mais fortes. O Senhor diz (v.18), que Ele é O quem tem "olhos como chama de fogo". Nada pode ocultar-se dos Seus olhos. Ele é a luz; Ele próprio é iluminação.
Ao mesmo tempo, Ele diz que tem "pés semelhantes ao de bronze polido". Na Bíblia, bronze significa julgamento. O que os olhos veem, os pés julgam.
Os estudiosos da Bíblia concordam que a igreja em Tiatira refere-se à Igreja Católica Romana. Isso não se refere à confusão que resultou do casamento da igreja com o mundo (Pérgamo) – agora isso passou. A situação agora tornou-se mais pesada, cheia de heresia e sacrifícios. É realmente notável como a Igreja Católica Romana dá muita atenção principalmente ao comportamento e a sacrifício. A missa é um sacrifício.
A Igreja Católica Romana, de acordo com a nossa observação, não tem nada de bom, mas o Senhor diz (v.19): "Conheço tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras".
No início, o Senhor ainda reconhecia que havia realidade na Igreja Católica Romana.
Na verdade, havia alguns na Igreja Católica Romana que chegaram a conhecer o Senhor lá.
Lutero, anos mais tarde foi salvo estando ainda na Igreja Católica Romana, não foi salvo por ela ou por sua doutrina errada, mas o foi pela fé em Cristo.
Como Tiatira seguira até o que o Senhor venha, Ele tem um propósito para que esta instituição ainda continue.
O que estamos ressaltando agora é quão desolada a igreja se tornou em sua aparência exterior.
Primeiro, vimos o comportamento dos nicolaítas; mais tarde, vimos que ele evoluiu tornando-se ensinamento.
Mas, e a igreja agora? O Senhor, no (v.20), diz: "Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma declara profetiza, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas a ídolos".
Quem é Jezabel? Jezabel era a esposa que o rei Acabe, trouxe da terra dos sidônios, os gentios. Jezabel seduziu o povo de Israel a adorar Baal (1 Reis 16:30-32).
Baal é o deus dos gentios, não o Deus do povo de Israel. Ela disse ao povo para adorar a imagem de Baal. O problema agora, não são apenas os ídolos, e, sim, que Deus foi substituído: Baal foi introduzido e adorado como seu próprio deus. Na história da nação judaica (Israel) até 1 Reis 16, ninguém havia levado o povo de Israel a pecar de tal maneira como Acabe.
Acabe foi o primeiro a conduzir o povo a adorar um deus gentio em larga escala. Nem mesmo Jeroboão igualou-se a ele nos pecados que cometeu.
Queremos, aqui, atentar para quem é Jezabel. Jezabel é uma mulher. A mulher em Apocalipse 17 refere-se à Igreja Católica Romana.
Em Mateus 13, a mulher que tomou fermento e escondeu-o em três medidas de farinha também é a Igreja Católica Romana.
Naturalmente, portanto, a mulher aqui, também representa a Igreja Católica Romana. Deus nunca reconhece como legítimo o casamento entre Seu povo e os gentios; Deus diz que isto é prostituição.
Como consta, Jezabel não era a rainha; a união de Acabe e Jezabel era prostituição. Prostituição é confusão. O que Deus vê aqui é uma mulher que está misturando as coisas às palavras de Deus e ao povo de Deus. O que essa mulher introduziu foi o deus dos gentios. E o resultado da prostituição é idolatria. O Novo Testamento menciona a conferência em Jerusalém, cujo resultado foi a exortação aos irmãos gentios para se absterem de comida sacrificadas a ídolos e da fornicação (Atos 15:29).
A prostituição daquela mulher introduziu ídolos no reino de Israel. Por meio de Jezabel, Acabe foi unido com o mundo. Não importa onde você esteja, é visível que a Igreja Católica Romana uniu-se aos poderes políticos. Ela envia embaixadores e ministros a várias nações, e, em importantes crises mundiais, ela se levanta para falar. A união da igreja com o mundo é a Igreja Católica Romana. Eles proclamam que seu primeiro papa foi Pedro.
Mas acho que Pedro diria: "Eu sou um discípulo do pobre Jesus de Nazaré; a glória e a honra do mundo não tem nada que ver comigo".
Contudo, a Igreja Católica Romana mantém sua posição no mundo e exige respeito das pessoas. O fenômeno da Igreja Católica Romana nestes mais de mil anos, de acordo com a Epístola de Tiago, é o maior adultério. Aqui vemos que a igreja perdeu a sua virgindade. Hoje, há um grupo de pessoas que acham que desde que têm tão vasto número de membros, podem negociar com outros. De acordo com os homens, é uma espécie de progresso a igreja ser capaz de negociar, mas, de acordo com Deus, é um pecado a igreja ganhar o que o mundo ganha.
Qual é o resultado? Idolatria. Os fatos estão colocados diante de nós; não há uma igreja que seja igual à Igreja Católica Romana com tantos ídolos. Podemos dizer que a melhor classe de ídolos é feita pela Igreja Católica Romana.
Um crente que esteve em Roma, expressou que nesse tempo, ele continuamente sentia algo: "Se a igreja é deles, então não é nossa; se é nossa, então, certamente não é deles".
Não há meio-termo para ambos se unirem. O mais extraordinário é que eles cumpriram tudo o que foi profetizado na Bíblia.
Há uma imagem do Pai e uma imagem do Filho; há imagens dos apóstolos e imagens dos santos antigos. Eles adoraram Maria; adoraram Pedro.
Vemos como Jezabel ensina os servos do Senhor a cometer prostituição e a comer a comida ofertada a ídolos!
Jezabel é mencionada porque a igreja trouxe para dentro de si deuses gentios.
Eles tomaram os deuses gentios e penduraram neles os símbolos do cristianismo. O mais evidente é a imagem de Maria. Alguns pensam que pelo menos Maria é do próprio cristianismo.
Mas o fato é este: a Grécia tem uma deusa, a China tem uma deusa, a Índia tem uma deusa, o Egito tem uma deusa, exceto o cristianismo. Já que deve haver uma deusa, eles produziram Maria. Na verdade, não há deusa na fé cristã – a origem do conceito de uma deusa são os gentios. Assim, isto é idolatria, além de prostituição. Isto é Jezabel, trazendo as coisas dos gentios para o reino de Israel.
Ela se autodenomina profetiza porque quer pregar e ensinar. A posição da igreja diante de Deus é a de uma mulher.
Sempre que a igreja tem autoridade para pregar, ela é Jezabel. A igreja não tem nada a dizer; em outras palavras, a igreja não tem palavras. O Filho de Deus é a Palavra; por isso só ele tem a Palavra.
Cristo é a cabeça da igreja; portanto, somente ele pode falar. Sempre que a igreja fala, isto é a pregação da mulher. A Igreja Católica Romana é a mulher pregando.
Na Igreja Católica Romana, há o que a igreja diz, não o que a Bíblia diz nem o que o Senhor diz.
É extraordinário que Deus aqui diz que Jezabel é a profetisa e que a mulher fala.
A expressão, no (v.20), "Meus servos", refere-se a servos individuais.
Jezabel tem autoridade para dirigir cada crente. O povo na Igreja Católica Romana não lê a Bíblia, porque tem medo de interpretar mal o que Deus pretende.
Somente os padres podem entender e somente os padres podem falar; portanto, somente eles podem decidir todas as questões. A Igreja Católica Romana é essencialmente a pregação da mulher que decide o que os filhos de Deus devem fazer. Muitas doutrinas têm sido alteradas, porque ela diz que isto é o que a igreja diz e as pessoas devem ouvir a igreja. Ela não ressalta que o povo deve ouvir o Senhor, mas que o povo deve ouvir a igreja e o papa.
Na história da igreja houve as perseguições do Império Romano, e houve também as perseguições da Igreja Católica Romana. Quando a Igreja Católica Romana na Espanha perseguiu os filhos de Deus, ela matou um sem-número deles. A punição que aplicaram durante a Inquisição foi cruel ao extremo. Após levarem as pessoas a ponto de morrer, entregavam-na anelantes na mão do governo, dando a entender que ninguém fora morto pela mão deles.
Eles sempre farão aceitar a doutrina deles.
A nação judaica (Israel) tinha apenas uma mulher que matava os profetas; era Jezabel. Nos séculos anteriores, quantas testemunhas morreram nas mãos da Igreja Católica Romana não sabemos. Eles afirmam que tudo que decidem está sempre certo. Os pensamentos das pessoas estão inteiramente em suas mãos. O Senhor diz que o fracasso de Tiatira deve-se ao fato de que ela permite o ensinamento de Jezabel em seu meio.
Lemos no (v.21), o Senhor dizer: "Dei-lhes tempo para que se arrependesse: ela, todavia, não quer se arrepender-se da sua prostituição".
Eles ainda estão unidos com o mundo e cheios do comportamento do mundo.
No (v.21), o Senhor diz: "Eis que a prostro de cama" – não num caixão, mas numa cama. Um caixão significa que acabou; uma cama significa que não acabou. Isto quer dizer que ela não mudará durante toda a sua vida. A paciente, a enferma, não pode ser curada e não pode mudar.
Permanecendo em sua presente situação, ela é incurável – esta é a condição da Igreja Católica Romana.
No ano de 1926, Mussolini e o papa assinaram um acordo, separando o Vaticano da Itália, para que ele pudesse tornar-se um estado independente, possuindo seu próprio tribunal e polícia etc.
Os crentes na Igreja Católica Romana aumentam anualmente.
Em alguns Países comunistas, não há jornal publicado por uma igreja protestante, contudo a Igreja Católica Romana possui um jornal lá.
Em Apocalipse 17, vemos a que ponto esta igreja irá desenvolver-se. Agora, sem dúvida, ela está tornando-se cada vez mais forte.
Mas o Senhor diz ao Seu povo: "Saí dela".
Que o Senhor diz sobre aqueles que têm cometido adultério com ela, e sobre os seus filhos? "Prostro (...) em grande tribulação os que ela incita. Matarei os seus filhos" (vs.22 e 23) – provavelmente estas palavras referem-se à destruição da Igreja Católica Romana por Deus, por intermédio do anticristo e seus seguidores – "e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um, segundo as vossas obras" (v.23b).
Lemos no (v.24), o Senhor dizer: "Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as cousas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha".
Chama a nossa atenção a expressão que o Senhor usa: "Os demais de Tiatira"; pois embora Jezabel esteja aqui, ainda há descanso.
Ao ouvir que Jezabel havia decidido matá-lo, Elias ficou muito desencorajado. Que ele fez? Ocultou-se.
Então Deus lhe disse: "Que fazes aqui?" enquanto ele estava murmurando, o Senhor disse: "Também conservei em Israel sete mil" (1 Reis 19:9-18).
Estes são "os demais de Tiatira."
Quando Jezabel vivia nesta terra havia Elias; portanto, no período da existência da Igreja Católica Romana, também deve haver muitos que pertencem ao Senhor.
Não apenas na Espanha, mas também na França e na Grã-Bretanha, houve muitos que foram queimados. O sangue de muitos foi derramado na Igreja Católica Romana, isto é um fato.
Hoje a Igreja Católica Romana ainda está fazendo o melhor que pode para perseguir.
Graças ao Senhor, ainda há aqueles que "não têm doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás" (v.24b).
As palavras "coisas profundas" em grego é "bathea", que quer dizer mistério.
A Igreja Católica Romana gosta demais de usar essa palavra. Eles têm muitos mistérios, ou doutrinas profundas, em seu meio. Essas doutrinas não são do Senhor, mas são as palavras de Jezabel. Sobre os que não seguem essa doutrina, o Senhor não colocará outra carga; estes são os que já têm a Sua Palavra e devem conservá-la: "Conservem Minha palavra que vocês conhecem - isto é suficiente. Não percam o que vocês já têm, até que Eu venha" (v.25).
Nos (vs. 26 e 27), vemos o Senhor dizer: "E ao que vencer, e guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá: e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai".
Essa é a primeira promessa. Qual é o significado disto?
Todo aquele que cuida de ovelhas tem vara. Quando as ovelhas não se comportam bem, ele usa a vara para bater-lhes gentilmente.
O Mateus 13 diz que um anjo virá e ajuntará para fora do seu reino todas as coisas que o ofendem, isto é, usará força para expulsar todas as coisas que não são corretas.
Mas isso não significa que no milênio as nações já não existirão. Sabemos que elas estarão lá. Por meio da vara de ferro Deus quebrará estas coisas em pedaços.
O que Deus produz são pedras; o que o homem produz são tijolos. Os tijolos são muito semelhantes a pedras. A torre de Babel foi construída com tijolos. Quanto aos que imitam a obra do Senhor, da torre de Babel até a segunda Epístola de Timóteo, o Senhor diz que eles são "vasos de barro" ("vasos de oleiro").
O Senhor diz que o vencedor pastoreará as nações e quebrará os vasos de barro em pedaços.
A expressão "Regerá", no texto original, significa pastoreará.
A palavra pastoreará, significa que ele não é algo feito de uma vez, mas, ao contrário, é feito administrando e corrigindo uma a uma, quando há necessidade. Isto é pastorear.
Esse tipo de coisa provavelmente será feito continuamente até que o novo céu e a nova terra sejam introduzidos.
O reino é a introdução ao novo céu e nova terra. No novo céu e nova terra, apenas a justiça habita. Esta é a razão pela qual a vara de ferro aqui deve ser usada para pastoreá-las e quebrar em pedaços todas as coisas procedentes dos homens.
No (v.28), o Senhor promete: "Dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã."
Esta é a segunda promessa. A estrela da manhã é a assim chamada estrela da alva. Na hora mais escura, exatamente na hora em que o dia está surgindo, ela aparece por um instante, e então o sol desponta.
Muitas pessoas veem o sol, mas poucas veem a estrela da manhã. Um dia o Senhor será visto pelo mundo todo, como está citado no capítulo quatro de Malaquias: "Nascerá o sol da justiça".
Mas antes que todos vejam Ele com a luz do Sol, você poderá tê-la visto primeiro enquanto está escuro, basta ser uma pessoa salva nesta dispensação da graça, pois irá participar do arrebatamento. Isso é o que significa receber a estrela da manhã.
(Leia 1 Tessalonicenses 4:13-18)
Logo antes do dia nascer, é realmente escuro. Mas é neste exato momento que a estrela da manhã aparece. O Senhor promete ao vencedor que ele receberá a estrela da manhã na hora mais escura: isso significa que ele verá o Senhor e será arrebatado.
Nós podemos ver o sol sempre durante as horas do dia, mas aquele que vê a estrela da manhã é alguém que prepara um momento especial para levantar-se e contemplar, enquanto os outros estão dormindo. Esta é a promessa para o vencedor.
E no (v.29), o Senhor adverte: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dia às igrejas".
O Senhor não está falando apenas à Igreja Católica Romana, mas também a todas as igrejas.
Nas primeiras três cartas (Éfeso, Pérgamo e Esmirna), o chamamento ao vendedor vem após "quem tem ouvidos ouça." Primeiro lemos "quem tem ouvidos" e, então, a promessa ao vencedor.
Mas a partir de Tiatira a ordem é invertida.
Isso prova que as três primeiras igrejas são um grupo, enquanto as quatro últimas são outro. Há uma diferença entre os dois grupos.
Antigamente foi depois que a época de (1ª) Éfeso passou que a igreja de (2ª) Esmirna veio, e depois que passou Esmirna veio (3ª) Pérgamo, e depois que Pérgamo passou veio (4ª) Tiatira.
Mas agora não é quando Tiatira se vai que Sardes vem. Tiatira continuará até que o Senhor volte. Não é quando Sardes passa que Filadélfia vem, nem quando Filadélfia se vai que Laodicéia aparece.
Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia continuarão até que o Senhor Jesus volte no arrebatamento.
Todas as três primeiras vieram e foram-se, mas as quatro últimas surgem gradativamente e continuarão juntas até o Senhor voltar.
79. (5ª) A igreja de Sardes Profeticamente
Em Apocalipse 2:3:1-6, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Sardes.
Sardes, localizava-se no fértil vale do rio Hermo e no sopé do íngreme monte Tmolo.
Sardo era a antiga capital da Lídia; nos dias do seu último rei, Croesus, era uma cidade rica e esplêndida. Sendo construída sobre um monte, parecia segura, e a autoconfiança gerada por esta situação privilegiada levou-a à queda. Quando os exércitos de Ciro, o persa, atacaram, eles não se preocuparam em defender o lado da cidade que dava para o precipício.
Mas aquele precipício era de terra, que permitiu a formação de degraus, pelos quais o exército invasor entrou na cidade. Parecia uma defesa invulnerável, mas a realidade era bem outra. E esta atitude da cidade foi também a atitude da igreja.
Durante o tempo dos apóstolos (Éfeso) havia o comportamento dos nicolaítas. Após o comportamento dos nicolaítas (Esmirna), Pérgamo pecou grandemente introduzindo o mundo na igreja.
Depois dos nicolaítas veio Jezabel (Tiatira), e na mesma época os ídolos foram introduzidos na igreja.
Mas há um ponto positivo aqui: em Tiatira vemos o julgamento de Jezabel, seu confinamento em uma cama para que ela não se mova; também vemos que seus seguidores um dia serão mortos.
Essas profecias ainda não foram cumpridas, mas serão na época da queda da Babilônia, registrada no capítulo 17 de Apocalipse.
A história de Tiatira começou desde o tempo em que Jezabel impropriamente introduziu ídolos na igreja, e continuará até que ela receba julgamento.
Devemos ver uma coisa: quando a igreja, na sua contínua queda, passa dos nicolaítas para o estágio de Jezabel, Deus não pode mais tolerá-la. Assim, aqui vemos o surgimento de Sardes.
Sardes quer dizer os remanescentes. A igreja de Sardes é a reação de Deus a Tiatira.
A história de reavivamento nas igrejas pelo mundo todo indica uma reação divina.
Sempre que o Senhor inicia uma obra de reavivamento, Ele está reagindo. A reação de Deus é a restauração do homem.
Devemos conservar em mente, com firmeza, este princípio. Porque o Senhor viu a condição de Tiatira, Sardes apareceu.
Em Apocalipse, várias igrejas estão aos pares.
Sardes está junto com Éfeso, Filadélfia está com Esmirna e Laodicéia com Pérgamo.
Apenas Tiatira permanece só.
Em Sardes o Senhor diz que seu nome é: "Aquele que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas".
A epístola a Éfeso diz que a mão direita de Cristo segura sete estrelas, enquanto em Sardes Ele diz que tem as sete estrelas.
Éfeso é o enfraquecido depois dos apóstolos, ou seja, a mudança de algo bom para mau; Sardes é a restauração de Tiatira, ou seja, a mudança de algo mau para bom.
Ter obras, mas não amor de Éfeso; vivos no nome, mas mortos na realidade é Sardes.
Portanto, estas duas são um par.
Aqui em Sardes, o Senhor manifesta-se como Aquele que tem os sete Espíritos. Os sete Espíritos de Deus são enviados de Deus ao mundo para trabalhar, e isto se refere à obra da vida.
As sete estrelas em Éfeso referem-se ao mensageiro; aqui elas se referem à iluminação. A obra de restauração é parte no Espírito e parte na luz.
Sardes é similar a Tiatira no que diz respeito a representar um longo período da história, desde as igrejas reformadas até o Senhor voltar.
Embora Sardes não seja tão longa quanto Tiatira, ela se refere não apenas às igrejas durante a reforma, mas também à história da igreja após a Reforma.
O Senhor diz (vs.1 a 3): "Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Lembra-te, pois, de como tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerá de modo algum em que hora virei contra ti."
Creio que ninguém duvidaria que Martinho Lutero foi um servo de Deus e que a Reforma foi a obra de Deus. A Reforma foi uma grande obra e foi uma reação divina. Certamente Deus usou Lutero como porta-voz; ele foi um homem especialmente escolhido por Deus.
Quando Lutero principiou, era totalmente Sardes. Seu propósito era unicamente restaurar. O Senhor não disse que a obra de Lutero não era boa; mais apropriadamente, Ele disse que não era perfeita.
Era boa, mas não o suficiente. Aos olhos do Senhor, Ele não encontrou nada perfeito: houve um começo, mas sem um final. O Senhor é de perfeição; portanto, Ele exige perfeição.
Com Lutero, o problema da justificação foi solucionado. A justificação é pela fé, e ter paz diante do Senhor é pela fé. Lutero não somente nos mostrou a justificação pela fé, mas também nos legou a Bíblia aberta.
Em Tiatira, a autoridade está nas mãos de Jezabel – em outras palavras, nas mãos da igreja. A questão é o que a igreja diz, não o que o Senhor diz. Tudo depende daquilo que a igreja-mãe diz; todas as pessoas da Igreja Católica Romana ouvem a igreja-mãe. Por isso, o Senhor diz que Ele matará seus filhos. Você diz "mãe", mas o Senhor diz "filhos".
Lutero mostra-nos o que o Senhor e a Bíblia dizem. Os homens podem ler a Palavra de Deus e ver por si mesmo o que Deus realmente diz, não o que Roma diz. Quando a Bíblia aberta chega, a igreja toda é iluminada. Contudo, aqui surge um problema: o protestantismo não nos deu uma igreja adequada.
Como resultado, aonde quer que fossem a doutrina da justificação pela fé e a Bíblia aberta, uma igreja estatal era estabelecida.
A seita Luterana tornou-se a igreja estatal de muitos países. Mais tarde, na Inglaterra, a igreja Anglicana veio a existir, a qual é também uma igreja estatal.
Começando com Roma, a natureza da igreja mudou. E na época da justificação pela fé e do retorno à Bíblia aberta, as igrejas protestantes ainda tinham visto o que deveria ser a igreja. Embora houvesse a justificação pela fé e a Bíblia aberta, as igrejas protestantes ainda seguiam o exemplo de Roma, e não retornaram a igreja do início. Durante a Reforma, o problema da igreja não foi solucionado. Lutero não reformou a igreja.
O próprio Lutero disse que não deveríamos achar que "justificação pela fé" fosse suficiente; há muito mais coisas a serem mudadas. Contudo, as pessoas nas igrejas protestantes pararam exatamente aqui. Lutero não parou, mas eles pararam e disseram que estava suficientemente bom. Embora tivessem voltado à fé do início, a própria igreja permaneceu sem mudanças. Outrora era a igreja internacional de Roma; agora ela mudou para igreja estatal da Inglaterra, ou igreja estatal da Alemanha – e isso é tudo.
A Reforma não trouxe a igreja de volta à condição inicial; ela apenas fez com que a igreja do mundo se tornasse as igrejas estatais. Tiatira é condenada por colocar a igreja no mundo; da mesma forma, Sardes é condenada por colocar a igreja nos países.
O Senhor lamente e diz (v.1b):"tens nome de que vives, e estás morto".
A Reforma foi viva, mas havia ainda muitas coisas mortas.
Mais tarde, muitos dissidentes desenvolveram-se, tal como a Igreja Presbiteriana, entre outras. Aqui vemos que, por um lado, há a Igreja Católica Romana, por outro, há as igrejas protestantes. Entre as igrejas protestantes, paralelamente às estabelecidas de acordo com os países, há também igrejas instituídas de acordo com diferentes opiniões e doutrinas. Os dissidentes são aqueles que não tomam o país como limite, e, sim, a doutrina.
Portanto, há dois tipos de igrejas protestantes: as estatais e as privadas. Hoje, vemos na Alemanha e na Inglaterra a união do Estado com a igreja. Roma tem a igreja do mundo, enquanto a Inglaterra, a Alemanha etc., têm a igreja estatal.
Os reis e os chefes de Estado não deveriam ouvir o papa; contudo, eles querem que os outros os ouçam. Em política, eles querem ser os reis; na religião, eles também querem ser os reis. Como resultado, as igrejas estatais vieram à existência.
As pessoas nunca levantaram a questão: como deve ser a igreja de acordo com a Bíblia?
Eles não se voltaram para a Bíblia para ver se é adequado ter igrejas estatais. Mais tarde, as igrejas privadas também vieram a existir. O estabelecimento de igrejas privadas foi devido à exaltação de certa doutrina; então elas se separaram daquelas que não tinham a mesma doutrina.
A Igreja Batista foi estabelecida porque alguém viu o batismo; a Igreja Presbiteriana foi estabelecida porque alguém viu o sistema de presbíteros na igreja – a igreja foi estabelecida não porque alguém viu o que a igreja é; em lugar disso, a igreja foi estabelecida de acordo com um sistema. O Senhor diz que estes dois tipos de igrejas protestantes – estatal e privada – não voltaram ao propósito inicial. Esta afirmação é significativa demais.
Lemos no (v.2), o Senhor dizer: "Sê vigilante, e consolida o resto que estava para morrer".
Isso se refere à justificação pela fé e à Bíblia aberta e à vida que se recebe de ambos. Em toda a história de Sardes, estas coisas estão à beira da morte; assim o Senhor diz: "Fortalece as coisas que estão para morrer" (v.2).
Hoje, nas igrejas protestantes, embora a Bíblia já esteja aberta, os regulamentos dos homens ainda têm força; portanto, o Senhor diz: "Não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus" (v.2b).
Portanto, o Senhor está dizendo: "Até mesmo o que você já tem não é perfeito. Algumas das suas coisas não são perfeitas; elas não têm sido perfeitas desde o princípio". "Lembra-te, pois de como tens recebido e ouvido, guarda-o, arrepende-te." (v.3)
A história das igrejas protestantes terminou desta maneira? Não!
A história das igrejas protestantes é uma história de reavivamentos. Quando Lutero começou, quantos foram salvos, reavivados e grandemente restaurados! Uma característica das igrejas protestantes é a "restauração". Você não sabe até que ponto o Espírito Santo trabalhará.
Lutero reformou alguma coisa; então a Igreja Luterana apareceu.
A verdade do presbitério foi vista; então a Igreja Presbiteriana foi organizada.
Wesley apareceu; então, a Igreja Metodista foi estabelecida. Hoje no mundo, há ainda muitas igrejas menores.
No ano de 1914, já havia mais de 1500 igrejas. Graças ao Senhor, Sardes frequentemente abençoada por Deus.
Mas uma vez que haja a bênção do Senhor, os homens organizam algo para conter a bênção. Embora a bênção do Senhor ainda esteja ali, a esfera permanece somente daquele tamanho.
As igrejas protestantes são como uma taça. No início do reavivamento, onde quer que haja água viva, as pessoas irão; onde quer que o Espírito de Deus esteja movendo-se, as pessoas irão naquela direção. Como resultado, os homens usaram a taça na esperança de preservar a água viva sem perda. A vantagem de se agir assim é que isso preserva a graça, e a desvantagem é que é apenas uma taça de bênção. Na primeira geração a taça estava cheia. Na segunda geração, a taça estava apenas pela metade, e começou a nebulosidade. Na terceira ou quinta geração a água se foi e restou apenas uma taça vazia.
Então começaram a contender com outras denominações sobre de quem era a melhor taça, apesar de todas as taças serem imprestáveis para beber. Qual foi o resultado? Deus reagiu de novo, e apareceu outra Sardes.
Toda a história de reavivamento é assim.
Quando a graça de Deus vem, os homens imediatamente levantam uma organização para preservá-la. Como resultado, a organização permanece, mas o conteúdo se vai. Todavia, a taça não pode ser quebrada; há sempre os que são zelosos em manter a taça continuamente.
Aqui há um princípio: os estudiosos de Wesley nunca podem ser iguais a Wesley nem os estudiosos de Calvino podem igualar-se a Calvino. As escolas de profetas raramente produzem profetas – todos os grandes profetas foram escolhidos por Deus no deserto. O Espírito de Deus desce sobre quem Ele quer.
Ele é o Cabeça da igreja, não nós. Os homens sempre acham que a água viva é valiosa e tentam guardá-la pela organização, mas ela sempre diminui gradualmente por meio das gerações até secar completamente. Após secar, o Senhor nos dá novamente água viva no deserto.
Por um lado, há reavivamento – Por outro, este deve ser reprovado diante do Senhor, porque nunca retornou ao princípio. As igrejas protestantes têm continuamente reavivamentos, mas o Senhor diz que elas não são perfeitas, elas não retornaram ao princípio. Você deve lembrar-se do que havia no princípio. O problema não é como você recebe e escuta agora; o problema é como você recebeu e ouviu no princípio.
Em Atos 2, muitos foram salvos, e o Senhor diz que eles permaneciam unânimes na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Devemos notar que eles permaneciam na doutrina e na comunhão dos apóstolos.
A comunhão de Cristo é a comunhão dos apóstolos, a doutrina de Cristo é a doutrina dos apóstolos. Deus somente considera a comunhão dos apóstolos como comunhão; Ele considera apenas a doutrina dos apóstolos como doutrina. Não podemos inventar uma comunhão nem podemos inventar uma doutrina.
O erro de Tiatira foi que ela manufaturou, fabricou seu próprio ensinamento, uma vez que Jezabel estava lá. Deus não quer que inventemos; Ele apenas quer que obedeçamos o que já recebamos dEle.
No século vinte qualquer coisa pode ser inventada, mas não, a doutrina. No Espírito Santo podemos falar sobre descobertas, mas quanto à doutrina não pode haver qualquer invenção. Você deve examinar o que tem recebido, o que tem ouvido, e guardar e arrepender-se.
No (v.3b), o Senhor diz: "Virei sobre ti como um ladrão, e não saberás à que hora sobre ti virei" (VCR).
"Vir" é vir descendo. "Em cima" ou "sobre" em grego é "epi"; desse modo, a frase significa: "eu descerei ao seu lado, e não virei sobre você, mas separado de você".
A vinda do ladrão é uma vinda de "epi".
Estamos aqui, e ele espreita-nos ao nosso lado. O modo de escrever do Senhor é muito sábio. Você pode traduzir assim: "virei e passarei por você, contudo você não saberá."
"Virei como um ladrão"; não haverá outro recurso. Eles precisam acordar do sono da morte. O Senhor virá como ladrão; será uma vinda inesperada e indesejada. A Sua vinda para os Seus não será assim.
Estes desejam a Sua chegada (Apocalipse 22:20), mas sobre o mundo Ele virá como ladrão (1 Tessalonicenses 5:2).
As pessoas na igreja em Sardo eram do mundo, embora professando ser de Deus; tinham nome de que viviam, mas estavam mortas. Professavam ser cristãos, mas sofreriam a condenação do mundo. O ladrão não vem para roubar coisas sem valor; ele sempre rouba o melhor. O Senhor também roubará o melhor da terra. O melhor está em Suas mãos, não fora Dele.
Estamos na casa: um será arrebatado, e outro será deixado. Por isso o Senhor diz que se você não vigiar, Ele virá e passará por você como um ladrão. Muitos dos filhos do Senhor sentem que o Senhor Jesus estará voltando em breve. O dia está aproximando-se. Devemos ser preciosos o suficiente para sermos "roubados" pelo Senhor!
No (v.4), o Senhor diz: "Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas ["nomes" - lit] que não contaminaram as suas vestiduras, e andarão de brando junto comigo, pois são dignas".
Lemos que Jacó levou setenta almas para o Egito (Êxodo 1:5). Comumente as Escrituras dizem muitos homens, muitas almas. Mas o Senhor diz aqui que há poucos nomes; o Senhor presta atenção especial ao nosso nome. Ele diz: "Mas tens em Sardes uns poucos nomes que não contaminaram suas vestiduras."
Estas vestiduras são nossos atos de justiça. Quando permanecemos diante de Deus, vestimos Cristo, pois Cristo é nossa veste branca. Contudo, aqui não estamos diante de Deus, mas diante de Cristo, diante do Tribunal de Cristo (Romanos 14:10).
Portanto, aqui não vestimos Cristo, mas é o que temos em Apocalipse 19:8: "E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos."
A palavra justiça em grego está no plural. Há uns poucos nomes que não contaminaram as suas vestes; isso quer dizer que seu comportamento é limpo. Eles andarão com o Senhor, pois eles são dignos.
O Senhor finaliza dizendo (v.5): "O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos."
Esta afirmação do texto deve ser entendida no contexto da carta. A maioria em Sardo tinha nome de que vivia, mas, na realidade, os seus nomes não estavam no livro da vida. Eles se consideravam possuidores da vida eterna; seus vizinhos, que nada professavam, também os consideravam como cristãos, mas era apenas um nome que não correspondia à realidade.
O remanescente fiel, porém, estava numa situação diferente; seus nomes estavam no livro da vida e ficariam eternamente naquele livro.
A questão aqui não é se o nome está registrado, mas se o nome será confessado. Aqueles que o Senhor confessa participarão de algo. Todos os nomes dos salvos estão registrados no livro da vida. O problema aqui não é de vida eterna na eternidade, mas tem um alcança de que parte terá no reinar com o Senhor.
Paulo menciona várias vezes o Reino vindouro no qual o Senhor Jesus, na condição de Filho do Homem glorificado, tomará posse de Sua herança após um justo juízo, para daí reinar por mil anos em justiça e paz. Os crentes, os que formam a Sua Igreja, são Seus co-herdeiros e também reinarão com Ele.
(Efésios 1:10-11; Apocalipse 20:5-6).
É possível que no presente tempo da Igreja e da rejeição do Rei a porção dos seus seguidores seja sofrimentos e tribulações, e que deles se requeira perseverança, mas de modo algum lhes toca agora a parte de reinar.
Porém, este tempo logo findará, e então virá o tempo em que todos os seus, que hoje são convocados a perseverar, reinarão com Ele.
Aos tessalonicenses, em comparação, apesar de serem ainda novos na fé, puderam ser dirigidas palavras de conforto. Eles foram lembrados ter sido o próprio Deus quem os chamou para o Seu Reino e glória (1 Tessalonicenses 2:12), e que os sofrimentos que vinham padecendo da parte dos inimigos do Evangelho eram a prova de que foram considerados dignos do Reino de Deus (2 Tessalonicenses 1:5).
A alegre esperança na qual vivia o próprio Paulo não contemplava apenas o arrebatamento, mas também a aparição do Senhor Jesus em glória para tomar posse de Seu Reino (veja 2 Timóteo 4:1,8).
Quando chegar esse momento, nós também entraremos na posse de nossa herança com o Senhor Jesus (Efésios 1:11,18).
Trata-se da herança que cabe ao Senhor Jesus como o Filho do Homem glorificado, mas a qual nós, por graça, poderemos partilhar com Ele. Quando se fez homem, Ele Se humilhou a Si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Pela Sua morte ele conquistou como homem o direito sobre a Sua criação, e, ao mesmo tempo do domínio sobre ela.
(Filipenses 2:5-11; SI 8:4-6).
Este poder Ele partilhará conosco, os seus santos. Virá o dia em que apareceremos como ele, glorificados, para tomar posse desse domínio (2 Tessalonicenses 1:5-10; João 17:22).
80. (6ª) A igreja de Filadélfia Profeticamente
Em Apocalipse 3:7-13, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Filadélfia.
Filadélfia, é antiga cidade grega, hoje em território turco sob o nome de Alaşehir (Manisa, Turquia).
A cidade de Filadélfia foi fundada pelo rei Attalus, que também foi cognominado Filadelfos, devido à sua lealdade a seu irmão.
Antes de entremos em Filadélfia, vamos resumir o que passou nas cinco igrejas anteriores:
- 1º) A primeira parte representa a igreja na era dos apóstolos. Embora "Éfeso" seja uma igreja que tenha enfraquecido, ela ainda está na mesma linha reta, uma vez que o senhor reconheceu a igreja de Éfeso como continuação da igreja apostólica.
- 2ª) Então veio "Esmirna", que também continuou na mesma linha. Esmirna é realmente uma igreja sofrida. Não há louvor nem censura para ela.
- 3ª) Depois de Esmirna, algo ocorreu quando apareceu "Pérgamo". Ela continuou a seguir fielmente a doutrina dos apóstolos, mas se uniu ao mundo e iniciou uma curva descendente. Ela sucedeu a igreja em Esmirna, mas não continuou a seguir fielmente o princípio dos apóstolos.
- 4ª) Uma vez que Pérgamo fez uma curva, "Tiatira" seguiu seus passos. Ela tomou a mesma linha de Pérgamo, mas não a mesma dos apóstolos.
- 5ª) "Sardes" saiu de Tiatira, e ela também regrediu. Tiatira e Sardes continuarão até a volta do Senhor.
- 6ª) Filadélfia é a igreja que retorna à ortodoxia dos apóstolos, ou seja, em Filadélfia vemos o retorno a aquela condição de cumprimento absoluto com todas as decisões, preceitos e doutrina dos apóstolos, de modo rigoroso e rígido.
Filadélfia também fez uma curva, desta vez, de volta à posição inicial da Bíblia.
A virada de restauração começou com Sardes e foi completada com Filadélfia.
Agora a igreja está de novo na mesma linha reta que a era dos apóstolos. Filadélfia saiu de Sardes. Ela nem é a Igreja Católica Romana, nem as igrejas protestantes, mas continua a igreja da era dos apóstolos.
Entre as sete igrejas, cinco são repreendidas e duas não.
As duas não repreendidas são Esmirna e Filadélfia.
O Senhor aprova somente essas duas. É realmente notório que as palavras faladas pelo Senhor a Filadélfia são muito parecidas com as que foram faladas a Esmirna.
- a) O problema de Esmirna era o judaísmo, e em Filadélfia também havia o judaísmo.
- b) À igreja em Esmirna o Senhor diz: "Para serdes postos à prova", enquanto para a igreja em Filadélfia o Senhor diz: "Eu te guardarei da hora da provação que há-de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra".
- c) O Senhor também fala às duas igrejas com relação à coroa. Para Esmirna Ele diz: "Dar-te-ei a coroa da vida", enquanto para Filadélfia Ele diz: "Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa".
As duas igrejas têm estes dois pontos semelhantes para mostrar que elas estão na mesma linha, isto é, na linha da doutrina da igreja apostólica.
A igreja em Sardes foi uma restauração, mas não completa – foi uma restauração que não foi bem-feita. Mas Filadélfia restaurou até o ponto de satisfazer o desejo do Senhor. A igreja em Filadélfia não só não é censurada como também louvada. A linha reta que desenhamos é a linha dos escolhidos. Sabemos, evidentemente, que aquela que o Senhor escolheu foi a Filadélfia.
Filadélfia continua a doutrina dos apóstolos. Ela recuperou Esmirna. Portanto, as palavras do Senhor a ela são para guardar e obedecer.
A virada de Pérgamo e Tiatira foi tão grande que quando Sardes apareceu, embora agisse extraordinariamente bem, não recobrou a perfeição. Embora se voltasse em direção à restauração, ela não conseguiu atingir o alvo. Filadélfia é uma restauração completa. Precisamos ver isso claramente.
Filadélfia, em grego, é composta de duas palavras: o significado de uma é amar um ao outro, e o significado da outra é irmão. Assim, Filadélfia significa amor fraternal. Amor fraternal é a profecia do Senhor.
Sacrifício é a característica principal de Tiatira e é cumprido na Igreja Católica Romana.
Restauração é a característica de Sardes e é cumprida nas igrejas protestantes.
Agora, o Senhor diz-nos que há uma igreja que está completamente restaurada e é por Ele louvada.
Os que leem a Bíblia, levantarão a questão:
"Quem é ela na atualidade?
Onde podemos encontrá-la na história?"
Já encontramos o comportamento dos nicolaítas e do ensinamento dos nicolaítas nas igrejas em Éfeso e em Pérgamo.
Além disso, sabemos que eles representam uma casta de sacerdotes. Entre os israelitas, os levitas podem ser os sacerdotes e o restante não pode. Mas na igreja todos os filhos de Deus são sacerdotes.
Em 1 Pedro 2 e Apocalipse 5: 9,10 nos dizem claramente que todos os comprados com o sangue são sacerdotes.
Todavia, os nicolaítas criaram o emprego de sacerdotes. O laicato (crentes comuns) deve ir ao mundo ter uma ocupação e executar negócios seculares. Os sacerdotes estão acima do laicato e encarregam-se dos negócios espirituais. Os judeus têm o judaísmo, e os nicolaítas desenvolveram o comportamento, tornando-o ensinamento. Veja a classe dos padres. Eles podem encarregar-se dos assuntos espirituais, enquanto outros cuidam dos assuntos seculares. A imposição de mãos é assunto deles; somente eles podem abençoar. Se tenho de indagar sobre certo assunto, eu mesmo não posso perguntar a Deus, antes devo pedir-lhes que perguntem a Deus por mim. Na época de Sardes a situação melhorou. O sistema dos padres foi abolido, mas o sistema clerical surgiu para tomar seu lugar.
Nas igrejas protestantes, há as rigorosíssimas igrejas estatais, e há também as igrejas privadas dispersas. Contudo, quer seja na igreja do estado ou na igreja privada, a existência da classe mediadora é sempre vista. A primeira tem o sistema clerical, enquanto a última, o sistema pastoral. Em relação a esse sistema de classe sacerdotal, quer sejam chamados de padres, de clérigos ou de pastores, é algo rejeitado pelo Senhor. As igrejas protestantes são uma mudança de forma na continuação do ensinamento nicolaíta de Pérgamo. Embora nas igrejas protestantes ninguém seja chamado de padre, todavia os clérigos e os pastores são exatamente iguais em princípio. Mesmo se mudarmos o nome deles e chamá-los obreiros, enquanto permanecerem na mesma posição, eles têm o mesmo sabor.
As Escrituras mostram que todos os salvos são sacerdotes. Mas agora há uma controvérsia entre Deus e os homens. Desde que Deus diga que cada um na igreja está qualificado para ser sacerdote, por que os homens dizem que a autoridade espiritual está unicamente nas mãos de uma classe mediadora, tal como a dos padres?
Todos os redimidos com o sangue precioso são sacerdotes. Por que o Senhor não repreendeu Filadélfia, mas antes louvou-a?
Lembre-se de que o início da classe mediadora foi em Pérgamo e a prática foi em Roma. Eles têm o papa que exerce domínio sobre eles, têm os altos oficiais do Vaticano (a igreja-palácio) etc.
Mas o Senhor diz: "Vós todos sois irmãos." (Mateus 20:25; 23:8)
É verdade que na Bíblia há pastores, ele não é o chefe da igreja, mas é um dom dado por Cristo a estes homem e na Bíblia não tem o sistema de pastores.
Além disso, a palavra pastor é uma tradução; no texto original significa guardador de gado. Você pode chamá-lo de guardador de ovelhas ou de guardador de gados. O Senhor diz: "Vocês não devem ter mestres entre vocês, e não devem ter padres".
Mas vejam como a Igreja Católica Romana chama padres de "padre", e as igrejas protestantes chamam os pastores de "pastor".
No século dezenove realizou-se um grande reavivamento que aboliu a classe mediadora. Após Sardes, uma grande restauração aconteceu: na igreja os irmãos amavam uns aos outros e a classe mediadora foi abolida. Esta é Filadélfia.
Em 1825, em Dublin, capital da Irlanda, houve muitos crentes cujo coração foi movido por Deus para amar todos os filhos do Senhor, não importando em qual denominação estivessem. Este tipo de amor não foi frustrado pelos muros da denominação. Eles começaram a ver que a palavra de Deus diz que há apenas um Corpo de Cristo, não obstante, em quantas seitas os homens possam dividi-lo. Eles continuaram lendo as Escrituras e viram que o sistema de um homem administrando a igreja e de um homem pregando não é bíblico. Então eles começaram a reunir-se cada domingo para partir o pão e orar.
O ano de 1825 foi – após mais de mil anos de Igreja Católica Romana e várias centenas de anos de igreja protestante – a primeira vez em que houve um retorno à adoração simples, livre e espiritual conforme as Escrituras. No início eram duas pessoas; mais tarde, quatro ou cinco.
Esses crentes, aos olhos do mundo, eram inferiores e desconhecidos. Mas eles tinham o Senhor no meio deles e a consolação do Espírito Santo.
Eles permaneceram sobre a base de duas claras verdades:
1º) A igreja é o Corpo de Cristo e que este Corpo é apenas um.
2º)No Novo Testamento não havia sistema clerical.
Portanto, todos os ministros da palavra estabelecidos pelos homens não são bíblicos. Eles acreditavam que todos os verdadeiros crentes são membros deste único Corpo.
Recebiam calorosamente todos os que vinham para seu meio, não importando a que denominação pertencessem. Não tinham preconceitos contra qualquer seita. Eles criam que todos os verdadeiros crentes têm a função de sacerdote; portanto todos podem entrar livremente no santo dos Santos.
Eles também acreditavam que pelo Senhor, diversos dons eram dados à igreja para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do Corpo de Cristo.
Portanto, eles foram capazes de renunciar aos dois pecados do sistema clerical – oferecer sacrifício e pregar a Palavra.
Estes princípios capacitaram-nos a dar boas-vindas a todos os que estão em Cristo como seus irmãos e a estarem abertos a todos os ministros da Palavra ordenados pelo Espírito Santo para servir.
Durante essa época, havia um clérigo na Igreja Anglicana, chamado John Nelson Darby, que estava muito insatisfeito com a posição de sua própria igreja, acreditando que ela não era bíblica. Ele também se reunia frequentemente com os irmãos, embora nessa época ele ainda usasse as vestes do clero e fosse um clérigo da Igreja Anglicana. Ele era um homem de Deus, um homem de grande poder e um homem disposto a sofrer. Ele também era um homem espiritual que conhecia a Deus e a Bíblia, e julgava a carne.
Em 1827 ele, oficialmente, deixou a Igreja Anglicana, tirou o uniforme de clérigo e tornou-se um simples irmão, reunindo-se com os irmãos. Originalmente o que os irmãos viram e compreenderam, era um tanto limitado, mas quando Darby oficialmente juntou-se a eles, a luz do céu verteu como uma torrente.
Em muitos aspectos a obra de Darby foi parecida com a de Wesley, mas suas atitudes em relação à Igreja Anglicana foram totalmente diferentes.
No século anterior, Wesley sentiu que não poderia ter paz deixando a igreja estatal; um século mais tarde, Darby sentiu que não poderia ter paz continuando na Igreja Anglicana. Mas quanto ao zelo, à sinceridade e à fidelidade, eles foram muito parecidos em muitos aspectos.
Foi neste mesmo ano que John G. Bellett também compareceu as reuniões. Ele também era um homem extraordinariamente profundo e espiritual. Essas reuniões, que eram simples, contudo bíblicas, comoveram-no profundamente.
A respeito da condição nessa época, ele disse:
"Um irmão acabou de dizer-me que lhe ficou óbvio nas Escrituras que os crentes reunindo-se juntos como discípulos de Cristo, eram livres para partir o pão juntos, como Seu Senhor os advertira; e que, até onde a prática dos apóstolos pode ser um guia, todo domingo deve ser separado para assim lembrar a morte do Senhor e obedecer o que Ele exigiu ao partir."
Foi assim que os irmãos gradativamente prosseguiam, recebiam revelação e viam a luz.
Depois de um ano, em 1828, Darby publicou um livrete chamado: "A Natureza e a Unidade da Igreja de Cristo".
Este livreto foi o primeiro entre milhares de livros publicados pelos irmãos. Neste livro Darby declara claramente que os irmãos não tinham intenção de fundar uma nova denominação ou união de igrejas.
Ele disse: "Em primeiro lugar, não é uma união formal dos grupos publicamente conhecidos que é desejável; realmente é surpreendente que os protestantes ponderados possam desejá-la: longe de estar fazendo o bem, creio que seria impossível que tal corpo fosse pelo menos reconhecido como a igreja de Deus. Seria uma cópia da unidade da Católica Romana; perderíamos a vida da igreja e o poder da Palavra, e a unidade da vida espiritual seria totalmente eliminada (...) A unidade verdadeira é a unidade do Espírito, e ela deve ser trabalhada pelo operar do Espírito (...) Nenhuma reunião, que não concebe incluir todos os filhos de Deus na base completa do reino do Filho de Deus, consegue encontrar a plenitude da bênção, porque ele não a contempla – porque a sua fé não a inclui (...) Onde dois ou três estão reunidos em Seu nome, Seu nome é lembrado ali para bênção (...)"
"Além do mais, unidade é a glória da igreja; mas a unidade para assegurar e promover nossos próprios interesses, não é a unidade da igreja, mas uma confederação e negação da natureza e esperança da igreja. A unidade, que é da igreja, é a unidade do Espírito e somente pode estar nas coisas do Espírito; e, portanto, só pode ser aperfeiçoada nas pessoas espirituais."
"Mas que deve fazer o povo do Senhor? Deixe-os esperar no Senhor, e esperar de acordo com o ensinamento do Seu Espírito, e em conformidade à imagem, pela vida do Espírito, do Seu Filho. Deixe-os seguir seu caminho pelas suas pegadas do rebanho, se quiserem saber aonde o bom pastor alimenta Seu rebanho ao meio-dia."
Em outro lugar disse Darby:
"Porque a nossa mesa é a mesa do Senhor, não a nossa, recebemos todos os que Deus recebe, todos os pobres pecadores fugindo para o Senhor como refúgio, não descansando em si mesmos, mas somente em Cristo."
Foi neste mesmo tempo que Deus operou simultaneamente na Guiana Inglesa e na Itália, levantando o mesmo tipo de reuniões.
Em 1929 havia também reuniões na Arábia.
Em 1830, em Londres, Plymouth e Bristol, na Grã-Bretanha também havia reuniões. Mais tarde, muitos lugares nos Estados Unidos tinham reuniões, e no continente da Europa havia também muitas reuniões. Não muito depois, em quase todo o lugar do mundo, todos os que amavam o Senhor estavam se reunindo desta maneira. Embora não houvesse união exterior, contudo todos foram levantados pelo Senhor. Uma característica que marcou o aparecimento desses irmãos foi que aqueles que tinham títulos e domínio abandonaram seus títulos e domínios, os com posição abandonaram a posição, aqueles que tinham diplomas rejeitaram seus diplomas, e todos abandonaram qualquer classe ou posição mundanas na igreja e tornaram-se simplesmente os discípulos de Cristo e irmãos uns dos outros.
Exatamente como a palavra padre é largamente usada na Igreja Católica Romana e reverendo nas igrejas protestantes, assim a palavra irmãos é comumente usada no meio deles. Eles foram atraídos pelo Senhor e então reuniam-se ao Nome dEle; por causa do amor deles pelo Senhor, eles espontaneamente amavam uns aos outros.
Com o passar dos anos, entre estes irmãos, Deus deu muitos dons para Sua igreja. Além de John Nelson Darby e John G. Bellett, Deus também concedeu ministérios especiais para muitos irmãos para que Sua igreja pudesse ser suprida.
George Muller, que estabeleceu um orfanato, restaurou a questão de orar com fé. Durante sua vida ele recebeu 1.500.000 vezes respostas de orações.
C.H Mackintosh, que escreveu as notas sobre o Pentateuco, restaurou o conhecimento dos tipos, as prefigurações.
D.L. Moody disse que se todos os livros do mundo inteiro fossem queimados, ele ficaria satisfeito em ter apenas uma cópia da Bíblia e uma coleção de notas C.H. Mackintosh sobre o Pentateuco.
James G. Deck deu-nos muitos bons hinos.
George Cutting restaurou a certeza da salvação. Seu livrete "Segurança, Certeza e Gozo da Salvação", teve trinta milhões de cópias vendidas em 1930; além da Bíblia este foi o livro mais vendido.
William Kelly foi expositor; ele foi descrito por C.H. Spurgeon como aquele que tinha a mente tão grande quanto o universo.
F.W. Grant foi o mais entendido sobre a Bíblia nos séculos dezenove e vinte.
Robert Anderson foi o homem que melhor conheceu o Livro de Daniel recentemente.
Charles Stanley foi quem melhor levou as pessoas à salvação pregando a justiça de Deus.
S.P. Tregelles foi o famoso filologista do Novo Testamento.
A história da igreja por Andrew Miller foi a mais bíblica entre as muitas histórias da igreja.
R.C. Chapman foi um homem grandemente usado pelo Senhor.
Estes foram os irmãos daquela época. Além desses, se fôssemos contar minuciosamente outros entre os irmãos, o número de todos os que foram muito usados pelo Senhor ultrapassaria a mil.
Agora veremos o que esses irmãos nos deram: eles nos mostraram quanto o sangue do Senhor satisfaz a justiça de Deus; a certeza da salvação; como o mais fraco crente pode ser aceito em Cristo, assim como Cristo foi aceito, e como crer na Palavra de Deus como base da salvação. Desde que começou a história da igreja, nunca houve um período em que o evangelho tenha sido mais claro do que naquela época. Além disso, também foram eles que nos mostraram que a igreja não pode ganhar o mundo inteiro, que a igreja tem um chamamento celestial e que a igreja não tem esperança terrena. Foram eles também que abriram as profecias pela primeira vez, fazendo-nos ver que a volta do Senhor é a esperança da igreja. Foram eles que abriram o livro de Apocalipse e o livro de Daniel e mostraram-nos o reino, a tribulação, o arrebatamento e a noiva. Sem eles conheceríamos uma pequena porcentagem das coisas futuras. Foram eles também que nos mostraram o que é lei do pecado, o que é ser liberto, o que é ser crucificado com Cristo, o que é ser ressuscitado com Cristo, como ser identificado com o Senhor pela fé e como ser transformado diariamente por contemplar o Senhor. Eles nos mostraram o pecado das denominações, a unidade do Corpo de Cristo e a unidade do Espírito Santo.
Na Igreja Católica Romana e nas igrejas protestantes, esta diferença não é facilmente vista, mas eles fizeram-nos vê-la de maneira nova.
Eles também nos mostraram o pecado da classe mediadora, mostraram que todos os filhos de Deus são sacerdotes e que todos podem servir a Deus. Foram eles que restauraram o princípio de reuniões de 1 Coríntios 14, expondo-nos que profetizar não é tarefa de um homem, mas de dois ou três, e que profetizar não está baseado em ordenação, mas no Espírito Santo. Se fôssemos enumerar tudo o que eles restauraram, poderíamos muito bem dizer que nas genuínas igrejas protestantes de hoje não há se quer uma verdade que não tenha sido restaurada por eles ou que não tenham sido eles quem as restauraram ainda mais.
Não é de admirar-se que D.M. Paton tenha dito: "O movimento dos irmãos e seu significado é muito maior que o da Reforma". Thomas Griffith disse: "Entre os filhos de Deus, eles foram os mais qualificados para corretamente dividir a palavra da verdade".
Henry Ironside disse: "Quer sejam os que conheceram os irmãos, quer sejam os que não conheceram os irmãos, todos os que conhecem a Deus têm recebido ajuda dele direta ou indiretamente".
Filadélfia nos dá aquilo que a Reforma não nos deu. Agradecemos ao Senhor que o problema da igreja foi solucionado pelo movimento dos irmãos. A posição dos filhos de Deus foi, por ele, praticamente restaurada. Portanto, tanto em qualidade como em quantidade ela é maior que a Reforma.
Por outro lado, notamos que o movimento dos irmãos não é tão famoso quanto a Reforma. A Reforma foi realizada com espada e lança, enquanto o movimento dos irmãos foi realizado pela pregação. Por causa da Reforma muitos perderam a vida nas guerras da Europa.
Outra razão pela qual a Reforma é famosa foi seu relacionamento com a política. Muitas nações, por meio da Reforma, livraram-se politicamente do poder de Roma. Qualquer coisa que não seja relacionada à política não é facilmente conhecida pelos homens. Além disso, os irmãos viram duas coisas: uma, é o que chamamos de mundo organizado, isto é, o mundo psicológico, e a outra é que os irmãos chamaram de mundo do cristianismo. Eles deixaram não apenas o mundo psicológico, mas também, ao mesmo tempo, o mundo do cristianismo, que é representado pelas igrejas protestantes, pois eles não apenas saíram do mundo do pecado, mas também do mundo do cristianismo.
A partir da época deles os homens conheceram o que é a igreja, que a igreja é o Corpo de Cristo, que os filhos de Deus são uma igreja e que não deveriam estar divididos. A ênfase deles era nos irmãos e no verdadeiro amor de uns pelos outros. O Senhor Jesus diz que uma igreja aparecerá cujo nome é Filadélfia.
O Senhor se dirige a esta igreja dizendo (v.7a): "Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve".
Filadélfia é amor fraternal. Por que o Senhor louva Filadélfia? Ele diz que ela é amor fraternal; assim, a posição mediadora foi completamente anulada.
Em Cristo não há homem nem mulher, em Cristo não há irmãs. Somos irmãos, não irmãs. Então, as irmãs perguntarão: "Quem somos nós? Somos todos irmãos. Por que somos irmãos? Porque todos temos a vida de Cristo. Hoje há muitos homens no mundo, mas eles não são nossos irmãos. Um homem é um irmão, não porque é um homem, mas porque há nele a vida de Cristo. Desde que eu também tenha a vida de Cristo em mim, somos irmãos.
Quando ressuscitou e estava para ascender aos céus, o Senhor disse: "Subo para meu Pai e vosso Pai" (João 20:17).
Em João 20, Ele é o Filho primogênito. E é o Filho unigênito de Deus; em João 1.
Em João 1 Deus o tem como único Filho; em João 20 Sua vida foi dada aos homens; por isso, Ele é o Filho primogênito e todos nós somos irmãos. Pela morte e ressurreição o Filho unigênito de Deus tornou-se o Filho primogênito. Podemos ser irmãos porque recebemos a sua vida. Porque todos temos recebido a vida de Cristo, somos todos irmãos. Um homem é um irmão porque recebeu a vida de Cristo; uma mulher é um irmão porque também ela recebeu a vida de Cristo. Ambos, homens e mulheres, todos receberam a mesma vida; então, todos são irmãos. Todas as epístolas foram escritas aos irmãos, não às irmãs. Individualmente falando, há irmãs, mas em Cristo há somente irmãos. Por causa desta vida todos nos tornamos filhos de Deus. Todos os "filhos" e "filhas" do Novo Testamento deveriam ser traduzidos como "filhos". Além da menção em 2 Coríntios 6:18, Deus não tem filhos e filhas. Em Cristo todos estão na posição de irmãos.
Quando somos salvas, trazido a Igreja, o Corpo de Cristo, não há oficiais nem alta sociedade. Na igreja todos são irmãos. Quando nossos olhos forem abertos pelo Senhor, veremos que estar acima dos outros é uma glória no mundo, mas na igreja não há tal distinção. Paulo diz que em Cristo não há grego, nem judeu, escravo nem livre, homem ou mulher.
A igreja posiciona-se não na distinção, mas no amor fraternal.
Sabemos que Bíblia dá ensinamentos sobre o papel do homem e da mulher na assembleia local, mas isto na desfaz o que já foi dito, todos somos irmãos, todos somos servos do Senhor e um dos outros. Os papais dados pelo Senhor aos homens e mulheres para servirem-se mutuamente, e desta forma servem ao Senhor.
Seja os anciãos, os mestres, os pastores, os evangelistas, os diáconos e etc., todos somos irmãos em Cristo com deferentes serviços ou ministérios; servindo ao Senhor e desta forma, servimos aos irmãos.
Vemos que o (v.7b), é igual a outras passagens nas quais o Senhor mencionou Seu próprio nome; aqui Ele diz: "Estas coisas, diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fechará, e que fecha e ninguém abrirá."
Santidade é Sua vida; Ele próprio é santidade. Ele é a verdade diante de Deus; Ele é a realidade de Deus, e a realidade de Deus é Cristo. Sua mão segura a chave.
Aqui, devemos destacar um fato: Quando Sardes se levantou para testemunhar pelo Senhor, havia os dominadores deste mundo que a ajudaram a travar a batalha. A luta prosseguiu no continente da Europa por muitos anos e depois na Grã-Bretanha por muitos anos.
Mas, e o movimento dos irmãos? Não havia poder humano por trás deles para sustentá-los.
Então, que poderiam eles fazer? O Senhor diz que Ele segura a chave de Davi, que significa autoridade. (A Bíblia chama Davi de rei.)
Não se trata de força dos braços nem de propaganda, mas é uma questão de abrir a porta. Houve certo editor jornalístico na Grã-Bretanha que disse: "Eu nunca pensei que houvesse tantos irmãos e nunca entendi como esse povo cresceu tão rápido". Viajando por todo o mundo você descobrirá que em cada lugar há muitos irmãos. Embora entre eles alguns conheçam as doutrinas profundamente e alguns superficialmente, a posição dos irmãos ainda é a mesma. Ao vermos isso, precisamos agradecer ao Senhor. O Senhor diz que Ele é Aquele que "abre e ninguém fechará, e que fecha e ninguém abrirá."
No (v.8a), o Senhor diz: "Conheço as tuas obras (...) que tens pouca força".
Quando chegamos neste ponto, nossos pensamentos espontaneamente retornam ao tempo da volta de Zorobabel, sobre quem certo profeta disse: "Pois que despreza o dia dos humildes começos" (Zacarias 4:10).
Não despreze o dia das pequenas coisas, isto é, o dia da edificação do templo. Nas Escrituras, há uma grande prefiguração da igreja – o templo. Quando Davi reinava, o povo de Deus era unido. Mais tarde, eles se dividiram em reino de Judá e reino de Israel. Os filhos de Deus começaram a dividir-se e, ao mesmo tempo, começaram a idolatria e a prostituição. Como resultado, foram capturados e levados para a Babilônia. Todos reconhecem que o cativeiro na Babilônia tipifica Tiatira, a Igreja Católica Romana.
Desde que a Bíblia faz da Babilônia um símbolo de Roma, então também a igreja tem um cativeiro babilônico. Que fez o povo de Deus quando retornou do seu cativeiro?
Eles voltaram debilmente, grupo por grupo, e edificaram o templo. Parece que eles tipificaram o movimento dos irmãos. Havia muitos judeus, os mais velhos, que viram o templo antigo; agora eles viam com os próprios olhos o estabelecimento do fundamento do templo e choravam em alta voz, porque o templo era inferior em glória se comparado com aquele templo de Salomão. Contudo, Deus falou por intermédio do profeta menor, dizendo; "Não despreze o dia das pequenas coisas, porque este é o dia da restauração".
Aqui, o Senhor diz as mesmas palavras: "tens pouca força". O testemunho da igreja hoje no mundo, comparado com os dias de Pentecostes, é realmente o dia das pequenas coisas.
No (v.8b), o Senhor diz: "Guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome".
O Senhor o reconhece por duas coisas: não negar o nome do Senhor e não negar a Sua Palavra. Na história da igreja, nunca houve uma era na qual os homens conheceram tanto a Palavra de Deus quanto os irmãos. A luz era como a chuva de uma grande enchente impetuosa.
Desde do ano 1825, os irmãos diziam que somente seriam chamados cristãos. Se alguém perguntasse quem eram eles, eles diriam: "Eu sou cristão". Mas se alguém perguntar a um membro da Igreja Metodista, ele dirá: "Eu sou metodista"; se encontrar alguém da Igreja dos Amigos, ele dirá: "Eu pertenço à Igreja dos Amigos"; alguém da Igreja Luterana dirá: "Eu sou luterano"; alguém da Igreja Batista vai dizer: "Eu sou batista".
Além de Cristo, os homens ainda usam muitos nomes pelos quais se autodenominam. Mas os filhos de Deus têm um único nome pelo qual chamam a si mesmos.
Para Filadélfia o Senhor diz: "Não negastes o meu Nome". Se o meu sentimento está correto, todos os outros nomes são uma vergonha para Ele. Esta palavra "negaste" é a mesma palavra usada para referir-se à negação de Pedro ao Senhor. Que tipo de cristão sou eu? Eu sou um cristão.
Não quero ser chamado por outro nome. Muitos não querem honrar o nome de Cristo e não estão dispostos a serem chamados apenas cristãos. Mas, graças a Deus, a profecia de Filadélfia foi cumprida nos irmãos. Eles não mais têm qualquer outro nome característico. Eles são irmãos; eles não são "A igreja dos Irmãos".
No (v.8a), o Senhor diz: "Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar".
O Senhor fala à igreja em Filadélfia sobre a porta aberta. Os homens frequentemente dizem que se você andar de acordo com as Escrituras, a porta logo será fechada.
Mas aqui, na verdade, há uma promessa: "Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar".
No tocante aos irmãos, isto é um fato. No mundo todo, seja ao expor a Bíblia ou ao pregar o evangelho, nenhum outro grupo de pessoas teve as oportunidades que eles tiveram.
Fosse na Europa, América ou África, era sempre a mesma coisa. Não há necessidade de sustento humano, de anúncio, propaganda ou contribuições; eles sempre têm muitas oportunidades para trabalhar, e a porta para trabalhar ainda está aberta.
No (v.9), o Senhor diz: "Eis farei que alguns da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus, e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos pés, e conhecer que te amei".
Já vimos pelo menos quatro coisas as quais têm feito o cristianismo tornar-se judaísmo: (1) os sacerdotes mediadores, (2) a lei de letras, (3) o templo material e as (4) promessas terrenas.
Que diz o Senhor? "Eis que farei vir e prostrar-se aos teus pés".
O judaísmo é destruído nas mãos dos irmãos. Em todo lugar, no mundo inteiro há tal movimento. Onde eles estão o judaísmo é derrotado. Entre os que hoje realmente conhecem a Deus, a principal força do judaísmo tornou-se algo do passado.
A expressão: "Porque guardaste a palavra da minha perseverança" (v.10a), está relacionado com "companheiros na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus", em Apocalipse 1:9.
Perseverança aqui é usada como um substantivo. Hoje é tempo de perseverança de Cristo. Hoje o Senhor encontra muitos que escarnecem Dele, mas Ele é perseverante.
Um dia o julgamento virá, mas hoje Ele é perseverante. Sua palavra hoje é a palavra da perseverança. Aqui Ele não tem reputação, Ele é uma pessoa humilde, ainda um nazareno, ainda o filho do carpinteiro. Quando seguimos o Senhor, Ele diz: "Guarda a palavra da minha perseverança".
O Senhor diz mais (v.10b): "Também eu te guardarei da hora da provação que há-de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra".
Se digo que o guardarei da hora, isto significa que antes daquela hora você acabou de partir para estar no céu. Quando o mundo todo estiver sendo testado – se refere à grande tribulação - não enfrentaremos a tribulação. Antes que aquela hora chegue, já teremos sido arrebatados.
Na Bíblia, a promessa do arrebatamento é encontrado em várias passagens do Novo Testamento e ilustrado em Gênesis 5, na Transladação de Enoque para o céu, antes do dilúvio e o livramento de Noé com sua família, que também prefigura o remanescente Israel salvo no período da Tribulação e Grande Tribulação.
(Leia: João 14:1-3; 1 Coríntios 15:51-52; 1 Tessalonicenses 4:13-17)
O Senhor diz a Filadélfia (v.11): "Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa."
Aqui temos promessa e advertência:
1º) "Venho sem demora", portanto, esta igreja deve continuar até a volta do Senhor. Tiatira não passou, Sardes não passou e Filadélfia ainda não passou também.
2º) "Conserva o que tens", ou seja, a "Minha Palavra" e o "Meu nome". Não devemos esquecer a Palavra do Senhor e não devemos envergonhar o nome do Senhor.
3º) "Para que ninguém tome a tua coroa" - todos em Filadélfia já têm coroa. Nas outras igrejas há o problema de ganhar-se a coroa; aqui o problema é em perdê-la. O Senhor diz que já temos uma coroa. Em toda a Bíblia somente uma pessoa sabia que tinha a coroa: Paulo (2 Timóteo 4:8).
Assim também entre as igrejas, somente Filadélfia sabe que tem coroa. Não permita, agora, que nenhum homem tome sua coroa; não saia de Filadélfia, deixando sua posição. Aqui diz: "Conserva o que tens para que nenhum homem a tome".
Isso nos diz claramente que Filadélfia também corre um perigo em particular; de outra maneira, o Senhor não lhe teria dado tal advertência. Além disso, esse perigo é bastante real; essa é a razão, porque o Senhor lhes deu ordens de modo tão sério. Qual é o perigo que correm eles?
O perigo está em perder o que já conseguiram. Assim, o Senhor pede a eles para conservarem o que têm. O perigo não está em não progredirem; antes, está no retrocesso. Eles estão agradando o Senhor porque amam uns aos outros e são fiéis à Palavra do Senhor e o Seu nome. O perigo está em perder este amor e fidelidade. Que terrível!
O Senhor finaliza a carta dizendo (v.12): "Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome de meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte de meu Deus, e meu novo nome".
Durante a época de Filadélfia tem havido muitos casos de excomunhão de irmãos. Mas eles não podem mais ser excomungados; eles serão uma coluna no templo de Deus. Se a coluna é removida, o templo não permanece em pé.
Há três nomes gravados sobre o vencedor: (1) o nome de Deus, (2) o nome da Nova Jerusalém e (3) o novo nome do Senhor.
O plano eterno de Deus está cumprido. As pessoas em Filadélfia retornam ao Senhor e O satisfazem.
No (v.13), lemos: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas".
Lembre-se, Deus não manteve em segredo o desejo do Seu coração; Ele tem indicado muito claramente o caminho diante de nós.
81. (7ª) A igreja de Laodicéia Profeticamente
Em Apocalipse 3:14-22, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Laodicéia.
Laodicéia, era uma das mais prósperas cidades da Frígia durante a época romana.
Laodicéia era uma cidade muito rica e próspera, que ficava na estrada principal proveniente da costa. Tornou-se famosa principalmente pela qualidade da lã que vendia e também por causa de sua escola de Medicina, assim como pelos unguentos e colírios usados pelos seus médicos.
No quadro profético das outras igrejas, vemos a Igreja Católica Romana, as igrejas protestantes e o movimento dos irmãos. Entre esses, o que Deus escolheu foi o movimento dos irmãos (Filadélfia).
Tiatira falhou completamente. Embora Sardes fosse melhor do que Tiatira, contudo Deus ainda as reprovou. Somente Filadélfia não recebeu qualquer palavra de reprovação. A promessa do Senhor está em Filadélfia. Mas Filadélfia também tem um chamamento para os vencedores, se dependesse de nós, pararíamos em Filadélfia e não escreveríamos mais. Contudo, nessas igrejas o Senhor está profetizando a condição da Igreja; assim, é necessário darmos mais um passo para Laodicéia, com a qual todos estão mais familiarizados.
Se perguntasse: "Afinal, a qual igreja Laodicéia se refere?"
Muitos não conseguiriam responder, pois muitos dos filhos de Deus não têm clareza a respeito de Laodicéia. Alguns pretendem aprender lições dela, como indivíduos; muitos a consideram como se referindo a generalizada condição desoladora da igreja. Mas aqui o Senhor está falando de forma profética.
Laodicéia, assim como as outras igrejas, tem um significado especial em seu nome.
Este é composto de duas palavras: laos significando "leigos" (laicato ou povo comum), e "dicea", que pode ser traduzido para "costumes" ou "opiniões".
Estão, Laodicéia significa os "costumes dos leigos" ou as "opiniões do povo comum".
Aqui vemos muito evidentemente o significado – a igreja fracassou, pois voltou ao nível de acatar opiniões e costumes dos leigos.
Em Filadélfia o que vemos são irmãos e amor uns pelos outros. Mas o que vemos aqui são leigos, opiniões e costumes.
Temos de ter em mente que se os filhos de Deus não permanecerem na posição de Filadélfia, eles cairão e fracassarão, mas não retornarão a Sardes.
Uma vez que uma pessoa tenha visto a verdade dos irmãos, ela não voltará às igrejas protestantes, mesmo que queira. O resultado é que, uma vez que não seja capaz de permanecer firmemente em Filadélfia, ela retrocederá para tornar-se, como vemos aqui, Laodicéia.
O que saiu da Igreja Católica Romana é chamado de protestante; o que saiu das igrejas protestantes é chamado os irmãos, e o que saiu de Filadélfia é chamado Laodicéia.
Sardes provem de Tiatira, e Filadélfia provem de Sardes; do mesmo modo, Laodicéia sai da Filadélfia.
Muitos cometem um engano, isto é, sempre que veem certa igreja denominacional, cuja condição é errada, eles dizem que está em Laodicéia. Isso está errado. Uma igreja denominacional é Sardes, não Laodicéia.
As diferentes denominações são as igrejas protestantes. As denominações não estão qualificadas para tornar-se Laodicéia. Somente a fracassada Filadélfia pode tornar-se Laodicéia.
A condição de Laodicéia não é a condição de Sardes. Somente quem já provou a boa qualidade de Filadélfia agora está caído é Laodicéia. Aquela que realmente não tem muito é Sardes; aquela que não preserva as riquezas espirituais que estão no Espírito Santo torna-se Laodicéia.
Que tipo de queda é essa, então?
1ª) Começando por Éfeso, vemos anormalidade no meio da normalidade.
2ª) Em Tiatira não temos nada de reprimenda do Senhor.
3ª) Em Pérgamo, vemos o ensinamento de Balaão.
4ª) Em Tiatira, vemos Jezabel; portanto, a classe mediadora tem aqui sua raiz.
5ª) Sardes deu-nos uma Bíblia aberta, mas a própria Sardes, criou outra classe mediadora.
6ª) Em Filadélfia, vemos somente irmãos; a classe que domina o laicato já não existe. Todos voltaram à Palavra do Senhor para obedecer a ela e obedecer o que Espírito Santo tem falado por meio da Palavra. Mas um dia, por não permanecer nesta posição que recebem do Espírito Santo e por caírem da posição de irmãos para a de leigos, (7ª) Laodicéia apareceu.
Em Sardes, a autoridade está nas mãos do sistema pastoral. Em Filadélfia, a autoridade está nas mãos do Espírito Santo; o Espírito Santo exerce autoridade por meio da Palavra e do Nome, e todos são irmãos amando uns aos outros.
Agora, nem é o Espírito Santo exercendo a autoridade, nem o sistema pastoral, mas os leigos.
Que queremos dizer por leigos exercendo autoridade?
Queremos dizer o exercício da autoridade da maioria. A opinião da maioria é a opinião aceita; uma vez que a maioria esteja a favor, está tudo bem. Esta é Laodicéia.
Em outras palavras, não são os padres que dominam, nem os pastores e nem o Espírito Santo, mas é a opinião da maioria que conta. Aqui, não são irmãos, mas homens.
Laodicéia não se posiciona na posição de irmãos; antes, são homens que estão aqui concordando com a vontade da carne. Todos levantam a mão, e isto é tudo.
Devemos conhecer a vontade de Deus e examinar Filadélfia de acordo com a vontade de Deus.
Sempre que não existir amor fraternal, obediência à Palavra do Senhor e a direção do Espírito Santo, mas somente opiniões dos homens de acordo com a carne, então encontramos Laodicéia.
Aqui o Senhor fala de Si mesmo como (v.14), "o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus".
O Senhor é o Amém. Amém significa tudo bem; quer dizer assim seja. Então, Ele cumprirá tudo, e nada será em vão. O Senhor Jesus na terra estava testificando a obra de Deus. Entre os diversos seres e coisas criadas por Deus, o Senhor é o Cabeça.
O Senhor diz (v15): "Conheço as tuas obras, que nem és frio, nem quente. Quem dera fosse frio, ou quente! Assim, porque és morno, e nem és quente, nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca."
Sardes é viva no nome, mas morta em realidade; Laodicéia não é quente nem fria.
Para Éfeso o Senhor disse: "Moverei do seu lugar o teu candeeiro" (Apocalipse 2:5); para Laodicéia: "Estou a ponto de vomitar-te da minha boca".
O Senhor não os usará novamente; eles não são mais o amém. O problema é que eles não são nem frios, nem quentes. Estão cheios de conhecimento, contudo carentes de poder. Quando eram quentes, eles eram Filadélfia; mas agora estão mais frios do que antes. Uma vez que Filadélfia cai, se torna Laodicéia. Somente as pessoas de Filadélfia podem cair a tal ponto.
Lemos no (v.17a): "Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma."
Já mencionamos que o movimento dos irmãos é muito mais significativo que a Reforma. A Reforma não foi se não uma reforma de quantidade, enquanto o movimento dos irmãos foi uma reforma de qualidade, restaurando a essência original da igreja. Tal poder é realmente grandioso.
Mas, porque esses irmãos eram mais fortes do que os outros em conduta e em verdade, a ponto de até mesmo um cozinheiro entre eles saber mais que um missionário nas igrejas protestantes, eles tornaram-se orgulhosos.
"Vocês todos são incompetentes, só nós somos competentes", era a atitude deles.
Ninguém era competente nas igrejas protestantes.
O famoso Scofield foi até os irmãos para ser ensinado.
Gipsy Smith, muito conhecido, esteve no meio deles para obter benefícios, aprendendo suas doutrinas para pregar.
Todos os obreiros, estudiosos, pregadores e crentes receberam ajuda e luz deles.
Nem sabemos quantos mais receberam ajuda de seus livros. Muitos precisam reconhecer em seu coração que em todo o mundo, ninguém ensinou a Bíblia tão bem quanto os irmãos. Como resultado, alguns deles se tornaram orgulhosos.
A consequência mais evidente é que alguns se tornaram auto-satisfeitos. Alguns irmãos têm amor fraternal e buscam o bem dos outros, enquanto outros não têm nada além de conhecimento; então, foi inevitável que se tornassem auto-exaltados e presunçosos.
O Senhor mostrou-nos que uma Filadélfia orgulhosa é Laodicéia e Laodicéia é uma Filadélfia decaída. Consequentemente, em muitos lugares as reuniões deles tiveram problemas de comportamento e ensinamento. A característica principal de Laodicéia é o orgulho espiritual. O Senhor já cumpriu para nós o que diz respeito ao lado histórico.
Hoje, podemos encontrar Filadélfia e também Laodicéia. Ambas são bastante parecidas em sua posição como igreja. A diferença é que Filadélfia tem amor verdadeiro e obediência incondicional as Escrituras, enquanto Laodicéia tem orgulho.
Às vezes não há diferença na aparência exterior; a única diferença é que Laodicéia é uma Filadélfia orgulhosa.
Em uma ilha no Oceano Atlântico havia muitos irmãos. Certa vez houve um furacão que destruiu muitas casas, incluindo os lares e os locais de reunião dos irmãos. Em poucas horas, os irmãos de todo o mundo enviaram mais de duzentas mil libras esterlinas; tal assistência alcançou-os mais rapidamente do que a do governo. No seu meio há realmente amor fraternal, mas há também os que se tornam orgulhosos.
As igrejas protestantes não são qualificadas para tornar-se Laodicéia. A própria Sardes reconhece que não tem nada.
As falhas e fracas igrejas protestantes são Sardes, não Laodicéia. Somente Laodicéia tem a característica especial do orgulho espiritual.
As igrejas protestantes têm muitos pecados, mas orgulho espiritual não é seu pecado principal. Somente irmãos caídos diriam: "Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma". Somente a Filadélfia decaída pode tornar-se Laodicéia.
Quanto aos bens espirituais, Sardes sabe muito bem que não tem nada. Eles frequentemente dizem: "Nós não somos suficientemente zelosos, nossos membros zelosos se foram".
Fartura é condição de Filadélfia, enquanto vanglória de suas riquezas é a marca da distinta Laodicéia.
Lemos no (v.17b): "Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego, e nu."
O que eles dizem é realmente quase verdade: "Estou rico e tenho adquirido riquezas e não precioso de nada!" Na verdade, eles são maravilhosos diante de Deus. Eles têm motivo para gloriar-se. Mas é melhor deixar que os outros sintam isso não nós mesmos; deixe que os outros saibam disso, não nós. É realmente bom se outros falarem; mas nós falarmos, não é bom. Não devemos orgulhar-nos de coisas espirituais.
Se forem coisas mundanas e você se orgulhar de suas riquezas, o dinheiro não desaparece nem a quantia diminui; mas quanto às coisas espirituais, uma vez que você se orgulha delas, elas se desvanecem. Quando uma pessoa diz que é forte, então aquela força se vai. A face de Moisés brilhava, contudo, ele próprio não tinha consciência disso. Todo aquele que sabe que sua face está brilhando perderá o brilho dela. Se você não sabe que está crescendo, você é abençoado. Há muitos que não têm muita clareza sobre sua própria condição, mas, na verdade, não têm nada. Se você tem autoridade espiritual, tudo bem, mas se você sabe que tem autoridade espiritual, isso não está bem.
Os de Laodicéia estão bons demais na avaliação de si mesmos; eles têm demais. Como resultado, aos olhos de Deus, eles são cegos, pobres e nus. Essa é a razão por que devemos aprender uma lição. Laodicéia está clara demais a respeito de suas riquezas. Desejamos crescer, contudo, não queremos nós mesmos saber disso.
O Senhor diz: "Tu és (...) miserável". A palavra miserável aqui é mesmo que a palavra (NVI) usada por Paulo em Romanos 7.
O que o Senhor diz aqui é: "Você é como Paulo em Romanos 7 – do lado espiritual, é infeliz, confuso, você não é nem uma coisa, nem outra, e aos olhos do Senhor você é miserável."
Nas palavras seguintes, o Senhor aponta três razões para mostrar por que eles são infelizes e miseráveis: eles são pobres, são cegos e são nus.
No (v.18), o Senhor dá a solução para todos estes problemas em Laodicéia:
1ª) Sobre a pobreza o Senhor diz: "Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres". Embora eles sejam ricos em doutrinas, contudo o Senhor os vê como sendo pobres. Eles precisam ter a fé viva; do contrário, a Palavra de Deus é inútil para eles. O fracasso e a fraqueza deles devem-se ao fato de que sua fé se foi.
Pedro diz que o ouro provado pelo fogo é fé em provação (1 Pedro 1:7).
Nos dias em que a Palavra ministrada é pobre, você deve orar. Quando a Palavra aumenta, você precisa misturar a fé com a palavra que tem ouvido. Você deve passar por todo tipo de provação para que as palavras que tem ouvido sejam úteis de maneira prática. Assim, você precisa comprar ouro provado pelo fogo. Você deve aprender a confiar, mesmo em tribulação; então você será realmente rico.
2ª) Além disso, o Senhor diz: "Vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez". Mencionamos antes que as vestiduras brancas se referem ao comportamento. A vestidura branca aqui é a mesma veste branca mencionada em diversos outros lugares em Apocalipse. O propósito de Deus é que eles não tenham contaminação, assim como a veste é branca. Deus os quer andando continuamente diante Dele. É impossível estar nu diante de Deus. No Antigo Testamento, nenhum homem poderia aproximar-se de Deus a não ser vestido. Quando os sacerdotes iam ao altar, a sua nudez não deveria estar descoberta.
2 Coríntios 5:3 diz-nos: "Se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus."
Mas nesta passagem a questão não é estar vestido ou não, mas se a veste é branca ou não.
O Senhor Jesus diz: "Quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão" (Mateus 10:42).
Esta é a veste branca. Podemos tratar os outros festivamente, contudo isso pode não ser "branco". Se fazemos isso apenas com o objetivo de manter a glória do nosso grupo, isso não será válido; se procede ainda de um motivo ainda mais mesquinho do que esse, menos válido será. Não é limpo o suficiente. O Senhor deseja que tenhamos um propósito e um motivo limpo ao trabalharmos para Ele. Há muitas atividades e muitos motivos que, uma vez que os tocamos, sentimos haver ali muitas impurezas; eles não são brancos.
"A fim de que não seja manifesta a vergonha de tua nudez", de maneira que, quando você anda diante de Deus, você não seja uma vergonha.
3º) "Colírio para ungires teus olhos, a fim de que vejas". Aqui se diz colírio, não comprimidos. Comprar colírio para ungir seus olhos é ter a revelação do Espírito Santo. Devemos ter a revelação do Espírito Santo, então seremos considerados como quem vê. Conhecer muitas doutrinas, pelo contrário, pode resultar em decréscimo da revelação do Espírito Santo. Muitas vezes, a doutrina é a transmissão do pensamento de um para o outro; contudo, os olhos espirituais não veem. Muitas pessoas estão andando na luz dos outros. Muitos irmãos maduros falam de certa maneira, então, você fala daquela maneira também. Alguns dizem: "Fulano me falou"; se não houvesse fulano para falar-lhe, não saberiam o que fazer. Recebemos doutrina do ensinamento dos homens, não do Senhor Jesus. O Senhor Jesus diz aqui que isso não funcionará; você precisa ter a revelação do Espírito Santo.
Não posso escrever uma carta a um amigo, pedindo-lhe que ouça o evangelho por mim, para que eu possa ser salvo. Igualmente, qualquer coisa recebida das mãos humanas está esgotada quando chega a nós; não tem nada que ver com Deus. De acordo com a Bíblia, isto é cegueira. A não ser que toquemos no Espírito Santo, não é quando ouvimos; muitas vezes é somente um aumento de doutrina, um aumento de conhecimento, porém sem nada ver de Deus. Assim, precisamos aprender uma coisa diante de Deus – temos de comprar colírio. Somente ver por nós mesmos é realmente ver. Ver é a base daquilo que já foi ganho e é a base para ver de novo.
No (v.19), o Senhor diz: "Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te".
As palavras faladas anteriormente são repreensões. Mas o Senhor nos mostra que nos repreende e disciplina desta maneira porque nos ama. Portanto, sejamos zelosos.
Que devemos fazer? Arrepender-nos.
Antes de tudo, devemos arrepender-nos. Arrependimento não é apenas uma questão individual; a igreja também deve arrepender-se.
O Senhor diz (v.20): "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo".
Há muitas coisas nesta declaração. Que tipo de porta é esta? Muitos usam esse versículo para pregar o evangelho.
Pode-se tomar emprestado esse versículo para pregar o evangelho; pode-se emprestar esse versículo aos pecadores; mas não deve ser tomado emprestado por muito tempo sem devolvê-lo.
Esse versículo é para os filhos de Deus e sem dúvida vale também para o que pensam ser filhos de Deus, se examinarem.
O versículo não se refere ao Senhor batendo na porta do coração de um pecador não salvo; esta porta é a do coração da igreja.
Porque porta, aqui, está no singular, o Senhor está referindo-se à igreja. É realmente estranho que, sendo o Senhor o Cabeça da igreja, ou, podemos dizer, a origem da igreja, contudo Ele está do lado de fora da porta da igreja!
"Eis que estou à porta"!
Isto é realmente uma coisa horrível e lamentável. Se o Senhor está do lado de fora da porta da igreja, que tipo de igreja é esta?
O Senhor diz aqui: "Eis!" O Senhor diz isto para toda a igreja.
A porta é a porta do coração da igreja.
"Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta" Estas duas palavras – "se alguém" – mostram-nos que o abrir da porta é uma questão individual. Na Bíblia há duas linhas em relação à verdade: uma é a linha do Espírito Santo, e a outra é a linha de Cristo; uma é subjetiva e a outra objetiva; uma refere-se à experiência, e a outra a fé.
Se alguém dá muita atenção à verdade objetiva, então vamos vê-lo escalando nuvens e cavalgando nevoeiros, o que é impraticável. Se ele constantemente permanece do lado subjetivo, preocupando-se excessivamente com a obra interior do Espírito Santo, então olhará continuamente para seu interior e tornar-se-á insatisfeito. Qualquer um que esteja buscando o Senhor deve ser equilibrado por ambos os lados da verdade.
Um mostra-me que sou perfeito em Cristo, e outro mostra-me que o operar interior do Espírito Santo faz com que eu me torne perfeito.
O maior fracasso de alguns irmãos foi sua excessiva ênfase com a verdade objetiva e negligência com a verdade subjetiva.
Filadélfia fracassou e tornou-se Laodicéia. O fracasso dela deveu-se ao excesso da verdade objetiva. Isto não quer dizer que não há nada da obra interior do Espírito Santo, mas no geral, há muito do aspecto objetivo e pouco demais do subjetivo.
Se você abrir a porta, Eu, Cristo entrarei.
Isso significa que o objetivo se torna o subjetivo; isto é, Ele transformará tudo o que você tem de objetivo em subjetivo.
Em João 15, vemos o Senhor falando sobre ambos os aspectos. Ele diz: "Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós". "Cearei com ele e ele comigo."
O Senhor diz aqui: "Se você abrir a porta, Eu cearei com você". Isso é comunhão e também alegria.
Então temos uma íntima comunhão com o Senhor, bem como a alegria que brota de tal comunhão.
O Senhor finaliza dizendo (v.21): "Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono."
Dentre as promessas dadas aos vencedores nas sete igrejas, muitos dizem ser esta a melhor. Embora alguns gostem das outras promessas aos vencedores, muitos têm dito que a promessa do Senhor a Laodicéia excede a todas.
Anteriormente nas promessas aos vencedores o Senhor não disse nada sobre Si mesmo. Mas aqui o Senhor diz: "Se vencer, você ceará Comigo. Passei por todos os tipos de vitórias; por isso, estou assentado no trono com meu Pai. Você também deve vencer, assim poderá sentar Comigo em Meu trono".
O vencedor aqui tem uma promessa extraordinariamente elevada. Por quê? Porque, então, a igreja findará. O vencedor está aguardando pela vinda do Senhor Jesus.
82. Os Seminários Teológicos de hoje, são continuação das Escolas dos Profetas?
A Bíblia não fala literalmente em uma "Escola de Profetas", mas ela mostra que havia tal coisa.
"Vendo-o, pois, (os filhos dos profetas) que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra." 2 Reis 2.15
Aqui os filhos dos profetas não são literalmente filhos biológicos dos profetas Elias e Eliseu, mas sim seus alunos.
Em 2 Reis 2.25, Eliseu voltou pelo caminho que Elias havia percorrido e visitou as (escolas de profetas) em Jerico e Betel antes de se dirigir ao monte Carmelo e a Samaria.
Lemos uma história em 2 Reis 6, onde havia uma casa em que eles se reuniam, e talvez alguns morassem ali, e o objetivo era para estudar a Bíblia e receber instruções dos profetas levantados por Deus.
"E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos, diante da tua face, nos é estreito." 2 Reis 6.1
Estes homens, do "grupo dos profetas" do Velho Testamento, se reunia ao redor de pessoas importantes como Samuel, Elias e Eliseu.
A escola dos profetas, ao que tudo indica, teria sido o primeiro estudo bíblico dos tempos do Antigo Testamento. Essa escola teria sido organizada por Samuel, que acumulou o ministério de profeta, sacerdote e Juiz. (1 Samuel 10.5; 19.20).
Elias e Eliseu foram os responsáveis pela consolidação da escola dos profetas, a contribuição deles fez com que essa escola funcionasse como resistência à apostasia que havia-se estabelecido no reino do norte. (2 Reis 2.3; 4.38; 6.1).
A escola dos profetas estava fundamentada no ensinamento bíblico, por isso, as instruções eram tanto morais quanto espirituais. Não era uma escola apenas para dotar os alunos com conhecimento, mas, sobretudo, para que esses tivessem uma profunda experiência com Deus. Os filhos dos profetas não aprendiam apenas conteúdo bíblico, eles também eram inseridos no sobrenatural, nos milagres de Deus.
A escola dos profetas foi estabelecida em Ramá, e provavelmente, em Gibeá. (1 Samuel 19.20; 10.5,10).
Centros de estudos também estavam espalhados em Gilgal, Betel e Jericó. (2 Reis 2.3,5,7,15; 4.1, 38; 9.1).
Cerca de cem estudantes faziam parte da escola dos profetas comandada por Eliseu em Gilgal. (2 Reis 4.38,42,43).
Quando Elias e Eliseu foram ao rio Jordão, encontrava-se com eles cinquenta estudantes da escola dos profetas. (2 Reis 2.7,16,17).
O estilo de vida deles era em comunidade, em uma casa comum, na companhia dos profetas. (2 Reis 6.1).
Alguns deles eram casados e tinham filhos (2 Reis 4.1), e acompanhavam os homens de Deus, por isso eram chamados de filhos dos profetas.
A escola dos profetas dava também aos estudantes uma formação musical, a fim de que pudessem oferecer ao Senhor música de qualidade para a adoração a Deus (1 Samuel 10.5).
Em nossos dias, alguns tentam usar isto para apoiar a música nas "igrejas", e também os seminários teológicos espalhados por todo o mundo, mas isto não é sustentação bíblica suficiente para ser seguido pelas igrejas do Novo Testamento.
Primeiro, porque a Igreja não é continuação de Israel. Nem tudo que Israel fazia e praticava é ensinado pelos apóstolos como prática das igrejas.
Segundo, durante os 30 anos de história do livro dos Atos dos Apóstolos, nunca vimos o uso de instrumentos musicais nas igrejas, nem tão pouco reuniões de ensino, separados da igreja local, para formação de uma classe distinta dos demais crentes.
O que temos em Atos20, Paulo de Mileto chamando os anciãos de Éfeso para uma conversa de despedida, não pode ser usado para sustentar as Faculdades Bíblicas e os Seminários Teológicos criados pelo sistema da Cristandade.
Terceiro, os seminários de hoje formam, o pastor, o padre, o bispo, para ser o chefe de uma "igreja" e nunca vimos tal ensino nas igrejas do Novo Testamento, pois quem deveria levantar e prepara estes homens, é o Espírito Santo, e sempre são em pluralidade e não um só homem dirigindo uma igreja ou várias igrejas.
Quarto, são nas reuniões da igreja local que os crentes recebem instruções e não algo fora dela.
Em uma conferência em determinado dia, ou em vários dias, por exemplo, estão aí juntos, irmãos e irmãs de várias igrejas locais para estudar a Bíblia, mas isto é totalmente diferente das Faculdades Bíblicas e os Seminários Teológicos que são direcionados para apenas alguns seletos homens ou mulheres, e que sempre tem a intenção de formar líderes religiosos.
Precisamos destacar em nossos dias, quando tanta ênfase é colocada na obtenção de qualificações acadêmicas, que para a obra de Deus é necessário um chamado e uma aptidão de Deus. Não são as Faculdades Bíblicas e os Seminários Teológicos, mas o dom que é soberanamente concedido.
O "cristianismo primitivo" era puro e simples. Os primeiros cristãos eram pessoas que dentre os judeus e gentios haviam-se convertido ao Senhor Jesus Cristo. Logo que criam eram batizados, e reuniam regulamente ao Nome do Senhor Jesus para adorá-lo, e edificarem-se mutuamente.
Onde o evangelho era pregado pelos apóstolos, e outros pregadores, havia conversões, e estes que se convertiam em cada cidade, formavam uma igreja local. Ou seja, um grupo de redimidos que reuniam ao nome do Senhor ali naquela localidade. Cada igreja era autônoma, sendo governada diretamente pelo Seu Cabeça no céu que é o Senhor Jesus Cristo.
Eles observavam a celebração da ceia do Senhor no primeiro dia da semana, em memória ao Senhor Jesus. Cooperavam com a obra missionária com suas ofertadas voluntárias, que eram uma das muitas formas de demonstrar sua adoração e louvor ao Senhor que os resgatou na cruz do Calvário. Eram dirigidos pelo Espírito Santo, que os conduzia através das doutrinas dos apóstolos que ficou registrado para nós hoje no Novo Testamento. E era este mesmo Espírito Santo quem levantava no meio de cada igreja local presbíteros (anciãos), para serem modelos, e pastorearem cada igreja local.
Cada igreja local tinha uma pluralidade de presbíteros (anciãos) que o Senhor usava para cooperar, com Ele no governo da igreja local.
Basta você estudar o livro de Atos dos Apóstolos, que irá observar que cada um destes princípios, eram observado e praticado pelos primeiros cristãos.
Não é, e nunca foi, e nunca será a vontade de Deus que na sua igreja redimida, e lavada pelo seu sangue de Cristo, haja esta distinção de clero e leigos. O clericalismo é uma heresia de destruição, um ataque de Satanás, para destruir a pureza e simplicidade do povo de Deus.
Nos nossos dias, tem muitos que chegaram a liderança das suas respectivas denominações pelo diploma ganho ou pago em alguma Faculdade Bíblica, ou Seminário Teológico, e alguns se auto proclamam homens consagrados, e superpoderosos que podem realizar curas, milagres, expulsar demônios quebrar maldições e etc.
Portanto, temos ai uma hierarquia, e no topo estão, o "papa", "bispo supremo", "apóstolo", "pastor presidente", ou seja, cada denominação tem o seu chefe supremo. Logo abaixo vêm os subordinados, aí também varia conforme a denominação, "cardeais", "bispos", "pastores regionais".
Depois vêm ainda os "padres", "pastores locais", então têm os "presbíteros", "diáconos" chamados também de "obreiros" e por último os leigos, que são literalmente os sem conhecimento, ignorantes, indoutos.
Mas talvez você esteja pensando, isto é forma de governo, o que tem de mais?
Bem, eu já ouvi muitas pessoas quando questionados a respeito desta heresia perniciosa, darem este tipo de desculpa. Mas há uma diferença muito grande entre governo da igreja a luz do Novo Testamento, e a distinção de clero e leigo praticado no cristianismo professo.
O Senhor Jesus Cristo, em Mateus 23.8, está dizendo claramente que não podemos chamar alguém de nosso "mestre", pois um só é o nosso Mestre. Que no caso é Ele. E todos nós, somos irmãos. Cada um de nós somos membros desta grande família que Deus está formando através da sua bendita graça mediante a Obra Redentora do Senhor Jesus Cristo.
Esta palavra "mestre", usado pelo Senhor aqui, era muito usada pelos fariseus, onde eles se julgavam mais sábios que os demais israelitas, pois haviam estudado nas melhores faculdades teológicas dos seus tempos, algo semelhante aos títulos de "pastores", "reverendos", "teólogos", "bispos", "apóstolos", "missionários" de nossos dias.
Se todos nós, somos irmãos segundo o que o próprio Senhor Jesus Cristo disse, porque devemos colocar alguns em destaques, por que estudaram em alguma faculdade ou seminário teológico?
Por que fazermos um pedestal para que estas pessoas sejam idolatradas?
Pois elas são pecadoras como nós, e para elas serem salvas, tiveram que se arrepender e receber a Cristo pela fé, assim como nós tivemos que fazer.
Aliás, ostentar estes títulos, não resolve nada para a eternidade, se uma pessoa ainda não foi genuinamente salva, nunca se converteu ao Senhor Jesus Cristo, ela ira com este título, diploma, ordenação e tudo que tem, diretamente para o inferno.
E sinceramente, muitas destas pessoas que ostentam estes títulos, estão perdidas; pois apesar do título, e do respeito que eles adquiriram dos seus adeptos religiosos, ainda não são salvos, ainda não nasceram de novo, ainda não creram verdadeiramente no Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
E para agravar o problema, pior do que ter um irmão em Cristo ostentando estes títulos eclesiásticos sem base escriturística, é ter um mero professo fazendo o mesmo, pois este está enganado quanto sua situação eterna, enganando os outros, e enganando a si mesmo.
Mas alguém pode ainda argumentar que a palavra de Deus ensina que o Senhor Jesus mesmo é quem deu "...uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores, e mestres". (Efésios 4. 11).
Neste caso, este versículo está apenas concordando com o que estamos tentando dizer até agora, é o Espírito Santos que prepara e dá estes homens para as igrejas e eles são vistos em pluralidade, e nunca lemos deles nos tempos do Novo Testamento sendo o chefe da igreja, criando o sistema dos clérigos e leigos que vemos na Cristandade de nossos dias.
83. Que significa, nossa justiça deve (exceder) a dos escribas e fariseus?
A palavra "Exceder", no grego (perisseuo), aparece 34 vezes no Novo Testamento.
Ela é traduzida por, aumentar, sobejar, abundar, etc.
A primeira ocorrência desta palavra no grego está em Mateus 5:20 e a última em 1 Tessalonicenses 4:10.
Esta palavra tem o sentido de exceder em número fixo previsto, ter a mais e acima de um certo número ou medida. Portanto, este exceder segue uma linha já estabelecida e segue este caminho sempre em frente no aumento daquilo que foi proposto.
O salvo segue e cresce na vida cristão, não seguindo tradições mortas, mas a vida eterna que recebeu e nisto ele abunda; abunda como uma flor, florescendo de um botão até abrir completamente.
Portanto, aqui temos vida em crescimento excedente e em abundância.
Tratemos de 4 passagens:
(Mateus 5:20; Romanos 15:13; 1 Tessalonicenses 4:9,10; Gálatas 1:13,14)
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não (exceder) a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Mateus 5:20)
A fim de ganhar a entrada no reino, nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus (que estavam satisfeitos com as cerimônias religiosas que lhes proporcionavam um ritual de limpeza externa, mas que nunca mudara seus corações). Jesus usa uma hipérbole (exagero) para ensinar a verdade de que a justiça externa sem a realidade interna não ganhará acesso ao reino. A única justiça que Deus aceitará é a perfeição que ele impõe aos que aceitam seu Filho como Salvador (2 Coríntios 5:21).
É óbvio que onde houver verdadeira fé em Cristo haverá também uma justiça prática que Jesus descreve no decorrer do sermão.
"Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que (abundeis) em esperança pela virtude do Espírito Santo." (Romanos 15:13)
Os treze primeiros versículos deste capítulo, Paulo mostram que o princípio é: Não viva para agradar a si mesmo. Viva para agradar ao próximo no que é bom para a edificação dele.
Haviam surgido tensões entre os convertidos do judaísmo e os convertidos do paganismo, de modo que Paulo roga, aqui, por relações harmoniosas entre esses cristãos judeus e gentios.
"Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros; porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a macedônia. Exortamos-vos, porém, a que ainda nisto (aumenteis) cada vez mais." (1 Tessalonicenses 4:9,10)
Assim como o pecado é a palavra-chave do paganismo, o amor é a palavra-chave do cristianismo. Paulo diz que não há necessidade de escrever aos tessalonicenses acerca dessa virtude, pois eles já haviam sido por Deus, instruídos a amar uns aos outros. Eles aprenderam por instinto divino e pelos ensinamentos de mestres cristãos.
Os crentes de Tessalônica distinguiam-se pelo fato de amar todos os crentes da Macedônia. Para todo o sempre, essa característica dos tessalonicenses ficou gravada na memória da Igreja, por causa desse elogio ao seu comportamento pleno de amor.
Mas, o carinho ou o amor fraternal não pode ser desenvolvido de um só golpe. É preciso uma prática contínua, por isso Paulo exorta os crentes a progredirem cada vez mais no amor.
Por que será que o amor aos irmãos é tão importante?
Porque onde há amor também há união, e onde há união também há bênçãos vindas do Senhor.
O amor nunca vai compactuar com o erro, mas trabalhará para converter do erro do seu caminho um pecador (crente), e desta forma salvará da morte (física) uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados. Ele é um crente que ama seu irmão desviado, portanto ele cobre seus pecados, ele não sai espalhando para todos os erros de seu irmão. (Tiago 5:20)
"Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação (excedia) em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais." (Gálatas 1:13,14)
Esta palavra (excedia ou avantajar), no grego (prokopto), não é a mesma palavra que vimos até aqui (perisseuo).
E é interessante observar como o Espirito Santo escolhe palavras exatas para transmitir sua mensagem, pois no grego esta palavra tem o sentido de estirar ou aumentar pelo martelar, como um ferreiro forja metais. Portanto, é um amento forçado, sem vida; não é algo produzido espontâneo, autêntico e natural.
Assim é todo aumento e toda formalidade encontrada na esfera da grande Cristandade.
A religião judaica se tornou um ritual formal, sem a vida de Deus, e Paulo está dizendo que era nisto que ele excedia a outros. Ele exigia de si uma rigorosa conduta nos atos religiosos, de forma que todos podiam admirar o seu zelo. Mas era somente o homem exigindo do homem.
Pedro (1 Pedro 1:18-19), nos diz que a salvação é o começo para todo pecador religioso ou não, se libertar deste suposto crescimento vazio, pois como um balão, tem muito volume, mas por dentro somente ar.
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado." (1 Pedro 1:18,19)
Tenho que destacar que, este versículo (Gálatas 1:14) no seu contexto, faz parte de seis argumentos que o apóstolo Paulo apresenta em defesa da sua mensagem e de seu ministério.
Aqui neste versículo, Paulo está mostrando que o fato de não incluir a lei judaica no seu evangelho não seria resultado de ignorância da sua parte em relação ao judaísmo.
Por nascimento e educação, estava bem fundado na lei.
Tornou-se notório perseguidor da igreja por escolha própria. Paulo, no zelo feroz pelas tradições de seus pais, ultrapassou muitos judeus da sua idade. Por isso, seu evangelho de salvação pela fé sem a lei de forma alguma podia ser atribuído à ignorância da lei.
Então por que ele omitiu a Lei na sua pregação?
Por que seu evangelho se opunha ao ambiente em que foi criado, às suas inclinações naturais e à sua formação religiosa?
Simplesmente porque não procedeu do seu pensamento. Foi-lhe dado diretamente por Deus. Os primeiros poucos anos do seu ministério foram conduzidos independentemente dos outros apóstolos. Paulo agora demonstra sua independência dos demais homens em relação ao seu evangelho, por ele recebeu suas revelações (mistérios) do próprio Senhor Jesus.
84. A adoração cristã, difere do Antigo Testamento?
A discussão do Senhor sobre a adoração com a mulher de Samaria em João 4 fornece uma visão significativa da distinção entre a adoração cristã e a adoração judaica divinamente instituída e suas rivais.
O Senhor disse a mulher Samaritana: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:23-24).
Em vez de resolver diretamente o debate secular entre judeus e samaritanos, o Senhor revela que uma nova era começou, o que torna redundante a questão do "lugar certo".
Cada religião mundial tem seus lugares sagrados, com histórias e reivindicações espirituais associadas. O verdadeiro cristianismo nunca teve a intenção de ser baseado nesse tipo de espiritualidade.
O "lugar certo" foi substituído pela "pessoa certa" e os rituais certos foram substituídos pelo relacionamento certo. Isso teria sido revolucionário tanto para os judeus quanto para os samaritanos naquela época, e não é deve ser diferente para os adoradores de ídolos pagãos espalhados pelo mundo.
Qualquer um que realmente teme a Deus está, nessa medida, adorando a Deus ao reconhecer Sua grandeza e caráter. No entanto, esta passagem revela que a adoração aceitável deve ser uma resposta à plena revelação e salvação de Deus dada a nós em Seu Filho. Os verdadeiros adoradores agora são aceitáveis a Deus por meio de Cristo. Portanto, os cristãos (seja de origem judaica, samaritana ou gentia) são agora Seu templo vivo e Seus sacerdotes santos e reais (1 Pedro 2:4-10).
Jeová (o Eu Sou, o Eterno) é Seu nome único revelado no Antigo Testamento, usado mais de 6.000 vezes.
"Pai" é a característica inconfundível da revelação do Novo Testamento. O Senhor Jesus falou tão abertamente sobre Seu relacionamento como Filho com o Pai, e claramente identificou isso como o novo relacionamento ao qual Ele traria Seus discípulos. Estamos conscientes de conhecer a Deus neste precioso relacionamento – quão amados e cuidados, quão próximos do Eterno estamos!
Deus havia prometido uma nova aliança na qual Ele escreveria Sua lei no coração de Seu povo, capacitando-os a adorá-Lo verdadeiramente e a servi-Lo obedientemente.
Cerimônias rituais de limpeza e sacrifícios físicos exigidos são substituídos por devoção espiritual e comunhão de coração a coração, mente a mente, espírito a espírito. Isso é possível por causa de um novo nascimento no qual somos reconectados ao Deus vivo como filhos.
Os judeus afirmavam ter a verdade nas Escrituras confiada a eles. O Senhor Jesus nunca negou essa realidade, mas afirmou ser este o objetivo dEle no mundo e era Ele que o realizava (João 5:39-47).
No entanto, a plena revelação de Deus no Filho e por meio dele transcende e substitui tudo o que antes era tido como verdade! Toda verdade é derivada dEle e deriva seu significado de sua relação com Ele mesmo. Essa ênfase é também uma correção da mistura samaritana de verdade e erro, da qual eles devem se arrepender e deixar para trás. A verdadeira adoração ao Pai não poderia ser amalgamada com seu sistema de crença e prática. As divisões são dissolvidas em Cristo, mas nós estamos unidos Nele. Quando arrastamos algo do velho sistema conosco, reintroduzimos a divisão e o erro.
E é o que a cristandade tem feito por todo o lado.
O Senhor falou que "Deus é Espírito", portanto o relacionamento é espiritual, e não um Local Físico.
Esta frase final reforça a necessidade, bem como a conveniência, de "adorar em espírito e em verdade". A própria natureza de Deus exige isso de nós: Ele é auto-existente, Espírito eterno, transcendendo o tempo e o espaço.
Portanto, a verdadeira adoração em si deve transcender essas restrições e limitações físicas.
Então, aproximar-se Dele é moral e espiritual, não físico, e Ele deve ser adorado continuamente em nossos corações e mentes, em ação de graças e comunhão, bem como em atos de serviço que expressam nossa devoção a Ele e revelam nosso relacionamento com Ele.
Embora ainda estejamos fisicamente limitados no tempo e no espaço, adoramos em Sua presença eterna, no "santo dos santos" por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Um dia, a Igreja cumprirá seu verdadeiro papel de Noiva e Corpo de Cristo, e Templo de Deus: a Cidade-Noiva, a Nova Jerusalém!
A epístola aos Hebreus destaca ainda mais as limitações inerentes do antigo sistema de adoração e a superioridade insuperável do novo caminho.
A revelação de Deus por meio de profetas, anjos e Seu fiel servo Moisés foi substituída por Deus falando conosco em Seu próprio Filho.
Relacionamento limitado e acesso restrito a Deus, sustentados por um sistema de sacerdotes faltosos e sacrifícios repetitivos de animais, eram realidades sob a antiga aliança da lei.
Essas limitações foram substituídas por uma nova aliança da graça, garantida pela pessoa de Jesus Cristo, com seu "único sacrifício pelos pecados, que tem valor eterno", e Sua triunfante entronização à direita de Deus como nosso grande Sumo-Sacerdote, no céu.
A primeira aliança só poderia prenunciar a realidade cumprida em Cristo; o estável permanece, a sombra desaparece.
(Hebreus 10:1,12)
O apelo de Cristo por "verdadeiros adoradores do Pai", devem ressoar em cada um de nossos espíritos redimidos; somos convidados a "chegar com um coração sincero em plena certeza de fé" (Hebreus 10:22).
Devemos adorar como filhos em nosso caminho para a glória de Sua presença eterna, e mesmo agora somos capacitados por Sua graça para entrar livremente com sinceridade e plena confiança em nossa aceitação. Devemos também encorajar e fortalecer uns aos outros em "amor e boas obras" ao nos reunirmos, cumprindo os aspectos santos e reais do sacerdócio. (Hebreus 10:24)
Isso também é afirmado em Hebreus 13:13-16, começando com o apelo: "Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o seu opróbrio".
Nossas reuniões públicas em Seu Nome expressam fé e compromisso com Ele, associando-nos a Ele em Sua atual rejeição no mundo; Aquele que elevou-se ao Pai como incenso sagrado.
O Filho eterno disse que, "o Pai procura a tais pessoas, que assim o adorem." Então, como responderemos?
O escritor inspirado aos Hebreus nos desafia a responder com corações dispostos e espíritos reverentes:
"Retenhamos a graça, pela qual sirvamos (ou adoremos) a Deus de maneira aceitável, com reverência e temor piedoso. Porque o nosso Deus é um fogo consumidor."
Numa outra versão, este versículo fica assim: "Dediquemos a Deus um reconhecimento que lhe torne agradável o nosso culto com temor e respeito. Porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12:28).
85. Todo “cristão” que voltou ao judaísmo, nunca foi salva?
A vida na Palestina do primeiro século tinha suas desvantagens para o cristão. A oposição era real e a perseguição intensa, mas outro tipo de "retrocesso" estava ocorrendo.
Aqueles que deixaram o judaísmo, e abraçaram o cristianismo, depois de certo tempo, estavam voltando.
É justo concluir que toda pessoa que voltou ao judaísmo nunca foi salva? Ou essas "desvantagens" perderam sua salvação? Existe outra explicação possível?
A epístola aos Hebreus, no capítulo 3:1 e capítulo 6:10, se dirige a um grupo distinto de crentes hebreus que estão sendo tentados a retornar ao judaísmo por causa da perseguição.
Leia sobre o teor e o tamanho desta perseguição em Hebreus 10:32-34; 13:3.
Os cristãos enfrentaram sofrimento e possível morte, mas pelo menos o judaísmo era legal e naquele momento um tanto seguro de praticar. O escritor exorta seus leitores a permanecerem fiéis a Cristo, alertando sobre as consequências de retornar a um sistema anteriormente abandonado. Voltar ao judaísmo não faria com que perdessem a salvação, mas avançar na vida cristã estando no judaísmo, seria impossível. A perda da recompensa, os galardões, seria outra consequência trágica.
O contexto imediato é observado a partir do final de Hebreus 5.
Esses crentes são descritos como "negligentes para ouvir" (Hebreus 5:11), "incompetentes na Palavra de Deus" e "bebês espirituais" (Hebreus 5:13) com a "necessidade de leite" (Hebreus 5:12).
O capítulo 6 continua este tema usando o conectivo "Portanto" (Hebreus 6:1).
O desejo do escritor é que eles "cheguem à maturidade" (Hebreus 6:1).
Hebreus 6:3, diz: "E isso faremos". A que "isso" se refere?
O antecedente imediato é "ir para a maturidade" (v.1).
Eles devem avançar para a maturidade enquanto Deus permitir. Como Ele não poderia?
A próxima seção (Hebreus 6:4-6) dá um exemplo de pessoas que Deus não permitirá que "cheguem à maturidade".
Deus não permitiu que os hebreus, após o Êxodo, avançassem em sua herança por causa de seu fracasso (Hebreus 3 e 4), e está implícito que Ele não permitirá a esses hebreus uma bênção semelhante por causa de seu fracasso.
Se eles voltarem (isto é, retornarem ao judaísmo), eles não irão para frente (isto é, serem maduros espiritualmente).
Lemos em Hebreus 6:4-6: "Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério."
No versículo 4, não há indício de que o escritor esteja agora descrevendo um grupo de pessoas não regeneradas.
Em vez disso, ele está estabelecendo uma ligação entre a geração do Êxodo e o grupo que agora descreve. Primeiro, eles são referidos como "uma vez iluminados".
O único, outro uso de "iluminado" em Hebreus (Hebreus 10:32) aponta para aqueles que tiveram uma experiência de conversão definida.
A palavra para "uma vez" no grego (hapax) geralmente significa "uma vez por todas".
Enfatiza a finalidade do sacrifício de Cristo (Hebreus 9:26), a finalidade da morte (Hebreus 9:27) e da oferta de Cristo pelo pecado (Hebreus 9:28).
Em segundo lugar, eles "provaram o dom celestial". Talvez esse dom se refira à própria regeneração. Alguns afirmam que apenas "provaram" ("amostraram") esse presente.
No entanto, o mesmo verbo grego (geuomai) é usado em Hebreus 2:9 sobre Cristo "provando" a morte por todo homem.
Cristo não "provou" a morte, mas a experimentou em toda a sua extensão.
Em terceiro lugar, esses indivíduos "tornaram-se participantes do Espírito Santo".
A palavra "participantes" significa "parceiros". É difícil ver como alguém que está em parceria (ou em comunhão espiritual) com o Espírito Santo não é um verdadeiro crente.
Quarto, eles "provaram a boa Palavra de Deus e os poderes da era vindoura". Tomando a palavra "provar" para significar o que significa o versículo 4, concluímos que esses indivíduos absorveram completamente (ou seja, receberam) a Palavra de Deus e a tornaram parte de sua dieta. Eles também abraçaram o significado de testemunhar "os poderes da era vindoura". Esta frase provavelmente se refere aos milagres da era do Novo Testamento, que foram uma amostra da milagrosa era futura do milênio.
Por que o escritor usou essas frases para descrevê-los? É melhor vermos essas descrições correspondem às bênçãos experimentadas pela geração redimida do Êxodo.
Eles receberam a coluna de luz (Êxodo 13:21), provaram o maná do céu, os 70 anciãos foram participantes do Espírito Santo (Números 11:16-30), a Palavra de Deus foi dada por meio de Moisés (Êxodo 4:28-30), e eles testemunharam sinais milagrosos que Moisés realizou.
A quinta declaração é: "Se eles caírem" (v.6). "Se eles" é o conectivo no grego "kai" (geralmente traduzido como "e").
Não há nada condicional aqui. A frase é um particípio, assim como as quatro anteriores, e poderia ser traduzida como "e caíram". Portanto, este grupo já se desfez. A palavra aqui no grego é "parapipto" (não apostasia).
Os crentes podem "cair" (1 Coríntios 10:12; Hebreus 4:11), mas em que sentido eles caíram?
Contextualmente, parece significar o oposto de "ir para a maturidade" (v.1).
O escritor não está falando sobre cair da salvação, mas sobre desviar-se do caminho que leva à maturidade espiritual e à entrada no descanso (Hebreus 4:11) voltando ao judaísmo.
No entanto, assim como o fracasso dos hebreus em perseverar no deserto não resultou na perda da salvação de milhões de judeus, tampouco o fracasso desses hebreus resultaria na perda de sua salvação. O que está em perigo é o seu próprio crescimento espiritual, bem como a perda da recompensa no vindouro reino de Cristo.
Aliás, outra prova de que esses são crentes genuínos é encontrada na frase "renova-os novamente" (v.6).
Se estes são incrédulos, como é possível que sejam "renovados" para o arrependimento quando ainda não se arrependeram? Além disso, implícito na palavra "renovar" está o fato do arrependimento anterior. Observe, também, que é o "arrependimento" para o qual eles não podem ser restaurados, não a salvação.
As palavras "crucificar" e "colocar" no versículo 6 são particípios presentes e podem ser traduzidas como "enquanto crucifica" e "enquanto coloca". O escritor não disse que essas pessoas não poderiam ser levadas ao arrependimento. Ele disse que eles não poderiam ser levados ao arrependimento enquanto estivessem tratando Jesus Cristo de maneira tão vergonhosa.
Deus não permitiria que eles se arrependessem enquanto persistissem em voltar ao templo para participar do extinto sistema sacrificial.
Voltar a essas imagens e sombras quando a realidade em Cristo veio seria colocar seu Salvador em vergonha aberta (Hebreus 6:6).
Ao retornar a um sistema de sacrifícios de animais, eles afirmavam a todos a insuficiência do sangue de Cristo.
A restauração da comunhão com Deus só é possível por meio da obra consumada e do sangue derramado do Senhor Jesus (João 1:9).
Lemos em Hebreus 6:7,8: "Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada."
Se os crentes beberem da chuva das muitas bênçãos de Deus, o resultado será crescimento e fruto (Hebreus 6:7).
Porém, se o solo endurecer, a chuva escoa e não há frutos. Tudo o que brota são "espinhos e abrolhos… cujo fim é ser queimado" (Hebreus 6:8).
As obras do crente desobediente (ou seja, espinhos e abrolhos) são queimadas no Tribunal de Cristo (1 Coríntios 3:15).
Hebreus 6, ensina que um crente pode perder sua salvação? Não! Mas indica que houve "desvantagens".
Alguns crentes retornaram, provavelmente por causa da perseguição, ao judaísmo e seus rituais, mas com consequências dolorosas.
86. Por que Cristo como é “o Autor e Consumador da fé”?
Hebreus 12:2 é frequentemente apreciado como referindo-se ao Senhor Jesus, que projetou e providenciou a salvação para nossas almas. Como Autor, Ele escreveu o plano e como Consumador, Ele o executou. Embora essa seja uma verdade sublime e emocionante, o contexto do livro e da passagem indicam que o Senhor Jesus é o Autor da vida pela fé e Aquele que o fez plenamente, mesmo que está vida de fé custasse a Sua morte.
O escritor de Hebreus apresenta a excelência incomparável do Senhor Jesus, contrastando-O com o que era altamente valorizado pelo povo hebreu.
O Senhor Jesus é superior aos profetas (Hebreus 1:1), anjos (Hebreus 1:4), Moisés (Hebreus 3:3-6), Josué (Hebreus 4:8) e Aarão e seu sacerdócio (Hebreus 5:10; 7:4- 10, 15-17) e Ele é o mediador de uma aliança melhor (Hebreus 7:22; 9:15) e o sacrifício final que supera todos os outros em sua qualidade e eficácia (Hebreus 9:13; 10:11-12).
Uma vez que o livro é um ponto a ponto de contrastes mostrando a majestade excelente do Filho de Deus e, portanto, Sua confiabilidade como o Messias, o escritor então se volta para a grandeza incomparável da vida de fé do Salvador.
Sob perseguição, muitos falsos professos estavam voltando ao judaísmo com seus rituais e símbolos.
Então, para encorajar os verdadeiros crentes, o escritor dirige sua atenção para a "grande nuvem de testemunhas" no capítulo 11.
Estes não são homens e mulheres testemunhando a vida dos crentes hoje, mas sim grandes exemplos na história hebraica daqueles que, respondendo à revelação divina, agiu "pela fé". Então ele passa a mostrar que a fé do Senhor Jesus em Sua vida e morte excede a desses heróis judeus. Embora a consideração de seus feitos e fidelidade seja reconfortante e motivador, o escritor deseja que esses crentes estejam "olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé" (Hebreus 12:2-3).
Como Ele autorizou e concluiu a fé?
"O qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus."
Ele então acrescenta: "Pois considerai aquele que suportou tal contradição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos canseis e desfaleçais em vosso entendimento" (Hebreus 12:3).
Em termos simples, ele aponta para a prova mais sombria que um homem já enfrentou, a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Se Ele podia confiar em Deus na extrema provação da cruz, os crentes hebreus não poderiam confiar em Deus em suas perseguições e potencial martírio?
É vital notar que a palavra "nosso", (Jesus autor da "nossa" fé em Hebreus 12:2, não faz parte dos melhores textos gregos, o correto é: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé."
A leitura do texto sem essa palavra leva à interpretação consistente tanto com o contexto do que vem antes quanto com o que vem depois.
Além disso, a palavra "autor" é usada apenas quatro vezes no Novo Testamento onde é traduzida como príncipe, capitão e autor.
Em Atos 3:15, o povo judeu "matou o Príncipe da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos".
J.N. Darby traduz isso como "o originador da vida" e outras traduções o têm como "a fonte" e "o autor" da vida.
Pedro e os apóstolos dizem em Atos 5:31: "Deus o exaltou com a sua destra a Príncipe e Salvador".
Aqui em Hebreus 12 não é a autoria, mas sim liderança em vista. O escritor de Hebreus usa a mesma palavra quando se refere ao Senhor Jesus como "o Capitão da salvação deles" (Hebreus 2:10).
Reunindo os dois pensamentos em Hebreus 12:2, o Senhor Jesus é o originador e o líder em viver pela fé.
Deus sempre quis que um homem vivesse em total dependência dEle em resposta à Sua palavra. Por fim, Ele recebeu aquele grande prazer Naquele que "terminou a vida de fé" na mais difícil e dolorosa das circunstâncias, na velha e rude cruz.
A palavra "consumador" é usada exclusivamente aqui, mas está claramente relacionada à palavra que o Senhor Jesus empregou na cruz quando declarou: "Está consumado" (João 19:30).
Ali Ele terminou, de uma forma completa e perfeitamente a obra da redenção.
Da mesma forma, Ele viveu e morreu pela fé cumprindo o próprio desígnio de Deus para a humanidade.
Que Deus nos ajude, a não deixar o pecado tão facilmente nos assediar, mas, em vez disso, estar "olhando para Jesus" e "considerando-o" enquanto corremos a maratona da vida cristã pela fé.
87. A verdade do “Corpo de Cristo”
Em 1 Coríntios 12:12-27, Paulo usa o corpo humano como uma ilustração de como os dons espirituais devem funcionar harmoniosamente para o bem-estar de uma assembleia local. Ele aponta que os membros corporais têm habilidades diferentes e funcionam nessa habilidade projetada para permitir a saúde e o bem-estar de todo o corpo. Como cada membro do corpo recebeu sua habilidade por meio do propósito divino, os dons espirituais também têm a mesma origem.
No versículo 13 deste capítulo, ele mostra que foi uma obra divina que formou todo o Corpo de Cristo no dia de Pentecostes, quando o Espírito desceu e todo crente foi batizado naquele Corpo.
O batismo no Espírito Santo parece estar ligado especificamente a esse dia especial (o Pentecostes), tanto em passagens que o antecipam como em outras, como esta, que remetem para aquele momento único.
Individualmente, fomos trazidos para o bem dessa obra (o batismo no Espírito Santos no Pentecostes), e também recebemos o Espírito Santo em nós após no momento da conversão.
A origem dos dons que cada santo possui está na obra do Espírito de Deus, cada membro do corpo de Cristo possuindo algum dom espiritual. Consequentemente, todo crente tem uma função a preencher nesse corpo, e habilidades espirituais foram transmitidas a cada um.
Neste mesmo capítulo 12:27, Paulo está nos dizendo que uma assembleia local funciona como um corpo em seu arranjo unificado e ordenado e, ao fazê-lo, representa Cristo naquela localidade onde se encontra.
Não é uma miniatura do corpo de Cristo, nem é "o" Corpo de Cristo em sua totalidade (como algumas Bíblias traduzem, colocando um artigo "o corpo"), mas é "corpo de Cristo" em caráter.
Ao fazê-lo, também representa todo o Corpo de Cristo conforme funciona, por meio dos crentes espiritualmente dotados, para apresentar a realidade desse testemunho aos que estão ao redor.
Esta verdade incutiria em nossos corações a importância do testemunho individual, uma vez que o que os observadores veem não é Cristo, nem o Corpo de Cristo, mas o funcionamento ordenado de uma assembleia local ao dar testemunho de Cristo perante os outros.
As verdades do "Corpo de Cristo" e de uma assembleia local como "corpo de Cristo" são distintas, mas também estão ligadas dessa maneira.
As assembleias locais existem por causa da formação do Corpo no Pentecostes, e o dom espiritual necessário para levar adiante o testemunho de uma assembleia local é derivado da obra do Espírito Santo.
Uma assembleia local provê a esfera para a função adequada dos crentes que também são membros do Corpo de Cristo.
88. O que queremos dizer com “autonomia” de uma assembleia local?
A palavra "autonomia" não é encontrada no nosso Novo Testamento. No dicionário, esta palavra significa: "O direito de autogoverno; um país ou região autônoma; liberdade de controle ou influência externa; independência."
A palavra deriva do grego do início do século XVII, autonomia, que significa "ter suas próprias leis".
Vemos que a definição deixa algo a desejar. Uma assembleia não é "autogovernada" nem tem "suas próprias leis".
Talvez "ser governado sem controle ou influência externa", seja mais o que os crentes têm em mente quando usam a palavra "autonomia".
Embora a palavra não esteja presente em nossa Bíblia, o princípio da autonomia é visto em Apocalipse 1-3.
Encontramos as sete igrejas da Ásia em Apocalipse 1:11, e então vemos o próprio Senhor Jesus "no meio dos sete candeeiros" (v.13).
No versículo 20, o Senhor Jesus fala das "sete estrelas que viste na minha mão direita e dos sete candeeiros de ouro", sendo os anjos das sete igrejas e as próprias sete igrejas.
É precioso ver que Ele caminha entre eles e, ao mesmo tempo, os segura em Suas mãos, ilustrando tanto Sua comunhão com eles quanto Seu controle sobre eles.
O elo mais importante para uma igreja local é com o próprio Senhor Jesus.
Ele é o Cabeça da Igreja, e cada assembleia local é responsável perante Ele. (Efésios 4:15)
Por isso, a ideia de "autogoverno" não é correta. Ele governa, e Sua Palavra reina suprema na assembleia local. A única autoridade na assembleia é derivada de Sua autoridade e da Sua Palavra.
Devido à sua ligação com o Senhor ressuscitado, as assembleias locais têm uma ligação entre si. Todas as ilustrações têm limitações, mas poderíamos pensar nos raios de uma roda, com o Senhor Jesus no centro e as assembleias locais na parte externa da roda, interligadas apenas por sua ligação com o próprio Senhor Jesus.
Os anciãos de cada igreja local são responsáveis somente perante o Senhor pelas decisões que tomam no temor de Deus. Por esta razão, as assembleias não possuem, nem exigem, uma "junta de presbíteros" que tome decisões em determinada região.
Não há comitês ou conselhos, mas homens semelhantes a Cristo em cada assembleia que guiam seus respectivos rebanhos.
Encontramos isso no chamado de Paulo em Mileto aos anciãos de Éfeso (Atos 20:17-38).
A responsabilidade deles era "cuidar de si mesmos e de todo o rebanho (…) apascentar a igreja de Deus"; sua responsabilidade estava em sua própria igreja local.
Há comunhão entre as igrejas locais que buscam seguir os preceitos e os princípios da Palavra de Deus. Lucas escreve sobre Paulo e Barnabé levando alívio financeiro de Antioquia para os crentes necessitados na Judeia e entregando-o aos anciãos (Atos 11:27-30).
Vemos em Atos 14:27 que Paulo e Barnabé voltaram novamente a Antioquia e "recontaram tudo o que Deus havia feito com eles".
Não existia a ideia de uma "igreja-mãe", mas havia uma medida de comunhão entre as assembleias.
Pode haver diferenças na forma como alguns princípios são executados devido à cultura ou circunstâncias, mas uma assembleia local não deve tentar influenciar outra assembleia nessas diferenças.
Podemos ser rápidos em julgar outra igreja local em suas práticas, mas fazemos bem em lembrar que eles são responsáveis perante o Senhor, e não perante outra assembleia local fazer isto. Precisamos respeitar a autonomia da outra assembleia local.
O corpo de anciãos de cada assembleia local, é responsável perante o Senhor Jesus pela direção que a assembleia toma.
Finalmente, com relação às cartas de recomendação de uma assembleia para outra, lembremos que estas não são um "passe automático" a ser recebido na outra assembleia.
É uma "recomendação", mas os anciãos prestarão contas a Deus, vigiando o rebanho.
Não dependemos de influência e controle externos como assembleia local, mas somos completamente dependentes da Palavra de Deus e a influência e o controle do Cabeça, Cristo.
89. Já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus
Lemos em Colossenses 3:1-4: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória."
Para entender o significado de que os salvos "estão mortos e a suas vida estão escondidas com Cristo em Deus" (v.3), devemos recorrer ao que está escrito em outras partes da epístola e no restante do Novo Testamento.
Há um contraste entre "morte" e "vida" neste versículo, bem como em Colossenses 2:13 ("mortos em vossos pecados", "vivificados juntamente com ele").
Em Colossenses 2:12, lemos sobre ser "sepultado com Ele", uma ação apropriada para uma pessoa morta, bem como "ressuscitar com Ele", uma ação que requer vida.
Em Colossenses 2:20, ele fala dos crentes "mortos com Cristo".
Todas essas declarações nos lembram de nossa identificação com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição, conforme retratado no batismo em água do crente e apresentado em doutrina em Romanos 6:3-8 e em outros lugares.
Colossenses 3:4, lemos que Cristo "é a nossa vida". O testemunho da Escritura é que nós, por natureza, estamos espiritualmente mortos (Efésios 2:1, 5).
Não podemos fazer nada para ganhar a vida, e só podemos ter vida em Cristo "pela graça, mediante a fé" (Efésios 2:5, 8).
No contexto da epístola aos Colossenses, a "vida" não pode ser obtida pela observância de ordenanças nem pela obtenção de "conhecimento" superior. Somente Deus pode dar esta vida, e Ele o fez para cada crente, ligando-o a Cristo em Sua ressurreição (Colossenses 3:1).
Por natureza, apesar de quaisquer esforços ou conquistas, estamos mortos. Em Cristo, estamos vivos.
Duas vezes em Colossenses, além do presente versículo, temos referência a coisas que estão "ocultas".
Em Colossenses 1:26 lemos sobre "o mistério, que esteve oculto pelos séculos e gerações".
Em Colossenses 2:3 lemos sobre "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" sendo "escondidos" em Cristo.
O pensamento de esconder pode ter a intenção de transmitir a ideia da segurança ou proteção da coisa escondida, tanto quanto simplesmente ocultação.
Portanto, Colossenses 3:3, nos assegura que nossa "vida" está "oculta" (mantida em segurança e não é evidente pela observação externa) com Cristo, e o Cristo ressurreto e ascendido está "em Deus".
A unidade do Pai e do Filho é enfatizada em João.
As palavras de João 14:11 são um exemplo. "Crê-me que estou no Pai e o Pai em mim".
"O Filho unigênito, que está no seio do Pai" (João 1:18), nos ensinaria que essa unidade é eterna e imutável.
Colossenses 3:3 é um maravilhoso testemunho da segurança de todo crente.
Nossa vida espiritual está "escondida com Cristo em Deus", além do alcance de qualquer poder. Enquanto nossa vida está escondida agora, o versículo 4 nos assegura que, quando Cristo, nossa vida, aparecer (se manifestar), nós apareceremos (seremos manifestados) com Ele.
O que agora está oculto ficará evidente quando aparecermos com Ele na glória.
"Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos." ( 1 João 3:2)
90. A profecia de Enoque
Nos primeiros capítulos de Gênesis, encontramos dois homens chamados, Enoque, na linhagem de Adão e Eva. O filho de Caim, Enoque, neto de Adão (Gênesis 4), e o outro, filho de Jarede, seis gerações após Adão e que construiu a cidade de Sião (Gênesis 5).
Na verdade, existem quatro homens chamados, Enoque, registrados na Bíblia.
(Gênesis 4:17; 5:18; 25:4; 46:9)
Mas de todos estes, apenas um deles recebe uma descrição mais detalhada.
A Bíblia interrompe uma genealogia para nos contar um pouco sobre esse Enoque:
"Enoque viveu 65 anos e gerou Matusalém. Depois de ter gerado Matusalém, Enoque andou com Deus durante 300 anos e teve outros filhos e filhas. Ao todo, Enoque viveu 365 anos. Enoque andou com Deus e, então, desapareceu, pois Deus o levou". (Gênesis 5:21–24)
Enoque foi uma das duas pessoas que a Bíblia diz que não morreram, mas foram levadas ao céu por Deus. A outra pessoa foi Elias (2 Reis 2:11).
No livro de Hebreus, temos mais informações sobre o seu desaparecimento:
"Pela fé Enoque foi arrebatado, de modo que não experimentou a morte; ele já não foi encontrado porque Deus o havia arrebatado, pois antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha agradado a Deus." (Hebreus 11:5).
Na curta epístola de Judas, Enoque é citado novamente. Judas queria encorajar seus leitores a batalhar pela fé. Mas a ênfase de Judas está nas infiltrações perversas do mundo e suas influências sobre as igrejas locais. Judas não mede palavras.
Ele deixa claro que esses homens são "ímpios" (v. 4).
Mas Judas não foi a primeira pessoa a soar este aviso. Ele diz que os apóstolos também fizeram isto (vs. 17-18), e diz que houve alguém antes deles, Enoque.
Nos versículos 14-15, Judas diz: "Foi também sobre estes que Enoque, o sétimo depois de Adão, profetizou, dizendo: 'Eis que o Senhor vem com dez milhares de seus santos, para executar julgamento sobre todos e convencer todos os ímpios de todos os seus atos de impiedade que eles cometeram de forma tão ímpia, e de todas as coisas duras que os pecadores ímpios falaram contra ele.'"
Pecadores ímpios serão julgados, e Enoque pregou isso muito claramente em seus dias.
Dizer aos ímpios pecadores que eles são ímpios, e que eles cometeram atos ímpios de maneira ímpia, e que o Senhor os julgará, não é fácil – pelo menos, não deveria ser. Pregar o pecado e o julgamento de Deus não é coisa fácil. Quando o apóstolo João comeu um rolo, as palavras de Deus, era doce como mel em sua boca... mas então seu estômago ficou amargo (Apocalipse 10:9-10).
As palavras do pergaminho diziam respeito à ira de Deus contra um mundo pecaminoso, e João era sensível a isso; ele estava, afinal, considerando a morte de milhões de pessoas ímpias. Foi difícil de digerir. No entanto, João foi informado: "Você deve profetizar novamente…" (Apocalipse 10:11).
A mensagem pode ter sido difícil, mas ainda precisava ser pregada.
Temos uma tarefa semelhante hoje. Os pecadores precisam ser informados de sua impiedade e advertidos sobre o julgamento iminente. Alguns podem argumentar que não devemos gastar muito tempo com esses aspectos da verdade de Deus em nossa pregação porque, afinal, é uma reunião do evangelho, e o "evangelho" são as "boas novas".
Isto é verdade; o evangelho é a melhor notícia. Mas nossa decisão de chamá-la de reunião evangélica no presente não muda o antigo modelo de pregação dos apóstolos registrado nas Escrituras. Eles pregaram as boas novas do evangelho, a oferta de perdão por meio da fé no Senhor ressurreto (por exemplo, Atos 13:38-39); toda reunião do evangelho deve conter as boas novas da salvação.
Eles também pregaram claramente sobres o pecado do homem e os advertiram sobre o julgamento vindouro de Deus (Atos 17:30-31).
Novamente, pregar o julgamento não é uma coisa fácil e se for abordado de forma descuidada, pode parecer duro e insensível. O que nos traz de volta a Enoque.
Por que Judas escolheu Enoque?
Muitas pessoas pregaram corajosamente o julgamento. A profecia de Enoque nem mesmo está registrada no Antigo Testamento. Judas tinha bons motivos para escolher Enoque. Se você vai batalhar pela fé, se vai ser uma testemunha de Deus em meio à impiedade, será de grande ajuda se você for como Enoque. Ele estava apto a falar sobre a impiedade do mundo porque era um homem de caráter piedoso.
Judas destaca que Enoque foi o sétimo depois de Adão, ou seja, ele foi a sétima geração da humanidade. Lembre-se de que os números nas Escrituras são significativos. Sete representa conclusão ou perfeição.
Deus projetou uma semana completa para ser de sete dias. Israel recebeu sete festas prescritas em seu calendário religioso anual, que por sua vez prenunciam o programa de Deus para a conclusão do tempo.
Enoque foi o sétimo depois de Adão. Ele não foi o único na sétima geração da humanidade. Lameque (Gênesis 4) também foi o sétimo depois de Adão, através da linhagem de Caim. Ele era um assassino arrogante e o primeiro polígamo documentado, um homem ímpio. Mas através de Sete, filho de Adão (Gênesis 5), a sétima geração foi Enoque, um homem piedoso. Enoque, um homem completo em seu caráter, retrata o homem perfeito de Deus, porque ele andou com Deus (Gênesis 5:24).
Deve ter sido mais fácil andar com Deus naqueles dias, certo?
Quero dizer, tão perto do início da criação de Deus, provavelmente antes de as coisas ficarem muito ruins... certo? Errado. Lembre-se de Lameque de que já falamos?
E enquanto Enoque viveu em Gênesis 5, é em Gênesis 6 que Deus vê tamanha corrupção na terra que Ele determina destruir a humanidade com um dilúvio. Viver para Deus nunca foi fácil. Mas sempre foi possível.
Aqui, então, está outra razão pela qual Judas escolhe Enoque. Ele não apenas viveu uma vida piedosa, mas o fez enquanto estava cercado pela impiedade.
Sei que há muita corrupção, tentação e impiedade ao seu redor. Mas é possível para você andar com Deus. E é exatamente isso que Judas quer ver realizado em seus leitores. Não seja engolido pelas correntes poluídas de impiedades. Eleve-se acima da maré do mundo... como Enoque fez, em mais de uma maneira (Gênesis 5:24).
Judas 21, 23, diz: "Conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, e apiedai-vos de alguns (desviados), usando de discernimento; e salvai alguns com temor, arrebatando-os do fogo, odiando até a túnica manchada da carne."
A composição da carta de Judas e sua colocação em nossa Bíblia apontam para sua aplicabilidade especial aos últimos dias. Esta é outra razão pela qual o Espírito de Deus leva Judas a apresentar Enoque. Ele profetizou pouco antes do dilúvio, sobre o fim dos tempos e viveu perto do fim de uma era (concluída após a morte de seu filho).
Também vivemos nos últimos dias, Paulo disse:
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
⁶ Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade." (2 Timóteo 3:1-7)
O Senhor está vindo e trará julgamento sobre os pecadores ímpios deste mundo, assim como Enoque disse.
Como Enoque, todo o salvo desta dispensação da Igreja será levado para o céu antes que venha o julgamento, mas e as pessoas ao seu redor?
Enoque foi um indivíduo que o Senhor usou para ser uma testemunha para um mundo ímpio. Sim, Enoque profetizou. Mas Enoque fez algo maior do que erguer a voz em uma ousada condenação da impiedade ao seu redor – muito maior! Enoque andou com Deus. "Ele tinha este testemunho, que agradou a Deus" (Hebreus 11:5).
Ele tinha um testemunho eficaz para Deus.
Paulo, escrevendo para animar aos crentes atribulados de sua época, disse: "E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).
Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder; para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.
E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade. Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo." (2 Tessalonicenses 1:7-12; 2:7-14)
91. Que significa “o Trono da Graça” Hebreus 4:16?
O termo "o trono da graça" é usado apenas uma vez em todo o Novo Testamento em Hebreus 4:16. No contexto, o termo se situa como uma ponte entre o tema do descanso para o crente nos capítulos 3 e 4 e o tema do sacerdócio de Cristo nos capítulos 5 a 7.
O trono sugere a autoridade de "Jesus, o Filho de Deus" que atravessou os céus em triunfo (Hebreus 4:14), ao mesmo tempo, em que lembra o crente da graça que permite que cada um se aproxime com ousadia (ou seja, com "liberdade de expressão") para apresentar seu apelo a tal simpatizante sumo sacerdote.
Sempre que um crente se aproxima de Deus, deve ser incluída, nessa mesma atitude de se aproximar, a compreensão de que o Trono de Deus transmite uma atmosfera de soberania e supremacia. Nós, portanto, nos aproximamos apenas pela graça.
Não temos motivos para nos aproximar de Deus, além disso. Nossa atitude deve ser semelhante à da rainha Ester quando ela se aproximou do trono de Assuero em Ester 4:11.
O "segurar o cetro" foi um ato de graça por parte do rei.
A adoração que surge durante a reunião da ceia do Senhor em cada primeiro dia da semana em cada assembleia local, pode e deve, expressar de forma abrangente nosso regozijo na Pessoa e na obra do Senhor. A contemplação de nosso Senhor deve, necessariamente, incluir alguma consideração do fato de que Sua obra consumada O habilita a sentar-se no Trono.
Podemos olhar para ele como "o Trono da Glória" como Ana fez em 1 Samuel 2:8 (a primeira menção do Messias está nessa oração de Ana).
Podemos pensar em Seu triunfo como capacitando-O a sentar-se como nosso Sumo Sacerdote "à direita da majestade nos céus" (Hebreus 8:1).
Como o Vencedor da corrida, Ele está "assentado à direita do Trono de Deus" (Hebreus 12:2).
Mas a maior evidência de Sua vitória é a visão do Cordeiro recém-imolado "no meio do Trono" em Apocalipse 5:6.
Não há dúvida de que o Trono de Deus é um lugar único em todo o universo.
Lúcifer desejou imitá-lo com orgulho e vanglória (Isaías 14:13), mas o Senhor Jesus recebeu o direito a isso em virtude de Sua humilhação e sofrimento.
Não podemos abordá-lo de outra maneira, exceto na consciência de que não temos direito de estar lá a não ser pela graça incomparável de Deus.
Ao meditarmos na plenitude daquele trono que nosso Senhor ocupa tão triunfantemente, regozijamo-nos em Sua vitória, ao mesmo tempo, em que percebemos que é a graça que nos encontra livres para nos aproximarmos com ousadia e confiança. Devemos expressar nosso apreço por esse privilégio a todo e qualquer momento.
92. O que significa, “prosseguir até a perfeição” (Hebreus 6:1)?
A epístola hebraica fala de coisas sendo "perfeitas" e se refere à "perfeição" muitas vezes, mas em nenhum caso se refere ao que muitas vezes é considerado perfeição, ou seja, atingir um estado de impecabilidade. É usado pela primeira vez em relação ao Senhor Jesus, (Hebreus 2:10, 5:9), "... para tornar o capitão de sua salvação perfeito por meio de sofrimentos. É óbvio que a perfeição sem pecado não se aplicaria neste caso, pois Ele era eternamente sem pecado em todos os aspectos.
Esta palavra, em seu significado original, descreve algo sendo levado ao seu objetivo pretendido, sendo finalizado para que fique completo, expressando assim o que se espera dele, ou o que deve ser alcançado. Assim, nosso Senhor, ao se tornar homem, passou pelas condições de Sua humanidade e, finalmente, realizou a obra de redenção na cruz, completou as experiências desta vida na ressurreição e exaltação que O equiparam totalmente para a obra de representar os crentes como nosso Sumo Sacerdote diante de Deus.
Em Hebreus 7:19, o escritor declara que a "lei nada aperfeiçoou", no sentido de que tudo o que estava relacionado com ela era incapaz de introduzir os propósitos completos de Deus em relação ao Seu povo. (Isso porque dependia de ordenanças humanas e sacrifícios de animais.)
Em vez disso, cedeu a "uma esperança melhor", que envolve tudo o que está relacionado com Cristo, Sua obra concluída e Seu sacerdócio superior. A oferta desses dons e sacrifícios sob essa economia do Antigo Testamento nunca poderia "torná-lo (tanto o ofertante quanto o sacerdote oficiante) perfeito, no que diz respeito à consciência" (Hebreus 9:9).
Mais uma vez, ele termina a epístola expressando seu desejo de que nosso Senhor Jesus, que é o "grande Pastor das ovelhas", as torne "perfeitas em toda boa obra, para fazerem a sua vontade" (Hebreus 13:21).
Isso significa claramente que eles podem ser levados à maturidade cristã por meio da obra contínua de nosso Senhor Jesus, uma condição que deve ser o desejo de todo crente em Cristo.
Em Hebreus 6:1, ele está dizendo aos leitores que, em vez de manter ou reter os ensinamentos básicos sob as condições do Antigo Testamento que anteciparam Cristo (aquelas coisas listadas nos versículos 1-2), eles precisavam prosseguir para "perfeição", ou à maturidade espiritual que Cristo desejava que alcançassem.
No capítulo 5, ele os reprovou por sua imaturidade, o que o impediu de ensinar-lhes as verdades que desejava para eles. Eles eram limitados porque ainda mantinham os "primeiros princípios dos oráculos de Deus" (Hebreus 5:12), que, como muitos escritores explicaram, referem-se aos ensinamentos do Antigo Testamento que antecipavam a vinda e a obra de Cristo.
Em Hebreus 6:1 ele retoma esse assunto, dizendo que agora eles devem ir além desses ensinamentos para se desenvolverem como cristãos maduros.
Eles estavam sendo impedidos por sua adesão àqueles ensinos que eram apenas sombras das "coisas boas que viriam" (Hebreus 10:1).
Pode ser difícil ver como os "princípios" que ele menciona nesses versículos dizem respeito ao ensino básico do Antigo Testamento, mas observe que o "arrependimento de obras mortas e a fé em Deus" foram certamente uma grande parte do pensamento e mensagens dos profetas.
Os "Batismos", refere-se a lavagens cerimoniais sob a lei, assim como "imposição de mãos" e "ressurreição dos mortos e do julgamento eterno".
Seu medo era que eles estivessem tão firmemente apegados a tais atividades ritualísticas que falhariam em se desenvolver e expressar plenamente tudo o que Cristo lhes oferecia e, eventualmente, "cairiam" ou voltariam ao antigo sistema religioso judaico que já havia sido substituído por Deus.
93. O Criador Encarnado Morre
A morte de Jesus de Nazaré na cruz, está cercada de grandes mistérios que a eternidade se encarregará de nos revelar.
Lemos em Mateus 27:50: "Jesus, clamando de novo em alta voz, entregou o espírito."
E João 19:30 diz: "Tendo Jesus, pois, recebido o vinagre, disse: Está consumado; e inclinando a cabeça, expirou."
Lá na cruz, só havia uma coisa a fazer - morrer. Mas como poderia um homem sem pecado morrer?
A morte não tinha direito sobre o Senhor Jesus, mas os registros do Evangelho são claros: Jesus realmente morreu.
Marcos usa a palavra "morto" em relação a Jesus (veja Marcos 15:44).
João acrescenta que os soldados "viram que ele já estava morto" (João 19:33).
O Salvador não desmaiou e "reviveu" mais tarde para alegar uma ressurreição fraudulenta. Os livros remanescentes do Novo Testamento estão repletos do glorioso tema da inconfundível morte de Cristo.
É notável que Jesus morreu antes dos criminosos próximos a Ele. Alguém poderia realmente ter morrido na presença do "Príncipe da Vida"?
Lemos: "E assim Jesus inclinou a cabeça e morreu." Mas foi diferente de qualquer outra morte na história da humanidade.
Todos os quatro Evangelhos se recusam a usar a palavra usual para "morte" ao registrar os momentos finais de Jesus na cruz.
Mateus (27:50) diz que Ele "entregou o seu espírito".
Marcos (15:37) e Lucas (23:46) observam que Ele "suspirou pela última vez".
João (19:30) relata que Jesus "libertou seu espírito".
Os verbos que eles usam estão todos na voz ativa; ou seja, o Salvador terminou voluntariamente Sua vida por um ato de Sua própria vontade poderosa.
No Evangelho de João, esse ato volitivo (vontade ou ao poder de escolha), foi previsto por Jesus várias vezes, um ato que somente uma Pessoa divina poderia realizar.
(Leia João 10:11,15,17-18; 15:13)
Sem dívida que temos aqui, uma demonstração da divindade de Jesus e, no entanto, é mistificadora – pois como Deus poderia morrer? Assim como consideramos a ressurreição de Jesus um milagre, sua morte também foi.
É mais do que provável que, quando João escreveu essas palavras, Mateus, Marcos e Lucas já tivessem morrido. Nenhum deles estava fisicamente presente quando Jesus foi crucificado. Mas João estava lá (João 19:25-27).
Ele foi o único discípulo que voltou para a cruz e ficou para testemunhar tudo o que aconteceu.
"E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais." (João 19:35)
Ele ouviu o clamor de Jesus: "Está consumado". Ele observou Jesus curvar Sua sagrada cabeça. Ele contemplou o milagre de Jesus liberando Seu espírito. Ele notou que os soldados quebraram as pernas dos criminosos, mas não as dEle, porque Ele já estava morto. João nos dá um relato verdadeiro e confiável de uma testemunha ocular da morte mais significativa da história da Terra.
Mas embora não fosse necessário quebrar as pernas de Jesus, um dos soldados se perguntou se Ele já poderia realmente estar morto.
João documenta: "Mas um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água" (João 19:34).
Embora João não nos diga qual lado de Jesus foi perfurado, é possível que a lança tenha perfurado o coração de Jesus, resultando, diretamente ou através do peito e pulmão, no fluxo de sangue e água. O fluxo de sangue e água ressalta que Jesus morreu como um ser humano completo.
João não apenas quer provar que Jesus morreu, mas também provar que Sua humanidade era genuína.
Mesmo no corpo glorificado de Jesus, essas chagas estavam presentes quando Ele Se mostrou aos Seus discípulos. Aquele lado perfurado e aquelas marcas preciosas de pregos servirão como lembretes para sempre de que Cristo entrou na humanidade e morreu inequivocamente por nós.
"Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades" (Isaías 53:5).
Por que João enfatiza seu testemunho?
Qual é o propósito dele ao registrar os muitos detalhes da morte de Jesus? "Para que creiais" (João 19:35).
Ele quer que os leitores de seu Evangelho "creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (João 20:31).
O Criador encarnado morreu. Esta foi a razão pela qual Ele foi até o Calvário. Temos provas escritas indiscutíveis de Sua jornada, Seus sofrimentos, Sua morte, Sua ressurreição e Sua ascensão ao céu.
E o registro escrito é suficiente para crermos nEle.
Deus não nos deu nada além de Sua Palavra, nem é necessário nada mais.
"As Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra." (2 Timóteo 3:15-17)
94. Qual é a posição bíblica sobre o movimento feminista?
Como equilibramos a igualdade e o significado da feminilidade com o pensamento social atual?
Além da sociedade, o "feminismo evangélico", uma tentativa de justificar a participação feminina nas denominações pelas Escrituras, também está nos atacando.
Qual é a visão bíblica sobre tudo isso?
Há um mundo de diferença entre ser feminina e ser feminista. O primeiro é o cumprimento do ideal de Deus para o gênero. Ele a formou para ser uma "ajudadora" do homem que Ele criou. O último é um inimigo formidável para tudo o que Deus pretendia que uma mulher fosse.
O movimento feminista não é um fenômeno do século XX. Teve suas raízes no movimento sufragista feminino que começou em muitos países no século XIX. Recebeu seu grande ímpeto, no entanto, no século XX e está avançando a toda velocidade no século XXI.
O movimento sufragista, é o movimento feminista em busca do direito ao voto e da participação na vida política.
Muitos nomes e várias causas podem ser ligadas ao movimento, algumas muito justificáveis. Certamente abominamos qualquer mutilação de mulheres jovens em países estrangeiros como parte de rituais, comércio de escravos sexuais, abuso conjugal, fábricas onde as mulheres trabalham por uma ninharia do que merecem e qualquer desigualdade das mulheres na sociedade. O movimento feminista, no entanto, vai muito além dessas questões e se espalhou até mesmo para o que hoje é chamado de "feminismo evangélico".
Por "feminismo evangélico", queremos dizer a promoção da igualdade, não apenas de pessoas, mas de papéis, nas igrejas, por evangélicos professos.
Na América do Norte, o conceito de papéis iguais em instituições "religiosas" começou nas décadas de 1950 e 60 nas principais denominações protestantes liberais. Esse pensamento acabou se espalhando para grupos mais conservadores e evangélicos nas décadas de 80 e 90. Várias mulheres, e também homens, assumiram a causa e tentaram justificá-la ao lidar com as Escrituras.
O coração natural está em inimizade contra Deus, seja o coração masculino ou feminino. Ele se expressará rejeitando qualquer papel que Deus tenha designado ou abusando dessa posição. O fracasso dos homens não justifica a resposta das mulheres, mas revela a facilidade com que isso pode ocorrer. Assim, deve-se confessar que uma das influências que estimulou a rebelião das mulheres contra o papel "convencional" e bíblico atribuído a ela foi a arrogância e o abuso da espécie masculina. Confundindo liderança e sua responsabilidade de cuidar, com senhorio e seu papel de controle, os homens governaram as mulheres às vezes com indignidade sem coração. Alguns assumiram que, uma vez que Deus atribuiu aos homens o lugar de liderança, os homens eram inerentemente superiores em sabedoria e habilidade.
Quando essa frustração é combinada com a rebelião inerente do coração humano contra Deus, a matriz ideal foi estabelecida para que ocorra um movimento contra a opressão injusta. Esta não é uma tentativa de justificar as reivindicações radicais do feminismo; é, no entanto, vital perceber que o pecado e o fracasso por parte dos homens deram uma oportunidade para a rebelião do coração humano e a oposição de Satanás a tudo o que é de Deus se manifestar.
Embora existam várias traduções diferentes para Gênesis 3:16, "Teu desejo será para teu marido, e ele te dominará", isso sugere o início do problema duplo de abuso por parte do homem, e competição por parte do homem e da mulher.
Assim, embora o problema enfrentado seja contemporâneo, a semente foi plantada no Jardim, há milênios.
Subjacente a tudo isso e orquestrando cuidadosamente toda a cena, está a estratégia e a sutileza de Satanás. Oposto a Deus desde sua queda, a estratégia de Satanás tem sido remover do mundo todo traço de Deus e desígnio de Deus. A ordem da criação, o casamento, a família, os papéis do homem e da mulher, tudo deriva da Palavra de Deus e serve como um lembrete para toda a humanidade de que o Criador tem direitos sobre Sua criação. Ao introduzir a evolução, Satanás permitiu que os homens excluíssem Deus de Sua criação. Ao redefinir o casamento, ele cortou o vínculo com a definição bíblica e a ordem divina. Pela inversão de papéis ou "indefinição" de gênero, ele estragou a imagem que Deus pretendia retratar.
Existem, muitas maneiras pelas quais os escritores evangélicos tentaram justificar as mulheres em posições de liderança nas igrejas.
Um dos argumentos levantados por aqueles que gostariam de ver as mulheres tendo um papel maior na igreja é que os tempos mudaram. A falta de educação e a opressão masculina mantinham as mulheres nos tempos bíblicos antigos em um lugar de sujeição. Agora somos "iluminados" e as mulheres são educadas e aptas para a liderança. O problema com isso é que, quando Paulo define os papéis, ele não se refere ao status educacional ou à inteligência, mas ao desígnio divino. Além disso, mulheres como Lídia, Febe e outras nas Escrituras não se encaixam no padrão de mulheres oprimidas. O cristianismo elevou o status das mulheres e deu a elas uma dignidade que a cultura dominante não lhes oferecia.
Um dos argumentos mais sutis tem sido o que se chama de trajetória da verdade. A ideia defendida aqui é que o Novo Testamento não é final, mas apenas nos mostra onde a verdade estava tendendo. De modo que no Antigo Testamento e nos primeiros dias do Novo Testamento, as mulheres eram totalmente subjugadas pelos homens em seus preconceitos e maldades. O Senhor Jesus iniciou o processo de libertação das mulheres por Suas ações, como falar com a samaritana, por Sua bondade para com Marta e Maria, etc.
As assembleias locais do Novo Testamento, ampliou esse apreço pelas mulheres, comentando sobre o serviço e trabalho delas. (Filipenses 4:3; Romanos 16)
Tudo muito bem até agora. Mas aí entra a hipótese da trajetória e diz que o estágio final dos direitos das mulheres para o qual tudo caminhava seria a plena igualdade das mulheres em valores e papéis, sem distinção na igreja.
Essa teologia liberal parece muito plausível, mas tem várias falhas fatais. O principal erro é que isso torna a Palavra de Deus sem efeito. Temos permissão para decidir em que direção as coisas estão indo e "acrescentar" à Palavra de Deus.
Se aplicássemos essa teologia a outras áreas, considere aonde ela nos levaria.
O Antigo Testamento limitava a vingança pessoal a "olho por olho". O Novo Testamento nos instrui a não buscar vingança (Romanos 12:17-21).
Então o próximo passo seria recompensar e encorajar o mal. O Antigo Testamento permitia a poligamia, embora nunca a sancionasse. O Novo Testamento enfatizou uma esposa, de modo que a trajetória é de muitos para um, e o único outro passo é para nenhum! Certamente não é uma boa ideia para construir nossas escolas dominicais.
Se o Novo Testamento não é prescritivo para nós, estamos perdidos para saber o que agrada a Deus. Existem princípios nas Escrituras para os quais é necessário discernimento para uma aplicação correta, mas quando há preceito claro, não podemos tratá-lo com a hermenêutica delicada da interpretação da trajetória.
Realmente entendemos mal todos aqueles textos nos quais Paulo limita o papel das mulheres, ou assim nos disseram.
Por exemplo, 1 Timóteo 2:12 não significa que uma mulher não pode ser líder em uma assembleia; significa apenas que ela não deve usurpar essa autoridade. Mas se esse lugar for dado a ela, não há problema. A dificuldade é que a palavra para "usurpar" realmente significa "ter" e não tem nenhuma relação com a ideia de usurpar.
Então somos informados de que o que Paulo proibiu em Corinto era tagarelar em segundo plano e não falar em público (1 Coríntios 14:34).
O problema aqui é que o uso de "silêncio" e "falar" no restante do capítulo não pode apoiar essa interpretação. Isso levaria a uma confusão total se essa interpretação das palavras fosse empregada consistentemente no capítulo.
Finalmente, quando todos os outros argumentos falham, somos informados de que Paulo não gostava de mulheres. Ele tinha um preconceito pessoal e amargo contra eles. Possivelmente ele teve uma mãe mesquinha e austera; possivelmente ele era casado e sua esposa o havia abandonado. Você pode fornecer o motivo. Mas qualquer que seja a explicação sugerida para seu viés, eventualmente ela questionará a inspiração das Escrituras. Esta não é uma história narrativa como temos no Antigo Testamento, sobre a qual podemos fazer nossos próprios julgamentos morais, como, por exemplo: as guerras, os casos de incestos e o adultério). Esta é uma ordem prescritiva para uma assembleia local.
Os resultados da infiltração do pensamento feminista nos círculos evangélicos são significativos. Embora tenhamos sido preservados em grande medida, somos tolos em pensar que a mentalidade social não conseguiu encontrar um caminho para a vida na assembleia local. Se aqueles que justificaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo através da distorção das Escrituras merecem medalhas de ouro por sua ginástica bíblica, então aqueles que apoiam as mulheres como líderes na igreja merecem uma medalha de prata.
O primeiro óbvio resultado de as mulheres alcançarem cargos de liderança em uma igreja local é que a ordem divina é subvertida. A ordem divina não é uma escolha caprichosa e indiscriminada que Deus fez, mas foi projetada para nossa bênção e Sua glória. A ordem estabelecida por Deus contém um padrão e uma imagem. Isso remonta ao Seu propósito original na criação da liderança investida no homem. Prenuncia também o relacionamento de Cristo e Sua Igreja. Danificar a ordem é estragar a imagem.
Ao sucumbir à pressão da sociedade e permitir a eliminação de papéis distintos, também estamos comprometendo e negando as Escrituras. Uma vez que qualquer verdade é comprometida, nos posicionamos em uma ladeira escorregadia, e a verdade se torna uma mercadoria que podemos vender para ganho pessoal, aprovação da sociedade ou conveniência.
Como mordomos da verdade de Deus (1 Coríntios 4:1), e coletivamente como "coluna e fundamento da verdade", devemos reconhecer que a verdade não é "nossa" para troca. Toda verdade é a verdade de Deus e toda verdade eventualmente se relaciona com Seu Filho. A fidelidade é o mandato da mordomia!
O grande desejo de Satanás é remover a insígnia divina do mundo de Deus. Como o deus desta era, Satanás está tentando modelar e moldar tudo à sua maneira.
Todo "sucesso" em derrubar uma ordem divina significa que o mundo está cada vez menos consciente de Deus. Investir na liderança das mulheres na assembleia é outra tentativa de conseguir isso.
Quais são, então, os papéis bíblicos que afirmamos?
Como abordamos e vemos o papel da mulher na assembleia local e na sociedade?
A seção de (Efésios 5:22-6:9), em que Paulo, pelo Espírito de Deus, trata dos relacionamentos, é prefaciada pelo versículo 21: "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus".
Embora alguns não sintam que esta é uma declaração geral que antecede todos os relacionamentos, ela certamente, contextualmente, se encaixa muito melhor com o que se segue do que com o que a precede. Na porção paralela em Colossenses, a seção sobre relacionamentos é precedida pela declaração de que "Cristo é tudo em todos", e Seu senhorio é enfatizado. (Colossenses 3:11)
A implicação é que todos nós somos chamados a um papel de submissão. Maridos, líderes na assembleia local, pais e mestres, todos se submetem ao Senhor. Ninguém está isento de submissão. Nenhum de nós está acima da Palavra de Deus ou das reivindicações do Senhorio. Um marido se submete ao Senhor e, como resultado, trata sua esposa de acordo com os versículos 25-29.
Os líderes em uma assembleia se submetem ao Sumo Pastor (Senhor Jesus) e, da mesma forma, tratam o rebanho de acordo com Seus mandamentos (João 21:13-17).
Os mestres na assembleia, reconhecem que têm um Mestre (Senhor Jesus), cuja consciência regula o tratamento que dispensam aos empregados.
Há, também, uma clara definição de papéis dentro da Divindade.
O Filho assumiu um lugar de submissão ao Pai (1 Coríntios 11:3; 15:28).
Isso nega imediatamente qualquer pensamento de inferioridade na submissão.
Portanto, uma mulher que se submete à liderança de um homem não tem nenhum pensamento de inferioridade. Há igualdade absoluta diante de Deus quanto à personalidade e bênçãos.
Na esfera doméstica, a mulher deve ser uma auxiliadora no sentido bíblico (e edênico).
A submissão é uma atitude que permite a Deus determinar nossas vidas em todos os papéis em que Ele nos coloca. É o conceito de valor igual, mas papéis diferentes na economia de Deus. Como chefe e ajudante trabalham juntos, cada um "apresenta" suas agendas pessoais para o bem do casamento.
Na assembleia local, toda liderança em funções espirituais é responsabilidade dos homens. Em papéis não espirituais (a cozinha, a decoração do salão, etc.), as irmãs certamente podem ser designadas para essas responsabilidades essenciais. Cada assembleia deve se mover diante do Senhor nisso.
Em uma assembleia local, à medida que homens e mulheres encontram seus papéis e os cumprem conforme planejado por Deus, a assembleia dá testemunho da verdade da liderança em um mundo de desordem. Cada um tem uma esfera de serviço conforme descrito nas Escrituras, e cada um tem uma contribuição inestimável a fazer à assembleia.
Em nenhum momento na Bíblia se diz que as irmãs são menos importantes que os irmãos.
Basta ler Romanos 16, para notar os elogios de Paulo aos irmãos e irmãs pelos papéis que desempenharam na obra do senhor e no lar.
95. Quem está qualificado para receber a Graça de Deus?
A graça de Deus é concedida ao homem pecaminoso, aos pecadores desamparados, baixos, fracos e impiedosos. Se a questão do delito surge e se está determinado que aqueles com pecado não terão graça, então a graça está fundamentalmente anulada. A graça de Deus nunca pode ser retida simplesmente porque o homem pecou. A graça de Deus não pode ser reduzida nem quando os pecados do homem aumentam. Isso nunca pode ocorrer.
A mente do homem, estando cheia da carne, está preenchida com o conceito da lei. Podemos achar que os bem-sucedidos podem receber graça, mas nós, pecadores e sem realizações, estamos desqualificados para receber graça. No conceito do homem, delito e graça estão em extremos opostos. No conceito do homem, graça somente vem onde não houver delito. Se você disser a alguém que tem alguma consideração por Deus, que Deus o amou e deu-lhe graça, ele imediatamente vai querer saber como isso pode ser verdade, uma vez que ele tem cometido tantos pecados. O conceito do homem é que a graça pode ser recebida somente quando não há delito. Ele não consegue perceber que isso está totalmente errado. Por quê? Porque o delito dá a melhor oportunidade para a graça operar. Sem delito, a graça não tem oportunidade de manifestar-se. Além de ser incapaz de impedir a graça, o delito é a condição necessária para a graça ser manifestada.
Da mesma forma, nossa insuficiência diante do Senhor não é um impedimento para a graça. Pelo contrário, a nossa pobreza é uma condição para recebermos graça. Se não estivermos muito pobres, não estaremos desejosos de receber graça.
Todos estamos familiarizados com os mendigos. Eles estão por todos o lado, e são muito pontuais em certo pontos da cidade. Quando se aproximam e você lhes dá uma ou duas moedas, eles sorriem e pegam-nas. Mas, que ocorreria se você oferecesse uma moeda a qualquer irmão ou irmã entre nós que estivesse bem-vestido e que tivesse uma boa educação, e dissesse: "Tome aqui, pegue isto. Arranje mais duas moedas e poderá comprar um salgadinho na rua"?
Certamente ele ou ela não aceitariam; e não somente não aceitariam, mas considerariam isso um insulto. Portanto, ser pobre é uma condição para receber graça; de fato, é a condição mais necessária.
O homem é muito ilógico. Ele diz que não pode receber graça porque seus pecados são numerosos demais. Nenhuma afirmação é mais contraditória que essa; nenhuma afirmação é tão insensata. Porque os doentes estão doentes é que precisam de um médico; porque os pobres são pobres é que precisam de ajuda; e da mesma forma, porque o homem é um pecador, é que ele precisa de graça. Portanto, o pecado não é um empecilho. Pelo contrário, é uma oportunidade.
Nosso problema é que sempre achamos que temos de estar numa condição diferente da que estamos hoje. Achamos que para receber graça devemos ser mais santos e melhores hoje do que ontem.
Amigos, quem quiser ser um magistrado, terá de satisfazer certas exigências. Se quiser entrar numa escola, haverá os pré-requisitos. Se quiser ser um médico num hospital, haverá a questão da capacitação. Se quiser fazer negócios, existe a questão da habilidade. Qualificações, pré-requisitos, capacitação e habilidade são de fato úteis em determinadas situações. Contudo, se o homem deseja vir a Deus, qualificações, padrões, capacidade e habilidade estão fora de questão. Somente quando eu for um pecador desamparado, na mais baixa posição, poderei receber graça. O homem deixa de obter graça não por ser pecaminoso demais, mas por não estar em condição suficientemente baixa. Ele é orgulhoso demais e moral demais. É exatamente aqui que se encontra o maior problema. Somos grandes em todos os tipos de pecados. Ao mesmo tempo, somos muito grandes no pecado do orgulho. Por um lado, temos uma necessidade absoluta; por outro, o terreno em que nos encontramos não é aquele no qual podemos receber a graça de que necessitamos. Isso ocorre exclusivamente por causa do nosso orgulho.
Romanos 5:20 diz-nos que, "onde abundou o pecado, superabundou a graça".
A Palavra de Deus mostra-nos que onde estiver o pecado, ali estará também a graça. Onde o pecado abundar — não que ele tenha realmente abundado, pois todos os homens pecam semelhantemente, mas onde o pecado tenha-se manifestado mais abundantemente — a graça de Deus abunda ainda mais. A palavra abundar na linguagem original tem a ver com a ideia de transbordar. Não sei se você já esteve à beira-mar ou à margem de um rio. Quando a maré alta vem, uma marca é deixada na praia ou margem. Mas se vier uma enchente esta ultrapassa a marca. Quando a água alcança a marca, dizemos que há somente uma elevação normal da maré, mas se a água sobe acima da marca há uma enchente. Isso é o que significa abundar. O pecado é tão grande, mas a graça é maior e até mesmo cobre o pecado.
O pecado é grande, mas a graça é ainda maior e cobre o pecado. Esta é a graça de Deus. O homem tem o estranho conceito de que para receber graça, deve estar sem pecado ou delito. Mas isso não existe. Embora nossos delitos sejam muito sérios e possam elevar-se muito, a graça de Deus se eleva ainda mais. Uma vez que a graça de Deus está aqui para lidar com o problema dos delitos, os delitos não são mais um problema.
Qual é a essência da graça de Deus?
A graça de Deus é simplesmente Deus vindo à posição do pecador para tomar sobre Si a consequência dos pecados do pecador. Graça é Deus trabalhando em favor do homem. Se não tivermos qualquer delito, não necessitamos de que Deus faça qualquer coisa por nós e, como resultado, não necessitamos da graça de Deus. Mas por termos pecado e por termos problemas, Ele tem de vir e solucionar nossos problemas. Portanto, necessitamos da graça.
Se eu digo: "Uma vez que pequei, não posso receber graça" é como dizer: "Por estar doente demais, estou muito envergonhado para ver o médico. Eu o verei quando minha temperatura tiver abaixado um pouco". Visto que não há tal paciente no mundo, tampouco deve haver tal pecador no mundo. Assim sendo, nossos delitos são a condição para recebermos a graça de Deus.
Uma vez que o problema do pecado é cuidado por Deus e já que Ele toma a responsabilidade de lidar com nossos delitos, qualquer pecado que tenhamos, seja grande ou pequeno, não constitui problema diante de Deus. Tanto os pecados grandes como os pequenos não apresentam problema, pois ambos podem ser solucionados pela obra de Deus e somente pela obra de Deus. O pecado grande é cuidado pela obra de Deus. O pecado pequeno da mesma forma requer a obra de Deus. Se coubesse a nós lidar com nossos pecados, distinguiríamos entre pecados grandes e pecados pequenos. Contudo, se nossos pecados devem ser cuidados por Deus, serão cuidados não importando se são grandes ou pequenos. Uma vez que devam ser cuidados por Deus, não faz diferença alguma para nós. Tudo o que fazemos é receber a graça.
Lembre-se das palavras de Pedro em 1 Pedro 5:5: "Rogo igualmente aos jovens, sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça". Deus dá graça ao humilde.
Se você humildemente confessa que é um pecador, seus delitos não só não o impedirão de receber a graça de Deus, mas permitirão que você receba Sua graça. Uma vez que se humilhe diante de Deus, a graça de Deus fluirá para você. Agradecemos a Deus que a Sua graça desce para nós; ela não é bombeada até nós. Ninguém jamais pode bombear a graça de Deus para si mesmo. Portanto, todos os que estão no alto devem descer.
Quem são os pecadores e quem pode receber graça?
A Bíblia mostra-nos claramente em Romanos 3:23-24 que "todos pecaram", mas todos os que pecaram são "justificados gratuitamente, por sua graça".
A Bíblia mostra-nos que desde que o homem peque, espontaneamente pode receber graça. Sem ser pecador, ele não pode receber graça. O homem pensa que quem pecar não pode receber graça. Contudo, Deus diz que porque o homem peca, ele pode receber graça. É tão óbvio: uma vez que o homem tenha pecado, a graça vem. Nunca pense que quando o pecado vem, a graça se vai. O pecado é um dos maiores enganos do homem, mas achar que o pecado o impede de receber graça é o maior engano do homem.
Portanto, a primeira coisa que devemos ver é que os delitos do homem não podem permanecer no caminho da graça de Deus. Com a graça de Deus, não existe problema por causa dos delitos. Pelo contrário, a graça de Deus está ali para lidar com os delitos do homem. Deus está concedendo graça porque o homem pecou.
96. A Graça de Deus não é um prêmio dado ao homem?
Aos olhos de Deus, todos os atos do homem são pecados, mas aos olhos do homem, muitas coisas que ele faz são realizações. Alguns consideram que já que são muito pecadores não podem receber graça. Outros acham que porque pecam, têm de aperfeiçoar-se antes que possam receber graça. Note, por favor, que existe uma diferença aqui. O primeiro grupo diz que eles pecaram e são, portanto, desqualificados para receber graça. Este grupo está totalmente na esfera negativa. O segundo grupo é um pouco mais positivo: eles dizem que são pecadores e que somente receberão graça se agirem melhor. Acham que têm de alcançar certo padrão de conduta e certas realizações antes que possam receber graça. Na mente do primeiro grupo, o problema é um obstáculo para a graça. Na mente do segundo grupo, o problema é como obter graça. Alguns acham que os delitos nos impedirão de receber a graça de Deus. Outros acham que as realizações nos capacitarão a obter a graça de Deus.
Amigo, você sabe o que é graça?
A graça é incondicional. Ela é gratuita e não há motivos para que seja dada. É a obra de amor de Deus que Ele confere a nós, os pecadores. Se a graça de Deus estivesse relacionada com as realizações do homem, a essência da graça se perderia imediatamente. Uma vez que seja permitido permanecer em nós um vestígio de realização, Deus deve recompensar-nos de acordo com nossa realização. Deus é justo. E desde que Ele é justo, no mínimo Ele é correto. Ele tem de recompensar e premiar o homem de acordo com suas realizações. Mas se o dar de Deus é uma recompensa ou prêmio, então não é graça. Tão logo as realizações entrem, a recompensa também deve entrar e a graça fica do lado de fora. Se um homem lhe dá um mês de trabalho e você lhe dá o salário de um mês, o pagamento não pode ser considerado um presente; é uma recompensa. Ele fez algo para você; é a realização dele. E se é uma realização o pagamento não é graça, mas recompensa. Desde que a recompensa entre, a graça sai.
Romanos 4:4 torna a questão muito clara: "Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida".
Os delitos não nos impedem de receber graça, pelo contrário, proporcionam-nos a oportunidade de receber a graça de Deus. E as realizações não nos ajudam a receber a graça de Deus, pelo contrário, anulam a essência da graça de Deus. A não ser que seja gratuita, não é graça. A não ser que seja dada sem razão e causa e a não ser que seja um presente, não é graça. Se há alguma razão ou alguma causa envolvida, se há um preço envolvido ou se há algum labor envolvido, imediatamente surge a questão da recompensa, porque Deus é justo. No instante em que a recompensa entra, a essência da graça é perdida.
Se estiver numa posição acima de Deus ou mesmo igual a Deus, você não pode receber graça. É por isso que Romanos 4 diz claramente que ninguém pode vir diante de Deus e dizer que fez isso ou aquilo e que, portanto, sem se envergonhar, pode pedir graça. Se uma pessoa diz que não é como as outras que roubam dinheiro e são tão injustas, que jejua pelo menos duas vezes na semana, que embora não tenha dado o dízimo, pelo menos ofertou um vigésimo do que tem, ela não pode receber a graça de Deus. Que é graça? Deixe-me dizer isto de um modo enfático — graça é receber sem ter um motivo para receber. Uma vez que haja um motivo, ela se torna recompensa. Se você tem quaisquer realizações, a questão da recompensa entra e a graça fica de fora. Devemos dar muita atenção a essa questão.
Há ainda outra frase em Romanos1 1:6 que é muito clara sobre esse ponto: "E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça".
Meus amigos, se tivéssemos quaisquer realizações diante de Deus, fossem elas grandes ou pequenas, a salvação de Deus para nós tornar-se-ia um pagamento de dívida e não seria mais graça. Agradecemos a Deus porque não há ninguém que possa clamar por qualquer realização diante de Deus. Agradecemos ao Senhor porque somos salvos pela graça.
Se eu, fosse salvo pelas minhas realizações, nunca poderia dizer: "Deus, agradeço-Te por conceder-me graça". Ao contrário, eu diria: "Deus, estou salvo porque pagaste a Tua dívida". Poderia proclamar orgulhosamente que estou salvo pelas realizações.
Por que ninguém pode salvar-se pelas realizações?
Porque Deus quer remover todo orgulho do homem, para que o homem nada possa fazer senão agradecer e louvá-Lo. Já que a questão das realizações surge, a graça não é mais graça.
Por favor, lembre-se de que Deus não pode deixar de dar a Sua graça ao homem por causa de seus delitos. Tampouco pode reduzir Sua graça para o homem por causa de seus delitos. Deus tem de dar e Ele não pode reduzir o Seu dar. A graça não está relacionada com os delitos. E que dizer sobre as realizações? Na graça não existe a possibilidade de mistura com o que quer que seja, nem mesmo com a essência das realizações. Graça não é o pagamento de Deus a uma dívida que tem para conosco. Não é que Deus nos deve e que agora Ele está pagando.
Alguns podem dizer: "Senhor, nós não somos tão extremistas. Não ousamos dizer que viemos a Deus pelas nossas realizações. Mas o senhor tem de acreditar que precisamos de algumas realizações diante de Deus. É impossível não ter nada. Devemos fazer uma pequena obra e, então, Deus pode suprir nossa falta. Faremos o melhor possível e Deus suprirá o restante". Meus amigos, não podemos dizer isso. Graça não é Deus pagando uma dívida. Da mesma forma, graça também não é o pagamento excessivo de uma dívida de Deus, como se Deus devesse a você cinco dólares, mas agora está lhe devolvendo dez. Graça é como se alguém lhe desse uma roupa nova. Não é como se alguém remendasse sua roupa rasgada. Se graça fosse um remendar, ela perderia sua posição e sua essência seria anulada.
Deixe-me repetir novamente, graça nada tem a ver com realizações. O que o homem naturalmente vê é que algumas pessoas são melhores e outras, piores. Portanto, ele acha que os melhores requerem menos da graça de Deus e os piores requerem mais da graça de Deus — um remendo maior para um buraco maior e um remendo menor para um buraco menor. Todavia esse conceito não existe na Bíblia.
Quem pecou? Creio que todos conhecemos a frase de cor: "Pois todos pecaram".
Por que é que todos pecaram? Porque "carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23).
Se a Bíblia dissesse que todos pecaram por terem transgredido os Dez Mandamentos, poderia haver uma diferença entre grandes pecadores e pequenos pecadores, pois alguns podem ter transgredido nove mandamentos, enquanto outros podem ter transgredido somente um. Se a Bíblia dissesse que todos pecaram porque todos carecem dos costumes da sociedade ou da lei do país, ainda haveria alguns que são bons e alguns que não são tão bons. Mas muito estranhamente a Bíblia diz que todos pecaram, porque todos carecem da glória de Deus. Que é, então, a glória de Deus? Se quer entender o que é a glória de Deus, você tem de entender Romanos 1 a 8.
A graça de Deus está ligada à glória de Deus. A graça procura o homem no nível mais baixo e a glória leva o homem ao nível mais elevado.
Romanos 1 a 3 diz-nos como o homem pecou. A seguir, após dar o caminho da salvação pelo Senhor Jesus nos capítulos três a cinco, a crucificação com Cristo nos capítulos seis e sete, e a obra do Espírito Santo no início do capítulo oito, Romanos diz-nos o seguinte no final do capítulo oito: "Aos que de antemão conheceu, também os predestinou (...) e aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" (vs. 29-30).
Salvação é Deus puxando um pecador da lama do pecado e levando-o até a glória. Embora estejamos justificados, sabemos que justificação não é suficiente. A justificação não é o alvo da salvação de Deus para nós. Deus não vai parar até que estejamos na glória. Portanto, Romanos 1 a 8 começa com pecados e termina com glória.
Que significa carecer da glória de Deus? Significa não poder entrar na glória.
Todos pecaram porque não podem entrar na glória. Se todos pecaram porque não honraram seus pais, você poderia encontrar desonradores "grandes, médios e pequenos".
Talvez para quatrocentos milhões de brasileiros existam quatrocentos milhões de tipos de desonradores. Contudo, quanto ao carecer da glória de Deus, isto é, quanto a não poder entrar na glória, você e eu somos exatamente iguais. Você pode ser moralista, e eu, criminoso. Como criminoso, eu não posso entrar na glória, tampouco você o pode como moralista. Portanto, diante de Deus todos carecem de Sua glória, e ninguém está qualificado para entrar nela.
Você pode sair à rua e dizer a qualquer pessoa que ela pecou. Se ela disser que não pecou, você pode perguntar-lhe se ela acha que pode entrar na glória. É óbvio que a pessoa não saberá o que é glória. Se estivermos na luz de Deus e se tivermos um pouco de conhecimento das Escrituras, saberemos que não estamos qualificados a entrar nela. Nenhum de nós pode entrar nela.
Numa época em que, acontecia o campeonato mundial de tênis. O estádio onde ocorria a competição só podia acolher quinhentos a seiscentos espectadores. Oitocentas pessoas não puderam entrar e tiveram de ficar do lado de fora. O problema não era se eles tinham dinheiro ou não, se eram homens ou mulheres, ou se eram senhores ou servos. Nenhum deles podia entrar. Se fosse rico ou pobre, educado ou ignorante, homem ou mulher, não fazia diferença. A diferença entre eles e os que entraram não estava no fato de serem ricos ou pobres, homens ou mulheres, educados ou ignorantes. O problema era que eles não podiam entrar.
Da mesma forma, a questão hoje não é se você é moral ou não, ou se é educado ou não. A questão agora é se você pode ou não entrar na glória. Todos os que não podem entrar na glória são pecadores e estão desqualificados diante de Deus. Portanto, Deus nivelou todos diante Dele.
A questão hoje é se você pode ou não entrar. A despeito de ser moral ou não, você não pode entrar na glória. Deus nivelou todos. Por que Deus nivelou todos?
Gálatas 3:22 diz-nos que, "a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem".
Deus encerrou a todos sob o pecado. Todos se tornaram pecadores, para que todo o que crê em Jesus Cristo receba a graça de Deus. Deus nivelou todos de maneira que Ele possa conceder graça a cada um.
Romanos 11:32 diz: "Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos". Deus encerrou a todos na desobediência. Ele nivelou todos.
Com que propósito? Com o propósito de poder mostrar misericórdia a todos. Assim sendo, diante de Deus, as realizações não podem ter nenhum lugar. Todos estão sobre o mesmo terreno.
Romanos 3:9 diz: "Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado".
O veredito de Deus é que tanto os judeus como os gentios estão todos debaixo do pecado. Não há nenhuma oportunidade para que as realizações tenham lugar. Nas porções das Escrituras que acabamos de ler vemos que todos foram encerrados no pecado e na desobediência para que possamos ir a Deus a fim de receber graça e misericórdia.
Que é a graça de Deus? Graça de Deus é Ele dar ao homem não de acordo com o que o homem merece. A graça de Deus não concede ao homem mais do que ele merece ou algo melhor do que ele merece. Graça é simplesmente Deus dar ao homem o que ele não deveria ter e não merece.
97. A Graça de Deus e as Responsabilidades do Homem
A graça de Deus nunca pode estar vinculada às responsabilidades do homem.
Quais são as responsabilidades do homem? Por exemplo, suponha que eu dê a um irmão, dez mil dólares para enviar a determinado lugar, mas por temer que ele perca o dinheiro, eu o encarrego dizendo: "Você é responsável por este dinheiro". Que quero dizer? Quero dizer que se ele perder o dinheiro, terá de devolvê-lo. Este é o significado de responsabilidade. Delitos são questões do passado. Realizações também são questões do passado. Porém, responsabilidades são questões do futuro. Se Deus vai dar-nos graça, ela não pode estar ligada à responsabilidade. Quando peço a um irmão para levar dez mil dólares ao banco, aquele dinheiro não é dele, assim eu lhe digo que ele é responsável pelo dinheiro.
Contudo, se esse dinheiro é um presente gratuito para ele, será que posso dizer: "Você é responsável por ele"? Certamente não.
Uma vez que tenha dado o dinheiro a ele, o dinheiro é dele. O que ele fizer com o dinheiro é problema dele, mesmo que o atire num rio ou numa lata de lixo.
Alguns dizem que antes da salvação não tínhamos boas obras e éramos incapazes de salvar a nós mesmos. Não havia outra maneira de ser salvo exceto ter a graça de Deus salvando-nos. Mas agora que estamos salvos, eles dizem que deveríamos fazer boas obras, pois se não as fizermos estaremos novamente condenados a perecer. Muitos têm o conceito de que a salvação é proveniente da graça, mas manter esta salvação é proveniente do nosso mérito e labor. A isso é que chamo de responsabilidade. Muitos acham que se nos conduzirmos adequadamente após sermos salvos, nossa salvação será preservada, e se não nos conduzirmos adequadamente, Deus tomará de volta Sua salvação. Se a salvação pode ser tomada de volta, ainda é graça? Se é graça, não existe a questão de mérito passado, obra presente ou responsabilidade futura. Se introduzirmos a responsabilidade futura, então novamente não é mais graça.
Certa vez um pregador veio dizer-me que não cria que uma vez que uma pessoa fosse salva, ela estava salva para sempre.
Eu perguntei-lhe por que pensava assim. Ele disse que acreditava que o homem é salvo pela graça, mas se o homem não se portar adequadamente após a salvação, perecerá. "Então isso é graça?" perguntei.
A seguir dei-lhe uma ilustração. "Suponha que vamos a uma livraria juntos e cada um de nós escolhe o mesmo livro para comprar. Quando você pergunta ao vendedor o preço, ele lhe diz que custa sessenta centavos de dólar. Você lhe paga sessenta centavos e leva o livro para casa. Mas ao vasculhar meus bolsos, percebo que não tenho nenhum dinheiro. Eu também quero o mesmo livro, então digo ao vendedor que não trouxe nenhum dinheiro comigo, e pergunto se posso levar o livro agora e mandar o dinheiro mais tarde. Ele diz que posso fazê-lo porque nos conhecemos bem. Assim, eu também levo o mesmo livro para casa. Você pagou em dinheiro, mas eu adiei o pagamento.
Deixe-me perguntar-lhe: A transação em dinheiro foi graça? Certamente não, pois o livro foi pago com sessenta centavos".
Ser salvo por meio de boas obras é como uma transação a dinheiro. Se tiver realizado boas obras, você pode ir a Deus e Ele dirá: "Bom, você pode ser salvo". Se um homem é salvo dessa maneira, sua salvação não é por meio da graça. Agradeçamos ao Senhor porque ninguém é salvo dessa maneira.
Que dizer sobre meu caso de adiar o pagamento? É como Deus antecipando a salvação ao homem. Se o homem não fizesse o bem após a salvação, seria requerido que ele a devolvesse. Ele teria de fazer o bem a fim de manter a sua salvação. Todavia isso tampouco é graça. Graça não é uma transação à vista nem é como um pagamento a prazo. Numa transação à vista, a pessoa paga agora; no pagamento a prazo, a pessoa paga depois. Mas ambos têm de pagar.
Contudo, não adquirimos nossa salvação a crédito. Eu disse ao pregador que se a salvação é proveniente da graça, não há necessidade de boas obras.
Então ele perguntou: "Isso quer dizer que não precisamos de boas obras nunca mais?" Eu disse: "Não, os cristãos precisam fazer boas obras. Mas as boas obras a que me refiro nada têm a ver com salvação. As boas obras a que me refiro têm a ver com o reino, com a recompensa e a coroa. A salvação não é comprada nem adquirida a crédito. A salvação é dada gratuitamente".
Que significa dar gratuitamente? O Senhor Jesus disse: "Eu lhes dou a vida eterna" (João 10:28).
A vida eterna é-nos dada por Deus. Certa vez fui comprar algo na loja de um amigo. Ele e eu nos conhecíamos muito bem, por isso ele não queria me cobrar. Ele disse-me que daria o artigo que eu quisesse. Não consegui convencê-lo a pegar o dinheiro, contudo ele insistia que eu levasse o artigo. Da mesma forma, Deus diz que nos dará vida eterna. Ele não disse isso apenas para voltar e mudar de ideia. Ele não disse que ela seria nossa se fizéssemos o bem e que Ele a tomaria de volta se não fizéssemos o bem. Não quero dizer que os cristãos não devam ter boas obras. Odeio o viver relaxado, mas isso nada tem a ver com minha salvação.
A salvação nos é dada; ela não é comprada por nós. Entretanto, não devemos desprezar as boas obras. As boas obras estão relacionadas com a recompensa do reino, a coroa ou punição, mas elas nada têm a ver com a salvação. Se a salvação é de graça, a questão do futuro não é levada em conta.
Romanos 6:23 diz: "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor".
Que é um dom gratuito? Um dom gratuito é um presente. Eu não posso enviar um presente para sua casa e, então, mais tarde enviar-lhe a conta. Se é um presente, é absolutamente grátis, e isso não pode ser mudado.
Portanto, a graça não está relacionada com seus delitos passados, suas realizações atuais ou sua responsabilidade futura. Se estiver relacionada com sua responsabilidade futura não é graça, pelo contrário, é uma compra a prazo. Agradecemos a Deus porque a vida eterna não é uma compra a prazo. É um presente. Agradecemos ao Senhor que a vida eterna é o dom de Deus em Seu Filho Jesus Cristo.
Uma vez que a salvação nos é dada por Deus, devemos lembrar-nos de uma coisa depois que fomos salvos: a salvação é obtida unicamente por meio de crer e é preservada sem levar em conta nossa fidelidade. Portanto, a condição para preservar nossa salvação é a mesma para obtê-la. Desde que ela é obtida gratuitamente, é também preservada gratuitamente. Agradecemos a Deus que por ser gratuita a obtenção da salvação, da mesma forma é eternamente gratuita a preservação dela.
Ao final do livro de Apocalipse 22, depois de o novo céu, a nova terra, o reino, o lago de fogo, o fim de Satanás e o grande trono branco terem sido todos mencionados, a Bíblia diz: "Quem quiser receba de graça a água da vida" (v.17b).
Agradecemos ao Senhor porque Ele colocou, de propósito, o beber gratuito da água da vida no final do capítulo 22.
Após termos visto o lago de fogo, a segunda morte, o fim de Satanás, o reino, o novo céu e a nova terra, podemos sentir temor de que Deus endureça Seu coração novamente; mas depois de todas essas coisas, Deus propositadamente declarou que a água da vida é gratuita. Não há preço para ela.
Agradecemos ao Senhor porque temos a graça por meio de Jesus Cristo, e essa graça é gratuita. Ela não está relacionada com a nossa responsabilidade.
Muitas vezes tenho ouvido dizer que temos de fazer o bem e retribuir a graça de Deus. Essas palavras são comuns hoje na igreja. Mas tenho de perguntar onde na Bíblia há um versículo que diz que temos de retribuir a graça de Deus?
Essa palavra é por demais contraditória. Se há retribuição, não há graça. E, se há graça, não há necessidade de retribuição. Agradecemos ao Senhor que em todo o Novo Testamento nunca nos é dito para retribuir alguma coisa.
É verdade que nós, cristãos, devemos ter boas obras.
Mas por que devemos ter boas obras?
Por que temos de sofrer pelo Senhor?
Por que temos de suportar a vergonha?
Por que servimos ao Senhor?
Como o Senhor tem tratado conosco em amor, assim também tratamos com o Senhor em amor; contudo, não existe aqui o pensamento de troca. Não é que Deus me dá muito e eu em troca devolvo muito. Por Ele ter-me amado, não posso fazer nada exceto amá-Lo; porque Ele me amou, Ele foi crucificado por mim; e por amá-Lo, de boa vontade suporto a cruz por Ele. O que Ele me tem dado, tem sido dado gratuitamente, e o que estou dando a Ele também é dado gratuitamente. A dificuldade reside na mente legalista do homem. Em todas as coisas o homem pensa em negócios e na lei. Mesmo a questão da salvação é vista do ângulo de negócio. Hoje, se trabalhamos, servimos ao Senhor, sofremos vergonha ou carregamos a cruz, não é porque queremos recompensar a Sua graça — é porque O amamos. O amor com que Ele nos amou nos cativou, capturou nosso coração e constrangeu-nos a servi-Lo.
Se você fala em retribuir, é ignorante quanto ao valor da graça que recebeu. Se hoje toma emprestado dez dólares de um amigo, você vai querer pagar-lhe. Se tomar emprestado cem dólares, você também vai querer pagá-los. Se tomar emprestado mil dólares, ou mesmo dez mil dólares, você ainda deve querer pagar-lhe. Mas se tomar um milhão de dólares emprestado, você pode não ter o pensamento de pagar. E se tomar dez ou cem milhões de dólares emprestados, você não consegue imaginar o fato de pagar-lhe. Se tomar emprestado um trilhão de dólares, você nem mesmo sabe mais como pensar sobre pagar, pois a devolução tornou-se impossível. Se hoje você está querendo pagar a Deus, isso simplesmente significa que não conhece o quanto Deus lhe deu. Você não conhece a profundidade, o comprimento, a altura e a largura da graça de Deus para você. Se percebesse somente um pouco, você se aquietaria e desistiria da ideia de devolução. Você deveria fazer um voto ao Senhor voluntariamente, dizendo: "Sou um devedor voluntário para sempre". A graça que Ele nos deu é grande demais. Mesmo se quisermos retribuir, não existe a possibilidade de fazê-lo.
Meus amigos, se devessem a alguém cem milhões de dólares, vocês teriam a audácia de comprar um bolinho de dez centavos e dar-lhe como "prova de agradecimento"?
Será que isso poderia ser considerado um brinde?
Nosso Deus tem feito tanto por nós. Ousaríamos dizer que Lhe estamos dando "um pequeno brinde" como retribuição? Não!
Somente podemos dizer que Deus nos tem dado gratuitamente muito. Estou feliz por ser um eterno devedor. Deus tem-nos amado com amor eterno. Não há limite de comprimento, largura, altura e profundidade de Seu amor para conosco.
Será que vamos retribuir a Deus com um "bolinho de dez centavos"?
Só podemos dizer que voluntariamente aceitamos Seu amor.
Assim como Deus é graça para nós, assim sejamos nós graça para Ele. Assim como Deus tratou generosamente conosco, também vamos tratar com Deus generosamente.
Não há a questão de delitos, realizações ou responsabilidades. A salvação nada mais é que Deus por mim, não eu por Deus. Graça é o que Deus tem feito por mim. Não é o que eu tenho feito por Deus. Por favor, lembrem-se de que a paz e a alegria de um pecador e a paz e a alegria de um cristão não residem no quanto eles amam ao Senhor, mas no quanto o Senhor os ama. Nossa paz e alegria não residem no quanto temos feito pelo Senhor, mas no quanto o Senhor tem feito por nós. Dependemos diariamente não do que temos, mas do que Deus é.
Precisamos ser libertados de nós mesmos. Precisamos ver Deus à luz do Evangelho. Precisamos ver que estamos descansando no que Deus é e no que Ele tem. Estamos dependendo da graça e da misericórdia de Deus. Se virmos isso, não fracassaremos nem ficaremos tristes. Se confiarmos em nós mesmos, achando que somos muito bons e que amamos muito ao Senhor, seremos como areia movediça; não seremos capazes de construir uma casa sobre ela. Não podemos encontrar nenhuma paz e alegria em nós mesmos. Somente podemos encontrá-las no Senhor, em Deus.
É maravilhoso perceber que enquanto vivemos nesta terra, Deus é por nós.
Você se lembra das palavras de Romanos 8:31b? "Se Deus é por nós, quem será contra nós?"
Não creio que exista uma palavra melhor do que esta para nós.
Talvez, você que já é salvo, ultimamente, a sua condição tenha sido muito pobre.
Talvez ultimamente você tenha estado muito frio em suas emoções. Mas você somente precisa perguntar se o Senhor ainda o ama. Se o Senhor não o ama mais, você pode reter seu louvor. Mas se o Senhor ainda o ama, você tem de louvá-Lo.
Você notou como os discípulos que estiveram com o Senhor por três anos e meio no fim ainda eram tão tolos a ponto de questionar acerca de quem era o maior entre eles?
Contudo, a Bíblia diz que o Senhor, tendo amado os Seus, amou-os até o fim (João 13:1).
Agradecemos ao Senhor porque tudo depende Dele. Se dependesse do nosso amor, se tivéssemos de confiar em nós mesmos, seria como colocar uma vela num barco e lançá-lo ao mar para navegar em meio a uma tempestade. Você pode imaginar quão instável isso seria? Agradecemos a Deus porque tudo é graça. Tudo depende Dele.
98. É justo Deus salvar um pecador, sem ter ele praticado boas obras?
Deus declara algo muito espantoso em 2 Coríntios 5:21: "Àquele (Jesus) que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós". Deus fez o Senhor Jesus pecado.
Originalmente, o Senhor Jesus era completamente sem pecado; Ele nada tinha a ver com o pecado.
Agora, Deus O julgou enquanto julgava o próprio pecado. Deus O julgou dessa forma "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". Hoje, no Senhor Jesus Cristo, todos os salvos são o exemplo da justiça de Deus. Quando as pessoas nos veem, elas veem a justiça de Deus. Porque o Senhor Jesus se tornou pecado por nós e carregou os nossos pecados para nos perdoar, nós, os pecadores, tornamo-nos agora a justiça de Deus no Senhor Jesus Cristo. Somos a justiça viva de Deus andando na terra. Em Cristo, somos os representantes da justiça de Deus.
Se você não sabe o que é a justiça de Deus, tudo o que precisa fazer é encontrar uma pessoa salva e dar uma boa olhada nela. Você então saberá o que é a justiça de Deus. Se quiser conhecer a justiça de Deus, basta encontrar um salvo e saberá que Deus não lida com os nossos pecados irresponsavelmente.
Ele fez pecado Àquele que não conheceu pecado. Porque o Senhor Jesus morreu, a obra da redenção foi cumprida. Estarmos hoje no Senhor Jesus é uma expressão da justiça de Deus. Quando uma pessoa vê alguém que crê no Senhor Jesus, ela vê a justiça de Deus.
Se alguém quiser conhecer a justiça de Deus, posso levantar-me e dizer: "Simplesmente olhe para um salvo. Deus me ama muito. Ele me ama ao máximo. Ele não é negligente com o pecado. Eis por que Ele levou o Senhor Jesus a morrer na cruz. Olhe para mim, um pecador salvo hoje. Eu sou uma amostra da justiça de Deus em Cristo".
Hoje, nós proclamamos duas grandes verdades ao mundo. Todas as duas são o que o mundo desesperadamente necessita.
A primeira é que Deus ama ao homem. Esse é um fato maravilhoso. Mas não é tudo.
A outra grande verdade é que Deus em Sua justiça perdoou os pecados do homem. Agora o homem pode vir a Deus com toda intrepidez e cheio de fé, lembrando-O de que Ele perdoou seus pecados.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Finalmente, gostaria de fazer uma pergunta.
Por que há a parábola do filho pródigo em Lucas 15?
Parece que falta algo nessa parábola. Após o rapaz desperdiçar seus bens e voltar para casa, o pai realmente deveria amá-lo, mas deveria ter dito pelo menos algumas palavras de repreensão ao filho, talvez algo assim: "Você tomou todos os seus bens e os gastou; agora até seu estômago está vazio".
Mas o pai não disse nenhuma palavra como essa. Não é de se admirar que o filho mais velho dissesse algo. Até nós temos algo a dizer.
Não é injustiça quando há pecado e ele não é tratado? Se Lucas 15 tivesse apenas a parábola do filho pródigo, concluiríamos que Deus não é justo, que Deus não julgou o pecado, mas que o encobriu. Na parábola do filho pródigo, não há algo como uma palavra de repreensão. Mas graças ao Senhor que há três parábolas em Lucas 15.
A primeira é a parábola do pastor salvando a ovelha.
A segunda é a da mulher procurando a dracma perdida.
A terceira é a do pai recebendo o filho pródigo.
Já na primeira parábola, temos o bom pastor dando sua vida pela ovelha. O Senhor Jesus já veio e morreu. O pecado do pródigo já foi julgado na primeira parábola.
Em razão do que aconteceu na primeira parábola, há a segunda, na qual uma mulher acende uma candeia para procurar a dracma perdida. Uma vez que o Senhor Jesus cumpriu a salvação, o Espírito Santo pode vir iluminar-nos com Sua luz.
Depois disso, o Pai não vê mais o problema do pecado.
O problema do pecado foi esclarecido na parábola do pastor dando sua vida pela ovelha. E mais, a percepção interior foi iluminada na parábola da mulher acendendo a candeia. Os erros já foram percebidos. Quando o Pai vem, tudo o que Ele precisa fazer é dar as boas-vindas ao pródigo.
O Senhor Jesus perdoou nossos pecados.
O Espírito Santo nos iluminou e nos convenceu do pecado, da justiça e do juízo.
Assim, quando o Pai vem, a questão do pecado não precisa mais ser mencionada; Ele somente tem o trabalho de nos dar as boas-vindas.
Nas duas parábolas anteriores, a justiça de Deus assim como Seu amor já se manifestaram.
Suponha que uma pessoa ainda não tenha-se achegado a Deus, mas vê que é um pecador e reconhece que o Senhor Jesus julgou seus pecados. O bom Pastor levou seus pecados embora e o Espírito Santo o iluminou a respeito deles.
Quando tal pessoa é salva pela fé, ela tem de perceber que a questão do pecado acabou para sempre; foi tratada na cruz. Lembre-se de que a casa do Pai não é lugar para se falar sobre pecado. Não é lugar para se falar sobre nosso desperdício.
A cruz é o lugar para se falar sobre pecado; é o lugar para se falar sobre a nossa queda. Se você estiver em casa, Deus pode mui justamente não preferir falar sobre seus pecados. Podemos comer e beber para deleite de nosso coração. Podemos viver, usar as vestes mais caras, descansar e festejar para o deleite do nosso coração.
Deus disse que uma vez estivemos perdidos, mas agora fomos achados; que uma vez estivemos mortos, mas agora voltamos para a vida. Não há mais problemas aqui.
A graça de Deus é-nos suficiente. Desse modo, percebemos que a graça de Deus é fiel e justa.
Paulo disse a Tito: "Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:3-7)
99. Deus salva pessoas que não consegue guardar a Lei?
Lemos em Romanos 3:19: "Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus".
Por que Deus deu a lei ao homem? Ela foi dada para que o homem nada tivesse a dizer diante de Deus, para que toda boca pudesse ser fechada. Deus quer mostrar ao homem que todos são pecadores e que todos pecaram. Não há um que seja bom. Romanos 3:20 diz: "Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado".
O propósito final e máximo da lei de Deus foi mostrar ao homem que ele é um pecador. O propósito da lei não foi para que o homem fosse salvo por meio dela. A lei tem um tom totalmente condenatório. A lei diz que o homem deveria ser condenado, deveria morrer e deveria perecer.
Se a questão parasse aqui, não haveria evangelho e tudo estaria terminado. Mas a questão não cessa aqui. O homem não pode viver pela lei, mas Deus tem outros meios. Se você não puder devolver o dinheiro, Deus tem outras maneiras para devolvê-lo por você.
As duas primeiras palavras no versículo 21 são maravilhosas; elas demonstram uma grande virada nessa questão: "Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus".
A justiça de Deus foi originalmente manifestada na lei. Mas se esse fosse o caso agora, estaríamos condenados. Que significa dizer que a justiça de Deus foi manifestada na lei? Significa que tudo o que você devia a Deus, você tinha de pagar. Se pecasse, você tinha de perecer. Se transgredisse, você deveria ir para a perdição. Assim, a lei deveria manifestar a justiça de Deus. Punir os pecadores seria a atitude mais justa que Deus deveria ter. Mas, graças ao Senhor, a justiça de Deus não é mais manifestada na lei. Se Sua justiça fosse manifestada na lei, Deus teria de julgar os pecadores. Mas a justiça de Deus se manifesta sem lei, e sendo assim, o julgamento recai sobre o próprio Deus.
O final do versículo 21 diz: "Testemunhada pela lei e pelos profetas". Mesmo os profetas no Antigo Testamento, incluindo Davi e todos os outros profetas, testificaram a mesma coisa.
Como a justiça de Deus é manifestada?
O versículo 22 diz: "Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção".
Mas já que todos pecaram e carecem da glória de Deus (v. 23), como podemos obter a graça de Deus?
Os versículos 24 e 25 dizem que somos "justificados gratuitamente (...) mediante a redenção que há em Cristo Jesus; a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação".
Deus enviou Jesus para redimir-nos de nossos pecados e O propôs como propiciação. Creio que todos nós sabemos o que é o propiciatório. O propiciatório é a tampa da arca no tabernáculo do Antigo Testamento; foi o lugar onde Deus concedeu graça ao homem. Todo lugar na terra é manchado pelo pecado. Mas esse lugar, e somente esse lugar, é sem pecado. Agora Jesus tornou-se o propiciatório.
Como Ele se tornou tal lugar? Por meio de Seu sangue como garantia. Deus propôs Jesus como o propiciatório e, agora, pelo sangue de Jesus, posso achegar-me a Deus por fé. Deus não pode fazer outra coisa senão derramar graça sobre mim. Somente após Deus ter feito isso, posso dizer que Sua tolerância e Seu deixar os pecados impunes no Antigo Testamento foram justos; e somente após Deus ter feito isso, posso dizer que o fato de justificar os que creem em Jesus no Novo Testamento também é justo. Somos salvos hoje não porque Deus encobriu nossos pecados, mas porque Deus tratou com nossos pecados. Diante de Deus, não somos devedores perdoados, mas devedores quitados que estão perdoados.
Isso é algo muito precioso na Bíblia. Essa é a única maneira de nós, cristãos, podermos ter ousadia diante de Deus.
Você já percebeu que por mais precioso que o amor seja ele nunca é confiável?
Você não pode levar uma pessoa ao tribunal só porque ela não o amou por alguns dias. Num tribunal não há tal coisa como o amor. Mas se a injustiça ocorrer ou se o pecado surgir, a lei falará. Deus gosta de nos dar uma ajuda, algo para nos agarrarmos. Por meio de tal ajuda, nossa fé pode ser fortalecida e as promessas de Deus podem ser cumpridas em nós. Essa ajuda é o Senhor Jesus Cristo. Deus sabe que podemos duvidar; assim, Ele trabalha a fé em nós por intermédio de Seu Filho.
Podemos dizer-Lhe: "Deus, uma vez que me deste Teu Filho e permitiste que Ele morresse, deves perdoar os meus pecados".
Algumas vezes, ouvimos as pessoas orando: "Ó Deus, quero ser salvo. Por favor, salve-me! Pequei, mas estou determinado a ser salvo. Por favor, seja misericordioso para comigo e faça o Senhor Jesus morrer por mim".
Quando tais pessoas oram, elas podem chorar amargamente. Elas agem como se o coração de Deus fosse muito duro e creem que antes que Deus possa perdoá-las ou voltar-lhes Seu coração, elas têm de chorar muito. Os que oram desse modo, não sabem o que é o evangelho. Se o Filho de Deus não tivesse vindo à terra, seu choro e súplica diante de Deus poderiam funcionar. Mas o Filho de Deus veio e o problema do pecado foi resolvido. A obra redentora na cruz foi cumprida. Quando as pessoas vão a Deus, não há mais necessidade de pobres lamúrias. Uma vez que Deus nos deu Seu Filho, Ele pode perdoar os pecados por meio do Filho. Ele é fiel para fazê-lo; Ele não está sendo mentiroso ao fazer isso. E Ele é justo ao fazê-lo; nada há de injusto aqui. Quando a justiça está envolvida, a fidelidade também está.
A maioria das pessoas hoje é ignorante; primeiro quanto à justiça de Deus e depois quanto ao fato de que o Senhor Jesus cumpriu a justiça de Deus. As pessoas não sabem que a justiça de Deus é manifestada sem lei. Elas ainda tentam exercer justiça diante de Deus. Elas são como o homem que deve dez mil talentos. Não há absolutamente como pagar o débito. O homem ainda tenta economizar alguns centavos descendo do bonde uma parada antes, esperando assim economizar para pagar sua dívida. Ele ainda está calculando, esperando economizar um pouco aqui ou ali, fazer isto ou aquilo, a fim de conseguir um pouco de dinheiro para pagar a dívida. Ele ainda quer dizer ao seu credor que embora deva dez mil talentos, tem alguns centavos consigo. Ele não percebe que a soma total já foi enviada à sua casa.
O homem não tem ideia do que Deus realizou por intermédio de Seu Filho. Por isso, o apóstolo Paulo nos diz qual atitude o homem deve tomar.
Com respeito à justiça de Deus, precisamos atentar para a passagem que está em Romanos 10:3, 4: "Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê".
Quando lemos tais versículos relacionados com o evangelho, nosso coração deve animar-se. Esses versículos dizem que os judeus não sabiam que a justiça de Deus tinha sido firmada; eles ainda estavam procurando estabelecer sua própria justiça. Eles faziam o máximo que podiam para ser bons, para trocar suas obras pela salvação e para trocar sua justiça pela vida e tudo o que Deus lhes tem dado. Mas Paulo disse que todos os que procuram estabelecer a sua própria justiça não se sujeitam à justiça de Deus. Não se sujeitar à justiça de Deus é não se sujeitar à obra que Deus cumpriu em Seu Filho Jesus. A justiça de Deus é consumada em Seu Filho Jesus.
A cruz de Jesus é tanto uma manifestação do amor de Deus como o cumprimento da justiça de Deus. Na cruz de Jesus, a justiça de Deus foi cumprida. Se algum homem quiser estabelecer sua justiça hoje, ele estará negando a suficiência da obra do Senhor na cruz. Nunca pense que podemos acrescentar algo à obra que o Senhor Jesus cumpriu. Nunca pense que podemos ajudá-la ou remendá-la um pouco. Todos os que buscam estabelecer sua própria justiça não se sujeitam à justiça de Deus. Se alguém envia uma soma de dinheiro à minha casa para pagar um empréstimo que me fez e ainda tento economizar alguns trocados para saldá-lo, eu realmente estou desprezando o que ele me deu. Todos os que buscam estabelecer sua própria justiça estão blasfemando contra Deus.
Por que "o fim da lei é Cristo"? O fato de Cristo ser o fim da lei significa que Cristo inclui tudo o que a lei tem. Em outras palavras, Deus não lhe deu somente dez mil talentos; todo o dinheiro do mundo foi dado a você.
Como pode você economizar uns poucos trocados?
O fim da lei é Cristo. Como achará outra justiça maior?
Se um homem é muito grande e ocupa toda a cadeira, será que você pode apertar-se com ele na mesma cadeira?
O fim da lei é Cristo.
Como você vai estabelecer sua justiça?
Gostaria de dizer uma palavra forte numa maneira mais reverente: Deus "esgotou" Sua onipotência em Seu Filho Jesus.
O fim da lei é Cristo. Todo o que crer Nele deve receber justiça. Deve ser declarado justo por Deus.
Romanos 5:1, diz: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo."
Os que creem em Jesus são obrigados a receber salvação. Não há possibilidade de não receberem.
É impossível não sermos salvos!
Deus nos deu Seu Filho, o qual não apenas possui o pouco que você necessita, mas possui todas as coisas. Deus nunca pode desamparar-nos, os que cremos em Seu Filho. Deus não tem como nos rejeitar. Todos os que vão a Deus por meio do Filho devem receber justiça. Não há o que discutir; a garantia é certa.
Nós fomos salvos, mas ainda vivemos como humanos. Hoje somos todos cristãos e somos todos filhos do Senhor.
É verdade que agora estamos salvos e que nossos pecados estão perdoados, mas que fazer enquanto vivemos na terra?
Paulo explica isto em Romanos 6: 17-22: "Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna."
100. Como Deus justifica um pecador?
Muitos têm a grande dificuldade de compreender, como podemos ter certeza que estamos salvos para o céu e de nunca perder esta salvação.
Portanto, como a justiça de Deus é aplicada a nós pecadores por natureza e por prática?
A justiça de Deus é aplicada a nós de duas formas.
A justiça de Deus pode primeiro ser aplicada dando paz ao nosso coração. Os sentimentos são indignos de confiança; por isso, podemos não confiar nos sentimentos de Deus. O amor é igualmente indigno de confiança. Se o amor de alguém mudar, ninguém pode culpá-lo ou culpá-la por isso. Mas podemos valer-nos da justiça e fazer reclamações baseados na justiça. Se Deus somente nos ama, Ele pode poupar-nos do julgamento dos pecados ou pode deixar-nos facilmente, se for algo que Ele consiga fazer.
Mas como será se um dia Deus não estiver mais satisfeito conosco e não quiser continuar conosco?
Se Deus não nos amasse mais e se tornasse bravo e insatisfeito conosco, nós sofreríamos. Sob tais circunstâncias, não poderíamos ter qualquer segurança a respeito de Deus e nosso coração nunca estaria em paz.
Mas agora que Deus nos deu Sua justiça, estamos em paz, pois sabemos que nossos pecados foram julgados na pessoa de Cristo. Assim, podemos ter uma consciência ousada e uma segurança definitiva quando nos achegamos a Deus, e nosso coração pode ter paz. A paz não pode ser obtida pelo amor; a paz somente pode ser obtida por meio da justiça.
Embora, em realidade, o amor de Deus seja confiável, do ponto de vista humano, ele não é tão confiável quanto a justiça de Deus. Logo que uma pessoa começa a crer em Deus, ela deve aprender a confiar mais em Sua justiça do que em Seu amor. Mais tarde, enquanto progride, ela deve aprender a confiar mais no amor de Deus do que em Sua justiça. Tal confiança pertence a um estágio avançado da vida cristã.
Mas, no começo, devemos tomar a justiça como a base de nossa fé. Sem justiça, a fé não tem base. Todo salvo, pode dar graças a Deus que nossos pecados foram perdoados. Agradecemos-Lhe porque Ele nunca mais nos julgará.
Nosso coração está tranquilo, pois nossos pecados foram julgados.
A justiça de Deus tem outra aplicação: Ela nos leva a perceber a repugnante natureza do pecado. A fim de preservar Sua justiça, Deus se dispôs até mesmo a sacrificar Seu Filho na cruz. Deus preferiu antes sacrificar Seu Filho à Sua justiça, Sua verdade e Sua lei. Deus não faria algo que fosse contrário à Sua natureza. Assim, podemos ver quão repugnante é o pecado. Se Deus não pode ser indiferente ao pecado e prefere antes julgar Seu Filho para tratar com o pecado, também não podemos ser indiferentes em relação ao pecado.
Aos olhos de Deus, Seu Filho pode ser sacrificado, mas o pecado não pode deixar de ser tratado. Todo o que crê no Senhor Jesus deve ver então que nenhum pecado pode ser ignorado. A atitude de Deus em relação ao pecado é muito rígida. Agora todos os nossos pecados estão perdoados. O Senhor Jesus morreu, fomos perdoados, e todas as coisas estão resolvidas.
Neste ponto, gostaria de fazer uma ilustração.
Um dia, eu estava no Parque lendo minha Bíblia. De repente, o céu escureceu e houve um trovão. Parecia que ia chover imediatamente. Fechei a Bíblia rapidamente e corri até uma pequena casa atrás do parque. Mas pouco depois a chuva ainda não havia chegado e, então, fui para casa apressadamente. A caminho de casa, o céu ainda estava bem escuro; trovejava e as nuvens estavam muito carregadas. Ainda assim a chuva não caiu. Nenhuma gota caiu sobre mim em todo o caminho para casa. Em outra ocasião, algum tempo mais tarde, fui de novo ao mesmo parque para ler. Dessa vez, também o céu escureceu como da vez anterior. Começou a trovejar novamente e as nuvens estavam pesadas e densas. Então, considerei minha experiência anterior, fiquei calmo e caminhei lentamente. Mas infelizmente, dessa vez, a chuva veio e me molhei. Não tive escolha a não ser correr para a pequena casa outra vez. Quando cheguei na casa, a chuva desabou. Não sabia quão forte a chuva seria. Mas, finalmente, o céu clareou, as nuvens se dispersaram, cessaram os trovões e voltei para casa.
Dessa vez, assim como na anterior, não caiu uma gota de chuva enquanto voltava para casa.
Mas deixe-me fazer-lhe uma pergunta: Em qual ocasião meu coração teve mais paz?
Em ambas as ocasiões a chuva não caiu sobre mim quando eu voltava para casa.
Mas em qual das vezes tive mais paz?
Foi da primeira ou da segunda vez?
Embora na primeira vez não tenha chovido a caminho de casa, não sabia quando a chuva viria; em decorrência disso, meu coração ficou de sobreaviso. Na segunda ocasião, também não houve chuva a caminho de casa, mas meu coração estava em paz, porque a chuva já tinha passado e o céu estava claro. Muitas pessoas esperam que a graça de Deus encubra seus pecados. Elas são como eu em minha primeira volta ao lar. Embora não haja chuva, a escuridão ainda se mantém, troveja e as nuvens são densas. Seu coração ainda fica ansioso.
Elas não sabem o que lhes acontecerá. Mas graças ao Senhor, pois a salvação que recebemos é algo que já "passou pela chuva". É uma salvação que "passou pelo trovão". Nossa "chuva" já foi derramada no Calvário, e nosso "trovão" já aconteceu no Calvário. Agora, tudo passou.
Regozijamo-nos não somente porque nossos pecados foram perdoados, mas porque eles foram perdoados após terem sido tratados. Eles não foram encobertos. Deus tratou com o problema dos nossos pecados. A ressurreição de Seu Filho tornou-se a evidência dessa obra. Hoje é dia de graça.
Mas devemos lembrar-nos de que a graça reina pela justiça (Romanos 5:21).
A graça não pode vir diretamente; ela deve vir pela justiça. A graça de Deus não vem a nós diretamente. Ela vem a nós pelo Calvário.
Hoje, alguns dizem que se Deus nos ama, Ele pode perdoar-nos sem julgamento. Isso seria a graça reinando sem justiça. Mas a graça está reinando pela justiça. A graça precisa da justiça do Calvário antes de poder reinar.
Hoje, nosso receber da graça está unicamente baseado na justiça de Deus. Nossos pecados são perdoados após terem sido tratados. Quando vemos a cruz, é correto dizer que ela é a justiça de Deus. É também certo dizer que ela é a graça de Deus.
A cruz significa a justiça de Deus e ela também significa a graça de Deus. Para Deus, a cruz é justiça; para nós, ela é graça. Hoje, quando vemos a cruz, nosso coração descansa, pois sabemos que a graça que recebemos foi recebida mediante a maneira justa de Deus. Sabemos que a nossa salvação é clara, completa, adequada e justa. Nossa salvação não vem mediante contrabando ou fraude. Pelo contrário, ela vem pelo julgamento sobre o pecado.
A cruz resolveu o problema do pecado e a ressurreição confirmou que a solução é de fato verdadeira.
"Jesus, nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus." (Romanos 4:24-5:2)
101. Por que só Jesus está qualificado para nos salvar?
Por um momento coloquemos de lado o fato de que Jesus é Deus e O consideremos como um homem, um homem muito comum. Ele guardou a lei e viveu. Ele viveu na terra por mais de trinta e três anos. Ele não somente não pecou, como nem mesmo conheceu o pecado. Ele foi tentado em todas as coisas, mas não foi tentado pelo pecado. Anote isso: O Senhor Jesus não foi tentado pelo pecado.
Muitos quando leem o livro de Hebreus adquirem um entendimento errado baseado numa tradução errada. O texto grego mostra-nos claramente que, embora o Senhor Jesus tenha sido tentado em todas as coisas, Ele nunca foi tentado pelo pecado. Ele estava em carne e, portanto, tinha fraqueza. Mas Ele não conheceu pecado. Ele nunca foi tentado pelo pecado. Se você consultar uma tradução precisa verá isso claramente.
"Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado." (Hebreus 4:14-15)
Os atos de justiça do Senhor Jesus têm alguma vantagem para nós? Claro que sim.
Os atos de justiça do Senhor Jesus provam que Ele é Deus. Por causa desses atos de justiça, o Senhor Jesus não teve de morrer por Si mesmo. Os atos de justiça do Senhor Jesus O qualificam a morrer na cruz pelos nossos pecados. Se o Senhor Jesus tivesse algum pecado, Sua morte teria sido para Si mesmo; Ele não seria capaz de morrer por nós. Uma vez que o Senhor não teve qualquer pecado, Ele foi qualificado para ser oferecido como um sacrifício por nossos pecados.
A teologia cristã diz que Deus fez nossa a justiça do Senhor Jesus. Deus transferiu a justiça do Senhor para nós da mesma maneira que um banco transfere o dinheiro de uma conta para outra. O Senhor guardou a lei por nós. Nós desobedecemos à lei. Mas a obediência do Senhor Jesus nos fez merecedores da satisfação de Deus.
Mas permitam-me perguntar-lhes enfaticamente: a Bíblia alguma vez mencionou a "justiça do Senhor Jesus"?
Quem pode achar uma passagem no Novo Testamento que fale da "justiça do Senhor Jesus"?
Se ler todo o Novo Testamento, inclusive o texto grego, você descobrirá que o Novo Testamento nunca menciona as palavras a justiça de Cristo.
Uma passagem parece dizer isso, mas ela não se refere à justiça própria da pessoa de Cristo hoje. Os homens não gostam de ler a Palavra de Deus. Eles gostam de estudar teologia. A teologia, contudo, é criada pelo homem. Ela não vem da Palavra de Deus. A teologia diz-nos que Deus imputou a justiça de Cristo a nós. A Bíblia nunca transmite esse conceito. Pelo contrário, a Bíblia se opõe a esse conceito.
A justiça de Jesus de Nazaré é Sua própria justiça. Ela é realmente justiça, mas é a justiça de Jesus de Nazaré. Esta justiça O qualifica a morrer por nós e ser nosso Salvador. Mas Deus não tem a intenção de transferir a justiça de Jesus para nós.
João 12:24 é um versículo precioso na Bíblia. Lá diz que se um grão de trigo não cair na terra e morrer, fica ele só. Um homem como o Senhor Jesus foi exatamente um grão diante de Deus. Somente após Ele ter morrido, houve os muitos grãos.
A salvação começa com a cruz. Embora devamos ter Belém antes de podermos ter o Gólgota, somos salvos por meio do Gólgota, não por meio de Belém. O Filho de Deus é totalmente justo. Ele foi o grão justo.
Mas Sua justiça não nos pode salvar. Ela não pode ser imputada a nós. Deus faz menção da justiça de Cristo na Bíblia. Mas Ele nunca diz que a justiça de Cristo deve ser nossa. A Bíblia diz que Cristo é nossa justiça. Ela nunca diz que a justiça de Cristo é nossa justiça. Gostaria de salientar isso, pois isso exaltará a cruz do Senhor Jesus Cristo.
A Bíblia diz que Cristo é a nossa justiça. O próprio Cristo é a nossa justiça. Nós nos achegamos a Deus em Cristo. Cristo é nossa justiça.
Não é a justiça de Cristo que se tornou nossa justiça. Cristo nunca transferiu Sua justiça a nós. Antes, é o próprio Cristo quem se tornou nossa justiça. Fomos salvos pela justiça de Deus e não pela justiça de Cristo.
É a justiça de Deus que nos traz o perdão e nos livra do julgamento. Não é a justiça de Cristo que faz isso. A justiça de Cristo é somente a qualificação para que Ele seja nosso Salvador. Cristo nunca transferiu-nos Sua justiça. Se a justiça do Senhor Jesus fosse transferível a nós, Ele poderia tê-lo feito enquanto vivia na terra. Ele não teria de ir à cruz e nós, assim, poderíamos ter sido salvos. Se o caso fosse esse, Sua vida se tornaria nossa vida resgatadora. Mas não há tal doutrina como vida resgatadora. Há somente a doutrina da morte resgatadora. Somente a morte do Senhor Jesus nos salvará. Sua vida é nosso exemplo. Não podemos ser salvos por Sua vida. Sua justiça nos condena.
Quanto mais justo Ele é, mais embaraçados ficamos. Não há maneira alguma de Sua justiça ser imputada a nós. Se Deus nos colocasse lado a lado com a justiça do Senhor, somente poderíamos ir para o inferno. Mas graças a Deus porque Ele morreu e se tornou nossa justiça. Eis por que somos salvos. A salvação vem da cruz. Ela não veio da manjedoura. A salvação vem do Gólgota; ela não vem de Belém. Se a justiça do Senhor Jesus pudesse salvar-nos, Ele não precisaria ter morrido. Por isso, quando lemos a Bíblia, não devemos ser afetados pela teologia. Ficaremos muito mais esclarecidos se formos ensinados pela Bíblia do que pela teologia. A palavra do homem pode ajudar, mas ela também pode danificar. Devemos colocar de lado a palavra do homem.
Vamos prosseguir passo a passo. Primeiro vimos que deve ser Deus quem toma nossos pecados. Então, vimos que Jesus de Nazaré veio para levar nossos pecados. Mas Sua justiça na terra foi mais que uma condenação para nós.
Quando fomos salvos por meio do Senhor Jesus? Consideremos um tipo na Bíblia.
No tabernáculo, entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos, havia um véu. Deus estava além do véu no Santo dos Santos. Fora do véu estava o mundo. A Bíblia nos diz que esse véu significa a carne do Senhor Jesus (Hebreus 10:20).
Em outras palavras, o Santo dos Santos somente pode ser visto pelo Senhor Jesus como um homem na terra e pelos que têm uma vida igual à do Senhor Jesus. Nem todos podem ver Deus. Somente o Senhor Jesus podia ver Deus. Ninguém, em todo o mundo, pode ver o Santo dos Santos. Ele estava velado. Quando pôde o homem ver o Santo dos Santos? Quando Deus removeu o véu do céu e uniu o Santo dos Santos, o Lugar Santo e o átrio exterior a fim de que o homem fosse capaz de vê-Lo. Isso aconteceu quando o Filho de Deus foi crucificado na cruz. Naquela hora, o caminho para o Santo dos Santos foi aberto. Por isso Hebreus 10:19-20 diz que temos intrepidez para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus pelo véu. Este véu rasgado é a carne do Senhor Jesus. Agora, temos intrepidez e a plena certeza de fé para nos achegar a Deus.
A justiça do Senhor Jesus na terra não tem relação direta conosco. Graças ao Senhor, pois Ele não ficou na terra para sempre. Se tivesse permanecido na terra para sempre, Ele ainda seria um grão. Graças a Deus porque Ele morreu e nos produziu, os muitos grãos. Graças ao Senhor pela cruz.
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6)
"Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus." (1 Pedro 3:18)
"Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:17-18)
102. Jesus deixou alguma religião para nos salvar?
Todos os que leem os Evangelhos sabem que foram os judeus que O entregaram aos gentios e foram os gentios que O crucificaram na cruz. Se me lembro corretamente, Pilatos era um espanhol. Como podemos dizer que o Senhor Jesus morreu para levar nossos pecados? Ele foi claramente crucificado pelo homem.
Em Atos 2:23, Pedro disse aos judeus que eles pregaram Jesus na cruz por mãos de iníquos. Aqui é dito que foram os judeus que pregaram o Senhor Jesus na cruz.
Mas que fez o Senhor Jesus na cruz? Antes de ir à cruz, Ele esteve orando no jardim do Getsêmani.
Sua oração, junto com suor com gotas como de sangue, foi causada pela perseguição e oposição do homem?
Foi porque Judas trouxe homens para prendê-Lo? Ou foi porque Ele tinha de ir à cruz para nos redimir do pecado?
Não foi porque Deus fez com que Aquele que não tinha pecado se tornasse pecado por nós e carregasse os pecados de todo o mundo sobre Si, para que Ele pudesse levar nossos pecados sobre o madeiro?
Ali, Ele orou: "Pai, se queres, afasta de Mim este cálice" (Lucas 22:42).
Se a cruz fosse algo da mão do homem, se ela fosse apenas o instrumento para alguns homens maus matarem-No, e se houvesse apenas o aspecto humano do Senhor Jesus, então eu não gostaria de ouvir essa oração do Senhor. Não gostaria de ouvir Jesus de Nazaré ajoelhado ali orando ao Pai para, se possível, afastar Dele o cálice.
No decorrer de dois mil anos, muitos mártires e discípulos do Senhor tiveram um grito mais forte que Ele ao se defrontarem com a morte.
Muitos mártires, quando trancados em celas e masmorras, oraram para que o Pai os glorificasse, que queriam morrer pelo Filho e testificar a Palavra do Senhor com o sangue deles. Se não tivesse sido Deus quem começou a pôr o encargo pelos pecados sobre o Senhor no Getsêmani, e se não tivesse sido Deus quem tivesse colocado sobre o Senhor Jesus o encargo de tomar os nossos pecados, teríamos de dizer que o Senhor Jesus nem mesmo teve tanta coragem como aqueles que creram Nele.
Assim, o problema é que a cruz tem o aspecto humano e o aspecto de Deus. O homem crucificou o Senhor Jesus na cruz. Mas o Senhor disse que nenhum homem tira Sua vida; Ele espontaneamente a entregou (João 10:17-18).
O homem podia crucificar o Senhor mil vezes ou dez mil vezes, mas a não ser que Ele desse Sua vida, nada poderia ter sido feito a Ele. O homem crê que Ele foi crucificado pelo homem. Nós cremos que Ele foi crucificado por Deus para redimir os pecados em nosso favor.
Temos de descobrir na Bíblia o que Deus fez na cruz.
Primeiro, leiamos Isaías 53:5-10: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro, foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?
Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos".
Os apóstolos citam Isaías 53 muitas vezes no Novo Testamento. A pessoa falada nessa passagem das Escrituras é o Senhor Jesus.
Que disse o profeta quando escreveu essa porção da Escritura?
A última frase no versículo 4 diz: "Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido". No começo, o profeta achava que Ele fora ferido e afligido por Deus, que fora punido por Seus próprios pecados e ferido por Deus por Suas transgressões. Mas no versículo 5 há uma volta. Deus lhe deu uma revelação através da palavra "mas". Achávamos que Ele estivesse meramente sofrendo punição e ferimento.
Mas Ele não estava sofrendo punição e ferimento por alguma culpa Sua: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho" (vs. 5-6).
A frase seguinte é muito preciosa: "Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (v. 6).
Isso é o que o Senhor fez. Vemos que em relação à cruz há o aspecto do homem e o aspecto de Deus. Embora tenham sido as mãos humanas que pregaram o Senhor Jesus, manifestando o ódio do homem por Deus, foi também Deus quem colocou todos os nossos pecados sobre Ele e O crucificou. A cruz foi obra de Deus; foi algo que Jeová cumpriu.
Que aconteceu na cruz?
"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido" (vs. 7-8).
Ser cortado da terra dos viventes é morrer. Os que estavam ao pé da cruz quando o Senhor foi crucificado admiravam-se e queriam saber por que esse homem estava sendo crucificado. Eles não sabiam a razão de aquilo estar acontecendo. O profeta disse que "ele não abriu a boca", e que "como cordeiro foi levado ao matadouro; e como ovelha muda perante os seus tosquiadores".
Quem sabia que Ele estava sendo cortado da terra dos viventes pelo pecado do povo?
Quem sabia que era Deus operando Nele para cumprir a obra de redenção?
A cruz foi a maneira pela qual o Senhor cumpriu a redenção por meio de Sua morte.
O versículo 9 diz: "Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca".
O versículo 10 é muito precioso: "Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado".
A cruz é uma obra de Deus. Foi o próprio Deus quem levou nossos pecados na cruz. Foi Ele quem solucionou nosso problema de pecado. Nunca dê qualquer crédito a Judas por entregar o Senhor Jesus aos judeus. Nunca pense que sem Judas o Senhor não poderia ser o Salvador. Mesmo se mil ou dez mil Judas tivessem existido, ainda seriam inúteis. Foi o próprio Senhor Jesus quem suportou nossos pecados.
Quando o Senhor Jesus estava orando no jardim do Getsêmani, Ele pode ter parecido o mais fraco de todos os homens, sem qualquer coragem. Ele orou ao Pai para que passasse Dele o cálice (Lucas 22:42).
Mas quando saiu do jardim e encontrou muitos homens maus, Ele disse: "Sou eu", e eles "recuaram e caíram por terra" (João 18:6).
Por favor, lembrem-se de que Ele não caiu quando se confrontou com os homens maus. Pelo contrário, Ele os fez cair. Mas enquanto Ele estava no Getsêmani, considerando o sofrimento que envolvia tomar os pecados do homem, como é que Aquele que não tem pecado seria feito pecado e como Ele iria tomar sobre Si o julgamento do pecado, Ele orou para que, se possível, o cálice fosse passado de Si. Não fosse pela questão da redenção, o Senhor Jesus nem mesmo seria comparado a um mártir. Quão fortes foram os muitos mártires cristãos quando marchavam para a arena dos leões.
Mas o Senhor Jesus rogou que o cálice fosse, se possível, removido Dele. Fisicamente falando, o Senhor Jesus foi imensamente diferente de todos os mártires. Mas para a redenção, para solucionar o problema do pecado, para Deus vir ao homem e levar o pecado do homem, até mesmo Ele teve de pedir que, se possível, o cálice fosse removido. A Bíblia diz que Jeová foi quem fez Dele uma oferta pelo pecado.
Foi Jeová quem pôs sobre Ele a iniquidade de todos nós. Isso foi algo que Jeová fez. A cruz foi obra de Deus; não foi obra do homem. A cruz é o próprio Deus vindo à terra para levar os pecados do homem. A cruz não é o homem crucificando o Filho de Deus.
Você se lembra do que a Bíblia diz que aconteceu entre a hora sexta e a nona? O sol escureceu (Lucas 23:44-45).
Os judeus escarneceram Dele, e os gentios conseguiram açoitá-Lo e humilhá-Lo. Mas o sol estava além do controle dos judeus, e os gentios não tinham autoridade para manipular o sol. O homem protestou e tocou trombeta; mas o terremoto não foi algo que Pilatos conseguisse ordenar.
Por que o céu escureceu? Esse fenômeno aconteceu porque o próprio Deus veio tomar nossos pecados. Isso não foi algo feito pelo homem. Se tivesse sido algo feito pelo homem, teria Deus aumentado a dor de Seu Filho quando Ele estava pregado na cruz? Deus não teria enviado doze legiões de anjos para vir e salvá-Lo?
Tal fato sem dúvida aconteceria se não fosse pela redenção dos pecados. Agradecemos e louvamos a Deus porque foi Seu Filho quem veio para nos redimir dos pecados.
Eis por que Ele disse: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" (Mateus 27:46).
Nenhum cristão por todos estes dois mil anos disse essas terríveis palavras quando estava para morrer. Por dois mil anos, quer os cristãos tenham morrido em paz, quer em aflição, eles foram mais ousados que Ele.
Por que o Filho de Deus foi ali rejeitado por Deus? Se tivesse sido meramente a mão do homem e a crucificação pelo homem, essa teria sido a ocasião em que Ele mais precisaria da presença de Deus. Quando o homem conspirou para persegui-Lo e matá-Lo, Deus deveria ter manifestado mais Sua presença. Esse foi o momento mais crucial e Deus tinha de estar com Ele.
Por que Deus O abandonou, então? Foi unicamente porque o Filho de Deus foi feito pecado por nós e tinha que suportado o julgamento divino.
Essa é a razão de Ele ter clamado: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Deus O desamparara.
Nós, que cremos na obra da redenção, sabemos que o trabalhar da cruz foi para que Ele fosse julgado pelo pecado. A cruz do Senhor mostra-nos como o pecado é maligno e quão grande preço Deus pagou pela obra de redenção.
Além de Isaías 53, podemos encontrar outro testemunho claro da Escritura.
Romanos 3:25 diz que Deus propôs Cristo como propiciação. Isso também mostra claramente que a obra foi feita por Deus.
Deuteronômio 21:23 diz-nos que o que é levantado no madeiro é maldito de Deus. Quando o Senhor foi pregado na cruz, Ele não foi maldito do homem. Antes, Ele foi maldito de Deus. Eis por que Ele pode livrar-nos da maldição.
Em 1 João 4:10 é dito que Deus nos amou e enviou Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Foi Deus quem enviou Seu Filho como propiciação. Não foi o homem quem O crucificou.
Em 2 Coríntios 5:21 também é dito: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós". Isso foi algo que Deus fez. A cruz é o trabalhar de Deus. Foi Deus quem enviou o Senhor Jesus para passar pela cruz.
Atos 2:23 menciona tanto o aspecto de Deus como o aspecto do homem. "Este [homem] entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos".
O Senhor Jesus foi morto pelos judeus por mãos de iníquos. No entanto, tal morte foi de acordo com o desígnio de Deus. Isso mostra-nos que tudo foi feito por Deus. Nós temos pecado e o pecado somente pode ser tratado por Deus. Por essa razão, Deus veio ao mundo para ser um homem. Enquanto homem, Ele foi verdadeiramente justo. Mas essa justiça não foi imputada a nós. Foi a morte do Senhor Jesus que nos livrou da maldição da lei (Gálatas 3:13).
Ele não nos livrou do pecado enquanto estava vivo, mas quando morreu. Na cruz, foi Deus quem O crucificou, não o homem. A mão do homem é inútil. Foi Deus quem aproveitou a oportunidade ali para manifestar o pecado do homem.
"Foi necessário que o Filho do homem fosse levantado na cruz; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas." (João 3:14-20)
103. Como posso ser salvo?
Uma vez que o Senhor Jesus morreu na cruz com o propósito de nos salvar, todos já estão salvos ou precisamos fazer algo para merecer esta salvação?
Tem duas palavras na Bíblia que vão ajudar a explicar isto de uma maneira simples e clara.
As palavras são: redenção e substituição.
A redenção é a causa e a substituição é o resultado. O resultado dessa obra redentora é a substituição.
A extensão da redenção é muito grande. Mas a extensão da substituição não é tão grande assim. É muito interessante que a Bíblia nunca diz que o Senhor Jesus morreu pelos pecados de todos. Ela somente diz que o Senhor Jesus morreu por todos (2 Coríntios 5:14).
Sua obra redentora foi para satisfazer as justas exigências de Deus. Quando o Senhor cumpriu a redenção na cruz, essa obra de redenção não tinha absolutamente nada a ver com o homem. Repito, a redenção não está absolutamente relacionada conosco. A obra de redenção é entre Deus e o pecado.
Então, que é a obra de redenção feita por Cristo na cruz?
É o próprio Deus vindo ao mundo para resolver o problema do pecado. Uma vez que o problema do pecado foi resolvido, a obra da redenção foi cumprida.
O sangue do cordeiro pascal era aspergido nas ombreiras e nas vergas das portas (Êxodo 12:7).
Deus disse que quando visse o sangue, Ele passaria pela casa (v. 13).
O sangue foi para Deus ver. Não foi para os primogênitos verem. Os primogênitos não necessitavam ver o sangue; eles ficavam dentro das casas. O sangue foi para cumprir as justas exigências de Deus; não foi para cumprir as exigências dos primogênitos. Para os primogênitos não houve algo como a redenção. Se lermos o Antigo Testamento, descobriremos que o sangue para a expiação (isto é, redenção) do pecado deveria ser levado para dentro do Santo dos Santos. Era para ser aspergido sobre o véu sete vezes (Levítico 16:14-15).
No dia da Expiação, o sumo sacerdote tinha de trazer o sangue e aspergi-lo sobre o propiciatório da arca. O sangue era para ser oferecido a Deus. É verdade que o sangue tinha de ser colocado sobre o polegar, a orelha e o dedo do pé de um leproso. Mas isso era feito com respeito à consagração. Era uma questão de consagração a Deus. O homem não tinha tal exigência. A redenção tem a ver com Deus. É Deus vindo para solucionar o que o homem não pode solucionar por si mesmo.
Eis porque a Bíblia diz: "E Ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (1 João 2:2).
A redenção inclui todo o mundo. Em tal redenção, todos, até os que não foram salvos, estão incluídos.
Deus veio e lidou com nossos pecados. O Senhor Jesus satisfez as justas exigências de Deus para que nós pudéssemos receber a substituição do Senhor Jesus. Sua redenção é uma preparação abstrata.
Pelo crer Nele, essa redenção se torna uma substituição para nós. Diante de Deus, não foi uma substituição, mas uma redenção. É importante saber isso. Se não tivermos clareza desse assunto, ficaremos confusos a respeito de muitas outras doutrinas. A redenção é para Deus e a substituição é para nós.
A redenção é para satisfazer as exigências de Deus e a substituição é para recebermos o benefício.
O que Ele cumpriu foi redenção; o que nós recebemos é substituição. Eu não quero dizer que não haja tal ensinamento como substituição na Bíblia. Sem dúvida, há tal ensinamento.
Mas todos os ensinamentos na Bíblia concernentes à substituição são escritos para os cristãos. Eles não são escritos para incrédulos.
Para os gentios, dizemos que Jesus morreu por eles e cumpriu a redenção. Para os cristãos, dizemos que o Senhor Jesus os substituiu tomando seus pecados.
Na passagem em que lemos de Isaías 53:5, notamos que ela diz: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.".
Por favor, observem que lemos "nossas transgressões" em vez de "vossas transgressões".
Ele levou o sofrimento pelos nossos pecados. Assim, nossos pecados são perdoados. É por nós, e não por todo o mundo.
Quando Pedro citou Isaías 53, ele disse: "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pedro 2:24).
É sempre nossos e não vossos. Por isso, temos de ser cuidadosos quando pregamos o evangelho. É melhor que sejamos mais fiéis à Bíblia. A Bíblia nunca diz aos pecadores que Jesus morreu pelos pecados deles. A Bíblia diz que Jesus morreu por eles (Romanos 5:8).
Existe tal fato: Jesus morreu por eles. Mas não há nada sobre Jesus ter morrido pelos pecados deles. Jesus morrer por eles é um fato. Mas o problema do pecado ainda não ficou resolvido. É verdade que todos os problemas do pecado já estão resolvidos diante de Deus. Mas se alguém não tiver participação nessa obra, seus pecados ainda não estão solucionados e esse não tem parte na substituição de Jesus. Quando alguém recebe o Senhor Jesus, seu problema de pecado é resolvido. Isso é substituição. Sem isso, não há substituição.
Em outras palavras, a redenção foi realizada, mas a salvação ainda não. Se eu lhes perguntasse quando vocês foram redimidos, vocês responderiam que isso aconteceu há dois mil anos; mas se eu lhes perguntasse quando vocês foram salvos, vocês diriam que foi em determinado dia, mês e ano. A redenção foi algo que aconteceu há muito tempo.
A salvação é algo presente. A redenção foi cumprida por Cristo. A salvação é realizada em nós.
Fomos redimidos há dois mil anos, mas podemos ter sido salvos há poucos anos.
Não sei como dizer isso mais claramente, contudo para mim está muito claro. A obra de redenção de Deus é uma questão referente a Ele mesmo; é para satisfazê-Lo e nada tem a ver conosco.
É algo absolutamente relacionado com Deus. O próprio Deus foi O que fez a obra. Quando vemos o que Deus cumpriu, e cremos e aceitamos, recebemos essa substituição.
Podemos usar uma ilustração. Há uma passagem que une as margens leste e oeste de um rio na China. É uma passagem gratuita. O lugar é conhecido como Passagem Gratuita. Suponha que eu fosse um ladrão que tivesse roubado e assaltado muitas vezes ali. Contudo, agora eu sou diferente.
Que deveria eu fazer se quisesse fazer um tratamento completo em relação ao meu passado de roubos e assaltos?
Mesmo se eu quisesse reembolsar, aonde eu deveria ir? É difícil encontrar aqueles a quem assaltei.
Que devo fazer? Por causa da justiça e para reembolsar, posso começar um serviço gratuito para transportar as pessoas pelo rio.
Qualquer pessoa pode fazer a travessia e nada lhe será cobrado. Posso fazer isso para devolver o dinheiro que roubei das pessoas nesse lugar. Ofereço esse tipo de serviço grátis como uma solução para o problema de minha injustiça. Esse serviço gratuito é para mim uma solução para a injustiça.
Mas para os outros é uma substituição; estou pagando a passagem no lugar dos outros. Esse é o modo de o Senhor Jesus lidar com o problema da punição. Deus enviou o Senhor Jesus para cumprir a redenção a fim de que Sua própria santidade e justiça, bem como o problema do pecado, fossem cuidados.
Quando alguém crê, ele entra nessa obra, e o Senhor Jesus leva embora seus pecados.
Então, o Novo Testamento diz: "Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para nos levar a Deus" (1 Pedro 3:18).
Ele mesmo carregou em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados (1 Pedro 2:24).
Tudo isso foi feito por nós.
Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, Ele tomou o cálice e deu graças, e o deu aos discípulos, dizendo: "Porque isto é o Meu sangue da aliança, que é derramado por muitos, para perdão de pecados" (Mateus 26:28).
Foi por muitos, não por todos. No futuro, veremos incontáveis pessoas, com palmas nas mãos, lavados pelo sangue do Cordeiro de Deus (Apocalipse 7:9, 14).
Ele cumpriu a redenção por Sua própria causa, para que nós pudéssemos ser substituídos. Nada podemos dizer a não ser agradecer-Lhe e louvá-Lo.
"Foi necessário que o Filho do homem fosse levantado na cruz; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas." (João 3:14-20)
104. Por que foi necessário Jesus ressuscitar?
Sem a morte do Senhor Jesus por nós, não haveria a redenção de nossos pecados. A Bíblia diz que Jesus morreu pelos nossos pecados.
Mas vemos que nós mesmos permanecemos nos pecados. Embora Deus tenha terminado Sua parte da obra, do nosso lado, os problemas ainda não se resolveram.
Por essa razão o Senhor Jesus teve de ressuscitar antes de sabermos que nossos pecados foram perdoados. A morte do Senhor Jesus é para Deus, e a ressurreição é para nós.
A morte é exigência de Deus e a ressurreição é exigência dos pecadores. A morte é a solução do pecado diante de Deus e a ressurreição é a remoção da dúvida no coração do homem. Com a morte, o registro do pecado é extinto. Com a ressurreição, ganhamos a prova do perdão e o veredito de inocentes.
Que acontece quando alguém se achega a Deus e quer saber se está salvo ou não?
Tal pessoa pode ter crido verdadeiramente no Senhor Jesus Cristo. Mas ela ainda pode ter dúvida se está realmente salva. Agora, diante de Deus, o recibo já foi emitido. Se tal pessoa ainda quer duvidar, é porque ela escolheu a dúvida. Mas, se o Senhor Jesus ressuscitou, então nossos problemas foram resolvidos.
Por favor, lembrem-se dessas três passagens — Romanos 4:25, 10:9 e 1 Coríntios 15:17.
Esses três versículos nos mostram que a ressurreição foi cumprida por nós objetivamente.
Alguém perguntou: Que significa 1 João 2:2?
A Bíblia na versão revista e atualizada de João Ferreira de Almeida traduz este versículo assim: "E Ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro".
Eu responderia à pergunta feita da seguinte maneira: As palavras "os pecados de" na frase "Pelos [pecados] do mundo inteiro", encontrado em algumas versões, não existem no texto original.
Se esse fosse realmente o caso, então todo o mundo já teria sido salvo, pois o Senhor Jesus se tornou propiciação pelos pecados do mundo todo. Mas no grego se lê: "E Ele mesmo é a propiciação pelos nossos pecados: e não só pelos nossos, mas também por todo o mundo".
Na tradução de John Nelson Darby, diz: "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também por todo o mundo."
Para um leitor do Novo Testamento entender a redenção do Senhor e Sua substituição, primeiro ele tem de saber a distinção entre nós mesmos e nossos pecados, isto é, entre o pecador e os pecados do pecador.
Segundo, ele tem de saber a diferença entre todos e muitos.
Terceiro, ele deve saber a diferença entre pecado e pecados.
Há diferença entre os três pares de coisas: nós mesmos e nossos pecados, todos e muitos, e pecado e pecados.
A Bíblia diz muitas vezes que o Senhor Jesus morreu por todos. Mas nem uma vez ela disse que o Senhor Jesus morreu pelos pecados de todos.
Em 2 Coríntios 5:14 diz-se que: "Um morreu por todos; logo todos morreram".
Paulo não podia dizer que desde que Um (Jesus) morreu pelos pecados de todos, todos morreram. O Senhor Jesus morreu por todos. Mas Ele não morreu pelos pecados de todos. Se o Senhor Jesus tivesse morrido pelos pecados de todos, então, crendo ou não, a pessoa poderia ser salva, pois todos os problemas de pecados estariam resolvidos. Mas o Senhor Jesus morreu por todos. Se formos a Ele, recebê-Lo-emos como nosso substituto e receberemos Sua redenção.
A Bíblia realmente diz que o Senhor Jesus morreu pelos pecados. Mas nesses casos, ela diz que Ele morreu pelos pecados de muitos e não pelos pecados de todos.
Alguém perguntou por que o livro de Hebreus diz que o Senhor Jesus foi oferecido por nossos pecados.
Hebreus 9:28 diz: "Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação".
Você pode ver que aqui, quando fala sobre Cristo tirar os pecados, é dito "para tirar os pecados de muitos", e não "para tirar os pecados de todos".
A seguir, ele dá uma explicação: "Segunda vez aos que o aguardam". Isso diz respeito a todos os que foram comprados pelo sangue. Esses são os muitos. Eis por que é dito que Ele foi oferecido pelos pecados deles. Mas não se pode dizer que Ele foi oferecido pelos pecados de todos.
As palavras na Bíblia nunca são vagas, indefinidas. Se Cristo veio para tirar os pecados de todos, se Ele veio para tirar todos os pecados de todos no mundo, então não mais temos de pregar o evangelho. Mas este não é o caso. O que nós temos são os muitos.
Então, Mateus 26:28 relata que quando o Senhor Jesus tomou o cálice, Ele disse: "Porque isto é o Meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos, para perdão de pecados".
Novamente aqui temos muitos, e não todos. Se fossem todos, então os pecados de todas as pessoas estariam perdoados.
A Bíblia apenas diz que o Senhor Jesus morreu por todos.
Esta palavra simplesmente nos mostra que a morte do Senhor é algo aberto e que todos podem receber o benefício de Sua morte.
Se houver alguém que não seja salvo aqui, eu gostaria de dizer que Cristo morreu por você. Mas, quanto a mim, o Senhor Jesus morreu pelos meus pecados. Assim que pedir isso, a eficácia da morte do Senhor operará sobre você e você terá parte nela.
Mas você deve vir a Ele antes que a eficácia da morte do Senhor possa ser sua e possa operar em você. O Senhor Jesus morreu por todos, e Ele morreu pelos pecados de muitos. Há uma distinção entre os dois. Temos de atentar para isso.
Vamos ler mais duas passagens.
Romanos 5:18-19 diz: "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos". Se quisermos entender esses dois versículos, devemos ponderar sobre eles e prestar atenção a eles. Os leitores da Bíblia concordam que esses dois versículos são alguns dos mais difíceis no Novo Testamento.
Devemos prestar atenção às palavras deles:
Primeiro, no versículo 18 é dito: "todos os homens", mas no versículo 19, é dito "muitos".
Segundo, no versículo 18 há a palavra grega eis, que é equivalente à palavra portuguesa para ou em direção a.
Uma versão traduziu essa porção da seguinte maneira: "Pela ofensa de um, o juízo veio sobre todos os homens para condenação; da mesma forma, pela justiça de um o dom gratuito veio sobre todos os homens para justificação de vida".
Essa não é uma tradução muito fiel.
O versículo pode ser assim traduzido: "Por meio de uma ofensa para condenação a todos os homens, assim também foi por meio de um ato justo para justificação de vida a todos os homens".
Agora devemos atentar mais minuciosamente nesse assunto.
O versículo 18 fala sobre uma ofensa e o versículo 19 fala sobre um homem. A ofensa denota o pecado de Adão (Romanos 5:14).
O pecado de Adão foi para a condenação de todos os homens. Isso significa que aquela ofensa foi para a condenação de todos os homens.
Perceberam que uma única vez foi o bastante? É como dizer que uma vez que uma pessoa faça fortuna, ela está preparada para comprar muitas coisas. A ofensa única foi para a condenação de todos os homens. Do mesmo modo, o ato único de justiça de Cristo foi para a justificação a fim de dar vida a todos os homens. Não é correto traduzir o versículo como a versão anteriormente mencionada o faz, pois isso significaria que por meio do único ato de justiça de Cristo, todos foram justificados e receberam vida.
Qual é o significado de eis traduzido por "para" nesse versículo? Significa uma preparação.
É como a impressão de muitas cédulas pelo governo no Banco Central. É uma preparação para, mais tarde, serem usadas para trocas. Mesmo que todos venham trocar as notas, o governo está preparado.
O versículo 18 diz todos os homens. Isso significa que todos podem receber vida. Não há problema a esse respeito.
Mas o versículo 19 é diferente; ele diz: "Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de Um só, muitos se tornarão justos".
Aqui temos os muitos. Pela desobediência de um homem, que é Adão, os muitos são feitos pecadores. Aqui não diz que todos os homens se tornaram pecadores.
Por que isso é assim?
Que significa dizer que pela desobediência de um todos os homens foram condenados?
Isso significaria que todo o que está em Adão é pecador. Não haveria um justo sequer. Isso não seria tão sério. Mas a frase seguinte seria mais séria: Por um só ato de justiça, todos os homens foram justificados.
Isso significaria que o evangelho não precisa mais ser pregado a quem quer que fosse, pois todos estavam salvos e justificados. Não há aqui menção da questão de crer ou não, e receber ou não. Por meio da obediência de um todos foram salvos. Até os incrédulos seriam salvos. Mas esse, logicamente, não é o caso.
O que diz aqui é: "Por meio da obediência de Um, muitos se tornarão justos".
Por isso, o que a obra do Senhor Jesus fez é para os muitos. Aqui, deve-se diferenciar todos e os muitos.
Ao mesmo tempo, devemos diferenciar entre nós mesmos e nossos pecados.
Romanos 5:8, diz que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
Mas 1 Coríntios 15:3, diz que "Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras".
"Por nós" é uma preparação.
Mas "pelos nossos pecados" é uma espécie de percepção.
Mesmo que uma pessoa não tenha sido salva, ela pode até pregar o evangelho. Mas ela só pode dizer que Deus enviou Seu Filho para morrer por nós. Isso está absolutamente certo. Mas somente os que foram salvos podem dizer que Deus enviou Seu Filho para morrer por nossos pecados. Isso é porque nosso relacionamento com o Senhor Jesus é na questão dos pecados. Assim, podemos dizer que o Senhor Jesus morreu por nossos pecados.
Em 1 Pedro 2:24, diz-se: "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados". Há uma diferença aqui. Podemos apenas dizer para um pecador que o Senhor Jesus morreu por ele; não podemos dizer-lhe que o Senhor Jesus morreu por seus pecados.
Se eu ilustrar isso por meio de um simples exemplo, isso irá ajudá-lo a entender melhor. Suponha que tomei dinheiro emprestado, mas não tenho como pagar. Um certo irmão sabe o número da minha conta no Banco.
Suponha que ele deposite uma quantia nessa conta. Então ele me escreve dizendo que depositou para mim uma quantia no banco e que agora posso reparar minha dívida. Ele depositou o dinheiro e sacrificou-se para arrumar esse dinheiro para mim.
Mas deixem-me perguntar-lhes: A minha dívida já foi quitada? Eu posso saldar a dívida. O dinheiro está no banco.
Mas o débito não foi quitado ainda. Somente quando eu for pessoalmente ao banco e retirar o dinheiro e quitar o débito é que posso dizer que esse irmão pagou o débito por mim.
Da mesma forma, o Senhor Jesus morreu por nós. Essa morte foi preparada para nós. Mas é somente quando recebemos o Senhor Jesus pela fé que podemos dizer que Ele morreu por nossos pecados.
Então, irmão, quando você citar 1 João 2:2, você deve ser cuidadoso com as palavras. Jesus Cristo se tornou a propiciação pelos nossos pecados, e não somente por nós, mas também por todo o mundo.
Vocês podem ver quão minucioso o Espírito Santo é ao escolher as palavras por intermédio de Seu apóstolo. O Senhor Jesus morreu por nossos pecados. Mas a morte do Senhor Jesus não foi apenas por nós, mas por todo o mundo, para que todo o mundo possa receber essa morte. É necessário atentar nisto: Não acrescente as palavras os pecados de "todo o mundo".
É uma pena que muitos não tenham visto isso. Não podemos acrescentar coisa alguma à Palavra de Deus nem podemos subtrair coisa alguma dela (Apocalipse 22:18-19).
Finalmente, ainda há uma coisa que precisamos enfatizar. É a diferença entre pecado e pecados.
Não podemos dizer que o Senhor Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo, pois pecados significam todas as transgressões e todas as punições que devemos sofrer. Se o Senhor Jesus veio morrer pelos pecados de todo o mundo, então todas as transgressões de todo o mundo foram removidas.
Se um homem crer ou não, ele está salvo. Mas a Bíblia é muito cuidadosa no uso das palavras. Ela somente diz o pecado do mundo. Ela não diz os pecados do mundo.
Em João 1:29 diz-se: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!"
A palavra pecado está no singular.
O problema do pecado foi introduzido no mundo por meio de um homem e foi retirado do mundo por intermédio de um homem. O que é mencionado aqui é como o Filho de Deus lida, de modo "abstrato", com o problema do pecado.
Objetivamente falando, o pecado entrou no mundo de maneira "abstrata" por intermédio de Adão. Hoje, o Senhor Jesus está tirando e lidando com o problema do pecado de maneira "abstrata".
Isso não significa que Ele tomou a culpa do pecado de cada indivíduo. Se Ele tivesse tomado a culpa do erro de cada indivíduo, então todo o mundo já teria sido salvo. Agradecemos e louvamos ao Senhor porque a Palavra de Deus não deixa nenhuma brecha e nunca comete erros.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas." (João 3:16-18)
105. Por que Judas não foi salvo?
Se uma pessoa não tem a luz do Espírito Santo, é possível que ela seja como Judas, que viu seu pecado, estava sofrendo e não tinha paz interiormente, mas não via sua própria posição diante de Deus. Sem a luz, ele não poderia ver sua situação de perdição. O sentimento do homem em relação ao pecado perdura somente até ele perceber que agiu errado. Ele não percebe que diante de Deus é um perdido. Estamos dispostos a admitir que somos pecadores. Mas sem o iluminar do Espírito Santo não admitiremos que, como resultado do pecado, diante de Deus nos tornamos pessoas perdidas. Aos olhos de Deus, somos pessoas perdidas.
Existe a possibilidade de uma imitação por parte da carne na questão da consciência do pecado. A carne pode substituir a atuação do Espírito Santo. Muitas lágrimas em reuniões de reavivamento nada são senão o resultado da carne do homem. Elas não são produzidas pela obra do Espírito Santo no homem. Uma coisa é o homem saber que pecou. Outra coisa, é saber que seu relacionamento com Deus está errado. O Espírito Santo paciente e cuidadosamente ilumina o homem e mostra-lhe que ele está perdido. O que o Espírito Santo faz é mostrar ao homem que sua posição está errada. Então, o primeiro sentimento de alguém que experimentou a obra do Espírito Santo de Deus não é algo relacionado com o pecado, mas o sentimento de que ele está longe da casa de Deus. Seu relacionamento com Deus está cortado. Ele desenvolveu um problema com Deus. Ele é um homem perdido.
Nosso problema diante de Deus não é meramente quanto temos destruído a nós mesmos com comida, bebida, fornicação ou jogos. O problema é estar afastado numa terra distante. Quando o Espírito Santo ilumina o homem, a primeira coisa que Ele faz é mostrar ao homem que ele está numa terra distante.
Quando alguém lê a última parábola de Lucas 15, deve observar o que o filho pródigo disse ao pai. Ele não disse que tinha desperdiçado toda a fortuna de seu pai com prostitutas. A primeira coisa que percebeu quando caiu em si, foi que na casa de seu pai havia abundância de pão.
Por que, então, ele estava vivendo em meio aos porcos numa terra longínqua e não conseguia sequer matar sua fome com as alfarrobas que eram para os porcos?
Quando o Espírito Santo ilumina uma pessoa, ela percebe que tem um problema com Deus, que deixou a casa de seu Pai e que está longe Dele.
Meu amigo, quando uma pessoa no mundo chega ao fim de si mesma em sua condição pecaminosa, ela pode, como Judas, tornar-se ciente de seus pecados. Mas sem a luz do Espírito Santo, ela não sentirá que deixou a casa do Pai e que está numa terra distante. Não estou dizendo que os pecados não sejam sérios. Pecados são pecados.
Mas a Bíblia nos mostra que o principal pecado do homem reside no fato de ele estar perdido. Ele está posicionado numa base inadequada, mesmo que não esteja em uma condição inadequada. Naturalmente, todos os que estão numa condição inadequada devem estar numa base inadequada.
Quando o Espírito Santo nos ilumina, primeiro Ele nos mostra que estamos numa base inadequada. Então Ele nos mostra nossa condição inadequada. Isso é o iluminar do Espírito Santo.
Assim, embora haja o amor do Pai e a obra do Senhor, ainda há a necessidade de o Espírito Santo preparar o coração do homem para a salvação. Ele ainda tem de trabalhar no coração do homem a fim de que o homem receba tudo o que o Senhor Jesus fez.
Pode-se dizer que o Senhor Jesus é nosso Salvador objetivo vindo de Deus, e que o Espírito Santo é nosso Salvador subjetivo vindo de Deus. O Senhor Jesus é o Salvador que cumpriu a redenção por nós exteriormente e o Espírito Santo é o Salvador que cumpriu a salvação por nós interiormente.
Todos os salvos no mundo ou no céu foram iluminados pelo Espírito Santo. Todos sabemos que somos a ovelha perdida, que todos nos desviamos para os nossos próprios caminhos (Isaías 53:6).
Todos nós, como ovelhas, nos perdemos. Nosso problema não é doença ou defeito físico, mas é tomar um caminho errado. O caminho que a pessoa toma é muito importante.
Em João 16:8-9, o Senhor Jesus nos disse que quando o Espírito Santo vier, Ele "convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". Que significa ser convencido do pecado? Fomos convencidos do pecado "porque eles não creem em Mim". Desenvolvemos um problema com Ele e entramos em conflito com Ele. Fomos convencidos do pecado porque não vimos Seu sangue e Sua autoridade, porque não satisfizemos às Suas exigências, e porque agora temos um problema com Ele. O maior pecado do homem é recusar-se a crer no Senhor Jesus. O Espírito Santo vem mostrar-nos que desenvolvemos um problema com o Senhor Jesus e com Deus. Nossa posição está errada.
Mas deixe-me fazer-lhe uma pergunta. É possível que uma pessoa numa terra distante possa ser um bom filho?
É possível que ela possa ser econômica e próspera?
É possível que possa ser um trabalhador diligente?
É possível que seja prudente em fazer amigos?
Sabemos que isso é impossível. Se uma pessoa se desviou para uma terra distante e está errada em seu relacionamento com seu pai, ela deve estar errada em todos os seus outros relacionamentos. Eis porque o filho pródigo começou a viver dissolutamente.
Quando o Espírito Santo ilumina uma pessoa, Ele não somente lhe mostrará que ela está numa posição perdida, mas também que sua conduta anterior estava errada. O Espírito Santo não ignora os pecados passados. Ele atenta para todos os pecados. No entanto, Ele chama a atenção de alguém quanto a todos os seus pecados somente após lhe ter mostrado sua posição caída. O Espírito Santo primeiro mostra a você quão perigosa é a posição em que você está, aí, e só então Ele lhe mostra quantos pecados você tem.
A luz do Espírito Santo ilumina e expõe todas as áreas nas quais você transgrediu em relação aos outros. Ela expõe toda injustiça e todos os pecados ocultos em nossas palavras e pensamentos.
O castigo de Deus é para o Seu curar. A repreensão do Espírito Santo é para o Seu confortar. Deus não se apraz em castigar e punir Suas criaturas sem motivo. A única razão pela qual Deus pune é para que o homem possa obter paz. A razão de o Espírito Santo brilhar sobre o homem e mostrar-lhe seus defeitos e suas desobediências é para que o homem aceite toda a obra do Senhor Jesus Cristo na cruz. Sem a iluminação do Espírito Santo, não somos capazes de ver nem mesmo nossos pecados.
Alguns que conhecem um pouco mais que os outros a verdade da Bíblia, pensam que é fácil receber o perdão e aceitar o Senhor Jesus como Salvador. Tudo o que precisam fazer é ajoelhar-se, orar e aceitá-Lo de coração.
Talvez nem mesmo tenham de ajoelhar-se; apenas devem aceitar em seu coração. Porém, muitas pessoas não têm esse conhecimento. Elas podem ser fracas ou podem vir de terras longínquas e podem não ter tido a chance de ouvir a verdade. Podem pensar que é uma coisa muito difícil ser salva.
Elas podem pensar que precisam orar por longo tempo, e não têm certeza se Deus ouviria suas orações. Se eu lhe perguntasse hoje se você é salvo, você poderia responder rapidamente que sim. Mas tal declaração soaria estranho às pessoas de uma terra longínqua. Elas desejariam saber como você conseguiu ser salvo. Ser salvo para elas é uma coisa muito difícil.
Elas diriam que têm orado por muitos anos e ainda não estão certas se estão salvas. Elas esperam ser salvas e se esforçam ao máximo para consegui-lo. Mas elas ainda não sabem se são salvas. Parece que ainda não estão salvas. Para elas, a salvação é algo muito difícil de ser alcançado.
Mas meu amigo, assim como a obra do Senhor Jesus é completa, também a obra do Espírito Santo em nos levar a apossar-nos da obra do Senhor, é completa.
A Bíblia mostra-nos claramente que Deus enviou o Espírito Santo com o propósito de que nós, pecadores, recebêssemos a obra do Espírito Santo e fôssemos salvos. O Filho de Deus veio por causa do mundo todo. Da mesma maneira, a vinda do Espírito Santo também é para toda a carne. Desde que sejamos um homem na carne, podemos obter a obra que o Senhor fez por nós.
O que recebemos hoje é a Palavra de Deus. Mas o que nós recebemos em nosso interior é a obra do Senhor Jesus. Quando recebemos a Palavra de Deus, nós ganhamos a obra do Senhor, pois a obra do Senhor está na Palavra de Deus. Hoje quando alguém crê, não está crendo que o Senhor fez algo por ele. Ele está crendo na Palavra de Deus.
Mas quando alguém crê na Palavra de Deus, a obra do Senhor é automaticamente aplicada a ele. Portanto, se você disser que não é muito inteligente e que não pode entender a obra do Senhor, eu lhe direi que Deus não exige que você creia na obra do Senhor. Ele somente exige que você creia na Palavra de Deus. Quando crer na Palavra de Deus, você obterá Sua obra na Palavra.
Eis como o Espírito Santo trabalha.
Recebemos a Palavra de Deus pela fé, e o Espírito Santo revela a obra do Senhor que está contida na Palavra de Deus. Por isso, devemos perceber que a obra do Espírito Santo é a comunhão. O Espírito Santo transmite a nós a obra do Senhor contida na Palavra de Deus. Sem a transmissão do Espírito Santo, a palavra de Deus permanece apenas a Palavra. Mas quando o Espírito Santo vem, a Palavra é revelada. Assim, Deus preparou o Senhor Jesus. Ele também preparou o Espírito Santo para essa obra de revelação e comunhão.
O Senhor Jesus disse: "E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; e não quereis vir a mim para terdes vida.
Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (João 5:24; 34-40)
106. O que ganhamos quando somos salvos?
Quando recebemos o Senhor Jesus pela fé como nosso salvador pessoal, o Espírito Santo transfere a obra de Jesus a nós. Consequentemente, toda a obra que o Senhor cumpriu, tal como o dom do arrependimento, do perdão, da purificação, da justificação, da santificação e do desfrute, é realizada pelo Espírito Santo em nós. Questões tais como a regeneração ou o receber da vida eterna se cumprem em nós por meio do Espírito Santo. A obra do Espírito Santo é transmitir a vida do Senhor Jesus a nós.
Ela é similar ao fio que transmite eletricidade da usina de força a nós. Por meio do Espírito Santo, recebemos uma nova vida, um coração novo e um espírito novo (Ezequiel 36:26).
Quando recebemos um espírito novo e um coração novo, o Senhor Jesus tem como habitar em nós por intermédio do Espírito Santo. Por isso, a regeneração é o Espírito Santo preparando um novo templo para o Senhor.
Uma vez que estamos na carne, o Senhor Jesus não pode habitar em nós. Somos como o mundo sob julgamento da época de Noé. Depois que a água baixou, Noé soltou uma pomba da arca (Gênesis 8:8-9).
Mas a pomba não achou lugar de descanso; ela não encontrou lugar algum para habitar. Da mesma maneira, somos cheios de pecados. O Senhor Jesus não conseguia encontrar lugar para habitar em nós. Sendo este o caso, Deus nos deu o Espírito Santo. O Senhor realizou todas as coisas objetivamente.
Agora, o Espírito Santo nos deu um novo espírito subjetivamente, para que o Filho de Deus possa habitar em nosso espírito. O Espírito Santo veio primeiramente preparar uma habitação para o Senhor Jesus. Então o Senhor veio morar em nós.
Por um lado, o Espírito Santo nos deu uma nova vida interior. Por outro, dia após dia, Ele transmite a verdade e o propósito de Deus a nós.
Eis porque o Senhor disse que quando o Espírito da realidade viesse, Ele nos guiaria a toda verdade (João 16:13).
Além disso, há outro item da obra do Espírito Santo, que é trazer-nos os dons tais como profecia, línguas, cura, milagres, revelações, palavras de sabedoria e palavras de conhecimento, fé e todos os outros tipos de dons.
Não quero enumerar em detalhes todos os itens da obra de comunhão do Espírito Santo.
Aqui nós enfatizaremos apenas uma coisa: toda a obra do Senhor Jesus é-nos transmitida hoje por intermédio do Espírito Santo. Até mesmo o próprio Senhor Jesus é-nos transmitido por meio da obra do Espírito Santo. Essa é a salvação de Deus. Muitas pessoas não entendem a obra de comunhão do Espírito Santo. Elas me perguntam como a obra do Senhor que foi cumprida há mil e novecentos anos pode ser aplicada a nós hoje.
Na verdade, se não houvesse a obra do Espírito Santo, essa pergunta teria pleno fundamento.
Como pode uma obra cumprida há mil e novecentos anos ser aplicada a nós hoje?
O que o Senhor cumpriu há mil e novecentos anos não foi abandonado "ao sabor do vento e do sol".
Deus preservou e alimentou essa obra no Espírito Santo. Eis porque ela permanece tão fresca hoje. Hoje podemos receber a obra do Senhor Jesus. Ela é a mesma de antes.
Certa vez, fui a uma loja e o balconista me deu uma lata de sopa de vegetais importada. A lata parecia velha e feia exteriormente. Ela estava coberta de pó. O balconista falou muito bem dela e queria vendê-la para mim com um desconto. Comprei-a e levei-a para casa. Mais tarde, quando a examinei a data de fabricação, descobri que era mais velha que eu. Depois, quando a abri e esquentei-a, vi que a sopa ainda tinha bom sabor. Se a obra do Senhor Jesus não fosse preservada no Espírito Santo, surgiria a questão de tempo e espaço.
Como poderia entrar em mim o Salvador que morreu no calvário há mil e novecentos anos?
Mas com o Espírito Santo, não há questão de tempo e espaço. Deus preservou a obra do Senhor no Espírito Santo. Agora a obra do Senhor é viva. Desse modo, o Espírito Santo é capaz de transmitir a obra do Senhor a nós.
Tenho um irmão que estuda bioquímica. Ele mexe com experiências o tempo todo. Para cultivar determinada bactéria, ele precisa usar certa substância química. Enquanto ele mantém determinada temperatura, a bactéria vive. Se a temperatura se torna muito elevada ou muito baixa, ou se outros elementos são adicionados à cultura, a bactéria morre.
O melhor meio para preservar a obra do Senhor é o Espírito Santo. A obra do Senhor sem o Espírito Santo não conseguirá viver e morrerá.
O mesmo é verdade com relação à vida cristã. Uma vida cristã nunca pode ser separada do Espírito Santo. Se as verdades compreendidas pelos filhos do Senhor estiverem separadas do Espírito Santo, elas gradualmente secarão e morrerão. Assim, todos os assuntos espirituais têm de estar no Espírito Santo. Fora do Espírito Santo, tudo morrerá. Nada sobreviverá. Temos de ver que o Espírito Santo é a fonte da vida. Nele está a vida. Fora Dele, tudo está morto.
Por meio do Espírito Santo, Deus transmite tudo de Si e da obra do Senhor para dentro de nós. Deus preparou tudo relacionado com a nossa salvação.
Além disso, o Espírito Santo veio e está pronto a transmitir-nos tudo o que Deus preparou. Se houver alguém ainda não salvo, esse alguém não pode dizer que Deus não o amou ou que o Senhor Jesus não cumpriu a redenção por ele. Ele não pode dizer que a palavra está muito longe dele e é inatingível.
Meu amigo, você tem boca? Algumas pessoas podem argumentar que são mudas e não têm boca. Mas elas têm coração. Elas podem não ter boca, mas não conseguem deixar de ter coração.
Romanos 10:8-9 diz: "A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração (...) se, com a tua boca, confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo".
Por que é assim? Porque Deus disse que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Talvez você queira saber como pode ser tão simples e como é que alguém pode ser salvo apenas invocando. Isso é possível porque o Espírito Santo veio. Ele salvará você assim que você invocar.
Como se invoca?
Em Romanos 10:8-9, Paulo adapta um versículo de Deuteronômio 30 para dizer que o evangelho está perto, é acessível, inteligível e fácil de obter; pode ser expresso numa conversa trivial (na tua boca) e compreendido pela mente (em teu coração) com facilidade (Deuteronômio 30:14).
São as boas-novas da salvação pela fé pregadas por Paulo e pelos outros apóstolos.
Em primeiro lugar, é preciso aceitar a encarnação do Filho de Deus, ou seja, que o bebê na manjedoura em Belém é o Senhor da vida e da glória, que o Jesus do Novo Testamento é o Senhor (Jeová) do Antigo Testamento.
Em segundo lugar, é preciso aceitar a ressurreição de Jesus com todas as suas implicações. Deus o ressuscitou dentre os mortos como prova de que Cristo havia completado a obra necessária para nossa salvação e de que Deus está satisfeito com essa obra.
Crer nisso com o coração significa crer com a mente, as emoções e a vontade.
Assim, se com a tua boca confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Trata-se de uma apropriação individual da pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. Essa é a fé salvadora.
Mas alguém pode perguntar: "Uma pessoa pode ser salva ao aceitar Jesus como Salvador sem, porém, reconhecê-lo como Senhor?".
A Bíblia não deixa margem para uma fé com ressalvas: "Aceito Jesus como meu Salvador, mas me recuso a coroá-lo Senhor de tudo".
Em contrapartida, os que tornam a sujeição a Jesus como Senhor uma condição para a salvação se deparam com um problema: "Qual deve ser o grau de sujeição ao senhorio de Cristo?".
Poucos cristãos podem dizer que se entregaram de forma completa e absoluta.
Quando apresentamos o evangelho, devemos afirmar que a fé é a única condição para a justificação. Devemos, porém, lembrar tanto a incrédulos quanto a salvos que Jesus Cristo é Senhor (Deus-Jeová) e deve ser reconhecido como tal.
107. A condição para a salvação é fé?
Todos os que leem a Bíblia, sabem que a condição para a salvação é a fé. Não há outra condição senão a fé. O homem, por ter caído e ser corrupto, por seus pensamentos serem tortuosos e por estar a sua carne na esfera da lei, pensa que deve fazer algo para que seja salvo. Contudo, a Bíblia nos mostra que a única condição para nossa salvação é a fé. Além da fé não há outra condição. O Novo Testamento diz-nos claramente, pelo menos cento e quinze vezes, que quando o homem crê, ele é salvo, tem a vida eterna e é justificado. Quando o homem crê, ele tem todas essas coisas.
Somando-se a essas cento e quinze vezes, outras trinta e cinco vezes a Bíblia diz que o homem é justificado pela fé, ou torna-se justo por meio da fé. No primeiro caso, temos o verbo crer. No segundo caso, temos o substantivo fé. O verbo crer é usado cento e quinze vezes.
Uma vez que o homem crê, ele é salvo (Atos 16:31).
Uma vez que o homem crê, tem a vida eterna (João 3:36).
Uma vez que o homem crê, ele é justificado. (Romanos 4:3)
Além desses versículos, há trinta e cinco ocorrências em que o substantivo fé é usado. O homem é salvo mediante a fé. Ele recebe vida eterna pela fé, e é justificado mediante a fé.
Portanto, em todo o Novo Testamento, pelo menos cento e cinquenta vezes é dito que o homem é salvo, justificado, e tem vida eterna unicamente por meio da fé. Não é uma questão de quem a pessoa seja, do que ela faça ou do que possa fazer. Tudo depende do crer. Tudo depende da fé.
Outra questão que merece especial atenção é que em todas essas cento e cinquenta ocorrências da fé e do crer, nenhuma outra condição é adicionada. Esses versículos não dizem que o homem deve crer e a seguir fazer algo para receber a vida eterna. Eles não dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser justificado. Tampouco dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser salvo. A Palavra do Senhor menciona a fé de maneira clara e definida. Nada além é misturado ou vinculado à condição da fé. Portanto, a Bíblia nos mostra claramente que do ponto de vista de Deus, não há outra condição para a salvação além de crer.
Um dos livros mais lidos e apreciados no Novo Testamento é o Evangelho de João. Se alguém o ler cuidadosamente, verá que João escreveu esse livro com o único propósito de dizer-nos como o homem pode receber vida e ser salvo e como pode ser libertado da condenação. O Evangelho de João menciona oitenta e seis vezes que é por fé somente, e por nada mais, que o homem recebe a vida, é justificado, e não entra em condenação. Portanto, a Bíblia nos mostra clara, adequada e simplesmente que a salvação não é baseada no que o homem é, no que ele tem tampouco no que fez. A Bíblia nos mostra que quando o homem crê, ele recebe (João 1:12). Ele recebe por meio de crer.
Dissemos que a salvação e a redenção são realizadas por Deus. Mesmo a maneira e o plano para cumpri-las são arranjados por Deus. Também vimos que a graça é cumprida por Deus por meio do Senhor Jesus. Temos de lembrar que se do lado de Deus é graça, então do nosso lado deve ser fé. Se estendo minhas mãos para dar uma xícara de chá a um irmão, ele não pode recebê-la estendendo seus pés. A maneira que os outros utilizam para dar-lhe algo deve ser a mesma que você usa para recebê-lo deles. A maneira de receber deve ser a mesma usada para dar. Se as pessoas o chamam pelo telefone, então você tem de responder usando o telefone. Se lhe escreverem uma carta, você tem de receber a carta. A maneira como algo é recebido deve ser a mesma como foi enviado.
De acordo com a Bíblia, graça é o que Deus nos deu por intermédio de Jesus Cristo (1 Coríntios 1:4).
Para Ele, fazer isso está no princípio da graça. Uma vez que esteja no princípio da graça do lado de Deus, então, do nosso lado, está no princípio da fé. Fé e graça são dois princípios inseparáveis. Graça é Deus dando algo a nós, e fé é o nosso receber algo da parte de Deus. Fé nada mais é que receber o que Deus nos deu em espírito. Isso é totalmente independente de obra. Somente dessa maneira o homem pode receber a graça de Deus. Se recorrermos a quaisquer outros meios, não seremos capazes de receber a graça de Deus.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Embora a Bíblia nos mostre que é pela fé que se recebe a graça de Deus, muitas doutrinas têm surgido como resultado da má interpretação por parte do homem. O homem cria teorias baseadas em seus próprios pensamentos e em sua mente obscurecida. Elas envolvem o que ele deve fazer para que seja salvo. Assim como o homem tem criado ídolos com seu coração tortuoso e os considera deuses, da mesma forma ele tem estabelecido condições para a salvação com seu coração tortuoso e pensamentos obscurecidos.
Por essa razão, devo chamar sua atenção para as diferentes condições que o homem estabeleceu para a salvação e considerar se esses caminhos de salvação são confiáveis ou não. Se o homem não vê a verdade de Deus e não compreende Sua Palavra, ele não perceberá que a condição para salvação é a fé. Contudo, se o homem vê a luz de Deus e compreende a verdade de Deus, ele não será capaz de contrariar o fato do Novo Testamento de que a salvação é mediante a fé. O problema hoje é que depois de reconhecer a fé como a condição da salvação, ele adiciona algo mais à fé.
A controvérsia entre Deus e o homem não é a de crer ou não crer, mas é a de crer com arrependimento, crer com as obras da lei, crer com batismo, ou crer com testemunho, como um pré-requisito para a salvação. A Palavra de Deus diz-nos que uma vez que creiamos, somos salvos. Porém, o homem hoje acrescenta a palavra "com".
De acordo com sua mente obscurecida, ele proclama que o homem é salvo mediante a fé com alguma coisa. O que iremos considerar não é se alguém pode ser salvo pela fé. Essa questão já está resolvida. A questão hoje é se a fé é suficiente ou não. Precisamos adicionar com à fé para que sejamos salvos?
Deixamos Paulo responde isto:
"Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna. Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras." (Tito 3:3-8)
108. Eu guardo a Lei de Deus, mas não me sinto salvo, por quê?
Por séculos, a questão do homem é se ele pode ser salvo por meio da fé com o guardar da lei?!
A maneira do homem para a salvação é a fé mais o guardar a lei.
A Bíblia dedica muito tempo para tratar dessa questão. Visto que o homem presta muita atenção à lei, a Bíblia dedica dois livros para tratar desse problema (Romanos e Gálatas).
Temos de conhecer o motivo pelo qual Deus deu a lei. Deus deu a lei aos israelitas, não para que a guardassem, mas para expor seus pecados. Originalmente, os israelitas tinham pecados, mas estes não se haviam tornado transgressões.
De Adão a Moisés, o homem tinha pecados, mas não tinha qualquer transgressão (Romanos 5:14).
Deus deu a lei para tornar os pecados do homem em transgressões (Romanos 5:13, 20a).
Como foram os pecados do homem transformados em transgressões?
Suponha que haja uma pessoa que tem a disposição e o temperamento de caminhar de um lado para outro, do lado de fora de casa, todos os dias. É algo que ele gosta de fazer. Ele tem de fazer isso todos os dias, todas as semanas, todos os meses e todos os anos. Ninguém consegue explicar por que ele faz isso. Mas em seu temperamento, disposição e vida, há tal coisa que o impele a andar de um lado para outro, do lado de fora de casa. Embora ele tenha esse hábito, não podemos dizer que isso signifique qualquer transgressão. Você pode não gostar do que ele faz e pode achar que esteja errado, mas ele não tem percepção de que isso está errado.
Quando ele perceberá que é errado?
Suponha que você tome duas fitas vermelhas brilhantes e as amarre naquele espaço obstruindo a passagem. Quando ele vier no dia seguinte, verá as duas fitas e perceberá que não deve passar por elas. Seu hábito sempre foi o de andar por ali. Há algo nele que o compele a andar por ali. Suponha que ele dê uma olhada nas duas fitas e contemple a cor brilhante, a textura de seda, o belo laço, e em seguida as desamarre e passe direto por elas. Nesse caso, o seu caminhar é diferente do anterior. Seu caminhar anterior era um pecado sem transgressão. Agora é o mesmo caminhar, mas ele caminha em transgressão.
Deus diz que a lei é perfeita. Ela é boa, justa, santa e excelente (Romanos 7:12).
Contudo, o homem é cheio de pecado. Ele é cheio de pecado por dentro e por fora. Entretanto, de Adão a Moisés, embora o homem tivesse pecado, ele não tinha transgressões.
Deus estabeleceu a lei, não para que o homem não pecasse, mas para expor os pecados do homem e torná-los em transgressões. Hoje a lei está aqui. Uma vez que uma pessoa quebre a lei, ela percebe que pecou. Portanto, podemos dizer que Deus deu a lei ao homem não para que este a guarde, mas para que veja que pecou. Quando não havia a lei, ele não percebia que tinha pecado. Agora ele sabe.
O estranho é que o homem toma a lei, que está ali para provar seu pecado, a fim de tentar provar que é justo. Ele inverte o objetivo da lei. Deus quer que pela lei saibamos que pecamos, mas nós queremos provar pela lei que somos justos. Deus quer mostrar-nos pela lei que estamos perecendo, mas queremos provar pela lei que estamos salvos. O homem não se enxerga. Seus pensamentos estão cheios da lei. Ele não vê que é corrompido interiormente e que não consegue guardar a lei. A carne do homem não consegue guardar a lei de Deus. Ela não se submeterá à lei de Deus. Entretanto, o homem ainda quer procurar justiça na lei e ganhar vida por meio dela. Deus usa a lei para mostrar ao homem que ele está desamparado e que necessita receber a salvação. Mas quando ele vê as ordenanças, tenta obter um pouco de justiça por meio delas e ser salvo.
Romanos 3:19, diz: "Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus".
Esse versículo diz que a lei foi dada com o fim de calar toda boca, para que ninguém possa dizer qualquer coisa, e para que todos estejam sujeitos ao julgamento de Deus.
Em seguida, há um veredito com respeito a nós: "Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (v. 20).
Pode-se ver que a intenção original da lei foi expor o pecado, não justificar o homem. Está muito claro que o propósito da lei de Deus era expor o pecado e não estabelecer nossa própria justiça.
No Antigo Testamento, Deus não somente deu a lei ao homem, como também os tipos, os quais eram as leis cerimoniais. Elas explicavam como alguém deveria oferecer sacrifícios e como pagar o valor para a expiação. Essas questões tipificam o cumprimento da redenção do Senhor Jesus e da Sua subsequente salvação para nós no Novo Testamento. Isso é o que Deus nos tem mostrado. É tão estranho que o homem tente estabelecer sua própria justiça não só por meio da lei, mas também por meio desses tipos. Ele tenta estabelecer sua justiça por meio dessas ordenanças.
Nós até mesmo encontramos um fariseu que, orando, dizia que jejuava duas vezes por semana e que ofertava a Deus a décima parte do que possuía (Lucas 18:11, 12).
Ele pensava que essa era a sua justiça e que por meio dela poderia ser salvo. O homem não vê o propósito pelo qual Deus estabeleceu a lei. Ele compreende mal o propósito de Deus. O homem duvida que seja tão fácil ser salvo. Ele acha que é verdade que o homem de fato é salvo por crer no Senhor Jesus. Nós, que somos cristãos, acima de tudo reconhecemos a necessidade de crer. É correto crer, mas muitos dizem que deveríamos também guardar a lei. O que o homem está dizendo hoje não é se alguém pode ser salvo pela lei ou não. O que ele está dizendo é que os que creem em Jesus devem também guardar a lei para ser salvos.
A fé em Jesus é uma doutrina indiscutível na Bíblia. Contudo, os cristãos dizem que se deve acrescentar a isso o guardar a lei. O homem não vê que crer em Jesus e guardar a lei são duas coisas totalmente contraditórias. Elas jamais podem ser juntadas.
A diferença entre a fé em Jesus e as obras da lei é a mesma entre o céu e o inferno. Assim como o céu é imensamente diferente do inferno, a fé em Jesus é imensamente diferente das obras da lei.
A quem foi dada a lei? Foi dada aos judeus.
Por que, então, o Novo Testamento menciona repetidas vezes o guardar a lei? No Novo Testamento, os apóstolos, ou melhor dizendo, o Espírito Santo, sabia claramente que seus leitores podiam não ser necessariamente todos os judeus.
Somente uma minoria dos que creram em Jesus bem no início eram judeus.
Alguém perguntou-me certa vez: "Você diz que os judeus são os que receberam a lei. Mas quem são os judeus?" Eu lhe disse que quando um pesquisador de produtos farmacêuticos não tem segurança sobre um remédio, ele não o experimentará em seres humanos.
Em vez disso, ele primeiramente o injeta em porquinhos-da-índia. Se os porquinhos-da-índia morrem imediatamente, então o remédio não pode ser utilizado. Somente após o remédio provar que é eficaz é que será injetado em seres humanos. O mesmo é verdade para remédios administrados por via oral. Primeiro, ele é dado aos porquinhos-da-índia. Se funcionar, então o remédio é usado. Caso contrário, ele é descartado. O mesmo é feito para imunização contra bactérias. Se funcionar no porquinho-da-índia, funcionará no homem. Se não funcionar no porquinho-da-índia, não funcionará no homem.
Eu diria, do modo mais respeitoso possível, que os judeus, para quem o Senhor deu a Lei, estavam no laboratório de Deus.
Deus testou a lei nos judeus. Se os judeus pudessem cumpri-la, então poderia ser usada. Se não pudessem cumpri-la, então ela não poderia ser usada. Deus aplicou a lei nos judeus e eles não conseguiram cumpri-la. Isso significa que o mundo todo não pode cumpri-la. Os judeus foram selecionados por Deus como objetos de uma experiência.
Os judeus são os representantes do homem no mundo todo. Portanto, vê-se que a lei foi oficialmente dada aos judeus. Mas o princípio da lei é dado a todos os homens. É dado a toda carne. Deus deu a lei ao homem para preveni-lo de que o homem é proveniente da carne e é carnal.
Que é o cristianismo? O cristianismo não diz aos filhos de Adão que façam o bem. Isso não é o cristianismo. O cristianismo diz que Adão está crucificado e eliminado, e que a raça adâmica é aniquilada pela cruz do Senhor Jesus. O homem em Cristo recebe uma nova vida e torna-se uma nova raça. A lei é inútil para a nova raça, pois não existe coisa semelhante à lei na nova raça. A lei foi dada por Deus aos filhos de Adão para expor os seus pecados. Se alguém quiser ser salvo por guardar a lei, ele deve perceber a séria consequência das palavras guardar a lei. Uma vez que o homem guarde a lei, ele obterá justiça. Contudo, essa justiça será proveniente da carne.
Em outras palavras, significaria que os filhos de Adão, isto é, a raça adâmica, não precisam morrer. Significaria que o homem pode agradar a Deus com sua carne. Talvez alguém argumente que o homem não pretende guardar toda a lei, que ele compreende que é impossível guardá-la na sua totalidade, que o que ele pretende é crer em Jesus, e então, guardar a lei. Todavia, se a obra da lei tiver uma milionésima fração de aceitação diante de Deus, isso significa que Adão não precisaria morrer. Isso anularia a própria natureza do cristianismo. O cristianismo não está aqui para estabelecer uma base para Adão. Não está aqui para manter a velha criação. Ele está aqui para transferir-nos para a nova criação. Somos carne, e não podemos obter a justiça que provém de guardar a lei.
Desde a queda do homem, havia o querubim e a espada flamejante guardando a árvore da vida no jardim do Éden (Gênesis 3:24).
Por que o querubim e a espada flamejante estavam guardando o caminho para a árvore da vida? Para evitar que o homem comesse da árvore da vida.
Após o homem ter-se tornado pecador e ter comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, não havia outro caminho para ele voltar à árvore da vida e comer do seu fruto exceto ser julgado pelo querubim e morto pela espada flamejante. Deus nos mostra que o homem não pode comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e ao mesmo tempo comer do fruto da árvore da vida. O homem não pode comer de ambos. O homem não pode receber a semente do pecado em uma das mãos e tomar a salvação do Senhor na outra.
Aqui reside a diferença entre o cristianismo e o judaísmo. O judaísmo diz ao homem na carne que pelo fato de guardar a lei ele viverá. Mas o cristianismo diz que ele não pode viver, pois não consegue guardar a lei. O cristianismo afirma claramente que o homem não consegue fazê-lo. Não há possibilidade de ele guardar a lei. Portanto, podemos ver que no Antigo Testamento, Deus deu a lei para que o homem a guardasse. No Novo Testamento, vemos que o homem não consegue guardar a lei de modo nenhum, tampouco deve guardá-la. Essa é uma das maiores verdades na Bíblia.
Agora o perigo é que se juntamos a fé com a lei, anulamos o princípio da Bíblia. Imediatamente Adão terá a base, e o homem carnal será capaz de viver novamente. O julgamento de Deus é que o homem deve morrer. Por meio de Jesus Cristo, Deus eliminou o homem. Ele não quer que o homem carnal consiga coisa alguma. Hoje, se o homem ainda tenta produzir algo a partir da carne, ele subverte o princípio do Novo Testamento. Se for dado terreno à lei, então a carne também terá terreno. Mas Deus diz que a carne não tem terreno, que todos os terrenos foram removidos.
Podemos indagar se isso é anular a lei. Precisamos lembrar que, de acordo com a Bíblia, a lei exige duas coisas de nós. Primeiro, a lei diz que aquele que a guardar, viverá (Romanos 10:5).
A lei requer que a guardemos e façamos algo. Uma vez que o homem a guarde, obterá justiça. Se tivermos justiça, teremos a recompensa, que é a vida. Mas há um segundo aspecto. A lei diz que no dia em que comermos da árvore do conhecimento do bem e do mal, certamente morreremos (Gênesis 2:17).
Por um lado, a lei requer que o homem guarde algo. Por outro, sua punição é a morte para todos os que não guardam a lei. Todos os que não guardam a lei recebem a retribuição por não guardar a lei. Portanto, no Antigo Testamento, em princípio, vemos que a lei exigia que o homem a guardasse e que fosse justo. Os que não a guardassem eram condenados e punidos.
Na maioria dos países, o departamento de Trânsito tem muitas leis.
Por exemplo, para dirigir ao escurecer, a pessoa deve ter faróis na sua bicicleta. Se não houver farol na bicicleta, então haverá uma multa de sessenta centavos. Esse regulamento requer duas coisas: que a pessoa instale um farol e que aqueles que não o fizerem sejam punidos.
Que é, então, anular a lei? Anular a lei significa que alguém não tem um farol e tampouco tem de ser punido.
Que é guardar a lei? Guardar a lei é satisfazer uma das exigências. Os que têm um farol, estão guardando a lei. Os que não têm um farol, mas estão dispostos a pagar sessenta centavos, também estão guardando a lei.
O problema hoje é que não conseguimos guardar a lei.
A lei de Deus requer que sejamos justos. Se não somos justos, então falhamos. Somente sendo justos podemos viver. Mas nenhum homem é capaz de guardar a lei. Ninguém entre nós pode ter justiça diante de Deus pelo fato de guardar a lei. Uma vez que o homem toque a lei de Deus, ele falhará.
Paulo disse em Romanos 7:7 que mesmo que Deus tivesse somente uma lei, o homem não seria capaz de guardá-la. Paulo não transgredia todas as leis. Ele mencionou somente uma lei, acerca da cobiça.
Na língua original, a cobiça é concupiscência. Paulo disse: "Estou desamparado. A concupiscência insiste em voltar todas às vezes. Para mim é impossível não ter concupiscência". Ele não podia fazer o farol da sua bicicleta funcionar, contudo, ele tinha de andar pela cidade. Para alguns, o problema não é que o farol não funciona. Eles simplesmente não querem ter a luz. Essas pessoas nem mesmo querem acender o farol.
Que é anular a lei? É quando alguém argumenta com Deus dizendo: "Ó Deus, não posso guardar Sua lei hoje. Por favor, deixe-me ir, por conta do Senhor Jesus. Fiz o melhor que pude. Por favor, não me castigue".
Todos que suplicam ao Senhor Jesus, que seja brando, ou a Deus, que tenha misericórdia deles, estão anulando a lei. Por um lado, eles não querem guardar a lei. Por outro, não querem a punição da lei. Eles não querem ter o farol, contudo, ao mesmo tempo, querem evitar a multa de sessenta centavos.
E quanto a nós hoje? Temos nossos faróis?
Se temos os faróis, então podemos andar sossegados pela cidade. Mas nenhum de nós é capaz de ter o farol. Portanto, a única maneira é pagar os sessenta centavos. Isso é o que o Senhor Jesus fez por nós. Esse é o julgamento que experimentamos em Cristo. Devemos dizer: "Louvamos e agradecemos ao Senhor, pois já fomos julgados em Cristo!"
Fomos punidos em Cristo. Deus já nos puniu em Cristo. Uma vez que o Senhor Jesus morreu, ressuscitou e ascendeu, a salvação que agora recebemos é equivalente à que obteríamos se guardássemos a lei. Aqueles que têm o farol, estão livres. Os que foram punidos também estão livres. Hoje, se um homem conseguir guardar todas as leis, ele será justificado e será salvo, da mesma maneira que nós, os que cremos em Jesus, somos salvos e justificados. É claro que não somos apenas salvos quando cremos em Jesus; ao salvar-nos, o Senhor Jesus concedeu-nos muitas outras coisas além de conceder-nos também a lei.
Paulo disse em Romanos 3:31: "Anulamos, pois, a lei, pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei".
Portanto, quando somos salvos pela fé em Jesus, não anulamos a lei. Uma vez que encontramos a exigência da lei em nós, a lei nada tem a dizer. Nunca pense que deveríamos adicionar a obra da lei à nossa fé. Para nós, crer é como pagar os sessenta centavos. Para nós, guardar a lei é como ter o farol. Ninguém no mundo inteiro teria o farol e pagaria sessenta centavos ao mesmo tempo. Isso é ilógico.
Por que alguém teria de pagar sessenta centavos e, ao mesmo tempo, ter o farol? Se ele pode ter o farol, então não tem de pagar os sessenta centavos. Se existir a palavra da fé, então não pode haver a lei. Se existir a lei, não pode haver a palavra da fé. Ninguém pode ter a fé e guardar a lei ao mesmo tempo, pois fazer isso seria desprezar o Senhor Jesus. Isso significaria que a pessoa não consegue ver sua completa fraqueza e imundícia.
Por favor, leia novamente Gálatas 2:16, 17: "Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei, ninguém será justificado.
Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não".
O livro de Gálatas nos mostra que alguns na Galácia contendiam sobre não ser suficiente o homem ser justificado pela fé no Senhor Jesus; ele ainda devia guardar a lei. Eles não estavam dizendo que o homem não deveria crer.
Eles certamente reconheciam que um homem é justificado em Cristo. Mas estavam dizendo que ele ainda precisava guardar a lei. Paulo estava dizendo uma palavra muito dura aqui. Ele estava dizendo que se enquanto procuramos ser justificados em Cristo somos achados pecadores, significa que após termos crido no Senhor Jesus, nós ainda não fomos justificados, ainda somos pecadores, e ainda devemos guardar a lei para ser salvos.
Por exemplo, suponha que eu esteja doente e passe dez dias sob os cuidados de um médico. Depois disso, porque a doença ainda permanece, tenho de consultar outro médico. Se busco ser justificado em Cristo e, ao mesmo tempo tento guardar a lei, significa que ainda sou um pecador e que ainda não fui salvo.
Se já não sou pecador, então nunca mais deveria guardar a lei. Se ainda sou pecador, Cristo é ministro do pecado?
Paulo perguntava: Se ele não era justificado depois de ter crido no Senhor Jesus, aquilo significava que Cristo era um ministro do pecado?
A resposta é: "De modo nenhum!" No Novo Testamento, Paulo disse "De modo nenhum" muitas vezes. No grego, essa é uma expressão peculiar. É traduzida na versão King James como "Deus não permita".
É equivalente à expressão "os céus não permitam", uma palavra muito forte. Isso significa que até mesmo os céus rejeitariam isso. Não há razão debaixo do sol para que isso sucedesse. Portanto, está claro que o homem não pode ter fé em Jesus e, ao mesmo tempo, guardar a lei.
Em Romanos 3, Paulo fez outra afirmação clara.
O versículo 28 diz: "Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei". Essa é uma afirmação conclusiva. Agora é uma questão de fé. Nada tem a ver com a lei, absolutamente.
Jesus é suficiente. Para a Bíblia, dar atenção à fé é dar atenção à graça de Deus. Isso nos mostra que tudo vem pelo receber. Alguns gostam de exaltar os homens em sua pregação do evangelho.
Mas se conhecemos a Bíblia, veremos que fora de Deus o homem é totalmente desamparado. Lembre-se, destas duas sentenças: o homem não é salvo pela lei, tampouco é salvo pela fé com a lei. Este é o primeiro e mais comum engano do homem. O homem misturou a fé com a lei.
109. Serei salvo por praticar boas obras?
"As obras da lei" é uma expressão que encontramos na Bíblia (Gálatas 2:16).
A compreensão mais frequente da condição da salvação é que a salvação é pela fé e também pelas obras.
Salvação pela fé é uma doutrina da Bíblia, e o homem não pode argumentar contra ela (Efésios 2:8).
Contudo, o homem diz que ela é também pelas obras. Consideremos agora o que a Bíblia diz sobre isso. Frequentemente somos brandos e complacentes em nosso falar, mas a Bíblia não é branda no seu falar. Ela é muito precisa.
Efésios 2:8 e 9 dizem: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie".
Aqui ela nos diz que a salvação é absolutamente pela graça e mediante a fé. A palavra mediante significa atravessar. É como dizer que a luz elétrica brilha pela eletricidade e mediante o fio condutor. É também como dizer que a água da torneira vem do reservatório no departamento de águas e mediante os encanamentos. O homem é salvo pela graça, mas o canal mediante o qual a salvação vem a nós é a fé. O canal não são as obras, mas a fé. É mediante a fé e nada tem a ver com as obras. Não é adicionar a fé às obras. É preciso saber que a fé e as obras são basicamente opostas entre si.
A graça do Senhor Jesus é baseada no amor de Deus. Quando cremos, a graça e o amor fluem para dentro de nós. Como resultado, somos salvos, temos vida, e somos justificados. Nada disso é transmitido a nós por meio das obras.
Por que deveria sê-lo? A resposta aqui é que ninguém deve vangloriar-se.
O que Efésios 1 nos diz é que Deus quer ter toda a glória. É por isso que Ele faz toda a obra.
A glória só pode ir para aquele que realizou a obra. Não existe tal coisa no mundo, como alguém trabalhar e outro receber a glória. Os que trabalham merecem o pagamento. Quem quer que trabalhe, este mesmo recebe a glória.
Por que Deus fez toda a obra de nos salvar? É para que Ele tenha toda a glória. A razão de Deus nos ter concedido a graça é que Ele receba toda a glória. Ele não quer que trabalhemos para que não nos vangloriemos. Vangloriar-se é glorificar a si mesmo. Se fizermos qualquer coisa que mereça alguma glória, não agradeceremos nem louvaremos a Deus diante Dele.
Imediatamente diremos: "Sem dúvida, a salvação é concedida a mim por Ti. É a Tua obra. Mas acrescentei minha parte a ela. Se não tivesse acrescentado minha parte, não seria como sou hoje".
O homem gosta de superestimar seus próprios méritos. Ele gosta de enfatizar suas próprias virtudes. Se Deus dissesse que cumpriria noventa e nove por cento da obra da salvação e que deixaria um por cento para nós, este um por cento silenciaria os céus.
Os anjos não louvariam mais, e as pedras não clamariam mais. Em vez de as pedras se tornarem os filhos de Abraão, os filhos de Abraão tornar-se-iam as pedras, pois de cem por cento, alguns reivindicariam um por cento.
Eles, então, contariam a maravilha de sua própria obra e diriam: "Eu passei por aquilo desta maneira ou daquela maneira. Como você conseguiu passar? Qual foi sua contribuição?" Cada um estaria se gabando de sua própria obra e Deus não teria possibilidade de obter a glória.
Uma vez que Ele quer obter toda a glória, Ele não deixou uma única coisa para fazermos. Quando alcançarmos o céu, teremos de dizer que ainda somos pessoas desamparadas. Somos capazes de chegar lá por causa da graça "gratuita". Essa palavra "gratuita" calará no céu todas as súplicas e o encherá com ações de graça e louvor. Tudo serão ações de graças e louvor, porque tudo é realizado por Deus. Devemos ver que esta é a verdade da Bíblia. A obra do homem e a graça de Deus não podem ser misturadas. Uma vez que o homem trabalhe, isso entra em conflito com a glória.
Portanto, se estou na rua, em minha casa, ou na reunião do partir o pão, posso dizer de coração: "Deus, agradeço e louvo a Ti, porque nada tenho a ver com minha salvação. Minha salvação provém cem por cento de Ti. Portanto, que posso fazer senão louvar a Ti?" Deus se agrada do louvor.
A Bíblia chama determinado tipo de oração de repugnante, mas a Bíblia nunca chama qualquer tipo de louvor de repugnante. Algumas orações são rejeitadas por Deus, mas Deus nunca rejeita qualquer louvor. Deus quer ter toda a glória, pois Ele realizou toda a obra.
Isso significa que podemos ser relaxados e que não precisamos mais fazer o bem?
Efésios 2:10, explica: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas".
Os versículos 8 e 9 nos mostram o que Deus fez por nós objetivamente.
O versículo 10 imediatamente nos mostra as questões subjetivas. Deus não nos salvou de maneira tola. Ele nos deu nova vida, nova natureza e novo espírito interiormente. O Senhor Jesus está vivendo em nós por meio do Espírito Santo e nos preparou para toda boa obra. Lembre-se de que Deus não incluiu essas boas obras nos dois versículos anteriores. Não importa quantas boas obras você tenha feito após ser salvo. A salvação ainda provém da graça.
Não importa quão rápido você avance espiritualmente, pois a salvação ainda provém da graça gratuita do Senhor Jesus. Mesmo que tenha uma obra como a de Paulo, um resultado como o de Pedro, amor como o de João, e sofrimento como o de Tiago — mesmo que tenha todas estas quatro coisas — você ainda é salvo por meio da graça gratuita. No futuro, embora sua obra possa mostrar que é salvo, ela jamais será sua condição para salvação. Minha fé não significa muito. Ela é apenas um receptor da obra de Deus.
O homem não é salvo por obras. Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito miserável. Por ser seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser sua carne má e cheia da lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deve também adicionar obras. O homem não vê que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras. A salvação nada tem a ver com obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo uma pequena atenção à obra, a graça de Deus é anulada (Gálatas 2:21).
Uma vez que é graça, ela deve provir somente da fé e não da obra.
Romanos 4:4 e 5, diz: "Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém, crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça".
Agora temos clareza. Se um homem pode ser salvo por obras, então a salvação torna-se uma recompensa. Não é mais a graça, mas torna-se algo que a pessoa merece. Se é algo que alguém merece, então não mais é gratuito.
A palavra gratuitamente na Bíblia (Romanos 3:24), significa na língua original sem motivo. Em outras palavras, não existe razão para isso. O Senhor Jesus disse no Evangelho de João: "Odiaram-Me sem motivo" (João 15:25).
Na língua original, pode significar: "Eles odiaram-Me gratuitamente". O Senhor nunca fez nada para merecer aquele ódio, mas eles O odiaram assim mesmo. Não havia uma razão para isso. Era gratuito. A graça de Deus naqueles três anos e meio foi dada gratuitamente a nós.
Somos como o filho mais novo em Lucas 15. Um dia chegamos a Deus e dissemos: "Deus, dá-me a parte da herança que cabe a mim". Deus nos deu o que deveríamos ter. Após tomarmos nossa herança, desperdiçamo-la com más companhias. Hoje, voltamos à casa do Pai. A veste que usamos, nossos anéis, sandálias e o novilho cevado que comemos não são o que merecemos. Já gastamos o que era nosso por direito. Não merecemos o anel. Não merecemos a veste. Não merecemos comer o novilho cevado, e não merecemos usar as sandálias.
Que é, então, graça? Quando os que não merecem ser salvos são salvos, isso é graça. Graça é o que aqueles que não deveriam obter, obtiveram. Aquilo que o filho mais novo levou da primeira vez não era graça. Ele já o gastou. O que ele recebeu da segunda vez foi totalmente graça. Sua própria porção foi gasta há muito tempo. Quando ele desfruta outra comida em casa, que não é aquela que ele merecia ter, isto é a graça do Pai.
Portanto, se alguém trabalha, a questão do salário passa a existir, e não é mais graça. A graça está em conflito com o que alguém merece.
Como, então, opera a fé? Quando não é obra ou labor, mas somente a fé no Deus que justifica o pecador, essa fé é imputada como justiça. Esta é a relação entre fé e graça. Se é obra, então não é graça. Se é graça, então existe somente a fé. Crer é aceitar o que Deus realizou. Não é quanto eu tenha feito. Devemos enfatizar que, diante de Deus, não somos justificados por aquilo que realizamos. Somos justificados pela fé. Hoje temos a justificação pela fé. Portanto, a questão da obra terminou para sempre.
Uma vez que misturamos algo com a graça, a graça se torna algo diferente da graça. Isso é porque Deus diz que se é proveniente da graça, então não mais é proveniente da obra (Romanos 11:6).
Se é proveniente de obra, então não mais é proveniente da graça. A obra jamais pode ser misturada com a graça. Portanto, não apenas devemos dizer que a salvação é proveniente da fé, mas dizer que a salvação é proveniente unicamente da fé.
Romanos 3:25 e 26, diz: como o Senhor Jesus se tornou um lugar de propiciação e como Deus justificou os que creem Nele. Não é injusto que Deus faça isso.
Portanto, Romanos 3:27 diz: "Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída". Não há maneira de nos vangloriarmos. Não há mais possibilidade de nos gabarmos.
A frase seguinte é muito importante. Ela diz: "Por que lei?" Isso significa que não temos mais nada de que nos gabar. Por qual maneira estamos livres de nos vangloriar? Por qual princípio estamos livres de nos gabar?
O versículo 27 continua: "Das obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé".
Paulo perguntou como o homem pode ficar livre de se gabar e como a jactância pode ser removida. Sua resposta é pelo princípio da fé. Se alguém estiver no princípio da fé, então ele não estará no princípio das obras. Se é pelo princípio das obras, então a jactância não pode ser excluída.
Hoje, temos o princípio da fé. Portanto, não podemos gabar-nos. Podemos somente louvar.
Filipenses 2:12 diz: "Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor".
Muitos nos têm dito que Paulo disse explicitamente em Filipenses que temos de desenvolver nossa própria salvação.
Se temos de desenvolver nossa salvação, isso não significa que temos de fazer alguma coisa? É verdade que o Senhor realizou a obra, mas o homem também tem de fazer algo.
É como dizer que Ele supre o material, nós suprimos o trabalho, e com os dois, desenvolvemos nossa salvação. Uma pessoa diz isso porque não compreende a palavra da Bíblia.
Se temos de complementar nossa salvação, então, que o Senhor Jesus fez na cruz? Que Ele cumpriu na cruz?
Se algo foi cumprido, não pode ser cumprido novamente. Se você é filho de Deus, não pode tornar-se filho de Deus novamente.
Na cruz, o Senhor Jesus disse claramente: "Está consumado!" (João 19:30).
A cruz do Senhor Jesus cumpriu a obra da salvação. Ela cumpriu a obra de redenção. Uma vez que a obra da salvação e da redenção foram cumpridas, não há mais possibilidade de desenvolvermos essa salvação. Se ainda quisermos desenvolver nossa salvação, devemos primeiro destruir a obra do Senhor na cruz. Devemos declarar que a obra do Senhor Jesus não foi consumada, que a obra do Senhor não foi concluída. Eis por que temos de desenvolvê-la.
Muitas vezes, não sabemos o que significa envergonhar os outros. Mas uma vez que tenha experimentado isso, você saberá o que é. Por exemplo, aqui está uma irmã. Alguém pediu a ela que lavasse alguns lenços. Após tê-los lavado, ela os pendura para secar. Mas outra pessoa vem e leva os lenços embora. Quando ela pergunta o motivo, é-lhe dito que foram tirados para ser lavados. Essa é uma vergonha pública para a irmã, pois isso significa que a outra pessoa não acredita que os lenços foram lavados. Significa que eles acham que a irmã mentiu. Da mesma forma, desenvolvermos nossa salvação não é uma glória para Cristo, mas uma vergonha para Cristo. A Bíblia diz claramente que Cristo completou toda a obra.
Por que, então, Filipenses 2:12 diz que devemos desenvolver nossa salvação?
Os crentes Filipenses foram obedientes, mas agora Paulo acrescenta: "mas muito mais agora na minha ausência".
Ele desejava ardentemente estar com eles (Filipenses 1:25); agora, ele deseja que, na sua ausência, haja um motivo mais forte para a obediência deles, sugerido na frase "muito mais agora". Esta obediência seria concernente aos ensinos que ele já dera e aos que ele ainda daria nesta epístola.
Eles deveriam desenvolver ou operar a sua salvação com temor e tremor. A palavra "operai" (grego: katergazomai) é usada aqui na voz média, e é o imperativo, indicando assim que eles deveriam fazer isto por si mesmos, e fazê-lo imediatamente.
J. N. Darby diz em uma nota de margem: "operar para obter resultado".
Esta é a última referência à salvação nesta epístola. O significado da palavra, neste caso, deve ser encontrado no contexto geral.
Em Filipenses 2:5-11 tivemos uma revelação da humilhação (vs. 6-7), sofrimento (v. 8), e consequente supremacia de nosso Senhor Jesus Cristo (vs. 9-11).
Agora, o apóstolo aplica o resultado prático desta graça, neste versículo 12.
Muitos comentaristas sugerem que os filipenses deveriam operar o que estava em seu interior, isto é, a salvação que eles receberam de Deus pela fé. Mas isto é o tema de Filipenses 1:6, aqui o apóstolo está dizendo: estou ciente de seus problemas internos na igreja local, e eu vos tenho dado um exemplo a seguir (Filipenses 2:5-7); agora, operai a vossa salvação como igreja.
A palavra indica claramente que precisavam ser salvos daquilo que finalmente destruiria o testemunho da igreja local, se não agissem para acabar com a sua discórdia (Filipenses 2:3, 14).
Deviam fazer com "Temor e tremor", e é a atitude em que deveria ser operada, e seria tão diferente do espírito de contenda e vanglória (v. 3).
Se um homem ainda não foi salvo, ele não pode desenvolver sua salvação. Se um homem não tem vida, ele não pode expressá-la. Somente após o homem ter sido salvo, ele pode desenvolver sua salvação. Portanto, vê-se que não existe tal coisa como ser salvo por meio de boas obras.
110. A fé é um dom de Deus?
Em certo sentido, tudo o que desfrutamos é uma dádiva de Deus – ar para respirar, suas faculdades mentais, um teto sobre sua cabeça; essas são todas as coisas pelas quais você pode agradecer a Deus de forma justificada.
Mas perguntar se a fé é um dom é algo muito diferente. A questão não diz respeito a coisas comumente experimentadas por vastas multidões, mas algo especialmente apreciado por alguns.
A fé obviamente não é algo com que você nasceu; fé é acreditar em uma mensagem ou Palavra de Deus e, portanto, requer uma medida de entendimento que você não poderia possuir na infância.
As pessoas ou têm fé, ou não têm – um dia você não confiava em Cristo, e no dia seguinte você confiou nEle.
Lemos em João 3:18: "Quem crê em Cristo não é condenado; mas quem não crê já está condenado."
Como isso aconteceu?
Efésios 2:8, diz: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."
Qual é o "dom" neste versículo – fé ou salvação?
No grego, há uma correspondência gramatical de caso e gênero entre as várias partes do discurso. Neste versículo, a palavra "isto" é um pronome neutro, enquanto "fé" é um substantivo feminino – eles não concordam em gênero (nem em caso).
Não há base para afirmar que este texto ensina que a fé é uma dádiva – a salvação, sim, é uma dádiva e é recebida por meio da fé.
Em 2 Pedro 1:1, Pedro escreve "aos que obtiveram fé igual à nossa".
Essa "fé" é sua confiança pessoal em Cristo ou é usada em um sentido objetivo, significando o corpo de verdade (ou seja, o evangelho)?
Não há consenso unânime, mas muitos professores e estudiosos do passado e contemporâneos sustentam que é o último opção é a mais correta - ou seja, esses crentes receberam o mesmo evangelho que Pedro e os apóstolos.
Por exemplo, William Kelly, que diz que o versículo "não levanta nenhuma questão de medida de fé naqueles que crerem, mas afirma que aquilo em que se crê é igualmente precioso para o cristão mais simples como para um apóstolo".
Se a fé em mente é sua confiança pessoal subjetiva em Cristo, a essência do texto permanece a mesma – Deus capacitou esses crentes a permanecerem no mesmo terreno que os apóstolos, por meio da fé.
Filipenses 1:29, diz: "Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele."
Seria um exagero dizer que este versículo ensina que a fé é um dom especialmente concedido. O que é concedido não é crença ou sofrimento, mas a oportunidade de crer e sofrer. Este é um ensinamento semelhante a Deus concedendo arrependimento em outras Escrituras.
Em Atos 5:31, Pedro diz que Deus exaltou Jesus "para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados".
Mas isso não significa que todo o Israel se arrependeu – significa que, na misericórdia de Deus, eles tiveram a oportunidade de se arrepender.
Nenhum desses textos da Escritura deve ser entendido como significando que a fé para crer em Cristo para a salvação é um dom que Deus dá ao pecador.
A preocupação na mente de algumas pessoas, porém, é que se a fé não é um dom de Deus, então sugerimos que a salvação é uma espécie de empreendimento cooperativo em que o homem pode receber parte do crédito. Mas esse pensamento atribui mérito à fé quando a Escritura não o faz.
Uma salvação recebida pela fé ainda é uma salvação que é toda de Deus e pela qual todo o crédito vai para Deus.
A salvação pela fé não está em contradição com a salvação pela graça, como Romanos 4:16 declara: "É pela fé para que seja segundo a graça".
A fé é a condição para receber a salvação, não o fundamento para ela. A expiação de Cristo na cruz é a base para a salvação. Uma criança não merece glória quando recebe um presente de aniversário comprado por seus pais; da mesma forma, um pecador que exerce fé para receber a salvação não merece nenhuma glória.
Romanos 3:26-27 deixa claro que a doutrina da justificação pela fé proíbe automaticamente a vanglória – não porque a fé veio de Deus, mas porque está em contraste com as obras de mérito.
É verdade que a fé é uma responsabilidade humana, mas é apenas a resposta da vontade de um pecador esclarecido e persuadido pela palavra de Cristo no evangelho e ao agir do Espírito em seu coração.
Lemos que, "Nem todos têm fé" (2 Tessalonicenses 3:2), mas não é culpa de Deus; e nas Escrituras, o fato de alguns terem fé não é motivo de louvor para ninguém. Deus justifica o crente, mas não pelo valor de sua crença, mas pelo valor daquele em quem se crê.
As Escrituras não apresentam a fé para confiar em Cristo para a salvação como um dom que Deus dá especialmente. O que Deus dá para capacitar a fé é evidência.
Suas obras, Sua fidelidade e a confiabilidade de Sua Palavra combinam-se como uma revelação de Sua credibilidade. Embora Sua graça não seja irresistível, Ele graciosamente nos mostra que Ele é aceitável.
E na misericórdia de Deus, Ele não apenas fala, mas somos capazes de ouvir e responder – pois "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo" (Romanos 10:17).
A fé não é um dom especial de Deus – isso só pode ser visto se for assumido e lido no texto. Ela vem como uma resposta humana à declaração do evangelho capacitada pelo Espírito, e é a ausência voluntária dessa resposta que condena justamente o pecador incrédulo (João 3:18).
Paulo disse: "Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16).
Não há glória humana na apresentação bíblica da salvação – Cristo morreu e ressuscitou, o Espírito trabalha hoje, os pecadores creem e Deus salva.
111. A “fé” é um dom que Deus dá, para que sejamos salvos?
Os expositores da Bíblia ao longo dos anos ficaram divididos em relação a esta questão.
Lemos em Efésios 2:8-9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."
Há alguns que insistem em que a palavra "fé" de Efésios 2:8 é o dom de Deus que capacita um pecador a crer, enquanto outros acreditam que a frase "isso não vem de vós" descreve a soma total da obra da graça de Deus, na salvação.
Ninguém negaria que a salvação do começo ao fim é a obra de Deus para o pecador e não a obra do pecador para Deus.
O início de Efésios 2, destaca a morte espiritual e a depravação do pecador e, sem a intervenção e o poder de Deus, o indivíduo fica desamparado e sem esperança.
E assim, no grande esquema da libertação de Deus, Ele dá "fé salvadora", como Pedro lembra a seus leitores, "aos que obtiveram (literalmente por sorteio) fé preciosa" (2 Pedro 1:1).
É verdade que nunca teríamos crido se Deus não tivesse falado conosco e nunca teríamos apreciado a morte de Cristo por nós se o Espírito de Deus não tivesse revelado a verdade para nós. Como Jonas disse: "A salvação é do Senhor".
No entanto, a "fé" no Novo Testamento é geralmente considerada como a responsabilidade do indivíduo de crer na mensagem do evangelho.
Assim, se conclui que "o dom de Deus" em Efésios 2:8-9 não é "fé", mas uma referência à salvação, baseada na graça e recebida pela fé. Há uma série de razões para esta convicção.
No grego, a própria gramática apresenta a "fé" como feminino, e a palavra "isto", como neutro, "esta coisa".
Assim, Paulo aparentemente não está descrevendo "fé", mas a "salvação pela graça".
Em segundo lugar, alguns pregadores recomendam que os pecadores orem a Deus por esse dom da fé; no entanto, o pecador nunca é ordenado a orar pelo dom da fé. Pelo contrário, ele é ordenado a crer no evangelho.
Se a fé fosse um dom especial e capacitador de Deus para que uma pessoa pudesse crer, a acusação de ser um "incrédulo" poderia ser contestada, pois uma pessoa poderia argumentar que nunca recebeu essa fé para crer.
Infelizmente, algumas pessoas se colocam em uma "camisa de força espiritual" e esperam anos pela chegada do dom da fé. Exatamente como eles saberão quando o dom da fé chegar, está envolto em mistério, pois eles antecipam um sentimento ou uma forte convicção, ou algum tipo de experiência com a de Paulo na "Estrada de Damasco".
Por fim, a escritura deixa claro que "a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus". (Romanos 10:17)
Deus nos deu Sua Palavra, o evangelho revelou o remédio de Deus e a responsabilidade do homem é ouvir e crer.
Existem dezenas de versículos que tornam a realidade da "fé" ou "crer" em Deus, cristalina.
"Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo." (Atos 16:31
"Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele." (João 3:36)
Ninguém jamais será capaz de dizer a Deus: "Eu não pude crer, pois não recebi o dom".
Não há falta de evidência suficiente para a fé repousar, mas, em última análise, torna-se uma questão de vontade.
A maior responsabilidade do homem é crer em Deus e em Sua Palavra e o resultado será esta maravilhosa salvação pela graça.
O dom de Deus é a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
112. O que é a Mesa do Senhor e a Ceia do Senhor?
Em 1 Coríntios 10 temos, a verdade da mesa do Senhor, no capítulo 11 temos a verdade da ceia do Senhor.
Existe uma crença generalizada de que os termos "mesa do Senhor" e "ceia do Senhor" são sinônimos
, apesar de poder incluí-la.
Quando nos reunimos para partir o pão no primeiro dia da semana, não é correto dizer, como costuma acontecer, que damos as boas-vindas a um irmão ou irmã à mesa do Senhor, pois nossa presença na ceia do Senhor deve ser uma indicação de que já estamos desfrutando da comunhão na mesa do Senhor.
A ceia do Senhor é uma reunião para a lembrança coletiva do Senhor Jesus Cristo e de sua morte, mas a mesa do Senhor é mais a comunhão com a qual cada crente se identificado, do que a reunião da ceia é uma.
Quando Paulo fala da mesa do Senhor, o cálice precede o pão 1 Coríntios 10, mas a ordem é invertida no capítulo 11. Certamente há razão para isso.
O assunto em 1 Coríntios 10 é comunhão; isso, é claro, repousa sobre a base do sangue de Cristo. Também deve ser notado que o batismo mencionado no capítulo 10 precede a ceia do Senhor do capítulo 11.
Não é que ser batizado nos dá uma passagem livre para o privilégio de lembrar do Senhor no partir do pão no primeiro dia do Senhor, ou que desejamos estabelecer regras rigorosas, regras e regulamentos; em vez disso, reconhecemos a ordem bíblica pura e piedosa.
Também é verdade, devemos admitir, que se não estamos vivendo no bem de nosso batismo ou sendo fiéis a ele, então não podemos desfrutar plenamente dos privilégios da comunhão da assembleia, da qual a ceia do Senhor faz parte.
A expressão mesa do Senhor, é figurativa. Literalmente, a mesa é um móvel no qual o alimento é colocado e ao redor do qual se desfruta comunhão. Aqui, porém, a mesa do Senhor representa a totalidade das bênçãos que desfrutamos em Cristo.
Ao declarar: "Não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios", Paulo não fala de uma impossibilidade física. O cristão poderia, por exemplo, ir ao templo de um ídolo e participar de um banquete naquele local, mas estaria agindo de forma incoerente. Seria um ato de traição e deslealdade ao Senhor Jesus professar fidelidade a ele e, ao mesmo tempo, ter comunhão com quem sacrifica a ídolos. Também seria moralmente inapropriado e absolutamente errado.
Como a mesa dos demônios representaria o sistema todo de idolatria, assim também a mesa do Senhor representa todas as bênçãos do cristianismo que gozamos.
Aqui em 1 Coríntios 10:21, a expressão representa o cristianismo em contraste com a idolatria. É impossível ter comunhão com o verdadeiro e com o falso ao mesmo tempo. Seria um ato de traição e deslealdade. Deus, sendo zeloso, não compartilhará a Sua glória com outro.
Em 1 Coríntios 11:23, Paulo descreve a ordem para observar a Ceia do Senhor, o pão e o cálice.
Enquanto ele emprega esses elementos no capítulo 10, sua ênfase não é a ordem, mas a associação e a comunhão.
Ao longo do capítulo são dados exemplos e exortações de conduta que resulta em associação.
Israel começou bem com Deus (1 Coríntios 10:1-4).
Alguns regrediram à idolatria e imoralidade por associação com nações ímpias (vs.5-10).
"Todas essas coisas lhes aconteceram como exemplos" (v.11).
A Palavra do Senhor para os crentes na assembleia de Deus em Corinto é: "fujam da idolatria" (v.14).
Aparentemente, alguns foram aos templos de ídolos e comeram carne que foi oferecida a um ídolo. No Dia do Senhor, eles compareceram à reunião de lembrança da assembleia e participaram do pão e do cálice. Essa conduta fora da reunião da assembleia negou a comunhão que eles confessaram na Ceia do Senhor.
"Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios" (v.21).
O foco, portanto, no capítulo 10 é a comunhão, que deve regular as associações.
Mencionando o cálice antes do pão no versículo 16, Paulo enfatiza essa comunhão espiritual. O fundamento do relacionamento e comunhão do crente com Deus é "a comunhão do sangue de Cristo". Através do precioso sangue de Cristo derramado no Calvário, o crente é purificado do pecado e aceito na presença de Deus (1 João 1:7).
Essa posição nos trouxe à unidade no corpo espiritual de Cristo, expressa pela participação no pão (v.17).
Referindo-se ao cálice, Paulo o chama de "o cálice da bênção".
Este termo foi usado para o terceiro copo na ceia da Páscoa. Cada membro ergueu sua taça com louvor a Jeová, antes de partilhar de seu conteúdo.
Ao longo da epístola, Paulo dá exemplos da verdade da igreja nos rituais de Israel: Capítulos 3:17, 5:7, 10:1-11.
Ele usa o terceiro cálice da Páscoa para lembrá-los de sua participação no cálice da lembrança a cada Dia do Senhor. Ao fazer isso, louvamos e confessamos Jesus como nosso Senhor e Redentor. Nossa conduta e associações nunca devem ser uma negação deste "cálice de bênção".
113. Reuniões da Igreja Local encontradas no Novo Testamento
Quando lemos as páginas do Novo Testamento, descobrimos que os primeiros cristãos se reuniam para sete propósitos diferentes. Às vezes, uma reunião pode ter servido para duas ou mais delas.
Vamos notá-los resumidamente:
1º) Reunião de Oração (Atos 4:31).
É responsabilidade dos homens liderar a oração na assembleia local (1 Timóteo 2:1-8).
Esta passagem também contém muitos assuntos que são adequados para a oração pública. Os irmãos que oram em público devem se lembrar usar o primeiro pronome pessoal plural, "nós", não "eu", pois quem ora está agindo como representante da assembleia. A oração deve ter um tom de vos que todos possam ouvir, pois se os outros crentes não podem ouvir a oração, como podem dizer "Amém" a ela? (1 Coríntios 14:16).
Orações em público devem ser breve. Observe o exemplo de Atos 4. 24-30, e o preceito de Eclesiastes 5:2.
2º) Reunião de Ensino (Atos 11:26).
A doutrina dos apóstolos ainda é de primeira importância. Os irmãos com o dom de ensinar a Palavra de Deus devem realizar este ministério (Romanos 12:7).
Eles devem ter o cuidado de procurar ensinar "todo o conselho de Deus" (Atos 20:27) e não se concentrar em apenas alguns assuntos.
3º) Reunião para ouvindo Relatos da Obra do Senhor (Atos 14:27).
Aqueles que servem ao Senhor devem ter a oportunidade de falar da obra que Deus está fazendo por meio deles, para que os crentes possam ter comunhão com eles de forma mais inteligente (2 Tessalonicenses 3: 1; Filipenses 4:15).
4º) Reunião para ler as Escrituras (Atos 15:30).
A carta mencionada em Atos 15:30, que foi levado por Paulo e Barnabé e entregue as igrejas, faz parte da Palavra de Deus. A leitura pública das Escrituras também é mencionada em 1 Timóteo 4:13 e Apocalipse 1:3. É de vital importância em uma igreja onde alguns dos membros são analfabetos.
5º) Reunião para partir do Pão (Ceia do Senhor) (Atos 20:7).
A cada Dia do Senhor (o primeiro da semana), o povo do Senhor deve se reunir para participar da Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:20) e deve procurar estar preparado de coração para participar dignamente.
6º) Reunião de anciãos (Atos 15:6).
Os presbíteros da assembleia devem se reunir quantas vezes for necessário para discutir e orar sobre assuntos relativos ao bem-estar espiritual da assembleia.
7º) Reunião para disciplina (1 Coríntios 5:4).
Quando o pecado aberto ocorre na assembleia, uma reunião solene para colocar o crente errante fora da comunhão deve ser convocada. Nesta reunião, a natureza do pecado deve ser declarada, os crentes exortados a endossar totalmente a ação tomada, e oração deve ser feita pela rápida restauração à assembleia do irmão ou da irmã que pecou.
As Escrituras indicam claramente que é responsabilidade dos homens na assembleia pregar (1 Coríntios 14:26) e orar (1 Timóteo 2:8), enquanto as mulheres devem ficar em silêncio (1 Coríntios 14:34) e em sujeição (1 Timóteo 2:11).
Isso não significa que não haja lugar para mulheres no serviço cristão, mas significa que não é o lugar público que devem ocupar nas reuniões da igreja. Em Romanos 16, Paulo lembra e elogia o trabalho feito por muitas irmãs.
Deve-se notar que nenhuma menção foi feita a uma Reunião Evangelística até agora.
O cristão individual é chamado a ser uma testemunha do Senhor Jesus Cristo (Lucas 24:48; Atos 1:8), e isso sempre pode ser feito por meio de conversas particulares com aqueles com quem entramos em contato dia a dia (1 Pedro 3:15).
Isto é chamado de "evangelismo pessoal" e todos os crentes, irmãos e irmãs, podem fazer esse valioso serviço.
Visitas hospitalares, distribuição de folhetos e outras formas de serviço oferecem boas oportunidades para isso. Depois que uma reunião do Evangelho é realizada, os crentes devem estar sempre prontos para falar com aqueles que demonstraram interesse e explicar-lhes assuntos que eles não entendem. Por razões óbvias, geralmente é melhor fazer esse trabalho com outras pessoas do mesmo sexo.
Mas a igreja local também terá oportunidades de ajudar no "evangelismo em massa", quando um irmão (que deve possuir o dom de evangelista) pregar o Evangelho a várias pessoas. Tais reuniões podem ser realizadas em muitos lugares.
Frequentemente, o local de reuniões da assembleia é adequada para uma reunião regular ou uma série especial de reuniões evangelística (Tiago 2:2).
Às vezes, as reuniões evangelísticas nas casas dos crentes oferecem boas oportunidades para alcançar vizinhos e amigos (Atos 18:7).
Um edifício secular (um teatro, escola ou algo semelhante) pode ser ideal em alguns casos (Atos 19:9).
Uma estrutura temporária (uma tenda ou uma barraca) erguida em algum lugar aberto pode atrair mais pessoas. Tais são geralmente melhor usados em tempo bom.
Aqueles evangelistas a quem o Senhor chamou para deixar o emprego secular, por causa do Evangelho, devem ser encorajados a ir a centros onde não há crentes e procurar ganhar almas nesses lugares, e a comunhão prática deve ser estendida pela igreja para aqueles que estão fazendo este trabalho vital. Quando eles visitam sua assembleia local ou outras assembleias estabelecidas, devem ter a oportunidade de falar sobre a obra que o Senhor está fazendo com eles (Atos 14:27).
Novas igrejas locais surgem normalmente de duas maneiras:
1º) Um evangelista vai a um lugar, almas são salvas, batizadas e formadas em uma assembleia.
2º) Uma assembleia com muitos membros "se divide" para formar um novo testemunho. Isso é muito útil nas cidades grandes, pois várias assembleias nos bairros podem atingir um número maior de pessoas do que uma grande reunião central.
Também, em uma grande assembleia, há um perigo muito real de que a maior parte do trabalho seja deixada nas mãos de uma pequena minoria de irmãos, em uma pequena assembleia, geralmente há mais espaço para desenvolvimento e uso do dom.
114. Que ninguém se prive da graça de Deus (Hebreus 12:15)
Em Hebreus 12:14-15, parece dizer que uma pessoa salva pode perder sua salvação se não perseverar até ao fim.Vamos ler estes versículos: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus."
Antes de fazermos uma doutrina, baseado em um versículo aparentemente não tão claro, devemos dar uma olhada no contexto e até mesmo em toda a carta, e neste caso em particular, o contexto ensina que os crentes conhecerão o castigo pelo pecado para que possam ser participantes da santidade de Deus. Deus continua sendo nosso Pai e devemos seguir a santidade que temos em Cristo. O pecado como um ato é profano, mas o crente não é uma pessoa profana. O não convertido Esaú é o exemplo para "falhar na graça de Deus".
"E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou."(Hebreus 12:16,17)
Esaú, como Judas, chora pela bênção e pela vantagem perdida, e não pelo pecado cometido. Outra escritura que perturba alguns é João 15:6. O Senhor Jesus começa este capítulo dizendo: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."
Quando chegamos no versículo 6, Ele diz: "Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem."O Senhor ensina que uma união de vida produz frutos, mantidos pela permanência Nele. Alguns ramos dão frutos e são podados para aumentar a produtividade. Outros não dão frutos e são cortados. A imagem é de nossa frutificação atual, não nossa união em Cristo que nunca pode ser rompida. Permanecer Nele, o fruto é a prova.
No assunto da nossa salvação, a Bíblia oferece versículos muito claros:
Efésios 2:8,9, diz: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."
João 1:12,13, diz: "Mas, a todos quantos receberam o (Senhor Jesus), (Deus) deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."
O ensino que exige comportamento para manter a união com Cristo é uma religião de obras e lança dúvidas sobre a obra todo-suficiente de nosso grande Redentor. Estamos tão seguros quanto a mão e os ombros do Cristo vivo podem nos dar. Ele é o nosso "precursor" na presença de Deus no céu.
Lucas 15:5-6, diz: "E achando a ovelha perdido, a põe sobre os seus ombros, jubiloso e a leva para casa."
João 10:27-29, o Senhor diz: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai."
Hebreus 7:25, diz: "Portanto, (Jesus) pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles."
Paulo, escrevendo a Tito, um irmão na fé, disse como eles foram salvos:"Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.
Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna. Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras."(Tito 3:3-8)
A dúvida sobre a própria salvação surge avaliando-se a própria experiência, a profundidade da dor ou a força da fé no momento da profissão. Esse caráter de dúvida é auto-ocupação e produz maiores esforços de auto-aperfeiçoamento ou o desespero de tentar analisar o raciocínio sem fim de uma "carne" inconversível. A questão central é: Cristo satisfez a Deus por mim?
Somente a palavra de Deus dá essa garantia. Afastar-se de si mesmo e voltar-se para a Palavra de Deus, leva a pessoa de volta ao dia da conversão, e a segurança e a alegria são restauradas. Pelo menos para aqueles que já têm esse dia memorável!
Se alguém percebe a convicção do pecado e o perigo do castigo eterno, é a voz de Deus em Seu amor fiel para perturbar uma falsa paz.
Encare esses fatos com honestidade diante de Deus e Sua Palavra. Não os acalme avaliando os padrões de sua vida ou expressões de tristeza pelo pecado. Deus nos ama, e não quer que ninguém descanse em nada menos que Cristo, o Salvador dos pecadores.
115. Por que e quando a irmã deve usar uma cobertura na cabeça?
O que constitui uma assembleia no qual as irmãs cobrem a cabeça?
Os versículos 2 a 16 de 1 Coríntios 11 contêm o ensinamento de Paulo sobre a cobertura da cabeça das mulheres.
O contexto anterior a esse ensinamento (1 Coríntios 10:14-11:1) mostra como suas ações no partir do pão (partilha do cálice e do pão) devem afetar seu comportamento fora da assembleia.
O contexto após este ensinamento mostra como suas ações no partir do pão devem afetar seus relacionamentos uns com os outros.
O contexto é, portanto, um "ensino congregacional".
Além disso, a introdução aos assuntos de cobrir a cabeça e partir o pão são paralelas:
"Louvo-vos irmãos" (v. 2), e "Não vos louvo" (v. 17).
Ele assim junta os dois assuntos.
O que ele introduz no versículo 17 claramente se relaciona com "quando vos reunirdes na igreja" (v. 18), ou literalmente, "em igreja".
Portanto, as irmãs cobrem a cabeça em qualquer reunião em que estejam "na igreja", o que não significa no prédio onde se reúnem.
É quando eles se reúnem como uma igreja.
O Novo Testamento dá sete reuniões da igreja:
(1) reuniões para ensino,
(2) partir do pão,
(3) reunião de oração (Atos 2:42),
(4) reuniões de disciplina (1 Coríntios 5:4),
(5) uma reunião para relatório do trabalho missionário(Atos 14:27),
(6) uma reunião do evangelho reunião (1 Tessalonicenses 1:8; o princípio em 1 Coríntios 14:22)
(7) e uma reunião de presbíteros (Atos 20:17).
Esta última reunião é a única reunião "não pública" e inclui apenas parte da assembleia.
O ensinamento sobre a cobertura da cabeça da mulher se aplica a cada uma dessas reuniões de assembleia pública.
Em qualquer outra reunião, cobrir a cabeça fica a critério da irmã.
Por D. Oliver
Quando as irmãs devem cobrir a cabeça?
Este artigo destina-se a ajudar com a questão de quando as coberturas de cabeça devem ser usadas pelas irmãs.
Como em qualquer outra questão sobre a conduta de um crente, é essencial que tenhamos uma mente espiritual, procurando maneiras de agradar a Deus em nossas vidas.
Em primeiro lugar, a maioria dos crentes na comunhão da assembleia tem alguma ideia de por que insistimos em cobrir a cabeça das irmãs e descobrir a cabeça dos irmãos nas reuniões. As razões podem ser encontradas principalmente em 1 Coríntios 11.
Seria bom aprendermos algo sobre certas expressões em nosso Novo Testamento: Senhorio, liderança, adoração e comunhão.
Vamos supor que concordemos que cabeças cobertas e cabeças descobertas retratam o importante ensinamento da liderança, que o homem é o cabeça da mulher, que Cristo é o cabeça do homem e que Deus é o cabeça de Cristo.
Vamos concordar que essas declarações em 1 Coríntios 11 são para nós, tanto quanto foram para os cristãos do primeiro século. Estas não são notas sobre práticas culturais ou ideias de Paulo sobre como as pessoas devem se vestir.
Agora a questão é, quando as cabeças das irmãs devem ser cobertas e as cabeças dos irmãos devem ser descobertas?
Se tomarmos essas instruções no ambiente da assembleia, provavelmente estaremos muito próximos da resposta, porque a epístola é dirigida a uma assembleia: "A igreja de Deus que está em Corinto", e então ampliada para nos incluir, "com tudo o que está em todo lugar invocai o nome de Jesus Cristo, nosso Senhor" (1 Coríntios 1:2).
A questão então surgirá: e quanto a casamentos e funerais que poderiam ser considerados eventos privados, não reuniões de assembleia?
Na verdade, tanto nos casamentos quanto nos funerais, estamos nos aproximando muito do Senhor; essas funções são bem diferentes das festas de aniversário ou formaturas.
Em um casamento ou funeral, os santos se reúnem para orar, ler a Palavra de Deus, pregar o evangelho e estar na presença de Deus em busca de consolo.
Tanto o casamento dos crentes quanto o funeral de um santo falecido podem ser incluídos na expressão "quando vos reunirdes." (1 Coríntios 11:17, 18, 20, 22, 33, 34).
Muitos bons irmãos listaram as várias reuniões da assembleia conforme retratadas no NT, mas o fato de que casamentos e funerais não estão em sua lista não exclui o fato de que essas funções podem ser consideradas extensões de nossas reuniões. Essas ocasiões são mais do que reuniões familiares para fins sociais; são casos em que a assembleia se reúne para buscar a bênção de Deus sobre uma união matrimonial ou o testemunho e conforto de um funeral.
O comentário sobre 1ª Coríntios de Jack Hunter na série: "Conheça a sua Bíblia", é muito útil aqui: "Deve ser declarado que o Novo Testamento não sabe nada sobre uma reunião dos santos ser de uma ordem ou nível diferente de outra… Nem é a presença do pão e do cálice, mas a presença de Deus, que torna sagrada a assembleia."
Em outras palavras, quando nos reunimos para um casamento ou funeral, estamos na presença de Deus e devemos observar as mesmas normas de comportamento e vestuário.
Quão desrespeitoso e irreverente seria se os irmãos (homens) passassem todo o casamento ou o funeral com a cabeça coberta; da mesma forma, quão irreverente seria para as irmãs entrarem com a cabeça descoberta em uma reunião que se destina especificamente a unir um irmão e uma irmã em um relacionamento no qual a liderança é exemplificada.
A Palavra de Deus marca claramente a diferença entre homens e mulheres. Nossa sociedade norte-americana está fazendo o possível para obscurecer as diferenças entre os gêneros.
Vamos, como crentes, seguir a Palavra de Deus.
Casamentos e funerais podem ser considerados extensões de reuniões de assembleia onde os santos se reúnem para esperar em Deus por Sua bênção e, no caso do funeral, para lembrar Sua bondade e graça em salvar o irmão ou irmã que partiu.
Reverência, respeito e piedade devem marcar o dia. Não precisamos de mundanismo e irreverência para estragar estes dias importantes.
Casamentos e funerais também têm um aspecto pessoal e privado. Não há razão para que, com um pouco de imaginação e preparação, não possamos acrescentar o toque pessoal sem violar os princípios da Palavra de Deus.
A recepção do casamento e o lanche após o funeral tendem a ser menos formais e mais descontraídos, proporcionando assim oportunidades para expressões pessoais de felicitações em casamentos ou condolências após um funeral.
Por Ritchie
116. Jesus, o Filho de Deus, é igual ao Pai?
Ao lidar com um assunto tão sagrado e profundo como este, devemos tentar ser claros no significado das palavras que usamos. "Igual" não é o mesmo que "equivalente".
Quando dois termos matemáticos são equivalentes, um pode ser usado no lugar do outro.
Nesse sentido, o Pai e o Filho não são equivalentes. Eles são duas Pessoas distintas e têm papéis distintos na Divindade, mas Deus é um, e há um só Deus (Deuteronômio 4:35 e 6:4).
O Pai e o Filho (e o Espírito Santo) são iguais em substância e em todos os atributos.
A Bíblia diz que o Filho é "a expressão exata da pessoa de Deus", significando que Ele responde exatamente à substância de Deus. Tudo o que Deus é, Ele é. (Hebreus 1:3)
Que o Pai e o Filho são duas Pessoas distintas é bastante evidente em muitas Escrituras, inclusive isto é testificado na unção do Filho e na Sua transfiguração (Mateus 3:16, 17 e 17:5).
Pedro nos diz que a voz no Monte da Transfiguração era do Pai, falando do céu (2 Pedro 1:17, 18).
A voz do Pai veio do céu e o Filho encarnado estava na terra, enquanto o Espírito Santo desceu do céu à terra em para ungi-Lo.
Essas três Pessoas distintas são igualmente Deus; o Pai e o Filho são ambos chamados de Deus em passagens como: (Salmos 102:24a, compare com Hebreus 1:10 e João 20:28)
Os líderes dos judeus sabiam que, quando o Senhor Jesus se referiu a Deus como Seu Pai, Ele reivindicou igualdade com Deus (João 5:18).
Claro, aqueles homens incrédulos nem sempre tiveram sua teologia correta, então podemos aceitar sua declaração somente se ela concordar com a de Deus.
Hebreus 1:8, diz: "Mas ao Filho diz: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre." Hebreus 1:1, mostra que O orador nesta passagem é Deus, o Pai deste Rei (v. 5), e Ele se dirige ao Filho como Deus.
Os salmos enumeram as obras únicas de Deus e Seus atributos únicos (Salmos 105 e 139).
O Evangelho do Filho de Deus, o Evangelho de João, demonstra que nosso Senhor fez essas obras e possuía esses atributos.
O Filho disse, (João 10:30): "Eu e meu Pai somos um", e isto expressa a igualdade do Pai e do Filho.
117. A divindade do Senhor Jesus era de alguma forma limitada em Sua humanidade?
Por definição, Deus é espírito, infinito em Sua duração, habilidade e atributos.
(João 4:24; Isaías 57:15; Lucas 1:37; 1 João 1:5)
A divindade limitada é um erro clássico dos teólogos liberais e das seitas humanistas.
Pelo fato do Filho eterno estar em um lugar e "tornar-se carne" (João 1:14) não limitou Sua onisciência, onipotência ou onipresença; Ele era sem começo (João 1:1), sem fim (Hebreus 1:12) e Ele era santo (Lucas 1:35).
Em Marcos 2, os fariseus se recusaram a aceitar o perdão dado ao paralítico pelo Senhor Jesus, visto que somente Deus tem esse poder (Salmos 130:4).
Lemos no Salmos 130:3,4: "Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido."
O Senhor Jesus não somente tinha o poder de levantar o paralítico da cama, mas também o de perdoar os pecados dele; algo que somente Deus pode fazer, pelo simples fato de que Ele era Deus (Marcos 2:10).
Talvez, os que negam que o Filho seja Deus, podem alegar que Ele era simplesmente um canal que fluía estes atributos, mas a fonte era só uma, Deus o Pai.
É verdade que Seu Pai disse a Ele o que devia dizer (João 12:49b) e as próprias palavras que Ele deveria falar (v. 49c).
Em João 5:19 diz: "Na verdade, na verdade, vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente."
Jesu também disse: "E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo" (João 5:22).
Vemos também Jesus dizer: "Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; e deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem" (João 5:26,27).
Mas temos que entender que essas verdades não indicam que Ele era limitado, mas que estava sujeito a Seu Pai como Filho em sua Humanidade.
Tudo isso só afirma que o Pai e o Filho têm papéis diferentes na Divindade. O Pai dirige e o Filho realiza o que foi programado, enquanto o Espírito capacita-O para a execução.
Em João 5:19-20 temos o princípio da resposta de Jesus à acusação dos judeus de que se estava fazendo igual a Deus. Nesta passagem Jesus afirma três coisas sobre sua relação com Deus.
1º) Estabelece sua identidade com Deus. Ver Jesus em ação é ver Deus em ação. As coisas que faz Deus são as coisas que faz Jesus; e as coisas que Jesus faz são as coisas que Deus faz. A grande verdade fundamental a respeito de Jesus é que nele vemos Deus. Se queremos ver o que Deus sente com relação aos homens, se queremos ver como Deus reage diante do pecado, se queremos ver como Deus vê a situação humana, devemos dirigir nosso olhar a Jesus. A mente de Jesus é a mente de Deus; as palavras de Jesus são as palavras de Deus; as ações de Jesus são as ações de Deus.
2º) Mas esta identidade não se baseia tanto na igualdade como na obediência total. Nada do que Jesus faz surge de si mesmo. Jesus nunca fez o que Ele quis; sempre fez o que Deus queria que fizesse. Pelo fato de a vontade de Jesus estar completamente submetida à vontade de Deus é que vemos Deus nele. A identidade de Jesus com Deus não se baseia na independência de Deus, mas sim na dependência total dele. Sua identidade não está baseada na independência e sim na submissão. Jesus é para com Deus como nós devemos ser para com Jesus.
3º) Mas esta obediência não se baseia na submissão ao poder, mas sim no amor. A unidade entre Deus e Jesus é uma unidade de amor. Falamos de duas mentes que têm um só pensamento, de dois corações que pulsam em uníssono. Em termos humanos, esta é uma descrição perfeita da relação entre Jesus e Deus. O amor entre Pai e Filho é tão íntimo, tão estreito, que Pai e Filho são um. Há uma compreensão tão total, uma identidade tão completa de mente, vontade e coração, que Pai e Filho são um só.
Em João 5:17, Jesus disse: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também".
Todo o problema da discussão anterior tinha sido o trabalho no sábado. Agora, deixava Jesus implícito que não era somente uma questão da sua própria atividade no sábado, mas também da atividade do seu Pai. O trabalho deles é único (v.19); portanto, o que é atributo de um pertence também ao outro.
O descanso do Pai no sábado, corretamente entendido, é a atividade desimpedida do amor, para que nas obras de misericórdia realizadas no sábado o trabalho do Pai e do Filho seja um só.
Uma afirmação desse tipo, vinda de Jesus, forneceu o terreno para que acusação mais grave lhe fosse feita. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus (v.18).
Colocando os seus atos no mesmo nível dos atos de Deus, Ele estava fazendo-se igual a Deus. Tal reivindicação levantou sérias questões na mente dos judeus, que se dedicavam à crença e à defesa de um rigoroso monoteísmo. Assim, em um sentido bastante profundo, o ensino de Jesus que se segue (João 5.19-47) é uma defesa completa do monoteísmo cristão, em que o Pai e o Filho são um só.
Os versículos 19-24, cuidadosamente explicado, provavelmente foi endereçado a um público pequeno e educado, talvez até mesmo ao Sinédrio.
O centro da questão é que todos honrem o Filho, como honram o Pai (v.23).
Para chegar a esta conclusão, Jesus apresentou quatro etapas, cada uma iniciada pela palavra por quê.
Primeiramente, o Filho, em toda a sua atividade e obra, é completamente dependente do Pai, porque tudo quanto ele [o Pai] faz, o Filho o faz igualmente (v.19).
Em segundo lugar, a união deve-se ao amor e à perfeita confiança; o fruto da união é maiores obras. Porque o Pai ama ao Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis (v.20). Ou seja, Deus mostraria obras ainda maiores por meio de Cristo, para que os descrentes pudessem se maravilhar.
Em terceiro lugar, a unidade é evidente na grande questão da vida e da morte. Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer (v.21). Evidências deste tipo de avivamento são vistas no ensino de Jesus a Nicodemos (João 3.3), aqui, nos versículos 24,26, na figura do pão (João 6.27), e mais especificamente na cena da morte e ressurreição no túmulo de Lázaro (João 11.25-26; João 1.4; 3.36).
E, finalmente, por ser o Filho do Homem (v.27), a prerrogativa do juízo lhe foi dada pelo Pai. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo (v.22; João 5.30; 8.16).
E Ele fez isto para que todos honrem o Filho, como honram o Pai (v.23).
Positivamente, o trabalho de Cristo é trazer a vida e a luz; negativamente, Ele resulta no juízo sobre aqueles que recusam a vida e se afastam da luz.
O Filho é totalmente dependente do Pai, e assim está unido a Ele pelo laço perfeito do amor e da confiança, para que as questões da vida, da morte e do juízo tenham uma solução perfeita. O Filho merece a mesma honra que o Pai. Na verdade, a unidade é tão perfeita que quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou (v.23).
Estas profundas ponderações são seguidas por um apelo caloroso e pessoal por parte de Jesus: "Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna" (v.24).
Os três verbos estão no presente: ouve, crê, e tem, todos apresentam uma realidade presente.
A vida eterna começa quando se ouve e se crê (João 20.31).
Além disso, devido à união descrita, crer no Pai, que enviou o Filho, é equivalente a crer no Filho (João 3.16; 6.29).
A afirmação: "Em verdade, em verdade vos digo" (v.25), citada neste Evangelho, sempre introduz uma afirmação majestosa. (João 1.51).
Realmente, é uma afirmação majestosa, pois vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão (v.25).
A nova aliança está penetrando e removendo a antiga (João 4.23).
Aqueles que estão espiritualmente mortos ouvirão, e aqueles que responderem com fé viverão (João 5.21,24).
O que eles ouvem, a voz do Filho de Deus, é a Palavra falada, a completa revelação e consumação do resgate de Deus dos homens que estão mortos nas transgressões e no pecado.
Este resgate do homem só é possível por causa da unidade de ação entre o Pai e o Filho. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo (v.26).
É por causa desta unidade tão evidente nas obras do Filho encarnado que o Pai deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem (v.27).
Em vista de o artigo definido no original não acompanhar os dois substantivos em Filho do Homem (na tradução literal), é evidente que a prerrogativa do juízo está ligada a verdadeira humanidade de Cristo (Filho do Homem) e não ao fato de Ele ser o representante da humanidade ("O" Filho de Homem)".
118. O Senhor Jesus possui onisciência apenas até onde o Pai permite?
A passagem da qual surge esta pergunta é: "Jesus, sabendo que o Pai havia entregado todas as coisas em Suas mãos..." (João 13:3). Este versículo enfatiza quem estava realizando a tarefa do escravo — não meramente um rabi ou mestre, mas Jesus, que estava cônscio da sua divindade. Ele conhecia o trabalho que fora lhe confiado; sabia que ele viera de Deus Pai e que já estava no seu caminho de volta para Deus pai.
Outra passagem que levanta esta questão é "Mas daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai" (Marcos 13:32).
A declaração do Senhor: "Não vos compete saber os tempos ou as épocas que o Pai estabeleceu pela Sua própria autoridade" (Atos 1:7), pode lançar alguma luz útil sobre esta questão.
O Pai colocou a informação em Sua autoridade. É Seu direito divulgá-lo de acordo com Seu propósito.
O Filho sabia todas as coisas (João 16:30). Nesta ocasião, os discípulos de Jesus pensaram que agora eram capazes de entendê-lo pela primeira vez. Ele não estava mais usando linguagem figurativa, disseram. Pensaram ter entrado agora no mistério da Sua Pessoa. Agora tinham certeza de que Ele possuía todo o conhecimento e que Ele veio de Deus. Mas Ele dissera que veio do Pai. Será que eles entenderam o significado disso? Será que entenderam que Jesus era uma das pessoas da Divindade?
Outro exemplo, Jesus sabia tudo o que o Pai ia fazer, mas só agia de acordo com o que o Pai estava realizando naquele momento (João 5:19).
O Salvador estava ligado de tal modo a Deus, o Pai, que não podia agir com independência. Ele não quer dizer que não possuía o poder para fazer algo por si próprio, mas que estava tão intimamente ligado a Deus, que só podia fazer as mesmas coisas que viu seu Pai fazer. Pois, embora o Senhor afirmasse igualdade com o Pai, ele também não declarou independência. Ele não é independente de Deus, embora seja completamente igual a ele.
Era óbvio que o Senhor Jesus queria que os judeus pensassem que ele era igual a Deus. Seria absurdo que um mero homem afirmasse fazer as mesmas coisas que o próprio Deus fazia. Jesus declara ver o que o Pai está fazendo. Para fazer tal declaração, ele precisa ter acesso contínuo ao Pai e conhecimento total do que se passa no céu. Não somente isso, mas Jesus declara fazer as mesmas coisas que ele vir fazer o Pai. Isso realmente é uma alegação de sua igualdade com Deus. Ele é onipotente.
Ele sabia tudo o que estava envolvido ao trazer Deus à plena revelação (João 1:18), contudo, Ele apenas falou o que o Pai lhe disse para falar (João 12:49). As coisas que ele ensinou não eram coisas que ele mesmo compôs ou aprendeu nas escolas dos homens. Antes, como Servo e Filho obediente, ele só falou as coisas que o Pai o comissionou a falar. Esse é o fato que condenará os homens no último dia. A palavra que Jesus disse era a palavra de Deus, e os homens se recusaram a ouvi-la. O Pai lhe instruiu não somente sobre o que dizer, mas sobre o que anunciar. Existe uma diferença entre os dois. A expressão o que dizer se refere à substância da mensagem; o que anunciar significa as exatas palavras que o Senhor usaria ao ensinar a verdade de Deus.
Na passagem em questão em João 13, Ele sempre soube o que o Pai havia confiado em Suas mãos, mas agora agia de acordo com essa consciência.
Ele sempre agiu, pensou e falou de acordo com Seu papel distinto na Divindade.
119. Por que a “Revelação” foi dada pelo Pai e não pelo próprio Jesus Cristo (Apocalipse 1:1)?
Lemos em Apocalipse 1:1: "Revelação (ou Desvendar) de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo."
A Revelação é dada por Deus, que, claro, entendemos nesta passagem, que é o Pai.
O retrato definidor do Senhor Jesus no Apocalipse é "Um semelhante ao Filho do Homem" (Apocalipse 1:13; 14:14).
Como tal, Ele tem autoridade para executar o julgamento (João 5:27) e para estender o governo de Deus por toda a criação de Deus (Hebreus 2:6-8).
O Apocalipse nos dá o curso dos eventos que levam a esse cumprimento, quando a palavra vem do trono: "Está feito" (Apocalipse 21:6).
Em Seu papel como Filho de Deus e como Filho do Homem, o Senhor Jesus sempre se move em sujeição a Seu Pai e em dependência de Seu Deus, respectivamente.
Por ser Deus, o Senhor tinha pleno conhecimento de todos esses acontecimentos e não lhe faltava a capacidade de comunicá-los. Não podemos deixar de adorar quando o vemos sempre agindo dentro do papel que lhe foi confiado.
Quando era o propósito de Deus fortalecer Seu povo e capacitá-lo a ser fiel ao Soberano que viria em breve, Ele confiou essa comunicação a Jesus Cristo, o Homem ascendido. Seu papel, como Filho de Deus e Filho do Homem, é comunicar.
Como Seu Deus e Pai, o papel de Deus é determinar o que, quando e como comunicar.
Apocalipse 1:1, mostra que o próprio Cristo é a gloriosa Pessoa a ser revelada; outros assuntos relevantes terão o seu lugar (como às "coisas que brevemente devem acontecer"), mas Ele ocupa o centro do palco, e tudo é considerado em relação à Sua Pessoa.
O fato do anjo ser apresentado como um simples canal através do qual a revelação é dada, apoia esta interpretação. A pessoa de Cristo será revelada com as consequências inevitáveis para esta Terra onde Ele foi rejeitado e levantado sobre uma cruz.
Este "desvendar" é o assunto do livro.
Aquele que andou como homem sobre a Terra (Jesus) e que cumpriu a expectativa messiânica (Cristo) está agora glorificado, e se aproxima o dia no qual o véu será removido e todos serão obrigados a reconhecer o senhorio absoluto do Senhor.
Em antecipação àquele dia, Deus o Pai dá uma previsão aos Seus servos.
A gloriosa pessoa de Cristo, nos seus vários relacionamentos, é o tema central:
Cristo nas igrejas (Apocalipse 2-3);
Cristo no cosmo (Apocalipse 4-5);
e Cristo na conquista (Apocalipse 4-16).
Este desvendar é feito através de figuras sucessivas, emocionando os santos que ainda não viram o Salvador, enquanto a Sua grandeza e glória enchem o coração, à medida que este livro é estudado.
Se o assunto do livro é Cristo, a fonte do livro é Deus, o Pai. Em absoluta harmonia com a perfeita humanidade (Jesus) e o caráter messiânico (Cristo), Deus oferece a Ele esta revelação de como irá vindicar este Homem rejeitado na Terra, mas ungido no céu.
No seu evangelho, João destaca como o Filho, em perfeita humanidade e dentro dos propósitos da redenção, age em santa submissão ao Pai.
A explicação do Senhor é que o Pai "também concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo" e "lhe deu autoridade para julgar" (João 5:26-27). Aqui, nestes dois versículos de João, os verbos estão no passado e indicam que estes relacionamentos não estão ligados a um determinado momento no tempo, mas pertencem ao Seu eterno relacionamento como Filho do Pai.
Agora, abrindo o Apocalipse, outro verbo no passado é usado, "Deus lhe deu" (v.1), e mostra que na execução do propósito divino da redenção, Cristo recebe uma dádiva que Ele encaminha aos homens.
Neste contexto, o verbo "dar" significa "confiar". Esta é a revelação que Deus confiou a Cristo, e como perfeito Mediador, Ele agora passa a comunicá-la aos outros.
Em contraste com as dádivas de João 5, esta dádiva está dentro do Seu relacionamento com Deus como Homem dependente, e à luz de Filipenses 2:9 é visto como o reconhecimento da Sua completa obra de redenção.
A verdade de humanidade dependente foi enfatizada pelo próprio Senhor Jesus em relação à Sua doutrina (João 7:16), Suas obras (João 14:11,12) e Suas palavras (João 17:8).
Assim sendo, na glória, Ele ainda é o Homem dependente, até que os propósitos de Deus se completem plenamente na Terra (1 Coríntios 15:24-26).
O primeiro versículo deste livro mostra-nos que o Homem Jesus Cristo, ainda que desprezado na Terra, é honrado por Deus e está agora no céu. A glória associada com este Homem ressurrecto está prestes a ser revelada.
120. Por que Israel foi posto de lado por Deus?
Romanos 11:25 e 26 diz: "O endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades."
Romanos 11, é o terceiro e último capítulo de uma seção distinta da epístola.
Paulo pergunta: "Há injustiça da parte de Deus?" (Romanos 9:14).
Ao lidar com a verdade de que Deus havia removido Israel de seu lugar de privilégio (Romanos 3:2), ele afirma que Deus é justo em Seu trato com as nações.
Deus escolheu Israel e deu à nação seus privilégios e bênçãos. Se Ele tinha o direito de escolher e abençoar a nação, então Ele tinha o direito de remover seus privilégios. Esta é a mensagem de Romanos 9.
Mas Romanos 10 mostra que Deus é razoável ao deixar Israel de lado. Eles não haviam respondido favoravelmente à Sua Palavra e mataram o Messias (Romanos 10:20, 21). E Romanos 11 completa o quadro.
A o deixar Israel de lado, Deus trouxe maiores bênçãos aos gentios, mas ainda assim cumpriria Suas promessas a Israel. Deus é confiável. O que Ele prometeu, Ele cumprirá.
Os capítulos anteriores e posteriores a Romanos 9-11, enfocam o trato de Deus com indivíduos, sejam judeus ou gentios.
A responsabilidade pessoal determina a:
Condenação pessoal (Romanos 1-3a)
Justificação pessoal (Romanos 3b-5a)
Santificação pessoal (Romanos 6-8)
Transformação pessoal (Romanos 12-15a).
Os capítulos 9-11 não tratam do relacionamento pessoal dos indivíduos com Deus ou de seu destino eterno; os capítulos revelam-nos os tratos de Deus com "grupos de pessoas", judeus e gentios em particular.
121. A futura bênção de Israel é certa?
No início de Romanos 11, Paulo questiona: "Eles (os Judeus) tropeçaram para que caíssem?" (v. 11).
Observe que a nação é responsável por "tropeçar", mas o propósito soberano de Deus está em questão. Deus aceitou o fracasso deles como motivo para abandoná-los como nação?
Paulo é enfático em responder: "De modo algum" ou "Deus me livre".
Sua queda resulta em salvação para os gentios (v. 11) e riquezas para o mundo "judeus e gentios" (v. 12).
Não podemos, no entanto, ignorar o ponto de Paulo de que Deus abençoou outros para provocar ciúmes em Israel (v. 11).
A intenção de Deus é que eles percebam o que perderam e depois os deixem chafurdando na culpa, abandonados para sempre? Não! Ele tem em vista o retorno deles à "plenitude" (v. 12).
Paulo pergunta: "Deus rejeitou Seu povo?" (v. 1).
A resposta inicial de Paulo é que Deus não rejeitou todo judeu. O próprio Paulo é um exemplo suficiente para demonstrar que os judeus individualmente estão sendo salvos. Embora Paulo tenha começado sua carta mostrando que, mesmo no momento em que a escreveu, os judeus individuais tinham um lugar de prioridade, "ao judeu primeiro" (Romanos 1:16), ainda na epístola ele estabelece que "não há diferença entre judeus e gentios".
Todos são igualmente condenados diante de Deus (Romanos 3:19, 22b).
Todos são igualmente candidatos às riquezas que a graça de Deus provê (Romanos 10:12).
Em Romanos 11:1, a questão não foi totalmente respondida no final do versículo 14.
Versículo 1: "Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim."
Versículo 14: "Para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação, os da minha carne e salvar alguns deles. "
Como o versículo 12 fala da plenitude de Israel como nação, agora o versículo 15 fala de "recebê-los".
Versículo 12: "E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!"
Versículo 15: "Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?"
Neste versículo, o "rejeitar" (rejeição) contrasta com o "receber" (aceitação).
Como eles foram rejeitados no tempo da escrita de Paulo e até o presente, o tempo de sua aceitação aguarda a nação.
Deus pode enxertar os ramos naturais (a semente nacional de Abraão, Israel) de volta ao seu lugar de privilégio (v.23).
Ele não apenas pode, mas irá, por causa de Suas promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó (v. 28), "porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (v.29).
Todas as promessas literais, nacionais e espirituais (alianças ou convênios) que Deus fez com a nação serão cumpridas literal, nacional e espiritualmente.
De todas as nações, o futuro de Israel é o mais brilhante e glorioso. Deus cumprirá Suas antigas promessas!
"O Senhor fará de vocês a cabeça das nações e não a cauda."
(Deuteronômio 28:13)
122. Todos os judeus serão salvos para o reino futuro?
O Senhor nos dá várias parábolas que respondem a essa pergunta.
O Senhor que falou a Parábola do Joio a interpretou (Mateus 13:24-30; 37-43).
Os anjos separarão o trigo do joio (vs.39, 40).
O trigo representa os "filhos do reino" (v.38).
O joio são os filhos do maligno.
Tanto os filhos do reino quanto os filhos do maligno crescem juntos até o fim dos tempos, quando o Senhor retornar à Terra.
Não devemos confundir esta vinda a terra do Senhor para reinar, com a Sua vinda até as nuvens para o arrebatamento que já terá ocorrido 7 anos antes.
Na Sua vinda para reinar, os anjos pegarão o joio (aqueles judeus que não creram na Palavra de Deus e na mensagem do Evangelho do Reino) e os tirarão da terra onde o Senhor estabelecerá o Seu reino.
Esses judeus incrédulos, seguidores do próprio enganador, serão retirados do reino e lançados na fornalha de fogo, o próprio inferno (vs. 41, 42).
Na Parábola das dez Virgens, todas saíram ao encontro do Noivo. (Mateus 25:1-13)
Todas elas professaram, estar esperando a vinda do Noivo com Sua Noiva (a Igreja) (v.7).
Eles são judeus que afirmam ser "messiânicos", mas o Senhor não os conhecia. Parte desse grupo são judeus que não tiveram o poder regenerador do Espírito Santo de Deus capacitando seu testemunho.
Suas lâmpadas de testemunho se apagaram. Nem todos os "judeus messiânicos" professos serão salvos e entrarão no reino.
Na sequência, temos a Parábola dos Talentos (Mateus 25:14-30), que nos direciona aos líderes judeus responsáveis por guardar os valores do Homem que partiu para um país distante.
Dois servos ganhos através do comércio. O terceiro enterrou o que lhe foi dado para que ele, ficasse com os objetos de valor, e não seu Mestre.
Nem todos líderes judeus na tribulação serão salvos e entraram no reino. Um foi lançado nas trevas exteriores (v.30).
Mas todo o Israel será salvo - Israel, que significa, o príncipe que tinha poder com Deus (Gênesis 32:28).
Estes passaram pelo tempo de angústia de Jacó (os três anos e meio da "grande tribulação") agarrados ao Senhor, como Jacó, enquanto clamava por Sua bênção (Gênesis 32:26).
O caráter imponente de Jacó brilhou quando o dia estava para raiar.
Quando o Sol dos Justos (Senhor Jesus) surgir (Malaquias 4:2) no início do reino milenar, um remanescente de Israel emergirá da noite escura de perseguição e convulsão. Em sua fraqueza, eles se apoiam no Senhor. Eles são crentes, salvos por ouvir e crer no Evangelho do Reino. (Apocalipse 7)
Eles permanecem aqui na terra para reinar com Cristo por mil anos, enquanto os incrédulos são removidos para o fogo do inferno. Todos os que restarem das nações que também foram salvos, que aprenderam a confiar no Senhor, serão salvos do inferno e entrarão no reino.
123. O título “Estrela da Manhã” (2 Pedro 1:19 e Apocalipse 22:16) são os mesmos?
A "Estrela da Manhã ou da Alva" nestas duas passagens é uma metáfora que nos fala do Senhor Jesus Cristo.
A palavra grega em 2 Pedro 1:19, é "phosphoros" e significa "portador de luz", ou o nome específico de Vênus.
As duas palavras gregas "aster" estrela, e "orthinos" cedo, usadas em Apocalipse 22:16, são traduzidas diretamente como "Estrela da Manhã".
A palavra que Pedro usa, então, tem uma ênfase diferente das duas palavras de João em Apocalipse.
Em Pedro, a ênfase está na vinda do Senhor Jesus à terra para reinar por mil anos como Filho do Homem, Senhor dos senhores e Reis dos reis, mas em Apocalipse 22, a Sua vinda é até as nuvens para o arrebatamento da Sua Noiva a Igreja; evento que ocorrerá sete anos antes de se cumprir 2 Pedro 2 1:19.
Em 2 Pedro 1:16-21, o Espírito de Deus, por meio de Pedro, enfatiza a certeza da vinda gloriosa do Senhor à terra para reinar por mil anos.
O brilho da Estrela da Manhã ("o portador da luz") capta a atenção deles (e a nossa) e garante o dia seguinte, quando "nascerá o Sol da Justiça" (Malaquias 4:2).
No último capítulo da Bíblia, a brilhante ("radiante" - Forte) Estrela da Manhã capta a afeição das igrejas e desperta a expectativa de Sua vinda pessoal nas nuvens para Sua Noiva.
"E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida. Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus." (Apocalipse 22:17 e 20)
124. Por que algumas traduções não incluem o nome Lúcifer em Isaías 14:12?
Isaías 14:12, Bíblia Corrigida Fiel, diz: "Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!"
A Bíblia NVI, diz: "Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações!"
A Bíblia na versão Sociedade Bíblia Britânica, diz: "Como caíste do céu, ó estrela radiante, filho da alva! Como estás cortado até a terra, tu que abatias as nações!"
Todas estas palavras traduzidas como, Lúcifer, Estrela da manhã ou Estrela radiante, vêm da palavra hebraica "heylel".
O significado da palavra traduzida como Lúcifer é "brilhante, portador da luz, estrela da manhã".
Em português, colocamos nomes em letras maiúsculas; sem letras maiúsculas para guiá-los no texto hebraico, os tradutores às vezes precisam decidir se uma palavra é um substantivo geral ou um nome. Este é um daqueles casos.
Curiosamente, se a tradução francesa de Darby deste versículo fosse parafraseada em inglês, a palavra hebraica seria traduzida como "estrela brilhante".
No entanto, na tradução inglesa de Darby, o versículo diz: "Como caíste do céu, Lúcifer, filho da manhã!"
Um tradutor pode decidir se quer traduzir uma palavra como um substantivo geral (como na tradução francesa de Darby) ou um título (como em sua tradução para o inglês) com base no contexto.
Isso envolve algum grau de interpretação na tradução. Uma vez que o significado desta passagem é objeto de muito debate, talvez alguns tradutores tenham feito uma tradução neutra – não interpretando a passagem, mas simplesmente traduzindo as palavras exatamente.
A dificuldade de interpretar esta passagem é saber onde termina a citação de "todos os reis das nações" (v. 9).
As palavras de seu luto pelo rei caído da Babilônia (v. 4) continuam pelo menos até o final do versículo 11.
A passagem provavelmente contém uma alusão à mitologia cananeia e síria.
Supostamente, o filho de um dos deuses queria, mas não conseguia, ocupar o trono supremo. Ele tentou escalar as alturas do céu e como a estrela da aurora, mas foi condenado a ser lançado no Hades.
Se os reis pagãos ainda estão falando no versículo 12, eles podem estar citando esse mito quando "a estrela da aurora" foi lançada.
Mesmo que esta seja a alusão, o Espírito de Deus move-se disso para o incidente mais profundo do qual isso é um lembrete (talvez os elementos dos mitos fossem, na verdade, perversões da verdade revelada muito antes).
Apenas um verdadeiramente aspirava à ascendência acima de outras criaturas angélicas ("no monte da assembleia" com um trono acima das "estrelas de Deus" no versículo 13, veja também Jó 1:6; 2:1; e 38:7) e para seja "como o Altíssimo".
O orgulho do rei da Babilônia era um reflexo do orgulho consumado de Satanás, e a queda do rei é paralela ao eventual banimento de Satanás para o lago de fogo ainda no futuro (Apocalipse 20:10).
O "portador da luz" ou "estrela da manhã" nesta passagem claramente parece ser Lúcifer, o próprio Satanás, quer a palavra seja traduzida como "estrela da manhã", "portador da luz" ou "estrela da manhã" em vez de "Lúcifer".
125. Como o Senhor Jesus e Lúcifer poderiam ser a “Estrela da Manhã”?
A "Estrela da Manhã ou da Alva" nestas duas passagens em 2 Pedro 1:19 e Apocalipse 22:16 é uma metáfora que nos fala do Senhor Jesus Cristo.
A palavra grega em 2 Pedro 1:19, é "phosphoros" e significa "portador de luz", ou o nome específico de Vênus.
As duas palavras gregas "aster" estrela, e "orthinos" cedo, usadas em Apocalipse 22:16, são traduzidas diretamente como "Estrela da Manhã".
A palavra que Pedro usa, então, tem uma ênfase diferente das duas palavras de João em Apocalipse.
Em Pedro, a ênfase está na vinda do Senhor Jesus à terra para reinar por mil anos como Filho do Homem, Senhor dos senhores e Reis dos reis, mas em Apocalipse 22, a Sua vinda é até as nuvens para o arrebatamento da Sua Noiva a Igreja; evento que ocorrerá sete anos antes de se cumprir 2 Pedro 2 1:19.
Em 2 Pedro 1:16-21, o Espírito de Deus, por meio de Pedro, enfatiza a certeza da vinda gloriosa do Senhor à terra para reinar por mil anos.
O brilho da Estrela da Manhã ("o portador da luz") capta a atenção deles (e a nossa) e garante o dia seguinte, quando "nascerá o Sol da Justiça" (Malaquias 4:2).
No último capítulo da Bíblia, a brilhante ("radiante" - Forte) Estrela da Manhã capta a afeição das igrejas e desperta a expectativa de Sua vinda pessoal nas nuvens para Sua Noiva.
Esperamos que ninguém tenha dúvidas. Nosso Senhor Jesus não preencheu um papel que Satanás abandonou por orgulho (Isaías 14:12).
Nosso Senhor era infinitamente mais elevado em posição e existência do que Satanás. Sua missão de vir como a Estrela da Manhã é anterior à criação e à existência de Satanás. (Leis, João 17:24)
Poderia haver alguma ironia na referência à estrela da manhã do Antigo Testamento em comparação com a Estrela da manhã do Novo Testamento?
A estrela da manhã nos céus estrelados se destaca acima de todas as outras em seu brilho matinal.
Então Satanás se destacou entre todas as criaturas de Deus; ele era o "querubim ungido que cobria" (Ezequiel 28:14).
Ele foi colocado nessa órbita exaltada, mas tentou se mover mais alto do que o papel que Deus designou para ele. Ele caiu do céu (Lucas 10:18) e será lançado no lago de fogo no futuro (Apocalipse 20:10).
Apenas o Filho eterno pode manter tal brilho sem falha ou imperfeição.
Lemos na Bíblia que, "Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens." (Filipenses 2:5-7 - NVI).
A órbita que Deus projetou para o Filho eterno, desceu ao lugar mais baixo, "até a morte de cruz" (v. 8).
Agora exaltado em brilho inigualável, Ele é tanto a Estrela da Manhã quanto o Sol da justiça (Malaquias 4:2).
Ele é de fato "acima de todos", e sempre será assim (Efésios 1:21)!
126. O título “o Filho do Homem” é um título messiânico?
Pelo menos uma dúzia de vezes no Antigo Testamento a expressão "filho do homem" designa um humano mortal comum. As duas passagens, potencialmente messiânicas, usam a mesma forma de expressão.
(Leia, Salmos 80:17; Daniel 7:13)
Se tivéssemos apenas o Antigo Testamento, poderíamos nos perguntar se "o Filho do Homem" designa o Messias ou apenas descreve um homem.
Os registros do julgamento do Senhor perante o sumo sacerdote, entretanto, são conclusivos.
Mateus 26: 63-65) e Marcos 14:61-63, registram a pergunta do sumo sacerdote: "És Tu o Cristo, o Filho de Deus do Bendito")?"
A resposta do Senhor foi: "Em breve vereis o Filho do Homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu".
Esta é uma referência incontestável à profecia de Daniel 7:13.
O Senhor usou o título "o Filho do Homem" de forma intercambiável com "o Cristo" e "o Filho de Deus", portanto é um título messiânico.
O relato de Lucas 22:67-71, acrescenta outro detalhe, confirmando que os judeus entendiam que se tratava de um título messiânico.
Depois que o Senhor afirmou ser o Filho do Homem, todos os que estavam com o sumo sacerdote fizeram praticamente a mesma pergunta que o sumo sacerdote: "Então és Tu o Filho de Deus?"
Eles entenderam que o uso do título era uma reivindicação messiânica.
Significativamente, Estêvão reconheceu o Cristo como o Filho do Homem (Atos 7:56) na época da rejeição voluntária de Cristo pela nação.
Este tema de rejeição parece inseparável deste título. Talvez isso seja parte da ironia de que, nos Evangelhos, ninguém reconheceu Cristo como o Filho do Homem.
127. Por que o Senhor Jesus enfatiza título de “Filho do Homem”?
Nos Evangelhos, o Senhor se refere a Si mesmo como o Filho do Homem em 53 ocasiões.
Em todas menos uma delas, as palavras poderiam ser traduzidas literalmente como "o Filho do Homem", uma forma usada apenas para Cristo nas Escrituras.
Em outra ocasião, a forma é "Filho do Homem", sem artigo "o", a mesma construção usada na tradução grega do Antigo Testamento em todas as ocasiões em que aparece "filho do homem".
Para dar uma perspectiva, nos registros do evangelho, o Senhor Se referiu a Si mesmo como "o Cristo" em oito ocasiões.
Ele se referiu a Si mesmo como Senhor em dez ocasiões.
Temos cinco incidentes registrados quando Ele declarou que é o Filho de Deus.
Mas por que essa ênfase?
Na profecia de Daniel 7:13, pelo menos três verdades estão relacionadas ao Filho do Homem: Sua autoridade, Sua vinda, Sua rejeição. Em contraste com outros cujo domínio seria tirado deles, o Filho do Homem recebe autoridade que nunca passará (v. 14).
Sua vinda é com as nuvens do céu (v. 13).
Que Sua rejeição precede Sua vinda é evidente ao ligar duas outras passagens do Antigo Testamento com esta profecia. Ele é um homem que vem do céu.
Isso é paralelo ao ensino do Salmo 110:1-3, onde o futuro governante tem inimigos e seu próprio povo não deseja que Ele reine sobre eles enquanto está sentado à direita de Deus.
Acrescente a isso, temos o Salmo 80:17, que parece ser messiânico e liga "o Homem da tua mão direita" (Sua ascensão) com "o Filho do Homem".
Em pelo menos sete das 53 ocasiões registradas, o Senhor Jesus enfatiza Sua autoridade: sobre o sábado, o perdão dos pecados, todo o julgamento e a entrada no reino.
Comparando o Salmo 8:4) e Hebreus 2:6-9), concluímos que o domínio sobre todas as obras das mãos de Deus foi perdido por Adão, o filho do homem, e agora pertence a Jesus, o Filho do Homem, embora todas as coisas ainda não estejam sujeitas a Ele.
Em pelo menos 17 dessas 53 ocasiões, o Senhor está se referindo à Sua vinda novamente – e sempre à Sua vinda à terra. Ele está antecipando Sua glória vindoura.
Em pelo menos 26 das ocasiões em que Ele chama a Si mesmo de Filho do Homem, o Senhor está enfatizando Sua rejeição – incluindo Sua morte, sepultamento, ressurreição ou ascensão. Este é então um pensamento predominante associado ao Seu título de Filho do Homem.
Como no Salmo 8 e em várias outras passagens, o termo "filho" nem sempre se refere à geração física, mas sim ao caráter (por exemplo, filhos de Belial; veja também o mesmo pensamento em Efésios 2:2 e Mateus 23:31).
O Filho do Homem incorpora tudo o que Deus sempre quis que o homem fosse.
Suas razões para usar esse título com tanta frequência, então, podem ser para enfatizar Sua messianidade, glória vindoura, rejeição, autoridade e perfeição, mostrando que Ele era semelhante, mas distinto de todos os outros homens.
Significativamente, Estêvão reconheceu o Cristo como o Filho do Homem (Atos 7:56) na época da rejeição voluntária de Cristo pela nação. Este tema de rejeição parece inseparável deste título.
Talvez isso seja parte da ironia de que, nos Evangelhos, ninguém reconheceu Cristo como o Filho do Homem.
128. Qual é o significado de Ezequiel ser chamado de “filho do homem”?
O Senhor se dirige a Ezequiel como "filho do homem" cerca de 93 vezes. A única, outra pessoa a quem Deus se dirigiu dessa maneira foi Daniel e apenas em uma ocasião (Daniel 8:17).
O título, traduzido literalmente como "filho de Adão", pode expressar a ternura de Deus para com Ezequiel, à luz de sua fragilidade e do fracasso que o rodeava.
O título está ligado ao favor de Deus no Salmos 8:4, 5.
O Salmo 80 informaria a Ezequiel que o Filho do Homem eventualmente visitaria e abençoaria a nação (v. 17).
Embora Ezequiel tenha testemunhado a partida da glória de Deus, o título pode tê-lo encorajado, visto que Ele estava ligado ao Messias, que um dia traria de volta essa glória.
Além disso, Ezequiel tinha várias semelhanças com o Senhor Jesus.
O ministério de ambos começou aos 30 anos (Ezequiel 1:1).
Nenhum dos dois atuou como sacerdote na nação devido ao cativeiro da nação (veja Salmos 110:2, 4).
Cada um era o mensageiro de Deus.
Ezequiel falou à nação, sabendo que eles não dariam ouvidos.
O Senhor veio para os "Seus" sabendo que a rejeição O esperava.
Ambos foram fiéis e previram que a glória deixaria a terra (Mateus 23:38).
Quão encorajador é que aqueles que são fiéis a Deus, mas parecem malsucedidos, são um lembrete perfumado para Deus da fiel Testemunha, Cristo, a quem alguns consideram um fracasso. (Apocalipse 1:5)
O fato de Deus se dirigir a Ezequiel dessa maneira com tanta frequência seria muito encorajador. Em seu serviço difícil, ele foi único e especial para Deus.
Significativamente, Estêvão reconheceu o Cristo como o Filho do Homem (Atos 7:56) na época da rejeição voluntária de Cristo pela nação. Este tema de rejeição parece inseparável deste título.
Talvez isso seja parte da ironia de que, nos Evangelhos, ninguém reconheceu Cristo como o Filho do Homem.
129. Quanto tempo leva para a pessoa afastada da assembleia, ser perdoada e consolada?
Quando Paulo escreve sua segunda epístola aos coríntios, ele recebeu de Tito um relato das condições em Corinto (2 Coríntios 7:6, 7).
Agora, enquanto escreve, ele é cuidadoso em suas palavras. Pelo menos uma pessoa que foi afastada da assembleia provavelmente ouvirá o que Paulo está escrevendo. Embora aquele indivíduo tenha causado sofrimento a Paulo, ele indica que a maior preocupação é o sofrimento que o indivíduo pecador causou a toda a assembleia (2 Coríntios 2:5).
Uma boa tradução da última parte deste versículo seria, "para que eu não sobrecarregue a todos vocês", pois parece mais consistente com o contexto.
Várias outras traduções indicam que Paulo não está pensando apenas na assembleia local. Os seguintes versículos apoiam isso.
A excomunhão daquele que pecou (1 Coríntios 5), fora suficiente para cumprir seu propósito.
Lendo 2 Coríntios 7:2-16,vemos que tem vários paralelos com o que Paulo escreveu no capítulo 2.
Uma diferença fundamental é que o capítulo 2 trata da recuperação de um homem que foi afastado e o capítulo 7 da recuperação de todos os crentes.
Os comentários que Paulo faz sobre o arrependimento e tristeza da assembleia (2 Coríntios 7:8-11), nos dão princípios que se aplicam ao indivíduo.
A "tristeza segundo Deus" produz arrependimento, que resulta na libertação da condição que causou a tristeza (2 Coríntios 7:9, 10).
A tristeza que resulta da submissão a Deus e à Sua Palavra resulta em arrependimento.
Paulo julgou que a tristeza havia feito seu trabalho em produzir arrependimento; qualquer tristeza adicional seria destrutiva.
A passagem dá a resposta à pergunta.
O perdão e o consolo da assembleia local baseiam-se no reconhecimento individual da seriedade de seu pecado em desonrar o Senhor, contaminar a assembleia e entristecer seus irmãos na fé.
Sua contrição de coração e submissão à disciplina e à Palavra de Deus serão evidentes.
Determinar isso é uma questão de discernimento espiritual que avalia a obra de Deus naquele indivíduo. Este não é um assunto deixado para a opinião de cada crente na assembleia, com cada homem fazendo o que é "certo aos seus próprios olhos" (Juízes 21:25).
Os presbíteros que orientaram a assembleia na disciplina daquele indivíduo, guiarão a assembleia no reconhecimento de quando a deve confirmar seu amor, perdoar e confortar o crente arrependido.
130. Aqueles que simpatizam com uma pessoa sob disciplina atrapalham a recuperação dessa pessoa?
Quando qualquer indivíduo é afastado de uma assembleia, todos os outros crentes na assembleia devem responder com tristeza (2 Coríntios 2:5), profundo exame de coração (como pode existir tal pecado "entre nós"? 1 Coríntios 5:2) e uma preocupação sincera e orante pela recuperação espiritual dessa pessoa (Gálatas 6:1), não importa quão grave seja o pecado.
Um verdadeiro pastor é energizado pelo amor divino e cuida das ovelhas porque elas pertencem ao Senhor.
(compare Caim, 1 João 3:12; Gênesis 4:9)
Quer as ovelhas estejam ou não na assembleia local, um coração de pastor se preocupa com seu bem-estar espiritual. Aqueles que se preocupam com o crente disciplinado irão exortá-lo a reconhecer seu pecado e se submeter a Deus e Seu trato com ele.
Aqueles que prestarão contas a Deus pelo bem-estar das ovelhas (Hebreus 13:17) farão tudo o que for possível para promover o trato de Deus com um crente excomungado.
Enquanto esses pastores agem individualmente, eles devem fazê-lo em comunhão com seus companheiros presbíteros.
A unidade da supervisão é crucial. A unidade da assembleia resulta de uma supervisão unida.
No entanto, aqueles que estão do lado de um crente disciplinado em oposição ao julgamento da assembleia estão agindo imprudentemente, para dizer o mínimo.
Eles contribuem para a divisão na assembleia e estão trabalhando contra Deus. Ao invés de ajudar, eles atrapalham a obra que Deus propõe no crente disciplinado.
É possível que o crente tenha sido julgado erroneamente? Sim, é improvável, mas possível.
Quem será capaz de discernir isso, um crente carnal ou espiritual?
Se um crente percebe que a assembleia foi injusta em seu julgamento e, como resultado, ele age com raiva, fala contra os anciãos, reúne uma facção dentro da assembleia e se ausenta das reuniões da assembleia em protesto, ele está agindo carnalmente.
Atos carnais fluem de uma mente carnal, que é incapaz de julgamento justo em assuntos espirituais. Se um crente sente injustiça e reage com oração sincera, expressa respeitosamente sua preocupação aos anciãos e evita qualquer comportamento que possa dividir a assembleia, ele escolheu o melhor caminho possível para ajudar tanto o crente disciplinado quanto toda a assembleia.
O Senhor reserva a linguagem mais forte para aquele "que semeia discórdia entre irmãos" (Provérbios 6:19); essa pessoa é uma abominação para o Senhor (v. 16).
O bem-estar de um crente disciplinado é inseparável do bem-estar da assembleia.
Qualquer ajuda que lhe possa ser dada será consistente com humildade, mansidão, longanimidade e franqueza, "procurando guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Efésios 4:2, 3).
131. Qual é o significado de “nosso velho homem está crucificado” (Romanos 6:6)?
Paulo em Romanos 6:6, diz: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado."
O tempo do verbo, aqui traduzido "está crucificado", aponta para um único evento.
Neste caso, o evento está no passado, então algumas traduções dizem "foi crucificado" (JND) ou "foi com ele crucificado" (Corrigida Fiel).
O verbo poderia ser traduzido como "co-crucificado", referindo-se claramente à crucificação de Cristo.
Nosso velho homem foi co-crucificado com Cristo.
Paulo abre este capítulo perguntando: "Continuaremos no pecado, para que a graça abunde?"
Ao responder a isso, ele estende as verdades estabelecidas no capítulo anterior.
Adão é o "chefe federal" inicial, representando todos nós. Ele pecou e nós recebemos a condenação disso: fisicamente, "a morte passou a todos os homens" (Romanos 5:12).
Legalmente (no tribunal de Deus), somos constituídos pecadores, por causa de sua desobediência (Romanos 5:19).
Moralmente, tendemos a escolher o pecado, pois o fato de Deus dar ao homem maior luz na Lei apenas aumentou a transgressão (Romanos 5:20).
A Lei mostrava o caráter pecaminoso do homem.
Aqueles sob a liderança federal de Cristo recebem justificação (Romanos 5:18).
Esses que foram justificados pela fé (Romanos 5:1), podem continuar como eram, quando Adão era seu cabeça representativo?
Não, eles não podem por causa de um ato de obediência e justiça (Romanos 5:18, 19).
Para os crentes, aquele ato, a morte na cruz, trouxe justificação, significando que Deus os declarou justos. Por esse mesmo ato, eles serão justificados (Romanos 5:19).
Agora Paulo mostra que o mesmo ato acabou com sua posição legal em Adão (Romanos 6:6).
Deus vê a crucificação de Cristo como o fim dessa posição. Nosso velho homem (nossa posição legal em Adão como pecadores) foi crucificado junto com Cristo.
Não estamos mais sob o domínio (ou reinado) do pecado e da morte (Romanos 5:17 e 21).
O propósito de Deus ao acabar com nossa posição anterior era que "não sirvamos mais ao pecado" (Romanos 6:6).
Não podemos continuar sendo governados pelo pecado (natureza).
Paulo diz: "Mas graças a Deus que (antes), tendo sido servos do pecado, (agora) obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação." (Romanos 6:17-19)
132. Por que alguns contestam à expressão a “velha natureza”?
Para a maioria de nós, nosso ensinamento cristão mais antigo incluía "as duas naturezas do cristão - a velha e a nova natureza".
Essa era a maneira prática e aceita de explicar a luta dentro de um crente que o levou a pecar, mesmo que quando ele genuinamente queria agradar ao Senhor.
Alguns de nós podemos ter achado isso confuso quando soubemos que os cristãos ortodoxos sustentaram historicamente que nosso Senhor possuía duas naturezas.
Neste caso, a expressão significa que Ele era verdadeiramente humano – embora sem a possibilidade de pecado – e verdadeiramente Deus em uma única Pessoa.
Na verdade, o vocabulário do Novo Testamento não usa "duas naturezas" para descrever nenhum dos ensinos.
Que Cristo é Deus e homem é uma verdade fundamental e essencial. Homens piedosos, que trabalharam para defender e esclarecer esta profunda verdade, infundiram o ensino da Bíblia na expressão "duas naturezas".
O Novo Testamento, no entanto, fornece os termos que descrevem a luta dentro do crente.
"Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis" (Gálatas 5:17).
Paulo também lida com isso no final de Romanos 7. O problema é a carne com sua disposição inalterada e imutável em relação ao pecado (v. 18).
O crente percebe uma lei em meus membros, um princípio governante ligado à humanidade caída. Este princípio luta contra a lei da minha mente, que é o resultado da obra regeneradora do Espírito.
Usar o vocabulário do Novo Testamento pode nos ajudar de pelo menos duas maneiras.
Falar sobre nossa velha natureza pode nos isolar do problema, como se a responsabilidade fosse da minha natureza, mas não diretamente de mim.
Paulo diz: "Em mim, isto é, na minha carne" (v. 18).
Sou o responsável direto pelo problema.
Em segundo lugar, o ensino sobre a carne abrange nossa esperança de libertação. A carne refere-se às vezes ao nosso corpo físico de carne (Romanos 1:3; 2:28; 3:20), e outras vezes à nossa disposição moral para o pecado (Romanos 7:5, 18; 8:4, 5), um princípio atualmente inseparável de nosso corpo físico.
A morte de Cristo nos separou legalmente de Adão e das consequências de sua desobediência.
Os resultados dessa morte acabarão por nos livrar completamente tanto da consequência física (a condenação da morte), quanto da consequência moral da "Queda de Adão" (o pecado habitando em mim – a carne).
Este problema físico e moral suscita a pergunta de Paulo no final de Romanos 7:24).
"Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?"
Libertação deste corpo de morte, é o que Deus tinha em mente quando "o velho homem foi crucificado com Cristo, [para] que o corpo do pecado fosse destruído (reduzido a nada)" (Romanos 6:6).
No capítulo 8, Paulo expande sua resposta: "Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor" (Romanos 7:25).
As objeções ao uso do termo a "velha natureza", provavelmente visam nos levar a uma compreensão mais clara da verdade do Novo Testamento.
133. Em que sentido nós “crucificamos a carne” (Gálatas 5:24)?
Paulo em Gálatas 5:24, 25, diz: "E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito."
Isso envolve uma mudança individual de ponto de vista que começou quando descobrimos que estávamos sem forças diante de Deus.
Não é o que Deus fez na cruz nem poderíamos ter feito. Os que são de Cristo começaram na cruz (Gálatas 3:1).
Como judeu, Paulo reconhece que morreu para a Lei quando a penalidade da Lei foi executada na cruz (Gálatas 2:19).
Tendo sido crucificado com Cristo, o crente vive, não pela Lei, mas pela fé no Filho de Deus (Gálatas 2:20).
A lei exigia que a carne fosse obediente.
Depois de revisar tudo o que a carne pode produzir (Gálatas 5:19-21), Paulo insiste que ela não pode ser obediente; portanto, a guarda da lei não é uma vida cristã.
A crucificação do crente com Cristo (Gálatas 2:20) declara que Deus terminou com a carne.
Na crucificação de Cristo, o crente vê a irrelevância da carne em uma vida justa.
Esse é o ponto de vista que Deus pretende que todos os crentes mantenham. A cruz nega toda sugestão de que qualquer contribuição nossa, isto é, de nossa carne, pode agradar a Deus.
Visto que começamos no Espírito (Gálatas 3:3), Ele deve governar nosso modo de vida (Gálatas 5:25).
Podemos nos tornar semelhantes a Cristo somente sob o controle do Espírito Santo.
134. Nosso Senhor Jesus tinha uma vontade distinta de Seu Pai?
É sem dúvida que cada Pessoa da Divindade tem uma vontade, pois isso confirma que são pessoas distintas.
Lemos que o Espírito distribui dons espirituais aos crentes, "a cada um como quer" (1 Coríntios 12:11).
O Filho, falando ao Pai em João 17:24, expressa Sua vontade: "Pai, quero que onde eu estiver, também aqueles que me deste estejam comigo".
O Senhor Jesus, o Filho eterno, refere-se à "vontade de Meu Pai" em Mateus 7:21, entre outras passagens.
Além disso, a verdadeira humanidade do Senhor Jesus necessita de um espírito humano (Gênesis 2:7) e, portanto, de uma vontade humana que era totalmente controlada pelo Espírito Santo de Deus e pelo próprio Filho que estava naquele corpo.
Lemos: "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida."
A vontade do Senhor Jesus envolveu tudo o que envolve a vontade humana, exceto a tendência ou capacidade de escolher o pecado. Ele é santo (Lucas 1:35).
Embora Sua vontade fosse distinta da do Pai, essas vontades não poderiam diferir ou estar em conflito, visto que Deus é perfeito em unidade (Deuteronômio 6:4).
Além disso, como o Pai e o Filho são perfeitos em santidade, sabedoria e amor, o que cada um deseja, deve ser o mesmo.
135. O que o Senhor quis dizer: “Passe de mim este cálice; todavia não seja como eu quero?”
Antes do Getsêmani, o Senhor Jesus disse: "Que direi? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome" (João 12:27,28).
Depois do Getsêmani, Ele disse: "Não beberei o cálice que meu Pai me deu?" (João 18:11).
Não havia possibilidade de Ele se afastar ou não querer ir ao Calvário. O próprio Getsêmani carrega um peso de tristeza e uma profundidade de admiração que talvez exceda qualquer outra cena. Este é um solo sagrado!
Juntos, os relatos de Mateus, Marcos e Lucas retratam um imenso sofrimento emocional que se expressa fisicamente. Sua tristeza foi até a morte, até o limite da estrutura humana. Sua angústia foi acompanhada por piedosa reverência e dependência (Hebreus 5:7).
Cada declaração de oração inclui a submissão de Sua vontade à do Pai. Não poderia ser diferente.
Tal era a enormidade do sofrimento que o aguardava no Gólgota que Ele nunca o teria suportado a menos que fosse a vontade de Seu Pai. Cada exploração de uma alternativa era totalmente submissa.
A pergunta de Getsêmani foi: "As Pessoas divinas podem encontrar outra maneira senão o Calvário para lidar com o pecado?" A resposta do Getsêmani foi? "Não."
136. As Escrituras falam do Pai abandonando o Filho na cruz?
As Escrituras, tanto as proféticas quanto as históricas, registram que Deus abandonou o Sofredor na cruz.
(Salmos 22:1-2; Mateus 27:46; Marcos 15:34)
Aquele que clama ao Seu Deus no Salmo 22, afirma: "Tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe" (v. 10), voltando à Sua encarnação.
Então o Sofredor é um homem.
Estamos no terreno bíblico para falar do homem Cristo Jesus, abandonado na cruz por Deus (1 Timóteo 2:5).
Mas alguns perguntariam: "O sofredor não era o Filho de Deus?" Sim.
"Aquele que O abandonou não era o Pai?" Sim.
As Escrituras, porém, não retratam o quadro com essas palavras. E deve haver uma razão.
Quando o Senhor foi tentado no deserto, o tentador disse: "Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães". (Mateus 4:3).
O Senhor, citando Deuteronômio 8:3, respondeu: "Nem só de pão viverá o homem…" (v. 4).
O tentador o convidou a fazer o que só Deus poderia fazer, transformar pedras em pães. O Senhor não afirmou Seu poder divino para fazer pão nem para vencer o tentador. Ele enfrentou a tentação como um homem dependente de Seu Deus e vivendo pela fé na Palavra de Deus: "Está escrito".
Isso não negava que Ele era Deus, nem sugeria que parte Dele agia como Deus e outra parte agia como homem.
No momento da encarnação, Ele permaneceu, e permanecerá para sempre, plenamente Deus: "Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9).
Desde o momento da encarnação, Ele se tornou, e sempre permanecerá, totalmente homem: "O Verbo se fez carne" (João 1:14); Ele "tomou sobre Si a forma de servo, e foi feito (nascendo) na semelhança dos homens" (Filipenses 2:7).
Ele é perfeito e eternamente Deus e homem em uma Pessoa única e gloriosa.
Sendo ungido pelo Espírito Santo (Atos 10:38) e dirigido pelo Pai como "Meu Filho amado" (Mateus 3:17), Ele foi apresentado a Israel como o Cristo ("o Ungido"), o Filho de Deus (veja Salmo 2:2, 7).
Ungido por Deus, Ele é o Profeta, Sacerdote e Rei prometido.
Depois dessa apresentação, esse homem sem pecado (de fato, santo), perfeitamente sujeito a Seu Deus, encontrou o tentador. Ele demonstrou sua aptidão para esses ofícios.
Ele é "Jesus, o Autor e Consumador", do tipo de fé que deriva sua força da Palavra de Deus. (Hebreus 12:2)
Tendo demonstrado que a Palavra de Deus é suficiente para vencer toda tentação (Lucas 4:13), Ele mostra o caminho para o "justo [que] viverá pela fé" (Hebreus 10:38).
Por causa da maneira como esse homem respondeu à tentação mais feroz, Ele tem autoridade moral para fortalecer o tentado (como Sacerdote), trazer outros à sujeição a Deus (como Rei) e conduzi-los a uma maior revelação de Deus (como Profeta).
Da mesma forma, a obra de redenção exigia Sua humanidade.
"Ele levou os nossos pecados em Seu próprio corpo" (1 Pedro 2:24).
"Fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas" (Hebreus 10:10).
Ele "fez a paz pelo sangue da sua cruz… e vós… reconciliou-vos no corpo da sua carne…" (Colossenses 1:20-22).
Ele era tão plenamente Deus na cruz quanto no trono eterno.
Ele orou: "Pai, perdoa-lhes" (Lucas 23:34); "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (v. 46).
Da mesma forma, Ele era um homem perfeito, totalmente dependente de Seu Deus, sendo Seu corpo o meio pelo qual Ele expressava Seu prazer em fazer a vontade de Deus (Salmos 40:8 com Hebreus 10:5).
Ele viveu "de toda palavra que sai da boca de Deus" (Mateus 4:4).
Ele era um homem que nunca tentou o Seu Deus saindo de Sua vontade (Mateus 4:7).
Ele era um homem sujeito à lei de Deus, adorando e servindo somente a Ele (Mateus 4:10, veja Salmos 22:3).
Somente este homem perfeito e santo poderia nos libertar do pecado.
Seu corpo, representando a totalidade de tudo o que Ele é (assim como o sacrifício de nossos corpos, Romanos 12:1), foi dado para cumprir a vontade de Deus. (Lucas 22:19)
Naquele corpo Ele sofreu (Hebreus 13:12; 1 Pedro 3:18) infinitamente enquanto o Deus de quem Ele dependia "fazia com que se encontrasse com Ele, a iniquidade de todos nós " (Isaías 53:6).
Seu clamor: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" expressa sofrimento infinito no corpo de um homem.
O primeiro homem que rejeitou a Palavra de Deus em um paraíso trouxe o pecado ao mundo (Gênesis 2:17; 3:6; Romanos 5:12).
O Segundo Homem que viveu pela Palavra de Deus mesmo em Seus sofrimentos mais profundos "afastou o pecado" (Hebreus 9:26).
O fato de Ele permanecer perfeitamente submisso enquanto foi abandonado por Seu Deus magnifica Suas perfeições inigualáveis.
O pecado veio por um homem, a libertação prometida também viria por um Homem, a Semente da mulher (Gênesis 3:15).
Essa libertação, teve um alto custo! Ele foi abandonado por Seu Deus.
Falar de Deus abandonando um homem santo é consistente com as declarações das Escrituras e expressa muita verdade.
137. Como o relacionamento do Pai e do Filho foi afetado na cruz?
Ao falar sobre o clamor de Jesus na cruz: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" não podemos dividir a pessoa de nosso Senhor como se Ele fosse parte divindade e parte humanidade.
Aquele que era totalmente Deus e verdadeiramente humano foi abandonado na cruz.
Deus ordenou a Moisés que ensinasse ao povo: "O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor".
Deus existe eternamente como três Pessoas ("No princípio... o Verbo estava com Deus" João 1:1), mas um só Deus.
Dividir esse relacionamento alteraria a própria essência de Deus – uma impossibilidade.
Portanto, não houve divisão entre o Pai e o Filho na cruz. No entanto, o homem que gritou "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" era ao mesmo tempo, o Filho de Deus, Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3:16).
Ele clamou ao Seu Deus e não houve resposta nem ajuda (Salmos 22:1, 2).
O Senhor Jesus sabia que Seu Pai nunca se deleitou tanto com Ele do que quando Ele estava naquela cruz? Sim.
Ele compartilhou plenamente o ódio de Seu Pai ao pecado? Sim.
Ele sabia por que foi abandonado? Sim (Salmos 22:3).
Ele desejou uma diminuição dos sofrimentos exigidos dele lá? Não.
Ele sentiu o sofrimento infinito de ficar sem resposta? Sim.
Ele era menos Deus do que jamais fora? Impossível.
A relação não podia ser alterada. Mas durante esse tempo, a justiça divina suspendeu o gozo e a expressão dessa relação. Quem, senão Ele, pode saber o que isso significava?
138. Quantos anos, tinha Caim quando assassinou Abel?
A resposta não é revelada nas Escrituras, mas o ponto provável da questão é que a suposição comum pode não ser precisa.
A maioria parece supor que Caim e Abel eram meninos na adolescência ou no início dos vinte anos.
Pela narrativa, parece que Caim era casado quando saiu da presença do Senhor (Gênesis 4:16, 17).
A julgar pela idade em que os homens do capítulo seguinte tiveram filhos, Caim devia ter bem mais de vinte anos.
Além disso, Adão tinha 130 anos (Gênesis 5:3) quando nasceu Sete, que era "outra semente em lugar de Abel" (Gênesis 4:25).
Era como se a vida familiar recomeçasse naquele momento.
Não sabemos quanto tempo Adão viveu no Jardim do Éden. Sabemos que, ao contrário de toda a sua posteridade, ele foi criado adulto e era capaz de ser pai desde o primeiro suspiro.
A julgar pelo deleite de Satanás em atacar tudo o que agrada ao coração de Deus, seu ataque no Éden não aconteceu depois de muitos anos.
(veja Mateus 3:17 e 4:1)
Caim e Abel nasceram depois que Adão foi expulso do Éden (Gênesis 4:1), portanto, pode ter decorrido um tempo considerável entre o nascimento de Caim e Abel e o nascimento de Sete.
A referência em 1 João 3:12 fala das pessoas e as obras de Caim e de Abel. Isso sugere um pano de fundo para a narrativa das duas ofertas registradas em Gênesis 4.
Embora não possamos ter certeza da idade de Caim quando ele matou Abel, a evidência relevante indica que "o caminho de Caim" (Judas 11) foi iniciado bem antes dos eventos de Gênesis 4:3-16.
139. O que o Senhor quis dizer: “Passe de mim este cálice; todavia não seja como eu quero?”
Antes do Getsêmani, o Senhor Jesus disse: "Que direi? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome" (João 12:27,28).
Depois do Getsêmani, Ele disse: "Não beberei o cálice que meu Pai me deu?" (João 18:11).
Não havia possibilidade de Ele se afastar ou não querer ir ao Calvário. O próprio Getsêmani carrega um peso de tristeza e uma profundidade de admiração que talvez exceda qualquer outra cena. Este é um solo sagrado!
Juntos, os relatos de Mateus, Marcos e Lucas retratam um imenso sofrimento emocional que se expressa fisicamente. Sua tristeza foi até a morte, até o limite da estrutura humana. Sua angústia foi acompanhada por piedosa reverência e dependência (Hebreus 5:7).
Cada declaração de oração inclui a submissão de Sua vontade à do Pai. Não poderia ser diferente.
Tal era a enormidade do sofrimento que o aguardava no Gólgota que Ele nunca o teria suportado a menos que fosse a vontade de Seu Pai. Cada exploração de uma alternativa era totalmente submissa.
A pergunta de Getsêmani foi: "As Pessoas divinas podem encontrar outra maneira senão o Calvário para lidar com o pecado?" A resposta do Getsêmani foi? "Não."
140. Crentes e incrédulos morrerão no reino milenar?
Devemos colocar o reino milenar no seu devido lugar. Portanto, se o arrebatamento da Igreja para o Céu acontecesse hoje, o reino milenar começaria daqui a 7 anos.
No arrebatamento, o Senhor Jesus vem até as nuvens e leva a Sua Noiva, a Igreja para o céu. Depois de sete anos, Ele volta com ela para reinar neste mundo por mil anos.
Depois do arrebatamento, os sete anos será marcos pela tribulação e a grande tribulação, onde o evangelho do reino será pregado pelos 144 mil evangelistas judeus, e os salvos como resultado desta pregação, vivos na terra, entram com Cristo neste reino.
(Leia Mateus 24 e 25; Apocalipse 7,14,19 e 20)
Todos os que entrarem no reino milenar do Senhor Jesus serão os salvos pelo evangelho do reino (Mateus 13:41-42).
As provisões da Nova ou Eterna Aliança com Israel produzirão naqueles crentes um novo coração e submissão interior à lei moral de Deus (Jeremias 31:31,33; 32:40).
Deus promete: "Porei dentro de vós o Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos" (Ezequiel 36:27).
Em um ambiente onde o diabo está inativo, por estar preso no abismo (Apocalipse 20:2,3) e o mundo encorajando apoia a essa inclinação interior dos crentes salvos do milênio, o efeito será notável.
Isso não significa que esses crentes não pecarão, pois eles ainda terão a carne dentro de si, como temos nesta era. No entanto, eles não terão o Diabo para lhes tentar e obedecerão de coração ao glorioso Rei Jesus.
Em contraste, uma pessoa nascida durante o Milênio será "nascida da carne" (João 3:6), portanto um pecador e, a menos que seja convertida, ela obedecerá apenas externamente aquele tempo de glória e reinado de Cristo.
Esta pessoa não convertida, apenas religiosa do milênio, pode encobrir sua rebelião por 100 anos, mas, quando a rebelião de seu coração entrar em ação, "o pecador de cem anos será amaldiçoado" (Isaías 65:20).
A justiça será perfeita durante este tempo e o castigo será adequado ao crime. (Isaías 11:2-5)
Aqueles que se recusam a reconhecer sua dívida para com o Senhor por sua colheita sofrerão seca em seu próximo plantio (Zacarias 14:16-19).
Portanto, o Senhor não punirá todo pecado com a morte. O grau de pecado que Ele pune com a morte pareceria atos flagrantes de rebelião, provavelmente incluindo uma adoração rival à do Deus vivo.
Os incrédulos são capazes de tal rebelião durante este período; de fato, uma grande multidão se rebelará quando Satanás for libertado no final dos mil anos (Apocalipse 20:7-9).
As bênçãos da Nova Aliança provavelmente preservarão os crentes de tal rebelião ("Também eu os salvarei de todas as suas impurezas, e não colocarei fome sobre você "Ezequiel 36:29, veja também Romanos 11:26, 27).
Portanto, o julgamento da morte física recairá sobre os incrédulos, e não sobre os crentes na terra durante o Milênio.
141. Os adoradores oferecem sacrifícios de animais durante o reinado milenar?
Antes de responde à pergunta, devemos colocar o reino milenar no seu devido lugar. Portanto, se o arrebatamento da Igreja para o Céu acontecesse hoje, o reino milenar começaria daqui a 7 anos.
No arrebatamento, o Senhor Jesus vem até as nuvens e leva a Sua Noiva, a Igreja para o céu. Depois de sete anos, Ele volta com ela para reinar neste mundo por mil anos.
Depois do arrebatamento, os sete anos será marcos pela tribulação e a grande tribulação, onde o evangelho do reino será pregado pelos 144 mil evangelistas judeus, e os salvos como resultado desta pregação, vivos na terra, entram com Cristo neste reino.
(Leia Mateus 24 e 25; Apocalipse 7,14,19 e 20)
Durante o reinado milenar, os adoradores oferecem sacrifícios de animais, sim!
No final de Ezequiel 39, Deus fala sobre reunir Seu povo das terras de seus inimigos e derramar Seu Espírito sobre eles (vs. 25-29).
Ezequiel 40 a 48, retratam o templo e a cidade milenar.
Sete desses nove capítulos referem-se a ofertas e aos sacerdotes que as oferecem.
A cidade e o templo são literais, pois a reconstrução da cidade (Ezequiel 40:2-3) e o retorno da glória de Deus (Ezequiel 43:2) estão relacionados com a destruição literal da cidade (Ezequiel 40:1) e o afastamento da glória de Deus (Ezequiel 43:3).
Portanto, devemos também interpretar literalmente os sacerdotes e os sacrifícios.
Talvez podemos perguntar, "qual das ofertas será oferecida"? (Zacarias 14:21)
Os últimos nove capítulos de Ezequiel incluem referências a todas as cinco ofertas principais.
A oferta pelo pecado é mencionada 14 vezes, a oferta pela culpa quatro vezes.
Dezoito vezes Ezequiel refere-se à(s) oferta(s) queimada(s) e 14 vezes à(s) oferta(s) de manjares.
"O sacrifício" é mencionado três vezes, duas vezes em conjunto com o holocausto; na outra vez, os sacerdotes estão fervendo - não queimando - em preparação para comer. Isso se referiria à oferta de paz.
Mas, por que esses sacrifícios de animais serão necessários?
O Novo Testamento deixa claro que as ofertas da Antiga Aliança antecipavam o sacrifício de Cristo de uma vez por todas, mas não satisfaziam os requisitos de Deus nem traziam descanso ao ofertante. (Hebreus 10: 1-12)
O sacrifício de Cristo satisfez completamente os requisitos de Deus e acabou com a necessidade desses sacrifícios típicos.
Além disso, o Novo Testamento mostra que uma vida justa não dependia de um sistema legal que incluía a oferta de sacrifícios (Gálatas 3:2,3,5).
Portanto, os sacrifícios no Milênio não anteciparão o sacrifício, pois ele está completo. Eles não serão típicos, pois os tipos são cumpridos na "oferta do corpo de Jesus Cristo uma vez por todas" (Hebreus 10:10).
Estes sacrifícios, também, nem contribuirão para uma vida justa.
Essas ofertas serão um lembrete visível do sacrifício infinito que trouxe tantas bênçãos aos crentes de todas as épocas, à nação de Israel e às nações, à Igreja, a toda a criação e aos séculos dos séculos.
"A Ele seja a glória agora e para sempre. Amém" (2 Pedro 3:18)!
142. Qual é o significado da mensagem de Deus em Isaías 65:22?
Vamos ler Isaías 65:22: "Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus eleitos gozarão das obras das suas mãos."
Isso ecoa desde o início da história nacional de Israel em sua terra. Os pecados dos habitantes idólatras da terra subiram a tal nível que Deus os removeu e os deu a Israel (Gênesis 15:7,16).
Ao entrarem naquela terra, receberam cidades que não construíram, casas que não encheram, poços que não cavaram, vinhas e oliveiras que não plantaram (Deuteronômio 6:11).
Por causa do julgamento de Deus, os inquilinos anteriores construíram e não habitaram, e plantaram, mas não comeram do fruto. Deus advertiu Seu povo que desobedecê-Lo traria uma maldição; eles construiriam uma casa e não habitariam nela e plantariam vinhas e não comeriam as uvas, porque os invasores iriam oprimi-los e estragá-los (Deuteronômio 28:29,30)
À medida que aumentavam as décadas de sua desobediência, eles experimentaram isso com exércitos invasores, como nos dias dos juízes. Por fim, o exército babilônico os levou cativos e eles sofreram todo o peso da maldição; suas casas e vinhedos foram deixados para seus captores desfrutarem. Durante o cativeiro, o Senhor apontou para um dia futuro em que os reuniria, julgaria seus inimigos e faria com que Seu povo habitasse em segurança em sua terra (Ezequiel 25, 26).
Eles construiriam casas, plantariam vinhas e ali habitariam com confiança. Essa promessa ainda não foi cumprida, mas será durante o vindouro reinado terreno de Cristo. Eles não seriam mais desobedientes e nunca mais sofreriam com invasores.
A passagem em Isaías 65 inclui esta bênção, mas a estende. O contexto trata da longevidade que o povo obediente de Deus desfrutará durante esses mil anos (Isaías 65:20).
Mesmo que nenhum inimigo tenha invadido suas terras no passado, a morte acabaria intervindo e alguém mais viveria em sua casa e comeria de seus vinhedos.
Nesse reino futuro, onde os que salvos pela pregação do evangelho do reino, têm a lei de Deus escrita em seus corações, nem mesmo a morte os desapropriará de suas casas e terras.
Seus dias serão prolongados até a idade das árvores, que geralmente sobrevivem à vida animal.
Os horticultores indicam que algumas das oliveiras atualmente existentes no Jardim do Getsêmani em Jerusalém estavam lá quando o Senhor agonizou no pó do jardim.
O resultado seria o gozo prolongado de seus trabalhos, pois seus dias seriam longos na terra que o Senhor lhes deu (Êxodo 20:12).
O versículo então garante, a nação de Israel que entrará salva no milênio, com toda segurança (sem desapropriação), longevidade (sem morte) e felicidade (sem partida).
143. Mateus 7:13,14, retrata a condição dos perdidos?
Mateus 7:13,14, diz: "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem."
Que não haja dúvidas sobre isso. As pessoas que estavam ouvindo o Senhor eram incrédulas que corriam o risco de serem excluídos do reino dos céus (Mateus 7:22,23).
Eles reconheceram que a questão principal era a autoridade (v. 29), porque Ele afirmou que a inclusão ou exclusão do reino dependia de eles construírem, ou não sobre Suas palavras (vs. 24-27).
Ele os advertiu de que os fornecedores de falsos ensinos os atrairiam para o caminho largo e fácil da destruição. Ele pediu submissão à Sua palavra e uma justiça resultante baseada em Seu ensino, não no ensino comprometido de homens (Mateus 5:20-48).
Qualquer um que queira andar por este caminho estreito deve entrar pelo portão estreito. Sem uma nova vida, ninguém pode viver retamente aos olhos de Deus (Romanos 8:7, 8).
Qualquer um que tentasse viver a justiça ensinada pelo Senhor descobriria apenas sua necessidade de um Salvador (Romanos 3:19).
Os primeiros 8 capítulos de Romanos nos trazem a culpa universal, uma posição justa pela fé pessoal em Cristo e uma vida santa pelo poder da habitação do Espírito.
(Leis Romanos 3:19; 5:1; 8:4,9,13-15).
Antes da Sua Mensagem na Montanha, o Senhor havia ensinado essas coisas a Nicodemos (João 3:1-21).
Vendo as palavras do Senhor no contexto e à luz de outras Escrituras, a mensagem aos perdidos é clara. Somente pela submissão à Sua Palavra, começando pelo (arrependimento) de seus pecados, um novo nascimento e uma vida justa (que atesta a realidade de sua nova vida) os indivíduos estarão no céu.
Além disso, não importa o que mais eles tenham ou façam, eles terminarão em destruição, perecerão (é raiz da palavra destruição) no inferno para sempre.
"Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." (Mateus 7:16-23)
É importante perceber que no sermão do monte (Mateus 5-7), havia descrentes (Mateus 7:28) e crentes (Mateus 5:1), enquanto o Senhor falava.
Como em tudo o que Ele fez e disse, Sua mensagem foi um modelo de boa pregação; Ele expôs a verdade e então pediu ação. A mensagem em Mateus 7:13-27, foram Seu resumo e chamado à ação.
Tal era Sua habilidade em falar que Seu resumo se aplicava a todos os que ouviam. Ele expressou princípios universais.
A submissão à Sua Palavra resulta em "vida que é verdadeiramente vida", desfrutada agora e eternamente. (1 Timóteo 6:19)
A desobediência à Sua Palavra resulta em perda, sofrida agora e eternamente.
Nós que somos salvos precisamos deste lembrete. O valor de nossa vida e testemunho atuais depende da submissão inflexível à Sua Palavra.
O grau em que desconsideramos Sua Palavra é o grau em que sofreremos perdas no Tribunal de Cristo (1 Coríntios 3:12-15).
144. Que língua será falada no Milênio e na Eternidade?
Esta questão, provavelmente, já foi debatida pelos puritanos que tentaram investigar quantos anjos poderiam ficar na cabeça de um alfinete.
Como o Senhor falou do céu na língua hebraica a Saulo (Atos 26:14), alguns concluíram que o hebraico é a língua do céu. Porém, nos dias de Sua carne, o Senhor Se comunicou em Aramaico (Mateus 27:46).
O Espírito comunicou-se com João e as sete igrejas do Apocalipse em grego.
Deus se comunica na linguagem que as pessoas entendem.
Assim como originalmente toda a terra tinha uma só língua (Gênesis 11:1), assim o Senhor confundiu (misturou) a língua de toda a terra (v 9).
Isso parece afirmar claramente que todas as línguas existentes são resultados dessa intervenção de Deus.
Portanto, a língua "original" não existe.
Se for assim, Deus não revelou a resposta a esta pergunta.
145. O que é a “grande casa” de 2 Timóteo 2:20?
A assembleia é chamada de "casa de Deus" em 1 Timóteo 3:15.
No entanto, em 2 Timóteo 2:20, a "casa grande" é simplesmente uma ilustração de qualquer casa em Éfeso onde vasos de ouro e prata, madeira e terra poderiam ser encontrados. Paulo usou outras ilustrações neste capítulo.
No versículo 3 ele fala de um soldado, no versículo 5 ele usa a figura de um atleta, e no versículo 6 a de um fazendeiro.
O versículo 21 deve ser entendido no contexto dos versículos 16-19.
Leiamos estes versículos: "Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra." (2 Timóteo:16-21)
Dois homens são destacados no versículo 17, Himeneu e Fileto. Eles eram culpados de negar a doutrina fundamental. Eles afirmaram erroneamente que a ressurreição dos crentes já passou; como consequência, eles estavam perturbando e destruindo a fé dos crentes genuínos.
Paulo responde a esses medos garantindo que "o fundamento de Deus permanece". Esta poderia ser uma referência específica ao fundamento de Deus em relação à ressurreição (v.18).
É mais provável que seja um princípio geral; que em contraste com os homens maus e suas falsas doutrinas, a verdade de Deus permanecerá.
O versículo 19 deixa claro que Deus deu Seu selo, que denota tanto a segurança quanto a autenticidade dos Seus. O que é de Deus permanecerá porque o Senhor conhece aqueles que são Seus, e todos os que professam reconhecer o Senhorio de Cristo em suas vidas, provará sua realidade afastando-se da iniquidade.
No versículo 20, não é o valor ou a habilidade dos vasos que está sendo contrastado. O princípio está simplesmente sendo declarado, que se esperamos ser usados por Deus, há apenas um requisito e esse é a pureza. É possível, teoricamente, que eu seja um vaso de ouro, mas se eu for impuro, não posso ser usado por Deus. Isso significa que precisaremos "nos purificar destes", uma referência clara aos falsos mestres do versículo 17.
Como povo de Deus, precisamos nos manter separados de qualquer coisa que nos contamine.
Observe que Timóteo é instruído a "evitar" (v. 16), "afastar-se" (v. 19), "purificar" (v. 21) e "fugir" (v. 22).
Em resumo, este versículo não está ensinando a separação de outros crentes na comunhão da assembleia, que julgamos impuros. Se o mal moral ou doutrinário se manifestar na vida dos crentes, os anciãos piedosos indicarão isso à assembleia e a disciplina será aplicada. Este versículo é muito mais amplo em seu ensino e dá uma orientação clara sobre os princípios da comunhão.
Devo-me dissociar daqueles que sustentam e praticam doutrinas erradas.
146. Qual é o significado da expressão em 1 Coríntios 5:11, “Com o tal, não coma”?
Leiamos 1 Coríntios 5:11: "Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais."
O contexto deste versículo é a excomunhão de uma pessoa que cometeu um pecado moral.
É tristemente evidente que havia um membro da assembleia de Corinto envolvido em pecado, "que nem ainda entre os gentios se nomeia". (1 Coríntios 5:1)
O apóstolo os ensina que tal conduta "exterior" no mundo é deixada para o "julgamento de Deus", mas tal conduta "dentro" deve ser tratada pela assembleia.
Tal pessoa deve ser "afastada", ou seja, expulsa da comunhão. O pecado já terá tirado a pessoa da comunhão com o Senhor. Os crentes não devem "manter companhia", "não comer" com alguém "chamado irmão", que é "for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador".
Há uma razão tripla para tal ação da assembleia.
1. A pureza da casa de Deus.
2. A preservação do povo de Deus.
3. A restauração do filho de Deus.
As frases "não vos associem" e "não comer", devem ser vistas como mais amplas do que partir o pão ou mesmo compartilhar uma refeição comum.
É uma negação da comunhão social pessoal com a pessoa em questão.
"Manter a companhia" com uma pessoa envolvida em tais pecados seria desconsiderar os princípios de Deus. Outros o veriam como um abono ao pecado cometido. Seria enfraquecer ainda mais a intenção da disciplina da assembleia e impedir a restauração.
O princípio é mais amplo até do que a ação da assembleia. Como pode um crente ser visto como amigo ou companheiro de alguém que professa e assim desonra o nome do Senhor?
Devemos nos separar do pecado e do "irmão" pecador.
A passagem deixa claro que isso não é isolamento do mundo, mas sim separação daquele que professa a Cristo e vive dessa maneira.
Os crentes coríntios tinham uma atitude errada em relação ao pecado entre eles; eles deveriam ter lamentado o ocorrido.
Também devemos ter cuidado com nossa atitude para com os que estão sob disciplina. Como crentes, nunca devemos ser hostis nem evitar o encontro com a pessoa; uma saudação amável, até mesmo uma questão de preocupação com a família ou o trabalho poderia ajudar em vez de atrapalhar a restauração.
No entanto, aos nos encontrar com uma pessoa excomungada da comunhão da assembleia local, devemos estar conscientes da disciplina e de sua finalidade.
Talvez num encontro formal ou casual, devemos deixá-los com o pensamento de que estão recebendo orações.
147. De que maneira, a irmã contribui para a adoração na assembleia local?
Pedro lembra a seus leitores que eles receberam vida espiritual por meio da Palavra de Deus (1 Pedro 1:23b-25).
Essa mesma Palavra de Deus produziria crescimento espiritual se eles deixassem de lado vários males a fim de manter uma ingestão saudável do "leite da Palavra" (1 Pedro 2:1-2).
Esses que tinham vida espiritual eram pedras vivas, e eram edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
Os elos da corrente eram vida espiritual, crescimento espiritual, uma casa espiritual e sacrifícios espirituais.
Portanto, todo crente que recebeu vida espiritual (João 1:12,13) faz parte desse sacerdócio espiritual e oferece sacrifícios espirituais. Seja homem ou mulher, todo crente é um sacerdote.
Em vez de trazer ofertas físicas (como um cordeiro ou pássaro), trazemos sacrifícios espirituais.
Nós, adoramos de nossos espíritos (João 4:23,24) pelo Espírito de Deus (Filipenses 3:3).
Portanto, enquanto uma assembleia adora, as ofertas que sobem a Deus não se limitam ao audível "fruto de nossos lábios" (Hebreus 13:15).
As palavras faladas expressam pensamentos. O que nossa mente conhece, entende e pensa está relacionado ao espírito humano (1 Coríntios 2:11: "quem conhece os pensamentos de uma pessoa, exceto o espírito dessa pessoa").
Portanto, os pensamentos de Cristo, expressos de forma audível ou não, são ofertas espirituais.
Todo crente que vem para se lembrar do Senhor deve trazer sacrifícios espirituais preparados para ascender como ofertas a Deus. Essas ofertas consistem em pensamentos sobre Cristo e são o produto de nossa leitura e meditação na Palavra de Deus.
Por um lado, enquanto um irmão conduz uma adoração audível, os outros crentes ouvem e respondem interiormente a essa adoração, sejam eles irmãos ou irmãs.
Todos respondem interiormente às verdades expressas nos hinos que cantam.
Uma oferta espiritual unida ascende a Deus de cada coração redimido presente na reunião.
Como um maestro reúne as contribuições musicais dos vários instrumentos e produz uma interpretação harmônica da composição, assim o Espírito de Deus leva os vários crentes a "soar docemente as glórias que brilham no Salvador".
Por outro lado, cada crente é responsável por trazer sua própria oferta.
Como o israelita fez quando trouxe sua cesta de primícias (Deuteronômio 26:1-11), trazemos o melhor de nossos pensamentos sobre Cristo para oferecê-los ao Senhor.
Quando uma irmã ou irmão não está respondendo com pensamentos de adoração, a qualidade da adoração é prejudicada. Seria como se um dos instrumentos da orquestra permanecesse em silêncio quando o maestro o chamasse para acrescentar sua parte.
Além disso, se uma irmã ou irmão não trouxesse uma oferta espiritual adequada ao Senhor, a pergunta que o Senhor levantou na profecia de Malaquias se aplicaria: "Roubará a Deus?" (Malaquias 3:8).
As irmãs têm um privilégio muito especial em oferecer sua adoração.
Quando um homem lidera de forma audível os crentes na adoração, é possível que parte de sua motivação seja o que os outros vão pensar de sua oferta.
Uma irmã tem o privilégio de oferecer o que somente o Senhor ouve e aprecia.
O Senhor falou de alguns que tocaram uma trombeta para anunciar suas doações que haviam feito aos pobres (Mateus 6:1-4).
Eles receberam o elogio dos homens.
No entanto, em outra ocasião, o Senhor observou uma viúva pobre jogar suas duas únicas moedas no tesouro do templo. Somente o Senhor sabia o valor disso e a elogiou muito (Marcos 12:41-44).
Na casa de um homem chamado Simão (Mateus 26:6-13), vemos uma mulher com uma capacidade espiritual muito além dos que estavam ali presente; superando até mesmo os onze discípulos que se deixaram persuadir pelas sugestões equivocadas de Judas Iscariotes.
Portanto, somente o Senhor pode avaliar e apreciar o que nossas irmãs têm contribuído nas assembleias locais, no lar e no mundo.
148. Quem ou o que são os anjos das sete igrejas em Apocalipse?
Uma característica notável do livro do Apocalipse é que os sinais e símbolos usados geralmente são explicados. Por exemplo, no capítulo 17, lemos: "as sete cabeças são sete montes" e "a mulher é a grande cidade".
A intenção óbvia é que o leitor entenda o que o símbolo representa.
Em Apocalipse 1:20 lemos: "as sete estrelas são os anjos das sete igrejas e os sete candeeiros… são as sete igrejas".
Aqui temos dois símbolos representando dois objetos. Os anjos e as igrejas não são símbolos a serem interpretados, mas objetos a serem compreendidos.
A resposta mais simples para a pergunta é ver um anjo representando cada igreja. A palavra no grego "angelo" é usado cerca de 76 vezes no Apocalipse, e além dos capítulos 1-3, parece claro que se refere a "seres espirituais" (uma possível exceção é Apocalipse 9:14).
No livro de Daniel parece que os seres espirituais estão associados a reinos (Príncipe da Pérsia-Príncipe da Grécia). No entanto, as sete cartas são dadas pelo Senhor Jesus a João.
Como devemos entender que João as escreve aos anjos, quando claramente o conteúdo de cada carta é destinado àquela igreja e, na verdade, a todas as igrejas?
Alguns sugerem que o anjo representa, não um ser espiritual, mas o estado espiritual da igreja. Agora temos a dificuldade adicional de que a "estrela" é um símbolo do anjo, mas a palavra anjo é um símbolo de outra coisa, e João escreve sobre isso.
Embora "angelos", seja geralmente traduzido como "anjo", há sete ocasiões no Novo Testamento em que é traduzido como "mensageiro".
Seis deles obviamente se referem a seres humanos. Por exemplo, João Batista foi o mensageiro "angelos" enviado antes do Senhor.
Em cada um dos sete usos, o "mensageiro" representa aquele que o enviou.
Além disso, Ageu, o profeta, é mencionado como o mensageiro do Senhor (Ageu 1:13) e em Malaquias 2:7, o sacerdote também é mencionado como o mensageiro do Senhor. A palavra anjo então é usada para um mensageiro.
O apóstolo Paulo escreveu sobre ser recebido como "um anjo de Deus" (Gálatas 4:14).
Assim, nosso versículo poderia ser lido; "os sete candeeiros são as sete igrejas e as sete estrelas são os mensageiros para as sete igrejas."
No entanto, agora surge o problema: quem são os mensageiros?
Em apoio à tradição religiosa, muitos veem o mensageiro como um bispo ou um ministro, um pastor; mas isso é baseado em suposições injustificadas.
Supõe-se que cada cidade tenha mais de uma igreja para justificar a posição do bispo.
Outro assume que cada igreja tem um único ministro ou pastor.
O apóstolo Paulo se reuniu com os anciãos (plural) de Éfeso cerca de 30 anos antes de João escrever Apocalipse, e não havia um único bispo ou pastor naquela época. Mais tarde ainda, Paulo escreveu a carta aos Efésios e ela foi dirigida aos santos, não há um único líder.
A prática da igreja deve ser baseada no ensino do Novo Testamento, e não existe tal ensino como um homem sobre várias igrejas, nem um homem sobre uma igreja. As Escrituras falam de bispos, pastores e presbíteros, mas os termos devem ser examinados no contexto.
Em Atos 20:17, o apóstolo Paulo mandou chamar os anciãos "presbuteros" da igreja de Éfeso.
Ele os lembrou que o Espírito Santo os havia feito superintendentes "episkopos", eles foram instruídos a alimentar "poimaino"; pastorear a igreja de Deus.
A mesma coisa é vista em 1 Pedro 5:1-2.
É evidente que os termos são sinônimos, e presbíteros (plural) são os líderes responsáveis em uma igreja local.
Não é mais simples e de acordo com as Escrituras, entender que o mensageiro do Senhor em Apocalipse, então, é "o presbitério" ("presbuterion" – singular) cuja responsabilidade é a igreja local?
149. A Igreja passará pela Tribulação?
A Bíblia afirma que a Igreja, que é o Corpo de Cristo, não experimentará "a Grande Tribulação" ou "o Tempo de Angústia de Jacó". Neste período de julgamento divino, Deus lidará com a cegueira espiritual e os pecados de Israel para restaurá-la a Si mesmo.
Daniel 9:24-27 é uma passagem importante que descreve a história de Israel desde a desolação de Jerusalém pela Babilônia (2 Crônicas 36:15-21) até sua restauração e bênção sob Cristo como seu Rei.
Os crentes desta dispensação não são mencionados nesta profecia ou em qualquer outra relacionada à esperança, ou julgamento terreno de Israel. Nossa esperança é celestial, pois a ira de Deus devida a nós estava em nosso maravilhoso Substituto no Calvário (Romanos 8:1, 32-39).
Em 2 Tessalonicenses 2:3-12 afirma que o Dia do Senhor, que inclui o derramamento de Sua ira sobre as nações e Israel (primeiros 42 meses ou 3 anos e meio), começa com o aparecimento do "Homem do Pecado".
Para que estes eventos comessem a seguir o seu curso, tem algo que precisa ser "tirada do caminho" primeiro.
Paulo escrevendo aos Tessalonicenses, disse: "E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo." (2 Tessalonicenses 2:6-8)
Até o Arrebatamento, a obra do Espírito Santo e a presença da Igreja restringem a manifestação deste "Iníquo" e, portanto, também a ira de Deus.
A Igreja, tendo sido arrebatada, não será mais a testemunha de Deus na terra durante esse período.
Os 144.000 judeus evangelistas são levantados, pregando o evangelho do Reino para a esperança de Israel. (Apocalipse 7)
Em Cristo, somos "filhos da luz" e não "das trevas", salvos da ira vindoura designada para o mundo (1 Tessalonicenses 1:10; 5:2-9).
Em Apocalipse 3:10, o Senhor promete: "Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre o mundo inteiro."
O arrebatamento é uma "bendita esperança", "um consolo", um evento iminente.
"Pois nossa cidadania está no céu; de onde também esperamos o Salvador (Libertador), o Senhor Jesus Cristo." (Filipenses 3:20)
150. O “arrebatamento” é distinto do retorno de Cristo à terra?
A segunda vinda de Cristo tem dois segmentos ou etapas:
1ª) O arrebatamento da Igreja, sua Noiva, momento em que Ele vem até as nuvens (1 Tessalonicenses 4:17).
2ª) O retorno à terra para julgar e reinar por mil anos (Zacarias 14:4).
O termo "arrebatamento", da expressão "arrebatado" (1 Tessalonicenses 4:17), significa literalmente "pegar, levar pela força".
"O próprio Senhor" (v. 16) vem até as nuvens para arrebatar tanto os crentes ressuscitados quanto os vivos para "estar com o Senhor", pois Ele "não nos destinou para a ira".
(veja João 14:3; Tessalonicenses 5:9, 1:10; Romanos 5:9).
Em contraste, em Seu retorno à terra, o Senhor vem acompanhado por Seus santos (Zacarias 14:5, Apocalipse 19:14) e "Seus anjos poderosos" (2 Tessalonicenses 1:7).
Nesse momento, Ele executa a ira, "tomando vingança dos que não conhecem a Deus" (2 Tessalonicenses 1:8).
Outra distinção em 1 Tessalonicenses é que Paulo via o arrebatamento como iminente; poderia acontecer mesmo enquanto ele escrevia, já que "nós, os que estamos vivos" incluía a si mesmo. (1 Tessalonicenses 4:15, 17)
Ele diz que os Tessalonicenses estavam esperando por "Seu Filho do céu" (1 Tessalonicenses 1:10, veja Tito 2:13).
Novamente, em contraste, o retorno à terra requer sinais cumpridos antes de ocorrer. Não poderia acontecer hoje. (Mateus 24:3, 6, 15, 21, 29-30)
Além disso, a expressão "a vinda do Filho do Homem", está ligada apenas ao Seu retorno terreno.
A transformação que haverá nos santos que já morreram e vivos no Arrebatamento, foi um mistério revelado apenas no Novo Testamento. (1 Coríntios 15:51-53)
Já havia sido profetizado nas porções do Antigo Testamento a respeito do retorno do Senhor à terra e seus eventos subsequentes, mas nada lemos sobre a Sua vinda somente até as nuvens e o arrebatamento da Igreja, pois tudo isto era um mistério a ser revelado.
"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória." (1 Coríntios 15:51-54)
151. O Espírito Santo não estará mais no mundo após o Arrebatamento?
Esta pergunta está baseada no que temos em 2 Tessalonicenses 2:6-8: "E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo."
Implícito na questão está a verdade de que o Espírito Santo de Deus, em Sua relação única com a igreja (João 14:16), é o "Restringente" no versículo 7.
Essa restrição será removida no Arrebatamento, permitindo que o "Homem de O pecado" seja "revelado a seu tempo" (v. 6).
O Espírito Santo na Igreja funciona hoje como um restringidor ou freio do mistério da injustiça.
Com o arrebatamento, o Espírito Santo volateará a atuar como fazia antes do Pentecoste.
Depois do Arrebatamento prefigurado em Apocalipse 4:1, João viu no céu "uma multidão que ninguém podia contar", "que vinha de uma grande tribulação" (Apocalipse 7:9, 14).
Estes, juntamente com as "ovelhas" vivas (Mateus 25:33), nasceram de novo pela pregação do evangelho do reino (Apocalipse 7), no período da tribulação, após o arrebatamento da Igreja.
O Espírito Santo deve então estar operando na terra após o Arrebatamento, caso contrário, os indivíduos não poderiam nascer de novo (João 3:5).
Além disso, tudo o que é realizado para Deus no testemunho dos 144.000 servos selados (Apocalipse 7:4) deve ser por meio da energia do Espírito. As duas testemunhas mortas (Apocalipse 11:11), deve ser ressuscitado pelo Espírito de Deus (veja também Romanos 8:11).
Os crentes da Tribulação e Grande Tribulação, que estão no período da última semana, que faz parte da 70ª semana de Daniel, receberão a vida eterna e desfrutarão das "bênçãos da Nova Aliança" espirituais.
(Leia Jeremias 31:33-34; Ezequiel 36:25-27).
Eles anteciparão com alegria o cumprimento completo da Nova Aliança.
(Leia Jeremias 32:37-41; Ezequiel 36:28).
A promessa que temos para estes crentes, "E porei dentro de vós o meu Espírito" (Ezequiel 36:27), é distinto da promessa para nós, a Igreja.
O Senhor Jesus disse: "Nós (Pai e Filho pelo Espírito Santo) viremos para o crente, e faremos nele morada" (João 14:23).
Nesta era, o corpo do crente é o templo do Espírito que está "em vós" (1 Coríntios 6:19).
A Noiva terá sido arrebatada, portanto os crentes da tribulação não estão "em Cristo" ou "um com Cristo".
(Leia Efésios 2:13-18; 5:30-32)
152. Devemos estar reunido em Seu Nome e estar reunido a Ele?
Estritamente falando, o Novo Testamento não fala de "ser reunido a Ele". Os crentes hebreus, entretanto, deveriam "sair" para o Senhor, levando Sua reprovação (Hebreus 13:13.
Esses crentes deveriam se identificar com Cristo porque o desprezado, mas exaltado Jesus desta epístola os atraiu.
"Estar reunidos em meu nome" (Mateus 18:20), no grego é passivo, enfatizando que os "dois ou três" presentes, não foram eles o agente que os reuniram em Seu nome.
Porque o Espírito Santo trabalha para glorificar a Cristo (João 16:14), o Espírito é provavelmente Aquele que reúne os crentes em Seu nome.
Qual é o propósito do Espírito em reunir crentes para esse nome?
O nome do Senhor, como os nomes hebraicos, revela Seu caráter; ela testifica sobre Ele. Deus disse a respeito do templo de Salomão: "Meu nome estará ali" (1 Reis 8:29).
A grandeza do templo que levava o nome de Deus testificava da grandeza de Deus. Assim, atualmente o Espírito reúne os crentes em nome do Senhor Jesus Cristo porque Deus estabeleceu um testemunho em uma localidade; a igreja de Deus deve expressar o caráter e a glória dAquele, cujo nome ela leva.
O amor a Cristo faz com que sejamos identificados com Ele ("reunidos a Ele") na comunhão da assembleia; o Espírito nos reúne em Seu nome, estabelecendo e mantendo um testemunho sobre a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
153. Qual é o “segredo” do Senhor no Salmo 25:14 e Provérbios 3:32?
Leiamos estes dois versículos:
Salmos 25:14: "O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança."
Provérbios 3:32: "Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem segredo."
Lemos em Jó 19:19: "Todos os meus amigos íntimos me abominavam"; a palavra "íntimos" é a palavra traduzida como "secreto" em ambos os versículos.
Em Jó, sugere amigos íntimos e reservados.
Seis das 21 vezes que aparece no Antigo Testamento, esta palavra é "conselho".
"Sem conselho, os propósitos são frustrados" (Provérbios 15:22), indica que "o segredo do Senhor" envolve Seus planos pelos quais Ele cumprirá Seu propósito. Esses são os Seus caminhos, dos quais apenas aqueles que têm intimidade com Ele estão a par.
"Fez notórios os seus caminhos a Moisés, e os seus atos aos filhos de Israel" (Salmos 103:7).
O povo viu o que Deus fez, mas Moisés, a quem o Senhor conheceu face à face (Deuteronômio 34:10), veio a conhecer os caminhos de Deus, Seu conselho.
Isso é ainda ilustrado pelo homem conhecido como "Meu amigo" (Isaías 41:8), de quem Deus disse: "Ocultarei a Abraão o que faço?" (Gênesis 18:17).
Os íntimos amigos de Deus, devem conhecer Suas intenções.
O Salmo 25:14, "O segredo do Senhor está com os que o temem", indica que aqueles que reverenciam o Senhor passam a conhecê-lo intimamente.
Embora o Senhor despreze os teimosos, Ele traz os justos para Seus conselhos íntimos (Provérbios 3:32).
Esses são princípios imutáveis. Devem despertar em nós o desejo de conhecer maior intimidade com o Senhor.
154. Qual é o significado de “Aquele que padeceu na carne, cessou do pecado” (1 Pedro 4:1)?
"Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este mesmo pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; e acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós. Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos. Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito."
(1 Pedro 4:1-6)
As primeiras palavras, "Ora, pois", conecta os primeiros 6 versículos do capítulo 4 com o final do capítulo 3 que diz:
"Porque também Cristo padeceu uma vez...; a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências."
(1 Pedro 3:18-22)
O contexto no capítulo 3 trata do sofrimento por causa da justiça e por fazer o bem (vs. 14, 17).
A frase, "Portanto, visto que Cristo padeceu por nós na carne", nos leva de volta para 1 Pedro 3:18: "Porque também Cristo padeceu uma vez…"
Nesse contexto, Pedro acaba de falar do batismo (v. 21), "que também agora nos salva pela ressurreição de Jesus Cristo" (v. 21).
Nos versículos iniciais do capítulo 4, Pedro amplia essa afirmação.
A salvação a que ele se refere não é da penalidade do pecado, mas de uma vida de pecado (Leia com atenção, 1 Pedro 4:3, 4).
Por causa da justiça (1 Pedro 3:14), Cristo sofreu por nós.
Os crentes a quem Pedro escreve foram batizados e, consequentemente, sofreram por causa da justiça. Sendo identificado conosco, Cristo sofreu por nossa causa; sendo identificados com Ele no batismo, os crentes sofreram por causa dEle.
É apropriado que esses crentes perseguidos tenham a mesma mentalidade de Cristo, submetendo-se à vontade de Deus (1 Pedro 3:17).
Esses crentes estavam sendo impedidos de seus pecados anteriores ("cessaram do pecado").
Eles foram salvos de sua vida anterior, uma vida de pecado, por dois fatores.
Primeiro, ao serem batizados na água, eles colocam publicamente uma barreira entre eles e os "desobedientes", seus perseguidores.
Em segundo lugar, o batismo na água expressa o que aconteceu no momento da salvação. Unidos a Cristo e à sua morte, os crentes estão mortos para o pecado (Romanos 6:2).
Mas Pedro disse que esta salvação é pela ressurreição de Cristo, não por Sua morte. Ser impedido de pecar não é um fim em si mesmo, mas um meio para o propósito de Deus de que os crentes agora vivam "segundo a vontade de Deus" (v. 2).
Uma paráfrase livre desses versículos poderia ser assim:
"Portanto, uma vez que Cristo sofreu por nós em Seu corpo carnal, os crentes devem igualmente se submeter à vontade de Deus quando sofrem reprovação por Ele porque foram batizados. Aqueles que assim sofreram foram contidos ('cessaram') de sua vida anterior de pecado para que não vivessem para satisfazer as concupiscências usuais da humanidade; eles devem viver o resto de seu tempo de acordo com a vontade de Deus".
155. Qual é a Religião verdadeira hoje?
Uma mulher samaritana em conversa com o Senhor Jesus, disse: "Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar"; o que ela estava dizendo essencialmente era: "Aquela é a sua religião e esta é a minha."
"Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." (João 4:20-24)
O Senhor começa contrastando a revelação de Deus confiada aos judeus, com sua ausência entre os samaritanos.
O Senhor estava dizendo que a humanidade deve ser iluminada por Deus para adorá-lo adequadamente.
"Vós adorais o que não sabeis; nós sabemos o que adoramos" (versículo 22).
Mas o segundo movimento da resposta do Senhor aborda um vazio em ambos os sistemas.
Externalismo, formalismo e ritualismo devem ceder lugar à verdadeira e real adoração dos espíritos dos homens.
Visto que Deus é espiritual em essência, Ele tem conduzido os homens da adoração formal, conforme instituída pela Lei, ao objetivo final de Seu propósito, "verdadeiros adoradores".
Nesta era, o Pai alcança um propósito final na redenção - adoradores que adoram em espírito e em verdade.
Os crentes agora adoram no santuário celestial e, pelo poder do Espírito Santo, seus espíritos redimidos ("em espírito") oferecem adoração de acordo com a plena revelação de tudo o que Deus é, conforme revelado na Palavra ("em verdade"). Isso transcende os sacrifícios e os meios de adoração que não são nem racionais (capazes de conhecer a Deus) nem espirituais.
Paulo disse: "Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." (1 Coríntios 14:15)
"Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração." (Efésios 5:19)
Mas, será que a palavra "cantando" implica instrumentos musicais?
"Catando", é a tradução da palavra grega "psallo", usada 5 vezes no Novo Testamento e traduzida como "cantar", "salmodiar" ou "fazer melodia".
O substantivo traduzido como "salmo", no grego "psalmos" vem desse verbo.
O Excelente dicionário bíblico Vine dá o significado, como: "principalmente 'contrair-se, vibrar', depois, 'tocar um instrumento de cordas com os dedos", e ele acrescenta que significa: "no Novo Testamento, 'cantar um hino, cantar louvores'."
Da mesma forma, outro dicionário bíblico, Vincent afirma: "O verbo, no entanto, é usado no Novo Testamento para cantar louvores em geral".
A derivação de uma palavra acrescenta cor ao significado, mas não define a palavra.
Efésios 5:19, usa ambas as formas da palavra de um modo que claramente as remove do pensamento de um instrumento acompanhante.
O substantivo, "salmos", está ligado à fala e não à música, "falando entre si em salmos".
O verbo "cantar" não pode envolver música instrumental, pois Paulo diz: "fazendo melodia em seu coração".
156. Qual é o lugar da música instrumental no ensino do Novo Testamento?
Durante os primeiros dias do cristianismo, a música instrumental nas reuniões de assembleia provavelmente era impraticável, se não impossível, devido a uma combinação de pobreza, mobilidade, simplicidade e perseguição.
Sua ausência não é apenas prática, mas também consistente com o ensino do Novo Testamento. Nesta era, a adoração está no céu, no lugar santíssimo, e surge de espíritos redimidos. (Hebreus 10:19)
O canto "a capella" atesta essa verdade.
Cada aspecto da adoração e serviço na assembleia tem caráter sacerdotal.
"O sacrifício de louvor", "o fruto dos nossos lábios", deve incluir cânticos de louvor. (Hebreus 13:15)
O canto do Novo Testamento é "para o Senhor" (Efésios 5:19; Colossenses 3:16).
Os hinos evangélicos têm uma mensagem clara para os incrédulos, mas incluem notas de louvor a Deus.
Isso indica uma razão adicional para não amplificar o impacto emocional do canto gospel pelo uso de instrumentos. Fazer das canções um impulso primário para alcançar aqueles que estão espiritualmente mortos é construir uma resposta emocional, ao invés de alcançar a mente e a consciência com o evangelho.
Isso direciona a Semente da Palavra para terreno pedregoso que recebe a Palavra "com alegria", uma resposta emocional, mas não é frutífera. (Lucas 8:13)
O Senhor indica que corações frutíferos são aqueles que entendem a Verdade (Mateus 13:23).
Cantar é apenas um complemento da pregação, o impulso principal do evangelismo.
Portanto, há uma razão bíblica em cada reunião de assembleia para manter o testemunho público de que a adoração é de caráter espiritual.
Paulo disse: "Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." (1 Coríntios 14:15)
"Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração." (Efésios 5:19)
Mas, será que a palavra "cantando" implica instrumentos musicais?
"Catando", é a tradução da palavra grega "psallo", usada 5 vezes no Novo Testamento e traduzida como "cantar", "salmodiar" ou "fazer melodia".
O substantivo traduzido como "salmo", no grego "psalmos" vem desse verbo.
O Excelente dicionário bíblico Vine dá o significado, como: "principalmente 'contrair-se, vibrar', depois, 'tocar um instrumento de cordas com os dedos", e ele acrescenta que significa: "no Novo Testamento, 'cantar um hino, cantar louvores'."
Da mesma forma, outro dicionário bíblico, Vincent afirma: "O verbo, no entanto, é usado no Novo Testamento para cantar louvores em geral".
A derivação de uma palavra acrescenta cor ao significado, mas não define a palavra.
Efésios 5:19, usa ambas as formas da palavra de um modo que claramente as remove do pensamento de um instrumento acompanhante.
O substantivo, "salmos", está ligado à fala e não à música, "falando entre si em salmos.
O verbo "cantar" não pode envolver música instrumental, pois Paulo diz: "fazendo melodia em seu coração".
157. Existem instrumentos musicais no céu e eles serão usados durante o Milênio?
Se Deus sempre teve uma "morada", então o céu é eterno e incriado.
Nada que foi criado, além de seres espirituais, e certamente nada tangível, estava no céu até a ascensão de nosso Senhor Jesus em um corpo físico.
As três referências a harpas no céu em Apocalipse, parecem todas expressas em termos figurativos, onde orações são "aromas", vozes soam como harpistas com harpas e os cantores cercam "como se fosse um mar de vidro".
(Leia Apocalipse 5:8; 14:2; 15:2)
A presente era, da Igreja, com seu caráter espiritual e seu santuário celestial, terá passado durante o Milênio.
Deus terá concluído um meio de lidar com o homem na terra e retornará para cumprir Suas promessas de uma era anterior, Israel e as Nações.
Um templo literal na terra terá seu santuário, seus sacrifícios e seu sacerdócio (Ezequiel 40-48).
Como os instrumentos tinham parte na adoração do Antigo Testamento com seu santuário e sacrifícios, eles serão apropriados para a adoração naquele reino vindouro.
Os instrumentos não são, em si mesmos, errados na adoração.
Sua ausência no testemunho público hoje, na era da Igreja, indica o caráter espiritual da adoração como "sacrifícios espirituais" (1 Pedro 2:5).
Os instrumentos, no milênio, serão um acompanhamento delicioso para a adoração do povo de Deus; como são hoje usados pelos crentes fora das reuniões da assembleia local.
Paulo disse: "Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." (1 Coríntios 14:15)
"Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração." (Efésios 5:19)
Mas, será que a palavra "cantando" implica instrumentos musicais?
"Catando", é a tradução da palavra grega "psallo", usada 5 vezes no Novo Testamento e traduzida como "cantar", "salmodiar" ou "fazer melodia".
O substantivo traduzido como "salmo", no grego "psalmos" vem desse verbo.
O Excelente dicionário bíblico Vine dá o significado, como: "principalmente 'contrair-se, vibrar', depois, 'tocar um instrumento de cordas com os dedos", e ele acrescenta que significa: "no Novo Testamento, 'cantar um hino, cantar louvores'."
Da mesma forma, outro dicionário bíblico, Vincent afirma: "O verbo, no entanto, é usado no Novo Testamento para cantar louvores em geral".
A derivação de uma palavra acrescenta cor ao significado, mas não define a palavra.
Efésios 5:19, usa ambas as formas da palavra de um modo que claramente as remove do pensamento de um instrumento acompanhante.
O substantivo, "salmos", está ligado à fala e não à música, "falando entre si em salmos.
O verbo "cantar" não pode envolver música instrumental, pois Paulo diz: "fazendo melodia em seu coração"..
158. Preparado para o Arrebatamento?
Na véspera de Sua crucificação, o Senhor Jesus e Seus apóstolos se reuniram no cenáculo. A noite estava escura e forças sinistras estavam em operação. Em apenas algumas horas, o Salvador seria preso, julgado, condenado, conduzido ao local da execução e sofreria uma morte agonizante, uma morte que falava de rejeição e vergonha. Os homens que se reuniram com o Senhor estavam prestes a passar pelas horas e dias mais traumáticos e difíceis de suas vidas. E sabendo de tudo isso, o Senhor Jesus os tranquilizou: "Não se turbe o vosso coração" (João 14:1).
Na boca de qualquer outro homem, essas palavras teriam sido o pior dos chavões. Mas foi o Senhor quem falou e, nos momentos que se seguiram, delineou os recursos que deram sentido à sua segurança. Ele falou de um lugar preparado, de Sua pessoa, de Sua oração, do Paráclito, de Sua presença e de Sua paz. Muito do que Ele revelou introduziu novos aspectos da verdade familiar, mas a promessa que Ele fez a Seus discípulos era distintamente nova. "Se eu for", declarou Ele, "voltarei e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também" (João 14:2).
Com essas palavras de promessa, o Salvador introduziu a grande esperança de Seu retorno iminente e pessoal para os Seus. Os discípulos sabiam que um dia Cristo se manifestaria em poder e glória para subjugar Seus inimigos e estabelecer Seu reino, mas esse retorno foi algo diferente, único em sua forma de tempo, pois seria imediata e único em seu propósito.
Este evento veio a ser conhecido como o Arrebatamento. Embora esse termo não seja encontrado nas Escrituras, ele efetivamente transmite a natureza do evento. Usamos agora com mais frequência para descrever um transporte de prazer, mas a palavra latina em sua raiz significa "arrebatar" e foi originalmente usada para descrever as ações de um exército invasor que atacaria e tomaria pessoas e propriedades. Ele fornece uma imagem vívida da rapidez e iminência do retorno do Senhor para remover Seu povo do território do inimigo.
É essa rapidez que é enfatizada na promessa do Senhor.
O retorno que Ele descreve é iminente – pode acontecer a qualquer momento. Ele menciona apenas uma condição a ser cumprida antes que o Arrebatamento possa acontecer – Sua partida. Desde o momento em que Ele voltou ao céu, todas as pré-condições para Seu retorno foram cumpridas. E a iminência de Seu retorno é confirmada pela gramática da passagem. A frase verbal traduzida como "Eu voltarei" está no tempo presente e poderia ser traduzida como "Eu volto".
O Senhor Jesus não encorajou os Seus com a promessa de Seu retorno em algum ponto remoto no futuro. Em vez disso, Ele garantiu que mesmo os dias mais sombrios e difíceis pelos quais passaram seriam iluminados pelo pensamento de que, a qualquer momento, Ele voltaria, com o terno propósito de recebê-los para Si mesmo. Esta esperança permanece para nós hoje. A volta de nosso Senhor pode acontecer a qualquer momento, e essa esperança radiante deve lançar seu brilho transformador sobre todos os aspectos de nossas vidas.
A verdade do Arrebatamento, revelada pelo Senhor em João 14:2, é desenvolvida nas epístolas de Paulo. Escrevendo aos Tessalonicenses, ele tratou do programa do Arrebatamento. Os tessalonicenses estavam preocupados com o fato de os crentes que já haviam morrido terem perdido o arrebatamento. Paulo escreve para garantir que eles não se entristeçam, como aqueles que não tinham esperança. E, ao traçar o programa do Arrebatamento que ele próprio recebeu "pela palavra do Senhor" (1 Tessalonicenses 4:15), sublinha que "os vivos, que restarem para a vinda do Senhor, de modo algum anteciparão os que adormeceram" (versículo 15).
Ele demonstra isso dando-nos o relato mais detalhado do Arrebatamento que encontramos em nossa Bíblia.
Os eventos que Paulo descreve são dramáticos - o brado do arcanjo e a trombeta do Senhor. Esta convocação celestial não será ouvida nem atendida pela maioria na terra. Mas seu chamado chegará aos ouvidos daqueles que estão em Cristo. Primeiro os mortos e depois os vivos ressuscitarão "para encontrar o Senhor nos ares".
Também no reino espiritual, o impacto deste evento glorioso será tremendo.
O Salvador invadirá triunfantemente a esfera da influência de Satanás e, enquanto "o príncipe das potestades do ar" (Efésios 2:2) permanece impotente, Cristo comandará as fileiras cerradas daqueles a quem Ele amou e Satanás odiou. E aqueles que se reunirem não apenas refletirão a glória de Cristo, mas serão transformados para compartilhá-la.
Ali, no ar, a graça alcançará um grande auge, e Satanás experimentará novamente a amargura de sua derrota irreparável no Calvário.
Apesar do drama da cena, a maior emoção no coração dos remidos é a sua intimidade. É o próprio Senhor que vem para reivindicar os Seus. Quando chegar a hora de reunir a Israel dispersa, Ele "enviará os Seus anjos, e reunirá os Seus eleitos" (Marcos 13:27).
No entanto, para o arrebatamento de Sua Igreja, para o chamado de Sua noiva, nenhum emissário será suficiente. "O próprio Senhor" está vindo para nós.
Os tessalonicenses ficaram confusos sobre o programa do arrebatamento, mas a verdade da volta de Cristo para os seus não era novidade para eles.
A importância central do Arrebatamento é confirmada em 1 Tessalonicenses 1:10. Eles "se voltaram para Deus, dos ídolos" e se tornaram trabalhadores e vigilantes. Eles começaram a "servir ao verdadeiro Deus" e "a esperar do céu o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos" (versículo 10).
Paulo expande isso, não porque os tessalonicenses tivessem alguma dúvida sobre a identidade do Filho de Deus, mas para enfatizar a preservação associada ao arrebatamento. A vinda do Filho de Deus é "Jesus, nosso libertador da ira vindoura" (versículo 10).
Paulo não está dizendo que, porque os tessalonicenses haviam confiado em Cristo, eles nunca estariam no inferno, por mais maravilhosa que fosse essa verdade. Em vez disso, ele os está lembrando de que Jesus é o Salvador deles da tribulação, o período de sete anos em que a ira de Deus será derramada sobre a terra em um cataclismo de sofrimento. Naqueles dias terríveis, a Igreja não estará presente. "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses 5:9).
Como Enoque que foi levado para o céu sem passar pela morte e antes do dilúvio que é uma figura da Tribulação (Gênesis 5:24), seremos arrebatados antes do julgamento, preservados da ira vindoura.
Quando Paulo fala do arrebatamento aos coríntios, é o poder do evento que ele enfatiza. Dirigindo-se ao erro deles, ele demonstra a ligação que existe entre a ressurreição de Cristo e os crentes. Duvidar de um é negar o outro. A ressurreição de Cristo é o protótipo e a prova de nossa ressurreição.
Mas o poder da ressurreição tem implicações tanto para os vivos quanto para os mortos. O apóstolo está revelando um mistério oculto nas eras anteriores e esse mistério é a verdade do Arrebatamento. "Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta" (1 Coríntios 15:51 e 52).
Que impacto poderoso o poder ressuscitador de Deus terá naquele instante – "os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados". "Num instante, ao som de uma trombeta", todo defeito, todo traço do domínio sombrio da morte será dissipado e compartilharemos a glória de nosso Salvador.
O Arrebatamento é uma verdade preciosa. É precioso para nós e precioso para Cristo, pois até aquele momento Ele não receberá a resposta à Sua oração para que possamos estar com Ele, onde Ele está, para que possamos contemplar Sua glória (João 17:24).
É também uma verdade prática. A esperança de que nosso Senhor está vindo para nós e a consciência de que Ele pode vir a qualquer momento deve moldar nossas prioridades, nossos valores e nossas ações; deve nos estimular a viver cada dia para Ele, como se fosse o último que tivéssemos para dar.
159. “Tu és meu Filho; hoje eu te gerei” (Salmo 2:7)
Estas palavras são citadas três vezes no Novo Testamento:
1) Atos 13:33 (Sua Ressurreição):
"E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus; como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei. E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei." (Atos 13:32-34)
2) Hebreus 1:5 (Sua Encarnação):
"Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho? E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem." (Hebreus 1:5-6)
3) Hebreus 5:5 (Sua ascensão e entrada em Seu sacerdócio):
"Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei. Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque." (Hebreus 5:5,6)
Os que negam, que o Filho seja Deus, quando leem: "Tu és meu Filho; hoje eu te gerei", certamente, dizem, que isso mostra que houve um dia em que Ele se tornou o Filho.
Mas esta conclusão resulta da ideia errada de que a segunda parte da frase explica a primeira, ou seja, que Ele é o Filho por causa do dia em que Deus O gerou.
Lamentavelmente, a Bíblia na versão Linguagem de Hoje, "Você é meu filho; hoje me tornei seu Pai", perpétua esse mal-entendido.
Contudo, se considerarmos a segunda parte da frase, não como uma explicação da primeira parte, mas como uma demonstração e reconhecimento da mesma, a dificuldade desaparece.
A primeira parte, "Tu és meu Filho", é eternamente verdadeira.
A segunda parte, "hoje te gerei", refere-se a um evento no tempo, não quando Ele se tornou Filho, mas quando Ele foi declarado e demonstrado que assim era; quando Ele foi mostrado (no tempo) como Ele (eternamente) é.
Qual é o evento mencionado aqui: "Hoje te gerei"?
- A encarnação (quando Ele foi gerado na humanidade)?
- Sua ressurreição (quando Ele foi gerado dentre os mortos)?
- Sua ascensão e entrada em Seu sacerdócio?
O propósito aqui não é determinar a qual evento ela se refere, mas mostrar que isso não refuta Sua filiação eterna. Qualquer que seja este evento em vista, a doutrina de Sua filiação eterna não é afetada.
160. Os vários tipos de batismos na Bíblia
No padrão divino, o batismo segue a crença. O batismo é o limiar do caminho do discipulado que envolve a sujeição ao senhorio de Cristo e a separação de um mundo pecaminoso. É um teste de lealdade e fidelidade a Cristo.
A Bíblia fala em diferentes tipos de batismos:
1) O batismo de João era o Batismo para arrependimento (Mateus 3:4-6; Marcos 1:4; Atos 18:25; 19:3-4). Os batizados reconheciam a justiça de Deus, que a morte era a sua porção justa, e confessavam que eram totalmente dependentes da misericórdia de Deus, a qual foi provida naquele que viria, o único que poderia perdoar os seus pecados.
2) O batismo do Senhor Jesus (Mateus 3:16; Marcos 1:9-10; Lucas 3:21). Este batismo de Jesus, ministrado por João, foi a identificação com aqueles que se arrependeram, mostrando que somente eles eram os justos. Foi também a identificação deles com Jesus diante de Deus, num ato que prenunciou a obra que Ele realizaria no Calvário. Esta obra estabeleceria um alicerce justo para Deus perdoar aqueles que reconheceram sua culpa e abraçaram o Salvador.
3) O Senhor batizando os discípulos (João 3:22, 26; 4:1). Isto identificou os discípulos com a mensagem que Ele proclamou. Foi uma associação de outros consigo mesmo e com Suas reivindicações.
4) O batismo no Calvário: "Tenho um batismo para ser batizado, e como estou angustiado até que ele se cumpra" (Lucas 12:50). Ele foi engolfado ou imerso no julgamento de Deus por causa do pecado (Salmos 42:7). "Ele apareceu para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hebreus 9:26). "Mas este, depois de ter oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus" (Hebreus 10:12).
5) O batismo do sofrimento - Jesus disse a Pedro: "De fato bebereis do meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado" (Mateus 20:23). Jesus estava imerso em sofrimento por causa da justiça. "Pois para isso fostes chamados; porque também Cristo sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais os seus passos" (1 Pedro 2:21).
6) O batismo no Espírito (Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16; João 1:33; Atos 1:5; 11-16 e 1 Coríntios 12:13).
Nas primeiras seis passagens a preposição "com "é traduzido da preposição grega "en", que, na verdade significa "em".
A expressão "Batismo do Espírito", usada por alguns cristãos, nunca é encontrada nas Escrituras.
O Batismo no Espírito tem a ver com a Igreja, que é o Corpo de Cristo (1 Coríntios 12,12-13). Aconteceu no Pentecostes quando a Igreja foi formada; obtivemos o benefício disso quando confiamos em Cristo. Está ligado ao primeiro advento de Cristo e a bênção está em vista.
7) O batismo no fogo (Mateus 3:11; Lucas 3:16). Isto falo do julgamento está à vista e está ligado ao segundo advento de Cristo. "Cuja pá está em Sua mão, e Ele limpará completamente Sua eira, e recolherá Seu trigo no celeiro; mas Ele queimará a palha com fogo inextinguível."
8) O batismo em Moisés: "E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar" (1 Coríntios 10:2).
Isto indicava a identificação da nação com o seu líder, Moisés.
9) Os batismos em Hebreus 6:2: Refere-se à lavagem cerimonial da dispensação passada da lei.
10) O batismo dos crentes: "Então os que de bom grado receberam a Sua Palavra foram batizados" (Atos 2:41). A expressão "um só batismo" em Efésios 4:5 refere-se ao batismo do crente, o batismo nas águas.
Há quatro coisas relativas a todo batismo:
(1) O agente que batiza;
(2) O sujeito – a pessoa batizada;
(3) O elemento no qual uma pessoa é batizada;
(4) O propósito ou razão do batismo.
A Doutrina do Batismo dos Crentes:
A autoridade para o batismo foi dada pelo próprio Senhor Jesus: "Todo o poder (autoridade) me foi dado no céu e na terra" (Mateus 28:18).
Lemos na ocasião em que Pedro batizava Gentios: "E ordenou-lhes que fossem batizados em nome do Senhor" (Atos 10:48). Isso indica autoridade.
Lemos sobre a prática do batismo: "Aqueles que de bom grado receberam a Sua Palavra foram batizados" (Atos 2:41).
Temos o registro de batismo de:
homens e mulheres (Atos 8:12),
o eunuco (Atos 8:38),
Cornélio (Atos 10:47-48),
Lídia e sua família,
o carcereiro (Atos 16:15, 33),
e "muitos dos coríntios" (Atos 19:5).
O modo de batismo é imersão total, não aspersão. A palavra grega "baptisia", significa "mergulhar" ou "tingir". Indica imersão, submersão.
"João também batizava… porque havia muita água" (João 3:23).
"E desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e ele o batizou" (Atos 8:38-39).
O Significado do Batismo:
É um ato para os crentes. "Batizando-os" (isto é, os discípulos – Atos 2:41).
"Aqueles que receberam de bom grado Sua Palavra, foram batizados."
Não há nada na água que possa tirar nossos pecados; o batismo nunca prepara uma pessoa para o céu. O batismo é somente para os crentes.
É a resposta de uma boa consciência para com Deus. "A mesma figura com a qual também o batismo agora nos salva (não o despojamento da imundície da carne, mas a resposta de uma boa consciência para com Deus" (1 Pedro 3:21).
A salvação aqui se refere ao relacionamento do crente com Deus; assim, o que é simbolizado no batismo dá ao crente uma boa consciência diante de Deus. Também poderia simbolizar despojar-se do velho homem e revestir-se do novo homem (Colossenses 3:9-10).
A velha vida terminou e devemos agora andar em novidade de vida (Romanos 6:3-4).
No entanto, poderíamos aplicar isso à obediência de um crente – ser batizado dá ao crente uma boa consciência quanto a obedecer à ordem do Senhor.
Também proclama os fatos fundamentais do evangelho, pois esta é a figura do batismo. "Cristo morreu pelos nossos pecados de acordo com as Escrituras; e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Coríntios 15,3-4).
É um testemunho de salvação, uma declaração externa de uma obra interior, uma confissão diante dos homens de ter confiado no Senhor Jesus Cristo. Fala de identificação com Cristo num mundo que continua a rejeitá-lo. Isto envolve separação do mundo.
Mostra sujeição ao senhorio de Cristo e é uma demonstração de lealdade e amor. É um ato de entrega à vontade e à Palavra de Deus.
Ministra prazer a Deus e traz alegria a outros crentes. "Não tenho maior alegria do que ouvir que meus filhos andam na verdade" (3 João 4).
Por Jim McColl
161. A Quem Adoramos?
Cinco verbos gregos diferentes são traduzidos em nossa Bíblia como "adoração".
1) Em primeiro lugar temos o verbo grego, "proskuneo":
A palavra "proskuneo" é composta por duas partes: "pros", que significa "para" ou "em direção a", e "kuneo", que significa "beijar". Essa palavra descreve a ação de se curvar diante de alguém ou algo com profundo respeito e reverência.
O dicionário Grego de Strong [4352] dá o significado de beijar, como um cachorro lambendo a mão de seu dono. Prostrar-se literal ou figurativamente em homenagem – adoração.
O dicionário W.E. Vine indica que esta "Palavra grega denota um ato de reverência, seja dada ao homem ou a Deus".
Esta palavra é encontrada cerca de 37 vezes no Novo Testamento e é sempre traduzida como adoração ou adorado.
O Léxico Grego de Thayer dá o seu significado como "homenagem prestada a pessoas de posição superior".
O Senhor Jesus Cristo usou esta palavra na conversa com a mulher Samarita em João 4.20-24.
Esta palavra é usada tanta em adoração a Deus Pai, como ao Filho.
"E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram (proskuneo); e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra." (Mateus 2:11)
"E, portanto, os segredos do seu coração ficam manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará (proskuneo) a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós." (1 Coríntios 14:25)
"E adoraram (proskuneo) o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram (proskuneo) a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?" (Apocalipse 13:4)
2) Em segundo lugar temos o verbo grego, "latreuo":
O dicionário Grego de Strong [3000] afirma que esta palavra vem de "latris" (que significa, um servo contratado); ministrar (a Deus), ou seja, prestar homenagem religiosa: - servir, fazer o serviço, adorar.
O principal significado desta palavra é servir. É encontrada 17 vezes no Novo Testamento e é traduzida algumas vezes como servir e outras vezes como adoração, e é óbvio que o serviço também se refere a essas passagens.
(Hebreus 10.2; Filipenses 3.3; Atos 7.42; 24.14)
O Léxico Grego de Thayer dá o significado de servir, prestar serviço religioso, realizar serviços sagrados, etc.
Citando Deuteronômio, o Senhor Jesus respondeu a Satanás: "Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás" (Lucas 4:8). Esta palavra "servir" em grego é "latreuo" e descreve o serviço religioso como distinto do serviço em geral. É usado para descrever o serviço associado à casa de Deus.
Ana em Lucas 2:37 serviu (latreuo) no templo; o adorador (forma substantiva de latreuo) em Hebreus 10:2 veio para purificação com suas ofertas; os sacerdotes serviam (latreuo) o tabernáculo (Hebreus 13:10).
Embora estes exemplos se refiram à adoração sob a Lei, Paulo usa a mesma palavra para descrever a nossa adoração e serviço hoje.
"Porque nós somos a circuncisão, que adoramos (latreuo) pelo Espírito de Deus e nos gloriamos em Cristo" (Filipenses 3:3).
Estes versículos nos ensinam que a nossa adoração é mais ampla do que o louvor dos nossos lábios ou a nossa participação na Ceia do Senhor.
Paulo via seu serviço no evangelho como adoração. "Porque Deus é minha testemunha, a quem sirvo (latreuo) com meu espírito no evangelho de seu Filho" (Romanos 1:9).
Ele viu a entrega de nossos corpos a Deus para Seu uso como adoração. "Apelo a vós… pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual (latreia)" (Romanos 12:1).
Tudo o que fazemos em devoção a Deus e por causa do valor que encontramos nEle é adoração.
Embora na Bíblia sempre a palavra grega "proskuneo" seja usada tanto para Deus quanto para Jesus, a palavra "latreuo" é reservada exclusivamente para Deus.
No entanto, existem várias referências no Novo Testamento que aplicam a ação da palavra grega "latreuo" ao Senhor Jesus.
Um belo exemplo deste ato de serviço em adoração a Jesus, foi realizado sem palavras na casa de Simão, o leproso, por Maria de Betânia, quando ela abriu um frasco de unguento caro e derramou-o sobre a cabeça de Cristo.
Isso fornece uma visão de como é a adoração. Ela encontrou grande valor em Cristo ao considerá-Lo digno da grande despesa. O ato foi somente para Ele. Ela estava lá para dar, não para receber. Ela demonstrou grande humildade e honrou-O como Alguém que era Deus manifestado em carne – ela "enxugou-lhe os pés com os cabelos" (João 12:3).
Ela prestou-lhe um serviço valioso – pois o Senhor disse: "ungiu previamente o meu corpo para a sepultura" (Marcos 14:8).
Em Apocalipse 5:12, o conceito da palavra grega "latreuo" é usado ao Cordeiro (Jesus).
"Com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças."
Em João 20, Tomé vendo o inacreditável para ele até aquele momento, chegou a uma única conclusão, Jesus é Senhor e é Deus; e Jesus confirmou que a fé de Tomé estava correta: "E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." (João 20:28,29)
3) Em terceiro lugar temos o verbo grego, "sebomai":
Esta palavra aparece 9 vezes no Novo Testamento. O dicionário Grego de Strong [4576] diz que é uma palavra de: "voz média de um verbo aparentemente primário; reverenciar, adorar."
W.E. Vine, fala em palavra: "'sentir admiração', seja diante de Deus ou do homem, 'adorar'; 'reverenciar', enfatizando o sentimento de admiração ou devoção'."
"Mas, em vão me adoram (sebomai), ensinando doutrinas que são preceitos dos homens." (Mateus 15:9)
"E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia (sebomai) a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia." (Atos 16:14)
4) Em quarto lugar temos o verbo grego, "eusebeo":
Esta palavra aparece 2 vezes no Novo Testamento O dicionário Grego de Strong [2151] declara: "agir piedosamente ou reverentemente".
O comentário de W.E. Vine diz que é, "'reverenciar, mostrar piedade' para com qualquer pessoa a quem é devida consideração respeitosa'."
"Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais (eusebeo), não o conhecendo, é o que eu vos anuncio." (Atos 17:23)
"Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer (eusebeo) piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus." (1 Timóteo 5:4)
5) Em quinto lugar temos o verbo grego, "sebazomai":
Esta palavra aparece 1 vezes no Novo Testamento. O dicionário Grego de Strong [4573] afirma que tem o sentido de, "temer, ter medo" ou "honrar religiosamente, adorar".
W.E. Vine dá a definição de, "honrar religiosamente".
"Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram (sebazomai) e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente." (Romanos 1:25)
Podemos concluir dizendo que, as duas primeiras palavras gregas, "proskuneo" e "latreuo", são usadas principalmente no sentido cristão.
Então, quem é o adorador que o Pai está procurando?
Qual é a adoração que Ele espera?
Com base nas palavras usadas, entendemos que o adorador é aquele que entende a grandeza e o poder de Deus e reconhece Sua autoridade sobre sua vida e Lhe rende a devida reverência, honra e glória.
Adorar são todos os serviços dedicados que ele presta a Deus de acordo com o pedido de Deus, seja sozinho, pessoalmente, ou na família, ou na sociedade, ou na assembleia.
Os crentes cristãos são adoradores não apenas no domingo de manhã, mas 24 horas por dia, 7 dias por semana, 31 dias por mês e 365 dias por ano!
Em outras palavras, em cada momento de sua vida ele é um adorador. Tudo o que um filho de Deus faz em obediência à Palavra de Deus é um ato de adoração. A adoração não se limita a um dia ou uma reunião.
Em seu dicionário expositivo, W.E. Vine escreveu: "A adoração a Deus não é definida em nenhum lugar das Escrituras. Uma consideração dos verbos acima mostra que não se limita ao elogio; em termos gerais, pode ser considerado como o reconhecimento direto a Deus de Sua natureza, atributos, caminhos e reivindicações, seja pela manifestação do coração em louvor e ação de graças, ou por atos praticados em tal reconhecimento."
162. Esboço dos Salmos
O Saltério era o hinário de Israel. Nele, passamos dos sofrimentos e soluços de Jó às canções do cantor. Isto não significa que não haja sofrimento e tristeza nos cânticos dos Salmos. As expressões de tristeza encontradas nos seus 150 cânticos fizeram dos Salmos um refúgio para os crentes ao longo dos tempos, que descobriram que o escritor foi capaz de articular o fardo dos seus próprios corações de uma maneira muito melhor do que eles próprios poderiam.
Consolo e conforto foram proporcionados pelas palavras de Davi e de outros a incontáveis milhões de pessoas ao longo dos séculos. No final, pode ser que haja mais expressões de tristeza do que de alegria nos Salmos, à medida que os israelitas sobrecarregados clamavam a Deus em meio à sua perplexidade e tristeza. O que está claro é que à medida que o Saltério continua através dos seus 150 cânticos, as notas de triunfo aumentam até chegarmos a um grande crescendo e à doxologia (expressão poética e musical de louvor a Deus) nos Salmos 146-150.
Existem 150 Salmos divididos em cinco livros, que podem corresponder aos cinco livros de Moisés. Cada seção termina com uma doxologia, separando-a da seção seguinte. O registro mais antigo que temos dessa divisão em cinco seções vem de um dos manuscritos do Mar Morto, datado do século I d.C.
- Livro I (Salmos 1-41)
- Livro II (Salmos 42-72)
- Livro III (Salmos 73-89)
- Livro IV (Salmos 90-106)
- Livro V (Salmos 107-150)
TÍTULO DOS SALMOS:
O título do livro na Bíblia Hebraica é "Tehilim", que significa "canções de louvor". Quando os tradutores da Septuaginta o nomearam, eles o chamaram de "Psalmoi", ou canções acompanhadas por um instrumento de cordas. Consequentemente, chegou até nós como os Salmos.
Existem 73 Salmos atribuídos a Davi, 12 a Asafe, 12 aos Filhos de Corá e um a Hemã, Etã e Moisés, perfazendo 100 Salmos. Existem 50 Salmos que são anônimos.
Depois, há inscrições para muitos dos Salmos.
São 30 sem título ou inscrição.
52 possuem títulos curtos; 14 têm títulos históricos.
São 39 com títulos especiais e 4 Salmos escritos com um propósito (Salmos 38,70,92,102).
Existem 15 Salmos conhecidos como Cânticos dos Graus, ou "subidas".
Existem 16 Salmos "Máscaras" e quatro Salmos "Lírios".
Existem "Mictão", ou Salmos dourados (Salmos 16, 56-60), e Salmos enviados ao Músico Chefe com uma variedade de nomes, que podem indicar uma determinada métrica ou maneira de cantar.
TIPOS DOS SALMOS:
Existem muitos tipos diferentes de Salmos. Existem Salmos de adoração e louvor, e Salmos de ação de graças. Existem lamentações e salmos penitenciais. Existem Salmos que chamamos de imprecatórios, que apelam a Deus para intervir e julgar os ímpios. (Salmos 35, 58, 69, 83, 109, 137)
Existem os belos Salmos Messiânicos. (Salmos 2, 16, 22, 24, 40, 45, 69, 72, 110)
É nesses Salmos que obtemos uma visão do coração de nosso Senhor Jesus Cristo. O estudante, porém, precisa discernir cuidadosamente a experiência do salmista e onde termina essa experiência e começam os sentimentos do Senhor Jesus. Existem tantas divisões e classificações dos Salmos quantos comentaristas.
- Invocando a Deus em discurso direto com uma petição ou louvor.
- Comunhão da alma com Deus na qual se expressam suas emoções e experiências.
- Uma celebração das obras de Deus na natureza e na história
- Uma reflexão sobre os problemas desconcertantes da vida em relação ao governo divino no mundo.
TEOLOGIA DOS SALMOS:
Embora seja quase exclusivamente um homem falando com Deus, isso não significa que os Salmos sejam desprovidos de teologia. Apresenta Deus em toda a sua grandeza como criador (Salmos 8, 19).
Existem Salmos que falam da grandeza de Deus em redimir Seu povo no passado (Salmos 78, 105, 106, 135, 136).
Existem Salmos que falam da vinda do Reino de Deus e da exaltação de Sião (Salmos 2, 24, 48, 122), e Salmos que celebram outros aspectos do caráter de Deus.
Apenas tomando os 15 Salmos de Graus, aprendemos a teologia do escritor (Ezequias?).
Os 15 Salmos podem ser divididos em cinco grupos de três cada.
Há um tema recorrente em cada conjunto de três: prova, confiança e triunfo.
O salmista está exaltando a virtude da confiança em Deus e a fidelidade de Deus ao Seu povo da aliança.
Muitos Salmos lutam com o problema do governo de Deus na aparente impunidade com que os ímpios parecem prosperar e os piedosos sofrem.
ATEMPORALIDADE DOS SALMOS:
Confessadamente, há uma atemporalidade nos Salmos. Em todas as épocas e sob todas as circunstâncias, os crentes foram capazes de encontrar as palavras que os seus corações procuram para expressar as suas emoções mais profundas. Em tempos de solidão, encontram uma presença reconfortante. Nos dias de provação, encontraram uma rocha sobre a qual descansar. Em meio à tristeza e ao pesar, eles conheceram consolo; caminhando pelos vales da vida, encontraram um braço forte que carrega. Em dias de triunfo, há os acordes vitoriosos do salmista que expressam a alegria da alma.
Os sentimentos e a verdade dos Salmos transcendem o tempo, as culturas, as etnias e a geografia para encontrar cada crente exatamente onde as circunstâncias da vida os encontram.
TÉCNICA DOS SALMOS:
Os Salmos são únicos porque, com apenas algumas exceções, são um diálogo unilateral – um homem falando com seu Deus. Há apenas uma rara ocasião nos Salmos em que Deus é visto falando (Salmo 2:6-9).
No restante das Escrituras, ou temos Deus falando ao homem (considere o livro de Levítico, que é quase inteiramente Deus falando), ou eventos nos quais, Deus intervém. Os Salmos, porém, são quase inteiramente palavras de homens dirigidas a Deus.
Os Salmos são poéticos, mas não no sentido ocidental de poesia. A poesia hebraica é diferente. As imagens e a natureza poética dos Salmos são uma rica tapeçaria sobre a qual são exibidas verdades concisas, porém coloridas.
"Desempacotar" as imagens de palavras e a poesia produzirá uma riqueza de verdade para o aluno. Para aqueles interessados em estudar e compreender a poesia hebraica (que provavelmente compreende 25-30% do Antigo Testamento), há uma série de obras clássicas, bem como alguns escritos recentes, que ajudam o aluno a interpretar esta forma de escrita. A poesia hebraica não está em rima, mas em:
- linhas balanceadas (paralelismo)
- jogos de palavras
- sons que se repetem
- ritmo
Existem vários Salmos em ordem alfabética, sendo o mais conhecido o Salmo 119.
Mas os Salmos 25, 34, 37, 111, 112 e 145 também são Salmos em ordem alfabética. Às vezes, cada versículo começa com uma letra diferente do alfabeto; outras vezes, pode ser a cada dois versículos. O Salmo 119 é dividido em seções de oito versículos à medida que avança no alfabeto hebraico.
Os Salmos como os temos foram obra de vários indivíduos diferentes.
O rei Ezequias (reinou de 715 a 686 a.C.) pode ter participado na organização de parte do saltério (cf. 2 Crônicas 29.25-28,30; 30.21; 31.2).
O rei Josias (reinou de 640 a 609 a.C.) também pode ter acrescentado algo à forma final (2 Reis 22:1-23:30; 2 Crônicas 34-35; cf. 2 Crônicas 35:15,25).
As duas últimas seções dos Salmos (90-106 e 107-150) contêm Salmos que datam de Moisés até o período de tempo provavelmente após o retorno do exílio.
Esdras, que provavelmente escreveu algumas Crônicas para instruir os exilados que retornavam, pode ter sido responsável por isso.
TESOURARIA DOS SALMOS:
Foi do tesouro dos Salmos que os israelitas piedosos extraíram as suas expressões de louvor.
A oração de louvor de Maria (Lucas 1.46-55) aborda até 12 Salmos em sua efusão espontânea de louvor.
Existem muitos temas, palavras e imagens recorrentes incluídos nos Salmos.
Deus como uma rocha é mencionado talvez 20 vezes.
Existem sete "Améns" nos Salmos: no final do Livro 1 (dois), no final do Livro 2 (dois), no final do Livro 3 (dois), no final do Livro 4 (um amém e uma aleluia).
Quando chegamos ao final do Livro 5, recebemos apenas aleluias e nenhum amém. A oração transformou-se em louvor, e uma maravilhosa doxologia encerra o saltério.
Outro tema que pode ser considerado lucrativo é o dos rios mencionados nos Salmos.
Existem 71 ocorrências da palavra "Selá" em todo o livro.
Veja as expressões "Onde está o teu Deus?" e quanto tempo?" nos vários Salmos.
Trace as seis menções de "de todo o coração" no Salmo 119, as sete declarações "Eu sou" do Salmo e o uso das oito expressões diferentes para a Palavra de Deus.
Observe como todos os Salmos 1, 9 e 119 enfatizam a importância da Palavra de Deus.
TRATAMENTO NO NOVO TESTAMENTO DOS SALMOS:
Os escritores do Novo Testamento, sob a orientação do Espírito de Deus, fizeram citações diretas ou indiretas dos Salmos em pelo menos 90 ocasiões. Eles são encontrados em todos os livros do Novo Testamento, exceto aqueles aos Tessalonicenses, as epístolas a Timóteo, Tito, Filemom, as três epístolas de João e Judas.
Todos os quatro escritores dos Evangelhos citam os Salmos em vários contextos. A entrada de Cristo na cidade de Jerusalém, embora profetizada em Zacarias, é acompanhada pelas palavras do Salmo 118.
Seus sofrimentos são o tema de Mateus e Marcos, que citam Suas palavras do Salmo 22.
João emprega os Salmos em conexão com o Senhor, vida e traição.
Cada escritor encontrou nos Salmos material abundante que transcendeu a experiência do escritor e só poderia ter cumprimento em Cristo.
Da mesma forma, o Senhor Jesus mencionou os Salmos como parte das Escrituras do Antigo Testamento e referiu-se ao fato de que eles falavam de Seus sofrimentos e glória (Lucas 24:44). Ele citou os Salmos ao se referir à Sua rejeição, bem como à Sua glória vindoura (Lucas 20:17,42,43).
Os apóstolos pregaram a partir dos Salmos ao longo do livro de Atos como uma apologética para a ressurreição (Atos 2:25-28), bem como uma justificativa para substituir Judas (Atos 1:20).
Paulo empregou os Salmos para mostrar a pecaminosidade do homem (Romanos 3:11-14) e para reforçar o princípio da salvação pela graça (Romanos 4:7).
Ele se refere a vários Salmos em sua correção dos problemas em Corinto.
E ninguém pode ler Hebreus sem ficar impressionado com as referências frequentes, pelo menos 15 versículos diferentes, que o escritor inspirado traz do seu cenário do Antigo Testamento para aplicar à crise de fé que os crentes hebreus estavam passando.
Por A. J. Higgins
163. Como entender os Salmos que clamam por vingança?
Talvez para nossa geração do Novo Testamento, seja difícil de compreender o tom e a linguagem de alguns dos Salmos que clamam por vingança e julgamento. Os críticos da Bíblia concluem que Deus é um "monstro moral" que promove uma resposta tão destrutiva por parte dos Seus seguidores. Os crentes lutam para conciliar tais gritos de vingança com o tom do Novo Testamento que nos instrui a orar pelos nossos inimigos (1 Pedro 2:20, 3:16-17, 4:19).
Os exemplos notáveis do próprio Senhor em Seus sofrimentos injustos, de Estêvão em sua defesa ousada e martírio final, e de muitos outros, contrastam fortemente com os clamores aparentemente vingativos desses salmistas. Então, como podemos reconciliar esta vasta diferença aparente entre a linguagem do Antigo e do Novo Testamento?
O Salmo 109 é provavelmente o último do que é conhecido como "Salmos Imprecatórios", ou salmos em que os escritores apelam ao céu em busca de vingança contra seus inimigos (ver também Salmos 5, 58, 69, 83 e 137).
A linguagem é forte, os tons são ásperos e os gritos são sinceros. Seria fácil descartar essas passagens como "desabafos" não espirituais. No entanto, há uma série de fatores que precisam ser considerados no contexto desses salmos.
Primeiro, é importante ver que os clamores dos salmistas não foram ditados por um espírito de vingança pessoal. Embora ansiassem por justiça, não havia nada de vingativo neles. O Salmo 109, que provavelmente foi escrito durante o período da rebelião de Absalão, trouxe enorme pesar ao Rei Davi. Sua bondade foi recompensada com o mal e seu amor foi recebido com ódio. Alguns se perguntam por que Davi não demonstrou espírito de bondade em vez de tanta veemência. A resposta simples é que ele já o tinha feito, mas houve resistência. Seus inimigos vieram com rebelião determinada e assassinato em seus corações e ainda assim, apesar de tudo isso, Davi apelou às suas forças para poupar a vida de seu filho. Poucos homens demonstraram a generosidade que Davi demonstrou. Se a vingança estivesse em seu coração, sua resposta teria sido muito diferente.
Segundo, outro fator vital envolve o zelo nacional do salmista pelos propósitos de Deus. É interessante que muitas das imprecações nos salmos foram escritas por Davi, que entendia que era um "rei teocrático". Ele sabia que era ungido por Deus e que governava para Deus e com responsabilidade perante Deus e, portanto, nunca poderia se sentir confortável com a injustiça. Assim, procurou governar com verdade, misericórdia e justiça, e nunca procurou usar a lei para seus próprios fins. Aqueles que estavam traindo e buscando a sua vida estavam, em última análise, atacando a Deus, e seu desejo era que o próprio Deus fosse vindicado. Davi estava bem ciente de que Israel era um povo da aliança com um Deus que havia prometido protegê-los desde que Lhe fossem obedientes. De Abraão em diante, Deus prometeu abençoar aqueles que abençoassem Israel e amaldiçoar aqueles que os amaldiçoassem. Assim, quando os salmistas apelaram a Deus para tratar de forma justa com os seus inimigos, eles estavam simplesmente pedindo-Lhe que cumprisse a promessa da Sua aliança.
Terceiro, ao ler estes salmos, precisamos lembrar que os princípios da justiça de Deus não mudam com o tempo. Embora o Senhor tenha derramado lágrimas sobre uma cidade rejeitada e graciosamente convidado os pecadores a virem a Ele, Ele também repreendeu severamente e alertou os hipócritas religiosos sobre o perigo que corriam. João Batista trovejou advertências semelhantes. Os santos piedosos ficaram profundamente comovidos com a crescente impiedade e injustiça ao seu redor e ansiavam que o pecado pudesse ser julgado e que a justiça de Deus pudesse reinar. Não é de admirar que expressassem santa indignação diante da rebelião e da ilegalidade que os cercava. Nosso problema é que nos tornamos insensíveis ao pecado e que, como sugeriu um escritor, "não odiamos o pecado o suficiente para ficarmos chateados com a maldade e a impiedade que nos rodeia". Davi no Salmo 109 não teve esse problema.
Talvez o fator mais importante envolva a verdade dispensacional.
Como escreveu um comentarista, "nos salmos há orações ensinadas pelo Espírito, totalmente consistentes com o período ao qual pertencem, embora não sejam adequadas à atual dispensação cristã". Deus respondeu à oração de Elias por fogo no Carmelo, mas o Senhor repreendeu severamente Seus discípulos que sugeriram o mesmo tratamento para os samaritanos (Lucas 9:54-56).
O trato de Deus com Israel estava sob a Lei, mas hoje é um dia de graça, não de julgamento. O cristão é exortado a abençoar e não a amaldiçoar, a fazer o bem a todos os homens e a sofrer pacientemente por causa da justiça.
Nossa vocação é celestial, mas a de Israel é uma vocação terrena com um governo terreno. Assim, estes salmos imprecatórios têm um fator profético, pois chegará o dia em que Israel clamará pela intervenção do Senhor no julgamento de sua libertação nacional. No entanto, não ousamos esquecer que Deus acabará por lidar com o pecado.
Embora o Senhor tenha fechado o livro antes de ler a frase "o dia da vingança do nosso Deus" em (Lucas 4:18-20), Ele não estava insinuando que esse dia não chegaria.
Apocalipse 6 revela o momento em que "o grande dia da Sua ira" chegará. Embora o Novo Testamento revele a maravilhosa graça de Deus, a recusa dessa graça inaugura o justo julgamento de Deus contra a rejeição dos pecadores.
Quão solene é ouvir as palavras "Afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade" (Mateus 7:23).
Em vez de minimizar a retribuição e o julgamento, o Novo Testamento ensina-nos claramente a sua realidade e severidade. Assim, os gritos destes salmos imprecatórios, embora pessoais no seu contexto, são uma lembrança e um prenúncio de um Dia vindouro, quando Deus será vindicado e quando a justiça triunfará eternamente.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más."
(João 3:16-19)
Por Marvin Derksen
164. Os 12 Salmos de Asafe
O primeiro salmo de Asafe é o Salmo 50, no segundo livro dos Salmos (Salmos 42-72).
Visto que os cinco livros dos Salmos se referem ou tem familiaridade aos primeiros cinco livros de Moisés, o Pentateuco, este salmo se enquadra no "livro do Êxodo". Suas referências à aliança de Israel e ao fogo devorador referem-se a Êxodo 24. Nele, Deus é o Juiz a quem eles prestam contas por sua promessa de guardar Sua lei.
Os onze salmos restantes de Asafe (73-83) iniciam o terceiro livro dos Salmos (73-89), que se refere ao "livro de Levítico".
Apropriadamente, Asafe era um levita da família de Gérson (1 Crônicas 6:43), um homem do santuário.
Por que Asafe estava entre os "homens santos" a quem o Espírito moveu por inspiração (2 Pedro 1:21)?
Ele era um compositor, cantor, servo, escriba e profeta (2 Crônicas 29:30; 1 Crônicas 6:31; 16:4; 25:1, 2).
Como profeta, ele falou em nome de Deus (1 Crônicas 25:1, 2), compartilhando Seu ponto de vista. Como escriba, registrou os acontecimentos do reino, homem sensível à história. Como servo e cantor, serviu diante da arca e cantou louvores a Deus. Como um compositor inspirado, ele ensinou a Israel a verdade essencial que seu canto gravou em sua memória. Ele era um homem, então, que conhecia Seu Deus, traçou Seus caminhos no passado, amou Seu santuário e O louvou com canções, todas marcas de um homem santo.
Suas relações com os outros são dignas de nota. Escolhido pelos principais homens de sua tribo, ele foi um dos três: Hemã, Asafe, Etã, coatita, gersonita e merarita.
Irmão de Hemã (da mesma tribo), Asafe estava à sua direita (1 Crônicas 6:39).
Assim, ele era respeitado por seus líderes e apoiava seus irmãos. Quando Davi trouxe a arca para Jerusalém, Asafe era "o chefe" dos cantores. A partir dessa época, seu nome aparece em primeiro lugar entre os cantores. Talvez o seu progresso tenha resultado das suas expressões de alegria quando Deus ocupou o Seu devido lugar entre o Seu povo.
Seu nome está ligado à sua família, que compartilhou sua alegria enquanto cantavam juntos (2 Crônicas 5:12).
Sua influência permeou sua família durante o reinado de Salomão, e talvez até mesmo de Ezequias (2Rs 18:37).
Este é um homem santo, moldado pelo Espírito para o Seu propósito.
Os salmos de Asafe têm vários temas recorrentes. Ele olha ao redor, vendo os inimigos de Deus prosperarem, mas difamando o nome de Deus (73, 74, 79).
Preocupado com as gerações futuras (73, 78, 79), ele olha para frente, desejando que o cuidado pastoral de Deus as alimente (74, 77, 78, 79, 80).
Ele adora olhar para trás e pensar no poder e no propósito de Deus ao libertar Israel do Egito (74, 77, 78, 80, 81), especialmente através do Mar Vermelho (74, 76, 77, 78).
Acima de tudo, ele olha para dentro, vendo a habitação de Deus (74, 76, 79, 80) no santuário (73, 74, 77, 78).
Isso volta Seus olhos para Seu Deus. Ele olha para cima.
Oitenta e três vezes em seus 12 salmos ele se refere a Deus, usando pelo menos 9 títulos.
Asafe lamentou a condição espiritual de Israel e a desonra que isso trouxe ao Senhor. Ou ele se lembrou dos tempos dos juízes e de Saul, quando Siló, a habitação de Deus, estava em ruínas, ou estava falando profeticamente dos futuros dias tristes da partida de Israel.
Em ambos os casos, os seus cânticos sublinham verdades essenciais para o testemunho de Israel e para o nosso: a habitação de Deus no meio do Seu povo requer uma vida santa. Os procedimentos passados de Deus asseguram que Ele completará Seu propósito para Seu povo. A grandeza de Deus inspira louvor, não importa quais sejam as circunstâncias.
Por David Oliver
165. Batismo antes de ser salvo, tem valor?
Tenho um irmão na fé da Inglaterra que me disse o seguinte: "Quando ainda eu era um bebê, fui batizado na igreja Anglicana. Depois disso eu me tornei cada vez mais pagão e como jovem praticava o budismo até que o Senhor me salvou. Então fui batizado por imersão como crente."
O batismo ordenado pelo Senhor, após Sua morte e ressurreição, era para uma pessoa salva e no Novo Testamento, a obediência ao batismo, está ligado mais com a salvação do que com a comunhão da igreja local, embora uma pessoa não batizada não deve ser recebida na comunhão. Mas a ordem neotestamentária é crer e ser batizado.
"Pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." (Marcos 16:15,16)
O primeiro passo para todos é a conversão pela fé (quer do paganismo, quer da religião morta). O batismo é o segundo passo para testificar ao mundo que passou da morte para a vida. O batismo é um testemunho público.
Li algo que veio de uma "mente evoluída", dizendo que: "uma pessoa batizada antes da salvação, desde que seja em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ela entrou na esfera da Cristandade e se for salva depois, não precisa ser batizada."
Isto seria o mesmo que dizer, "tudo que o pecador perdido, no caminho para o inferno fez antes de ser salvo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conta e pode ser aproveitado depois da salvação." Bobagem!
"Então, o tempo em que ele participou da missa nos domingos também vale como experiência para a ceia do Senhor, é um pouco diferente, sim, nos atos e nos pensamentos, mas o que importa é que ele lembravam e fazia aconselhado pelo padre em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; como também deve valer, o espargir d'algumas gotas d'água na cabeça do bebê e considerar isto batismo para o que foi salvo depois." Incensastes!
Uma irmã com a cabeça coberta na reunião da igreja local, não é o mesmo que uma mulher não salva no mesmo salão com a cabeça também coberta. Mesmo estando elas no mesmo local, a não salva, não faz parte daqueles crentes que compõe a igreja local, em que os anjos estão contemplando, admirando e aprendendo.
O mesmo vale para o batismo, ele tem valor e significado somente para uma pessoa salva; caso contrário, não passou de um ato religioso como outros tantos encontrados na Cristandade.
Temos 4 elementos que são figuras representativas deixadas para ser usadas na dispensação da Igreja: (1) a água para o batismo do salvo, a (2) cobertura para a cabeça das irmãs, e (3) um pão e (4) um cálice com vinho para a ceia do Senhor.
Qualquer um destes elementos ou todos eles sendo usados por pessoas não salvas, sendo individualmente ou em grupo, não faz dele(s) o modelo de Sã Doutrina, nem tão pouco estes elementos os mudou espiritualmente a ponto de eles poderem dizer depois de salvos: "nós só mudamos de time, mas a bola é a mesma." Que loucura!
A doutrina bíblica sobre a representação e para quem serve o batismo na água, é encontrado com toda clareza em Romanos 6.
E vamos notar que é um absurdo o pensamento de que o "batismo" tem algum valor antes da salvação.
Primeiro, vemos em Romanos 6, que o batismo para ter significado e valor, a pessoa que vai ser batizada já tem que estar morta, pois ela vai ser sepultada (imersa) na água. Só se sepultado uma pessoa morta. O salvo já morreu com Cristo.
Segundo, quando a pessoa salva é levantada da água, ela ressuscitou dentre os mortos em novidade de vida.
Estas coisas, diz Paulo, são testemunho público do salvo em semelhança de Cristo; morte, sepultamento e ressurreição, e é o que todo salvo tem espiritualmente experimentado na hora da sua salvação.
Leiamos os versículos que afirmam isto:
"Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição. " (Romanos 6:3-5)
A primeira palavra-chave na apresentação de Paulo é IGNORAR. Aqui, ele introduz o tema do batismo para mostrar que é moralmente inapropriado o cristão continuar a pecar. A possível dúvida quanto a qual batismo ele está se referindo torna necessário um breve prefácio explicativo. Quando uma pessoa é salva, ela é batizada em Cristo Jesus, ou seja, é identificada com Cristo em sua morte e ressurreição. Não se trata aqui do batismo com o (ou do) Espírito, apesar de ambos ocorrerem simultaneamente.
O batismo no Espírito Santo, introduz o cristão no corpo de Cristo (1 Coríntios 12:13) e não é um batismo em sua morte.
O batismo em Cristo significa que, aos olhos de Deus, o cristão morreu e ressuscitou com Cristo.
Quando Paulo trata de batismo nessa passagem, tem em mente tanto nossa identificação espiritual com Cristo quanto a representação dessa identificação no batismo com água.
À medida que desenvolve seu argumento, porém, o apóstolo parece mudar sua ênfase mais especificamente para o batismo com água, lembrando a seus leitores que foram "sepultados" e "unidos" na "semelhança" da morte de Cristo.
O Novo Testamento não trata da situação anormal de um cristão não batizado. Pressupõe que todos os convertidos serão batizados. Assim, o Senhor Jesus falou sobre a fé e o batismo quase simultaneamente: "Quem crer e for batizado será salvo" (Marcos 16:16).
Apesar de o batismo não ser uma exigência para a salvação, deve ser o sinal público invariável desta.
O batismo com água é uma demonstração visual do batismo em Cristo. Retrata o processo pelo qual o cristão é submergido nas águas escuras da morte (na pessoa do Senhor Jesus) e o novo homem em Cristo ressurge para andar em novidade de vida. Em certo sentido, ao ser batizado o cristão comparece ao funeral do seu "velho eu".
Ao passar pelas águas do batismo, o convertido diz: "Tudo o que eu era como filho pecaminoso de Adão morreu na cruz".
Ao sair das águas, declara: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20).
Essa passagem só pode ser compreendida ao se ter em mente que o batismo primitivo era por imersão. O apóstolo prossegue declarando que a ressurreição em Cristo nos permite andar em novidade de vida.
Assim como fomos unidos com Cristo na semelhança da sua morte, certamente [...] seremos também unidos com ele na semelhança da sua ressurreição.
As palavras, "semelhança da sua morte" referem-se à passagem do cristão pelas águas do batismo. A união verdadeira com Cristo em sua morte ocorreu cerca de dois mil anos atrás, mas o batismo se dá "na semelhança" desse acontecimento. Além de passarmos pelas águas, também saímos delas na semelhança da sua ressurreição. Apesar da expressão na semelhança não aparecer na segunda parte do versículo no texto original, deve ser fornecida para completar o sentido. Assim como somos unidos com Cristo na semelhança da sua morte (ao imergir na água), também somos unidos com ele na semelhança da sua ressurreição (ao emergir da água). A conjugação verbal seremos não indica, necessariamente, futuridade.
Não se trata de uma referência ao que vai acontecer, mas à certeza da sequência ou ligação causal. Se uma coisa acontecer, a outra certamente sucederá.
Lemos no versículo 6: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado."
No batismo, confessamos que foi crucificado com Cristo o nosso velho homem. A frase O nosso velho homem refere-se a tudo o que éramos como filhos de Adão, nosso velho eu perverso e pecaminoso com todos os seus velhos hábitos e apetites. Na conversão, despimos o velho homem e nos revestimos do novo homem, como quem troca trapos imundos por vestes imaculadas (Colossenses 3:9-10).
A crucificação do nosso velho homem no Calvário significa que o corpo do pecado foi desativado. O corpo do pecado não se refere ao corpo físico. Antes, indica a presença interior do pecado personificado como um tirano que governa sobre a pessoa. Esse corpo do pecado é destruído, ou seja, anulado, desativado como poder controlador. A oração final — não sirvamos o pecado como escravos — confirma esse significado. A tirania do pecado sobre nós foi rompida.
No versículo 7, Paulo diz que, "Porquanto quem morreu está justificado do pecado". Consideremos, por exemplo, um homem que foi condenado a morrer na cadeira elétrica por ter matado um policial. Assim que ele morre, é justificado ou "liberto" desse pecado. A pena foi paga, e o caso foi encerrado. Morremos com Cristo na cruz do Calvário. Além de nossa pena ter sido paga, o domínio opressor do pecado sobre nossa vida foi rompido. Não somos mais escravos impotentes do pecado.
No versículo 8, Paulo diz: "Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos."
Nossa morte com Cristo é um lado da verdade. O outro lado é que também com ele viveremos. Morremos para o pecado; vivemos para a justiça. O pecado não exerce mais domínio sobre nós; participamos da vida ressurreta de Cristo aqui e agora. Também teremos parte nessa vida por toda a eternidade. Louvado seja o nome de Jesus!
O escritor aos Hebreus diz: "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério." (Hebreus 13:13)
A aplicação da epístola para os leitores da época era esta: eles deveriam romper claramente com o judaísmo e, uma vez por todas, deixar os sacrifícios do templo e se apropriar da obra consumada de Cristo como sacrifício suficiente.
A aplicação para nós é similar: o arraial hoje é todo o sistema religioso que ensina a salvação pelas obras, pelo batismo, pela reputação, pelo ritual ou pelos sacramentos.
É o moderno sistema da "igreja" com o sacerdócio humanamente ordenado, as ajudas materiais para adorar e as ciladas cerimoniais. E a corrupta cristandade, uma "igreja" sem Cristo.
O Senhor Jesus está fora, mesmo que suas práticas são em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e deveríamos sair a Ele (Cristo), levando o seu vitupério.
A água do batismo não pode nos salvar uma pessoa, mas o que o batismo na água simboliza para o salvo, pode.
Lemos em 1 Pedro: "… nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências." (1 Pedro 3:20-22)
Temos uma referência em Hebreus 11:7 que diz: "Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca".
A arca passando pelas águas era uma figura daquilo que nosso batismo como os crentes também são uma figura, ou seja, a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
Assim como Noé e sua família na arca foram separados pelas águas do dilúvio do mundo pecaminoso e condenado em que viviam anteriormente, os crentes são separados do mundo e suas associações pecaminosas pela morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, da qual o batismo é a expressão simbólica.
Desta forma, o batismo é a resposta (indagação) de uma boa consciência para com Deus.
Aquilo que minha consciência exige, a fim de ter uma boa consciência para com Deus, é encontrado na morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus, que é simbolizado no meu batismo.
A realidade do meu batismo diz que não estou mais em Adão caído, mas em Cristo ressuscitado.
O dilúvio caiu sobre a Arca, e assim todas as ondas e vagas da ira divina passaram sobre Cristo quando Ele permaneceu como Fiador no Calvário.
Mas a Arca não permaneceu sob o dilúvio. Foi por essas mesmas ondas de morte que Cristo foi levado a um novo mundo e a todos os que nEle estão.
Como crentes, todos os nossos pecados foram removidos, tudo o que somos como pecadores foi eliminado, afastado de vista e agora ressuscitado em Cristo para uma nova vida, em um novo mundo.
Portanto, o batismo nas águas é a expressão da identificação do crente com Cristo em tudo isso.
Noé e sua família passaram "através da água" (J.N.Darby) e foram salvos. Aquela água os separou para sempre da sua velha vida no velho mundo. Não havia como voltar. Eles foram trazidos a uma vida nova sob novos princípios de governo.
A arca veio a repousar sobre o monte Arará com seu frete vivo, num mundo novo, sobre o qual se estendia um arco sem flecha.
Este seu novo começo foi marcado por um sacrifício ao Senhor. Eles foram salvos da contaminação do mundo e suas consequências, pela água. Eles foram salvos para andar numa vida totalmente nova.
O batismo também é uma figura; simboliza a morte, sepultamento e ressurreição, que capacita ao obediente andar em novidade de vida.
O batismo testifica visivelmente daquilo que já aconteceu espiritualmente e justamente na salvação, isto é, a identificação do cristão com Cristo na Sua morte, sepultamento e ressurreição.
O batismo da cruz foi a realidade.
O batismo do Espírito Santo é o resultado e o batismo do cristão, em água, é a declaração.
Isto não é regeneração pelo batismo, que é uma ideia falsa, atribuindo poder vivificador a uma ordenança que, em primeiro lugar, é figura de morte. A água do batismo alcança somente a pele, mas não o pecado.
As Escrituras dizem claramente: "não sendo a remoção da imundícia da carne" (Bíblia Atualizada).
É impossível não ficar impressionado com a cautela do Espírito de Deus em tratar deste assunto, ao declarar que não é o mero lavar da sujeira da carne, como por água, mas 'a indagação de uma boa consciência para com Deus.
A "indagação" (grego: "eperotema"), que também pode ser traduzida "exigência" ou "apelo", de uma boa consciência, é a obediência.
O excelente dicionário W. E. Vine diz: "O batismo, portanto, é a base de um apelo feito por uma boa consciência contra obras más". O que se espera é que "assim andemos nós também em novidade de vida".
A morte, o sepultamento e a ressurreição, representados pelo batismo, são judiciais e reais. A boa consciência interroga e apela ao crente com base no compromisso que ele expressou pelo seu batismo.
A consequência dos sofrimentos de Cristo é, para Ele, exaltação, e glória. É imensurável e inestimável o conforto que este fato traz aos cristãos de todas as eras. As potestades satânicas podem atacar, os governos terrestres podem oprimir, os ímpios podem aterrorizar e o povo pode zombar da bondade dos santos e difamar o seu caráter, mas há uma Pessoa assentada à destra de Deus, Jesus Cristo, que é seu Senhor ressurrecto e seu Salvador. Ele está em controle de tudo, decretando, permitindo, movendo e dirigindo todas as coisas de acordo com o eterno propósito, e ninguém pode deter a Sua mão.
166. A Igreja é a continuação de Israel?
Quando estudamos o Antigo Testamento, descobrimos que Deus chamou Abraão de Ur dos Caldeus (Neemias 9:7) e lhe deu a grande promessa: "Certamente te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia que está à beira-mar. E a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos" (Gênesis 22:17).
Você vê uma referência a duas sementes distintas, uma celestial, "como as estrelas do céu", e uma terrestre, "como a areia que está à beira do mar"?
Vemos também esta distinção quando o Senhor usa a palavra "sementes" de Abraão em Gênesis 13:16 e 15:5.
Podemos sugerir que a semente terrena é Israel e a semente celestial é a Igreja?
É claro que Deus honrou Sua aliança com Abraão quando disse a Israel: "Não foi porque vocês eram mais numerosos do que qualquer outro povo que o Senhor colocou Seu amor sobre vocês e os escolheu, pois vocês eram o menor de todos os povos, mas é porque o Senhor vos ama e cumpre o juramento que fez a vossos pais, que o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da escravidão, da mão do faraó, rei do Egito". (Deuteronômio 7:7-8)
Para Israel, após muitos séculos de regressão e restauração seguidas de mais regressões e restaurações, na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, o Messias prometido, Aquele de quem o profeta falou. "E tu, ó Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre os governantes de Judá; porque de ti virá um Governante que pastoreará o meu povo Israel" (Mateus 2:6).
O Governante e Pastor veio, mas a nação de Israel O rejeitou. O que aconteceu então com as promessas de Deus a Israel?
O relógio profético parou!
Vemos essa parada claramente quando comparamos Isaías 61:1-6 e sua citação do Senhor em Lucas 4:18-21.
Observe onde Jesus fechou o Livro e enrolou o pergaminho.
Ele não leu sobre o dia da vingança de nosso Deus nem sobre as bênçãos milenares que se seguiriam. Por quê?
Ele estava fechando o Livro sobre Israel, não permanentemente, mas por um tempo.
O restante da profecia de Isaías seria cumprido? Sim, quando Ele reabrir o Livro.
Considere agora as palavras do Senhor Jesus em Mateus 16:13 – 17:9.
Por que Jesus ordenou estritamente aos Seus "discípulos que não contassem a ninguém que Ele era o Cristo"? (Mateus 16:20).
Foi por ter sido rejeitado como o Cristo, o Messias, e assim Ele apresenta a Igreja e a cruz.
Não poderia haver Igreja fora da cruz (Efésios 2:13-22, 5:2, 24-27).
É interessante que o Senhor então, seguindo Sua profecia a respeito da Igreja e da cruz, deu aos Seus discípulos uma prévia de um Rei e reino vindouro, que Pedro mais tarde conecta acertadamente com a futura vinda e reinado literal na terra do Senhor do Céu.
Israel foi substituído pela Igreja? Não!
O fato de Israel ter sido posto de lado é um decreto permanente nos conselhos de Deus? Não!
Paulo disse: "Quero que vocês entendam este mistério, irmãos: um endurecimento parcial veio sobre Israel, até que a plenitude dos gentios tenha entrado" (Romanos 11:25).
A sua cegueira e endurecimento são parciais e temporários – "até que a plenitude dos gentios seja introduzida".
A plenitude dos gentios evidentemente refere-se às bênçãos daqueles das nações desta "Era da Igreja" que responderam à mensagem que está sendo proclamada em todo o mundo (Marcos 16:15-16; Mateus 28:18-20).
Considere também as figueiras no ministério do Senhor.
Em Mateus 21:19 lemos sobre uma figueira que, por não dar frutos, foi amaldiçoada.
Observe este versículo na Tradução Literal de Young : "E tendo visto uma certa figueira no caminho, Ele foi até ela, e não encontrou nada nela, exceto apenas folhas, e Ele lhe disse: 'Não haverá mais fruto de ti para sempre; ' e imediatamente a figueira secou" (Mateus 21:19 - YLT).
Observe novamente a figueira no grande discurso profético do Senhor Jesus: "Aprendei da figueira a sua lição: assim que o seu ramo se torna tenro e brota as folhas, sabeis que o verão está próximo (Mateus 24:32).
A figueira é uma das árvores que retratam Israel.
Você o vê aqui em seu murchamento e despertar?
Existem "professores da Bíblia" que ensinam o que é chamado de "teologia da substituição".
Eles espiritualizam as promessas a Israel e dizem que todas as promessas a Israel no Antigo Testamento estão sendo cumpridas na Igreja e que não há futuro para a nação falida. Este é um grande erro.
Não é consistente com o caráter de um Deus que cumpre a aliança. Não é consistente com a Palavra de Deus. No mesmo contexto onde o Senhor Jesus introduziu a Igreja e a cruz, Ele também introduziu a coroa do reino com Israel (Mateus 17:1-9).
Ele virá novamente e "o Senhor será rei sobre toda a terra" (Zacarias 14:9).
Quando consideramos Israel, vemos que a dispensação da Igreja é realmente uma era entre parênteses. Deus cumprirá novamente Suas promessas à nação. Depois que a Igreja for tirada da terra no Arrebatamento (1Tessalonicenses 4:13-18), o tempo da angústia de Jacó começará (Jeremias 30:10).
A Grande Tribulação verá, no seu final, os grandes exércitos do mundo reunidos contra Israel (Apocalipse 16:14).
O Rei dos reis e Senhor dos senhores aparecerá repentinamente do céu e libertará a nação de Israel de todos os seus inimigos.
Onde estará a Igreja durante o período da tribulação? No paraíso!
Paulo descreveu os crentes em Tessalônica como "esperando do céu seu Filho, Jesus, nosso libertador da ira que vem" (1 Tessalonicenses 1:9-10).
Mais tarde naquela epístola, Paulo encorajou os crentes em sua antecipação do retorno iminente do Senhor do céu e os desafiou por serem diferentes do mundo quando disse: "Mas, como pertencemos ao dia, sejamos sóbrios, tendo vestido a couraça da fé e amor, e por capacete a esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer estejamos acordados, quer durmamos, vivamos com ele" (1 Tessalonicenses 5:8-10).
Devemos observar que, a salvação mencionada aqui, é a libertação, a salvação final no arrebatamento, da ira da Grande Tribulação que está prestes a cair sobre Israel e as nações.
Para estar preparado para este dia do arrebatamento, o pecador hoje deve crer no Senhor Jesus Cristo como seu salvador pessoal. Pois, "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (Atos 4:12)
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:16-18)
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Por Lloyd Caim
167. A "grande casa" de 2 Timóteo 2:20, é a esfera da Cristandade?
"Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra." (2 Timóteo 2:20)
A assembleia local é chamada de "casa ou família de Deus" em 1 Timóteo 3:15. Contudo, em 2 Timóteo 2:20, a "grande casa" é simplesmente uma ilustração de qualquer casa em Éfeso onde se podiam encontrar vasos de ouro e prata, madeira e barro. Paulo usou outras ilustrações neste capítulo.
No versículo 3 ele fala de um soldado, no versículo 5 usa a figura de um atleta, e no versículo 6 a de um fazendeiro.
Lemos em 2 Timóteo 2:21: "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra."
Esse versículo deve ser entendido no contexto dos versículos 16-19: "Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade."
Dois homens são destacados no versículo 17, Himeneu e Fileto. Eles eram culpados de negar a doutrina fundamental. Eles afirmaram erroneamente que a ressurreição dos crentes já passou; como consequência, perturbavam e subvertiam a fé dos crentes genuínos. Paulo responde a esses temores assegurando que "o fundamento de Deus permanece".
Esta poderia ser uma referência específica ao fundamento de Deus em relação à ressurreição (versículo 18).
É mais provável que seja um princípio geral; que em contraste com os homens maus e a sua falsa doutrina, a verdade de Deus permanecerá.
O versículo 19 deixa claro que Deus deu o Seu selo, o que denota tanto a segurança quanto a autenticidade dos Seus. O que é de Deus permanecerá porque o Senhor conhece aqueles que são Seus, e todos os que professam reconhecer o senhorio de Cristo em suas vidas, provarão sua realidade afastando-se da iniquidade.
No versículo 20, não é o valor ou a capacidade dos vasos que está sendo contrastado. O princípio está sendo simplesmente declarado: se esperamos ser usados por Deus, há apenas um requisito: a pureza.
É possível, teoricamente, que eu seja um vaso de ouro, mas se estiver impuro, não posso ser usado por Deus. Isto significa que precisaremos de nos "purificar destes", uma clara referência aos falsos mestres do versículo 17.
Como povo de Deus, precisamos de manter a separação de qualquer coisa que nos contamine.
Observe que Timóteo é instruído a "evitar" (v. 16), "afastar-se" (v. 19), "purificar-se" (v. 21) e "fugir" (v. 22).
Em resumo, 2 Timóteo 2:20 não está ensinando a separação dos irmãos crentes na comunhão da assembleia, que consideramos impuros. Se o mal moral ou doutrinário for manifestado na vida dos crentes, os anciãos piedosos indicarão isso à assembleia local e a disciplina será aplicada. Este versículo é muito mais amplo em seu ensino e dá orientações claras sobre os princípios de comunhão. Devo-me dissociar daqueles que defendem e praticam doutrinas erradas.
Uma das fontes mais frutíferas de erro pode ser encontrada na confusão que surge do uso constante de termos sem sentido como "a igreja visível e invisível", "a igreja na terra e a igreja no céu", "uma esfera de privilégio."
Estes termos são rótulos cunhados por homens e associados a instituições e ideias para as quais não há sanção na Palavra de Deus.
Um mal-entendido da frase: "Em uma grande casa," (2 Timóteo 2:20), desencaminho a muitos.
"A casa" não é nem a cristandade, nem uma esfera de profissão - nada mais é do que uma casa usada como ilustração para impor uma verdade sobre o valor da pureza como um bem em serviço para Cristo.
Devemos lutar por uma simples aceitação das verdades encontradas na Bíblia, sem acréscimos para atender aos caprichos e orgulho dos homens, sem cerimonial para alinhar os crentes com a parafernália não autorizada da cristandade judaizada, por tudo o que é praticado dentro do erroneamente chamado "Igreja Cristã", mas que não é cristã.
A "grande casa" não é uma assembleia local. É apenas uma ilustração das grandes casas tendo vários vasos para um uso específico. A instrução não trata de manter puras as comunhões, mas descreve o Senhor Soberano escolhendo vasos adequados para Seu serviço. Ambos os aspectos da santificação são vistos no versículo 19.
O vaso para honrar é ser separado da impureza e santificado para Deus. A ênfase está na pureza moral, pois é o caráter que nos torna úteis, úteis e honrados no campo do Mestre. A aplicação é aos falsos mestres com suas vãs tagarelices, vasos de desonra (versículos 17,18).
Não devemos apenas abandonar o pecado, mas detestá-lo. (Salmos 119.104).
O fruto de nos entregarmos totalmente a Deus é prático, é a santidade (Romanos 6.11-13)
168. A assembleia local, Figurativamente: “A Casa de Deus”
Em 1 Timóteo 3:15, Paulo descreve a assembleia local com a "casa ou família de Deus":
A "casa ou família de Deus" e enfatiza o comportamento adequado nela. A palavra grega "oikos" é encontrada três vezes antes no capítulo 3: 4, 5, 12) e "família" é contextualmente uma tradução melhor do que "casa".
O irmão Jim Alen em seu livro "What the Bible Teaches", diz: "Todas as referências ao grego "oikos" nas cartas Pastorais implicam o pensamento de 'família'".
Nos dias de Paulo, uma família era muito maior do que a típica família ocidental do século XXI. Pai e mãe, filhos solteiros, filhos casados com os seus cônjuges, netos e escravos (com os seus filhos) estavam frequentemente todos contidos num único agregado familiar. A probabilidade de desordem e mau comportamento era alta.
Paulo dedica a primeira parte deste capítulo a uma ênfase no governo adequado dentro da assembleia local e afirma, de forma semelhante, que o governo adequado deve ser demonstrado dentro de uma família. São fornecidas qualificações para os anciãos (1 Timóteo 3:1-7), muitas descritas com uma única palavra. Mas a qualificação mais abrangente diz respeito à capacidade de um homem gerir a sua própria casa. Paulo escreve: "Ele deve administrar bem a sua própria casa, com toda a dignidade, mantendo os seus filhos submissos, pois se alguém não sabe administrar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?" (1 Timóteo 3:3-4)
Sem regras adequadas, uma casa ficará em desordem. Quando os limites não são claros ou inexistentes, quando os padrões mudam repentina e inexplicavelmente, ou quando as regras são aplicadas com parcialidade, todos na casa sofrem. Da mesma forma, sem uma regra adequada, uma assembleia local também pode sofrer. Infelizmente, todos nós podemos ter testemunhado anciãos governando na carne, tratando alguns crentes (muitas vezes membros da família) com um conjunto de padrões diferentes dos outros, falhando em demonstrar amor pelo povo do Senhor, ou recusando-se a defender a verdade clara da Palavra de Deus.
Quando isso acontece, por que deveríamos ficar surpresos quando as pessoas saem de "casa"? Quando os adolescentes saem repentinamente de casa, a rebelião geralmente é rotulada como a culpada (como poderia ser). No entanto, se fôssemos honestos, a culpa poderia ser atribuída a regras impróprias em mais casos do que gostaríamos de admitir. Esperançosamente, seríamos igualmente honestos sobre a razão pela qual alguns abandonaram a assembleia local. Talvez uma auto-reflexão saudável sobre a nossa liderança, sem ser acusatória, nos beneficiaria e nos levaria a orar para que Deus levante homens qualificados que governem com eficácia.
Felizmente, Deus levanta tais homens para administrar regras cuidadosas, claras e consistentes dentro da assembleia local. Isto não garante que liderarão perfeitamente, mas uma pluralidade deles trabalhando juntos torna mais provável que haja um governo adequado na assembleia, a família de Deus. O fato de a família ser "de Deus" acrescenta um grande peso ao trabalho para o qual estes homens foram chamados. Eles precisam das nossas orações, bem como da nossa cooperação e submissão ao seu governo. No que diz respeito ao seu governo, não precisamos de "regras de presbíteros (anciãos)", mas precisamos de "presbíteros para governar" consistentes com a verdade das Escrituras. Se você está sendo liderado por tais homens, por que não reservar um momento para agradecer a Deus por eles?
Para que uma casa funcione adequadamente, todos devem estar conscientes e cumprir adequadamente o seu papel específico. O trabalho do pai é diferente do da esposa. Como temos cinco filhos, minha esposa pode atestar a verdade: "O trabalho de uma mãe nunca termina". As crianças também têm tarefas atribuídas e adequadas à idade. Quando os papéis são reconhecidos e desempenhados, há ordem, harmonia e segurança – uma excelente atmosfera para desenvolvimento e crescimento.
Cada crente na assembleia local, a família de Deus, tem um papel a cumprir, não apenas os anciãos. Paulo refere-se aos diáconos juntamente com suas esposas, declarando as qualificações esperadas (1 Timóteo 3:3:8-13).
Os diáconos são servos aos quais foi confiada responsabilidade espiritual dentro da assembleia local. O papel de todos os homens orarem nas reuniões da assembleia local é enfatizado em 1 Timóteo 3:2:8: "Desejo então que em todo lugar os homens orem", enquanto o papel da mulher é articulado em 1 Timóteo 3:2:9-15, chamando a atenção especialmente para as boas obras, a modéstia, a submissão e o trabalho com crianças. Obviamente, estes exemplos não são exaustivos, mas são suficientes para nos lembrar que todos temos os nossos papéis a cumprir na casa de Deus. Saber qual é o seu papel na assembleia local e implementá-lo com a ajuda de Deus contribuirá para a ordem, harmonia e crescimento desejados por todos na família.
O desejo de Paulo para cada um dentro da assembleia local era que "vocês soubessem como alguém deveria se comportar" (1 Timóteo 3:15). Que tipo de comportamento Paulo tinha em mente? Alguns ensinaram que o comportamento se refere a quando estamos reunidos como uma assembleia local (por exemplo, reverência a Deus demonstrada em nossa fala, vestimenta e atitude). Embora isso seja definitivamente verdade, acredito que o comportamento vai além disso. A palavra para "comportar-se" (grego, "anastrepho") é uma palavra abrangente "e descreve, não ações isoladas, mas todo um modo de vida" (Jim Allen).
Grande parte do conteúdo da segunda metade desta epístola concentra-se no comportamento piedoso a ser demonstrado em nossos relacionamentos uns com os outros na casa de Deus. Paulo dá instruções sobre o comportamento adequado para com homens mais velhos e mais jovens (1 Timóteo 3:5:1), mulheres mais velhas e mais jovens (1 Timóteo 5:2), viúvas (1 Timóteo 5:3-16), anciãos (1 Timóteo 5:17-21), servos e senhores (1 Timóteo 6:1-2) e os ricos (1 Timóteo 6:17-19).
Quando os relacionamentos no lar "azedam", as pessoas muitas vezes tomam partido e relacionamentos adicionais são prejudicados. Um lar, que pretende ser um refúgio num mundo de conflitos, pode facilmente acabar como este mundo quando nos comportamos mal. A assembleia local, tal como uma casa bem organizada, deveria ser um refúgio num mundo cheio de atritos, lutas e medo. As instruções de Paulo a estes grupos são dadas para promover um comportamento saudável, piedoso e ordeiro dentro da assembleia local. Depois de ler toda a epístola de 1 Timóteo, todos devemos ter uma boa ideia de como nos comportar.
Que todos possamos reconhecer os nossos papéis, submeter-nos a regras adequadas e fazer o que pudermos para promover relacionamentos saudáveis na assembleia local, que é, figurativamente falando, a família de Deus.
Por David Peterson
169. O batismo cristão não é uma continuação do batismo de João?
Os discípulos de João foram batizados na confissão dos seus pecados e na expectativa da vinda do Messias.
Foi um batismo até a morte, a devida recompensa por seus atos, mas não até a morte de Cristo. Estava relacionado ao arrependimento como um ato exterior, no qual uma mudança interior encontrava expressão visível, mas era bastante distinto do batismo cristão.
Em Atos 19:4, Paulo explica a missão e mensagem de João, ele afirma: "João, na verdade, batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele havia de vir, isto é, em Cristo Jesus". A pregação de João tinha dois elementos principais. O primeiro foi um chamado ao arrependimento.
O que se entende não é uma mera mudança intelectual de mente ou uma mera tristeza pelo pecado, e muito menos fazer penitência, mas uma reviravolta fundamental que envolve mente, atitude e ação relacionadas com Deus e o pecado. O segundo elemento da sua pregação foi a proximidade da apresentação do Messias à nação de Israel.
O batismo deles por João seria uma confissão aberta e um reconhecimento público deste duplo impulso de sua mensagem sobre eles. Isto resultou numa condição moral e espiritual adequada à recepção do seu legítimo Rei e Messias, rendendo-lhe total lealdade e obediência.
O batismo em si não os limpou de seus pecados nem os tornou adequados diante de Deus. Afirmar que o batismo deve preceder o arrependimento, e deve preceder a remissão dos pecados, é ensinar uma forma grosseira de salvação pelas obras.
Ligando (Marcos 16:16): "Aquele que crer e for batizado será salvo; mas aquele que não crer será condenado", com (Mateus 3:11): "Eu realmente vos batizo em água para o arrependimento...", também com (Atos 2:38): "Arrependam-se, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados…", também (Atos 19:4) vemos que se estabelece abundantemente o fato de que o batismo está ligado aos requisitos essenciais de arrependimento e fé, não como sendo ele próprio essencial para a salvação e perdão, mas como sendo uma das primeiras evidências da mudança que o arrependimento e a fé provocam.
O batismo de João nas águas deu lugar ao batismo dos discípulos do Senhor, (João 3:22; 4:1-2); isso aconteceu antes da cruz e foi o início do que mais tarde foi o batismo dos crentes em nome do Senhor depois da cruz. "Então os que receberam de bom grado a sua palavra foram batizados." (Atos 2:41)
Após a ressurreição do Senhor, Ele instituiu uma coisa nova, o batismo dos crentes, substituindo o batismo de João, ordenando aos Seus discípulos: "Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai, e do Filho, e do Santo Espírito, ensinando-os a observar todas as coisas que eu lhes ordenei", (Mateus 28:19-20).
170. O batismo é o rito introdutório a uma nova ordem?
Em Atos 2.38, "Pedro disse-lhes: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo"
Que estas palavras não devem ser entendidas como significando que a remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo são garantidos pelo batismo fica claro na comparação com outras declarações em Atos.
Por exemplo, no caso de Cornélio e seus amigos, "o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviram a palavra", e só depois foram batizados, e na Antioquia da Pisídia Paulo declarou que "por Ele (o Senhor Jesus) cada um daquele que crê está justificado de todas as coisas", sem fazer qualquer referência ao batismo, (Atos 10:44-48; 13:39).
Estes resultados seguem-se ao arrependimento, à mudança de atitude para com Cristo, da incredulidade para a fé, cuja mudança é expressa no batismo, e sem mudança o batismo é apenas uma forma vazia.
Em resposta à pregação do apóstolo Pedro, cerca de três mil pessoas foram batizadas naquele dia, e a condição sob a qual o rito foi administrado foi que elas "recebessem a sua palavra", isto é, responderam à sua mensagem confiando no Senhor Jesus Cristo, e confessando Seu nome da maneira que Ele havia designado, (Atos 2:41).
Ao longo da era apostólica, o batismo está sempre associado à pregação do Evangelho. As palavras de Atos 18:8 são oficiais e explícitas: "Muitos dos coríntios que ouviram, creram e foram batizados".
As palavras de Pedro em Atos 2:38 tinham uma mensagem especial para o seu público, pois eles, com compreensão obscurecida, ódio e obstinação, condenaram e crucificaram Jesus como um blasfemador. Agora foi revelado que Ele morreu não pelos Seus próprios pecados, pois não os tinha, mas pelos outros. Seguiu-se imediatamente um arrependimento genuíno, uma recepção alegre da Palavra e uma submissão voluntária ao batismo como uma confissão pública da mudança e uma identificação aberta com a morte de Cristo.
A evidência do verdadeiro arrependimento foi seguida pela segurança divina, o dom do Espírito Santo. O batismo deles foi 'em Nome de Jesus Cristo', ou seja, 'sob a autoridade dEle, sob o que Ele ordenou, para depositar sua esperança e confiança' Nele.
No caso de Saulo de Tarso, o perseguidor de Jesus, os requisitos divinos eram semelhantes. 'Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor', (Atos 22:16).
Esta última expressão, que lembra tanto as palavras de Pedro: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo", (Atos 2:21), é significativa.
Esta invocação do nome de Cristo, tão intimamente associada ao batismo, e precedendo-o, envolvia necessariamente a crença Nele.
A expressão, "seja batizado e lave os seus pecados", não apenas colocou a responsabilidade sobre eles, mas também enfatizou a necessidade de um reconhecimento aberto do seu pecado nacional ao condenar e crucificar o seu legítimo Messias.
A dependência imediata e a sequência do batismo na confissão de fé tornam-se mais explícitas no caso dos samaritanos, (Atos 8:12), do eunuco etíope, (Atos 8.36,37), de Cornélio, (Atos 10:47,48; 11:17), de Lídia, (Atos 16:14,15), e do carcereiro de Filipos, (Atos 16:31-34), mas nesses casos não há a mesma ênfase na inter-relação entre arrependimento e batismo para a remissão dos pecados, pois não são Judeus.
Deve ser lembrado que não houve a mesma responsabilidade imediata e evidente que a dos homens de Israel que crucificaram o Filho de Deus, ou de Saulo que compartilhou o pecado nacional da rejeição e morte de Cristo e que se tornou a própria personificação da malignidade judaica. Mas em todos os casos o batismo foi uma confissão pública de fé no Senhor Jesus e uma renúncia completa ao passado.
171. O batismo não nos traz novidade de vida?
Romanos 6: 1-11 mostra eloquentemente a atual relação do crente com o pecado em vista de sua justificação, conforme declarado nos capítulos 1-5.
A graça justificadora de Deus e a obra propiciatória do Salvador, aplicada naquele que crê, o leva a uma vida de pecados ou a uma vida de santidade?
Isto é respondido por Paulo em 1-11 pela afirmação de que o crente morreu para o pecado na morte de Cristo. Cristo morreu por nós e pelos nossos pecados, mas também é verdade que morremos com Ele quanto aos nossos pecados, e tudo o que éramos em Adão foi encerrado, e então Nele o crente morreu e Nele o crente ressuscitou.
Estávamos associados a Ele em Sua morte e estávamos associados a Ele em Sua ressurreição.
Esse fato se tornou uma realidade abençoada para nós quando nos submetemos ao Batismo, pois ele é a expressão simbólica, ou ilustração da morte, sepultamento e ressurreição que provamos em Cristo na salvação.
No batismo o crente afirma, expressa e declara sua morte, sepultamento e ressurreição com Cristo.
Se for observado que o batismo nas águas é a correspondência da união espiritual do crente com Cristo na morte, sepultamento e ressurreição, o ensino desta grande passagem será mantido em equilíbrio adequado na união espiritual com a Sua morte e na novidade de vida com um Senhor ressuscitado.
No batismo o crente confessa a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, não apenas como fatos históricos, ele também confessa uma experiência espiritual, que ele mesmo, através da fé em Cristo, tornou-se associado a Ele em Sua morte, sepultamento e ressurreição, e que de agora em diante ele deve considerar-se "realmente morto para o pecado, mas vivo para Deus em Cristo Jesus", (Romanos 6:11).
172. A ordenança do batismo substituiu o rito da “Circuncisão”?
O argumento de que o batismo corresponde à circuncisão e que, portanto, as crianças devem ser batizadas fala contra, e não a favor, da prática.
O filho de um israelita era circuncidado, não para torná-lo israelita, mas porque era israelita de nascimento. A ordem era primeiro o nascimento, depois a circuncisão; e assim é agora. Primeiro, a regeneração, ou nascimento espiritual, depois o batismo.
Lemos em Atos 16.3 que Timóteo foi circuncidado muito depois do batismo ter acontecido, e tão fortes eram alguns a favor disso, que os "apóstolos, presbíteros e irmãos" da igreja em Jerusalém tiveram que se reunir para considerar a questão da circuncisão ser imposta aos gentios convertidos, conforme necessário para sua salvação. Se o batismo tivesse surgido no lugar da circuncisão, teria sido o momento de dizer isso e encerrar a controvérsia. (Leia Atos 15)
A circuncisão é essencialmente um rito judaico. Foi prescrito a Abraão e aos seus descendentes diretos, significando uma relação de aliança existente entre a nação de Israel e Deus, Gênesis 17.
A administração do sinal exterior não indicava um estado moral correspondente aos privilégios aos quais o israelita era admitido como um membro da Raça Eleita.
O nascimento, e não a circuncisão, trouxe-os a esses privilégios.
Não há nada no Novo Testamento exatamente análogo à linguagem de Gênesis 17.
A Escritura mais importante que está conexão é Colossenses 2.11-12: "Em quem (ou seja, Cristo) também fostes circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos, ao despojar-vos do corpo (dos pecados) da carne na circuncisão de Cristo; sepultados com Ele no batismo, no qual também ressuscitastes com Ele através de sua fé na obra de Deus que o ressuscitou dentre os mortos".
Ninguém, a não ser um teórico preconceituoso, poderia ver nestas palavras qualquer indicação de uma intenção divina de associar a circuncisão ao batismo, da maneira como estão ligadas nas mentes de certos intérpretes.
Note, Paulo diz: "...A circuncisão de Cristo". Este não é o rito judaico ao qual nosso Senhor foi submetido como "nascido sob a lei", por ser apenas uma ordenança na carne (corpo). Isto é algo que significava morte, pois o próximo versículo fala de 'sepultamento', e refere-se a sermos despojados na cruz, "sendo crucificados com Cristo".
Não somos selados com nenhuma marca externa, mas com o Espírito Santo de Promessa interior.
Paulo fala em, "despojar-se do corpo de carne". A palavra 'despejar' significa 'despir-se e jogar fora', ser despojado de uma peça de roupa imunda.
Nossa posição em Adão terminou com a morte de Cristo, mas a carne, como princípio do pecado, permanece no crente e deve ser sempre julgada. Na morte de Cristo, nos separamos de toda a nossa condição arruinada que nos estava ligada a Adão – o Cabeça de uma raça arruinada.
Lemos que fomos "sepultados com Ele no batismo." Nosso batismo na água como crentes não removeu nosso estado de ruína, mas mostra em figura o que nós, como crentes, como homens em Adão, já passamos com Cristo, e consideramos nossa saída da água como uma figura, também, de sendo ressuscitado com Cristo.
O batismo não efetuou a participação de ser "sepultado" e "ressuscitado" com Cristo, mas a nossa fé no poder de Deus sim. Um símbolo da essência da nossa experiência espiritual.
Lemos no versículo 13: "Incircuncisão da nossa carne". A incircuncisão literal destes gentios Colossenses era apenas um símbolo do fato de que eles estavam sujeitos ao seu antigo estado em Adão, até que Deus, em graça, os trouxesse para uma união viva com um Cristo ressuscitado.
A circuncisão como rito é inteiramente judaica; o batismo como ordenança é inteiramente cristão. A circuncisão foi realizada contra aqueles que já eram judeus; o batismo é administrado àqueles que já são cristãos.
Quando administrado a outros (ou seja, a incrédulos, sejam jovens ou velhos), o batismo é uma mera farsa, desprovida de significado e, pelo menos em muitos casos, um artifício bem-sucedido do diabo, iludindo as pessoas na crença de que a salvação é garantida por um cerimonial vazio.
173. Batismo de Familiar e Aspersão Infantil — O que a Bíblia ensina?
O batismo de uma família é uma coisa, mas o 'Batismo Familiar' é outra. A primeira é totalmente apoiada pelas Escrituras, a última é respondida por um silêncio pétreo da Palavra de Deus. Não há um único versículo que apoie tal teoria.
Quais são os supostos benefícios do batismo doméstico?
Professa introduzir pessoas não regeneradas numa esfera de profissão externa.
Mas isto é para transformar uma ordenança divina numa mera cerimônia e encorajar a hipocrisia.
A prática do livro de Atos é claramente consistente e abundantemente clara: "Então os que receberam a sua palavra foram batizados", (Atos 2:41); "Quando creram… foram batizados… tanto homens como mulheres", (Atos 8:12); "Se você crê de todo o coração, poderá", (Atos 8:37); "Muitos dos coríntios que ouviram, creram e foram batizados", (Atos 18:8).
Esta sequência conectada não deve ser adulterada ou alterada de forma alguma.
O argumento baseado em Atos 16:31, de que a família do carcereiro de Filipos foi batizada com base na fé de seu chefe, é falacioso, pois as palavras não são: 'Crê no Senhor Jesus Cristo e serás batizado, tu e a tua casa', mas 'Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa'. A família creu, por isso a família se alegrou e foi batizada. Caso contrário, temos a imagem de uma família batizada e regozijando-se, não porque os seus membros individuais tenham crido, mas porque um deles creu! Nada é dito sobre a composição da família, mas se nela havia uma criança, então essa criança deve ter participado da alegria dos salvos, e visto o batismo deles.
O falso argumento extraído de 1 Coríntios 7:14, "O marido incrédulo é santificado pela esposa, e a esposa incrédula é santificada pelo marido, caso contrário seus filhos seriam impuros; mas agora eles são santos", é igualmente um argumento para o batismo de uma esposa ou marido incrédulo.
A passagem não tem nada a ver com o batismo. O argumento aqui é que, como nenhuma mulher pensaria em deixar seus filhos porque se tornou cristã, mas permaneceria com eles por causa de seu amor por eles e para cumprir suas obrigações para com eles, e como permanecer com eles não é inconsistente com sua nova relação com Cristo, nem então permanece com seu marido não salvo inconsistente com ele. A única questão é se o marido está disposto a permanecer com ela, uma questão que não surge no caso de seus filhos.
O batismo de crianças, o batismo de adultos e o batismo de uma família em virtude da fé do chefe da casa, ou de ambos os pais, são práticas desconhecidas nas Escrituras; eles são defendidos não pelo apelo ao significado claro da Palavra de Deus, mas por argumentos extraídos de supostas analogias bíblicas. O único batismo que pode ser encontrado, seja no ensino do Senhor ou de seus apóstolos, é o batismo dos crentes, aqueles que, pelo seu próprio ato de 'receber a Cristo', se tornaram cristãos (João 1:12).
Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, nunca lemos sobre o batismo de crianças entre o povo de Deus.
Sabemos de crianças sendo salvas com 6 anos, mesmo assim, os pais esperaram até que a criança tivesse uma idade em que pudesse ter melhor discernimento daquilo que ocorreu em sua infância.
Pois temos que entender que, o batismo pode ser uma armadilha ou uma porta do inferno para aqueles que não sabem bem discernir sua experiência de salvação. A confiança pode estar no batismo ou nos que a batizaram, pois acreditaram na sua "história" de conversão e isto dá uma certa segurança para pessoa aprovada pelos que a entrevistaram para o batismo.
Quanto à questão da "aspersão de crianças", não nos deixemos iludir pela superstição de que tal ato de aspergir algumas gotas de água na cabeça de uma criança, e quaisquer que sejam as palavras que acompanhem o ato, pode de alguma forma regenerar a saúde dessa criança ou seu espírito, ou de alguma forma afetar seu bem-estar espiritual no tempo, ou seu destino na eternidade.
Veja como a verdade do Evangelho é disfarçada para não ser reconhecida e seu propósito frustrado, e como miríades de pessoas são enganadas ao supor que tudo está bem com elas porque foram batizadas quando crianças, enquanto ainda estão em seus pecados, e a ira de Deus sobre elas permanece, João 3:36.
A Bíblia é muito clara, do que depende o nosso bem-estar com Deus: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Como também é clara quanto ao batismo: "De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra." (Atos 2:41)
174. A recuperação da Verdade da Igreja
Uma igreja local, conforme previsto pelas Escrituras, é um grupo de crentes convocados e reunidos em nome do Senhor Jesus Cristo (Mateus 18:20). Não faz parte de nenhuma organização abrangente, mas é diretamente responsável perante o seu Senhor ressuscitado (Apocalipse 1-3).
Aqueles que fazem parte dela foram primeiro salvos e depois reconheceram publicamente essa fé no batismo. A igreja é liderada por uma pluralidade de presbíteros (Atos 14:23, Atos 20:17).
Suas atividades incluem partir o pão, orar, ensinar a Palavra de Deus, espalhar o evangelho e ministrar às necessidades materiais de santos individuais e de outras igrejas (Atos 2:42; 1Tessalonicenses 2:8; 2 Coríntios 8:2- 4; Filipenses 4:10).
É surpreendente que uma entidade tão simples, sem governação elaborada, instalações ornamentadas ou o apoio de uma grande organização, seja descrita como o "templo de Deus". No entanto, é este tipo de grupo que as Escrituras descrevem como a "igreja de Deus", e não conhecem nenhum outro lugar onde o povo comprado pelo sangue de Cristo possa reunir-se em Seu nome e com a Sua presença.
Onde quer que os apóstolos testemunhassem, o resultado eram essas igrejas. Infelizmente, porém, mesmo antes do fim do período apostólico, houve evidência de um afastamento da simplicidade do padrão bíblico. Homens como Diótrefes surgiram, amando ter preeminência entre o povo de Deus (3 João 9).
Uma pluralidade bíblica de anciãos foi substituída por um único ancião governante, e a responsabilidade local deu lugar à autoridade central federada. A igreja bíblica, como entidade espiritual local, foi substituída por uma igreja supranacional, que exercia um enorme poder político e militar que colocava homens não salvos e venais em autoridade sobre o povo de Deus.
Contudo, sempre houve pessoas em todas as partes do mundo que se reuniram na simplicidade bíblica. Embora tenham deixado poucos vestígios nas páginas da história, é importante não esquecer estes crentes fiéis. A recuperação da verdade sobre a natureza da igreja que ocorreu nas primeiras décadas do século XIX foi incomum na amplitude e longevidade dos seus resultados, mas no seu retorno ao ensino do Novo Testamento partilhou muito com outros movimentos que tinha ido para a mesma fonte. Compreender este contexto histórico não significa subestimar ou desvalorizar a obra notável que foi realizada pelo Espírito Santo, mas pode preservar-nos da arrogância ou da complacência quanto ao nosso lugar no propósito divino.
Os eventos que ocorreram em Dublin no final da década de 1820 devem ter um interesse especial para qualquer crente na comunhão em assembleia. Foi lá que um pequeno grupo de crentes começou a se reunir, separados das denominações vizinhas e em obediência ao padrão bíblico.
A Igreja Anglicana da Irlanda estava em declínio espiritual. Muitos dos seus ministros viam a sua vocação apenas como uma fonte de emprego, e os interesses do evangelho e das almas dos que pereciam ficavam em segundo lugar, atrás da manutenção do estatuto social e do poder político da igreja. Aqueles ministros que pregavam o evangelho com muita clareza corriam o risco de serem silenciados por seu bispo.
Na última metade do século XVIII, vários destes ministros separaram-se da Igreja Anglicana, impacientes por pregar o evangelho sem obstáculos. Em contraste, os crentes que começaram a reunir-se em Dublin na década de 1820 não tinham interesse em formar outra denominação. Embora incluíssem homens de grande capacidade intelectual, posição social elevada e considerável carisma pessoal, eles não se reuniam em nenhum deles ou sob eles. Em vez de, eles se reuniram em nome de Cristo, em distinção às denominações ao seu redor. Suas convicções sobre a igreja deviam muito à sua saturação nas Escrituras.
A disposição destes homens em serem guiados apenas pelas Escrituras significava que as suas reuniões pareciam muito diferentes da prática predominante da cristandade. A Reforma recuperou a verdade bíblica do sacerdócio de todos os crentes em teoria, mas continuou a ser negada na prática. Aqueles que se reuniram em Dublin acreditavam que o ofício de clérigo era, nas palavras de J.N. Darby, "um pecado contra o Espírito Santo", e permitiam o exercício do dom por todos os irmãos que o possuíssem.
Os princípios expressos nas reuniões de Dublin rapidamente cruzaram o Canal da Mancha. Uma das primeiras assembleias na Grã-Bretanha foi em Plymouth. Os que se reuniram recusaram-se a adotar qualquer nome antibíblico. Isto frustrou aqueles que queriam rotular este novo movimento e, concentrando-se no modo característico de tratamento entre estes crentes e na sua localização, deram-lhes o nome de "Irmãos de Plymouth".
A velocidade com que este ensino se espalhou indicava que o Espírito de Deus estava trabalhando, preparando os corações do povo de Deus e dirigindo e capacitando a obra de avivamento. Com o passar das décadas, surgiu uma compreensão mais clara da especificidade da assembleia local e da necessidade de separação da confusão religiosa da cristandade. O progresso não foi ininterrupto; mas, apesar destes desafios, a obra de Deus continuou e assembleias foram formadas em todo o mundo.
Em casa e no campo missionário, esses crentes eram ativos na propagação do evangelho. Em salões evangelísticos, em tendas e ao ar livre, eles trabalhavam para cumprir sua responsabilidade para com seus semelhantes. Missionários elogiados por assembleias no Reino Unido e na Irlanda foram responsáveis pelo pioneirismo na China, na África Central, na Índia e na América do Sul. Eles evitaram o apoio das sociedades missionárias e confiaram em Deus para suprir as suas necessidades. Esses devotados servos de Deus ecoaram algo da energia e da devoção dos apóstolos e, como eles, "viraram o mundo de cabeça para baixo".
A história das assembleias ao longo do século passado nem sempre foi positiva. Em todos os momentos, porém, é importante. Repetidas vezes, a experiência do povo de Deus provou que a força no testemunho depende diretamente da obediência à Palavra de Deus e da separação do mundo – social, religiosa e politicamente. Muitas vezes, a verdade que foi duramente adquirida pelas gerações anteriores foi desperdiçada por aqueles que subestimaram ou desprezaram o seu direito de nascença e herança.
Vivemos num mundo dramaticamente diferente da Dublin da década de 1820. É ainda mais diferente do mundo habitado pelos crentes do primeiro século. Mas o padrão de Deus para o Seu povo não mudou, e entendemos muito pouco sobre Deus se duvidarmos que o Seu padrão é o melhor.
"Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles."
(Mateus 18:20)
175. De que maneira o Espírito Santos guia os salvos?
Paulo em Romanos 8:14 diz: "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus."
O ensino de Paulo pressupõe que todos os crentes são guiados pelo Espírito (Gálatas 5:18).
O Espírito nos conduz tanto racionalmente (através de nossas mentes), quanto "misticamente" (através de uma consciência inexplicável).
O primeiro precisa ser enfatizado e é mais facilmente explicado. Se não estivermos dispostos a ser guiados diariamente pelo Espírito, provavelmente não seremos sensíveis à Sua liderança em "experiências especiais".
O Espírito de Deus e a Palavra de Deus refletem a mesma fonte e devem concordar. Geralmente, portanto, o Espírito conduz através das diretrizes claras das Escrituras. Felizmente, Ele não apenas dirige, mas também capacita a nossa caminhada (Gálatas 5:16-18).
Quanto mais andarmos no Espírito, mais profundo será o nosso conhecimento das "coisas do Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:10-16).
À medida que o Espírito nos revela a mente de Deus, aprendemos através da Palavra de Deus os princípios pelos quais, Deus opera. Cada vez mais, portanto, os princípios das Escrituras nos guiarão.
A sujeição diária da nossa vontade às Escrituras não pode ser distinguida da liderança do Espírito nas nossas vidas.
Conhecer mais plenamente a mente de Deus por meio de Sua Palavra é um desafio para toda a vida.
O Espírito nos conduz racionalmente, enriquecendo nossas mentes com o conhecimento prático de Deus. À medida que nos submetemos, Ele nos dirige e nos permite agradar a Deus.
Uma das maiores dificuldades da vida é sermos honestos conosco mesmos. É por isso que é difícil discutir a liderança mística do Espírito. Muitas vezes atribuímos a nossa preferência à liderança do Espírito. O Espírito de Deus supera as nossas circunstâncias e muitas vezes nos dirige através delas, mas sempre de acordo com a Palavra de Deus.
Dois versículos do Salmo 25 nos instruem a conhecer os caminhos de Deus.
O versículo 12 enfatiza a reverência a Deus, agindo para agradá-Lo.
"Quem são os que temem o Senhor? Ele lhes mostrará o caminho que devem escolher."
O versículo 10 aponta para a mansidão.
"O Senhor conduz com amor e fidelidade a todos que cumprem sua aliança e obedecem a seus preceitos."
Os mansos submetem-se humildemente a Deus e dependem totalmente Dele. Quem poderia se gabar de possuir essas qualidades?
Ouvir uma voz atrás de nós "dizendo: Este é o caminho, andai por ele" (Isaías 30:21) é sempre uma evidência da graça de Deus.
No entanto, isso não é algo pelo qual precisamos implorar a Deus. Ele deseja nos guiar através da Sua Palavra (racionalmente) e nos alertar à medida que somos sensíveis à Sua vontade (misticamente).
A autoconsciência e a auto-ocupação não produzirão isso.
Em muitos aspectos, este é um segredo santo entre a alma e Deus.
Obedecemos à Sua Palavra escrita e, através do Espírito, Ele cuida do resto.
176. Você tem dúvidas sobre sua salvação?
Primeiro devemos estabelecer o que é a salvação bíblica, para que depois possamos responder aos que tem dúvidas e segurança quanto a sua salvação.
O apóstolo Pedro disse que fora de Cristo não há salvação: "Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos". (Atos 4:12)
Somente sobre esta base, e nenhuma outra, é que você pode ser salvo. Se você deve ser salvo, então o pesado fardo de seus pecados precisa ser removido. Se o seu pesado fardo precisa ser removido, a pena pelo pecado precisa ser aplicada em alguém. Se a pena pelo pecado precisa ser aplicada em alguém, então o Senhor Jesus precisava morrer, pois a pena para o pecado é a morte. Você não poderia suportá-la sem perecer miseravelmente. Assim disse o apóstolo: "Pelo Seu Nome vos são perdoados os pecados" (1 João 2:12).
A salvação não pode ser pelas obras que você possa praticar, nem pela sua moralidade, mas pelo Nome de Jesus.
A resposta não poderia ser mais simples. A misericórdia de Deus flui hoje mesmo — não por meio de alguma relíquia em alguma cidade santa, nem por meio do toque de alguma mão santificada, mas de um vitorioso e ressuscitado Cristo no Céu. Pode-se ter acesso a Ele pela fé estando em qualquer lugar. Toque nele pela fé, ou, em outras palavras, creia nele e você será salvo.
É somente pela fé. As Escrituras são conclusivas quanto a este ponto. A salvação não é por meio das obras, e nem por fé e obras combinadas, mas somente pela fé. "Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se orgulhar." (Efésios 2:8,9)
Portanto, se como pecador perdido, aos olhos de Deus, tiver crido de todo o coração, tiver aceitado o Senhor Jesus como tendo sofrido na cruz por todos os pecados cometidos por você, e tendo ressuscitado para sua justificação, então o Cristo na glória é Aquele em Quem você está agora firme e seguro.
Você já tem, portanto, a vida eterna. (1 João 5:13).
Você está nos ombros do Bom Pastor, e Ele nunca o deixará de assim conduzir, até que o tenha introduzido no Lar celestial. (João 10:28-30)
Se, assim, verdadeiramente creu, você já foi feito membro do Corpo de Cristo, a Igreja verdadeira, ligado ao seu Senhor pelo Espírito Santo. (Atos 2.47; 1 Coríntios 12.13).
E agora, a caminho do Lar, Ele Se alegra em reunir os Seus em torno de Si, "fora do arraial" (Hebreus 13.13), e ao Seu Nome exclusivamente (Mateus 18.20), até que volte para levar-nos todos a esse Lar, para estarmos com Ele e sermos semelhantes a Ele, por todo o sempre, na glória, para o Seu eterno louvor!
Mas, se você já teve dúvidas sobre sua salvação, você não está sozinho. Pedro duvidou na tempestade, levando o Senhor a dizer: "Ó homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:31).
Os 11 discípulos tiveram sua confiança abalada quando Aquele em quem depositavam suas esperanças foi crucificado. Quando Cristo apareceu a eles no cenáculo, Ele disse: "Por que vocês estão perturbados e por que surgem dúvidas em seus corações?" (Lucas 24:38).
Por outro lado, ter certeza da salvação é a norma para um crente. A certeza é um presente gracioso que Deus dá ao Seu povo. O Senhor Jesus disse: "Eu conheço o que é meu e os meus me conhecem" (João 10:14).
O apóstolo João diz: "Estas coisas vos escrevo a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna" (1 João 5:13).
Deus pretende que o Seu povo viva com total confiança na sua salvação eterna.
Mas por que os crentes encontram dúvidas?
Pode haver muitas causas, inclusive a comparação da minha experiência com as histórias de conversão de outras pessoas. Embora todas as conversões envolvam "arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21), as experiências de salvação variam. O nível das emoções, a profundidade da convicção e a clareza de compreensão são únicos para cada indivíduo.
Dúvidas podem surgir por alguns destes motivos:
1) Analisando demais minha experiência: Eu cri da maneira certa? Eu realmente me arrependi? Eu estava realmente convencido do meu pecado?
2) Pecado em minha vida: Se eu sou verdadeiramente salvo, como poderia ter esses pensamentos pecaminosos? Se nasci de novo, por que luto tanto contra a tentação e tantas vezes cedo a ela?
3)Falta de comunhão diária com Deus: Se eu negligenciar a leitura diária da Palavra de Deus, estou cortando a própria fonte de segurança.
4) Os dardos inflamados do maligno (Efésios 6:16): Nem todas as dúvidas são auto-infligidas. Lembre-se do ataque da serpente em Eva do "Disse Deus?" Ele estava tentando minar a confiança dela na Palavra de Deus.
5)Uma falsa profissão: Muitos foram atormentados por dúvidas, apenas para descobrir em algum momento que, para começar, nunca foram salvos e, portanto, não tinham base real para segurança. Ler honestamente a Palavra de Deus resultará em uma de duas coisas. Se eu tiver uma mera profissão, isso trará convicção do pecado. Se eu for verdadeiramente salvo, com o tempo isso me trará confiança. Alguns que se apegam a uma falsa profissão podem relutar em desistir dela por medo de abandonar a esperança que têm. Mas lembre-se, os medrosos estão no topo da lista daqueles que experimentarão a segunda morte, o Lago de Fogo (Apocalipse 21:8). Apegar-se a uma falsa profissão é continuar a confiar em algo diferente de Cristo e as consequências podem ser terríveis.
Muitos procuram segurança em todos os lugares errados.
Consideraremos algumas fontes defeituosas:
1) Minha vida: 1 João e Tiago ensinam que o fruto (ou boas obras) é a evidência da salvação, e que se não houver fruto, não há nova vida. Contudo, se fosse o fruto que me desse segurança, então eu não poderia ter segurança até que tivesse tempo de provar a minha salvação. Como eu saberia se havia produzido evidências suficientes para me dar confiança? Obter garantia seria gradual. Tanto as Escrituras como a experiência nos ensinam que a segurança pode ser, e normalmente é, imediata. Embora a segurança se aprofunde à medida que o crente cresce, ela pode ser desfrutada a partir do momento da salvação. A falta de frutos deveria causar um sério auto-exame: "Examinai-vos para ver se estais na fé" (2 Coríntios 13:5).
2) Outros pensam ou dizem que estou salvo: ninguém pode ver o meu coração ou o Livro da Vida do Cordeiro. Somente Deus pode-me dar confirmação através do Seu Espírito e da Sua Palavra.
3) Minha experiência: Embora relembrar minha experiência da conversão traga alegria e compartilhar minha história de possa ser útil para outras pessoas, a segurança é uma realidade presente e contínua que vem da Palavra escrita de Deus. Não preciso de recordação fotográfica de todos os detalhes que cercam o evento para ter certeza. Não preciso voltar à minha experiência para obter garantia. Devo encontrá-la somente na Palavra de Deus.
Em Lucas 24, o Senhor Jesus se revela, primeiro aos dois no caminho de Emaús, e depois aos discípulos no cenáculo. Ele não os deixa apenas com a experiência de vê-Lo. Por mais importante que isso fosse, Ele ancora o que eles viram na Palavra de Deus. A respeito dos dois viajantes, lemos: "Ele lhes interpretou em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito" (Lucas 24:27).
Aos discípulos assustados e duvidosos, Ele disse: "Estas são as Minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que tudo o que está escrito sobre Mim... deve ser cumprido. Então ele abriu suas mentes para entenderem as Escrituras" (Lucas 24:44-45).
A experiência deles de ver o Cristo ressuscitado com os olhos era importante, mas o Senhor Jesus queria que a confiança deles estivesse enraizada nas promessas cumpridas da Palavra de Deus.
Como Deus nos dá a verdadeira segurança? Ele nos dá através da Sua Palavra.
Paulo diz: "O próprio Espírito testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8:16).
À medida que leio as Escrituras, o Espírito Santo que habita em mim, o Autor divino das Escrituras, confirma em meu coração que as promessas da Palavra de Deus se aplicam a mim.
Então, quando leio em Romanos 5:8 que Cristo morreu pelos ímpios, sei que sou o ímpio por quem Cristo morreu.
Quando leio: "Quem tem o Filho tem a vida" (1 João 5:12), é a obra do Espírito em mim que confirma que a promessa se aplica a mim.
O Senhor Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (João 10:2).
Um crente que lê a Palavra de Deus ouve a voz do Pastor e leva para o lado pessoal Suas promessas seguras.
O Senhor Jesus disse: "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (João 5:24)
177. O batismo do Carcereiro de Filipos não foi testemunho público, porque foi a noite?
Quando o diabo não consegue estragar o simples plano da salvação de Deus, ele estraga o simples plano do batismo.
Temos em Marcos 16:16, quem são as pessoas que devem ser batizadas e o motivo para tal: "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado."
Em Mateus 28:19, temos o método e o modelo do batismo: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo."
Neste versículo temos a doutrina do batismo cristão e devemos analisar as incidências dos batismos registrados em Atos dos Apóstolos pela doutrina já estabelecida e não fazer do que foi registrado a doutrina.
Vejamos um exemplo: Como já citamos, o nosso Senhor Jesus depois da sua morte e ressurreição disse a seus discípulos: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mateus 28: 19-20). No livro dos Atos dos Apóstolos, vemos que as ocorrências batismais, aparentemente, não são pronunciadas conforme a forma estabelecida pelo Senhor. Como podemos explicar isso.
Primeiro, o mais simples: se houve alguma aparente contradição entre a prática dos apóstolos e a ordem clara do Senhor, é ao Senhor que devemos seguir. Obviamente não creio que haja alguma contradição, mas se há alguma dúvida na mente de algum salvo, então a ordem clara do Senhor Jesus "batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo"; deve ser suficiente para nós.
Mas, olhando mais de perto os versículos que parecem apoiar a prática de batismo em nome de Jesus, veremos que a realidade é outra.
Em Atos 10:48 lemos: "E mando que fossem batizados em nome do Senhor". Isto quer dizer que Pedro, ao batiza-los dizia: "Eu vos batizo em nome do Senhor", ou que Pedro está dizendo: "Eu mando, com a autoridade do Senhor Jesus, que vocês sejam batizados?" A segunda ação é, gramaticalmente, tão aceitável quanto a primeira, e encaixa perfeitamente com Mateus 28:19.
Em Atos 2:38, lemos: "E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados". Novamente, faz mais sentido pensar que o nome do Senhor Jesus é mencionado aqui, não como representado a fórmula batismal, mas para desafiar estes judeus que, poucos dias antes, haviam crucificado esse mesmo Jesus.
Convém destacar também que as preposições usadas nos três trechos são diferentes:
1°- Mateus 28:19 "EIS", que significa "em direção a". "Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo".
2°- Atos 2:38 "EPI", que significa "por". "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado por causa do nome de Jesus Cristo".
3°- Atos 10:48 "EN", que significa "pelo". "E mando que fossem batizados pelo nome do Senhor". (Isto é, Mandou, pelo nome do Senhor, que fossem batizados).
Em Atos 19:5, vemos que Apolo não foi batizado novamente, os doze também não foram. Jesus não recebeu outo batismo que o de João. O que se trata aqui, é que estes doze homens eram ignorantes do significado do batismo de João, no que respeito ao arrependimento, ao messianismo de Jesus, ao Espírito Santos.
Por isto Paulo os batizou não tanto como de uma maneira real, no nome ou autoridade o Senhor Jesus, tal como Ele mesmo havia dito em Mateus 28:19, e tal como era o costume apostólico universal. O entendimento apropriado de "Jesus" incluía a todo o resto da tri-unidade (Pai, Filho e Espírito Santo). Em Atos dos Apóstolos capítulo 19, Lucas o escritor, não nos da ali uma fórmula batismal, se não que simplesmente explica que estes homens tinham um objeto adequado de sua fé "Jesus", e que agora foram realmente batizados.
"Jesus", este é o nome essencial no batismo cristão. Mas estas passagem em Atos dos Apóstolos dão autoridade para o "ato batismal", e não a "formula" empregada pelos apóstolos, e ensinada pelo nosso Senhor. "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mateus 28: 19-20).
O mesmo princípio vale para o batismo do Carcereiro de Filipos feito a noite, pois não deixa de ser um testemunho público, como também a "ceia do Senhor" não deixa de ser a Ceia do Senhor ser for feito domingo pela manhã, a tarde ou a noite. Desde que estejam, dois ou três reunidos em Seu Nome, o Senhor promete estar no meio deles. (Mateus 18:20)
Mas, vejamos os detalhes no caso do batismo do Carcereiro de Filipos em Atos 16:
"O carcereiro acordou e, vendo abertas as portas da prisão, desembainhou sua espada para se matar, porque pensava que os presos tivessem fugido. Mas Paulo gritou: "Não faça isso! Estamos todos aqui! "
O carcereiro pediu luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas.
Então levou-os para fora e perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo? "
Eles responderam: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa".
E pregaram a palavra de Deus, a ele e a todos os de sua casa.
Naquela mesma hora da noite o carcereiro lavou as feridas deles; em seguida, ele e todos os seus foram batizados.
Então os levou para a sua casa, serviu-lhes uma refeição e com todos os de sua casa alegrou-se muito por haver crido em Deus." (Atos 16:27-34)
A sequência dos fatos é a seguinte:
(1) O Carcereiro ouve sobre como pode ser salvo ainda na prisão em meia aos destroços do terremoto.
(2) Leva Paulo e Silas para sua casa e junta todos da sua casa (esposa, filhos, parentes e servos), para ouvir a mensagem do evangelho.
(3) Muitos do que ouviram foram salvos naquela noite, e para demonstrar a autenticidade de sua conversão, o carcereiro lavou as feridas dos dois prisioneiros.
(4) Paulo e Silas não só falaram da necessidade da salvação, mas também explicaram a necessidade do batismo como um testemunho público; portanto, toda aquela gente se dirigiram ao pé de alguma água para os salvos serem batizados.
Quando fala em "sua casa sendo batizada", é lógico que os batizados foram os que creram no Senhor Jesus como salvador pessoal, e, portanto, havia ali pessoa que testemunharam naquela hora da noite o batismo dos salvos. Paulo, Sila, o Carcereiro, a esposa, os filhos, os servos e possivelmente alguns parentes todos reunidos para aquele ato batismal.
Devemos mencionar aqui, que não há nenhuma indicação do batismo de bebês ou crianças, mas apenas daqueles com idade suficiente para crer em Deus.
(5) Depois do batismo, o Carcereiro os levou de volta para a sua casa, serviu-lhes uma refeição e com todos os de sua casa alegrou-se muito por haver crido em Deus.
(6) Ainda naquela mesma noite, o Carcereiro leva Paulo e Sila de volta para prisão.
As únicas pessoas do Novo Testamento que receberam a instrução de crer no Senhor Jesus Cristo foram aquelas que expressaram convicção da sua condição pecaminosa. Ao verem o carcereiro completamente quebrantado pela consciência de suas transgressões, os missionários responderam: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. Não encontramos aqui nenhuma indicação de que a família dele seria salva automaticamente se ele cresse no Senhor.
Antes, se o carcereiro cresse no Senhor Jesus e sua casa também cresse, ela seria salva da mesma forma. "Crê e serás salvo, e que tua casa faça o mesmo". Hoje, muita gente parece ter dificuldade em entender o que significa crer. Quando, porém, um pecador se dá conta de que está perdido, sem forças, desamparado e a caminho do inferno, e quando recebe a instrução de crer em Cristo como Senhor e Salvador, sabe exatamente o que isso significa. Não lhe resta outra coisa a fazer!
O batismo cristão, não coloca ninguém na esfera da Cristandade, ele foi ordenado unicamente para os salvos (Marcos 16:16), como um testemunho público da sua salvação. Um não salvo passando pelo ato do batismo, para ele, não terá significado algum.
A esfera da Cristandade é onde as coisas são realizadas em nome de Cristo ou de Deus, mas sem ter a realidade dEle como Senhor, Salvador e Mestre.
Como Senhor, a realidade é que somente Ele governa.
Como Salvador, a realidade é que somente Ele Salva.
Como Mestre, a realidade é que só a doutrina dEle, e transmitida pelos Seus apóstolos tem valor.
A Cristandade faz parte do caminho lago e espaçoso que seu fim é a perdição. (Mateus 7:13)
Quando uma pessoa deste esfera é salva, ela vem para a realidade do verdadeiro domínio cristão, e nada pode ser trazido na bagagem do seu antigo abita-te.
Sejam seus esforços, na chamada, "obra para o Senhor", seja seu "batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", ou suas experiências em "pregar num púlpito evangélico ou católico"; nada disto é tido como válida na sua nova vida em Cristo.
O apóstolo Paulo deixou isto claro quando escreveu aos Filipenses: "… considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele." (Filipenses 3:8,9)
Paulo era um homem que cria na Bíblia (Antigo Testamento), na Lei, no Messias e tinha um testemunho público de tudo isto. Mas estava errado em interpretar as Escrituras quanto a sua salvação, a Lei e o Messias.
Ele diz que nada daquilo, ele aproveitou na sua nova vida em Cristo.
"Não se deixem enganar: "as más companhias corrompem os bons costumes. Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês." (1 Coríntios 15:33,34)
178. Apocalipse 21:9-22:5 apresenta o Reino Milenial ou o Estado Eterno?
Os dois artigos seguintes referem-se a esta questão, apresentando dois pontos de vista para você considerar cuidadosamente ao chegar a uma conclusão sobre a interpretação de Apocalipse 21:9-22:5.
O objetivo de apresentar pontos de vista opostos não é criar polêmica nem gerar divisão, e não serve apenas para você avaliar quem formula um argumento melhor. O objetivo é ajudá-lo a compreender os pontos de vista e incentivá-lo a estudá-los mais profundamente em seu próprio tempo.
1º PONTO DE VISTA:
Em Apocalipse 21:1-5, João recebe uma visão adicional de "um novo céu e uma nova terra", isto é, "novo" no sentido de permanecer renovado e nunca envelhecer: "Eis que faço novas todas as coisas" (v. 5).
Este é o novo céu e a nova terra eternamente, permanentes do estado eterno, "onde habita a justiça" (2 Pedro 3:13).
Os atuais céus e terra estão envelhecendo, como uma peça de roupa perdida prestes a ser dobrada e jogada fora (Hebreus 1:11-12), mas este novo céu e nova terra serão eternamente imaculados.
No capítulo 21:9, o anjo diz a João que lhe será mostrada "a noiva, a esposa do Cordeiro", e do alto monte é mostrada "a cidade santa, Jerusalém, que desce do céu, da parte de Deus" (v. 10), mas não alcançando a terra, claramente distinta da Jerusalém terrena na terra de Israel. Linguagem semelhante é usada para descrever a cidade no versículo 2 como "Nova Jerusalém", isto é, adequada para o estado eterno, com seu novo céu e nova terra.
A ênfase no versículo 10 é "a santa Jerusalém", "tendo a glória de Deus" (v. 11), representando a imaculada "Igreja gloriosa" (Efésios 5:27) como a Noiva de Cristo, tendo sido apresentada a Ele nas bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:7).
Para as bodas e a ceia das bodas no capítulo 19, e em 21:9, Cristo é "o Cordeiro" e a Igreja é "a Noiva, a esposa do Cordeiro", enfatizando a Igreja como fruto de Seu sacrifício no Calvário. Por toda a eternidade, a Igreja é "como uma noiva adornada para o seu marido" (21:2), com um eterno frescor, beleza e atratividade, e para sempre o objeto do amor incessante de Cristo.
No capítulo 21:11-23, há uma descrição detalhada de uma cidade literal, a morada física na qual a Igreja governará com Cristo no Milênio. Cristo apresentou Sua Noiva a Si mesmo nas bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:7), e depois aos Seus amigos na ceia das bodas (Apocalipse 19:9).
Agora, no capítulo 21, Ele se deleita em apresentar ainda mais a Igreja às nações e aos reis da terra no Reino Milenial, manifestado com Ele neste dia de Sua glória revelada.
Em todos os belos detalhes desta grande cidade quadrangular celestial murada, o número 12 é prolífico (vs. 12,14,16-17,21), ligado nas Escrituras ao governo e administração divinos. Esta cidade será o centro de administração do reino milenar de Cristo, uma administração gloriosa de justiça, quando "um rei reinará em justiça, e príncipes governarão em julgamento" (Isaías 32:1).
Os "nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" estão ligados aos "doze fundamentos" da muralha da cidade (v. 14).
O Senhor garantiu aos Seus 12 discípulos que eles "se sentariam em tronos, julgando as doze tribos de Israel" (Lucas 22:30), participando ativamente do Seu reino vindouro.
Esses 12 apóstolos formaram o elo entre Israel e a Igreja; para a administração do Reino Milenial, fornecerão o elo entre Israel, como cabeça das nações na terra, e a Igreja, que reina com Cristo. Os crentes da era da Igreja participarão desta administração milenar, participando ativamente do governo justo de Cristo, quando "os santos julgarão o mundo e os anjos" (1 Coríntios 6:2-3) e "reinarão com Ele" (2 Timóteo 2:12).
A Igreja no Milênio, associada a Cristo na administração do Seu reino terreno, irradiará "a glória de Deus" (Apocalipse 21:11, 23) para um mundo maravilhado.
Lemos: "as nações" e "os reis da terra… trazem para ela sua glória e honra" (vs. 24,26).
No Milênio, Israel será o cabeça das nações da terra, e seus reis reconhecerão Cristo como Rei dos reis e Senhor dos senhores: "Sim, todos os reis se prostrarão diante dele: todas as nações O servirão" (Salmos 72:11).
Este será o cumprimento glorioso de Efésios 3:21: "A Ele seja glória na Igreja em Cristo Jesus, por todas as gerações, dos séculos dos séculos".
Em contraste, no estado eterno o "dia de Deus" (2 Pedro 3:12), Deus "será tudo em todos" (1 Coríntios 15:28).
Ele habitará eternamente com a humanidade num relacionamento íntimo de bem-aventurança imperturbável, não necessitando de governantes humanos ou de qualquer autoridade administrativa. Da perspectiva de Deus, "o tabernáculo de Deus está com os homens, e Ele habitará com eles, e eles serão o Seu povo, e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus" (Apocalipse 21:3).
No estado eterno (Apocalipse 21:1-5), não há referências de tempo; na era do reino em Apocalipse 22:2, a árvore da vida "dava seu fruto todos os meses"; então, o tempo ainda está operando neste período de tempo literal de "mil anos" (Apocalipse 20:2-7).
Além disso, "as folhas da árvore eram para a cura das nações", semelhante à cena milenar retratada em Ezequiel 47:12: "o seu fruto será para mantimento, e as suas folhas para remédio", quando a saúde ainda precisa ser mantida. No estado eterno, o conceito de saúde não será relevante.
Depois que o homem pecou, Deus trouxe uma maldição sobre a criação (Gênesis 3:17-19). No Reino Milenial, "não haverá mais maldição" (Apocalipse 22:3); a criação será restaurada (Isaías 55:13, Romanos 8:19-21), a produtividade (Amós 9:13) e a longevidade (Isaías 65:20) serão a regra.
Mas ainda haverá a necessidade do julgamento divino, e o Milênio terminará com uma rebelião final e um julgamento devorador (Apocalipse 20:7-9).
Somente no estado eterno toda tristeza, sofrimento, lágrimas e morte serão banidos para sempre para a humanidade redimida, demonstrada de forma detalhado no capítulo 21:4.
A cronologia inversa do estado eterno (Apocalipse 21:1-5), antes do reinado do Reino Milenial (Apocalipse 21:9-22:5), continua no capítulo 22, quando Cristo promete a Sua vinda novamente (vs. 7,12,20), que deve preceder o início de Seu reinado. É de se esperar que o caráter do Reino Milenial prefira o do estado eterno que se seguirá e, certamente, para a Igreja, a bênção milenar fará uma transição perfeita para a bênção eterna.
Qualquer que seja a perspectiva exata que se tome, esta passagem da Palavra de Deus é certamente um grande encorajamento, ao pensarmos no futuro glorioso que aguarda cada crente em Cristo, sabendo que "o tempo está próximo" (Apocalipse 1:3).
2º PONTO DE VISTA:
Apocalipse 21 começa com uma descrição dos "novos céus e nova terra", às vezes chamados de Estado Eterno. Escritores de ambos os lados do debate aceitam isso. Alguns consideram, porém, que, após uma breve referência ao Estado Eterno (21.1-5a), João retrocede até ao Milênio (21.9-22.5).
Iremos nos referir aos capítulos 21:1-5a como já visto na "1ª Seção " e Apocalipse 21:9 - 22:5 como "2ª Seção".
Antes de tratar destes pontos, deve-se notar que nem todos os capítulos 21 e 22 tratam de eventos futuros.
O capítulo 21:5b-8 é um parêntese no qual Deus fala diretamente ao leitor.
O capítulo 22:6-21 é a conclusão do livro e contém uma série de promessas, advertências e orações que são relevantes para toda a profecia, não apenas para o Milênio ou o Estado Eterno. A linguagem desta seção não é relevante para a questão em discussão (Veja Apocalipse 22:14-15).
Os três principais argumentos que apoiam uma interpretação milenar da Seção 2 são:
A vinda dos reis para a Nova Jerusalém é mencionada em Apocalipse 21:24. Se o Estado Eterno for um período em que todo o governo estiver nas mãos de Deus Pai, não haverá necessidade de reis, ao passo que há referências a reis e governantes no Milênio que governam sob Cristo.
Uma árvore cujas folhas são usadas para a "cura" das nações é descrita em Apocalipse 22:2.
No Estado Eterno não há necessidade de cura, pois a cura pressupõe a presença do pecado e ou seu legado. No Milênio, a doença e o pecado ainda estão presentes, embora de forma reduzida. Esta árvore produz frutos "todos os meses" e, no Estado Eterno, os tempos e as estações são, diz-se, abolidos.
Há uma série de razões para duvidar desta interpretação.
Primeiro, Apocalipse é um livro cronológico. Embora João às vezes possa organizar o material tematicamente (por exemplo, Capítulos 17-18), ele o faz dentro de uma estrutura dispensacional.
Ele começa com a Era da Igreja (Capítulos 2-3), passa para "as coisas que devem acontecer depois" (Capítulo 4:1) e descreve a Tribulação (Capítulos 4-18), o retorno de Cristo (Capítulos 19) e depois o Milênio (Capítulos 20).
Uma interpretação que coloca a Seção 1 e 2 no Estado Eterno e se ajusta ao fluxo do livro.
Segundo, uma comparação das Seções 1 e 2 indica que João está descrevendo o mesmo evento. Ambos descrevem uma cidade chamada Jerusalém, vinda "do céu" e "de Deus" [1] e ambos a comparam a uma "noiva".
Observo aqui que este "céu" não deve ser confundido com os "novos céus". Estes são criados, enquanto o "céu" de onde desce a cidade é a residência de Deus. Este céu nunca é destruído ou desmantelado e é o lugar onde Deus habita.
Terceiro, uma interpretação que coloca a Seção 2 no Estado Eterno significa que o Livro do Apocalipse termina no Dia de Deus (2 Pedro 3:12). Se o propósito do livro é mostrar que Deus será finalmente glorificado e vindicado, isso é melhor alcançado interpretando a Seção 2 como mostrando Deus como O "tudo em todos" (1 Coríntios 15:28).
Interpretar a cidade da Secção 2 como uma Jerusalém Milenar cria dificuldades.
Aqui estão alguns:
(1) A Jerusalém na Seção 2 está localizada em um reino onde a maldição foi banida (Apocalipse 22:3) e todos estão salvos (Apocalipse 21:27). No Milênio, contudo, o homem permanece pecador (Apocalipse 20:7-9), e apesar do aumento da fecundidade da terra, a maldição, uma consequência da Queda, permanece.
(2) A cidade da Seção 2 não precisa de luz natural (Apocalipse 21:23), enquanto no Milênio o sol e a lua continuam a brilhar e a terra é governada pelas estações do ano (Isaías 30:26; Zacarias 14:8).
(3) A Seção 2 descreve uma cidade sem templo. No Milênio, há um templo localizado ao norte de Jerusalém (Ezequiel 40:2, 48:8,10; Isaías 2:2), um sacerdócio e um sistema de sacrifício.
(4) As vastas dimensões da cidade de 12 mil estádios (Apocalipse 21:16) excedem as fronteiras ampliadas de Israel no Milênio (Ezequiel 48).
Obs. Doze mil estádios equivalem a aproximadamente 1.500 milhas = 2 414,016 quilômetros, a distância entre Londres e Atenas, entre Nova York e Houston.
Para evitar estes problemas, aqueles que têm uma visão milenar da Seção 2, argumentam o seguinte.
1) Primeiro, as medidas da cidade são figurativas. Mas devemos ser consistentes. Se propusermos defender os "mil anos" literais no Capítulo 20:2-7, não devemos mudar quando chegarmos ao capítulo 21.
2) Em segundo lugar, alguns propõem a existência de duas Jerusalém no Milênio – uma na terra (a terrestre). Jerusalém da profecia do Antigo Testamento), e uma em órbita sobre a terra (a "Grande Cidade" dos capítulos 21 e 22).
O capítulo 21, entretanto, descreve a cidade "descendo" ou "vindo" (Apocalipse 21:2, 10) do céu. Diz-se que a cidade "está em quadratura", indicando que está estabelecida na nova Terra e não está em órbita. Se esta Jerusalém estiver na nova terra, as contradições serão evitadas.
Em refutação dos argumentos mencionados no início do artigo, observo o seguinte.
1) Primeiro, embora "Deus seja tudo em todos" (1 Coríntios 15:28), isso não indica que a autoridade não seja delegada. No reinado milenar de Cristo, Ele delega poder. De qualquer forma, "reis" podem simplesmente indicar membros honrados do reino. A cidade, como noiva, é a Igreja. Os nomes das portas podem significar que Israel vive ao lado da Igreja (Apocalipse 21:12, 14), ou vive fora da cidade, na nova terra com os santos antediluvianos e patriarcais, os mártires da Tribulação e os fiéis do Milênio.
2) Segundo, a referência à "cura" em Apocalipse 22:2 ocorre num momento em que "não há maldição" (Apocalipse 22:3). Na minha opinião, a ausência da maldição exclui a interpretação milenar. "Cura" pode sugerir uma melhoria do bem-estar em oposição à cura de doenças. O Estado Eterno pode não ser o reino estático que alguns imaginam.
3) Terceiro, a objeção de que não existe tempo na eternidade é especulativa. A eternidade é a ausência de tempo ou o tempo ilimitado? Como podem os seres criados adorar, servir e aprender fora do tempo? Esta é uma objeção pouco convincente.
179. A igreja local é autônoma?
Para fazer a pergunta: "A assembleia local é autônoma?" nestes dias, receberá uma variedade de respostas. Nem todos aceitam que uma resposta afirmativa esteja em conformidade com o ensino do Novo Testamento. Alguns podem conceder uma forma relativa de autonomia. É, portanto, essencial que cheguemos à Palavra de Deus e façamos uma nova investigação sobre o seu ensino sobre esta questão vital.
A cristandade não ajudará a nossa investigação, exceto para nos desviar para as formas variáveis de controlo centralizado, que se multiplicaram sob o seu pretexto de unidade. Nem uma revisão das primeiras práticas dos chamados "irmãos" oferecerá orientação aceitável. Infelizmente, foi precisamente sobre este assunto que aqueles primeiros dias abençoados de testemunho e verdade recuperados foram rapidamente obscurecidos pela divisão e discórdia. Surgiu o controle central, que atrai e oferece resposta pronta para questões de difícil solução. Qualquer forma de governo centralizado entre as assembleias dos santos é apenas um reflexo das características identificáveis da Babilônia. Muito disso é obtido hoje no testemunho da assembleia, é triste dizê-lo. Sob o rótulo de proteção da propriedade, organização de fundos, distribuição de presentes, desenvolveram-se grandes empresas, algo que, na verdade, acaba por conduzir ao controlo central, se não for mantido com a devida contenção.
Uma assembleia, tendo os seus próprios irmãos responsáveis que são capazes de atender às necessidades espirituais do rebanho, deveria certamente ser totalmente responsável pelos seus bens. O controle do material deve estar nas mãos do espiritual. Tendo isto em vista, a união das assembleias locais, em conformidade com o princípio da autonomia da assembleia, são aceitáveis e práticos, em vez de fundações centrais ou regionais.
Alguns servos que trabalham em terras estrangeiras, onde o seu desejo era controlar a obra do Senhor, deixaram um legado trágico. Muitos amados santos não foram levados a apreciar a preciosa liberdade que têm no Senhor, ou mesmo a compreender que esta liberdade se estende à independência espiritual e prática da assembleia.
Assim, foram privados de exercer plenamente as suas responsabilidades, devido a esquemas impostos que foram concebidos para controlar tanto as suas ações como o seu pensamento. Os missionários receberam arbitrariamente procurações de fundações que, na verdade, receberam o direito da propriedade da assembleia. Podiam falar em "ter a chave", o que funcionava como uma ameaça a qualquer ação que não aprovassem, embora tal ação fosse uma decisão unida da assembleia envolvida. Como resultado disso, o conceito de autonomia de assembleia foi eliminado, se é que alguma vez existiu nas regiões em questão. Não faz sentido condenar as ações sem princípios e as práticas antibíblicas da cristandade, enquanto entre nós, como assembleias do povo do Senhor, tais práticas prevalecem.
A VERDADE DA INDEPENDÊNCIA.
Por "independência" queremos dizer simplesmente "autogoverno", uma verdade que é vital para o testemunho em assembleia. O oposto disso é o que discutimos acima: a confederação, que envolve o governo de outros. Como princípio, sua base deriva do conceito bíblico do que é geralmente chamado de igreja local ou, se for mais preferível, da igreja em uma localidade, como a "igreja de Deus que está em Corinto" (1 Coríntios 1:2).
A maioria está ciente de que no Novo Testamento há dois aspectos do uso da palavra "igreja" que se relacionam com o assunto.
Há o aspecto dispensacional (Mateus 16:18) que é confirmado pelo uso que o apóstolo faz da mesma palavra em sua Epístola aos Efésios, onde usa a palavra nove vezes.
Depois, há o aspecto local (Mateus 18:15-20) que é claramente discernível nos escritos de Paulo aos Coríntios, por exemplo.
O conceito de uma igreja universal, ou de uma igreja nacional, ou regional, composta por igrejas membros, não entra na estrutura da revelação divina. Nada nas epístolas transmite a ideia de que a Igreja é composta por uma pluralidade de igrejas. Portanto, as Escrituras nada sabem sobre uma "unidade" mantida por medidas eclesiásticas que estabelecem uma organização inter-eclesiástica.
A verdade da independência é reconhecida numa assembleia local que é totalmente responsável perante o Senhor pelo exercício do seu dom e governo, dos seus serviços e das suas sanções. Ele age corporativamente como sendo responsivo ao Céu (Mateus 18:18 - Veja os sinais tensos do Sr. Newberry, indicando que não é o céu reconhecendo o que a terra fez, mas sim, a terra se conformando com o que o céu já fez).
A Prova de Independência pode ser encontrada em Apocalipse 1 a 3. Aqui as igrejas, que estavam localizadas em toda a área como testemunhos do Senhor ressuscitado, são vistas como candeeiro. O caráter do testemunho nos dias de Israel é refletido no candelabro de sete braços do Tabernáculo, dez dos quais também estiveram no Templo mais tarde. Os candeeiro em Apocalipse, contudo, são assembleias individuais e independentes, cada uma total e diretamente responsável perante Aquele que é descrito como "andando entre os sete candeeiros de ouro".
Deve ser observado que, para uma avaliação adequada do assunto, a palavra "igreja" está no plural ao longo destes três capítulos. Se houvesse uma confederação, a forma singular teria sido obtida, mas é "igrejas", caso contrário a mensagem teria sido uma só, mas novamente são "mensagens". Se a centralização existisse, as respectivas igrejas teriam sido responsáveis perante um órgão representativo que legislaria para a região, o que prevalece em praticamente todas as formas da cristandade hoje.
Novamente, a remoção de uma igreja local teria sido ação do órgão controlador, com poder centralizado para agir. É verdade que um crente individual pode ser "expulso" de uma assembleia, mas uma assembleia não faz parte de nenhum corpo visível do qual possa ser expulsa sob os termos bem-vindos da verdade de Deus no Novo Testamento. Obviamente, se existisse o oposto, então o termo "igreja da Ásia" seria apropriado sob tais disposições, mas esta não é a linguagem do Espírito de Deus. São as "igrejas da Ásia".
A Prática da Independência é uma condenação aberta de toda forma de confederação. Para explicar: A Confederação é uma união permanente com o propósito de uma ação externa comum.
Qual é a base da Confederação? Tem a sua origem no conceito de que a Igreja deve ter uma unidade visível na terra. Para que isto seja concretizado e mantido, as igrejas locais devem unir-se e aqueles que não cumprirem serão expulsos ou deixarão de ser reconhecidos.
O irmão, G.V. Wigram, ao ver a primeira impressão de uma lista de assembleias, disse: "Parece o toque de morte da verdade."
A obra à qual o escritor esteve felizmente associado no país do trabalho durante quarenta e cinco anos não aparece em nenhuma lista existente de catálogos de endereços de igreja em nível nacional.
Seremos então inexistentes? O fator reconfortante certamente deve ser: O Senhor conhece a nossa localização.
Qual é a ruína da Confederação? Trouxe à existência a cristandade organizada.
Não começou ontem. Seus inícios históricos remontam ao período sub apostólico. (Sub apostólica, também conhecida como Igreja dos Padres Apostólicos - eram teólogos cristãos centrais entre os Padres da Igreja que viveram nos séculos I e II d.C, que se acredita terem conhecido pessoalmente alguns dos Doze Apóstolos, ou que foram significativamente influenciados por eles.)
Para que o leitor possa recorrer a evidências valiosas desta intrusão na vida da igreja primitiva, o escritor recomenda, se puder, um livro de Edwin Hatch (1889) chamado The Organization of the Early Christian Churches, que foi boicotado pelo Sistema Anglicano.
O falecido Sr. Frank Holmes, que era um clérigo no sistema mencionado, falou da ajuda inestimável que este livro lhe ofereceu numa época em que ele estava preocupado em se reunir em nome do Senhor fora do acampamento. O Banimento da Confederação é certo. Chegará o dia em que o céu ressoará com o grito triunfante: "Caiu Babilônia, a Grande".
O Poder Preservador da Independência se manifesta na manutenção, pela assembleia local, desse caminho bíblico de testemunho. Preserva notavelmente de interferências políticas. Uma vez que algo enorme aparece, atrai a atenção daqueles que são hostis à verdade de Deus. O que sobreviveu aos sistemas massivos organizados em países onde a oposição aberta ao testemunho é abundante foi a abordagem simples da igreja local.
OS TESTES DE INDEPENDÊNCIA.
Existem pelo menos três questões que testam a prática da Independência.
1. A questão do desacordo:
O único elo que existe entre as assembleias é uma comunhão espiritual por causa de pensamentos, ensinamentos e práticas semelhantes. Muitas vezes surge algum grau de desacordo, o que pode testar a relação entre as assembleias, especialmente aquelas numa determinada área. Naturalmente, a tendência para uma ação rápida exige alguma forma de amputação arbitrária. Lembre-se, porém, de que não há nada do qual uma assembleia local possa ser extirpada. Por outro lado, nenhum princípio deve ser comprometido apenas para que as ligações possam ser mantidas. O amor procuraria a todo custo, exceto o de princípio, promover e preservar relações com aqueles que estão reunidos ao nome do Senhor.
2. A questão da disciplina:
A disciplina é prerrogativa de cada assembleia independente (Mateus 18:18; 1 Coríntios 5:4-5) e deve ser exercida de acordo com a Palavra de Deus. Quer seja assim ou não, a assembleia específica envolvida é totalmente responsável perante o Senhor pela sua ação. Se, contudo, a disciplina for aplicada sem levar em conta os princípios bíblicos, após uma avaliação completa e cuidadosa, outras assembleias poderão achar que tal ação é indigna de reconhecimento e recusar-se a honrá-la. Eles também estão agindo em responsabilidade para com o Senhor. É precisamente neste ponto que toda a estrutura da independência repousa e é frequentemente testada. Recorrer à amputação é injusto e antibíblico e sem precedentes no Novo Testamento. Quando o apóstolo João e seus seguidores foram condenados a expulsão pelo autoritário Diótrefes, foram eles deixados de lado sem a simpática comunhão de outras assembleias? O sábio julga o contrário.
3. A Questão da Doutrina:
Mesmo que uma assembleia ultrapasse os limites da verdade, não há motivo para extirpação. Tal assembleia é responsável perante o Senhor. Se, no entanto, a consciência de outra assembleia sentir que não pode mais haver atividade ou comunhão entre assembleias, então ela age de acordo com a sua responsabilidade perante o Senhor. Mas formar um grupo ou círculo de comunhão de assembleias e eliminar outra assembleia não é bíblico nem espiritual. É certo que os testes de independência são grandes.
O TESTEMUNHO DE INDEPENDÊNCIA.
O testemunho de independência da assembleia local, revela o propósito de Deus para o testemunho. Sete é um número simbólico; significa completude. Certamente deve ser reconhecido que Deus viu que as nações poderiam ser plenamente abençoadas pelas igrejas locais. Daí as "sete igrejas da Ásia", pois certamente havia mais do que isso na área mencionada. O número simboliza a suficiência do testemunho da assembleia, caso fosse reconhecido. Portanto, companhias independentes do Povo de Deus agem como portadores de luz para um mundo sombrio ao seu redor.
O testemunho de independência da assembleia local, restringe o poder do homem no testemunho. A existência de um agrupamento confederado proporciona prestígio, poder e perigo aos homens e, em última análise, produz um Papa, um Bispo, um Pastor.
O testemunho de independência da assembleia local, refuta o desprezo do mundo pelo testemunho. Seu julgamento é que o corpo está dividido. Nunca! São "corpos" que estão divididos. Nossa responsabilidade mútua, querido leitor, é para com a unidade da assembleia local e para a manutenção de uma unidade já existente que nenhum poder jamais destruirá, sendo esta, a "unidade do Espírito" (Efésios 4:3).
O testemunho de independência da assembleia local, retém a Soberania de Cristo. Ele é Senhor. Ninguém mais ousa deslocá-lo. À medida que Ele se move entre os sete candeeiros de ouro, a respectiva assembleia é totalmente responsável perante Ele.
Amados, vamos considerar Sua posição, receber Suas propostas, regozijar-nos em Sua promessa e responder ao Seu compromisso.
A relação espiritual que existe entre as assembleias locais é claramente demonstrada em diversas passagens do Novo Testamento. As "igrejas da Macedônia" encontraram unidade na Ação (2 Coríntios 8:1).
Houve uma experiência mútua da graça de Deus cuja efusão liberal era característica de cada uma das igrejas. O seu exercício espiritual comum foi precedido por uma adesão devocional semelhante à vontade de Deus em entrega coletiva tanto ao Senhor como aos apóstolos. Quando tal unidade espiritual prevalece, há comunhão adequada entre as assembleias.
As "igrejas de Deus" são vistas como unidas em acordo. Eles tinham apenas um padrão de prática em matéria de liderança que foi revelado não apenas na cabeça descoberta do homem, que certamente não gera opção, mas também na cobertura da mulher, o que em muitos lugares se tornou estranhamente opcional, se é que é praticado.
Paulo teria hoje verdadeira dificuldade em refutar a sua afirmação de que nenhuma igreja discordaria do seu julgamento (1 Coríntios 11:16).
Paulo afirma a "Afeição" das "igrejas da Ásia" em sua saudação, enquanto em 2 Tessalonicenses 2:1-4 há unidade na "Aflição". Ao se dirigir às "igrejas da Galácia", Paulo indica que há uma unidade na "Admoestação" e, finalmente, com Apocalipse 1 a 3 em mente, as sete igrejas da Ásia estão unidas na "Avaliação".
Estas Escrituras fornecem-nos provas claras de que a unidade é uma realidade a ser experimentada, sem nunca contradizer a verdade da autonomia da assembleia.
Tom Bentley
180. Autonomia da igreja local
A palavra, "autonomia", normalmente significa "autogoverno", mas usarei o termo para significar o governo de uma assembleia local a partir de dentro, sem que nenhuma pessoa ou instituição externa lhe imponha decisões. Estritamente falando, uma igreja local do Novo Testamento não é "autogovernada" porque se submete à autoridade das Escrituras e é governada pelo Senhor. A expressão "autonomia de assembleia" não é encontrada no Novo Testamento, mas a verdade é encontrada por toda parte. Veremos algumas das passagens que ensinam a autonomia da igreja local e algumas de suas implicações para nós hoje.
Autonomia e Disciplina da Igreja
Este pode parecer um lugar incomum para começar, mas foi onde nosso Senhor começou quando falou pela primeira vez sobre a igreja local. Quando Ele introduziu o conceito de igreja local em Mateus 18:15-20, parece claro que Ele pretendia que ela fosse autônoma em questões de disciplina. Se você seguir os passos explicados na passagem, os dois últimos envolvem o pecado de um irmão impenitente sendo informado "à igreja", e se o homem ainda se recusar a se arrepender, o grupo aplicará disciplina de acordo com a disciplina do céu. "A igreja", neste contexto, deve ser uma reunião local, pois seria impossível dizer "a Igreja", no sentido de todos os cristãos. O Senhor Jesus também deu a entender aqui que não haveria nenhum nível de responsabilidade acima do grupo local de crentes – não há nada entre a autoridade da assembleia e a autoridade do céu.
Autonomia e Obreiros Enviados
Paulo e Barnabé foram usados poderosamente por Deus na implantação de assembleias, na nomeação de presbíteros e no ensino dos santos (Atos 13-14). E como apóstolo, a autoridade de Paulo excedeu qualquer autoridade encontrada entre os crentes hoje (2 Coríntios 10:8; Efésios 2:20). Tudo isto torna Atos 13:1-3 particularmente impressionante – o Espírito de Deus instruiu a igreja local em Antioquia a separar e enviar Paulo e Barnabé.
Esses homens talentosos, que foram fundamentais no ensino desta assembleia (Atos 11:25), ficaram sob sua autoridade e foram por ela recomendados ao Senhor. A prestação de contas também está implícita no fato de eles darem um relatório a toda a assembleia quando retornarem (Atos 14:27). Não encontramos nenhuma base no Novo Testamento para um corpo regional ou uma junta missionária com autoridade – apenas igrejas locais individuais, a quem todos na sua irmandade, incluindo professores e obreiros enviados, prestam contas.
Autonomia e Anciãos Locais
Paulo exortou os presbíteros de Éfeso: "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue" (Atos 20:28). Mais uma vez, a autonomia da igreja é destacada. O Espírito Santo nomeou um grupo de homens como superintendentes de uma única "igreja de Deus", uma assembleia de crentes vistos independentemente como tendo sido distintamente comprados com sangue precioso. Aos anciãos é dada a autoridade e a responsabilidade de supervisionar uns aos outros e ao resto do rebanho sob seus cuidados (Leia 1 Pedro 5:2). Parte desta responsabilidade inclui a proteção contra aqueles que tentarão obter influências minando a autoridade estabelecida por Deus, resultando no dano às ovelhas (Atos 20:29-30). Embora toda a assembleia deva reconhecer e respeitar a autonomia, são os mais anciãos que são, em última análise, chamados a mantê-la.
Autonomia e Responsabilidade
Já vimos a autonomia de uma assembleia local em Mateus, Atos e nas Epístolas. Chegando agora ao Apocalipse, João dirigiu-se às "sete igrejas que estão na Ásia", contando-lhes como no Espírito ele as via como "sete candeeiros de ouro" (Apocalipse 1:4,12,13,20). O Senhor Jesus então se revelou andando "entre os sete candeeiros de ouro" (Apocalipse 2:1). Os capítulos 2 e 3 deixam claro que cada uma das sete igrejas estava sendo avaliada individualmente. É preocupante ver que cada assembleia está sendo revisada por seus próprios trabalhos. Ninguém é responsável perante ou pelos outros. Todos são responsáveis perante Ele.
Autonomia e outras assembleias
Mas autonomia não significa isolamento da assembleia. Embora o Novo Testamento apresente igrejas locais individuais sendo governadas internamente, ele também identifica assembleias coletivamente, idealmente unidas em doutrina e exercício. Por exemplo, quando se tratou da doutrina da cobertura da cabeça, Paulo apontou para a unidade entre "as igrejas de Deus" (1 Coríntios 11:16).
Quando se tratou de um exercício para os necessitados em Jerusalém, as "igrejas da Macedônia" foram reconhecidas pela sua generosidade colectiva (2 Coríntios 8:1-2). Mas em nenhum lugar a unidade entre assembleias é ensinada à custa da autonomia.
O padrão parece ser cada assembleia desejando estar em unidade com todas as outras assembleias. Mas se a doutrina ou prática na igreja local B realmente mina a capacidade da igreja local A de funcionar fielmente diante do Senhor, impedindo a assembleia A de governar a partir de dentro, em submissão à Sua autoridade, então a assembleia A perderia autonomia através de uma associação com a assembleia B.
Seria igualmente uma violação da autonomia da assembleia se as igrejas locais A, C e D decidissem juntas, ou exercessem pressão umas sobre as outras, não terem nada a ver com a assembleia B. Cada assembleia é chamada a tomar as suas próprias decisões perante o Senhor relativamente às associações que tem com outras assembleias.
Autonomia: incentivada ou prejudicada?
Está claro que o Novo Testamento ensina a autonomia da igreja local. A questão agora é: estou respeitando isso? Encorajo a autonomia na assembleia, submetendo-me à Palavra de Deus e à liderança dos meus próprios anciãos (Hebreus 13:17). Eu a mino apelando para a autoridade de homens fora da minha igreja local. Se estou envolvido na implantação de assembleias, ou se estou ensinando entre assembleias, encorajo a autonomia da assembleia quando, como Paulo, esclareço os limites da minha autoridade e apoio a tomada de decisões locais (1 Coríntios 16:1-3). Verei erros cometidos, mas causarei danos maiores ao desrespeitar a autonomia e minar o governo local de uma assembleia.
Finalmente, como presbíteros (anciãos), mantemos a autonomia supervisionando com responsabilidade uns com os outros e perante o Senhor, e respeitando a autonomia de todas as outras assembleias. Nós a minamos ao nos envolvermos em questões que não são nossas, ou ao permitir que as decisões de outras assembleias se sobreponham ao que teríamos feito diante do Senhor. Que o Senhor nos dê a todos uma maior apreciação do valor que Ele atribuiu a cada igreja local e à sua autonomia perante Ele! (Atos 20:28; Apocalipse 2:1).
Shawn Clair
181. Práticas Simbólicas na igreja Local
Embora a estimulação dos sentidos seja essencial para o desenvolvimento normal da infância, há obviamente muito mais na experiência humana do que aquilo que é simplesmente sensitivo. Enquanto alguns tentam descartar as características únicas da humanidade como meramente evolutivas, outros reconhecem que a nossa capacidade emocional e capacidade de pensar criticamente, por exemplo, não são por acidente, mas sim intencionalmente. Eles são uma evidência de que somos criaturas com um propósito, e as Escrituras explicam que o cumprimento deste propósito está, em última análise, além do físico e temporal. Os seres humanos são exclusivamente portadores da imagem de Deus e só podem encontrar realização num relacionamento adequado com Ele.
Os ritos e cerimônias do Judaísmo eram altamente sensoriais, invocando de diversas maneiras os sentidos da visão, audição, paladar, tato e olfato. Em contraste, a adoração cristã é essencialmente espiritual, como confirma o escritor aos Hebreus: "Porque não chegastes ao que pode ser tocado: fogo ardente, e trevas, e trovões, e uma tempestade, e o som de uma trombeta, e uma voz, cujas palavras fizeram os ouvintes implorarem que nenhuma outra mensagem lhes fosse dita…. Mas vocês chegaram ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial" (Hebreus 12:18,19,22).
A sabedoria dos propósitos de Deus torna-se clara quando entendemos a natureza progressiva da Sua auto-revelação. A respeito do relacionamento do cristão com o judaísmo, Paulo escreveu que "a lei foi a nossa guardiã até a vinda de Cristo" (Gálatas 3:24). A Lei e os aspectos sensoriais associados do Judaísmo não eram um fim em si mesmos, mas foram dados para a nossa formação e desenvolvimento, para nos preparar para o advento de Cristo. Sobre o outro mundo do reino espiritual, Paulo escreveu: "Estas são sombras das coisas vindouras, mas a substância pertence a Cristo…. Por que agem, como se você ainda estivesse vivo no mundo, você se submete a regulamentos – 'Não manuseie, Não prove, Não toque' (referindo-se a coisas que perecem à medida que são usadas) – de acordo com os preceitos e ensinamentos humanos?" (Colossenses 2:17-22).
A escassez dos símbolos
Considerando que o Judaísmo tinha uma infinidade de "sombras", existem apenas três símbolos exclusivamente associados ao Cristianismo bíblico – o batismo por imersão e as duas "ordenanças" simbólicas às quais, Paulo se refere em 1 Coríntios 11; a cobertura para a cabeça das irmãs e o pão e o cálice na ceia do Senhor. A escassez de símbolos no cristianismo enfatiza a sua importância, por isso é lamentável que o significado destes símbolos seja frequentemente prejudicado na cristandade, embora outros aspectos redundantes do Judaísmo sejam frequentemente mantidos.
Há três exemplos notáveis no Antigo Testamento em que a linguagem ou práticas simbólicas tinham a intenção de provocar os filhos dos israelitas a indagarem sobre o seu significado mais profundo. Primeiro, as doze pedras do deserto enterradas no Jordão e suas contrapartes retiradas do leito do rio e erigidas em Gilgal (Josué 4:21) testemunharam para sempre que Deus redimiu Seu povo com poder através do rio aberto. Segundo, o serviço da Páscoa (Êxodo 12:26) foi um lembrete de Sua promessa de vigiar e proteger Seu povo e de trazê-lo à sua eventual herança. Terceiro, os estatutos e testemunhos fixados nos umbrais das portas, portões e franjas de suas vestes (seja literal ou meramente metaforicamente) deveriam ser lembretes constantes da bênção que flui da submissão à autoridade de Deus (Deuteronômio 6:20).
O significado dos símbolos
Embora não implique uma correlação direta, as semelhanças entre esses símbolos do Antigo Testamento e do Novo Testamento são interessantes e sugestivas. No entanto, uma exposição detalhada está muito além do objetivo deste artigo. Vamos nos concentrar em um elemento-chave de cada um.
Olhando para trás, o batismo cristão é um testemunho do poder de Deus para libertar o crente da escravidão desesperada ao pecado, através da destruição do seu antigo eu, pela associação com Cristo na morte e ressurreição, para andar em novidade de vida com Ele.
Por outro lado, assim como na inauguração da Páscoa, quando Moisés instruiu o povo: "E quando chegardes à terra que o Senhor vos dará, como prometeu, guardareis este serviço" (Êxodo 12:25), então o Senhor Jesus antecipou seu cumprimento final quando beberia o cálice novamente com Seus discípulos "no reino de meu Pai" (Mateus 26:29). Consequentemente, em cada Dia do Senhor, ao comemorarmos Sua crucificação, ao celebrarmos a Ceia do Senhor, ainda olhamos para frente e afirmamos nossa confiança de que Deus cumprirá Sua promessa de aliança, assim como Paulo escreveu: "Porque todas às vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, proclamais a morte do Senhor até que ele venha" (1 Coríntios 11:26).
Finalmente, assim como Moisés preparou os israelitas para a sua vida na terra, instruindo-os a lembrarem-se constantemente da sua necessidade de se submeterem à autoridade de Deus, também a revelação simbólica da glória de Deus e a cobertura correspondente da glória do homem com um símbolo de autoridade afirmam o nosso compromisso coletivo de glorificar a Deus no presente por meio de nossa sujeição voluntária à Sua direção sobre todas as coisas.
A adequação dos símbolos
Esses símbolos cristãos transcendem a cultura e são duradouros em sua importância e aplicabilidade. Paulo não apenas se dirige aos santos em todos os lugares na introdução da carta, mas é inconfundível em seu elogio à igreja de Corinto pela lembrança dele e pela preservação fiel das tradições apostólicas "assim como eu as entreguei a você" (1 Coríntios 11:2).
As "tradições bíblicas" são frequentemente rejeitadas como mero comportamento corriqueiro ou habitual, e com razão quando são "tradições vãs" ou "tradições de homens". Contudo, implícita no uso da palavra por Paulo está a afirmação de que essas práticas foram transmitidas com autoridade apostólica e recebidas como tal. Eram práticas bem estabelecidas, cuja validade se baseava no ensino e no exemplo apostólico, ensino e exemplo, e formalmente reconhecidos pela sua aceitação por todo o corpo de crentes.
A Simplicidade dos Símbolos
Para encerrar, deve-se observar que cada uma das práticas simbólicas referidas é essencialmente simples. É nosso abençoado privilégio e alegria dar expressão a essas verdades preciosas que nos foram entregues de forma simples e simbólica. Esforcemo-nos para mantê-los e não nos interferirmos neles – seja por desobediência, por negligência ou mesmo por complicação excessiva. Lembre-se de que o Senhor Jesus repreendeu os fariseus e os escribas: "Em vão me adoram, ensinando como doutrinas mandamentos de homens. Vocês abandonaram o mandamento de Deus e se apega à tradição dos homens" (Marcos 7:7-8).
Harper Stephen
182. O que é uma igreja local?
Uma explicação simples de uma igreja pode ser extraída do significado da sua palavra grega "ekklesia", que é uma conjunção de duas palavras raiz, 1ª "ek" =fora de, e 2ª "klesia" =chamar.
Portanto, temos uma companhia de pessoas chamadas para fora. Esta palavra não é exclusiva da era cristã; era usado mais regularmente para se referir a uma reunião de cidadãos gregos, chamados de suas casas pela proclamação de um arauto. Eles se reuniram para considerar ou deliberar algum assunto de interesse comum.
Contudo, o Espírito Santo retirou a palavra do uso secular e colocou-a no reino espiritual, onde descreve um grupo do povo do Senhor, que se reúne ao Seu Nome. Primeiramente, eles foram chamados para fora do mundo pelo anúncio do evangelho, e agora salvos pela graça de Deus, foram reunidos para o Seu testemunho de interesse comum ao seu amado Senhor Jesus Cristo.
Quais são as características de tal igreja ou assembleia local?
Quando Moisés estava descrevendo o maná em Êxodo 16, porque não tinha igual, ele só conseguiu dizer como era – semente de coentro e mel. Para explicar a igreja ou assembleia, os escritores do Novo Testamento usam metáforas para contar como ela é. É bom gastar um tempo para considera-las, pois são essenciais para a nossa compreensão e muito distintos das aplicações. A doutrina pode ser baseada em metáforas, mas não em aplicações.
1º) A primeira metáfora é a "lavoura" (1 Coríntios 3:9).
Tem a ideia de um campo cultivado, ou jardim, plantado pela primeira vez quando as almas são salvas numa localidade através do trabalho evangelístico. Então os convertidos, como plantas, são nutridos com ensinamentos espirituais para que possam crescer. A formação de uma assembleia local deve sempre evidenciar esta ordem divina; não é o caso de alguns crentes simplesmente se mudarem para uma localidade e iniciarem uma nova assembleia. Além disso, a criação proporciona um local de trabalho onde nenhum membro precisa ficar ocioso. Mas o serviço a Deus é feito em comunhão com a assembleia, tendo em vista o seu crescimento e fertilidade.
2º) A segunda metáfora é um "edifício" (1 Coríntios 3:9 – edifício de Deus).
O projeto é Divino em caráter e detalhes. Pecadores obtendo a salvação quando o evangelho é pregado é o lançamento do alicerce. O ensino bíblico é construído sobre esse fundamento, à medida que os crentes são reunidos, ensinados e confirmados nas verdades da Palavra de Deus. O fundamento é Cristo; mas Ele também é a substância da superestrutura. O todo deve testificar dEle. É importante que cada prática de assembleia siga o padrão do Novo Testamento.
3ª) Então, a assembleia é o "templo de Deus" (1 Coríntios 3:16).
A palavra aqui para templo não é aquela que descreve as estruturas externas de beleza e design intrincado. É a palavra usada para designar o santuário interior, o mais sagrado de todos, o lugar santíssimo atrás do véu. Esse foi o local da arca com seu propiciatório, onde Deus se encontrou com Moisés e comungou com ele. A assembleia local é um lugar onde Deus habita entre o Seu povo, onde Ele dá a conhecer a Sua presença nas suas reuniões, onde Ele comunga através da Sua Palavra. Os crentes, por sua vez, precisam exercer reverência, respeito e dignidade de acordo com Sua presença. O pecado ou a contaminação nunca poderão ser tolerados no templo de Deus.
4ª) Em 1 Coríntios 5:7, a assembleia local é considerada um pão ázimo.
Esta estranha metáfora nos leva de volta à comemoração da Páscoa em Israel. Após a festa, havia um período de sete dias durante os quais não se encontrava fermento em suas casas. O fermento era um ingrediente corruptor e lembrava-lhes o Egito. Assim, na assembleia, qualquer coisa que possa introduzir contaminação carnal ou influência mundana deve ser julgada e removida.
5ª) A igreja local é vista também como, "Corpo" (1 Coríntios 12:27).
Devemos observar que, não é (o) Corpo, com fazem muitas traduções bíblicas, mas simplesmente "Corpo". No contexto de 1 Coríntios 12, se descreve a função, coordenação e unidade de propósito, onde cada membro, por sua atividade no corpo, contribui para a saúde e o bem-estar do todo. Cada membro da assembleia local é comparado a uma parte do corpo que permite o funcionamento da mesma. Deus dá a cada crente, um papel a cumprir e esta é uma das razões pelas quais é importante estar presente em todas as reuniões da assembleia. Se alguém se ausenta voluntariamente, é como quando um braço é imobilizado numa tipoia – o outro braço deve compensar e ficar sobrecarregado, enquanto o braço inativo atrofia.
6ª) A igreja local vista na metáfora de, "virgem casta" (2 Coríntios 11:1-3).
Paulo compara a assembleia a uma jovem noiva prestes a se casar. Sua lealdade e afeto estão centrados apenas em seu futuro marido. Tal é a devoção da assembleia ao Senhor Jesus. Fiel a Ele no meio de um mundo infiel, deve ser preservado da aceitação de qualquer falso mestre ou ensinamento que possa afastar o povo de Deus da lealdade somente a Cristo. Satanás fez isso no Éden e tem séculos de experiência. Ele envia lobos em pele de cordeiro. Estes são candidatos a mestres que parecem promissores, mas que, ao aproveitarem a liberdade da assembleia para defenderem as suas opiniões pessoais, quer pública, quer privadamente, atraem seguidores. Em pouco tempo, uma assembleia fraca é corrompida pela simples devoção ao Senhor e a comunhão é prejudicada.
7ª) A igreja local vista na metáfora de, "Casa de Deus" (1 Timóteo 3:15).
Paulo, usando esta metáfora, dirige o nosso pensamento para a administração e autoridade na assembleia. Observe que o artigo está ausente, indicando que está em vista o caráter, e não a designação de qualquer assembleia como casa de Deus, que é como a cristandade encara erroneamente seus edifícios. O termo refere-se a um grupo de pessoas que vivem sob o mesmo teto, sejam familiares ou empregados. O leitor pode encontrar outras referências a este termo tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. É evidente que em cada família há submissão à autoridade. O homem, marido, pai tem a responsabilidade de guiar e governar a sua família de uma forma ordenada e digna, e os membros devem submeter-se à sua liderança. O comportamento naquele lar corresponde aos princípios que ele aplica. A assembleia local é onde a Palavra de Deus é a única autoridade. Não é nem uma democracia (todos governam) nem uma autocracia (um homem governa), mas sim uma teocracia (Deus governa). Os superintendentes que guiam a assembleia derivam sua autoridade somente da Palavra de Deus, e os crentes se submetem como ao Senhor. Portanto, numa sociedade que é indisciplinada e casual, há decoro e vestimenta que são adequados aos crentes quando eles se reúnem ao Nome do Senhor Jesus.
8ª) Passamos para a primeira carta de Pedro e notamos uma metáfora, "sacerdócio, tanto santo quanto real" (1 Pedro 2:5,9).
Por causa das referências aos dons (1 Pedro 4.10-11) e aos presbíteros (1 Pedro 5.2), é evidente que Pedro tem a assembleia em vista quando fala do "sacerdócio, tanto santo quanto real". Estes crentes a quem ele escreve, podem ter estado longe de sua terra natal, mas estavam em comunhão de assembleia. No culto de Israel, os sacerdotes não funcionavam como indivíduos, mas como uma ordem seleta, agindo em conjunto no seu caráter intermediário. Eles tinham que estar no tabernáculo para funcionar. E embora a nossa abordagem espiritual individual a Deus seja de caráter sacerdotal, é apenas nas reuniões da assembleia que o sacerdócio do Novo Testamento é visto a funcionar como pretendido. A assembleia local não é o único lugar onde a adoração, o louvor e a intercessão devem ser oferecidos a Deus e, de acordo com 1 Timóteo 2:1-7, em igreja são oferecidas orações intercessoras a favor de muitos. A Ceia do Senhor no primeiro dia da semana é a oportunidade mais rica para oferecer a Deus os nossos sacrifícios de louvor, embora toda reunião deva ser marcada pela adoração. A reunião de oração é especialmente o momento de intercessão.
9ª) Descobrimos que Pedro compara a assembleia local a um "rebanho" (1 Pedro 5:2).
A ênfase não está na fraqueza e desobediência das ovelhas, mas no valor da assembleia para Deus e, portanto, no objeto especial de Seu cuidado e proteção. Ele capacitou os homens como sub pastores para alimentar e socorrer esses cordeiros que são Seus, protegendo-os do perigo. Eles conseguem isso preparando alimentos apropriados da Palavra para atender às diversas necessidades, para que possam crescer. Mas alimentar está ligado a liderar, ou seja, viver o exemplo para que as ovelhas sigam. Um dia, aparecerá o Pastor Supremo, a quem tanto as ovelhas como os pastores prestarão contas.
10ª) Para a nossa última metáfora, consultamos a visão de João sobre Patmos. Em Apocalipse 2 e 3, as 7 assembleias na Ásia são chamadas de "candeeiros de ouro".
O metal precioso sugere o seu valor, valioso para Cristo que os segura na Sua mão direita. Como candeeiros, eles são portadores de luz nas cidades onde estão. Mas notamos que Cristo está no meio destes sete candeeiros – eles O cercam. Assim, a luz deles brilha sobre Ele; eles O iluminam. O propósito da luz do testemunho da assembleia é mostrar Cristo num mundo escuro. A fonte de energia da luz, o "óleo", não se vê. Isso vem de dentro. Reunindo essas características, aprendemos que a assembleia é de grande valor na estimativa de Deus; foi colocado por Deus em seu local e, pelo poder do Espírito, foi projetado para dar testemunho da gloriosa Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
É uma grande bênção ser salvo do inferno. Mas é uma bênção maior ser salvo e fazer parte da assembleia de Deus onde, em comunhão com o Seu povo, posso desfrutar da Sua presença. E glorificamos a Cristo pela nossa adoração e testemunho até que Ele nos leve para casa.
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)
Paul Robinson
183. Os “filhos de Deus” em Gênesis 6 são os anjos de Judas 6?
Primeiro, a frase "filhos de Deus" não significa necessariamente anjos. Isso (no caso dos anjos) acontece 3 vezes (Jó 1:6; 2:1; 38:7), mas pelo menos 4 vezes essa palavra descreve o relacionamento de Israel com Deus como "filhos" (Êxodo 4:22; Oséias 1:10; Deuteronômio 14:1; Salmos 73:15). Isto expressa uma relação de favor com Deus, distinta de todas as outras; esse pode ser o seu pensamento em Gênesis 6.
Em segundo lugar, no seu contexto, estes versículos são a ponte entre a genealogia dos homens piedosos no capítulo cinco e a corrupção que exigiu o julgamento justo do dilúvio. Visto que outras passagens consideram os homens – e não os anjos caídos – responsáveis pelo mal daqueles dias (Gênesis 6:12, 13; Jó 22:15-17; 2 Pedro 2:5), o contexto favorece a visão de que a falta de separação por uma geração humana favorecida acelerou a corrupção.
O contexto em Judas também parece diferenciar as duas passagens. Com o Egito e Sodoma, esses anjos fazem parte de um dos muitos "grupo de três" de Judas. Tal como acontece com aqueles mencionados em Judas 4, todos pecaram enquanto eram privilegiados e depois sofreram julgamento, como aconteceria com aqueles no versículo 4. Se o pensamento de Lúcifer trouxe julgamento imediato (Isaías 14:12, 13), o pecado destes em Judas 6 também deve ter exigido o banimento imediato para cadeias eternas. Mesmo que os "filhos de Deus" em Gênesis 6 fossem anjos, eles eram anteriormente anjos caídos (julgados), que por um período prolongado – como se supõe – coabitaram com mulheres.
Esta não é uma ilustração daqueles que pecam enquanto são privilegiados e, portanto, sofrem severamente.
Se há um período da história sobre o qual gostaríamos de mais informações é o período antediluviano, entre a queda e o dilúvio. A narrativa de Gênesis mostra-se muito reticente, por uma razão muito simples. Mil e seiscentos anos são concentrados em duas páginas, de modo que não podemos ignorar a ligação significativa entre a queda e o dilúvio, quer vejamos ou não qualquer outro elemento. O escritor inspirado omite tudo que não é vital ao seu propósito. A narrativa bíblica jamais se preocupa com o simples lapso de tempo, e sim com a importância moral dos eventos. Entre a queda e o dilúvio, o desenvolvimento dos fatos é quase dramático. Vamos observá-los com cuidado.
No capítulo 3 vemos a queda.
No capítulo 4, temos Caim e sua linhagem — "os filhos dos homens".
No capítulo 5 aprendemos sobre Sete e sua linhagem — "os filhos de Deus".
No capítulo 6 as duas linhas se cruzam, com resultados morais trágicos.
No capítulo 7 o juízo é executado — o dilúvio.
Esta sequência dramática, uma vez observada, não pode mais ser esquecida. A separação entre as duas linhagens era vital; sua mistura, fatídica. A condição moral resultante foi espantosa; a corrupção, extrema. Tornou-se inevitável a intervenção divina, assim como o castigo. O dilúvio foi enviado como um ato de juízo e também como uma medida de salvação moral. Esta é a primeira grande lição bíblica de que são indispensáveis a separação e a intransigência. A insistência divina em todo o tempo é para que a descendência espiritual "saia e se separe".
Alguns afirmaram que os "filhos de Deus" mencionados no capítulo 7 são anjos decaídos, isto é, anjos "que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio", referidos em Judas 6.
O falecido Dr. E. W. Bullinger, exegeta capaz, mas frequentemente fantasioso e falho, defende esta ideia. Um pouco de reflexão mostrará como ela é absurda. Os anjos são seres espirituais, assexuados, e, portanto, incapazes de experiências sensuais ou processos sexuais; também não podem reproduzir-se. A sugestão de esses anjos perversos de alguma forma terem tomado a forma humana e se tornado capazes de uma atividade sexual não passa de um disparate, como qualquer um pode verificar. A ideia é inconcebível tanto no terreno psicológico como no fisiológico.
Todos sabemos como é peculiarmente delicada, sensível e intrincada a inter-relação que existe entre o corpo humano e a mente ou a alma humana. Isto se deve ao fato de a alma e o corpo terem nascido juntos e estarem misteriosamente unidos em uma personalidade humana. É assim que as sensações do corpo se tornam experiências da mente. Se os anjos simplesmente tomassem corpos e habitassem neles, isso não os capacitaria de modo algum a experimentar as sensações desses corpos, pois os anjos e os corpos não estariam unidos em uma personalidade, como no caso da mente e corpo humanos. Na verdade, os corpos não poderiam ser de carne e osso, pois, não habitando neles o espírito humano, o corpo humano de carne e osso morre.
Quando o Senhor Jesus veio a este mundo para tornar-se nosso Salvador, Ele não tomou para si apenas um corpo humano e habitou nele. Tal coisa não o tornaria humano, não seria uma encarnação real. O Filho de Deus não tomou somente um corpo humano, Ele tomou para si a nossa natureza humana; e para isto teve de nascer.
Se esses "filhos de Deus" em Gênesis eram anjos decaídos, a única maneira de se tornarem humanos e se casarem e terem filhos (Gênesis 6:1, 4) seria submetendo-se a um nascimento humano real — isto é, sendo encarnados e nascidos de mães humanas, mas sem pais humanos! Pensar que isto aconteceu é absurdo.
Há que afirma que "filhos de Deus" é uma descrição aplicada apenas às criações diretas de Deus — isto é, os anjos, o primeiro homem, Adão (Lucas 3:38) e aqueles na presente dispensação que constituem uma "nova criação" em Cristo (2 Coríntios 5:17; Romanos 8:14 etc.); mas ele certamente se esquece de versículos como Isaías 43:6 e 45:11, onde a expressão "meus filhos" é equivalente a "filhos de Deus".
Porque só agora, e não antes, quando ainda Eva estava no Éden, sendo a mais linda e perfeita mulher já criada, ou também depois.
Ignoremos completamente, então, a estranha ideia de que esses "filhos de Deus" em Gênesis eram os anjos decaídos, que "não guardaram o seu estado original" a fim de coabitar com as mulheres da terra. Além das objeções que já levantamos, a impressão que a Escritura nos transmite é de que a queda desses anjos — como a de Satanás — ocorreu muito antes de o homem ser criado na terra.
184. A que se refere “a justiça de Deus” (Romanos 3:22)?
O tribunal e a lei de Deus exigem justiça. Romanos 3:10 afirma categoricamente que o réu (homem) não satisfez o requisito. O homem é culpado.
"Pela redenção que há em Cristo Jesus", o culpado é declarado "justo perante Deus", justificado (versículo 24).
A "propiciação" (versículo 25) satisfez os requisitos do tribunal e o Juiz declara que o culpado tem uma posição justa.
Esta posição justa é a "justiça de Deus" que a lei não produziu, mas foi "testemunhada pela lei e pelos profetas" (versículo 21, ver também Romanos 4:1-8).
Esta "justiça de Deus" é recebida pela fé, independentemente do mérito, unicamente através do sangue de Cristo (versículo 22, com Romanos 5:1; 3:24; 5:9).
Não é uma justiça trocada – um registro de pecado removido e um registro de justiça que o substitui.
É uma justiça baseada nos requisitos de Deus sendo atendidos pelo sacrifício.
Nem esta é uma justiça enxertada, como se agora possuíssemos um atributo de Deus, a justiça de Deus.
É uma posição justa, declarada e contabilizada por Deus e baseada na satisfação que Deus recebeu do sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo.
185. A justiça de Cristo é imputada ao crente?
Não! Muitos dos evangélicos mais conhecidos apuseram a sua assinatura num manifesto de crença cristã que defende isto.
O ensino consistente do Novo Testamento é que fomos declarados, fomos considerados ou nos tornamos "a justiça de Deus".
Por exemplo, em 2 Coríntios 5:21, alguns ensinam que Deus colocou nossos atos de pecado na conta de Cristo e Ele sofreu por eles.
De uma forma perfeitamente equilibrada, ensinam eles, Deus agora coloca os atos de justiça de Cristo em nossa conta. Nossos pecados se tornaram Seus; Sua justiça se torna nossa.
O que se tornou nosso, de acordo com 2 Coríntios 5:21, foi a "justiça de Deus" (sem artigo, "a"), que não é um termo que descreve a vida justa de Cristo na terra.
Cristo levou nossos pecados, mas Ele mesmo era santo; "Ele não conheceu pecado" antes, durante e depois da cruz.
Ele pagou o preço dos nossos pecados, mas eles não se tornaram Seus.
Tornamo-nos "a justiça de Deus", justos, conforme exigido por Deus, através da morte de Cristo, não da Sua vida.
186. Qual é a nossa condenação em Adão?
Romanos 5:15-19 estabelece uma comparação e contraste entre Adão e Cristo.
No versículo 15, eles são comparados, pois ambos agem para trazer consequências para muitos.
São chefes federais que atuam como representantes de todos os seus "constituintes".
O versículo 18 resume o contraste: um homem, um ato de transgressão, condenação para todos nele versus um Homem, um ato de justiça, justificação para todos nEle, resultando em vida.
Falta uma parte desse contraste em relação à Adão, o resultado.
Isso é dado nos versículos 17 e 15, morte.
A condenação não é o pecado de Adão imputado a nós; é a morte.
Na verdade, o versículo 19 deixa claro que um ato de Adão definiu nossa posição como pecadores, e não nossa culpa através da imputação de seu pecado.
Da mesma forma, o único ato de Cristo que satisfaz a justiça de Deus define a nossa posição como justos (não através da imputação da Sua justiça).
Nenhum incrédulo será condenado no Grande Trono Branco pelo pecado de Adão.
Os atos desses chefes federais (Adão e Cristo) não foram nossos atos, nem agimos neles; eles eram considerados nossos representantes.
187. Por que vocês não têm um pastor?
Um jovem casal percebe que falta algo na placa do lado de fora do prédio da assembleia ou igreja local. Eles entram enquanto uma reunião está acontecendo. Um homem está orando. Ele é o pastor? Então, outro pede um hino? É ele? Ao final da reunião eles ainda não têm uma resposta. Quando um crente se aproxima, ele vai direto à pergunta: "Por que você não tem um pastor?"
As assembleias têm um Pastor celestial (Pastor) em Cristo (1 Pedro 2:25) e pastores terrenos também (Efésios 4:17, Atos 20:28). Mas nosso casal está pensando em um indivíduo que seja o ministro oficial e chefe da igreja, da congregação. A pergunta deles é relevante. Afinal, as organizações geralmente têm um líder que preside suas "reuniões" oficiais. Um presidente ou primeiro-ministro se dirige a uma legislatura, um CEO se reporta a uma empresa, um coach instrui uma equipe e geralmente um pastor lidera e prega para uma congregação. Então, por que, em uma assembleia local, participam vários homens em vez de um pastor?
Antes de responder a esta pergunta, é importante lembrar que uma assembleia local é diferente de qualquer organização humana. Foi chamada (1 Coríntios 1:9), comprada (Atos 20:28) e habitada (1 Coríntios 3:16,17) pelo próprio Senhor. A assembleia é descrita como "corpo de Cristo" em 1 Coríntios 12:27 e é melhor comparada a um organismo com cada membro compartilhando a mesma vida espiritual (1 Coríntios 10:17). Como tal, a assembleia funciona de forma diferente de uma mera organização humana.
A primeira razão pela qual a assembleia está estruturada e funciona desta forma é porque a sua prática se baseia em realidades espirituais. Na Bíblia, as verdades não são apenas peças de museu para contemplar e admirar. Eles foram planejados pelo Senhor para serem implementados e desfrutados. Especificamente, as três grandes realidades que se relacionam com a participação nas reuniões da assembleia são o sacerdócio de todos os crentes (1 Pedro 2:5-9), a direção do Espírito Santo na assembleia (1 Coríntios 3:16; 12:3-11) e a apresentação de dons espirituais pelo Senhor aos presentes na assembleia (1 Coríntios 12:4-7).
O sacerdócio de todos os crentes é uma bênção maravilhosa que acompanha a salvação. Significa que, através do Senhor Jesus, o crente pode entrar diretamente na presença de Deus em oração e adoração (Hebreus 10:19; 13:15) a qualquer momento. Quando o crente entra na comunhão de uma assembleia, ele ou ela tem agora o privilégio de funcionar como parte de uma companhia de sacerdotes santos, tal como o Senhor planejou. Embora todos os crentes sejam sacerdotes, as Escrituras afirmam claramente que apenas os homens têm a responsabilidade de exercer o seu sacerdócio liderando a assembleia em adoração audível, oração e ensino (1 Coríntios 14:34; 1 Timóteo 2:11,12).
A presidência do Espírito Santo na assembleia significa que, em vez de um pastor ter a posição oficial em todos os cultos, o Espírito Santo tem autoridade e liberdade para presidir e dirigir a reunião. A Reunião da Ceia do Senhor e a de Oração são as ocasiões em que isso é especialmente evidente, à medida que diferentes irmãos solicitam hinos, lideram a oração ou ministram a Palavra conforme a orientação do Espírito Santo. Existem, é claro, algumas reuniões de assembleia vistas no Novo Testamento, como uma reunião do evangelho ou uma reunião de ministério, quando irmãos com dons específicos são selecionados para falar em uma única ocasião (Atos 20:7) ou para uma série extensa de reuniões (Atos 6:4).
Estas reuniões não negam a presidência do Espírito Santo porque o próprio Senhor as sancionou e os indivíduos escolhidos para falar receberam essa responsabilidade para a ocasião. Eles não têm nenhum papel oficial e permanente na assembleia, com exclusão de outros. A apresentação dos dons espirituais pelo Senhor aos homens na assembleia é descrita em 1 Coríntios 12:4-12. O ponto principal a ser observado é que o Senhor dá a cada homem um dom ou dons e nunca confere a um homem todos os dons ou responsabilidades na igreja. Ter apenas um pastor ou uma seleta equipe de homens responsáveis pela participação pública nas reuniões da igreja é uma negação desta grande realidade espiritual. É importante lembrar que a oração e a adoração não são dádivas, mas privilégios concedidos a todos os irmãos da assembleia.
Uma segunda razão pela qual vários homens participam numa reunião de assembleia é porque ela segue o padrão bíblico. Como um modelo, o Novo Testamento apresenta um padrão positivo para a ordem das reuniões numa assembleia local. O padrão funcionou nas primeiras assembleias, conforme sugerido em Atos 13:1 e 1 Coríntios 14. Embora os dons de sinais descritos em 1 Coríntios 14 fossem para aquela época (1 Coríntios 13:8-10), no entanto, quando o Espírito de Deus presidiu, vários os homens edificaram a assembleia (1 Coríntios 14:26) participando com espírito e entendimento (vs. 14, 15).
Uma terceira razão seria que fazê-lo cumpre a intenção do Senhor. No Antigo Testamento, o Senhor originalmente queria que Israel fosse um reino de sacerdotes (Êxodo 19:4-6). Por causa do seu fracasso, Deus selecionou a família de Arão para servir como sacerdotes para a nação (Êxodo 28:1). Mesmo assim, a intenção original do Senhor era que todo o Seu povo fosse sacerdote e participasse na adoração (João 4:23). Isto encontrou o seu cumprimento no Novo Testamento, pois agora, na igreja local, temos o tremendo privilégio de funcionar como sacerdócio nas nossas reuniões.
Uma quarta razão prática para uma pluralidade de homens participarem numa assembleia é que isso facilita o crescimento espiritual do crente individual e da assembleia como um todo (1 Coríntios 14:26). Serve tanto para preservar uma pessoa, que está no centro das atenções, do orgulho e da auto-exaltação, como também para proporcionar a outros uma oportunidade de se prepararem e participarem. Ao fazer isso, eles desenvolvem sua inteligência e exercício espiritual. Além disso, a grande variedade de participação na reunião pode proporcionar edificação espiritual e enriquecimento para as diferentes personalidades dos crentes que compõem a assembleia.
Uma razão final, e talvez a mais importante, pela qual uma assembleia funciona dessa maneira é que ela promove a glória de Deus (2 Coríntios 1:20, Efésios 3:21). A assembleia O honra diante dos observadores visíveis e invisíveis que veem os crentes obedecendo à Palavra de Deus, mesmo na ordem de suas reuniões (1 Coríntios 11:10, 14:25).
Então, não existe liderança na igreja local?
Existe, o Espírito Santo, como também existem os anciãos que foram levantados por Ele.
Em Atos 20:17 faz-se referência aos anciãos da Igreja. A versão brasileira traduz a palavra por "presbítero" em vez de ancião, que significa o mesmo.
Depois, em Atos 20:28, os mesmos "anciãos" ou "presbíteros" são chamados superintendentes e a palavra em causa é "bispos".
Em Tito 1:5, Paulo instrui Tito a estabelecer presbíteros; e no versículo 7 dá-nos as suas qualificações, referindo-se a eles como "bispos", indicando mais uma vez que "anciãos" e "bispos" significam o mesmo.
a). Em primeiro lugar, os anciães devem apascentar o rebanho de Deus (1 Pedro 5:2; Atos 20: 28). Eles fazem isto pelo ministério da Palavra de Deus. Isto não implica necessariamente ministério público, mas pode ser particular
b). Em segundo lugar, devem fazer o trabalho dos que cuidam do rebanho, segundo Pedro nos diz. Que significa isto? O resto do versículo explica o que não significa, e também o que significa:
Não significa serviço imposto. Deve ser espontâneo.
Não é trabalho com fins lucrativos, "nem por torpe ganância", mas de boa vontade.
Não significa dominar sobre a herança de Deus. O ancião não é um ditador, nem um capataz. Mas é um exemplo do rebanho. O ancião deve lembrar-se que o Bom Pastor não impele as suas ovelhas - guia-as. Todo o "sub-pastor" devia fazer o mesmo.
Do ponto de vista humano, parece mais fácil centralizar a autoridade para facilitar a emissão de ordens e requerer obediência. Mas esse não é o propósito de Deus. Os anciãos conseguem superintender a igreja local convenientemente, tornando-se exemplos do rebanho.
c). Dum modo real os anciãos são o exemplo da Igreja. Onde houver anciãos piedosos, que deem ao Senhor o primeiro lugar nas suas vidas e que irradiem a graça do Senhor, aí podemos ver uma Igreja espiritual e próspera; por outro lado, onde os anciãos se deixam dominar pelas coisas, do mundo e por outros interesses materiais, a ponto de lhes faltar tempo para ler a Palavra de Deus e orar, é de esperar que haja frieza e fraqueza no rebanho.
d). Os anciãos também são exortados a suportar os fracos - "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (Atos 20:35). O contexto implica que deviam estar prontos a ajudar os que estavam passando necessidades. E interessante notar aqui que, em vez dos anciãos viverem do rebanho, são exortados a repartir com o rebanho.
e). Finalmente, os anciãos devem redarguir, repreender e exortar (2 Timóteo 4:2; Tito 1:13; 2:15). Tudo o que for contrário a fé deve ser repreendido com toda a autoridade. Todos os que não suportam a sã doutrina, devem ser redarguidos e exortados. O ancião deve lutar diligentemente pela Fé.
Don Draper
188. O governo piedoso da igreja local
Um exame das características das assembleias ou igrejas locais do Novo Testamento mostra que cada uma é autônoma. Não existe um órgão governamental central que estabeleça políticas ou julgue assuntos, mas cada assembleia é responsável somente perante o Senhor. Mostra que cada membro da assembleia é membro de um sacerdócio espiritual, onde não se distingue gênero nem idade. Uma terceira característica essencial aparente é que cada membro possui um dom espiritual do Senhor para o funcionamento prático da assembleia.
A partir destas características, pode-se concluir que a assembleia é uma organização sem governo, orientação ou controlo, funcionando de forma desordenada. Mas no mesmo Novo Testamento aprendemos que o Espírito Santo estabelece uma ordem administrativa para governar cada assembleia, uma ordem vista no trabalho e na responsabilidade dos presbíteros (anciãos). É bom destacar que estes homens, são sempre vistos no plural, e têm a responsabilidade de liderar, orientar, exortar, admoestar e cuidar das necessidades espirituais da assembleia. Eles também são responsáveis pela divulgação do evangelho por parte da assembleia e dos obreiros nessa divulgação. Outros termos que se referem a esses anciãos incluem "pastores" e "superintendentes". Esses termos descrevem seu trabalho. Sua autoridade deriva somente da Palavra de Deus, e eles são responsáveis perante o próprio Senhor.
Provavelmente a maior deficiência no testemunho da assembleia local é a falta de presbíteros piedosos para cuidar do povo do Senhor. O progresso no seu crescimento espiritual, a proteção contra o erro, a recuperação dos apóstatas e a manutenção da pureza da assembleia, tudo depende de esses homens serem levantados por Deus.
"Ancião" é um termo comparativo que normalmente se refere à idade cronológica, mas quando se refere ao governo da assembleia refere-se à maturidade espiritual.
Isto contrasta com o termo "novato", que Paulo usa em 1 Timóteo 3. Em outras palavras, "presbítero", descreveria um homem que foi salvo, amadureceu em sua caminhada com o Senhor, em seu crescimento nas Escrituras e em adquirir sabedoria com respeito à vida e responsabilidade cristã. Durante esses anos, seu progresso seria tal que sua vida e seu lar seriam exemplos a serem seguidos pelos santos. E, livre de censura, ele exemplifica ao mundo o verdadeiro cristianismo. Pode-se ver facilmente que tais características não são desenvolvidas da noite para o dia. Além dessas características morais, ele tem conhecimento da Palavra de Deus e certa capacidade de ensiná-la, de modo a instruir os santos, na verdade, e a reconhecer e refutar o erro.
Mas, como os mais anciãos chegam a esta posição de liderança? A assembleia não é uma democracia, onde a maioria elege os anciãos, nem uma autocracia, onde um homem decide. Longos anos de companheirismo na assembleia e cabelos grisalhos não trazem automaticamente reconhecimento como superintendente.
Nos primeiros dias dos apóstolos, havia a indicação de anciãos por Paulo e Barnabé ou por uma pessoa enviada por Paulo para esse fim específico, tal como Tito. Estas indicações foram anteriores à compilação das Escrituras do Novo Testamento. Sem dúvida, esta ação implicava discernimento apostólico. É provável que esses homens fossem cronologicamente mais jovens, devido à novidade da obra. Mesmo os apóstolos indicando os anciãos naqueles primeiros dias, é bom notar que eles só faziam isto pelo poder apostólico, de ver e saber coisas, que estavam além dos outros crentes, pois não tinha o Novo Testamento completo como temos hoje.
Dizem-nos que os presbíteros de Éfeso foram feitos assim pelo Espírito Santo. Isto envolveria que o dom necessário fosse dado a eles pelo Espírito, e pode, naquele momento, ter envolvido alguma comunicação do Espírito Santo, como visto na marcação de Paulo e Barnabé em Antioquia, em Atos 13.
Nos nossos dias, com a vantagem do Novo Testamento e do seu padrão, um presbítero é reconhecido. Ele deve ser identificado pelo exercício precoce deste dom que Deus lhe deu e pelo caráter moral elevado e consistente de sua vida. Um homem compassivo, um presbítero, mostrará habilidade em alimentar os santos com a Palavra, em visitar os enfermos e os desviados, e em demonstrar hospitalidade.
Os santos terão confiança nessa pessoa. A isso eles se submeterão com prazer. O procedimento sábio é que os outros anciãos deixem espaço para ajudar em seu trabalho, e orações de todos seriam apreciadas por esta decisão. Depois de um tempo apropriado, ficará evidente para todos os membros sobre este assunto, de forma que ele seja então reconhecido nesta qualidade.
É importante observar as preposições usadas para descrever a posição do ancião entre o povo de Deus. "Entre" (1 Pedro 5:1) e "sobre que" (Atos 20:28) falam de sua unidade com os santos. "Velar" (Hebreus 13:17) significa literalmente "estar diante", apontando para a importância de "liderar" em vez de "conduzir" um rebanho de ovelhas. "Servir" (1 Pedro 5:3) é a importância de ser um exemplo ou modelo cuja fé deve ser imitada.
"Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho "sobre que" o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (Atos 20:28)
"Aos presbíteros, que estão "entre" vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar." (1 Pedro 5:1)
"Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque "velam" por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13:17)
"Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas "servindo" de exemplo ao rebanho." (1 Pedro 5:3)
Ser presbítero é uma responsabilidade que exige grande humildade e temor de Deus. A assembleia herda o caráter dos anciãos. Embora alguns aspirassem ao cargo, Pedro nos lembra de três perigos que devemos evitar para que a assembleia não sofra.
Primeiro, um irmão pode ser hesitante, duvidoso em agir como presbítero e não assumir a responsabilidade. Pedro diz que o presbítero não deve assumir a supervisão "por constrangimento". Ele pode sentir indignidade ou incompetência.
Qualquer verdadeiro ancião pode chegar a faz isso. Ou ele pode não querer a responsabilidade. Certamente seria mais fácil ir e vir às reuniões, talvez participar um pouco, mas não ter que se preocupar com quem falta e por quê. Abrir mão do sono para ter tempo com Deus e Sua Palavra em troca de alimento para o povo de Deus não seria tão necessário. Um homem habilitado como presbítero deve servir de boa vontade, como se fosse ao Senhor.
O segundo perigo é assumir a tarefa de supervisionar o rebanho por causa de algum motivo material ou pessoal. Pedro diz: "não por ganância". É certamente apropriado que a assembleia tenha comunhão prática com o presbítero no seu trabalho, se houver necessidade (o que é diferente do que temos hoje nas denominações um "pastor remunerado"). Seu trabalho para o Senhor pode implicar despesas extras, exigir tempo longe do trabalho e envolver o uso de seus próprios recursos. Para cuidar da assembleia, ele pode não aceitar promoção do empregador secular e, consequentemente, não ganhar um salário maior ou até mesmo, perder o emprego. Poucas assembleias são sensíveis a estas coisas.
O terceiro perigo é o de um presbítero se tornar "o presbítero". Pedro adverte contra "dominar a herança de Deus". O maior perigo para a saúde de qualquer assembleia local é a presença de um espírito de "Diótrefes" (3 João), num dos seus presbíteros. Insiste na última palavra em qualquer decisão; ele determina qual é a posição da assembleia sobre qualquer assunto; ele dá todo o ministério e controla os ministros visitantes da Palavra. Ele geralmente possui uma personalidade imponente, de modo que os outros anciãos que estão lá relutam em divergir dele.
Consequentemente, os crentes começam a sofrer, e muitos, entram em desânimo. Por esta razão, Deus enfatiza a pluralidade dos presbíteros. Nenhuma proporção de presbíteros/membros é dada no Novo Testamento, mas dois presbíteros dificilmente poderiam cumprir a responsabilidade de um grupo de 60 irmãos e 6 dificilmente seriam necessários para um grupo de 40. A mente de cada presbítero piedoso é importante, e as decisões não devem ser tomadas até que todos os anciãos estejam de acordo. Esta unidade entre os anciãos é essencial para uma boa liderança. Não "dominar" sugeriria que a resposta dos crentes da assembleia deveria ser respeitado e apreciado.
No serviço dos levitas no Antigo Testamento, era reconhecido que o trabalho do Tabernáculo exigia força física, por isso Deus disse que o período de serviço ativo era dos 25 aos 50 anos de idade. Tais parâmetros não são dados com respeito à assembleia do Novo Testamento, onde a ênfase está no trabalho espiritual. No entanto, deve ser reconhecido que a idade avançada traz consigo as suas próprias limitações, não só na capacidade de enfrentar a tensão de tal responsabilidade, mas muitas vezes na capacidade de se relacionar com os problemas da saúde física. Estes anciãos mais maduros e experientes deve animar os mais jovens.
Como Moisés para Josué, Elias para Eliseu e Paulo para Timóteo, os presbíteros sábios encorajarão e orientarão os anciãos mais jovens. Assim, a passagem do bastão não deixará os santos sem os cuidados que tanto necessitam, enquanto o ancião mais velho ainda poderá estar disponível como conselheiro.
É evidente, portanto, que Deus estabeleceu uma ordem piedosa no governo da assembleia e à qual Ele nos instrui a nos submetermos. Sendo humano, o presbítero não é infalível em seu julgamento, mas onde um crente pode discordar em algum ponto, ele deve deixar isso com o Senhor, sabendo que os presbíteros são responsáveis perante Ele.
Paul Robinson
189. Recepção na assembleia local de divorciado?
Não pode haver argumento de que os culpados de imoralidade devam ser disciplinados e afastados da assembleia, pois é isto que ensina o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 5. Onde houver cessação de tal comportamento e verdadeiro arrependimento, deverá haver restauração no devido tempo. Contudo, se houver um divórcio e qualquer uma das partes "casar novamente" enquanto o parceiro original ainda estiver vivo, então, de acordo com os vários textos bíblicos, eles estarão vivendo em adultério. Tais coisas não podem ser permitidas na comunhão da assembleia enquanto continuarem nesse estado, uma vez que não podemos receber pecado na assembleia.
Isto leva-nos à controversa questão da posição daqueles que foram salvos após o seu divórcio e "novo casamento". Se o raciocínio do artigo (Divórcio e Novo Casamento), baseado apenas nas Escrituras, tiver sido seguido, então teremos que concordar que o "novo casamento" não invalida o casamento original. Portanto, tais pessoas estão, na verdade, vivendo em adultério. O seu pecado é remido por Deus no momento da sua salvação. Alguns argumentarão que por causa disso deveriam ser recebidos na irmandade. Contudo, a recepção depende, entre outras coisas, da disposição de "continuar firmemente na doutrina dos apóstolos" (Atos 2:42), e já vimos o que era essa doutrina em conexão com a santidade de vida e testemunho. A questão toda não é a sua posição à vista de Deus como resultado da sua salvação, mas a sua posição atual na terra, que é a de viver em adultério.
A assembleia local, o templo de Deus, deve ser santa (1 Coríntios 3:17). Se este padrão for mantido, aqueles que vivem num relacionamento adúltero não poderão ser recebidos. Devemos lembrar que se tal fosse recebido, estaríamos dizendo que Deus tem dois padrões, um para os salvos e outro diferente para os não salvos. A sugestão é que seria pecaminoso que pessoas não salvas vivessem em adultério, mas se salvas, seu relacionamento se torna santo. A salvação não torna santas as ações pecaminosas.
Se acreditarmos que aqueles que foram salvos após tal "novo casamento" deveriam ser recebidos na comunhão, então devemos enfrentar a seguinte situação. Um irmão em comunhão casa-se com uma divorciada não salva e, como consequência, tem de ser afastado da assembleia. Posteriormente ela é salva. Pelo raciocínio de alguns, ela poderia ser recebida na comunhão, mas não seu "marido"!
Alguns para objectar, citarão 1 Coríntios 6:11: "… tais foram alguns de vocês: mas vocês foram lavados, mas vocês foram santificados, mas vocês foram justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito de nosso Deus", e por esta citação parece sugerir que os Coríntios continuaram em seus relacionamentos pré-conversão. Contudo, é evidente que aqueles a quem se dirigiu, embora viviam em pecado no passado, mudaram o seu modo de vida como resultado da sua salvação. A sua posição atual, não só aos olhos de Deus, mas também no mundo, era completamente diferente. Isto não acontece com aqueles que continuam a viver num relacionamento profano e antibíblico. Assuma a posição de um homem e uma mulher vivendo juntos, mas solteiros antes da conversão.
Deverão ser recebidos porque Deus os perdoou, mesmo que continuem a viver dessa maneira?
Novamente, se uma pessoa era sócia de um negócio que exercia atividades ilegais ou fraudulentas e foi salva, se continuasse no mesmo modo de vida, deveria ser recebida? Claro que não.
O mesmo acontece com aqueles que continuam a viver no pecado. Este é o cerne da questão, o seu modo de vida atual. Devemos lembrar que existem alguns passos dados antes da salvação, cujas consequências não podemos erradicar posteriormente à salvação.
Alguns argumentarão que o Senhor não condenou a mulher apanhada em adultério (João 8) e, portanto, devemos ser igualmente compassivos. O Senhor, é claro, enfatizou que Ele não veio para julgar, mas Ele disse a ela "vai e não peques mais". É esta continuação no pecado que impede a recepção.
Outros nos direcionarão às palavras em Romanos 15:7: "Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus". Deixando de lado apenas o que é referido como "recepção" neste versículo, as palavras predominantes são "para a glória de Deus". Não será para Sua glória permitir a entrada na assembleia, o Santo dos Santos, daqueles que vivem de maneira profana.
Novamente 1 Coríntios 1:9 é citado, "fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor", sugerindo que estamos negando esta comunhão se tais pessoas não forem recebidas. No entanto, esta comunhão não é a da assembleia local , mas a comunhão com Pessoas divinas, que é automaticamente a porção de todos os que são salvos. Esta é uma posição à qual todo crente é levado, seja ele apreciado ou não.
Afirma-se que recusar receber aqueles que são salvos após o "novo casamento" afastará o coração da pregação do evangelho. Não temos ideia, ao pregar, quais problemas terão de ser enfrentados por aqueles que confiam no Salvador, ou o que precisará de ajustes antes da recepção. Não precisamos ficar surpresos com o fato de Satanás tentar tornar cada vez mais difícil o testemunho do povo do Senhor. Estas dificuldades multiplicar-se-ão à medida que nos aproximamos da Sua vinda. Não cabe a nós procurarmos melhorar a sociedade ou diluir a palavra de Deus para tornar a corrupção na sociedade mais palatável. Cabe a nós "pregar a palavra" e representar corretamente os santos padrões de Deus.
Sem dúvida seremos acusados de ignorar as opiniões de irmãos ilustres de tempos passados. Contudo, devemos basear opiniões e convicções no que as escrituras ensinam. Somos responsáveis por basear todo o nosso ensino na Palavra de Deus. Pode-se razoavelmente perguntar se os homens piedosos de uma geração anterior tivessem sido capazes de antecipar a confusão resultante do seu ensino numa sociedade corrupta além do seu pensamento, será que teriam mudado de ideia?
Alguns perguntarão por que deveria haver opiniões tão divergentes sobre este assunto tão importante. A triste resposta é que isto se aplica a todas as verdades do Novo Testamento. Em relação ao divórcio, as diferentes opiniões parecem resultar de uma concentração em Mateus 5:32 sozinho, ignorando o ensino geral das Escrituras. Não é uma boa regra de exposição permitir que Escrituras pouco claras substituam aquelas que são muito claras.
Devemos sempre ter em mente que é a santidade da casa de Deus que é de suma importância, e não os sentimentos de qualquer crente individual. Embora possa parecer duro e injusto recusar a comunhão a tais crentes, esta era exatamente a posição de alguns membros da família sacerdotal num tempo passado. Será que foi culpa do sacerdote ter nascido com nariz chato ou ser anão? É claro que não. No entanto, tais foram proibidos de se aproximar do altar (Levítico 21).
190. Casamento, Divórcio e Novo Casamento?
O Espírito Santo nas Escrituras tem muito cuidado em enfatizar a permanência do casamento. É claramente ensinado que esta é uma união que só pode ser rompida pela morte de um dos parceiros. A "lei da última menção" é muito importante aqui, pois citamos as últimas referências nas escrituras a este assunto.
"Porque a mulher que tem marido está ligada pela lei ao seu marido enquanto ele viver; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do seu marido." (Romanos 7:2)
"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor." (1 Coríntios 7:39)
Alguns sugerirão que os evangelhos foram escritos mais tarde, mas registram ensinamentos dados anteriormente. Também a objeção de que o apóstolo diz: "Mas aos demais, falo eu, não o Senhor" e, portanto, seu ensino não é relevante, é inválida. O fato de o Espírito Santo ter permitido que a sua palavra permanecesse nas páginas da Sagrada Escritura é uma prova positiva de que isto faz parte da inspiração divina. Na verdade, as referências citadas apenas reforçam as palavras do Senhor Jesus em Marcos 10:10-12 e Lucas 16:18 a respeito da indissolubilidade do vínculo matrimonial.
Há também referências incidentais nas Escrituras que sublinham esta indissolubilidade. O próprio Senhor disse: "Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra ela". Marcos 10.11. Observe as palavras "contra ela". Qualquer que fosse o processo legal seguido, aos olhos de Deus a esposa original ainda era sua esposa. A mesma coisa é vista quando João Batista repreendeu Herodes por "casar-se" com Herodias, "esposa de seu irmão Filipe", Mateus 14.3. Embora o adultério tivesse ocorrido e ela estivesse morando com outro homem, Deus ainda a via como a esposa de Filipe.
Este assunto inevitavelmente leva à questão do divórcio e do "novo casamento, que é tão predominante hoje. As escrituras citadas anteriormente, Romanos 7:2 e 1 Coríntios 7:39, deixam claro que a união matrimonial não pode ser quebrada ou anulada no visto de Deus - existem enquanto ambas as partes estiverem vivas.
Esta visão é corroborada pelo ensinamento do Senhor Jesus nas seguintes passagens:
Marcos 10:11: "Todo aquele que repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra ela."
Lucas 6:18: "Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra comete adultério; e todo aquele que casa com a que foi repudiada por seu marido comete adultério."
À luz disto, como interpretamos as palavras do Senhor em Mateus 5:32, repetido em Mateus 19:9: "qualquer que repudiar sua mulher, salvo por causa de fornicação, faz com que ela cometa adultério"?
Superficialmente, o Senhor parece aprovar o novo casamento após o divórcio com base na imoralidade. Isto significaria que Ele contradisse as declarações claras já citadas e isto é impensável. As palavras do Salvador devem, portanto, ser interpretadas de uma forma que não contradiga nem as citações das epístolas, nem as palavras registradas nos outros evangelhos. "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação." (2 Pedro 1:20). Ou "tem uma solução própria".
Muito tem sido escrito sobre o significado de "fornicação" nestes versículos. Às vezes, ao escrever aos gentios, é usado para descrever imoralidade de todo tipo, tanto antes como depois do casamento. Os exemplos são 1 Coríntios 5:9: "Escrevi-vos numa epístola para não terdes companhia de fornicadores"; e 1 Coríntios 6:18, "Fuja da fornicação".
Em nenhum dos casos podemos restringir a aplicação dos versículos a uma forma particular de imoralidade, uma vez que isso significaria que não havia nada de errado com outras formas. Os coríntios anexariam o significado gentio à palavra, dando-lhe uma ampla aplicação. Todos devem estar cientes de que muitas palavras nas Escrituras não têm exatamente o mesmo significado em cada ocasião em que são usadas. Alguns exemplos facilmente reconhecidos são: salvação; paz; advento; fé. Portanto, não ficaremos surpresos que a palavra "fornicação" seja usada de diferentes maneiras em diferentes escrituras. Além disso, o fato de Mateus ter escrito seu evangelho tendo em vista a nação judaica deve ser levado em consideração quando se considera Mateus 5:32 e 19:9.
"Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério." (Mateus 5:32)
"Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério." (Mateus 19:9)
Além disso, nestes versículos são usadas duas palavras gregas diferentes, nomeadamente "fornicação" e "adultério". Visto que o Senhor não teria escolhido palavras diferentes apenas por uma questão de variedade, há obviamente uma diferença de significado entre as duas. Negar isto equivale a negar a inspiração plenária.
É bem sabido que entre os judeus o período do noivado era considerado o início do casamento. Durante o período entre o noivado e a festa de casamento, a mulher era frequentemente chamada de "a esposa". Este período de noivado tinha um estatuto jurídico, diferente em todos os aspectos da ideia moderna de período de noivado. Assim, o anjo disse a José: "Não temas receber Maria, tua esposa" (Mateus 1:20). Isso foi "antes de eles se unirem", (Mateus 1:18).
Legalmente, José tinha o direito de "afastá-la" alegando fornicação, o que parece ser imoralidade durante o período do noivado. E acreditamos firmemente que este é o período limitado ao qual o Salvador se referiu em Mateus 5:32 e 19:9. Uma vez celebrado o casamento na festa de casamento, as palavras do Salvador não dariam autoridade para "rejeitá-lo", divorciar-se.
Acreditamos que todo leitor imparcial nos seguirá ao concluir que as frases, com a clausula de exceção, "a não ser por causa de fornicação" e "não sendo por causa de fornicação" em Mateus 5:32 e 19:9 respectivamente, não devem ser tomadas para contradizer toda a tendência de Suas observações em que Ele expõe a indissolubilidade da relação matrimonial e da união em uma só carne de dois corpos, mas simplesmente para permitir a rescisão de um contrato de noivado se a mulher for considerada culpada de impureza antes que o casamento seja consumado.
O fato de o Salvador estar se referindo, em Mateus, a uma circunstância que só poderia ser aplicada a uma situação judaica é confirmado por nenhuma referência feita a ela em Marcos ou Lucas. Esses dois registros são definitivos.
Marcos 10.11,12, "qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra ela. E se uma mulher repudiar seu marido e se casar com outro, ela comete adultério."
Lucas 16.18: "Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra comete adultério; e todo aquele que casa com a que foi repudiada pelo marido comete adultério".
Estes versículos ensinam claramente que mesmo que um casal se divorcie de acordo com a lei do país, isso não tem aprovação divina e o seu casamento ainda é válido aos olhos de Deus.
À luz do que foi já foi dito, ninguém que tenha sido divorciado e procure um "novo casamento" pode jurar verdadeiramente aos olhos de Deus, que "Declaro solenemente que não conheço nenhum impedimento legal que me impeça de me unir em casamento a outra pessoa", enquanto o cônjuge original ainda estiver vivo.
Nem pode tal pessoa dizer verdadeiramente diante de Deus: "Eu te considero meu legítimo marido ou esposa". Fazer tais declarações é professar que as leis dos homens se sobrepõem aos mandamentos de Deus.
Isto leva à verdade adicional, que os crentes nunca devem participar numa cerimônia onde estejam envolvidos aqueles que foram divorciados.
191. Cristo reinará no trono de Davi na terra ou isso se refere à Sua atual glória no Céu?
O Amilenista nega que haverá uma restauração do trono terreno de Davi, um reino literal de mil anos na terra com Cristo Rei, e dizem que todas essas referências nas Escrituras aludem ao presente momento do Senhor Jesus no Céu.
Se Amilenista puder mostrar que não haverá restauração do reino terrestre de Davi, seu caso será fortalecido. Se, no entanto, pudermos mostrar que haverá um reinado literal no trono de Davi, isto só poderá ser cumprido no esquema pré-milenista, uma vez que o Amilenismo não tem lugar para isso.
Note os 5 principais pilares do Amilenismo:
1) A alegação de que as promessas de Deus a Abraão e à nação estavam condicionadas à obediência e que, portanto, foram irrevogavelmente perdidas.
2) A afirmação de que as promessas a Abraão e à nação não deveriam ser interpretadas literalmente.
3) A afirmação de que Israel e a igreja não são distintos.
4) A afirmação de que não há restauração futura para a nação de Israel.
5) A afirmação de que a posição de Cristo no céu hoje é o cumprimento das promessas relativas ao trono de Davi.
Para que o Amilenismo se mantenha, deve ser capaz de mostrar que todas as estas cinco afirmações são verdadeiras. Se qualquer um deles cair, todo o sistema cai. Mas vamos demonstrado que cada uma delas é falsa e, portanto, que o Amilenismo deve ser rejeitado.
Os seguintes pontos indicam a restauração do trono davídico, com Cristo sentado no trono de Davi:
A aliança com Davi, prometendo que seu trono seria estabelecido para sempre, é dada em 2 Samuel 7:12-16.
Muito do que já foi dito sobre a Aliança Abraâmica também é verdade para a Aliança Davídica, e assim será dado de forma resumida:
É incondicional e exige cumprimento literal: é descrito como "eterno" (2 Samuel 23:5), "para sempre" (2 Samuel 13:16).
Suas promessas são frequentemente repetidas, em meio ao fracasso (Isaías 9:6,7; Jeremias 23:5,6; 33:14-17,20,21; Zacarias 14:4,9) – e a desobediência por parte de Salomão lhe trouxe correção, mas não anulou a aliança.
As palavras de 2 Samuel 7:13-15, não poderia deixar isso mais claro.
Foi confirmado por um juramento (Salmos 132:11)
Deus diz que não o quebrará (Salmos 89:34)
Muito de 2 Samuel 7:12-16 já se cumpriu literalmente (ex.: Davi recebeu um filho, foi seu filho quem construiu o templo, seu reino foi estabelecido, Salomão foi castigado por sua iniquidade, mas a misericórdia de Deus não se afastou dele, e não resultou na destruição da linhagem davídica). Visto que tudo isso foi cumprido literalmente, a consistência exige o cumprimento literal da promessa no v.16.
Davi esperava um cumprimento literal (2 Samuel 7:18-29). Propor que isso não será cumprido literalmente é dizer que Deus estava enganando deliberadamente a Davi e, na verdade, à nação de Israel.
No Antigo Testamento fica claro que Cristo é o cumpridor final das promessas feitas a Davi, e que isso será literalmente, por exemplo, a bem conhecida passagem de Isaías 9:6,7.
A referência ao Filho nascido e ao Filho dado (v.6) deve ser interpretada literalmente. Para fins de consistência, o mesmo deve acontecer com a referência ao Seu "governo e paz... sobre o trono de Davi e sobre o seu reino". Não podemos interpretar o versículo 6 literalmente e espiritualizar o versículo 7.
Voltando-nos agora para o Novo Testamento, nenhum exemplo mais claro poderia ser oferecido para nós do que as palavras do anjo a Maria em Lucas 1:31-33. Ele diz que ela conceberá em seu ventre, dará à luz um Filho e chamará Seu nome de Jesus. Estes são literais, se é que alguma vez existiu. Então, no versículo seguinte, o anjo diz: "o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó; e o Seu reino não terá fim".
O Amilenista não pode ter as duas coisas - se ele considera os detalhes do nascimento do Senhor como literais, então ele deve considerar o reinado sobre Israel como literal. Se ele negar a literalidade do reinado, então, para ser consistente, ele deverá negar a literalidade dos detalhes do nascimento do Senhor.
Há muitas referências a Davi no Novo Testamento, e também há muitas referências à posição atual do Senhor no Céu. Em nenhum lugar se diz que Sua posição atual está no trono de Davi. Pelo contrário, Sua posição atual é à direita de Deus (por exemplo, Hebreus 12:2) ou no trono do Pai (por exemplo, Apocalipse 3:21).
Além disso, equiparar o trono de Davi ao trono do Pai é dizer que o trono de Davi existe desde toda a eternidade - uma sugestão realmente estranha!
O próprio Senhor Jesus refere-se ao Seu retorno na terra e ao assento no Seu trono, por exemplo, em Mateus 25:41, Ele diz: "Quando o Filho do homem vier em sua glória e todos os santos anjos com Ele, então Ele se assentará no trono de Sua glória". A ligação das duas palavras "Quando" e "então" mostra claramente que o assento no trono não ocorrerá até que Ele volte novamente. Portanto, é futuro (portanto, não pode ser Seu assentar atual no Céu), e será na terra (novamente mostrando que não é Sua posição atual no Céu).
Atos 15:14-17 mostra que a reconstrução do tabernáculo de Davi ocorrerá "depois" de Deus escolher um povo para o Seu nome, e será no seu "retorno".
Assim, vemos que as promessas das Escrituras só podem ser cumpridas por um reinado literal de Cristo no trono de Davi. O Amilenismo não pode ser verdadeiro se assim for.
192. O Evangelista e a igreja local
O evangelista não é o servo da igreja local, nem conta com seu apoio financeiro, nem recebe dela, suas ordens de trabalho. Ele é o único servo do Senhor e deve prestar contas a Ele.
No entanto, o evangelista não é um "freelance", um homem que não tem obrigações para com ninguém, indo aonde lhe dá na cabeça e fazendo o que acha adequado, sem considerar os outros.
O evangelista, como todos os outros ministros de Cristo, está na igreja de Deus, sujeito ao seu governo e, se necessário, à sua disciplina. Se seu serviço for conduzido de acordo com Deus, ele sairá de seu seio com sua comunhão sincera (Atos 13:4), seguida por suas orações, e retornará a ela quando seu trabalho terminar por um período, para compartilhar com ela suas alegrias, ao contar o que o Senhor fez através de seu trabalho evangelístico (Atos 14:27).
O evangelista, quando se reúne com a igreja, está no mesmo nível de todos os seus irmãos como adorador, e tem uma participação comum nos privilégios e responsabilidades da assembleia da qual faz parte localmente, mas não deve assumir nenhum compromisso onde ele trabalha por um tempo.
O Evangelista prega o evangelho, vê seus ouvintes confessando a salvação, no devido tempo são batizados e bem possível que ali se estabeleça uma igreja local e ele segue adiante nos bairros daquela cidade ou para onde o Senhor o guiar fazendo a obra do Evangelista.
Se isso fosse observado com mais cuidado pelos irmãos que se deslocam de um lugar para outro no serviço e pregação do Evangelho, haveria menos partidárias, e possivelmente mais poder real com a Palavra para santos e pecadores.
Nem deveria o evangelista estar muito ansioso para que aqueles que professam conversão sejam batizados, trazidos para a comunhão da assembleia e relatados como "fruto" de seu trabalho.
Aqueles que pastoreiam e guiam o rebanho localmente podem ser confiáveis para fazer isso com mais discernimento e menos perigo do que o homem que os vê apenas por algumas semanas, e sabem pouco sobre suas vidas em casa ou no mundo.
O batismo e o recebimento de jovens convertidos na comunhão da igreja, é um trabalho que exige muito discernimento espiritual, e deve ser feito com cautela, em espírito de oração e em comunhão com os santos.
Filipe é o único homem no Novo Testamento chamado evangelista (Atos 21:8), nos perguntamos por quê. Timóteo deveria fazer o trabalho de alguém, mas ele não é chamado por esse nome.
Ao considerarmos Filipe, pensaremos em sua PESSOA, que tipo de homem ele era?
Ele era um homem de origem humilde, ele "servia às mesas" (Atos 6). Alguém que seria útil em sua assembleia local, selecionado dentre seus irmãos, sem treinamento especial na Escola Bíblica ou na Faculdade. Ele era um homem de caráter excelente, sem duplicidade ou ações questionáveis, "de reputação honesta". Ele era um homem espiritual, alguém em quem o Espírito não foi entristecido ou apagado. No início lemos sobre ele sendo "cheio do Espírito Santo", notamos como mais tarde na vida ele foi guiado e controlado pelo Espírito. Ele era alguém "sábio", não necessariamente inteligente. Muitos em Corinto eram talentosos e instruídos, mas Paulo diz: "não há entre vós um homem sábio?" Sua vida doméstica era louvável (Atos 21:8-10), suas filhas eram puras de vida, "virgens", e interessadas em assuntos divinos, "elas profetizavam." Aparentemente sua esposa era uma com ele, a casa era aberta à visitação, dado à hospitalidade. Ele não tinha espírito de rivalidade ou inveja, outros irmãos trabalhadores eram bem-vindos em sua casa.
Vejamos agora o seu CAMINHO, como ele operou?
Está claro que ele era um homem livre para Deus, e não um "freelancer", mas livre para servir a Deus conforme Ele orientasse, mas em comunhão com seus irmãos. Ele não era servo de uma igreja, alguns diziam isso no bom sentido (Romanos 16:1), ele não estava servindo a homens ou a um comitê de homens; nem mesmo escravo de um diário! As circunstâncias o guiaram (Atos 8:4-8).
A comunidade de irmãos concentrados em Jerusalém foi perturbada e espalhada por partes necessitadas. Do ponto de vista humano, que pena ver algumas áreas com tanta concentração de ajuda e grandes áreas com pouca ou nenhuma, uma pequena dispersão seria uma bênção.
Não apenas as circunstâncias o guiaram, mas vemos como "o anjo do Senhor" o dirigiu (Atos 8:26), seu ouvido estava sintonizado com a voz do céu, sua vida deve ter sido de íntima comunhão com o céu.
"O Espírito do Senhor" o constrangeu (Atos 8:29).
Esta foi verdadeiramente a liderança do Espírito, estritamente falando "a liderança do Espírito" não é participar ou abster-se de participar nas reuniões, é o controle geral da vida (Romanos 8:14).
O "Espírito arrebatou Filipe" (Atos 8;39). Deus removeu Seu servo para outro campo. Tal foi a obra de Deus no coração do eunuco que ele não exigiu que Filipe o mantivesse com ele!
Pensemos agora em suas PRÁTICAS. Primeiramente vemos que ele pregou (Atos 8:5,35).
Os homens poderiam ter dito: cuide das mesas, cuide dos pobres (Atos 6). Deus diria: "Vá pregar", "junte-se" – alguns procuram explorar outros caminhos e adotar outros métodos, Paulo diz "agradou a Deus salvar pela loucura da pregação" (1 Coríntios 1:21).
Ele conversou com indivíduos (Atos 8:29-35). Não apenas pregando para muitos, mas disposto a sentar-se ao lado de indivíduos questionadores, não para pressionar por uma decisão, assinar um cartão ou apenas acreditar em um versículo, mas para falar de "Jesus" e tudo o que Ele fez para salvar o pecador.
Ele viajou de cidade em cidade, não confinado a um lugar ou igreja. A Escritura não faz nenhuma provisão para um homem encarregado de uma Congregação.
É interessante notar a forma soberana de Deus trabalhar, embora Filipe estivesse em Cesareia, quando Deus salvaria Cornélio, foi Pedro que Ele usou.
O trabalho de Filipe era pregar o evangelho. É verdade que alguns como Paulo teriam o dom tanto de evangelista como de mestre, mas não é assim com muitos. É um erro, tanto para o homem em questão, como para os santos, imaginar que, porque alguém está engajado na obra evangélica, ele deveria ocupar a plataforma da Conferência e tentar ensinar os crentes, pois ele pode ser muito bom para evangelizar os pecadores, mas não muito bom para ministrar aos crentes.
Bem, cabe ao evangelista manter-se em seu próprio trabalho e não interferir com outros servos ou interferir nos assuntos da assembleia local. Deus deu "a cada homem a sua obra".
Finalmente pensemos na sua PREGAÇÃO (Atos 8:5,12,35).
Não continha nenhum elemento de política, diversão, recreação ou assuntos sociais, era uma mensagem sobre Cristo. Se Cristo e Sua obra não forem pregados, o alvo será errado, falharemos. A ruína do homem e o choro da ira vindoura devem ser esclarecidos, mas o evangelho é; "Como Cristo morreu pelos nossos pecados" (1 Coríntios 15:3-4).
Quando esta grande mensagem foi pregada por Filipe, o povo "deu ouvidos" (Atos 8:6), "houve grande alegria" (Atos 8:8), "creram e foram batizados" (Atos 8:12). Tal pregação produziu resultados duradouros.
A infância de Filipe foi ocupada e frutífera, ele semeou alguns dos primeiros frutos do cristianismo gentio, mas parece que a última parte da vida, possivelmente quase vinte anos, foi passada em tranquilidade e em grande medida de reclusão.
Num mundo de trevas cada vez mais profundas e de desespero crescente, que Deus tenha o prazer de levantar evangelistas, homens que com clareza e convicção proclamarão as boas novas do evangelho.
193. Batismo de Arrependimento?
O povo ia ter com João "e era por ele batizado no Jordão, confessando os seus pecados" (Mateus 3:6). O Rio Jordão nas Escrituras sempre fala de morte. João estava dizendo ao povo: "Mude a sua mente, mude o seu modo de vida, mude os seus objetivos e produza frutos dignos de arrependimento e assim prepare-se para encontrar o seu Messias". Ao serem batizados e confessarem os seus pecados - o que equivalia ao arrependimento - eles estavam se comprometendo com uma nova vida de fidelidade a Deus. O arrependimento genuíno é a obra do Espírito de um Deus misericordioso na alma e ocasionará uma mudança moral radical em direção a Deus na perspectiva e na conduta da vida de alguém. O Salmo 51 nos dá um exemplo precioso de tal mudança.
O apóstolo Paulo escreveu que é a bondade de Deus que leva ao arrependimento (Romanos 2:4). Foi certamente a bondade de Deus que proporcionou aos judeus a oportunidade de se arrependerem dos seus pecados ao serem batizados por João. O arrependimento é um processo moral na alma e deveria, de fato, ser um exercício contínuo conosco, dia após dia. Todos os que foram genuínos na sua resposta ao chamado de João para serem batizados, arrependendo-se e confessando os seus pecados, teriam sido moralmente adequados para desfrutar das bênçãos do "reino dos céus", que estava próximo. (Mateus 3:2)
O reino dos céus refere-se a um ambiente na terra onde tudo está de acordo com a mente do céu. Este fato estava implícito nas palavras que o Senhor Jesus usou ao instruir Seus discípulos na questão da oração: "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mateus 6:10). O chamado ao arrependimento era parte integrante da mensagem de João na sua pregação do evangelho do reino. A mesma mensagem foi retomada pelo Senhor Jesus e pelos Seus discípulos, mas tal pregação cessou no dia de Pentecostes porque a nação rejeitou e crucificou o seu Messias e Rei. Consequentemente, o reino dos céus não será conhecido na terra até a chegada da era milenar sob o reinado benevolente de Cristo. Hoje o reino dos céus tomou outra forma, e conforme Mateus 13, o reino dos céus é a esfera onde a autoridade de Cristo é reconhecida, mesmo que o seja só exteriormente.
Todo cristão professo está no reino dos céus. Isto exclui, evidentemente, aqueles que são muçulmanos, judeus ou pagãos. Toda pessoa que tenha feito uma confissão de fé em Cristo, mesmo que tenha sido apenas como um ritual exterior, já não é meramente um judeu ou gentio, mas encontra-se no reino dos céus. Isto é bem diferente de alguém ser nascido de novo e ser batizado no Espírito Santo no corpo de Cristo. Quem quer que leve sobre si o nome de Cristo pertence ao reino dos céus. Ainda que ele seja apenas um joio ali, esta será a sua posição. Isto é algo muito solene. Onde quer que Cristo seja confessado publicamente, existe uma responsabilidade maior do que aquela que recai sobre o restante do mundo.
Após o Pentecostes, o evangelho da graça de Deus, a salvação através do "arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21), foi pregado pela primeira vez por Pedro (Atos 2) e continua até os dias atuais. Quando a Igreja for arrebatada para a glória (1 Tessalonicenses 4:14-17), e o dia da graça de Deus terminar, o evangelho do reino será pregado novamente e continuará até a chegada do Milênio, ou seja, o reino dos céus. A nação de Israel finalmente se arrependerá e entrará no seu descanso; e, como diz Miquéias, "cada um assentará debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira; e ninguém os assustará; porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse" (Miquéias 4:4).
No batismo do Senhor Jesus por João Batista, Ele veio a João no espírito de "Filho do Homem" e, como tal, estava pronto a identificar-se com todos em Israel que procuravam testemunhar uma mudança no seu modo de vida através do batismo de arrependimento, confessando os seus pecados. Como o Senhor Jesus não tinha nada do que se arrepender, Seu batismo não foi um batismo de arrependimento, mas o cumprimento de toda a justiça. No entanto, Ele teve o prazer de se alinhar com todos os que estavam prontos para garantir que estavam moralmente aptos a desfrutar das bênçãos do reino dos céus. Além disso, pelo Seu batismo, o Senhor Jesus estava confirmando a Sua prontidão para liderar o Seu povo pelo exemplo. As amáveis palavras do Senhor Jesus aos primeiros discípulos: "Segue-me" em (Mateus 4:19), estavam repletas de profundo afeto e de saudades nos corações das pessoas que foram, e ainda são, "a menina dos seus olhos" (Deuteronômio 32:10).
O Senhor Jesus, em Suas palavras a João no Jordão: "nos convém cumprir toda a justiça" (Mateus 3:15), tinha em mente o tempo em que, na cruz, Ele satisfaria as justas exigências de um Deus santo contra o pecado. Sem dúvida o Senhor Jesus estaria consciente das palavras proféticas que seriam proferidas por Caifás mais de 3 anos depois, "que convinha que um só homem morresse pelo povo" (João 18:14). Assim como Ele entrou nas águas da morte em Seu batismo, Ele também iria para a morte na cruz e se tornaria responsável perante Deus pelo pecado do mundo, exaurindo assim o julgamento de Deus sobre o pecado e cumprindo toda a justiça (Hebreus 10:18). Os olhos de Deus estavam voltados para o evento único do batismo de Seu Filho no Jordão, pois Ele estava pronto para expressar o prazer que enchia Seu coração, prazer ocasionado pelo Homem Perfeito que O representou impecavelmente na terra durante os 30 anos em Nazaré.
O Espírito de Deus descendo sobre o Senhor Jesus na forma de uma pomba depois do batismo foi um sinal da natureza e do caráter do Senhor Jesus como o Filho do Homem na terra - pacífico, gentil, amoroso e bondoso. O fato de o Espírito de Deus ter repousado sobre o Senhor Jesus confirmou que, pela primeira vez desde a criação, quando o Espírito de Deus pairava sobre as águas em trevas, o Espírito de Deus poderia agora descansar complacente e imperturbável sobre um Homem segundo o Seu próprio coração, em quem Ele havia encontrado tudo, Sua delícia. Tal deleite fez com que os céus se abrissem para que o mundo ouvisse a avaliação de Deus sobre Seu Filho amado, "em quem me comprazo" (Mateus 3:17; Marcos 1:11).
Os batizados por João arrependeram-se, foram perdoados e salvos?
Lucas 1:77 indica que João apontaria o povo para a salvação, e Lucas 3:3 e Marcos 1:4 mostram que aqueles que se identificaram com João no batismo também indicavam que seus pecados foram perdoados. Sem dúvida que poderia haver entre este, como em nossos dias, nem todos que confessam serem salvos e são batizados, tem a realidade.
A exigência de João para o batismo fazia parte da mensagem que ele pregava. Foi um período transitório, preparando o povo para a vinda do Senhor. O requisito era o arrependimento, e este batismo os identificou inequivocamente com João e sua mensagem.
João exigiu arrependimento antes de batizar alguém. O arrependimento era necessário para preparar o caminho para o Messias e, como diz Isaías 40, isso endireitaria Seus caminhos. Os líderes Judeus, com uma mentalidade elitista, apoiados na sua ligação genealógica com Abraão, eram como montanhas que precisavam ser abaixadas. As multidões de pessoas comuns eram como vales que precisavam ser elevados. Os cobradores de impostos eram os corruptos que precisavam de correção. Os soldados eram rudes e precisavam de alisamento (ver Lucas 3:5).
A expressão, "Pela remissão dos pecados" ou "em vista da remissão dos pecados" (Lucas 1:76,77), não pode falar do perdão futuro dos pecados, com a condição de se segurar firme até que o Messias possa libertar. Deus nunca deixou e nunca deixará um povo sem acesso à justificação onde o verdadeiro arrependimento e fé em Deus estão presentes. Além do mais, embora houvesse passos para nos "levar" à salvação, a salvação da penalidade dos nossos pecados não é um processo. As Escrituras descrevem a salvação como sendo trazida da morte para a vida, das trevas para a luz e, no caso único de Paulo, como um nascimento prematuro repentino (Efésios 2:1-4; Colossenses 1:13; 1 Coríntios 15:8).
O próprio batismo nunca pode salvar. A exigência de Deus sempre foi a fé no que Deus exigia. Em relação a Abraão, por exemplo, Gênesis 15:6 simplesmente registra: "E ele creu no Senhor; e isso lhe foi imputado como justiça." Habacuque, sob a lei, escreveu: "O justo viverá pela sua fé" (2:4).
Mas o que podemos dizer dos discípulos de João em Éfeso que encontraram Paulo (Atos 19)?
Não sabemos de onde vieram esses discípulos, mas é plausível que tenham sido convertidos por Apolo ao batismo de João. Se assim for, o evangelho incompleto de Apolo resultou em "convertidos" que não foram salvos – eles não receberam o Espírito Santo quando creram (Atos 19:2). João ensinou que o batismo no Espírito Santo estava chegando e Apolo não devia saber que isso havia ocorrido. Contudo, ao procurarem e desejarem a verdade, eles a receberam quando ela veio.
Isto é semelhante a Cornélio em Atos 10, que acreditava em tudo o que entendia e ainda assim não sabia sobre as implicações da morte de Cristo. Ele foi instruído a chamar Simão Pedro, "o qual te dirá palavras pelas quais tu e toda a tua casa serão salvos" (Atos 11:14). Visto que a mensagem de fé em Cristo chegou, foram salvos, pois o objeto da fé para a salvação é Jesus Cristo (Gálatas 3:21-26). Tanto Cornélio como os discípulos de João em Éfeso foram introduzidos nos requisitos para a justificação dentro da nossa dispensação quando ouviram a Palavra e creram. Esses discípulos de João em Éfeso mostram que o batismo de João era necessário para a época, mas não é mais na mente de Deus. Foi para uma era passada de preparação para o Messias. Agora Deus "nestes últimos dias nos falou por meio de seu Filho" (Hebreus 1:2).
"Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus." (Atos 19:4,5)
194. Batismo no Espírito Santo
Existem várias referências no Novo Testamento ao Batismo no, ou em Espírito Santo. A primeira referência profética foi feita por João Batista, conforme registrado em Mateus 3:11 e ensaiado em Marcos 1:8; Lucas 3:16; e João 1:33. Contudo, em Atos 1:5 temos as palavras do Senhor Jesus aos Seus discípulos: "Porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias", sendo o evento real registrado em Atos 2:1-4. As palavras do Senhor Jesus são novamente apresentadas em Atos 11:16; e temos um relato histórico da ocorrência em 1 Coríntios 12:13.
Não devemos confundir o batismo do crente por imersão em água, com o batismo no Espírito Santo, pois os dois eventos são bastante distintos. Nem devemos confundir a habitação do Espírito Santo em nosso corpo após a conversão (1 João 2:20) com o batismo no Espírito Santo. "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus." (1 Coríntios 6:19,20)
Em nenhum lugar das Escrituras é dito que uma pessoa salva, convertida a Cristo depois do Pentecostes foi batizada com o Espírito Santo.
Lemos que, quando o pecador é salvo hoje, ele é selado com o Espírito Santo, e isto não é o batismo no Espirito Santo, como explica Paulo em Efésios 1:13,14: "Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória."
Temos o incidente de crentes recebendo o Espírito Santo em Atos 19:6, onde o apóstolo Paulo impôs as mãos sobre os discípulos e o Espírito Santo desceu sobre eles, e eles começaram a falar em outras línguas e a profetizar; mas isto não foi, como alguns acreditam, um batismo no Espírito Santo, foi antes um enchimento do Espírito como também aconteceu com os apóstolos no Pentecostes. O batismo no Espírito Santo foi um evento único que nunca mais poderá acontecer.
Então, o que exatamente aconteceu naquela ocasião importante, conforme registrado em Atos 2? Os apóstolos estavam juntos conforme orientação do Senhor Jesus, aguardando a promessa de poder do alto (Lucas 24:49), quando ocorreram quatro incidentes separados, mas simultâneos.
1. O som do céu "como" que de um vento forte e impetuoso (não um vento real, mas o som de uma respiração forte), indicativo do movimento energético do Espírito Santo sobre e entre os apóstolos. O som da atmosfera carregada do Espírito encheu a casa, e todos foram divinamente afetados pelo poder que vinha do alto.
2. Apareceram ao mesmo tempo línguas repartidas "como" que de fogo, que pousaram sobre cada um dos apóstolos. A ocorrência das línguas divididas iria, no devido tempo, pelo poder do Espírito Santo, convencer os discípulos de que o muro intermediário de separação entre judeus e gentios havia sido derrubado com a chegada do dia da graça de Deus ao mundo.
3. Cada um dos apóstolos, cheio do Espírito Santo, começou a falar em outras línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Este foi um testemunho dramático dos apóstolos da mensagem de salvação de Deus ao mundo. Representantes de cada uma das diferentes nações presentes ouviram a mensagem claramente na sua própria língua. O som da pregação não era, como alguns erroneamente sugeriram, uma cacofonia de ruído; foi antes uma deliciosa eufonia de vozes em harmonia com uma nova mensagem de amor e esperança, e de vida eterna no céu através do arrependimento diante de Deus e da fé no Senhor Jesus Cristo. Cada apóstolo falava a um grupo de Judeus peregrino com o seu respectivo idioma nativo e por fim Pedro falou aos Judeus de Jerusalém explicando o evento.
4. O mais importante de tudo foi que naquele dia e hoje, todo crente em Israel e todo crente gentio que até então eram indivíduos separados no caminho da fé, foram naquele dia fundidos indissoluvelmente pelo batismo no Espírito Santo em um corpo que veio a ser conhecido como o Corpo de Cristo. Foi um evento corporativo único, singular e que nunca mais se repetirá. Portanto, temos a referência histórica: "Porque todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer sejamos judeus, quer gentios, quer sejamos escravos, quer livres; e todos temos bebido de um Espírito. Um Corpo, mas muitos" (1 Coríntios 12:12,13).
A expressão, "todos nós" no versículo citado, inclui todos os filhos de Deus, desde o Pentecostes até o arrebatamento da Igreja. Portanto, quando um pecador é salvo hoje, ele não recebe o batismo no Espírito Santo, pois o evento foi único, para formar o Corpo de Cristo, mas ele desfruta e foi lembrado naquele evento.
Há 7 palavras principais empregadas no Novo Testamento em ligação com a presença e a obra do Espírito Santo. Estas palavras não são sinônimas, de forma alguma; não há duas delas com igual significado. Cada uma tem significação própria. Há um desígnio na seleção e emprego das próprias palavras das Escrituras. Deve sempre ser a Palavra de Deus, e não a experiência da nossa vida e de outras pessoas.
1. Nascidos (João 3:5,6).
2. Habitados (2 Timóteo 1:14; Romanos 8:11).
3. Selados (2 Coríntios 1: 22; Efésios 1:13; 4:30).
4. Penhor (2 Coríntios 1: 22; Efésios 1:14).
5. Ungidos (2 Coríntios 1:21; 1 João 2:27).
6. Enchidos (Lucas 1:15, 41, 67; Atos 4:8; 4:17, etc.; Efésios 5:18).
7. Batizados (Mateus 3:11; Atos 1:5; 1 Coríntios 12:13).
195. Batismo em Fogo
A expressão "batismo com fogo" não ocorre nas Escrituras, e sim "em fogo", e as palavras de João Batista em Mateus 3:11 e muitas declarações do Senhor Jesus implicam claramente tal evento. Sempre que "fogo" é mencionado nas Escrituras em associação com o julgamento final, refere-se ao Lago de Fogo (Grego: Geena).
Contudo, alguns afirmam que a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. foi o batismo em fogo ao qual João se referiu; mas não foi isso que o Espírito de Deus levou João a sugerir em sua mensagem.
Também é apresentado falsamente o pensamento de que o "tempo de angústia de Jacó" (Jeremias 30:7), o período da Grande Tribulação mencionado em Mateus 24 e em outras Escrituras, é também o que João quis dizer com batismo em fogo, mas claramente estes eventos não são o que o Espírito de Deus tinha em mente.
No entanto, a enormidade e o efeito catastrófico dos julgamentos governamentais de Deus no momento da Grande Tribulação não podem ser contestados ou minimizados, mas, como tais dias serão abreviados por causa dos eleitos (Mateus 24:22), o tempo não pode ser comparado ao batismo bíblico em fogo que será implacável e eterno. As palavras de João em Mateus 3:12 referem-se ao julgamento final do Grande Trono Branco (Apocalipse 20:11-15).
O Senhor Jesus refere-se muitas vezes ao fogo do inferno nos evangelhos, usando palavras como "o fogo que nunca se apagará" (Marcos 9:45). A "Geena", da qual não há escapatória, nunca foi preparada para os filhos dos homens, mas para o diabo e seus anjos (Mateus 25.41).
Mas se os filhos dos homens recusarem a oferta de salvação de Deus através do arrependimento diante de Deus e da fé no Senhor Jesus Cristo (Atos 20.21), eles certamente sofrerão as consequências de tal rejeição e acabarão na Geena. Hoje, todas as almas e espíritos dos pecadores que morrem sem a salvação, vão para o (Grego: hades) de sofrimento, mas no juízo final, quando seus corpos serão ressuscitados, o pecador completo será lançado no Lago de Fogo.
No caso do batismo cristão por imersão em água, o indivíduo é elevado para fora da água – uma figura de morte e ressurreição – assim como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos (Romanos 6:4). No entanto, quando as Escrituras falam do batismo em fogo, não haverá levantamento ou alívio do tormento eterno a ser experimentado por todos os que acabarem na Geena.
Na narrativa do homem rico e Lázaro no hades em Lucas 16:19-31 o Senhor Jesus abre a cortina do tempo para revelar o destino eterno do piedoso e do ímpio, do justo e do injusto, do crente no Senhor Jesus Cristo e do incrédulo. O Senhor Jesus revela que existe um abismo eterno entre os dois destinos.
Que seja a oração sincera de todos os que pregam o evangelho da graça de Deus, para que os ouvintes da mensagem da salvação nunca tenham que ouvir o Senhor Jesus, como juiz dos vivos e dos mortos, dizer: "Afastem- se de mim, malditos, para o fogo eterno (Grego: Pur Aionios), preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus 25.41).
196. Batismo Cristão
Em Atos 8:38-39; temos o registro de Filipe batizando o eunuco etíope por imersão total. Este é o batismo cristão como deveria ser praticado hoje, e isto é confirmado por muitas outras Escrituras.
Em Romanos 6, nos apresenta o ministério do batismo. O batismo cristão é um testemunho ao mundo, dado pelo indivíduo que está sendo batizado, de que sua velha natureza pecaminosa morreu com Cristo. A imersão de todo o corpo na água fala da morte do velho, enterrado fora de vista. Ser levantado da água é figura de ressurreição com Cristo para caminhar em "novidade de vida". Andar em novidade de vida implica que os nossos membros físicos não serão mais usados pela velha natureza como instrumentos do pecado. O caminho do testemunho e da fé confirmará de agora em diante o que o batismo simbolizou, isto é, morte, sepultamento, ressurreição, vida nova.
Consequentemente, o pecado não reinará mais no corpo mortal e Cristo reinará supremo. O Apóstolo Paulo escreveu que o pecado não deveria ter domínio sobre nós; ou seja, não deveria exercer domínio sobre nós. Reconhecer o senhorio de Cristo em nossas vidas é muito importante para que nosso testemunho seja viável e eficaz.
Há muitos cristãos batizados que prontamente testificam do seu amor pelo Senhor Jesus, mas que não reconhecem o senhorio de Cristo em suas vidas; em outras palavras, eles não procuram ser guiados e influenciados pelo Espírito de Deus dia após dia. Seria considerado muito grave se um crente batizado continuasse a viver em pecado, pois fazê-lo equivaleria a uma negação da fé que confessou através do seu batismo. O Apóstolo Paulo escreveu sobre si mesmo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas 2:20)
As Escrituras não ensinam que deva haver um longo tempo de espera antes que uma alma salva seja batizada. As verdades básicas sobre o batismo cristão devem ser transmitidas aos novos crentes por aqueles espiritualmente competentes para ensinar numa assembleia local. Além disso, uma assembleia deve responder prontamente a um apelo sincero e piedoso de um indivíduo para ser batizado. Tomemos o caso do eunuco etíope: "Veja, aqui está água; o que me impede de ser batizado?" (Atos 8:36).
Os apóstolos foram orientados, através de sua pregação, a "fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19). Contudo, temos quatro referências no livro de Atos ao Espírito Santo onde os crentes foram batizados – conforme registrado – "em nome de Jesus Cristo" (Atos 2:38); "em nome do Senhor Jesus" (Atos 8:15-16); "em nome do Senhor" (Atos 10:47-48); e "em nome do Senhor Jesus" (Atos 19:5-6). Então, por que a diferença?
Na verdade, não há diferença, as palavras (no grego) usadas em cada uma das ocasiões citadas implicavam que os indivíduos estavam sendo batizados na autoridade do Senhor Jesus, sob o que Ele ordenou e, sem dúvida, teriam sido batizados "em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo" conforme ordenado pelo Senhor (Mateus 28.19). Certamente devemos nos curvar à sabedoria divina sobre como o Espírito de Deus registrou esses eventos. Não podemos conceber que o fiel Filipe e os apóstolos Pedro, João e Paulo tivessem desconsiderado as instruções quanto a "fórmula" que o Senhor Jesus deu a respeito do batismo cristão.
O verbo no grego "batizar", vem de um verbo que significa "mergulhar", amplificada em grego para significar "imersão, submersão e emergir". Outros gramáticos acrescentam sinônimos como "mergulhar, esconder… sumir, afundar, encharcar, sobrecarregar". A palavra "batizar" era usada para descrever o tingir uma roupa, extrair vinho mergulhando um copo em uma tigela ou ser dominado por perguntas. O batismo requer um elemento no qual batizar, alguém que faz o batismo, alguém que é batizado e um determinado propósito. O batismo dos crentes é feito nas águas por um irmão fiel a um indivíduo salvo que deseja obedecer a Deus.
Atos 2 narra o batismo no Espírito, a formação da Igreja que é o Corpo de Cristo e também a primeira igreja local. Pedro pregou uma mensagem centrada nesta verdade: "A esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus fez Senhor e Cristo" (Atos 2:36).
Alguns membros da mesma multidão que consentiram na morte do Senhor Jesus cerca de 50 dias antes estavam profundamente convencidos e buscavam o perdão de Deus. Pedro disse-lhes: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (Atos 2:38).
O arrependimento, neste caso, não foi apenas de todos os seus pecados, mas também do pecado de crucificar Cristo. No clima anticristo do Judaísmo, o subsequente batismo individual demonstrou que a sua fé já estava em Jesus como Cristo e Senhor.
O versículo 41 dá clareza ao versículo 38: "Os que de bom grado receberam a sua palavra foram batizados." Os crentes salvos foram batizados. Esses crentes batizados também foram recebidos e acrescentados à primeira comunhão da assembleia local.
Lucas nos informa de batismo além de Jerusalém. Por meio do Espírito nas Escrituras, é específico sobre quando os batismos são mencionados. Cada menção está expressamente ligada às localizações geográficas que delineiam o livro dos Atos: "Jerusalém, e em toda a Judeia, e Samaria, e até os confins da terra" (Atos 1:8).
Não lemos mais exemplos de batismo até a grande perseguição e dispersão dos santos em Atos 8.
Quando o evangelho chegou à Samaria e à Judeia, aqueles que creram em Filipe a respeito de sua pregação, tanto homens como mulheres, foram batizados (Atos 8:12). Então, um certo homem chamado Simão, professou fé e foi batizado (v.13).
Mas com a chegada de Pedro ali e em conversa que este homem, constatou-se que ele não era salvo e seu batismo não lhe valeu de nada. Depois, um encontro divinamente designado entre Filipe e um eunuco etíope resultou em um batismo, pois ele creu na pregação de Filipe sobre Jesus como o Servo Sofredor que veio para salvar os pecadores em Isaías 53.
Mais tarde, quando o evangelho entrou na Ásia em Atos 16, Lídia, "cujo coração o Senhor abriu", sua família e o carcereiro de Filipos, "crendo no Senhor Jesus como salvador pessoa, com também filhos, parentes e servos da sua casa", foram batizados individualmente.
O batismo do eunuco etíope (Gentio) em Atos 8:26-40 é um modelo que dá forte apoio à definição e ao modo adequado de batismo. O eunuco levantou a questão sobre o batismo ao chegar ao pé de água significativa (Atos 8:36).
Se a aspersão fosse adequada, certamente haveria água disponível em qualquer cântaro que levavam consigo. Mas ao encontrar água suficiente e a imersão total era possível e a fé em Jesus Cristo como Filho de Deus era evidente, Filipe e o eunuco entraram na água, o eunuco foi batizado e ambos saíram da água (Atos 8:38-39).
O Evangelho de Mateus, escrito para um público judeu, termina com uma comissão para a expansão evangélica pelo mundo. O Senhor disse aos apóstolos: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15). E acrescenta: "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações" (Mateus 28:19). À medida que os indivíduos gentios vieram a Cristo, duas ações marcariam a atividade apostólica.
Primeiro, os apóstolos os batizariam em "nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19). O batismo associa o crente ao Deus Triuno, que é o único Deus verdadeiro.
Segundo, o Senhor diz: "... ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos ordenei" (Mateus 28:20).
A expectativa do Senhor é que o batismo seja a porta de entrada para a obediência de "todas as coisas que eu te ordenei" para o novo crente. Se alguém não se submeter ao primeiro mandamento, a saber, o batismo, então terá dificuldade para se conformar com qualquer molde de Deus em sua vida.
A expectativa e evidência de que alguém segue a Cristo inclui o batismo, assim como Marcos 16:16, nos diz que sempre se espera que a salvação seja seguida pelo batismo.
Pedro comunicou a Cornélio e à sua família a primeira ordem de Deus a cada novo crente em Atos 10:48, quando "ele ordenou que fossem batizados em nome do Senhor". No caso deles, houve evidência milagrosa de salvação por causa das testemunhas judaicas, que foi seguida pelo batismo em obediência ao Senhor.
Os que foram salvos em Atos 8:16 "Samaritanos" e Atos 19:5 "os discípulos de João", foram batizados em nome do Senhor Jesus. Portanto, tanto os Samaritanos e os ex-discípulos de João Batista reconheceram Jesus como seu Senhor em seu batismo.
Isto é o que Paulo tem em mente em Efésios 4:5 quando se refere ao batismo, evidência de domínio .
Nos versículos 4-6, Paulo refere-se a cada Pessoa da Trindade e à nossa associação unida com eles. Ao se referir ao Senhor, ele fala de fé e batismo. O objeto da fé em nossa dispensação é Jesus Cristo como Senhor. Então, mediante fé, somos batizados para professar que nos revestimos de Cristo (Gálatas 3:22-25). O batismo é uma declaração de que Jesus Cristo é o Senhor e a Pessoa em quem se crê.
O batismo em água, é um testemunho público da sua salvação, que tem evidência de Morte, Sepultamento e Ressurreição (Romanos 6:3-5; Colossenses 2:12).
Cada indivíduo recém-salvo descobre que "Cristo morreu por mim". A verdade que todo indivíduo recém-salvo deve aprender é que "morri com Cristo". Romanos 6, aborda a verdade de que todo crente morreu para o pecado. O pecado, nosso antigo dono de escravos, não é mais senhor porque morremos com Cristo.
O batismo é uma imagem desta verdade que aconteceu na salvação. Ao entrar nas águas do batismo, a pessoa é imersa, ficando assim submersa antes de emergir.
Quanto à imersão, Paulo diz: "Não sabeis que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?" (Romanos 6:3).
Nossa associação com Cristo na imersão retrata nossa ligação com Ele na morte.
1) A respeito da nossa imersão, Paulo diz: "Portanto, pelo batismo fomos sepultados com Ele na morte" (Romanos 6:4a). Demonstramos que fomos sepultados com Cristo, estando debaixo da água.
2) A respeito de nossa saída da água, Paulo diz: "Assim como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós devemos andar em novidade de vida" (Romanos 6:4b). Na salvação, recebemos uma nova vida e, assim, no batismo, o sair da água simboliza o levantar-se para andar em novidade de vida.
O versículo 5 segue, explicando que é lógico que "se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, o seremos também na semelhança da sua ressurreição". O tempo futuro ("nós também seremos") não indica o futuro a partir do momento em que este livro foi escrito, mas que a ressurreição segue a morte.
Lendo Colossenses 2:12, vamos notar o mesmo ensino da forma que o batismo simboliza nosso sepultamento e ressurreição com Cristo, usando o contexto da verdade de que "sois completos Nele" (Colossenses 2:10a).
O versículo 11 do mesmo capítulo mostra a ligação entre circuncisão e conversão. A salvação, e não o batismo, é o equivalente no Novo Testamento à circuncisão. Observe que judeus circuncidados foram batizados, uma mulher como Lídia, que nunca poderia ser circuncidada, foi batizada, e Timóteo, que teria sido batizado, foi posteriormente circuncidado.
A circuncisão não fez a transição para o batismo, nem o substituiu. No entanto, após a salvação, correspondendo à circuncisão feita sem mãos, o batismo do crente retrata a ligação do crente com Cristo. Portanto, uma nova vida é confessada publicamente pelo batismo de um crente.
Em Pedro 3:21, usando a "Evidência do Dilúvio", ele faz um breve, mas importante comentário sobre os efeitos contínuos do batismo aos Judeus crentes dispersos em território Gentio.
Quando ele escreve sobre fazer o bem, mesmo que isso signifique sofrimento, ele chama a atenção do leitor de volta para as águas do dilúvio e para sua libertação. Pedro então sinaliza que o dilúvio corresponde a uma maneira pela qual o batismo atualmente salva.
Como isso salva? Não é da penalidade dos pecados, pois "Cristo sofreu uma vez pelos pecados" (Pedro 3:18). Em vez disso, é um apelo contínuo para vivermos em boa consciência diante de Deus.
O dicionário bíblico W.E. Vine interpreta muito bem esta verdade, ele escreve: "Assim, o crente é salvo, preservado pelo batismo, não da condenação de seus pecados, mas de uma má consciência por ter violado o significado da ordenança por pensamento, palavra ou ação".
Como podemos fazer isso? À medida que as sete almas com Noé passaram pelas águas imersas do dilúvio, passamos de um velho mundo contaminado para um novo mundo de bênçãos, para vivermos no poder de um Cristo ressuscitado, conforme retratado no batismo.
Ao lembrarmos do nosso batismo em água, quando publicamos ao mundo que eramos agora em Cristo, isto há de nos salvar, preservar de toda contaminação que há no mundo, para o qual, publicamos no batismo, que morremos.
Depois de batizado, a Palavra de Deus lhe ensinará que o próximo passo importante da obediência é unir-se a um grupo de crentes, uma assembleia local reunida em nome do Senhor Jesus Cristo. Embora o batismo esteja ligado à salvação no Novo Testamento, o batismo também é um requisito para a recepção na comunhão de uma assembleia local (Atos 2:41).
Assim como você obedeceu no batismo, a obediência à Palavra de Deus deveria marcar a sua nova assembleia local (1 Timóteo 3:15). Fazer parte de uma assembleia irá ensiná-lo a ser um adorador em comunhão e ajudá-lo a encontrar um lugar para servir espiritualmente a Deus, edificando outros dentro das diretrizes dos papéis de gênero.
197. Batismo de Sofrimento pela Justiça
O Senhor desafiou Tiago e João em resposta ao apelo de sua mãe: "Podeis vós beber do cálice que eu beberei e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?" (Mateus 20:20-23; ver também Marcos 10:35-38).
Quando eles responderam afirmativamente, o Senhor disse: "Bebereis verdadeiramente do meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu fui batizado".
O batismo de sofrimento pela justiça, tanto privada como abertamente, é a porção de todos os que procuram andar retamente diante de Deus.
O Senhor Jesus havia dito aos Seus discípulos: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo" (João 16.33). Na carta do apóstolo Paulo a Timóteo, ele escreveu que "...todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus sofrerão perseguições" (2 Timóteo 3:12). Este é o batismo do sofrimento pela justiça.
"Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por Ele." (Filipenses 1:29)
O "cálice de tristeza" seria a dor interior que muitos filhos de Deus experimentam quando suas almas justas são diariamente atormentadas por causa do pecado e de toda forma de iniquidade existente no mundo em geral. Os seus mais profundos sentimentos de angústia não são expressos em palavras, mas com a ajuda do gracioso Espírito de Deus eles são suportados com equidade e paz de espírito no mais íntimo do ser.
Embora nenhum crente possa jamais experimentar o que nosso Senhor passou por nossa causa na cruz, podemos nos lembrar daquele discurso precioso e único do Senhor Jesus, conforme registrado em João 12:27: "Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora".
O que estava diante dEle era o "cálice do julgamento" pelo pecado e o "batismo na morte". O fato de nosso Senhor ter sido feito pecado foi tão totalmente ofensivo à Sua natureza santa, e a perspectiva de morte tão estranha ao Seu ser imortal, que ocasionou um encolhimento positivo do próprio pensamento de receber tal cálice da mão de Seu Pai. No entanto, Ele diria: "não seja feita a minha vontade, mas a Tua" (Lucas 22:42).
João, o apóstolo, foi exilado na Ilha de Patmos como punição de Roma por seu fiel testemunho da graça salvadora do Senhor Jesus Cristo. A ilha era uma paisagem árida e infrutífera, uma prisão da qual ninguém poderia escapar, exceto com licença. Para uma pessoa não regenerada, ser exilado na ilha teria sido uma morte em vida. João sofreu por estar isolado de seus irmãos e, portanto, privado da comunhão com os santos, mas desfrutou de preciosa comunhão com seu Senhor (Apocalipse 1:10), algo que o homem não poderia tirar dele. A experiência de João foi certamente equivalente a beber o "cálice do sofrimento".
No caso do irmão de João, Tiago, que foi morto à espada por Herodes (Atos 12:2); ele experimentou o batismo do sofrimento até a morte pela justiça. Muitos outros também sofreram e morreram pela sua fé, possivelmente todos os discípulos, exceto João.
Sabemos também que, ao longo dos últimos dois milênios, muitos milhares de santos sofreram a morte em defesa do testemunho da graça de Deus num mundo atingido pelo pecado.
Que nosso gracioso Deus nos ajude, como Seus filhos, a estarmos prontos e felizes para sofrer pela justiça; pois, como Paulo escreveu, somos "herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é que sofremos com Ele, para que também com Ele sejamos glorificados. Pois tenho para mim que os sofrimentos do tempo presente não são dignos para sermos comparados com a glória que em nós, será revelada" (Romanos 8:17-18).
"Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo." (1 Pedro 3:14-16)
198. Batizados em Moisés, na nuvem e no mar
Paulo, escrevendo à igreja em Corinto, e referindo-se a Israel, disse: "Além disso, irmãos, não quero que ignoreis que todos os nossos pais estiveram debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e foram todos batizados em Moisés na nuvem e no mar" (1 Coríntios 10:1-2).
O significado da expressão "Todos foram batizados em Moisés na nuvem e no mar" é que, através da fidelidade de Moisés, Deus teve o prazer de cobrir a nação de Israel com a nuvem de Seu amor e proteção, dia e noite, enquanto eles viajaram pelo deserto. Além disso, foram guiados por Jeová, sob a liderança fiel de Moisés, na sua bem-sucedida passagem pelo Mar Vermelho, onde foram libertos do poder da morte. Contudo, ser batizado na nuvem e no Mar Vermelho não era garantia de que o povo seria transportado para a Terra Prometida - tudo dependeria da sua fidelidade a Deus.
Embora ambos os eventos tenham sido comparados ao batismo, foi o Senhor quem tomou a iniciativa. No batismo cristão, é o indivíduo que obedece ao chamado do Senhor para ser batizado. Desde o momento em que Israel deixou o Egito, eles foram beneficiários do amor, da misericórdia e do poder de Jeová, mas, muito rapidamente, esqueceram a bondade soberana do Senhor para com eles e se voltaram para a idolatria, foram desobedientes e descontentes.
Quando Israel chegou a Cades-Barnéia, sua descrença em Jeová era tão evidente que o Senhor declarou: "Vossos cadáveres cairão nesse deserto. Todos vós que fostes recenseados da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim, não entrareis na terra onde jurei estabelecer-vos, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num" (Números 14:29-30).
O Apóstolo Paulo estava ansioso para transmitir aos santos em Corinto que a observância e a participação de instituições como o batismo e a Ceia do Senhor não são em si evidências de que a caminhada de um indivíduo agrada a Deus. Poderíamos acrescentar que nem a manutenção de tais instituições por si só pode dar a um indivíduo a garantia da vida eterna no céu; tal segurança só pode ser conhecida quando uma alma se arrepende diante de Deus e coloca sua fé e confiança no Senhor Jesus Cristo.
O apóstolo está destacando o fato de que uma pessoa pode, pelo que parece, receber bênçãos divinas, tendo sido batizada e participado da Ceia do Senhor, mas não estar andando de acordo com a vontade de Deus. É evidente que, no Seu tempo, Deus tratará governamentalmente os cristãos professos cuja caminhada não está de acordo com a Sua vontade (1 Coríntios 11:30), tal como fez com Israel.
Que nosso gracioso Deus nos ajude diariamente a sermos sensíveis à nuvem de Sua presença em nossas vidas, a nos movermos quando a nuvem se mover, a ficarmos quietos quando a nuvem estiver parada. Tal disposição nos ajudará – como disse um certo irmão: "Nunca vá antes da sua fé e nunca fique atrás da sua consciência".
O que aconteceu com Israel está registrado para nossa advertência de que não devemos perder terreno durante nossa jornada, nem o galardão na hora da recompensa (2 João 8).
199. Batizado pelos mortos
O Apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que: "Se esperamos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens… Do contrário, o que fará os que se batizam pelos (em lugar dos) mortos, se os não ressuscitam? Por que eles são batizados pelos (no lugar dos) mortos?" (1 Coríntios 15:19,29).
Em 1 Coríntios 15, Paulo faz afirmação da ressurreição do Senhor Jesus Cristo. Paulo fornece evidências incontestáveis do fato e detalha sua veracidade e consequências.
Em resumo, falando do Senhor Jesus, o apóstolo disse que se não houve acontecimentos não temos nenhum evangelho viável para pregar, não há esperança possível de vida eterna para o homem, todos os que adormeceram crendo em Cristo estão perdidos, nossa fé é vã e , como crentes vivos, somos os mais miseráveis de todas as pessoas.
Porém, no versículo 20 temos o início de um parêntese onde o resumo detalha o que houve recebido por revelação divina (vs.20-28). Ele começa usando a conjunção coordenadora mais poderosa e enfática encontrada em todos os seus escritos, a palavra "Mas", e completa sua afirmação dizendo: "...agora Cristo ressuscitou dos mortos". Ele prossegue expondo as tremendas consequências da ressurreição de Cristo e sua ligação inquestionável com o Reino vindouro (a era milenar), levando-nos até o fim dos tempos, "para que Deus seja tudo em todos" (v.28). O versículo 29 do nosso capítulo segue o versículo 19, onde o apóstolo levanta uma questão pertinente: "Doutra maneira, que fará os que se batizam pelos (em lugar dos) mortos?".
Uma expansão da expressão "no lugar de" seria "preencher as lacunas nas fileiras do exército do Senhor ocasionadas pela chamada para o céu dos servos fiéis". Aqui, não há absolutamente nenhum pensamento na mente do apóstolo sobre batismos vicários para almas não salvas que morreram, ou que tais almas poderiam ser salvas se outra pessoa fosse batizada em seu lugar.
O que ele tinha em mente era que as fileiras dos servos (crentes) do Senhor estavam lutando devido ao chamado (morte) de tantos, e que outras almas recém-nascidas (salvas) estavam voluntariamente avançando para preencher as lacunas nas fileiras dos servos do Senhor (que morre), testificando pelo batismo à sua fé na morte e ressurreição do Senhor Jesus. Nisto, eles se expuseram a todos os tipos de perseguições, até mesmo à morte, por testemunharem da ressurreição de Cristo, pois tal ensino era um anátema para o judeu ortodoxo, o fariseu e o saduceu.
Qual era o sentido de outros se juntarem às fileiras dos servos do Senhor (que já morreram), se não há ressuscitado; e por isso, pergunta Paulo, deveríamos diariamente colocar nossas vidas em perigo se Cristo não ressuscitasse. Que declaração maravilhosa e poderosa vem do apóstolo, uma declaração que é a âncora segura e eterna da nossa fé: "Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem" (1 Coríntios 15:20).
Por enquanto, aguardamos com paciente expectativa o dia em que nosso bendito Senhor virá às nuvens para arrebatar todos os redimidos à glória, e então, em menos de um segundo de tempo, Ele "transformará nosso corpo vil (corpo de humilhação)", para que seja semelhante ao seu corpo glorioso" (Filipenses 3:21), "e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4:17).
200. Recepção de crentes na assembleia local
A Palavra de Deus nos adverte três vezes sobre a possibilidade de entrar na assembleia local de alguns que nunca deveriam estar em uma assembleia do Novo Testamento. Paulo anunciou os herdeiros de Éfeso sobre esta possibilidade: "Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão aos rebanhos" (Atos 20:29).
Depois lemos em Gálatas 2:4 sobre "falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente se encontraram", o que sugere infidelidade dupla por parte de alguns que já fazem parte da comunhão. As palavras "secretamente encontrada", é uma só no grego (pareisaktos), e é usada apenas aqui no Novo Testamento e significa "trazidos secretamente ou em segredo", como espiões ou traidores.
O dicionário bíblico WE Vine nos conta que Estrabão, (um historiador grego contemporâneo do apóstolo Paulo) usa a palavra de inimigos lançados secretamente em uma cidade por traidores internos. Estes "falsos irmãos" tinham uma agenda com aqueles que os trouxeram; eles eram judaizantes, trazidos pelo partido da circuncisão para estabelecer uma lei cerimonial entre os membros da assembleia local.
Em Judas 4 lemos: “Porque se introduziram alguns”. A palavra no grego aqui para "se introduziram" é usada apenas uma vez e significa "entrar furtivamente" ou "entrar secretamente". Isto sugere três coisas, como mostra a epístola de Judas, (1) que estes homens tiveram uma origem semelhante à da serpente; (2) que agiram humildemente quando quiseram entrar, (3) mas quando entraram, manifestaram que eles eram apóstatas.
Apóstatas são aqueles que, tendo professado fé em Cristo, negam a Ele e às doutrinas essenciais da fé. Um verdadeiro filho de Deus, embora possa falhar e pecar, nunca poderá tornar-se um apóstata.
A Palavra de Deus ensina que a respeito da assembleia local do Novo Testamento, pode haver salvos “dentro da comunhão” e não salvos “fora da comunhão” (1 Coríntios 5:12).
A Bíblia mostra uma outra “classe” de pessoas fora da comunhão, os “indoutos”, que se distinguem dos “incrédulos” e também dos que estão na assembleia local.
Em 1 Coríntios 14:16 o "indouto" é capaz de dizer "Amém" ao dar graças, mas não o "incrédulo". No versículo 23 lemos: "Se, pois, toda a igreja se reunir... e entrarem naqueles que são 'indoutos' ou 'incrédulos'". Estes dois versículos mostram claramente que os "indoutos" são crentes que ainda não fazem parte da comunhão da assembleia.
As palavras “assentos laterais” ou “bancos traseiros” para receber estas pessoas nos locais de reuniões da assembleia não estão no Novo Testamento, mas o princípio está lá. Na conversão, um crente é automaticamente um membro da Igreja que é o Corpo Cristo, mas ele(a) não está automaticamente numa igreja local.
A assembleia local do Novo Testamento é um local onde a disciplina é realizada. Qualquer assembleia que pratique "recepção aberta", receberá temporariamente na sua irmandade qualquer "crente" denominacional que irá regressar à sua denominação, não poderá disciplinar aqueles que nunca fizeram parte da irmandade. Um "crente" denominacional que participa da Ceia do Senhor não está nem "dentro" nem "fora". Se essa pessoa cair em um pecado que exige disciplina, como ela poderá ser restaurada, se nunca foi recebida?
A assembleia local do Novo Testamento é um lugar de ordem (1 Coríntios 14:40). Há muitos crentes que desconhecem os princípios da liderança na igreja local, por isso não sabem que as irmãs devem usar uma cobertura para a cabeça e não falar em voz alta nas reuniões da igreja, pois isto foi dado aos irmãos.
O Novo Testamento ensina que cartas de recomendação devem ser usadas quando um crente visita outra igreja local (Romanos 16:1-2; 2 Coríntios 3:1). Esta prática mostra que alguém não deve ser recebido só porque afirma ser cristão. É isto que não havia seitas denominacionais nos primeiros dias do Cristianismo. Quanto mais são possíveis cartas de recomendação hoje!
Às vezes, Romanos 15:7 é usado para apoiar a recepção aberta, mas o contexto dos versículos 5 e 6 mostra conclusivamente que Paulo está falando sobre receber com carinho aqueles que já estão em comunhão na assembleia.
Neemias 7:3-4 é uma ilustração deste princípio no Antigo Testamento. Neemias tentaram aos porteiros que as barreiras não fossem abertas até que o sol estivesse saindo. Então pude ver claramente quem recebeu e quem recusou a entrada na cidade.
Esdras, em seu encargo para restaurar a separação do povo de Deus dos povos da terra, ilustra os dias de JN Darby, W. Kelly e CH Mackintosh, numa época em que tentavam sair das trevas da cristandade. Hoje alguns corrigem o risco de voltar a ele! Assim, Esdras, ao reunir todo o povo para ouvir a leitura da Lei de Deus e adorar-la (tendo apenas o altar e o templo para sua inspiração), embora possa ser usado para apoiar uma recepção aberta.
O Novo Testamento afirma que, somente aqueles que nasceram de novo e obedeceram ao mandamento do batismo, deverão ser recebidos na comunhão da igreja local (Atos 2:41; 1 Coríntios 14:33).
Existem três expressões nas Escrituras de compras locais no plural.
Lemos frequentemente sobre "igrejas de Deus"; eles têm sua origem em Deus e são Sua morada.
Em Romanos 16:16 lemos “igrejas de Cristo”; Eles pertencem a Ele porque são Seus por compra, através de Seu próprio sangue precioso.
Também lemos sobre "igrejas dos santos" (1 Coríntios 14:33), o que significa que não pertence aos santos, mas que são igrejas dos santos por composição (Atos 5:13-14; 2 Coríntios 6:14).
Não se poderia esperar que pessoas não salvassem o testemunho com uma vida piedosa; eles nem sequer têm vida divina. Eles também ser uma má influência sobre os crentes genuínos (Leia Números 11:4-5; 1 Reis 11:4; Deuteronômio 7:4).
Há casos de pessoas na comunidade da assembleia que afirmaram que tinham feito uma profissão falsa e então foram realmente salvas e batizadas "novamente". A maioria delas achará muito difícil abandonar sua profissão vazia. Portanto, recebê-los erroneamente pode ser um obstáculo para que eles se tornem genuinamente salvos.
Quando possível, os herdeiros são sábios em não participar da entrevista quando um parente próximo estiver sendo considerado para a recepção da comunhão, de modo a não permitir que emoções ou relacionamento influenciem as decisões.
Duas coisas deveriam ser óbvias numa história de conversão: primeiro, alguma evidência de verdade do seu pecado e condição perdida e, segundo, alguma evidência de que eles apreciaram publicamente que Jesus morreu por eles. Outro fator importante na recepção inicial é a disposição de se submeter à autoridade da Palavra de Deus em sua vida pessoal.
Somente os crentes que foram batizados por herança após a salvação devem ser recebidos. No Novo Testamento há registros de milhares de crentes que foram salvos, batizados e recebidos na comunhão da assembleia, e não há o registro de sequer um crente não batizado na comunhão da assembleia. O ladrão que foi salvo na cruz morreu no mesmo dia, por isso nunca foi batizado nem esteve em comunhão de assembleia. O batismo e a Ceia do Senhor, são ordenanças do Senhor. É inconsistente que qualquer crente se preocupe com uma dessas ordenanças e não com a outra.
Temos que deixar claro que o batismo não é uma porta para a entrada na comunhão de uma assembleia local, mas um passo de obediência que deve ser dado após a salvação e antes de entrar na comunhão da assembleia.
Reiteramos que somente os crentes que foram batizados por herança após a salvação devem ser recebidos. O batismo por aspersão é um erro doutrinário predominante; e Atos 19:5 nos dá autoridade para rebatizar indivíduos que foram apenas aspergidos ou imersos sem serem salvos. Alguns podem objetar e dizer que estamos fazendo da luz, e não da vida, a base da comunhão, mas ninguém tem vida eterna sem alguma luz. Qualquer pessoa que seja batizada deve pelo menos certificar-se de que seu batismo está de acordo com a Palavra de Deus – isto é, seja verdadeiramente salva e por tradição – mesmo que não saiba muito sobre a doutrina do batismo.
Os crentes que serão recebidos na comunhão da igreja não devem ser apenas batizados, mas também sólidos na vida e na doutrina. A recepção é recíproca. Todo crente deve ter cuidado com quem participa da Ceia do Senhor. Se um crente faz parte do pão com um certo grupo de pessoas e eles cometem erros fundamentais na relação à pessoa e à obra de Cristo, ele é parceiro em suas mais ações. João ensina em sua segunda epístola que não devemos oferecer "felicitações" por sua obra ou convidá-los para nossas casas com a intenção de ensinar-nos sua doutrina, embora devamos ter compaixão de suas almas se não fordes verdadeiramente salvos.
Visto que a recepção é recíproca, não apenas a assembleia deve estar preparada para receber com carinho e de coração, mas o indivíduo que está sendo recebido deve estar preparado para receber a assembleia e tudo o que ela representa. Uma "crente denominacional" que autoriza a autoridade de qualquer outro conjunto de regras (seja de uma denominação ou de um credo, etc.) está autorizando uma autoridade estranha à Palavra de Deus. Desejamos ver em um candidato à recepção, submissão às Escrituras e evidência de possuir o Senhor do Senhor Jesus em sua vida.
Um crente que esteja visitando uma assembleia pela primeira vez ou que seja desconhecido da assembleia deve ser recebido por uma carta (Leia Romanos 16:2; Atos 18:27; 2 Coríntios 3:1). Uma carta não é realmente um bilhete de admissão, mas sim uma questão de cortesia. Os crentes visitantes bem conhecidos da assembleia não devem ser obrigados a trazer uma carta cada vez que os visitam. Mas em 2 Coríntios 7:2, devemos notar que embora Paulo fosse um apóstolo e tivesse visto aquela grande assembleia ser convocada, ele não esperava ser recebido se tivesse ofendido alguém, ferido alguém ou defraudado alguém.
Os dirigentes são responsáveis por agir o mais próximo possível dos princípios da Palavra de Deus e agir no melhor interesse dos santos sob seus cuidados. Eles também prestam contas ao Senhor quanto ao ensino dado na assembleia. Uma opção que pode ser exercida ao legado dos anciãos é permitir que um irmão visitante participe da Ceia do Senhor, mas proibi-lo de ministrar ou ensinar até que tenha mais confiança nele. Ele estaria então livre para orar ou dar louvor a Deus. Visto que as irmãs não falam nas reuniões da assembleia, não permaneceram as mesmas preocupações se estivessem de visita.
Se um crente da assembleia sem uma carta tenha uma atitude de estar disposto a submeter-se aos governantes no que diz respeito a ficar sentado ou (se para um irmão) não ensinar se for solicitado a fazê-lo, isso é um bom sinal de que ele poderia ser recebido a menos que haja uma razão bíblica para não fazê-lo.
Os crentes devem ser recebidos com cortesia pelo povo do Senhor. Cada uma das características do amor divino em 1 Coríntios 13 foi vivida em perfeição pelo Senhor Jesus; certamente, todos nós queremos ser mais parecidos com Ele. Nossas interações com os visitantes que chegam à nossa assembleia, sejam eles salvos ou não, devem ser corteses e gentis. Devemos fazer com que todos os visitantes se sintam bem-vindos, independentemente da sua origem ou aparência. Se convidarmos pessoas salvas para assistir à Ceia do Senhor, convidamos informá-las de antemão o que esperar; se já os aceitamos como crentes, eles não deveriam ficar chocados na reunião ao saber que não participariam dos emblemas conosco.
Os crentes devem ser recebidos de coração. Devemos fazer com que os visitantes sejam bem-vindos em nossos corações e lares "como convém a santos" (Romanos 16:2). Paulo acrescenta: "É que a ajudais em tudo o que ele(a) precisa de vós". Se possível, é bom que um dos santos possa convidar visitantes para uma refeição em casa, especialmente se forem de longe.
Os crentes deverão ser recebidos por unanimidade. Toda a assembleia recebe e toda a assembleia excluída da comunhão. Na maioria das vezes, são os sofisticados que têm a responsabilidade de lidar com a coleta, especialmente a coleta inicial. Contudo, deverá ser comunicado pelo menos uma semana de antecedência para toda a assembleia, antes da recepção inicial. Isso dá a oportunidade para qualquer pessoa na irmandade de conhecer aos anciãos algo que eles talvez não tenham conhecimento e que desqualifique essa pessoa para recepção. Paulo escreve em Romanos 1:7 diz: “A todos os que estão em Roma, amados de Deus, chamados para ser santos”. São eles que credenciam Febe em Romanos 16:1,2. Ele também escreve: "Aos santos e irmãos irmãos em Cristo que estão em Colossos" (Colossenses 1:2). São a eles que Paulo pede para receber João Marcos, se ele por até eles.
Os crentes devem ser recebidos com responsabilidade por todos os privilégios e responsabilidades da assembleia. Não é apenas recebido para a Ceia do Senhor; esse conceito não é encontrado no Novo Testamento (Atos 2:42; 9:28). Se um irmão visitante na comunhão da assembleia vier no meio da semana e for capaz de ajudar na reunião durante uma semana, será conveniente ler sua carta de recomendação no início da reunião. Sua carta poderia ser lida novamente na manhã do Dia do Senhor, se apresentasse alguns presentes que não estavam na reunião do meio da semana.
Os crentes devem ser recebidos imparcialmente. Tiago escreve: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tiago 2:1). Os oito versículos seguintes (Tiago 2:2-9) também tratam de receber imparcialmente. A parcialidade é inconsistente com as palavras “meus irmãos”, e também inconsistente com a fé do nosso Senhor Jesus Cristo.
Estes princípios da Palavra de Deus devem ajudar a guiar-nos na recepção de uma assembleia.
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entradas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade.” (Colossenses 3:12)
201. A Assembleia Local Existe Para a Glória Divina (1)
É comum hoje em dia 'escolher uma igreja' com base na preferência pessoal. Se o programa infantil é 'legal', o Pastor é fácil de ouvir e a banda está na moda, o que mais se poderia querer?
Contudo, à luz do fato de a Bíblia contém diversas epístolas que dão instruções doutrinais planejadas sobre a função, caráter e propósito de uma assembleia local, uma 'escolha de igreja' deve necessariamente envolver convicções espirituais e um compromisso inteligente com a doutrina bíblica. Isto não deveria ser como surpresa.
Obs. A palavra 'assembleia local' em vez de 'igreja' será usada ao longo desta série, pois expressa com mais precisão o significado da palavra grega original ekklesia.
O Cristianismo Bíblico nunca foi uma questão de preferências pessoais. No seu nível mais básico, o Cristianismo significa 'Deus revela a Sua verdade e eu a obedeço'. Quando a primeira assembleia local foi formada em Jerusalém, seus membros "permaneceram firmes na doutrina dos apóstolos" (Atos 2:42); não 'em suas próprias preferências pessoais'. Essa doutrina, agora consagrada em toda a sua plenitude no Novo Testamento, inclui não apenas tudo o que precisamos saber sobre nosso Senhor e Salvador, sobre o Evangelho da nossa salvação, sobre andar pela fé e sobre o Reino vindouro, mas também sobre o todo da visão de princípios e práticas de assembleia local.
A doutrina é importante para os cristãos sérios. Os livros de história estão cheios de exemplos de crentes fiéis que, muitas vezes com grande custo para si próprios, defendem a verdade bíblica. Embora a simplicidade da ordem de assembleia tenha sido, em sua maior parte, enterrada durante séculos sob a liturgia, cerimônias e rituais da cristandade, quando a Bíblia foi traduzida para o português (e para as línguas maternas de muitas outras nações), os olhos dos crentes foram abertos. Eles enxergaram através das tradições eclesiásticas extra-bíblicas dos homens, e desejaram sinceramente voltar à simplicidade da doutrina do Novo Testamento, tanto no que diz respeito ao caminho da salvação como também na doutrina e prática da igreja. Como as coisas mudaram!
No século XXI não é a pureza da doutrina que os frequentadores da ´igreja` querem – eles parecem não querer doutrina alguma! Eles querem uma igreja livre de doutrina. Sem doutrina, sem critério e sem dever. A atitude comum "Vamos apenas nos divertir, evitar debates sobre 'não essenciais' e não julgar ninguém nem nada" está muito distante da ênfase do Novo Testamento, podemos como ver em versículos:
“Até que eu chegue, dedique-te à leitura, à exortação, ao ensino” (1 Timóteo 4:13);
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1 Timóteo 4:16);
"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino..." (2 Timóteo 3:16).
Portanto, a doutrina é importante e, no domínio da “verdade da assembleia”, não menos do que em qualquer outra área da revelação divina, é vital que tenhamos uma compreensão clara dos princípios básicos. Isto nos ajudará a formar a nossa própria compreensão dos primeiros princípios. Então, aqui estão oito propósitos de uma assembleia local:
A cultura ocidental do século XXI é, em geral, egocêntrica. O antigo lema do Hilton Hotel, "Bem-vindo a um mundo que gira em torno de você", resume perfeitamente o espírito de direito e auto gratificação que caracteriza a época atual. Por outro lado, uma assembleia local existe antes de mais nada para Deus e para Sua glória! Não é a minha assembleia, nem mesmo a assembleia da liderança - é a assembleia de Deus.
A Bíblia descreve como "o rebanho de Deus" (1 Pedro 5:2), "o templo de Deus" (1 Coríntios 3:17) e "lavoura e edifício de Deus" (1 Coríntios 3:9). É dEle e existe para Ele e para Sua glória. Pense desta forma: a criação – o universo e tudo o que nele há – existe em Cristo, por meio de Cristo e para Cristo (Colossenses 1:16). O Senhor é simultaneamente arquiteto, construtor e proprietário da criação. O mesmo se aplica a uma assembleia local de cristãos.
1) Primeiro, a assembleia local existe nEle.
Escrevendo à assembleia em Tessalonicenses (na Grécia antiga), Paulo supostamente-se a eles da seguinte forma: "à igreja dos Tessalonicenses que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses 1:1). Isso é uma afirmação e tanto! Cada assembleia local existe na esfera e no poder de Deus e de Cristo.
2) Segundo, a assembleia local existe através dele.
Não haveria assembleias sem a instrumentalidade do Senhor Jesus. Esse é o pensamento em Atos 20:28, onde fala da "igreja de Deus [em Éfeso], que ele comprou com seu próprio sangue", quão caro é um grupo reunido de cristãos! É composto de pecadores redimidos, cada um fruto dos sofrimentos expiatórios de Cristo. Toda assembleia local existe através de Sua obra na cruz, e através de Sua obra na salvação de pecadores em localidades ao redor do globo. É por isso que cada assembleia pertence a Ele!
3) Terceiro, a assembleia local existe para Ele.
Quando Deus pediu a Moisés que construísse uma casa, na época do êxodo do Egito (1.500 a.C.), Ele disse "que me faça um santuário" (Êxodo 25:8). O Tabernáculo, e mais tarde o Templo, existiram para Deus! O mesmo se dá hoje. A assembleia é uma "casa de Deus". Existe para manifestar Sua glória, representá-Lo e promover Seus interesses. Que precioso, isso é! Neste "presente mundo mau" (Gálatas 1:4) que rejeita Cristo, existem assembleias espalhadas por todo o mundo, e elas existem "para Ele".
Se a assembleia local existir 'nEle, através dEle e para Ele', as nossas primeiras considerações podem não ser "Somos interessados para o mundo?", ou "Será que pareceremos esquentando para a nossa geração?", ou "Estamos a impressionar o mundo profissional de negócios entre nós?" Tudo deve ser avaliado para saber se é aceitável e agradável ao Senhor.
Dito isto, a qualidade e o estado de nossa literatura evangélica, ou dos hinários, ou dos edifícios, não devem dar a ninguém uma razão válida para pensar que somos negligentes ou que não levamos o cristianismo a sério. Não há desculpa para preguiça, frieza ou descuido no testemunho em assembleia. Mas a tendência moderna de recorrer ao mundo dos negócios, à cena musical e à cultura de celebridades que nos rodeiam, a fim de atrair multidões maiores, é um mal-entendido fundamental sobre a razão pela qual existe uma assembleia. Não existe para os olhos dos homens, mas para os olhos de Deus.
Não precisamos esperar que os ímpios fiquem claros com o que é espiritual e bíblico, a menos, é claro, que o Espírito de Deus esteja operando em seus corações e eles estejam buscando a Deus. Pessoas perdidas, com seus modos de pensar ímpios, não acharão atraindo ou atraindo uma companhia de peregrinos reunidos ao nome de Cristo "fora do arraial" (Hebreus 13:13).
Portanto, se a nossa cultura 'não canta mais em grupo', isso não deveria depender da nossa determinação de seguir a exortação da Bíblia às assembleias: "Deixai a palavra de Cristo habitar em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinando e admoestando uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em seus corações” (Colossenses 3:16).
Se a nossa cultura diz que já não considera a pregação pública "a melhor forma de absorver informação", preferíamos que a ênfase fosse colocada na multimédia, na música e na mímica, que não nos movamos do nosso dever de "proclamar a palavra como um arauto". A pregação pública é o método designado por Deus para a divulgação do Evangelho e o ensino da Palavra (1 Coríntios 1:17 – 2.5). Tudo isto deve ser entendido e estabelecido em nossos corações, ou estaremos sempre perseguindo a última moda da cristandade, na tentativa de fazer a assembleia parecer 'legal' aos olhos do mundo, em vez de partir das premissas "O que diz o Senhor?"
O fato de uma assembleia local existir para a glória de Deus não apenas reorienta o nosso pensamento sobre a quem se destina a assembleia, mas também dignifica e eleva o nosso serviço relacionado com ela. Se uma assembleia existe para a glória de Deus, então a reunião de oração do meio da semana é significativa e vale a pena participar. Todas as reuniões e atividades da assembleia são de interesse do Céu.
Numa sociedade pragmática e orientada para resultados, devemos lembrar que o trabalho da Escola Dominical, a distribuição de literatura evangélica, a pregação ao ar livre e uma série de reuniões evangélicas são todos conduzidos principalmente com vista à glória do Senhor – e Ele fica honrado e satisfeito com isso.
E devemos continuar com tal serviço, quer ele "produza resultados" ou não (2 Coríntios 2:14-17). Ao revisitarmos os fundamentos do testemunho em assembleia, não há verdade mais fundamental e importante do que esta – a assembleia local existe para a glória de Deus.
202. A Assembleia Local Manifesta a Presença Divina (2)
O primeiro fundamento do testemunho em assembleia local, é que ela existe para a glória de Deus. E o segundo propósito fundamental de uma assembleia local, é manifestar a presença de Deus. Desde o início da criação sempre foi o propósito de Deus habitar entre o Seu povo.
Adão e Eva ouviram a voz de Deus, conheceram Sua presença e desfrutaram de comunhão com Ele no jardim do Éden. Mais tarde, no livro de Gênesis, Jacó encontrou Deus em "Betel" (hebraico: "casa de Deus"), e exclamou "Certamente o Senhor está neste lugar…este não é outro senão a casa de Deus, e este é o porta do céu" (Gênesis 28:16-17).
Assim que a nação de Israel foi chamada para fora do Egito (1.500 a.C.), redimida pelo sangue e batizada em Moisés, no Mar Vermelho, Deus declarou Seu propósito: "Façam para mim um santuário; para que Eu habite no meio deles" ( Êxodo 25:8). Voltando-nos para o outro extremo da Bíblia, o apóstolo João viu "um novo céu e uma nova terra" (Apocalipse 21:1), e escreveu que "o tabernáculo de Deus está com os homens, e ele habitará com eles, e eles serão o seu povo” (v. 3). A presença de Deus entre Seu povo é o tema principal das Escrituras.
É importante distinguir entre a onipresença de Deus e o que pensamos chamar de Sua "presença manifestada". O fato do Senhor estar presente em todos os lugares não O impede de manifestar Sua presença num determinado local e num determinado momento. No tabernáculo de Moisés, o Senhor habitou entre os querubins (Êxodo 25:22).
Novamente, a glória do Senhor encheu o templo de Salomão em Jerusalém; uma cidade que é referida repetidamente como "o lugar que escolhi para colocar o meu nome" (Neemias 1.9). Mesmo no Reino milenar, Jerusalém será chamada “o Senhor está ali” (Ezequiel 48:35).
Tudo isto convida à pergunta "Onde Deus habita hoje?" O tabernáculo de Moisés e o templo de Salomão já pereceram há muito tempo. A presença de Deus pode ser encontrada nas catedrais, nos santuários e nas basílicas da cristandade?
Deixemos que a Palavra de Deus responda: "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles" (Mateus 18:20).
Este versículo fundamental se divide perfeitamente em três partes:
1º) "Onde dois ou três estão reunidos"
Observe que Mateus 18:20 não está dizendo 'Onde duas ou três pessoas decidem se reunir, aí estou eu.' O verbo "reunir" está na voz passiva, o que significa que os "dois ou três" foram reunidos por Deus.
Obs. Embora a passagem de Mateus 18 inicialmente se refira à disciplina da assembleia local, no versículo 20 é dado um princípio geral.
Mas, exatamente como Deus reúne Seu povo hoje para que Ele possa habitar entre eles?
Venha comigo por um momento de volta à Grécia Antiga; uma cultura que apresentava "pregoeiros" que faziam anúncios locais em praça pública. A palavra grega para pregoeiro ou arauto é 'kerux'.
Quando questões políticas ou legislativas precisavam ser resolvidas numa vila, ou cidade grega, o kerux ficava na rua e convocava em voz alta os civis. Assim que o Kerux anunciou o chamado, as pessoas saíram de suas casas e negócios e se reuniram em grupo.
Este grupo, esta 'assembleia chamada', foi chamado de 'ekklesia' (´ek` [fora] e ´klesia` [chamar]).
Obs. A "assembleia legal" mencionada pelo secretário municipal de Éfeso em Atos 19.39 é um desses usos seculares da palavra ekklesia.
Portanto, um kerux fez o chamado e uma ekklesia foi formada. Agora, a Bíblia usa essas duas palavras num sentido espiritual. O apóstolo Paulo chamou a si mesmo de kerux em 2 Timóteo 1:11 quando disse: "Fui nomeado pregador". O conceito de pregação do Novo Testamento é o de um arauto que anuncia publicamente a mensagem do Evangelho. Quanto à palavra ekklesia, esta é a palavra normal do Novo Testamento para "igreja" ou "assembleia".
Uma assembleia não é um edifício, nem uma denominação, nem uma ordem de homens. É um 'grupo convocado'.
Como ela é chamada? Primeiramente pelo Senhor, através da pregação do Evangelho (o kerux).
Por que ela é chamada? Para sermos reunidos ao nome do Senhor Jesus – e é aí que o Senhor habita hoje!
Quando os pecadores clamam ao apelo do Evangelho com arrependimento e fé, são batizados e depois se reúnem num grupo local chamado "ao Seu nome", e Deus faz deles a Sua morada.
Deve-se notar que o verbo “reunir” em Mateus 18:20 é um particípio perfeito, o que significa que descreve algo que aconteceu e ainda está acontecendo. Enfatiza o estado; não é algo passageiro ou temporário. Esta assembleia reunida tem uma história! Traduzido literalmente, o versículo deveria ser "Onde estarem dois ou três, estando e sendo reunidos em meu nome, aí estou Eu". Uma reunião de assembleia não é uma reunião social casual, mas uma reunião espiritual estabelecida.
2º) "Em meu nome":
A fórmula 'em Meu ou Seu nome' ocorre três vezes no Novo Testamento, e cada ocorrência é repleta de significado:
Lemos em Atos 2, que as pessoas ouviram o Evangelho e primeiramente foram salvas; segundo, batizadas; e terceiro, adicionados à assembleia local em Jerusalém.
O que realmente significa ser reunido em Seu nome? Deixe-me sugerir dois pensamentos principais: "associação" e "autoridade".
a) Associação:
Uma assembleia local não se reúne a uma doutrina, a uma figura da história da Igreja ou a uma organização humana. Uma assembleia se reúne "em Seu nome". Reunir-se em ou ao nome do Senhor significa associar-se a uma Pessoa – o Senhor Jesus Cristo.
Visto que, biblicamente, o nome de alguém fala do seu caráter, reunir-se em nome de Cristo significa associar-se ao Seu caráter – Sua verdade, Sua santidade e Sua majestade. Isto tem consequências solenes. Uma passagem vital do Novo Testamento, 2 Coríntios 6:14-18, ensina a doutrina por trás da grande verdade da "separação". Observe com atenção: "Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo; portanto, saí do meio deles e separai-vos, diz o Senhor."
Observe a palavra "portanto". Por que os cristãos deveriam estar separados de tudo o que é contrário à justiça, luz e verdade? Porque o Senhor está presente entre eles e, portanto, estão associados ao Seu nome! Quando Paulo visitou Corinto, encontrou uma cidade perversa mergulhada em imoralidade e idolatria. Deus agiu poderosamente através da pregação do Evangelho, e uma assembleia de Deus foi plantada no meio daquela cidade. Ó Senhor habitou entre Seu povo em Corinto! Isso teve consequências de longo alcance para os convertidos. Por causa da presença do Senhor entre eles, tiveram que romper suas associações com a cultura de Corinto.
Eles aprenderam que não puderam participar da "mesa dos demônios" no templo pagão ao mesmo tempo que participaram da "mesa do Senhor" na assembleia (1 Coríntios 10:21). Aprenderam que uma assembleia local deve refletir a santidade Daquele que nela habita. Paulo os anunciava que "o templo [lugar santíssimo] de Deus é santo, templo que vós sois" (1 Coríntios 3.17).
b) Autoridade:
Um 'nome' também pode funcionar como uma palavra substituta (uma metonímia) para autoridade. Se no passado um soldado batia à porta de uma pessoa e projetado "Abra em nome do Rei", ele não estava se referindo à denominação 'George' ou 'Henry' ou 'William'. Ele quis dizer "Abra, pela autoridade do Rei". Reunir-se "em nome do Senhor" significa submeter-se e considerar Sua autoridade. Isto é crucial. O Senhor no meio carrega não apenas a ideia de Deus habitando, mas também de Deus governando, e somente onde os crentes se reúnem em Seu nome, possuindo assim Sua autoridade e Senhorio, é que a presença de Cristo é conhecida corporativamente.
A importância desta declaração é surpreendente. Aquele que habita na eternidade, de quem Salomão disse: "Quem poderá edificar-lhe uma casa, visto que os céus e os céus dos céus não o podem conter?" (2 Crônicas 2:6), agora habita entre aqueles que estão simplesmente reunidos em Seu nome. Fazer parte de uma assembleia local assim reunida é um privilégio maior do que ser membro da Câmara dos Comuns, ou da Câmara dos Bispos, ou mesmo de qualquer clube, presidência, associação ou órgão, não importa quão prestigiosos ou poderosos os homens possam pensar que são. Nenhuma sanção eclesiástica elevada é necessária; nenhum decreto papal; nenhuma afiliação denominacional. Que descoberta! Que privilégio!
203. A Assembleia Local Exibe o Projeto Divino (3)
O primeiro fundamento do testemunho em assembleia local, é que ela existe para a glória de Deus. E o segundo propósito fundamental de uma assembleia local, é manifestar a presença de Deus. Mas temos também o fato de que Ele projetou a assembleia e que sua ordem, estrutura e caráter demonstram Sua sabedoria. Esses três fatos são apresentados lado a lado, em tipo, no Êxodo 25.8-9: "E me fará um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertencem, assim mesmo o fareis."
A casa de Deus no Antigo Testamento tinha um padrão. Com meticulosa precisão, Deus especificou os materiais, dimensões, layout e método de construção do Tabernáculo. Nada foi deixado à imaginação humana. Deus disse a Moisés: "Vê… que faças todas as coisas conforme o modelo que te foi mostrado" (Hebreus 8.5).Foi da mesma forma para o Templo de Salomão (1 Crônicas 28:12).
Esse padrão serviu para revelar a sabedoria e a glória de Deus.
Existe um padrão para a habitação de Deus hoje? Sim! Não nos é permitido inventar à medida que avançamos. O Novo Testamento fornece um padrão e um plano definido para serem seguidos em todas as culturas, em todos os continentes e ao longo de todos os séculos da presente dispensação.
Por exemplo, em 1 Coríntios 3 aprendendo como integrar a assembleia, enquanto em 1 Timóteo 3 aprendendo como nos comportar na assembleia.
Observe os termos que Paulo usa em 1 Coríntios 3. Como o pregador que levou o Evangelho a Corinto e viu a assembleia implantada, ele se autodenomina um "sábio mestre-de-obras" que lançou os "fundamentos" para o "edifício de Deus ". Ele designa a assembleia como "o templo [lugar santíssimo] de Deus" e fala de materiais de "ouro, prata, pedras preciosas". Os paralelos com o antigo Templo dificilmente poderiam ser mais claros.
Se Moisés e Salomão tinham o dever de seguir os planos do Arquiteto Divino para a casa de Deus numa era passada, e nós agora? Observe atentamente as palavras de Paulo em relação à assembleia local: “... cada um preste atenção em como edifica” (1 Coríntios 3:10). Por que há necessidade de cuidado na forma como uma assembleia local é construída? Porque a fidelidade somos ao projeto divino será avaliada quando encontrarmos o Senhor no Céu (1 Coríntios 3:10-15; 4:5). O Senhor nos responsabilizará por essas questões porque Ele deu instruções claras, definidas e definidas para seguirmos.
Ao longo dos tempos, a natureza humana pensou que sabia mais do que o Projetista Divino. Os filhos de Arão introduziram o "fogo estranho"; Acaz modificação um altar estrangeiro; Davi apresentou um novo método de levar a arcada Aliança. Esta fraqueza contínua até a era atual. Na assembleia de Corinto os crentes não estavam a construir corretamente – estavam a trabalhar de acordo com a sabedoria do homem, não de Deus. Embora na sabedoria de Deus, Paulo e Apolo devessem ser vistos simplesmente como "servos", os coríntios os colocaram num pedestal e os transformaram em "oradores famosos". Eles elevaram os dons acima da espiritualidade, o conhecimento acima do amor, o desempenho exterior acima da graça interior, e a grandeza dos homens acima da "loucura da cruz". Assim, Paulo escreveu 1 Coríntios para explicar a diferença entre a sabedoria mundana e a sabedoria de Deus, não apenas em relação ao Evangelho (Capítulo 1) e à comunicação da verdade (Capítulo 2), mas também em relação a como construir assembleias locais (Capítulo 2). 3).
O uso da sabedoria humana na construção de assembleias locais não distantes com os coríntios. Na nossa geração, por exemplo, a pressão para parecer atraente para o mundo estudado num abandono total de qualquer pensamento de seguir orientação um padrão do Novo Testamento, e em vez disso, voltar-se para 'o que funciona' ("o fim justifica os meios"). A exposição do Evangelho foi entregue ao entretenimento, a pregação à performance, a doutrina ao drama e a teologia ao exibicionismo. A ênfase em muitos lugares está agora simplesmente em grandes números, grandes nomes e grandes filhos. Mas, para Paulo, a escolha foi simples. Construa de acordo com a sabedoria do homem e, no Tribunal, tudo será visto como inútil; ou construir de acordo com a sabedoria de Deus, e a obra permanecerá (1 Coríntios 3:9-15).
É bom lembrar que o padrão para uma assembleia do Novo Testamento é obrigatório, não opcional. Os princípios da assembleia do Novo Testamento, como reunir-se somente ao nome do Senhor Jesus, a distinção nos papéis entre homens e mulheres em relação ao ensino e à liderança, o reconhecimento da liderança pelos símbolos da cabeça coberta e descoberta, a pluralidade de presbíteros, a Ceia do Senhor semanal no Dia do Senhor – todas essas são características inegociáveis do padrão.
Eles fazem parte da "doutrina dos apóstolos" na qual devemos continuar "firmes" (Atos 2.42). Tomemos a questão dos presbíteros, ou "liderança da igreja", para cunhar uma expressão. Na Comunhão Anglicana, um Bispo é nomeado e exerce autoridade sobre centenas de igrejas. Isso está de acordo com o padrão? Não. Isso é o oposto do padrão. A liderança da assembleia bíblica não é um bispo sobre muitas assembleias, mas muitos bispos (superintendentes) em uma assembleia (Atos 14.23; 20.17; Tg 5.14).
Um presbítero (ancião) e um bispo são dois títulos para a mesma pessoa (leia Atos 20.17-28; Tito 1.5-7; 1 Pedro 5.1-2). 'Ancião' indica a maturidade do homem; 'bispo' indica o trabalho que ele faz.
E quanto a um nome da "igreja"?
Não pensamos em levar para nós uma bandeira conveniente como "Batista" ou "Presbiteriano"? Não. Isso seria violar o padrão. Qualquer nome desse tipo é ao mesmo tempo mais amplo e mais restrito do que os títulos bíblicos de "cristãos", "crentes", "irmãos" e "santos". Mais amplo, na medida em que tais nomes denominacionais incluem crentes e incrédulos; mais restritos e sectários, na medida em que excluem todos os que se recusam a adotá-los.
E as mulheres falando nas reuniões da assembleia?
Paulo diz "Que as suas mulheres guardam silêncio nas roupas", e alguns versículos depois afirmam "que as coisas que vocês escrevo são mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14:34-37). Observe a palavra "mandamentos", portanto o ensino da Bíblia sobre este assunto não é uma sugestão ou algo a ser negociável! No entanto, a sabedoria humana sempre superará o padrão.
Não animaria as nossas reuniões de oração se os irmãos poderiam participar em oração audível?
Não imagino ter os homens orando numa sala e as mulheres na outra?
Que tal realizar uma "conferência de mulheres" onde as irmãs podem ensinar, já que os homens não estão presentes?
No entanto, nada disso foi encontrado no Novo Testamento.
Nem por afirmação direta, nem por exemplo, nem com base em qualquer princípio geral, podemos encontrar reuniões de assembleias divididas em "pequenos grupos", retiros de homens, conferências de mulheres ou conferências de jovens. Muito pelo contrário – em Sua sabedoria e para Sua glória, bem como para nossa proteção e vitória, Deus planejou todas as reuniões de uma assembleia para serem abertas a todos os crentes, para serem supervisionadas por presbíteros (ancião) locais, com a verdade da liderança, simbolicamente em exibição, e todo o ensino realizado por homens talentosos.
Deus sabe o que é melhor. Seu desígnio para a assembleia local não apenas revela Sua sabedoria, mas também reflete o caráter da presente dispensação. Os cristãos não precisam de templos e capelas, coros e adereços, festas e entretenimentos – todos eles remontam aos agora obsoletos tipos e sombras da antiga aliança, que há muito encontraram o seu cumprimento em Cristo. Nosso chamado é nos reunir somente em Seu nome; um testemunho hospedado fora dos campos políticos, sociais e religiosos deste presente mundo mau, judeus e gentios em comunhão, adorando a Deus em espírito e em verdade, e exibindo a ordem divina de liderança aos anjos – revertendo assim o caos do jardim do Éden, e deleitando o coração de Deus em meio a uma cultura rebelde e impia.
Ao considerar as difíceis questões de nossos dias em relação à ordem e prática de assembleia, as palavras de C.H. Mackintosh são pesadas e instigantes:
"Na presença daquele que sonda os corações, faça a si mesmo, esta pergunta clara e incisiva: 'Estou sancionando com minha presença, ou adotando em minha prática, qualquer desvio ou negligência da Palavra de Deus?' Faça disso um assunto solene e pessoal diante do Senhor. Tenha certeza disso; é do momento mais profundo, da última importância. Se você descobrir que esteve, de alguma forma, conectado ou envolvido em algo que não traz o selo distinto da sanção divina, rejeite-o de uma vez por todas. Sim, rejeite-o, embora vestido com as imponentes vestimentas da antiguidade, credenciado pela voz da tradição, e apresentando o apelo quase irresistível da conveniência. Se você não pode dizer, em referência a tudo com o qual você está conectado, 'isto é o que o Senhor ordenou', então acabe com isso sem hesitação, acabe com isso para sempre."
À luz do dia da revisão no Tribunal de Cristo, nosso primeiro pensamento na construção deve ser a fidelidade à verdade revelada (1 Coríntios 4:2). Prestemos atenção em como construímos!
204. A Assembleia Local e a Autoridade Divina (4)
Temos quatro verdades básicas sobre a assembleia local. Primeiro, o Senhor Jesus é o dono. Segundo, Ele mora nela. Terceiro, Ele a projetou. A quarta, Ele a governa.
A Bíblia ensina que Cristo é o Senhor da assembleia. As assembleias locais do povo de Deus devem reconhecê-Lo como soberano, curvar-se à Sua autoridade e dar-Lhe a preeminência em todas as coisas. Num mundo sem lei, caótico e rebelde, a assembleia local é atualmente a única esfera na terra onde o governo e as autoridades divinas são reconhecidas corporativamente, e onde a Palavra e a vontade de Deus são supremas. Que privilégio é ser chamado a honrar o Senhor desta forma única.
À medida que os cristãos de uma localidade 'se reúnem ao Seu nome', eles coletivamente ficam sob o senhorio de Cristo e são responsáveis somente perante Ele como seu Senhor soberano. A grande “epístola da assembleia local” do Novo Testamento, 1 Coríntios, destaca regularmente esta verdade.
Diz-nos que os dons espirituais enviados na assembleia são dados pelo "Senhor" (1 Coríntios 3:5); que a disciplina da assembleia é realizada em nome do "Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 5:4); que partir do pão é "a ceia do Senhor" (1 Coríntios 11:20); que as instruções da Bíblia sobre quem deve participar, como e quando, são "os mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14:37); e que a atividade da assembleia é "obra do Senhor" (1 Coríntios 15:58).
Tal é a autoridade do Senhor sobre cada assembleia que Ele às vezes intervirá diretamente para manter sua ordem e santidade. A Bíblia adverte "Se alguém contaminar o templo de Deus, Deus o destruirá" (1 Coríntios 3:17).
Exemplos de tal intervenção divina são dados em 1 Coríntios 11:30 "…muitos entre vós são fracos e doentes, e muitos dormem [morreram]"; e "… grande temor se apoderou da igreja, e todos os que ouviram estas coisas [a morte repentina de Ananias e Safira]" (Atos 5:1-11).
É fácil para nós, em nossas fraquezas naturais, nos familiarizarmos com esses assuntos e esquecermos a série de nossos privilégios e responsabilidades de assembleia corporativa, mas quem poderia ler essas passagens sem concluir solenemente que, o último lugar onde podemos fazer o que quisermos é na assembleia. Nela Cristo é Senhor, e a sujeição a Ele é o convite dado a todos os santos.
O tema do senhorio de Cristo sobre a assembleia local é uma doutrina eminentemente prática – e extremamente necessária para os nossos corações muitas vezes inconsistentes e não devotados.
Como uma assembleia deve refletir sobre o senhor de Cristo? Aqui estão algumas dicas:
Estas características, ações e atitudes são indicativas de submissão a Cristo e à Sua Palavra, e nos ajudam a compreender o que significa estar coletivamente sob o Seu senhorio. O senhorio de Cristo também impacta o tema do desenho da assembleia local. Se o Senhor revelou expressamente a Sua vontade – na Sua Palavra – sobre como uma assembleia deve ser estruturada, ordenada e concluída, ousamos alterar, diminuir ou acrescentar algo a esse padrão? Pense em uma grande mansão onde reside 'o Senhor da Mansão'. Por ser dono e morar na propriedade, nada acontece sem o seu conhecimento, a sua aprovação ou a sua vitória. Imagine então, se quiser, alguns convidados de um jantar reconfigurando o layout da sala de estar sem sua permissão expressa - impensável! Da mesma forma, porque Cristo é Senhor na assembleia, que Ele graciosamente nos preserva de introduzir qualquer coisa inconsistente com o Seu senhorio.
Mas sem um Concílio da Igreja, um Credo ou uma Confissão, como podemos saber o que o Senhor exige de nós ao nos reunirmos em Seu nome? Através de Sua Palavra, a Bíblia. Se Cristo é o Senhor da assembleia, então Sua Palavra é o seu padrão absoluto. Quando Paulo se despediu dos presbíteros da assembleia em Éfeso pela última vez, ele disse: "Encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça" (Atos 20:32). Embora Paulo soubesse que os falsos mestres logo causariam erros em Éfeso, ele deixou os presbíteros com nada além de Deus e Sua Palavra. Que lembrete poderoso da suficiência da Palavra autorizada de Deus para todas as necessidades da assembleia.
Mas o que deve ser feito quando um grave mau doutrinário ou moral surge na assembleia local?
Como esses casos devem ser tratados?
Que autoridade tem a assembleia para agir no julgamento?
Deus deu aos seres humanos o direito de exercer disciplina em diversas esferas. Por exemplo, os governos recebem autoridade de Deus para punir os malfeitores (Romanos 13:1-5).
Os pais estão autorizados a administrar disciplina aos seus filhos (Provérbios 23:13-14).
O que é verdade no governo e no lar também é verdade na assembleia local. É autorizado pelo Senhor a agir disciplinadamente quando o mal precisa ser expurgado, para preservação do testemunho e honra do Seu nome. Esta é uma verdade preocupante. As Assembleias de Deus têm a tarefa de administrar a autoridade de Deus em casos que exigem excomunhão. Ao fazerem isso, eles estão cumprindo a vontade de Deus na terra. Quando certo irmão da igreja de Deus em Corinto foi expulso da comunhão por imoralidade sexual, o apóstolo Paulo falou da excomunhão sendo feita enquanto a assembleia se reunia "em nome [autoridade] de nosso Senhor Jesus Cristo" e "com o poder de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 5:4).
Em Mateus 18 há uma descrição de um processo disciplinar de assembleia no qual a ação da assembleia é descrita em termos de "ligar" e "desligar". O versículo 18 diz: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus; e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus". Para compreender o que está sendo dito aqui, é útil notar que os verbos "será ligado" e "será solto" são ambos particípios passivos perfeitos.
Uma Tradução Literal, daria o sentido da seguinte forma: "O que vocês ligarem na terra já terá sido ligado no céu, e o que desligarem na terra já terá sido desligado no céu".
O versículo não está dizendo que o ato de excomunhão realizado na terra seja posteriormente ratificado por Deus no Céu. Muito pelo contrário, o céu liga primeiro; então a assembleia liga na terra o que já foi ligado acima.
Em linguagem simples, quando um crente é afastado da comunhão, essa excomunhão é a imposição de uma ação disciplinar na terra que reflete o veredito de Deus, já dado no Céu.
E, se o crente mais tarde se arrepender e for restaurado à comunhão, a ação vinculativa será liberada, novamente de acordo com a vontade do Céu. Assim, as condições milenares – "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" – encontram a sua resposta, em parte, na era presente!
É interessante o que F.W. Grant diz sobre esta passagem: "[A assembleia] não é uma democracia, mas uma monarquia totalmente absoluta… A igreja é um corpo não legislativo, mas executivo; ela não decreta o que deve ser, mas decide sobre o que é. Tem autoridade para agir, mas de acordo com as linhas estabelecidas para tal."
Ou seja, a assembleia não funciona como um Parlamento que desenvolve e aprova novas leis. Uma assembleia simplesmente administra princípios bíblicos divinos estabelecidos em comunhão com o Céu.
Nas palavras de W.E. Vine: "Um ato de disciplina da igreja não é simplesmente um ato da assembleia; quando usado corretamente, é o exercício da autoridade de Cristo, realizado em Seu nome e poder."
205. A Mensagem das 7 Igrejas do Apocalipse, Aplicadas hoje
Em dias de muita especulação e discussão sobre o fim dos tempos, o livro do Apocalipse continua a ser o foco da atenção e do interesse de muitos cristãos. Abrindo com uma visão magnífica de alguém "semelhante ao Filho do Homem" no capítulo 1, João é instruído no v.19 a "Escreve as coisas que viste, e as que são, e as que depois destas há de acontecer". O capítulo 4 começa com João sendo transportado ao céu para ver essas "...coisas que depois destas hão de acontecer". Eles consistem em uma gloriosa investidura do Cordeiro e Sua tomada de posse de toda a criação nos capítulos 4 e 5, seguida por uma descrição detalhada de um período de tremenda tribulação e julgamento dos capítulos 6 a 19, e depois detalhes de o reino milenar e o estado eterno nos três capítulos finais.
Sete igrejas locais:
Mas imediatamente antes destas revelações, os capítulos 2 e 3 contêm as "coisas que são". São as instruções íntimas do Senhor Jesus a sete grupos de cristãos no que hoje chamamos de Turquia. Essas cartas têm sido objeto de inúmeros livros, leituras bíblicas e ensinamentos. Muito tempo é gasto discutindo quem é o "anjo" de cada igreja, bem como debatendo as diferentes maneiras de olhar para as igrejas, seja histórica, prática ou profeticamente. Em particular, tem-se especulado muito que as condições destas igrejas podem ser rastreadas ao longo dos últimos 2.000 anos de história, representando vários estágios e condições até ao presente. Por mais interessantes que estes aspectos possam ser, não é nossa intenção focar nestas questões, mas simplesmente observar o impacto prático das cartas para nós.
Principalmente, estas cartas são enviadas as sete igrejas, relativamente próximas, umas das outras geograficamente e que apresentam condições muito diferentes, todas ao mesmo tempo. Elas nos são apresentadas imediatamente antes de João ser arrebatado ao céu e, como tal, vamos considerá-los à luz das condições que podem existir e ainda existem entre os grupos do povo de Deus hoje. É nossa esperança e expectativa que também estejamos prestes a ser chamados ao céu "...com alarido, com a voz do arcanjo, e [como João] com a trombeta de Deus...". Isto torna estas cartas muito aplicáveis ao presente, especialmente porque a volta do Senhor está certamente muito mais próxima agora do que estava então. Estas cartas falam-nos de sete conjuntos reais de condições que existiram simultaneamente e que, na verdade, ainda podem ser encontradas hoje em dia.
A condição dessas igrejas:
O que devemos lembrar é que as cartas contêm a real condição destas igrejas. Não é o que aqueles que os rodeiam pensavam delas, nem o que elas próprias acreditavam ser a sua condição. Nem é o que as igrejas pensavam umas das outras, algo com que estamos frequentemente envolvidos, ou mesmo o que o Apóstolo João pensava delas. Não, esta é a avaliação que o Senhor faz delas. É a visão do céu, não da terra, e não é influenciada por preconceito ou opinião, mas é a avaliação pura, justa e honesta do Senhor ressuscitado! Por esta razão, faremos bem em examinar Suas palavras cuidadosamente, aplicá-las a nós mesmos e aceitar Sua instrução e correção quando necessário.
A localização deles:
Primeiro, devemos tirar algumas lições da situação histórica em que se encontram. Geograficamente, a sua localização forma aproximadamente um semicírculo no que hoje chamaríamos de sudoeste da Turquia. Apenas uma delas, Éfeso, é o destinatário de uma carta separada encontrada em outras partes das Escrituras, embora, no final da carta de Paulo aos santos próximos em Colossos, Laodicéia seja mencionada como também recebendo uma. A Galácia e suas igrejas também são encontradas na Turquia moderna, embora um pouco ao norte delas. Além destas sete cartas, e das cartas de Paulo já mencionadas, as cartas de Paulo a Timóteo e Filemom foram igualmente enviadas para esta localidade, e a primeira epístola de Pedro foi dirigida aos espalhados por esta região e pelo resto da Turquia moderna. Assim, uma proporção notável do nosso Novo Testamento foi escrita para a Turquia, mas isto não deveria nos surpreender, já que muitas das viagens missionárias de Paulo envolveram esta área. Mas que lição podemos aprender disso hoje!
A situação atual:
Devemos perguntar: "O que há de testemunho em assembleia local na Turquia hoje?". Há menos de 50 anos, as missões da assembleia da América do Norte foram para a Turquia. Não só não conseguiram encontrar nenhuma igreja local correspondente a onde foram, como infelizmente não conseguiram encontrar nenhuma evidência de quaisquer verdadeiros crentes em qualquer lugar. Esta é uma terra que poderia muito bem ser descrita como um dos "berços" do Cristianismo do Novo Testamento.
Devemos perguntar: "O que há de testemunho em assembleia local na Turquia hoje?". Há menos de 50 anos, missionários da assembleia da América do Norte foram para a Turquia. Não só não conseguiram encontrar nenhuma igreja local correspondente àquelas de onde vieram, como infelizmente não conseguiram encontrar nenhuma evidência de quaisquer verdadeiros crentes em qualquer lugar. Esta é uma terra que poderia muito bem ser descrita como um dos "berços" do Cristianismo do Novo Testamento. Poderia tal coisa acontecer em nossa terra hoje? Infelizmente, vivemos agora numa sociedade muitas vezes descrita como "pós-cristã", na qual o ateísmo, o evolucionismo, as religiões da nova era e os falsos cultos estão todos em expansão. Em muitos lugares, as empresas de verdadeiros crentes são pequenas e fracas e, nos últimos anos, muitas fecharam completamente. Muitas vezes atribuímos isso às condições do mundo e ao resultado da fidelidade, mas será que questões como as das sete igrejas também podem contribuir?
Como muitos dos "setes" nas Escrituras, essas cartas seguem um padrão. A primeira e a última igreja são as únicas avisadas da sua iminente remoção ou rejeição, mas parecem ter pouco mais em comum. Éfeso, sem dúvida, pensava que tudo estava bem porque tudo parecia doutrinariamente correto; eles eram fiéis e trabalhadores, mas foram ultrapassados pela mera formalidade e observância, tendo perdido a devoção que antes os marcava. Em contraste, os laodicenses pensavam que tudo estava bem porque estavam prosperando e talvez numericamente fortes e venturosos, mas o Senhor os considerava mornos e falsos e necessitados de uma resposta individual a Ele. Poderia a sua morte trazer lições para nós hoje, onde condições semelhantes parecem existir ao nosso redor?
A segunda e a sexta igreja são as únicas que não recebem críticas. Esmirna estava sofrendo e era materialmente pobre, enquanto Filadélfia, embora fiel à Sua Palavra e ao Seu nome, tinha apenas "um pouco de força" e foi exortada a "aguentar-se... firme". Será que estas condições resultam em elogios sem censura e deveríamos aprender com isso? Estamos tão envolvidos com o lado material da vida que negligenciamos o espiritual? Estamos tão confortáveis neste mundo que não somos tão dependentes da comunhão e do "amor fraternal" (implícito no nome de Filadélfia) dos nossos irmãos santos, como precisamos ser? É certamente verdade que os nossos irmãos pobres e sofredores de outras terras, embora afligidos de fora, não são assolados por muitos dos problemas criados por nós mesmos que parecemos ter.
A igreja central, Tiatira, recebe a carta maior. Ela, e Pérgamo e Sardes em ambos os lados, são marcadas por um sério afastamento do ensino sólido. Eles são, em ordem, criticados pelo Senhor pela sua "doutrina", caindo nas "profundezas de Satanás" e sendo "contaminados". Esta terminologia mostra quão seriamente Ele encara o afastamento da Sua Palavra e deveria exortar-nos a evitar os mesmos erros. A tendência hoje é muito parecida com a encontrada nestas três igrejas – comprometer e flertar com o mundo, seja social ou eclesiasticamente. Também nós corremos o risco de perder a nossa distinção e, consequentemente, uma das nossas principais razões para estarmos aqui.
Na verdade, essas coisas escritas antes são realmente para nosso aprendizado. O valor das instruções contidas nestas cartas não é causar debate entre os cristãos ou apresentar análises inteligentes. Não, é para nos alertar sobre as consequências do declínio contínuo e sobre o perigo real de que o Senhor possa realmente "…tirar do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres" (Apocalipse 2:5). Ao examinarmos essas cartas ao longo desta série, possamos responder, individual e coletivamente, ao apelo de nosso Senhor que virá em breve, conforme expresso, por exemplo, a algumas dessas igrejas: "Arrependam-se e pratiquem as primeiras obras", " Fortaleça o que resta" e "Segure firme até que eu venha".
1º) ÉFESO (Apocalipse 2:1-7)
A história da assembleia de Éfeso:
Éfeso é a mais familiar para nós das sete igrejas. O Novo Testamento contém detalhes de suas origens em Atos 18-19, onde o envolvimento de Apolo junto com Áquila e Priscila é seguido pela visita de Paulo, que durou mais de dois anos. Isto marca o início de um relacionamento longo e afetuoso entre Paulo e os efésios. Cerca de dois anos depois, ele se encontrou com os anciãos deles a caminho de Jerusalém, conforme registrado em Atos 20. Posteriormente, Paulo escreveu sua carta aos Efésios e duas cartas a Timóteo enquanto ele estava lá. Timóteo foi enviado por Paulo a Éfeso. Outras visitas ou viagens propostas são mencionadas nestas cartas e, de fato, quando Paulo se aproxima de sua morte, ele marca um relacionamento de quinze anos com esta igreja, enviando Tíquico a eles (2 Timóteo 4:12).
O incidente em Atos 20 indica a força do vínculo entre Paulo e os efésios, e o conteúdo de sua carta a eles parece indicar uma igreja espiritual. Há pouca necessidade de ministério corretivo, mas há antes a partilha de grandes verdades espirituais e uma ocupação com coisas celestiais. Paulo o alerta sobre ameaças externas e internas (Atos 20:29-30), e em sua carta final a Timóteo, ele confirma o afastamento de seus ensinamentos e dele por parte de todos aqueles ao redor da Ásia (2 Timóteo 1:13- 15).
O incidente em Atos 20 indica a força do vínculo entre Paulo e os efésios, e o conteúdo da sua carta a eles parece indicar uma igreja espiritual. Há pouca necessidade de ministério corretivo, mas há antes a partilha de grandes verdades espirituais e uma ocupação com coisas celestiais. Paulo os alerta sobre ameaças externas e internas (Atos 20:29-30), e em sua carta final a Timóteo, ele confirma o afastamento de seus ensinamentos e dele por parte de todos aqueles ao redor da Ásia (2 Timóteo 1:13-15). Contudo, o conteúdo da carta de João que temos agora diante de nós parece indicar que os efésios resistiram com êxito a estas ameaças, apegando-se à sã doutrina. Eles haviam desfrutado durante quinze anos do interesse e ensino de Paulo e de vários outros grandes servos de Deus, e agora, cerca de vinte e nove anos depois, são a primeira igreja dirigida pelo último apóstolo remanescente. Em resumo, os efésios beneficiaram-se do melhor ensino, desfrutaram de elevada verdade espiritual, foram fiéis à sã doutrina e ocuparam uma posição de destaque entre as igrejas do Novo Testamento.
Relação de Éfeso e Laodicéia:
Tudo isto torna ainda mais notável que esta igreja, juntamente com a sétima, Laodicéia, esteja sujeita à mais severa censura do Senhor. Depois de cerca de quarenta e quatro anos de testemunho contínuo, enfrenta agora a perspectiva de ter o "castiçal" removido, ou seja, a cessação do seu funcionamento como assembleia. Nos dias em que muitas assembleias estão declinando e fechando, deveríamos olhar com muito cuidado para esta lição de Éfeso. Mas antes de fazermos isto, é importante notar que não devemos julgar e assumir que quando as assembleias diminuem ou fecham é sempre por razões como as de Éfeso.
Tudo isto torna ainda mais notável que esta igreja, juntamente com a sétima, Laodicéia, esteja sujeita à mais severa censura do Senhor. Depois de cerca de quarenta e quatro anos de testemunho contínuo, enfrenta agora a perspectiva de ter o "castiçal" removido, ou seja, a cessação do seu funcionamento como assembleia. Nos dias em que muitas assembleias estão declinando e fechando, deveríamos olhar com muito cuidado para esta lição de Éfeso. Mas antes de fazermos isto, é importante notar que não devemos julgar e assumir que quando as assembleias diminuem ou fecham é sempre por razões como as de Éfeso. Quando o próprio Senhor esteve aqui, é evidente que houve lugares, por exemplo, Nazaré, Betsaida e Corazim, onde, apesar do testemunho mais fiel, houve pouca ou nenhuma resposta positiva. De fato, o Senhor instrui Seus discípulos que chega um ponto em que, diante da rejeição constante, eles devem "sacudir o pó" dos pés (Mateus 10:14) e deixar esses lugares. Além disso, como veremos mais adiante, nenhuma das duas igrejas que não recebem críticas parece estar prosperando em termos humanos. No entanto, temos de enfrentar o desafio colocado pela situação desta assembleia.
O Senhor no meio:
O versículo inicial, como em todas as cartas, apresenta-nos uma visão do Senhor Jesus. Aqui é aquele que tem o controle supremo de todas as sete igrejas, pois Ele segura seus representantes em suas mãos e caminha no meio deles, observando-os e dando Sua verdadeira avaliação deles. Estas igrejas não prestam contas umas às outras, nem a qualquer autoridade central terrena. Isto talvez explique a diversidade da sua condição, apesar de estarem geograficamente próximos. Não, eles respondem apenas a Ele, e Ele deve ter supremacia total. A descrição nos leva a reconhecer Sua pessoa, poder, presença e sacerdócio como sendo supremos. Esta é certamente uma verdade fundamental da qual não devemos nos separar hoje. Ele é o nosso primeiro amor, e a lealdade a Ele deve superar tudo o mais, independentemente da opinião dos homens.
Elogio:
Os versículos dois e três oferecem encorajamento. Vemos que o Senhor ainda encontra o que é louvável, apesar da grave situação. Certamente aqui estamos gratos por um juiz justo que leva tudo em consideração. Bem poderíamos dizer: "Lembre-se de mim, ó meu Deus, a respeito disso, e não apague as minhas boas ações" (Neemias 13:14). Na verdade, o seu elogio é talvez o mais abrangente de todas as igrejas. Esta igreja demonstrou claramente compromisso nas obras e no trabalho; eles têm sido particularmente diligentes em questões de ensino falso, mostrando grande correção doutrinária, e fizeram isso consistentemente, mostrando paciência e perseverança, sem dúvida durante muitos anos. Teríamos concluído que se tratava de uma "assembleia boa e sólida".
Condenação:
Mas Aquele que os observa com perfeito conhecimento sabe tudo e tem "contra" eles (v.4). Esta é uma questão vital e primordial que Ele tem contra eles. A expressão "deixou o teu primeiro amor" implica que eles partiram para outra coisa, mas quem ou o quê? Talvez uma ilustração das Escrituras possa nos ajudar. O primeiro homem, Adão, claramente teve um relacionamento único e vibrante com Deus naqueles primeiros dias.
Quando Eva se formou, ele teve então outro relacionamento especial e amoroso, totalmente legítimo e em perfeita harmonia com o seu relacionamento com Deus. Porém, o pecado entrou e a mulher foi enganada e pecou. Ela ofereceu a fruta a Adão e ele teve uma escolha clara. Ele manteria seu relacionamento com Deus e o obedeceria independentemente da posição da mulher, ou "deixaria seu primeiro amor" e desobedeceria para ficar ao lado da mulher? Todos nós sabemos o que Adão fez e como ele é responsabilizado. A promessa ao vencedor (v.7), referindo-se às condições semelhantes às do Éden, parece sugerir que o fracasso de Adão é de facto uma imagem da questão em Éfeso.
Quando somos salvos e nos juntamos ao povo de Deus, não apenas temos amor pelo Senhor, mas isso se estende ao Seu povo e à nossa reunião com ele. Tal como acontece com o amor de Adão por Eva, este é um amor legítimo e até exigido, mas nunca deve substituir o nosso "primeiro amor" pelo próprio Senhor. A fidelidade dos efésios indica um amor pela doutrina, um amor pela reunião, o que podemos chamar de amor pela assembleia.
Mas Aquele que os observa com perfeito conhecimento sabe tudo e tem "contra" eles (v.4). Esta é uma questão vital e primordial que Ele tem contra eles. A expressão "deixou o teu primeiro amor" implica que eles partiram para outra coisa, mas quem ou o quê? Talvez uma ilustração das Escrituras possa nos ajudar. O primeiro homem, Adão, claramente teve um relacionamento único e vibrante com Deus naqueles primeiros dias. Quando Eva foi formada, ele teve então outro relacionamento especial e amoroso, totalmente legítimo e em perfeita harmonia com o seu relacionamento com Deus. Porém, o pecado entrou e a mulher foi enganada e pecou. Ela ofereceu a fruta a Adão e ele teve uma escolha clara. Ele manteria seu relacionamento com Deus e o obedeceria independentemente da posição da mulher, ou "deixaria seu primeiro amor" e desobedeceria para ficar ao lado da mulher? Todos nós sabemos o que Adão fez e como ele é responsabilizado. A promessa ao vencedor (v.7), referindo-se a condições semelhantes às do Éden, parece sugerir que o fracasso de Adão é de fato uma imagem da questão em Éfeso. Quando somos salvos e nos juntamos ao povo de Deus, não apenas temos amor pelo Senhor, mas isso se estende ao Seu povo e à nossa reunião com ele. Tal como acontece com o amor de Adão por Eva, este é um amor legítimo e até exigido, mas nunca deve substituir o nosso "primeiro amor" pelo próprio Senhor. A fidelidade dos efésios indica um amor pela doutrina, um amor pela reunião, o que podemos chamar de amor pela assembleia. Mas será que isso era agora uma mera formalidade e dever, talvez até legalidade, buscando a aprovação dos homens, em vez de surgir da devoção do primeiro amor? Infelizmente, parece que é possível amar até mesmo algo louvável como a assembleia e seus princípios mais do que o Senhor, que deveria estar no centro dela em todos os sentidos.
Conselho:
Agora o Senhor passa do elogio e da reportagem ao conselho, a fim de evitar o perigo iminente, "tirarei do seu lugar o teu castiçal" (v.5). Eles devem "lembrar", "arrepender-se" e se recuperar. Não há dúvida de que a lembrança os levaria de volta à simplicidade dos primeiros tempos, onde a sua devoção ao primeiro amor resultou na rendição sacrificial de tudo o que pudesse substituí-lo (Atos 19:19).
Agora o Senhor passa do elogio e da condenação ao conselho, a fim de evitar o perigo iminente, "tirarei do seu lugar o teu castiçal" (v.5). Eles devem "lembrar", "arrepender-se" e se recuperar. Não há dúvida de que a lembrança os levaria de volta à simplicidade dos primeiros tempos, onde a sua devoção ao primeiro amor resultava na rendição sacrificial de tudo o que pudesse substituí-lo (Atos 19:19). Também os levaria de volta ao encontro com Paulo (Atos 20:36-38) e à suavidade do primeiro amor demonstrado pelo servo do Senhor, não apenas em palavras, mas claramente demonstrado. Isso os levaria de volta ao sofrimento de adversários suportados voluntariamente em vigoroso evangelismo (1 Coríntios 16:8-9). Isso os levaria de volta à carta de Paulo para eles e os lembraria de que desfrutavam de "todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1:3). Essas lembranças devem trazer todos nós de volta às condições do primeiro amor e ajudar a preservar nosso testemunho até que Ele volte no arrebatamento, e não com o propósito de remoção.
Graciosamente, o Senhor oferece esperança com mais elogios (v.6). Talvez o fato de compartilharem um ódio conjunto pela falsidade pudesse ser a base para um retorno ao primeiro amor? Mais encorajamento é encontrado no apelo final aos indivíduos no versículo 7. A recuperação total é sempre possível onde há verdadeiro arrependimento. O retorno ao primeiro amor, a proximidade e o companheirismo pode até ultrapassar os tempos anteriores, como parece indicar a participação na "árvore da vida" e no "paraíso de Deus". Que Deus nos dê ajuda para que esta seja a nossa experiência como indivíduos e assembleias.
2ª) ESMIRNA (Apocalipse 2:8-11)
A carta para Esmirna é a mais curta e talvez a mais doce das sete cartas. Assim como Filadélfia, penúltima, esta segunda carta não contém críticas ou censuras do Senhor. Outra semelhança que confirma esse padrão visto anteriormente é que ambos enfrentam aqueles descritos como "a sinagoga de Satanás". É pouco provável que esta assembleia tenha atingido um estado próximo da perfeição, sem espaço para melhorias ou com áreas que necessitassem de pequenos ajustes. Contudo, à luz do seu evidente sofrimento e provação, o Salvador graciosamente apenas os elogia e conforta. Não há dúvida de que todos podemos aprender com isto como falar dos nossos irmãos e irmãs.
Esmirna estava localizada na costa do Mar Egeu, onde se encontra a atual cidade turca de Izmir. Era um lugar muito próspero, fanaticamente devotado ao imperador romano e aos seus muitos deuses pagãos. O nome grego é a mesma palavra usada para "mirra" que foi dada ao Senhor pelos magos (Mateus 2:11) e quando tirada da cruz (João 19:39). Esta associação que abrange toda a Sua vida na terra, juntamente com o significado típico das referências do Antigo Testamento, indica que a mirra fala do sofrimento experimentado pelo Senhor enquanto esteve aqui em carne. Quão reconfortante, então, para esses santos é ouvir Suas palavras repetidas, "Eu sei" no v.9, as palavras do sumo sacerdócio dAquele que verdadeiramente entendeu o sofrimento deles, já que Ele mesmo foi testado em todas as coisas, exceto no pecado (Hebreus 2:17-18; 4:14-16).
Na verdade, Seus sofrimentos terminaram em morte, e parece que o mesmo aconteceria com os de alguns em Esmirna.
A aplicabilidade imediata de Esmirna à nossa situação atual não é tão clara como talvez seja o caso de algumas das outras igrejas. A maioria de nós está em circunstâncias em que sabemos pouco sobre tribulação real, pobreza ou perseguição religiosa. No entanto, talvez existam três maneiras pelas quais possamos considerar a sua aplicabilidade.
Em primeiro lugar, temos irmãos e irmãs noutras partes do mundo que estão a passar por tais condições.
Em segundo lugar, podemos muito bem ser obrigados a passar por tais coisas mais cedo do que imaginamos.
Terceiro, estas palavras do Salvador podem proporcionar conforto a muitos crentes que experimentam um sofrimento muito real, mas de fontes diferentes.
Elogio:
Tal como acontece com todas as cartas, a descrição inicial do Senhor (v.8) é muito apropriada à situação. O povo de Deus enfrentou a força do poder do homem, tanto política como religiosamente. Este Império Romano foi apenas a mais recente de muitas potências mundiais, e seria seguido por muitas outras, mas aqui estava Aquele que é "o primeiro e o último". Ele está antes e depois de todos os reinos dos homens e, na verdade, acima deles, ocupando o trono do céu. Ele não apenas tem o poder que os precede e os sucede, mas também passou pelo pior que eles podem infligir e demonstrou Seu poder sobre eles, pois Ele é aquele que "estava morto, mas agora está vivo".
As palavras "obras" no (v.9) são geralmente aceitas como não estando no texto original. Da mesma forma que o Senhor omite as críticas, Ele também parece estar mais preocupado com o que eles estão suportando, e não com o que estão fazendo, para Ele. Compare 1 Coríntios 13, onde os atributos do amor estão muito mais relacionados com o que ele suporta do que com as suas ações. Em muitas partes do mundo hoje temos irmãos em circunstâncias desesperadoras.
No Egito e noutros países muçulmanos enfrentam verdadeiras tribulações e até a morte.
No Sri Lanka, eles estão envolvidos em guerras civis e conflitos.
Na China e na Índia, embora vejam grandes bênçãos, sofrem além da nossa compreensão.
No entanto, por vezes sentimo-nos livres para criticá-los e compará-los com os nossos próprios padrões e tradições!
Agora, não estou sugerindo que a verdade bíblica não seja importante mesmo no meio da perseguição. Devemos ter cuidado para não procurar a replicação de tradições e práticas que podem ser louváveis e desejáveis, mas que estão além da simples adesão às Escrituras. Muitas vezes levamos gerações para estabelecer tais coisas, mesmo nas circunstâncias mais favoráveis. O Senhor graciosamente leva mais em conta a situação deles e nós também deveríamos fazer o mesmo.
O versículo 9 continua a delinear as três áreas de sofrimento. "Tribulação" é uma palavra forte e imediatamente nos faz pensar no período da "Tribulação" detalhado nos capítulos 6 a 19 do Apocalipse. Embora seja verdade que o povo de Deus, a Igreja, será removido antes disso, conforme retratado nos capítulos 4 e 5 de Apocalipse, isso não significa que não possa experimentar uma perseguição tão extrema hoje; muitos o fazem e o Senhor "sabe" tudo sobre isso. Da mesma forma, tal tribulação muitas vezes leva à "pobreza" e envolve-a. Isso leva cada um de nós a procurar trazer alívio a eles, como Paulo exorta os coríntios. Mas note que o Senhor diz que eles são "ricos", não materialmente, mas espiritualmente. O contraste com isto será visto na última igreja, Laodicéia, que parece rica, mas na realidade é "pobre".
O Senhor também "conhece" as causas da sua "tribulação" e "pobreza". Uma delas é identificada como a "sinagoga de Satanás". Estas pessoas afirmam ser Judeus, ser o povo de Deus, mas embora possam ser Judeus por nascimento e religião, pertencem ao Maligno. Como isso é aplicável hoje, mesmo em nosso país e em outros lugares. Como Saulo de Tarso, muitos afirmam estar fazendo a vontade de Deus, mas na verdade são falsos mestres, que são tratados com certa profundidade em 2 Pedro 2 e Judas. Através dos tempos, estes têm incitado e contribuído muito para a perseguição do verdadeiro povo de Deus e o Senhor sabe tudo sobre eles. Seu "julgamento...não tardará" (2 Pedro 2:3). O restante do Apocalipse fala da morte deles.
Consolação:
O Senhor agora se volta para seu consolo ou conforto. Em palavras familiares a João, Ele diz: "Não temas estas coisas". Segue-se (v.10) uma explicação quádrupla de seu sofrimento, como a pessoa, o propósito, o período e a promessa.
1) Primeiro, conforme indicado no v.9 e agora confirmado, é o diabo quem está em última análise, por trás de seus problemas.
O próprio Senhor experimentou isso, assim como todos os que mostram potencial para Deus (Lucas 22:31-32). Mas, lembre-se, o Senhor o derrotou, seja em vida, como durante as tentações, ou na morte onde destruiu o diabo (Hebreus 2:14). Ele pronuncia que "o príncipe deste mundo está julgado" (João 16:11). O maligno é um inimigo derrotado!
2) Em segundo lugar, é que eles "podem ser julgados". Esta palavra tem a ideia de refinar pelo fogo com o objetivo de purificar e trazer à tona aquilo que glorifica a Cristo. Quanto mais difíceis as circunstâncias, mais sua firmeza traz maior honra a Ele.
3) Terceiro, a provação aqui é limitada a 10 dias, mas para todos nós, como aconteceu com Jó, Deus estabelece um limite para o que podemos suportar.
4) Finalmente, Ele nos lembra que mesmo que esse limite permita o sofrimento até a morte, Ele oferece uma "coroa da vida", que é eterna e está além da morte.
No versículo 11, com o habitual apelo final, o Senhor confirma esta promessa com a garantia de que embora os homens possam infligir a morte, só Deus pode infligir a "segunda morte". Na verdade, esta será a porção dos ímpios que perseguirá o povo de Deus (Apocalipse 20:14), mas não tem poder sobre os mártires (Apocalipse 20:6). O sofrimento é temporário, mas a recompensa é permanente (2 Coríntios 4:16-18).
Vivemos agora numa sociedade que se considera pós-cristã, mas que é cada vez mais anticristã. Alguns já nos acusam de abuso psicológico infantil por ensinarmos aos nossos filhos que a criação é divina e outras verdades bíblicas, outros procuram legislar para forçar a aceitação da sodomia e de outras práticas imorais, e estão até a ser feitos desafios ao nosso direito de afirmar que Cristo é o único "caminho ", e a única verdadeira" fé ". Em breve poderemos enfrentar perseguições como nossos irmãos em Esmirna. Que Deus nos dê a graça de responder como eles fizeram, e que as palavras de Cristo transmitidas a eles, nos encorajem.
3ª) PÉRGAMOS (Apocalipse 2:12-17)
Ao norte de Esmirna, Pérgamo, ou talvez mais corretamente Pergamum, não tem outra menção nas Escrituras além destes dois capítulos iniciais do Apocalipse. Não temos registro de sua formação ou desenvolvimento, mas, embora desconhecido para nós, esse grupo de cristãos era claramente bem conhecido do Senhor Jesus.
O versículo 12 começa com o familiar discurso de abertura, seguido por uma descrição específica de Cristo. Mais uma vez a descrição é retirada daquela dada Apocalipse 1:11-17, que contém a única outra referência no livro do Apocalipse a uma "espada de dois gumes".
O capítulo 1:16 revela que a espada sai de Sua boca e, portanto, está associada à Sua Palavra. Isto está de acordo com a única outra referência em outras partes do Novo Testamento, onde a mesma descrição é dada à "palavra de Deus" (Hebreus 4:12).
O capítulo 1:16 revela que a espada sai de Sua boca e, portanto, está associada à Sua Palavra. Isto está de acordo com a única outra referência em outras partes do Novo Testamento, onde a mesma descrição é dada à "palavra de Deus" (Hebreus 4:12). Claramente, a inferência é que a resposta aos problemas em Pérgamo pode ser encontrada na Palavra de Deus. Esta "espada" tem dois gumes, enfatizando seu poder, e talvez possamos também aplicar isso em seu uso e resultados bilaterais. Para o povo de Deus é usado para conforto, mas também devemos usá-lo para correção. Aos ímpios oferece esperança, mas também condenação. O desafio para esta igreja, e para nós, é: "Como podemos aplicá-lo às nossas circunstâncias e que resultados alcançarão nas nossas vidas?".
A palavra usada aqui para "espada", como em diversas outras ocasiões no Apocalipse, é aquela para uma espada longa de grande alcance. Novamente aplicamos isto a nós mesmos, pois não há áreas da nossa vida pessoal ou comunitária que a espada da Palavra de Deus não possa alcançar. Deve ser o árbitro final em todas as disputas e o teste de toda doutrina. A adequação desta descrição do Senhor será vista no restante da carta, onde os problemas em Pérgamo são identificados como tendo a ver com "doutrina", e a promessa ao vencedor envolve o "maná", outra imagem do Palavra de Deus.
Elogio:
Antes de passar às críticas, no versículo 13, o Senhor a elogia e assegura que está plenamente consciente de sua situação muito difícil. Em particular, eles estão no lugar onde Cristo identifica o "assento" pessoal, ou melhor, o "trono", e a morada de Satanás. Embora imensamente poderoso, o iníquo não é onipresente e nem onipotente. É claro que, no sentido real, ele tinha um trono e fixava residência pessoal naquela época em Pérgamo. Não se sabe ao certo como isso se manifestou historicamente, mas parece mais provável que tenha ocorrido na prática do espírito do imperador, numa tentativa de unir todas as diversas religiões católicas. Isto envolveu a queima de incenso ao falso deus e, claro, não seria realizada pelos crentes. Talvez este falso sistema seja um prenúncio do movimento ecumênico atual que procura unificar tanto os cristãos professos como as outras religiões e promover o respeito chamado e a compreensão mútua.
Antes de passar às críticas, no versículo13 o Senhor os elogia e lhes assegura que está plenamente consciente de sua situação muito difícil. Em particular, eles estão no lugar onde Cristo identifica o "assento" pessoal, ou melhor, o "trono", e a morada de Satanás. Embora imensamente poderoso, o iníquo não é onipresente e nem onipotente. É claro que, no sentido real, ele tinha um trono e fixava residência pessoal naquela época em Pérgamo. Não se sabe ao certo como isso se manifestou historicamente, mas parece mais provável que tenha ocorrido na prática da adoração do imperador, numa tentativa de unir todas as diversas religiões pagãs. Isto envolveria a queima de incenso ao falso deus e, claro, não seria realizado pelos crentes. Talvez este falso sistema seja um prenúncio do movimento ecumênico atual que procura unificar tanto os cristãos professos como as outras religiões e promover o chamado respeito e a compreensão mútua. Mesmo hoje, os crentes não deveriam se envolver neste sistema, que enfrentará o julgamento de Deus, conforme tipificado na Babilônia mais adiante neste livro. Esta é uma questão sobre a qual os verdadeiros crentes não devem transigir. Existe apenas "um Senhor" e "uma fé", e tudo o mais é falso e deve ser declarado falso à luz de "o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6).
É claro que o não cumprimento deste sistema universal significará séria perseguição e poderá até resultar em martírio, como parece ter sido o caso aqui de Antipas, e mais tarde daqueles que se recusaram a adorar a "besta". Apesar deste martírio, que possivelmente foi perpetrado na presença de irmãos crentes, a igreja deve ser elogiada por se apegar ao "meu nome" e à "minha fé".
Algumas coisas contra eles:
Apesar desta fidelidade em circunstâncias extremas, o Senhor tem "algumas coisas contra" eles, e nos versículo 14-15, Ele identifica duas áreas de doutrina defendidas por alguns e toleradas por outros. Como veremos, pode ser que estas doutrinas estivessem a ser usadas para comprometer e aliviar a pressão exercida para se conformarem ao sistema que as rodeava. Qualquer que seja a razão, Cristo não tolerará este falso ensino e exorta ao arrependimento ou Ele agirá.
A doutrina de Balaão:
O primeiro falso ensino é referido como "a doutrina de Balaão" e nos leva de volta aos Números 31:16, que por sua vez se refere aos incidentes em que ele esteve envolvido (Números 22-26), onde Balaão é claramente exposto como um falso profeta envolvido em coisas divinas para ganho e progresso pessoal. O conselho de Balaão resultou na mistura do povo de Deus com os moabitas e na entrega à sua idolatria e relações sexuais ilícitas, exatamente como mencionado no v.14. Tal como acontece com a prática em grande parte do mundo pago, ambos os pecados prevaleceram em Pérgamo, e a transigência exporia o povo de Deus a eles. Hoje, existem pessoas como Balaão que professam altas cargas nas coisas divinas e prescreveram a união de verdadeiros crentes e cristãos nominais.
O primeiro falso ensino é referido como "a doutrina de Balaão" e nos leva de volta a Números 31:16, que por sua vez se refere aos incidentes em que ele esteve envolvido (Números 22-26), onde Balaão é claramente exposto como um falso profeta envolvido em coisas divinas para ganho e progresso pessoal. O conselho de Balaão resultou na mistura do povo de Deus com os moabitas e na entrega à sua idolatria e relações sexuais ilícitas, exatamente como mencionado no v.14. Tal como acontece com a prática em grande parte do mundo pagão, ambos os pecados prevaleceriam em Pérgamo, e a transigência exporia o povo de Deus a eles. Hoje, existem pessoas como Balaão que professam altos cargos nas coisas divinas e justificariam a união de verdadeiros crentes e cristãos nominais. Isto, é claro, é expressamente proibido (2 Coríntios 6:14-18) e é infidelidade a Cristo. De forma similar, muitos desses "professores" ainda toleram e praticam costumes associados ao Judaísmo ou mesmo à religião pagã, como a observância de dias santos, ritos, festivais, rituais, queima de incenso e outras formas de "idolatria". Tal ensino, se tolerado, resultará no povo de Deus cometendo os mesmos pecados, seja literalmente ou no sentido espiritual, e resultará no julgamento de Deus, como de fato aconteceu em Números 25.
A doutrina dos nicolaítas:
A segunda doutrina pela qual são criticados por tolerar é a dos nicolaítas. Suas ações já foram mencionadas no v.6, e aqui o Senhor estende à sua doutrina, Seu forte ódio por suas ações. Alguns sugeriram que eram uma seita que seguia um homem chamado Nicolas, mas não há apoio bíblico para isso e há pouco apoio histórico. É mais provável que o significado da palavra grega dê uma indicação do erro. A palavra significa literalmente "conquistador do povo" e indica aqueles que têm domínio sobre o povo de Deus. Qualquer uma das explicações indica homens assumindo posições de proeminência além do que Deus pretendia e diminuindo a preeminência exclusiva de Cristo, e é por isso que Ele expressa Seu intenso ódio. Sem dúvida, uma manifestação disto hoje é o que chamamos de clero. Isto envolve o povo de Deus sendo categorizado como "clero" e "leigos", sendo distinguido no vestuário pelas vestes dos clérigos, e nas suas formas mais extremas sendo dividido quanto a quem pode interpretar as Escrituras, funcionar como sacerdotes, e até mesmo interceder junto a Deus. Tudo isto é obviamente estranho à Palavra de Deus, que deve ser usada para combatê-la. Todos os crentes são sacerdotes, todos devem ler as Escrituras e todos têm apenas um mediador entre eles e Deus, o próprio Senhor Jesus.
Agora, a maioria das pessoas que lêem este artigo identificarão este erro com as denominações e a religião organizada, e não com os grupos de cristãos com os quais muitos de nós nos associamos. No entanto, coisas semelhantes podem ser ensinadas ou pelo menos praticadas entre nós e devem ser evitadas. A tendência de se referir àqueles que deixaram o emprego secular como "servos", dando à palavra um significado particular, de limitar o ensino e a pregação a eles, de permitir que indivíduos proeminentes intervenham em questões em assembleias locais que não sejam as suas, ou de permitir que os indivíduos dominem as assembleias são todas manifestações do mesmo erro. O próprio João condena quem "gosta de ter a preeminência" (3 João 5-9), e nós devemos fazer o mesmo. Somente Cristo é o Pastor Supremo, o Arquidiácono e nosso único Sumo Sacerdote, e cada igreja local tem seus anciãos que deve guiar, nutrir e liderar.
Nos versículos 16 e 17 o Senhor chama ao arrependimento imediato e urgente, enfatizado pela rapidez da Sua intervenção de outra forma. O uso da "espada" da Sua Palavra é necessário para evitar que falsas doutrinas resultem em práticas malignas, mas, em contraste, a Sua Palavra é oferecida como conforto para aqueles que respondem e vencem. Não devem comer à mesa dos ídolos, e desta forma comerão do maná escondido, que fala das coisas de Cristo não apreciadas pelos outros. Eles poderão enfrentar perseguição, isolamento e reprovação e não ter o reconhecimento dos proeminentes neste mundo, pois isto é indicado pelo recebimento das pedras brancas gravadas, como tendo o reconhecimento único pelo Senhor.
4ª) TIATIRA (Apocalipse 2:18-29)
Tiatira é uma igreja centralmente localizada, tanto geograficamente como neste grupo nas Escrituras. É a carta mais longa das sete e muitos veem significado nisso, pois pode representar o período mais longo da história da igreja. Para este estudo não nos preocupamos com este aspecto, mas sim com a aplicação prática até os nossos dias. Esta igreja não tem outra menção nas Escrituras, mas a cidade tem.
Tiatira é a igreja centralmente localizada, tanto geograficamente como neste grupo nas Escrituras. É a carta mais longa das sete e muitos vêem significado nisso, pois pode representar o período mais longo da história da igreja. Para este estudo não nos preocupamos com este aspecto, mas sim com a aplicação prática até os nossos dias. Esta igreja não tem nenhuma outra menção nas Escrituras, mas a cidade tem. Em Atos 16.14-15 somos informados de que foi a cidade natal de Lídia, a primeira convertida registrada em Filipos. A ocupação de Lídia, como vendedora de púrpura, e sua evidente prosperidade com uma família e uma casa capazes de acomodar os pregadores, são típicas do local. Tiatira prosperou com muitas empresas comerciais e suas associações. Embora pareça haver pouca evidência de perseguição aos cristãos, apesar da presença de muitos judeus como Lídia, a riqueza de Tiatira parece apresentar outras ameaças ao povo de Deus e à sua fidelidade a Cristo.
A recomendação:
O Senhor mais uma vez se baseia na descrição do capítulo 1 para descrever a Si mesmo no versículo 18. A ênfase parece estar particularmente em Sua divindade. Ele é o "Filho de Deus" com olhos de fogo que tudo vêem e pés de bronze. Seu olhar e sua presença rápida não podem ser evitados, e a menção ao fogo e ao bronze indicam Sua prontidão para administrar o julgamento rapidamente, se necessário. Seus olhos os observaram e notaram suas obras.
No versículo19, temos como quatro evidências de suas obras, que estão aumentando ao longo do tempo. O amor deles não está em dúvida como em Éfeso, ou o seu serviço como na próxima igreja em Sardes. Da mesma forma, a fé deles é sólida e continua pacientemente. Ao contrário de muitas igrejas, os santos de Tiatira estavam a fazer progressos. Suas atividades estavam aumentando e não desaparecendo.
Jezabel:
No entanto, estas manifestações externas de progresso e sucesso não podem desculpar os "poucos" assuntos sérios que o Senhor tem contra eles no versículo 20. Parece haver três questões específicas.
A primeira é a tolerância ao ensino por parte de uma mulher que se autodenomina profetisa e identificada como "Jezabel". Se este é seu nome verdadeiro ou se está sendo usado para compará-la com a mulher perversa de mesmo nome no Antigo Testamento, é incerto, mas o resultado de seus ensinamentos está, sem dúvida, de acordo com o seu caráter. Além do conteúdo da sua "profetização", uma mulher ensinando publicamente é contrária às Escrituras (1 Timóteo 2:11-12).
Contudo, a possibilidade de uma profetisa conhecer e revelar a palavra de Deus é encontrada em outras partes da Bíblia, nos casos de Miriã, Débora, Hulda, Ana e das quatro filhas de Filipe. Os dois últimos casos são exemplos do Novo Testamento, mas presumivelmente elas não profetizaram publicamente, pois nem uma única declaração que elas deram está registrada na Palavra de Deus. Esta mulher é claramente uma falsa profetisa, como Noadia no tempo de Neemias (Neemias 6:14).
É uma situação triste hoje que muitos grupos de cristãos estejam se afastando dos princípios bíblicos relativos ao papel das mulheres. Muitas dessas reuniões são marcadas pelas mesmas características positivas de Tiatira, mas isto claramente não justifica o seu abandono neste assunto.
O Senhor acrescenta a isto mais dois assuntos, resultados diretos do falso ensino desta mulher: fornicação e consumo de alimentos oferecidos a ídolos. Tais pecados eram um problema muito real para os cristãos gentios, em particular, pois eram habituais nas suas culturas e muitas vezes faziam parte do culto no templo na sua sociedade, que seria praticado pelas associações comerciais num lugar como Tiatira.
Em Atos 15:29 e 21:25 esses pecados foram expressamente proibidos a todos os cristãos. Não há dúvida de que esta "profetisa" supostamente iluminada ofereceu ensinamentos adicionais para contradizer isso, mas o Senhor agora deixa clara a gravidade do erro.
Em Pérgamo eles toleravam aqueles que ensinavam tais coisas, mas aqui eles foram mais longe e responderam ao ensinamento cometendo estes pecados, evidência de um declínio adicional e demonstrando que a má doutrina leva à má prática. Em nossos dias de moral frouxa e de enorme pressão sobre os crentes para que se comprometam na área de associação com o mundo, é importante enfatizar a seriedade com que o Senhor Jesus vê essas coisas e Sua severa censura é encontrada nos versículos 21-23. Contudo, talvez, além desta interpretação literal da questão em Tiatira, haja uma aplicação particular desta situação.
Esta Jezabel não é a única "mulher" que enfrenta o julgamento de Cristo no livro do Apocalipse.
Três capítulos (17-19) tratam dos pecados, da queda e do julgamento de uma "mulher" montada num "dragão escarlate" e de uma cidade, ambas identificadas de diferentes maneiras como "Babilônia". Mais uma vez, a Babilônia literal pode muito bem estar envolvida, mas claramente há também uma "Babilônia Misteriosa…" (Apocalipse 17:5).
Este é um sistema feito pelo homem, visto em todas as Escrituras desde os dias de Babel, passando pelo Império Babilônico e seus sucessores, até os dias atuais e além, conforme já mencionado. Este sistema sempre envolveu tentativas do homem de chegar a Deus através da sua própria imaginação e esforços. Está em total contraste com o verdadeiro Cristianismo, que trata de Deus buscando o homem por Seu "único Caminho, uma só Verdade e uma só Vida". Em vez de reconhecer que Deus fez o homem à Sua imagem, este sistema define Deus à própria imagem do homem.
As advertências a esta falsa "igreja", é dada mais adiante neste livro, enfatizando a todos os verdadeiros crentes a verdade vital de que não devemos estar associados a este terrível sistema. Ao longo dos séculos, ela assassinou os verdadeiros crentes. Homens como Wycliffe e Tyndale, que procuraram levar as Escrituras a todos os homens, foram perseguidos ou martirizados juntamente com inúmeros outros crentes e não crentes em excessos ímpios como a inquisição, as cruzadas e a queima dos chamados hereges. Este sistema é totalmente repulsivo para Deus; não pode ser reformado ou modificado e será julgado. A instrução clara de Deus a respeito deste sistema é: "Saí dela, povo meu…" (Apocalipse 18:4).
Porém, não devemos sugerir que todos os crentes fora da nossa comunhão de assembleias façam parte deste sistema. Isto seria impreciso, arrogante e insultuoso para os muitos grupos de crentes cujos princípios e práticas podem diferir dos nossos, mas que, no entanto, pregam um evangelho fiel e completo, sólido em muitos dos fundamentos da fé. Eles não encorajam o jugo desigual dos verdadeiros crentes e do mero chamado cristianismo nominal. No entanto, existem claramente igrejas e denominações nacionais organizadas em massa que fazem parte deste sistema. Eles têm homens em altos cargos negando grandes verdades sobre a pessoa de Cristo, e reconhecem coisas que Deus condena totalmente, como as "uniões" entre pessoas do mesmo sexo.
É trágico que muitas igrejas ativas e, de certa forma, bem sucedidas do povo de Deus, tal como Tiatira, estejam a flertar com este sistema e a retroceder em direção a ela. Em Tiatira isso é visto por Cristo como "fornicação", "adultério" e produção de falsos "filhos", todos os quais estão sujeitos ao julgamento de Cristo nos versículos 21-23.
Este julgamento é visto de diferentes maneiras sobre a mulher, seus companheiros, os filhos e "...cada um de vocês segundo as suas obras" (v.23). Os cristãos envolvidos em tais coisas devem ser advertidos, em amor, a arrependerem-se desta infidelidade.
Para "o restante":
No restante da carta, o Senhor Jesus se dirige graciosamente ao "restante" em Tiatira que não está marcado por essas "profundezas de Satanás". Como muitos santos hoje, eles se encontram em desacordo, mas ainda assim dentro, de uma assembleia que se afastou dos princípios divinos. O que eles deveriam fazer? Bem, não devemos ir além das amáveis palavras do Senhor para eles. Ele não coloca "nenhum outro fardo" sobre eles. Ele simplesmente procura que eles "aguentem firmes até que eu venha", e lembra-lhes que individualmente eles podem "vencer" em tais circunstâncias. Em vez de estarem entre os julgados, estarão com Ele compartilhando Seu "poder" e "governo" e administrando a retribuição.
5ª) SARDES (Apocalipse 3:1-6)
Viajar para o sul de Tiatira por pouco mais de 48 quilômetros nos leva a Sardes. Infelizmente, a jornada não é apenas descendente geograficamente, mas, ao que parece, também espiritualmente. Sardes é a terceira de um trio de piores condições depois de Pérgamo e Tiatira.
Em Pérgamo parecia haver uma minoria que ensinava doutrinas erradas.
Em Tiatira isto progrediu para uma prática errada, mas ainda havia um grupo referido como "o restante" que não sucumbiu.
Aqui em Sardes existem apenas alguns "nomes" imaculados. Esta é uma lição salutar para todos nós. Se a falsa doutrina for tolerada por alguns, em breve resultará em más práticas e espalhar-se-á a muitos mais, afetando mesmo a maioria.
O Senhor é aqui descrito apenas brevemente em relação aos "sete Espíritos" e às "sete estrelas", ambos detalhes encontrados no capítulo 1. Essas características enfatizam Sua capacidade de detectar o que é espiritual e celestial, uma avaliação que somente Ele pode fazer. A situação em Tiatira é muito séria, a condenação do Senhor é severa e não há elogios à igreja como um todo. Mesmo antes de chegarmos ao final do primeiro versículo, Cristo concluiu que eles têm "um nome… e estão mortos". A palavra usada parece indicar falta de vida espiritual! Poderia tal situação surgir hoje, não apenas na chamada religião organizada, mas num grupo aqui reconhecido como uma igreja local? Infelizmente, más doutrinas e práticas podem levar à falsa profissão e ao cristianismo nominal sem realidade.
Em primeiro lugar, devemos pregar um evangelho completo. A pregação do Novo Testamento enfatiza o pecado, o arrependimento e a fé somente em Cristo. Fala claramente da necessidade de ser "salvo", de uma experiência distinta de "novo nascimento" e "conversão", e nós também deveríamos. Acima de tudo, a salvação é uma obra de Deus e está sujeita à Sua soberania; não pode ser provocado por nosso fervor, emoções ou apelo.
Em segundo lugar, não só não temos o direito de mexer na mensagem, como o raciocínio humano não tem lugar na sua apresentação. Processos e métodos modernos, muitas vezes transferidos do mundo empresarial ou do entretenimento, são cada vez mais aplicados a coisas sagradas. Embora o ensino sistemático do evangelho deva ser desejado e encorajado, e existam muitos bons cursos e programas baseados na Bíblia, devemos nos precaver contra a tentativa de transformar o milagre da salvação em um "processo" que, passo a passo, leva a uma cristianização automática de participantes após a conclusão desse "processo" e a resposta a algumas perguntas.
Da mesma forma, o uso de música, teatro e outros métodos frequentemente associados, na melhor das hipóteses mexe com as emoções; sem falar, no caso da música popular, que na sua maioria estão associados aos piores tipos de excessos pecaminosos e, que na verdade, é uma declarada oposição a Deus, que em nossos dias tem se tornado comum.
É surpreendente que pensemos que exatamente as coisas que estão desviando as pessoas de Cristo possam de alguma forma ser santificadas para atraí-las a Cristo.
As peças e o drama, em particular, prevaleciam no mundo romano e grego da época do Novo Testamento, mas não há nenhum registro de que tenham sido usados para propagar o evangelho. Não há dúvida de que estes métodos são mais eficazes para a comunicação na esfera natural, mas o evangelho é uma mensagem sobrenatural e deve ser tratado como tal. Podemos proclamar e explicar, que é o meio designado por Deus, mas só Deus pode "dar o crescimento". Os métodos naturais podem alcançar resultados naturais, mas os métodos espirituais são necessários para alcançar resultados espirituais.
Finalmente, e talvez mais relevante para quem lê este artigo, não devemos brincar com as emoções humanas e com o desejo dos indivíduos de agradar ou seguir os outros. As ilustrações são melhores se forem bíblicas e não histórias chocantes, que muitas vezes são de segunda ou terceira mão. A evangelização infantil em particular, embora seja uma área vital, é uma área onde se deve exercer muita cautela. As crianças podem facilmente ficar assustadas, coagidas a exercer uma profissão ou simplesmente não quererem ser deixadas de fora ou quererem agradar. Isto é especialmente verdade quando as crianças são retiradas do seu ambiente normal. Embora a fé infantil deva ser desejada por todos, e muitos de nós a exercemos, devemos nos proteger contra falsas profissões que tememos que possam ser facilmente produzidas. Se usarmos métodos naturais corremos o risco de alcançar apenas resultados naturais. Infelizmente, parece que Sardes foi afligido por tais meras profissões.
Se a falta de vida espiritual é a interpretação principal do versículo 1, certamente há também uma aplicação importante para nós. O Senhor diz que Sardes tem "um nome", mas a reputação deles não foi suficiente para Sua aprovação. Como devemos nos proteger contra o orgulho e a reputação. Sempre que algum indivíduo ou grupo se detém ou permite que outros o façam, o desastre pode muito bem acontecer. Deus odeia o orgulho, e devemos ter muito cuidado para não nos gloriarmos em nós mesmos, seja individualmente ou como uma assembleia, ou mesmo como assembleias coletivamente. A reputação não substitui a realidade.
Nos versículo 2-3 o Senhor passa a dar conselho a esta assembleia fracassada. Devemos lembrar que a carta é dirigida ao "anjo" e, independentemente de como interpretamos isto, ela claramente não inclui aqueles que são falsos. O primeiro passo para a recuperação é parar a morte.
As "coisas que permanecem" precisam ser fortalecidas ou a morte se espalhará ainda mais. Os responsáveis diante de Deus devem então "lembrar" e voltar aos princípios. A vinda do evangelho e a sua resposta pessoal devem ser lembradas e isto deve levar ao arrependimento. Cada um de nós deveria ser desafiado por isso. Todos nós podemos, talvez, olhar para trás, para os dias passados de simples obediência, e o Senhor graciosamente nos convida a voltar a estes.
No entanto, o versículo 3 termina com um aviso a Sardes caso eles não consigam "vigiar". Então a vinda do Senhor até eles será desagradável e inesperada, como "um ladrão". Esta imagem é mais uma prova de que o problema em Sardes é a falta de vida real para muitos. O Senhor usa a analogia do ladrão nos Evangelhos.
Paulo a usa (1 Tessalonicenses 5:2), assim como Pedro (2 Pedro 3:10) e João aqui e em 16:15.
Em todas as ocasiões, significa a vinda do Senhor para julgar os ímpios, e não para abençoar os Seus. Que advertência solene! Quão trágico será se houver assembleias onde muitos experimentarão a vinda do Senhor em julgamento.
Embora a igreja como um todo receba condenação, há "alguns" a quem o Senhor agora elogia. Eles podem ser identificados individualmente pelos seus "nomes", significando assim novamente que a realidade é vista numa base individual e não coletiva. Ser um "membro de igreja" não indica salvação. Estas pessoas provarão a realidade da sua purificação permanecendo limpas, em contraste com as práticas detalhadas em Pérgamo e Tiatira e, presumimos, que são vistas aqui também. Somente receberão o reconhecimento do Salvador, aqueles indicado pelas vestes brancas, frequentemente mencionadas neste livro. Reconhecimento semelhante era comum em Sardes nas suas procissões pagãs, mas apenas alguns fiéis serão vestidos de branco por Cristo (Apocalipse 6:11; 19:8).
O versículo 5 acrescenta mais duas promessas às vestes brancas, para aquele que "vence". Ambos envolvem novamente seu nome individual, significando realidade em oposição ao "nome" da reputação no versículo 1. A forte negativa: " Não apagarei o seu nome" é uma indicação de sua segurança absoluta. Numa passagem onde a falsa profissão parece comum, devemos enfatizar a verdade bíblica da segurança eterna. Os organismos religiosos ou as autoridades civis podem remover nomes dos membros ou dos registos, mas aqueles que são verdadeiramente de Cristo nunca poderão ter o seu nome removido do livro da vida. Eles não apenas receberão roupas brancas , mas seu nome será mantido no registro e eles receberão reconhecimento - talvez não nas procissões da terra, ou diante dos dignitários de Sardes, mas nas cortes do céu diante do Pai e de Seus anjos.
Tendo delineado estas recompensas pela fidelidade e superação, o Senhor mais uma vez repete o Seu apelo, no versículo 6, para que todos os que "ouvem", ou mesmo lêem estas palavras, respondam. A mensagem dEle não é apenas para Sardes, mas o Espírito está se comunicando com todas as "igrejas" daquela época e das nossas.
6ª) FILADÉLFIA (Apocalipse 3:7-13)
Após o declínio contínuo visto nas três igrejas anteriores, Filadélfia surge como uma rajada de ar fresco. Tal como acontece com a segunda igreja, Esmirna, esta penúltima igreja não recebe críticas do Senhor. Em vez disso, os santos recebem uma nova apresentação de Sua pessoa, a garantia de Seu poder, Seu elogio e Sua promessa de retribuição para seus inimigos, retorno por sua libertação e recompensa por sua fidelidade.
Embora não haja registro bíblico da formação ou desenvolvimento desta igreja, muito se fala sobre o significado do nome do lugar. Significa literalmente "amar um irmão" e vem do fundador da cidade que a nomeou em homenagem ao seu próprio irmão. Não pode ser sem significado que esta Igreja, tão bem dirigida e agradável ao Senhor, nos fale de amor fraternal. A importância do amor numa assembleia local não pode ser exagerada. No cenáculo, o Senhor enfatiza repetidamente a necessidade de seguir o "novo mandamento" de que "amem uns aos outros"; Ele declara que isto é a prova da sua realidade para o mundo exterior (João 13:34-35).
Ele segue isso em João 17 com Sua oração tanto pelos discípulos quanto por aqueles que os seguiriam, para que eles "sejam um" (v.22), sem dúvida um produto do verdadeiro amor fraternal. João nos diz que "sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos" (1 João 3:14), e Paulo deixa claro que a ausência de amor numa assembleia local anula todo dom, serviço e sacrifício, tornando-os inúteis (1 Coríntios 13:1-13). Ele encerra esse capítulo declarando a grandeza e a supremacia do amor sobre tudo o mais.
Bem, poderíamos aprender que a igreja tão elogiada e encorajada pelo Salvador tem um nome que fala de amor fraternal. Ele encerra esse capítulo declarando a grandeza e a supremacia do amor sobre tudo o mais. Bem, poderíamos aprender que a igreja tão elogiada e encorajada pelo Salvador tem um nome que fala de amor fraternal.
Uma lição dispensacional:
Ate aqui, intencionalmente, não dedicamos muito espaço à visão dispensacionalista ou da "história da igreja" vista nessas igrejas, optando, em vez disso, por vê-las como existindo juntas no seu tempo e oferecendo lições práticas para hoje. Contudo, faremos um breve comentário sobre a visão dispensacionalista frequentemente apresentada em relação a esta igreja.
Muitos sugerem que Filadélfia representa exclusivamente o período dos últimos 150 anos ou mais, que começou com muitos homens e mulheres piedosos percebendo as restrições legais do denominacionalismo e saindo para formar igrejas locais independentes, muitas vezes referidas como o chamado "movimento dos Irmãos". Essas boas pessoas recuperaram muitas verdades sobre a ordem da igreja e as profecias em particular, e foram e ainda são às vezes sujeitas ao desdém, ao preconceito e ao ridículo por parte de muitos nas denominações que deixaram. Sem dúvida, eles se aproximaram muito mais do padrão do Novo Testamento e temos uma grande dívida para com eles e a responsabilidade de manter e desenvolver os princípios e práticas bíblicas que ajudaram a recuperar. No entanto, talvez seja arrogante e orgulhoso da nossa parte afirmar que eles e nós, como seus sucessores, somos a única realidade do chamado "período Filadélfia" da história da igreja representado por esta igreja.
Em particular, devemos considerar duas contradições a isto.
Primeiro, parece que esta igreja sofreu uma perseguição real e perigosa, algo sobre o qual a maioria de nós sabe muito pouco. Em contraste com isto, muitos santos piedosos nos séculos imediatamente anteriores ao século XIX experimentaram perseguições reais e brutais - pessoas como Wycliffe, Tyndale, Lutero, estavam entre aqueles que procuraram operar de forma contrária ou fora dos sistemas organizados de religião e pagaram uma alto preço. Eles também foram seguidos por gigantes como os irmãos Wesley, Murray McCheyne e muitos outros.
Temos o direito de excluí-los deste período de aprovação do Senhor? Certamente faremos melhor em deixar isso para Seu justo julgamento, quando o dia o declarar.
Em segundo lugar, é uma triste realidade que entre o chamado "Movimento dos Irmãos", dificilmente poderemos afirmar que estão marcados pelo "amor fraterno"! Pelo contrário, muitas vezes têm sido marcados por divisões, conflitos, disputas e desarmonias. Em vez de darem tapinhas nas costas, deveriam se arrepender e demonstrar a realidade do amor uns pelos outros, se algum dia esperam receber o tipo de aprovação e elogio que Filadélfia recebeu do Senhor.
Aqueles que agradam a Cristo receberão maior revelação e apreciação Dele. Isso pode ser visto no v.7, onde a apresentação do Senhor não é tirada do capítulo 1 como nas igrejas anteriores, mas é nova e específica para suas circunstâncias. A descrição quádrupla parece mostrar o Senhor Jesus como superior a todos os seus inimigos, "a sinagoga de Satanás" - aqueles que talvez ainda se apeguem à mera religião na forma aqui do Judaísmo. Ao contrário dos vasos sagrados, santuários e ordenanças, Ele é intrinsecamente Santo. Em contraste com as figuras do passado, Ele é o "verdadeiro" ou realidade dos tipos. Citando Isaías 22:22, mas não se restringindo à "casa de" Davi, Ele mostra a supremacia messiânica além de apenas Israel, e somente Ele tem o poder soberano para abrir e fechar a porta da oportunidade e do testemunho, não seus oponentes. Quão precioso é ver que a fidelidade é primeiro recompensada por uma maior intimidade com Cristo, uma lição para todos nós.
Três promessas:
A igreja tem apenas "pouco força" que tem sido demonstrada na fidelidade à "Palavra" e ao "Seu nome". Alguns hoje parecem procurar remediar fraquezas numéricas e outras, afastando-se de Sua Palavra e negando certas verdades a respeito de Sua Pessoa, mas a igreja local que obtém Sua aprovação permanece firme em ambos e deixa seu futuro em Suas mãos (v.8). Como resultado disso, Ele lhes apresenta três promessas (vs.9-12). Observe que a maior parte da carta é ocupada por promessas.
1ª) No v.9 é a retribuição aos seus inimigos, diante dos quais os fiéis um dia serão vindicados, muito provavelmente quando Cristo aparecer em glória com Seu povo.
2ª) Nos vs.10 e 11 é o Seu retorno que os resgatará de um período de tentação ou, melhor, de provação. No contexto deste livro de Apocalipse, é difícil ver isso como algo diferente da "Tribulação", oferecendo assim provas adicionais do retorno do Senhor para os Seus antes disso. Observe que o período é limitado a uma "hora" indicativa da brevidade dos sete anos em comparação com o "dia" da graça, até agora em torno de 2.000 anos. É também geograficamente universal em "todo o mundo" da habitação do homem e "experimentará" todos os seus ocupantes, mas o povo do Senhor aguarda o Seu retorno iminente para libertá-los dele - Ele "virá rapidamente". Talvez alguns que estão lendo este artigo estejam nas chamadas pequenas assembleias em dificuldades e um tanto desanimados. Reconforte-se, mantenha-se fiel à Sua Palavra e Pessoa e deixe tudo em Suas mãos. Somente Ele determinará se Seu testemunho permanecerá aberto ou não, e logo Ele virá com Sua "coroa" de recompensa. Há, no entanto, uma nota de cautela com a coroa, pois ela pode ser perdida para outro! Esta "perda" é melhor ilustrada em 1 Coríntios 3:12-15. Deus sempre terá aqueles que são fiéis a Ele e Ele os recompensará de acordo, e devemos garantir que estamos entre eles.
3ª) Finalmente, o v.12 fornece uma descrição abrangente de sua recompensa. Aqueles que vencerem terão uma posição de destaque em Seu Templo. Este não é um templo pagão de Filadélfia ou mesmo um templo feito por mãos para Israel, mas o Templo de Deus na cidade celestial, a Nova Jerusalém descrita integralmente no final deste livro. Eles não só terão um lugar nele, mas serão proeminentes, como "um pilar", e nele estarão permanentemente para "não sair mais". Além disso, aqueles que "não negaram o meu nome" (v.8), receberão três "nomes": o de "Seu Deus", o de Sua "cidade" e o Seu próprio "novo nome", mencionado em Apocalipse 19:12.
Que lindo contraste com a anterior igreja "morta" de Sardes. Eles tinham "um nome" no v.1, porém que não era real, mas a igreja fiel em Filadélfia receberá esses nomes maravilhosos.
7ª) LAODICEIA (Apocalipse 3:14-22)
Após a revigorante mudança de Filadélfia, a igreja fiel, Laodicéia, nos traz de volta ao declínio contínuo visto nas três igrejas anteriores. Este declínio resultou no reconhecimento do Senhor apenas de "alguns nomes, mesmo em Sardes, que não contaminaram as suas vestes" (Apocalipse 3:4), mas aqui em Laodicéia veremos que Seu apelo chegará ao indivíduo - "se alguém ouvir a minha voz".
A igreja em Laodicéia é mencionada na carta de Paulo aos Colossenses, que também se refere (indiretamente – Colossenses 4:16) à igreja em Éfeso. Portanto, a primeira e a última igreja neste estudo são as únicas conhecidas a partir de outras Escrituras e, juntamente com os Colossenses, essas igrejas eram conhecidas entre si e também receberam cartas de Paulo. Pensa-se também que a primeira carta de Paulo a Timóteo, que estava em Éfeso, foi escrita em Laodicéia. Pareceria que esta igreja privilegiada tinha recebido a verdade divina, tinha sido visitada por hábeis servos de Deus e estava associada com outros grupos do povo de Deus. No entanto, eles agora declinaram a tal condição que, assim como a primeira igreja de Éfeso, estão ameaçados de remoção.
A censura do Senhor:
Ao Senhor Jesus é atribuído um título triplo no v.14. Como o "Amém", Ele é a palavra final sem nada além dEle no futuro, a verdade absoluta; como a "Testemunha fiel e verdadeira", Ele é o único avaliador preciso do presente; e como o "início (ou melhor, "princípio") da criação de Deus", Ele está antes de todas as coisas quanto ao passado. Como tal, só Ele pode fazer uma avaliação verdadeira desta igreja cuja auto-avaliação, encontrada no v.17, parece estar muito distante da dEle. Tal como acontece com as outras igrejas, Ele proclama: "Eu sei", e resume a sua condição como "morna" (vs.15-16). Seu grande desejo para eles é que fossem "zelosos" ou ardentes por Ele, mas mesmo ser frio, isto é, sem qualquer pretensão à vida divina, seria melhor do que ser morno.
O Senhor, como sempre fez enquanto esteve aqui na terra, continua a usar as coisas cotidianas da vida familiar para eles, a fim de expressar Seu ponto de vista. Ele já se referiu ao fato de serem mornas, uma característica da água de Laodicéia porque precisava ser canalizada à distância. Laodicéia também era conhecida por sua riqueza, principalmente pelo refino de ouro, pelo colírio produzido por sua famosa escola de medicina e pelas roupas de alta qualidade feitas com as ovelhas negras locais. Sem dúvida, encorajada pela prosperidade material, esta igreja considerou que o seu estado espiritual refletia a sua riqueza. Que advertência é isto para todos nós hoje; nunca estivemos tão bem materialmente, mas podemos sentir que isso foi transferido para as coisas divinas. Talvez, com locais de reunião confortáveis, um bom número de participantes e uma abundância de ensino e conhecimento bíblico, podemos pensar que tudo está em ordem e prosperando, mas o que o Senhor pensa? Em relação a Laodicéia, Ele contrasta seu estado material e consideração por si mesmos com Sua declaração de que eles são "...miseráveis, e desgraçados, e pobres, e cegos, e nus". Em uma palavra, o problema deles parece ser a apatia, formalidade.
Infelizmente, parece que muitos estão marcados pelo mesmo problema hoje. Temos pouco desejo por coisas divinas além da frequência às reuniões, pouco interesse na Palavra de Deus além da adesão tradicional à verdade compreendida ou transmitida a nós por outros, e pouca preocupação pelos ímpios além de algumas iniciativas simbólicas que têm sido realizadas inalteradamente por gerações. Com complacência aguardamos o retorno do Senhor, sem perceber que nossas congregações podem morrer antes que Ele venha. Deus sempre teve Seu próprio testemunho, mesmo nos dias mais sombrios da história, e sempre terá, mesmo que não seja nas assembleias às quais muitos de nós pertencemos. Se quisermos despertar dessa complacência e sermos preservados para o futuro, precisaremos atender aos apelos do Senhor nos vs.18-20. Ele oferece conselhos a todos, repreensão a alguns e um apelo a indivíduos.
Recuperação:
A recuperação envolverá custos; o ouro espiritual e as vestimentas precisam ser comprados ou negociados com Cristo. Somente Ele pode fornecer aquilo que tem valor real e foi provado ou testado no fogo. Muito do que parece substancial e é facilmente visto por outros pode revelar-se "madeira, feno e restolho" quando testado. Somente aquilo que foi adquirido através de relações pessoais reais com o Senhor Jesus será refinado e puro. O ouro fala claramente de Cristo e do Seu valor que também deve ser encontrado no Seu povo. Estas características interiores serão então, naturalmente, vistas nas "vestes brancas" ou características semelhantes às de Cristo exibidas em nossas vidas. Mas estamos preparados para pagar o preço e "comprar" estas coisas que o Senhor tem para oferecer? Ser semelhante a Cristo custará caro.
Tendo dado conselhos sobre como contrastar o ouro espiritual e as vestimentas com o ouro material e as vestimentas conhecidas por eles, Ele agora se volta para o colírio no final do v.18. Quando a unção é mencionada, a pessoa do Espírito Santo está em vista. Vivemos numa época em que há muita confusão e controvérsia a respeito da Pessoa e da obra do Espírito Santo. Como resultado disso, podemos deixar de viver no bem de uma vida cheia do Espírito e negar a nós mesmos a verdadeira visão espiritual disponível nEle. O Novo Testamento ensina claramente que todos os verdadeiros crentes são habitados (2 Timóteo 1:14), selados (Efésios 1:13) e possuem (Romanos 8:9) o Espírito de Santo Deus. Parece que a questão não é quanto do Espírito eu tenho, mas quanto de mim, Ele tem. Se quisermos ser "cheios do Espírito", precisaremos abrir espaço para Ele removendo outras coisas. Como em Laodicéia, portanto, a vida moderna tem muitos atrativos e as demandas que os acompanham. Cada um de nós deve avaliar as nossas vidas para garantir que Ele receba o Seu lugar de direito e que valorizamos o espiritual acima do material. Precisamos ver as coisas como elas realmente são, não como o mundo as valoriza: "…o mundo passa e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2:17).
O apelo aos indivíduos:
No v.19, o Senhor agora restringe Seu apelo a "todos quantos Eu amo", a palavra para amor sendo amor fraternal e não o amor universal de Deus por todos. Parece que Ele está declarando que, infelizmente, nem todos em Laodicéia têm um relacionamento real com Ele. Alguns parecem mornos porque não têm vida; daí Seu desejo anterior de que ser "frio", que esteja ciente de seu estado, seria preferível, pois Ele poderia então atender às suas necessidades. Mas para aqueles que são realmente Seus, Seu desejo é que sejam "zelosos", uma palavra relacionada a "quente". Isto exigirá Sua disciplina e arrependimento da parte deles. Como incentivo, Ele agora restringe Seu apelo para oferecer aos indivíduos uma comunhão íntima consigo mesmo no v.20. Mesmo em condições como a de Laodicéia, onde o fracasso coletivo é evidente e o testemunho está ameaçado, Cristo ainda faz o convite aos indivíduos. Podemos ter ficado mornos e ocupados com as coisas materiais da vida; o Senhor pode ter sido colocado fora de Seu lugar de direito; mas Ele ainda está à porta e bate, aguardando pacientemente a admissão para restaurar o fervor, dar alimentação e a comunhão.
Finalmente, Ele oferece a recompensa para aqueles que vencem. Ele já ofereceu o "ouro" de Deus, a "vestimenta" do Filho e o "colírio" do Espírito. Agora Ele promete ao vencedor: "Concederei assentar-se comigo no meu trono", (v.21). A ideia é a de um trono de monarca oriental, que é como um banco com espaço para outra pessoa se sentar ao lado. Ele entende as nossas dificuldades porque também teve que superar, mas tendo completado a Sua grande obra, Ele agora está sentado ao lado do Seu Pai (Hebreus 12:2). Embora nosso trabalho e superação não sejam de forma alguma comparáveis, Ele graciosamente apresenta recompensa e reconhecimento semelhantes.
Que cada um de nós responda a este apelo feito não apenas a Laodicéia, mas, como acontece com as outras seis, a "todas as igrejas", incluindo as nossas assembleias de hoje.
Por A. Sinclair
206. Televisão e coisas semelhantes
A questão de muitos que, confessam serem salvos, é se na Bíblia Deus proíbe ou não comprar uma Televisão e coisas semelhantes.
Bem, é claro para todos que nos tempos bíblicos não existiam muitas das coisas modernas que temos hoje no mundo, mas nem por isso Deus nos deixa sem orientação, pois o que munda no mundo com o tempo são as formas e modelos das coisas, mas o "princípio" é o mesmo, e para isto temos recursos na palavra de Deus. Por exemplo, na época do Salmista não existiam, revistas, jornais, televisão, telemóveis, internet e etc., mas ele disse: "Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim." (Salmos 101:3)
Portanto, aqui temos o "princípio" de Deus em relação à postura do que o crente vê, e não somente isto, mas que o crente deve analisar a fonte, a origem daquilo. Quanto a isto, o salmista diz: "Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim."
Eu sei que muitos cristãos têm televisão agora, e isso é uma coisa aceita por muitos, mas o nome do Senhor é muitas vezes tomado em vão. Eu me pergunto se você conseguiria lidar com o assunto dos palavrões na televisão, que é tão comum.
E quanto ao entretenimento cristão e mundano? À medida que aumenta o acesso aos meios de comunicação digitais, a questão do que é apropriado para um crente ver e ouvir torna-se cada vez mais relevante. Precisamos nos perguntar seriamente: "O que é apropriado para um cristão ocupar seu tempo de lazer?" Será o entretenimento do mundo, com toda a profanação, vulgaridade e promoção da imoralidade que o acompanha, aceitável para um filho de Deus?
A questão de um filho de Deus se expor à impiedade de qualquer forma em nome do "entretenimento" deve ser questionada sob diversas considerações. É inconsistente com o nosso chamado à santidade. Santidade é separação do pecado em toda e qualquer forma. Lemos "Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade" (1 Tessalonicenses 4:7).
No versículo 8, o apóstolo acrescenta: "Aquele, pois, que despreza, não despreza o homem, mas a Deus, que também nos deu o seu Espírito Santo". O Espírito Santo de Deus nos lembra a respeito do nosso chamado: "Mas, assim como aquele que vos chamou é santo, sede vós santos em todo o procedimento; porque está escrito: Sede santos; porque sou santo" (1 Pedro 1:15-16). Tito 2:11-12 nos lembra: "Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente".
Não adiante dizer que vai conseguir escolher a programação que não fere os princípios bíblicos, mas a questão é que nesta tentativa, expor-se à impiedade também é incompatível com a vontade revelada de Deus. Deus não nos deixou na dúvida quanto à Sua vontade em relação à nossa atitude, não só com o pecado cometido, mas até mesmo com toda a aparência do mau; não apenas quando cometido por nós mesmos, mas também como se manifesta na vida de outros. "Abomine o que é mau; apegue-se ao que é bom" (Romanos 12:9).
Romanos 13:14 nos adverte: "não tenhais cuidado da carne, para satisfazer as
suas concupiscências". Em Efésios somos instruídos a "andar dignos da vocação para a qual [fomos] chamados" (Efésios 4:1). O capítulo 4:17-24 deve ser lido com atenção para compreender a vontade de Deus para nossas vidas. O versículo 17 declara "para que não andeis mais como andam os demais gentios, na vaidade de seus pensamentos". O versículo 22 instrui "que, quanto ao trato anterior, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências enganosas", com o versículo 24 dando a verdade equilibradora "que vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em justiça e verdadeira santidade."
Estas verdades lembram-nos que a salvação pôs fim à nossa posição anterior e deveria trazer um fim correspondente ao nosso antigo modo de vida. Efésios, capítulo 5 continua a dar instruções sobre a vontade de Deus. As práticas de "fornicação e toda impureza ou cobiça" não devem ser "uma vez nomeadas entre vós, como convém a santos" (v.3), mas estas são muitas vezes as práticas que permeiam o mundo do entretenimento. Além disso, "sujeira", "conversa tola" e "brincadeira imoral" (v.4) são declaradas inadequadas. Estas ações trarão o julgamento de Deus sobre aqueles que morrem sem um Salvador (v.6).
A vontade de Deus é expressa no versículo 7. "Não sejais, portanto, participantes deles", e no versículo 11, "não tenhais comunhão com as obras infrutíferas das trevas, mas antes repreendei-as". Como podemos justificar o uso de nosso tempo para "nos divertir" com as mesmas coisas que trarão o julgamento de Deus sobre os incrédulos? É uma falta de consideração com a consciência de outros crentes. Muitas vezes, os crentes justificam a sua indulgência no entretenimento obsceno com a afirmação de que "sinto que tenho liberdade para fazer isto".
A pergunta que devemos fazer a nós mesmos não é:
"É lícito para mim fazer isso?"
"Isso ajudará ou atrapalhará um irmão ou irmã no Senhor?"
Podemos sentir que "podemos lidar com isso", mas e os outros? Não gostamos da ideia de ter a nossa conduta regulada pelo seu efeito sobre os outros, mas isso é o claro ensino das Escrituras.
Duas vezes em 1 Coríntios 10, Paulo equilibra a afirmação "todas as coisas me são lícitas" com uma palavra de cautela: "mas nem todas as coisas são convenientes" e "mas nem todas as coisas edificam" (v.23), e resume sua instrução dizendo: "Ninguém busque o que é seu, mas cada um a riqueza do outro" (v.24).
O ensino consistente da Palavra de Deus, especialmente conforme estabelecido em Romanos 14 e 1 Coríntios 8-10, é que a minha vida deve ser regulada pelo fato de as minhas ações beneficiarem ou prejudicarem os meus irmãos crentes. As palavras de Romanos 14:19 fornecem o princípio positivo a ser seguido: "Prossigamos, pois, as coisas que contribuem para a paz e as coisas pelas quais um pode edificar o outro."
Muitos que foram salvos de uma vida de pecado e do vício virtual em entretenimento de um tipo ou de outro ficam tristes ao ver aqueles que professam o nome de Cristo ocupados com essas coisas. É prejudicial ao nosso próprio bem-estar espiritual. Como Gálatas 6:7-8 afirma tão claramente, as ações têm consequências – "Não vos enganem, de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas aquele que semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna."
O entretenimento mundano é "semear para a carne" ou "semear para o Espírito"?
O fruto que será colhido será "semente segundo a sua espécie".
Gálatas 5:16-23 descreve os interesses opostos e as evidências da "carne" e do "Espírito". As obras da carne são feias – o fruto do Espírito é adorável. Devemos encarar o fato de que o que ouvimos e vemos afeta a nossa condição espiritual.
Provérbios 6:27 nos lembra: "Pode alguém levar fogo no seu peito e as suas vestes não se queimarem?"
Efésios 4:30 nos adverte "não entristeçais o Espírito Santo de Deus".
Podemos questionar que a representação de ações e palavras ímpias entristece o Espírito Santo?
Pedro adverte contra as concupiscências carnais que guerreiam contra a alma. As concupiscências carnais podem ser satisfeitas não apenas por meio de ações reais, mas também por meio de ocupação mental. Os efeitos duradouros na nossa memória de ver ou ouvir algo impróprio têm sido uma tristeza para muitos de nós.
Devemos avaliar, qual é o nível da vida espiritual, da dedicação ao Senhor e testemunho público, têm aqueles que defendem e fazem uso de horas de entretenimentos que o mundo oferece.
Que o Espírito Santo de Deus nos torne sensíveis e sábios para que usemos nosso tempo em atividades que sejam consistentes com a santidade, compatíveis com a vontade revelada de Deus e que promovam o bem-estar espiritual de nossa família, nossos irmãos, e de nós mesmos. Que possamos ser homens e mulheres que mereçam o elogio que Deus deu a Jó, "homem que teme a Deus, e se desvia do mal" (Jó 1:8).
Kent Hendrickson
207. Álcool
Muitos são rápidos em salientar que as Escrituras não proíbem o uso de álcool. Há quem caracterize a abstinência de álcool como o "irmão fraco" por quem estão dispostos a sacrificar a sua "liberdade" de beber para não ofender (Romanos 14; 1 Coríntios 8).
Claro, há outros que nem sequer se preocupam em sacrificar esta "liberdade".
Estaremos exagerando ao nos abstermos de uma taça de vinho quando saímos para jantar, ao abrir a rolha de uma garrafa de champanhe para comemorar uma ocasião especial ou ao saborear aquele pacote de seis cervejas depois de uma semana difícil de trabalho? Será que beber socialmente é realmente tão ruim assim? É permitido consumir bebidas alcoólicas com moderação?
Muito poderia ser escrito sobre os resultados médicos e sociais do alcoolismo; o número de mortes no trânsito, assassinatos e outros crimes relacionados ao álcool. Estas, porém, estão todas ligadas ao excesso de álcool e dificilmente entram na questão do consumo social. Ninguém nunca bebe socialmente com a intenção de se tornar alcoólatra – mas isso acontece!
Nosso exame da questão começa no Antigo Testamento. Em todo o Antigo Testamento, é o excesso de vinho que está sendo condenado, e não o vinho em si. Numa cultura onde a água nem sempre era segura, o vinho era uma bebida aceitável. Existem muitos tratados eruditos disponíveis que discutem as diferentes palavras para vinho e bebida forte mencionadas nas Escrituras e seu teor alcoólico e potencial para causar embriaguez. Basta dizer que, em quantidade suficiente, todos tiveram o efeito desejado (ou indesejável).
No Novo Testamento, o Senhor Jesus transformou água em vinho (João 2). Isso serve como justificativa suficiente para muitos absorverem. Somos lembrados, também, de que o Senhor Jesus falou em não beber do fruto da videira até que o Reino de Deus viesse, implicando assim que haveria vinho no vindouro reino milenar.
Contra isso está a advertência de Efésios 5:18 para "não nos embriagarmos com vinho", que é contrariado a ser cheio ou sob o controle do Espírito de Deus. Aqueles que proclamam a sua liberdade de desfrutar do consumo social são rápidos em salientar que é a questão de estar bêbado que é abordada aqui e não o consumo social.
Paulo também teve de exortar Timóteo a tomar "um pouco de vinho" pelo seu valor medicinal.
O fato de ele ter que insistir com Timóteo pode sugerir que, ou Timóteo era muito sensível e escrupuloso, ou que, sendo reconhecidos os perigos do álcool, Timóteo optou por evitar qualquer tentação de ceder.
Provérbios 23 fornece uma das imagens mais gráficas da embriaguez na literatura, bem como uma visão sobre seus efeitos viciantes (vs. 29-35). Advertências contra o álcool e seu potencial estão presentes nos sábios conselhos de Salomão em Provérbios.
Há também o caso especial do homem ou da mulher que quis agradar a Deus. Números 6 fala do nazireu que se absteve voluntariamente, não apenas do álcool, mas até mesmo das uvas, para que o sabor de uma não levasse ao desejo da outra. Isso tem alguma relevância para a pergunta que estamos respondendo? Não está ensinando que o homem ou a mulher que deseja agradar a Deus não praticará o cristianismo "mínimo", mas sacrificará e evitará qualquer coisa que possa afetar a utilidade para Deus?
Que conclusões podemos tirar desta aparente divergência de exemplos e conselhos? Será então que beber socialmente é uma liberdade que os crentes podem desfrutar? Aqueles que evitam o álcool está entre os fracos e excessivamente escrupulosos? Como você pode evitar a disponibilidade e a tentação de beber socialmente quando toda reunião de negócios, todo casamento ou evento especial não-cristão para o qual você é convidado e toda interação em um evento social são lubrificados com álcool? É presente e inevitável em nossa sociedade hoje.
As "primeiras menções" nas Escrituras são incrivelmente esclarecedoras. A primeira menção ao vinho está, tragicamente, em Gênesis 8 e ligada a Noé. Poucos questionariam a espiritualidade e a força moral de Noé. Ele permaneceu durante séculos como testemunha do Deus vivo. Ele provou ser fiel em meio a um mundo inteiro que se afastou de Deus, "comendo e bebendo" (Lucas 17:26-27). Após o dilúvio, ele plantou uma vinha e ficou bêbado. No mínimo, o Espírito de Deus está enviando uma advertência logo no início da história humana sobre os perigos do álcool. É significativo que tenha havido, relacionado com a sua embriaguez, um afrouxamento das restrições morais; o álcool e a imoralidade frequentemente viajam juntos.
O vinho que se bebia nos tempos do Antigo Testamento era um vinho muito diluído misturado com água. Seu teor alcoólico era provavelmente de 0,5% em comparação com os vinhos disponíveis hoje, que são de 10 a 17%. O álcool vendido hoje é o resultado da destilação, processo que aumenta muito o teor alcoólico do whisky e de outras bebidas. Este processo não era bem conhecido nem utilizado até o século XII ou XIII. Portanto, obviamente não era conhecido pelos hebreus de 1000 AC. O que os hebreus bebiam não tem nenhuma semelhança com o vinho e o álcool modernos.
A água era misturada com vinho, provavelmente duas partes de água para uma parte de vinho, para tornar a água mais segura para beber. Hoje, temos muitas opções seguras de líquidos e não precisamos de vinho para tornar as nossas bebidas seguras.
O argumento da "apenas moderação", no entanto, lembra-nos que podemos comer demais e tornar-nos glutões com a mesma facilidade com que podemos beber demais e ficar bêbados. Isso mostra que precisamos de moderação em todas as áreas da vida. Claro, o que não é enfatizado é que você precisa de comida para viver; você não precisa de álcool para viver.
Este é um lembrete do perigo inerente ao consumo social. Paulo exortou os crentes em Romanos 13 a "não fazerem provisões para a carne, para satisfazer as suas concupiscências" (v.14). Em outras palavras, "Não brinque com fogo!" Beber socialmente traz consigo o risco de ir além da primeira bebida. Existem indivíduos que são genética e bioquimicamente propensos ao vício. De certo modo, eles não conseguirão evitar o vício se começarem a beber. A única escolha deles é evitar o primeiro drink.
Juntamente com o lembrete de evitar o sustento da nossa carne, somos exortados à santidade de vida (1 Pedro 1:15; 2 Coríntios 7:1). A prática de beber socialmente tende à santidade?
Há também o perigo de o exemplo ser dado a outros crentes e descrentes. Há crentes entre nós que foram salvos de uma vida de alcoolismo. O princípio de 1 Coríntios 8 e Romanos 14 é que devo sempre considerar o exemplo que estou dando aos outros e o dano potencial que posso causar a outro. O consumo social de um crente pode ser a porta aberta para outro crente retornar ao alcoolismo.
Pode ser estranho beber Coca-Cola ou suco de laranja em uma reunião de negócios quando outras pessoas estão bebendo vinho ou Martini. Você pode sentir como se todos estivessem olhando para você quando você não bebe champanhe na recepção de casamento de seus parentes. Seria muito mais fácil conformar-se ao comportamento da sociedade e enquadrar-se nele. Romanos 12:1-2 teria alguma relação com essa atitude. Meu desejo é ser o mais parecido possível com meu próximo, sem cruzar alguma linha imaginária que estabeleci em minha mente, ou é ser tão diferente quanto a Palavra de Deus me ordena?
Não posso usar o vinho diluído dos tempos bíblicos para justificar o meu consumo social. Não posso apelar à minha "liberdade" como base para beber. Liberdade é a liberdade de fazer a vontade de Deus, não de realizar meus próprios desejos. Sou confrontado com a questão de saber o que é mais agradável a Deus – ser como a sociedade ou procurar viver uma vida que evite não apenas o pecado, mas toda provisão para o pecado.
208. Jogatina
A maioria pensaria que a questão do jogo dificilmente precisa ser abordada entre os crentes. Mas os meios de comunicação modernos, as lotarias de escritório, os jogos de azar online e os grupos de apostas "inocentes" podem tornar-se armadilhas para alguns. Como você reage quando vendem rifas no trabalho ou na vizinhança para ajudar a cobrir as despesas médicas da filha de alguém com leucemia? Como você lida com ingressos de sorteios pelos quais você não paga nada, apenas responde a uma ou duas perguntas? E quanto à nova mania dos jogos de azar, "Raspadinha"?
O apelo básico em todas as formas de jogo é o apelo à cobiça. Não há dúvida de que a cobiça em todas as formas é condenada nas Escrituras. Juntamente com o seu lugar como o último dos mandamentos em Êxodo 20, Romanos 13:9 repete a advertência do Novo Testamento. Não deve ser "nomeado uma vez" entre os crentes (Efésios 5:3) e é equiparado à idolatria (Colossenses 3:5). Podem ser citados numerosos textos do Novo Testamento com os quais o leitor já está familiarizado.
Junte isso ao fato de que o primeiro pecado que assolou Israel ao entrar na terra foi a cobiça de Acã (Josué 7); e o primeiro ato de disciplina na assembleia recém-formada em Jerusalém envolveu a cobiça de Ananias e Safira (Atos 5). Embora a cobiça possa abranger muito mais do que o dinheiro, como se vê naquilo a que está associada na menção em Êxodo 20, o apelo à ganância e ao materialismo é certamente um grande problema no nosso mundo.
Não estamos abordando questões como prêmios, bônus e incentivos financeiros para operações bancárias com esta ou outra empresa financeira. O que está a ser abordado é a questão do jogo com fins lucrativos, motivado pela cobiça. Seu mal pode ser identificado de muitas maneiras diferentes.
É ético usar o dinheiro de outra pessoa para tentar ganhar riquezas, entendendo que é muito mais provável que eu perca o que é de outra pessoa? Tudo o que temos é realmente de outrem e não nosso (Lucas 16:12). Se, como professo, tudo o que sou e tenho pertence ao Senhor Jesus, como posso tomar o que é dEle e correr o risco de perdê-lo com o objetivo de lucrar comigo mesmo? Alguns, sem corar, afirmam fazê-lo para que possam ter mais para dar ao Senhor. Mas Deus não está tão empobrecido a ponto de exigir que eu aumente Sua riqueza jogando com Seu dinheiro.
Além disso, para cada indivíduo que ganha no jogo, muitas pessoas devem perder. Os ganhos só serão possíveis se um número suficiente de pessoas perderem o seu dinheiro em troca. A indústria do jogo existe para obter lucro. O bom senso diz que muitas pessoas devem perder dinheiro, que a indústria ganha dinheiro tão bem quanto o ganhador da loteria ou da aposta. Assim, o jogo "permite" que milhares, e às vezes milhões, de pessoas percam dinheiro; alguns perdem muito e muitos perdem repetidamente.
O jogo também é um vício que escraviza muitas pessoas. A vontade de ganhar, a vontade de tentar, só mais uma vez, alcançar o sonho impossível que continua a repetir-se nas suas mentes – tudo isto impele o viciado em jogo a continuar com o comportamento autodestrutivo. Tragicamente, esse comportamento também pode destruir famílias, carreiras e vidas.
Quando olhamos para a cruz, não vemos apenas Aquele que deu tudo pelos outros, mas testemunhamos soldados ao pé da cruz jogando. Alguém tirou a sorte grande naquele dia e foi para casa com um roupão sem costura! Não foi um grande ganho na loteria, mas foi um jogo de azar.
Como então você responde às formas de jogo menos flagrantes e mais atraentes? Como você reage quando há uma loteria no escritório para beneficiar um colega de trabalho doente; quando há um concurso na cidade para ajudar a pagar as contas médicas de um vizinho? Você certamente não gostaria de parecer insensível e indiferente às necessidades e ao sofrimento!
A solução nesses casos é bem simples: você dá a quantia necessária e não aproveita o bilhete de loteria nem o azar. Você contribuiu com seu dinheiro e o fez com uma motivação muito mais altruísta. Mas todas as outras formas em que a tentação de jogar se apresenta a você não requerem sabedoria ou sutileza. Não cobiçamos e, portanto, não jogamos.
Por que cooperamos com a sociedade na sua mudança de atitude mental em relação ao que antes era considerado vício? É nossa tendência querer nos encaixar e não parecermos críticos? Os padrões de Deus nunca mudam; os padrões das sociedades sim.
209. A Igreja não passará pela Tribulação?
Na semana anterior à crucificação, Mateus registra o Discurso do Senhor Jesus no Monte das Oliveiras a respeito do fim dos tempos (Mateus 24:1-25:46). Ele se refere à "grande tribulação" (24:21), muito além de qualquer coisa antes ou depois.
No mesmo discurso, Ele indica claramente que isso foi predito na profecia das setenta semanas de Daniel 9. Isso detalha 490 anos de eventos, 483 dos quais foram cumpridos, culminando no "corte (morte)" do Messias (Daniel 9:26).
A "semana" final de sete anos, a Tribulação, ainda aguarda cumprimento. Daniel divide os 7 anos em dois períodos iguais, com o segundo período aparentemente equivalendo à "Grande Tribulação" mencionada pelo Senhor. Durante o período como um todo, a iniquidade será abundante, e o povo de Deus daquele dia (a Igreja já estará no céu), enfrentará terrível perseguição. Então, particularmente na segunda metade, o próprio Deus derramará um grande julgamento sobre os ímpios, o que deverá aumentar a sua rebelião e a perseguição ao Seu povo.
Embora existam numerosas referências nos profetas a este período de tribulação, e breves relatos nas epístolas do Novo Testamento, especialmente 2 Tessalonicenses e 2 Pedro, os detalhes são encontrados extensivamente em Apocalipse 6 a 19.
Mas Paulo também dá os detalhes principais de outro evento quando o povo de Deus, incluindo a igreja em Tessalônica, pode esperar ser "arrebatada" (rapto) desta terra (1 Tessalonicenses 4:13-16). Este evento é comumente conhecido como "Arrebatamento". O Arrebatamento também é claramente mencionado pelo Senhor no Evangelho de João (14:3; 17:24; 21:23). Maiores detalhes são encontrados em 1 Coríntios 15:50-58, esta última passagem especificando "a última trombeta" como o momento em que o Arrebatamento ocorrerá, que nada tem a ver com o juízo da "última trombeta" de Apocalipse 11:15.
Agora, embora as passagens acima indiquem que o Arrebatamento é um evento destinado a confortar e encorajar o povo de Deus hoje, tornou-se, infelizmente, um assunto de debate e até mesmo de divisão. As principais áreas de desacordo centram-se sobre quando o evento ocorre e quem será levado.
A posição "pré-tribulacionista" que este artigo apoia, é que o Arrebatamento ocorrerá antes da Tribulação e é principalmente um evento para a Igreja.
Outros acreditam que acontecerá após ou pós-tribulação, enquanto outros ainda acreditam que ocorrerá no meio da Tribulação. Estas duas últimas visões geralmente entendem assim, por comparar a "última trombeta" (1 Coríntios 15:52) com a sétima trombeta em Apocalipse 11:15), que é um erro. Embora pareça que as duas passagens falem do mesmo evento e seja plausível superficialmente, há vários problemas nesta interpretação.
Primeiro, se forem iguais, a Escritura inspirada poderia facilmente ter usado o termo "sétima trombeta" em vez de "última trombeta" em (1 Coríntios 15:52) para remover todas as dúvidas.
Em segundo lugar, há mais referências a "trombeteiros" em Apocalipse (18:22), de modo que a sétima trombeta tocada por um anjo não é a "última" nem mesmo nesse livro.
Terceiro, a "trombeta" de 1 Coríntios 15 não é tocada por anjos ou homens, como acontece com aqueles mencionados no Apocalipse, mas é a "trombeta de Deus" (1 Tessalonicenses 4:16). Para aqueles que ouvem, assim como muitos já tocaram para eles o que chamamos de "linha de chegada", é de fato "o último trunfo", o tempo do Arrebatamento para eles, visto figurativamente em Apocalipse 4:1.
Esta, no entanto, é apenas uma razão para manter a visão de que o Arrebatamento é um evento iminente que removerá "a Igreja" e garantirá que eles não passem pela Tribulação. Pois, há outros.
O propósito do Arrebatamento é que os crentes possam estar com o Senhor, onde Ele está, para contemplar Sua glória e serem libertos "da ira vindoura" (João 14:3; 17:24; 1 Tessalonicenses 1:10). Somente um Arrebatamento pré-tribulação atende plenamente a esses requisitos. O Arrebatamento ocorre quando os santos são levados para o céu e para a paz, em vez de Cristo vir à terra para julgamento, algo que vai acontece 7 anos depois do Arrebatamento.
Se Arrebatamento ocorrer antes dos eventos de Apocalipse capítulos 4-5, como acreditamos firmemente, isso nos permitirá, como João, testemunhar a glória de Sua investidura que se encontra nesses capítulos e também precede os acontecimentos de Apocalipse 6-19, onde "a ira do Cordeiro" é derramado sobre a terra, e onde não há mais a menção da Igreja.
A principal objeção a afirmar que a Igreja não passará pelo tempo da "ira do Cordeiro" é que o povo de Deus experimentou, e ainda experimenta, terríveis perseguições e formas de "tribulação", como o Senhor advertiu (João 16:33). Mas estes estão nas mãos dos homens. Na Tribulação que estamos considerando aqui é a "ira de Deus" e do "Cordeiro" que é derramada sobre os homens e certamente não sobre a Sua igreja. Tudo isto é confirmado em 2 Tessalonicenses, onde os jovens convertidos em Tessalônica estão preocupados com a chegada do Dia do Senhor nos dias em que eles estavam vivendo (2 Tessalonicenses 2:2).
"E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo." (2 Tessalonicenses 2:6-8)
Paulo os lembra do ensino anterior e no v.6 os instrui sobre "o que" o retém e sobre "há um" (v.7) que restringe o dia do julgamento. Este "o que o retém" e "há um" referem-se à Igreja e ao Espírito Santo que nela habita. Por outras palavras, a revelação do homem do pecado, o poderoso governante ímpio que se levantará após o Arrebatamento, e o julgamento vindouro não podem começar até que a Igreja seja removida.
É claro que existem muitos precedentes bíblicos para o povo de Deus ser removido antes do julgamento. Considere Enoque, (que nos fala da Igreja), sendo arrebatado antes, que Noé e sua família na Arca (que nos falam da nação de Israel), fossem salvos do julgamento do dilúvio.
Ló também foi removido antes do desaparecimento de Sodoma. Este é um forte argumento contra um Arrebatamento parcial apenas de crentes fiéis, pois Ló, embora fosse um crente, não estava vivendo uma vida piedosa. Observe também a maneira como Enoque e Elias foram removidos.
Além desses precedentes, há algumas imagens interessantes que prenunciam a vinda do Senhor para o Seu povo no Arrebatamento e antes da Tribulação. Tomemos, por exemplo, Gênesis 24, onde Rebeca, acompanhada por um servo não identificado, é levada em sua jornada através do deserto em direção ao seu noivo, mas ainda invisível, que então vem ao seu encontro e a acompanha até a consumação privada. Certamente esta é uma imagem da Igreja, selada e prometida pelo Espírito Santo, levada à união privada com Cristo antes da revelação pública.
Observe, ainda, o Evangelho de João, que nunca apresenta Cristo vindo à terra, mas antes O apresenta removendo Seu povo para o céu. Este Evangelho vê os discípulos como o embrião de uma Igreja do Novo Testamento, e não como um remanescente de uma nação judaica fracassada. No capítulo 5, o Senhor introduz a ideia de uma ressurreição iminente e seletiva que "agora é" (v.25), além das duas ressurreições inclusivas dos justos e dos injustos (v.29).
No capítulo 11, no ápice do Evangelho, o Senhor "vem" a uma companhia Sua, dividida pela morte. Ele informa Marta sobre algo mais do que a "ressurreição no último dia", quando Ele, como "a ressurreição e a vida", não apenas ressuscitará os mortos como Lázaro, mas aquele que "crê em mim nunca morrerá". O Senhor então demonstra isso com uma ressurreição imediata dentre os mortos daquele que "ouve" Sua voz.
Por favor, observe que este evento não apenas retrata o Arrebatamento, mas também descreve a sua posição. É seguido por uma ceia (João 12:1-9) antes de uma entrada triunfante em Jerusalém, certamente uma imagem do Arrebatamento, da Ceia das Bodas e do Retorno em Glória, nessa ordem (Apocalipse 19; Mateus 25).
As imagens e a posição talvez sejam completadas pelo mesmo autor quando ele ouve a trombeta e está imediatamente no céu (Apocalipse 4:1-2). Naquele capítulo, este discípulo, que registrou as primeiras menções ao Arrebatamento e está ligado à possibilidade de estar vivo para isso (João 21:22), é arrebatado ao céu. Ele está instantaneamente com o Senhor, contempla Sua glória (Apocalipse 4 e 5) e observa do céu os eventos de tribulação na terra (Apocalipse 6 a 19). Curiosamente, só ele do grupo apostólico parecia viver além da morte de Pedro e da destruição de Jerusalém, eventos a respeito dos quais o Senhor profetizou, e que, portanto, precisam ocorrer antes de Seu retorno.
Nós também vivemos um dia muito depois desses eventos terem acontecido. Não procuramos sinais ou cumprimentos proféticos, mas talvez estejamos a ver acontecimentos futuros lançando a sua sombra. A oposição a Deus e ao Seu povo está a aumentar. Guerras, caos econômico e declínio moral estão por toda parte.
Os desastres naturais e provocados pelo homem prevalecem e os corações dos homens desfalecem com medo e incerteza. Em meio a tudo isso, o filho de Deus deve, conforme pretendido pelo Senhor Jesus, evitar a angústia, ser consolado e estar unido no evangelismo à luz de um retorno iminente e certo do Senhor Jesus para o Seu povo.
Isto reiniciará então o relógio profético para Israel (Daniel 9), os terríveis acontecimentos da Tribulação no Dia do Senhor, que anunciará o fim deste mundo após um milênio do governo de Cristo com o Seu povo.
A. Sinclair
210. Quem estará no Milênio?
Vamos procura apresentar o chamado caso "pré-milenista" para um reinado literal de 1.000 anos de Cristo e Seu povo Israel na Terra. Isto acontecerá entre a Tribulação e a dissolução e substituição do mundo atual, do Grande Trono Branco e do estado eterno. Esta é uma visão minoritária no cristianismo professo como um todo, e provavelmente até mesmo entre os evangélicos. Várias linhas de apoio serão brevemente desenvolvidas mais tarde, mas primeiro a posição bíblica deve ser considerada principalmente a partir de Apocalipse 20:1-10.
A maneira mais simples e possivelmente e mais lógica de interpretar o livro do Apocalipse é tratá-lo da maneira mais cronológica e literal possível. Com isso em mente, a sequência do livro passa do presente (Apocalipse 1-3), para o Senhor Jesus Cristo investido com os títulos de propriedade do universo (Apocalipse 4-5), o período da Grande Tribulação (Apocalipse 6-19), seguido pelo Reino milenar e julgamento final (Apocalipse 20) e o estado eterno (Apocalipse 21-22). Aqueles de nós que acreditam em um Arrebatamento pré-tribulação o veem retratado através de João ouvindo e experimentando o chamado: "Suba aqui" (Apocalipse 4:1-2).
É verdade que o período de 1.000 anos só é mencionado em Apocalipse 20, mas ali é mencionado 6 vezes nos primeiros 7 versículos e usado para 3 propósitos. Primeiro, o período em que Satanás será preso; segundo, o período de reinado; e terceiro, o período entre a ressurreição dos justos e dos injustos mencionado anteriormente em Daniel 12:2 e João 5:29. Agora, por que os 1.000 anos não deveriam ser interpretados literalmente, como acontece com a maioria, se não com todos, os outros períodos de tempo do livro?
A visão alternativa mais comumente defendida contra ao pré-milenismo é o amilenismo que remonta a Agostinho por volta do século IV. Esta ideia propõe que Satanás foi amarrado na cruz, iniciando assim o reinado de Cristo e Sua Igreja, que foi ressuscitada para uma nova vida e espalhará o Reino até que alcance aceitação mundial antes da Segunda Vinda de Cristo. A teoria enquadrava-se perfeitamente na expansão da Roma religiosa, que continuou mesmo após o desaparecimento da Roma secular. Não há dúvida de que o fato de esta ideia ter diminuído significativamente por volta do final do primeiro milênio d.C. levou a que o período fosse espiritualizado para representar um período de tempo mais longo (agora 2.000 anos e ainda em curso).
Mesmo um olhar superficial sobre isso levanta algumas questões muito sérias. Será que Satanás esteve preso e, portanto, ineficaz desde a cruz? O Novo Testamento deixa claro que ele ainda está muito ativo no mundo e entre o povo de Deus. Ele é visto como um "adversário", como um "leão que ruge" (1 Pedro 5:8) e como o "príncipe deste mundo" (João 12:31; 14:30; 16:11).
Estes dificilmente são termos aplicáveis a alguém que foi "amarrado" na cruz. Na verdade, seria mais fácil argumentar que a sua influência está se espalhando e aumentando ao longo do tempo! O suposto "reinado" de Cristo e do Seu povo agora também é muito questionável. A propagação da religião organizada vista figurativamente na Babilônia (Apocalipse 17-18), e literalmente através de Roma e suas subsidiárias, pode muito bem ter ocorrido, mas grande parte dela é falsa e de forma alguma representativa de Cristo, considerando os males e excessos que tem praticado através dos tempos. Infelizmente, embora os reformadores reconhecessem o mal deste sistema, eles não rejeitaram o seu ensino amilenista, embora, à medida que o evangelho se espalhou após a Reforma, alguns desenvolveram a visão pós-milenista.
Isto propõe que o mundo será cristianizado trazendo um longo período de paz e prosperidade antes da Segunda Vinda de Cristo. Embora este seja um pensamento nobre, infelizmente ele fracassou após o último século de guerras e miséria, seguido pelo enorme aumento do secularismo, do ateísmo, do humanismo, do ocultismo e do Islão. Em vez de ascender a um período de governo teocrático, o nosso mundo está a mergulhar no pecado e no caos, e a caminhar em direção ao julgamento iminente.
Embora divergindo grandemente, as visões alternativas à posição pré-milenista, estão unidas numa recusa feroz em aceitar uma distinção clara entre o povo terreno de Deus, Israel, e a Igreja, que é celestial. A fim de apoiar a crença de que todas as promessas e profecias do Antigo Testamento relativas ao povo de Deus Israel devem ser cumpridas somente na Igreja, eles devem espiritualizar e explicar qualquer coisa que exija um cumprimento literal envolvendo Israel. Isto nos leva a alguns pontos complementares.
Considere as promessas soberanas de Deus. Tal como um notável comentador dos nossos dias, acho surpreendente que os meus irmãos "reformados" que insistem tão vigorosamente em proclamar a soberania de Deus na salvação pareçam contentes em deixá-la de lado quando se trata da nação de Israel. Eles falam repetidamente de "teologia da aliança", mas parecem felizes em explicar muitas das alianças de Deus no Antigo Testamento com Israel e seus representantes.
O espaço impediria uma consideração detalhada aqui para enfatiza claramente que a maioria das alianças do Antigo Testamento é incondicional.
Em particular, os pactos, ou promessas, feitos aos patriarcas (especialmente Abraão) e Davi relativamente à terra e ao trono são irrevogáveis.
Romanos 9-11 deixa bem claro que "os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento" (Romanos 11:29). Quando Deus prometeu a Abraão, Isaque e Jacó que seus descendentes ocupariam toda a extensão da Terra Prometida, Ele estava falando sério! Quando Ele prometeu a Davi que ele e seus descendentes de Judá ocupariam o trono, assim como os de José herdariam a Terra, Ele também quis dizer isso. Assim, embora Israel hoje seja um povo ímpio e incrédulo, que muitas vezes oprime os seus inimigos, assim como outros os oprimem, Deus ainda os preservou, apesar dos esforços contínuos do homem para eliminá-los. Por quê? Porque Ele ainda tem Seu propósito soberano para cumprir com eles.
Considere ainda as profecias específicas feitos para e através de muitos deles. Todos os detalhes de paz e prosperidade de Isaías devem ser explicados na Igreja? Estaria o pobre homem, que tanto sofreu, sendo enganado ao procurar claramente uma realização literal? Certamente seus últimos 9 capítulos só podem ser plenamente realizados em um reino terreno literal? Jeremias 32 foi iludido quando comprou o campo, ou um dia ele realmente verá aquela terra ser retomada por Cristo? Por que Ezequiel foi inspirado a escrever seus nove capítulos finais, longos e detalhados, descrevendo intrincadamente um templo ainda nunca construído, e todos os seus regulamentos associados, se ele nunca será construído? Todas as profecias muito específicas de Daniel para sua nação devem ser explicadas junto com todo o resto dos escritos dos profetas que nos falam sobre detalhes geográficos, condições sociais, expectativa de vida, saúde, governo e administração?
Finalmente, considere a possibilidade de um princípio sabático. Assim como Deus providenciou um sétimo dia e um ano de descanso, será que Ele fará o mesmo daqui a milênios? Parece-me que o homem teve seis mil anos de desgoverno neste planeta, e talvez estejamos agora à beira de um milênio do governo perfeito de Cristo. Esta triste criação geme em antecipação (Romanos 8:18-22) de um tempo em que todas as questões que os homens tão em vão tentam abordar hoje serão resolvidas. Posso encorajar o amigo a estudar mais, a fim de observar nas Escrituras que neste período literal de 1.000 anos, Cristo abordará as questões de retidão, justiça, paz, opressão, velhice, fome, desastres naturais, cuidados de saúde, bem-estar animal, falsas religião, culto unitário, poluição, aquecimento global, pobreza e muito mais.
Cristo reinará por 1.000 anos e finalmente provará que a rebelião do homem não é apenas uma consequência do seu ambiente. Isto será visto quando Satanás for solto e os homens se rebelarem novamente antes do julgamento final. Isso se encaixa com o ensino de 1 Coríntios 15:20-28 de que Cristo reinará até que os últimos inimigos, a morte e o inferno, sejam derrotados, e então entregará o Reino a Deus quando a justiça então habitar em toda a criação, vez de reinar (2 Pedro 3:13).
Esta morada é o estado eterno do Apocalipse 21-22 onde não há mais qualquer oposição para subjugar e reinar, mas um novo céu e terra perfeitos e sem pecado, onde Deus e Cristo habitam eternamente em justiça e paz somente com os redimidos. Bem poderíamos proclamar: "Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mateus 6:10), e exclamar: "Ora, vem, Senhor Jesus" (Apocalipse 22:20).
A. Sinclair
211. As aparências realmente importam?
Algumas pessoas agem como se a aparência exterior não significasse nada, insistindo que o que conta é o que Deus vê.
Outros se comportam como se a aparência exterior significasse tudo, e que o que importa é o que o mundo vê.
Por mais contraditório que possa parecer, tendemos a achar os extremos confortáveis – são fáceis de aplicar.
A pessoa que insiste que sua aparência casual não deve ser criticada lembrará estridentemente a todos que "Vocês não podem ver meu coração; não deveria me julgar".
A pessoa que exige um nível de vestimenta ou aparência, proclamará em voz alta: "Temos um testemunho a manter".
Mas o que dizem as Escrituras?
Diante dos fariseus, com sua abordagem hipócrita das coisas sagradas, o Senhor Jesus disse: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de extorsão e excessos" (Mateus 23:25).
Então aí está – é o interior que importa, não o exterior.
Não tão rápido!
O versículo seguinte acrescenta: "Fariseu cego, limpa primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo" (Mateus 23:26).
Da mesma forma, em Lucas 11, o Senhor Jesus disse: "Loucos! Quem fez o exterior não fez também o interior?" Ele continua: "Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras."
Aparentemente, tanto a aparência externa quanto a condição interna eram importantes para o Senhor Jesus. Na verdade, o exterior pretendia expressar o interior; a aparência visível deve manifestar, em certa medida, a atitude invisível do coração. A maneira como apareço diante do mundo tem como objetivo mostrar a condição do meu coração, e não mascarar sua pobreza ou egoísmo por trás de um verniz de virtude.
É por isso que o Senhor disse "Purifique, primeiro, o interior".
Quando meu coração estiver verdadeiramente certo (o interior é limpo primeiro), minha aparência refletirá isso ("que o exterior também possa ser limpo").
Se eu me especializar no exterior, me tornarei um hipócrita teatral, descuidado com a condição do meu coração. Se eu ignorar o exterior, torno-me um modelo inaceitável da piedade que deveria marcar a minha vida.
Duas cenas do Antigo Testamento mostram esse equilíbrio necessário.
Em 1 Samuel 4, os israelitas trouxeram a arca para o campo de batalha com total desrespeito pela sua própria condição tragicamente carnal. Era como se eles pensassem que sua condição cardíaca não importava. Eles poderiam enganar os filisteus e, ao mesmo tempo, obrigar o Senhor a trabalhar por eles. Contudo, os únicos que trabalharam sob o engano foram os próprios israelitas. O fato de Deus permitir que a arca fosse levada repreendeu sua loucura. A lição aqui é, uma posição ortodoxa sem uma correspondente espiritualidade de caráter não me salvará da derrota.
Em Juízes 13-16, a vida lamentável de Sansão é narrada. Seu problema cardíaco era lamentável. Ele vacilava constantemente à beira de um horrível precipício espiritual. No entanto, enquanto ele manteve a aparência exterior do seu nazireado, Deus esteve com ele. Quando seus cabelos foram cortados, sua força se foi – o Senhor se afastou dele. A lição aqui é, Deus aceita-nos com base na devoção que temos perante Ele, e Ele espera que a nossa condição corresponda à nossa posição.
O que isso significa para nós hoje?
Não ousamos dizer que a aparência é tudo; mas seremos igualmente culpados se dissermos que a aparência não é nada. Se eu insisto que apenas uma determinada cor de camisa deve ser usada ou que as irmãs não devem usar uma determinada cor de vestido, não estou me inclinando demais para um lado, já que preciso ir além das Escrituras para estabelecer essas regras?
Inversamente, se eu insistir que, em regra, meu comportamento, conduta e vestimenta são insignificantes, permiti que o pêndulo oscilasse para o outro extremo.
Os filhos de rei ou presidente estariam bem vestidas se aparecessem com roupas casuais em uma reunião de família no rancho. Mas seria uma violação da etiqueta e do decoro se eles aparecessem dessa forma numa cerimônia oficial onde o seu pai estava a ser homenageado.
José no Egito, compreendeu que uma convocação à presença do Faraó exigia uma aparência adequada e vestiu-se adequadamente.
Se o objetivo das reuniões evangelística foram em tendas ou barracas é fazer com que os visitantes se sintam bem-vindos, então parece-me que deveríamos ficar felizes por haver crentes aparecendo em trajes menos formais – afinal de contas é uma tenda e é (provavelmente) quente e úmida. Se todos viessem à tenda vestidos como se estivessem participando de uma cerimônia oficial, isso pareceria bizarro para os espectadores.
Por outro lado, se estou participando de uma reunião de assembleia local, provavelmente num local próprio para isto, posso permitir que minha pontualidade, aparência e comportamento demonstrem a reverência devida Àquele, que nos reunimos para honrar. Chegar àquela reunião vestido como se estivesse participando de um piquenique pareceria totalmente inadequado.
Tem situações, por exemplo, em haver momentos que um crente chega a uma reunião diretamente do trabalho e não consegue mudar de roupa. É melhor ele estar lá com roupa de trabalho do que faltar à reunião. Além disso, as condições podem ser dramaticamente diferentes em campos estrangeiros e em outros climas.
Contudo, na maioria dos Países, o que é considerado uma vestimenta aceitável para ocasiões em que se sente que a aparência é importante (entrevistas de emprego, reuniões de negócios, casamento, enterro etc.) certamente daria algumas orientações sobre como devo aparecer diante do Senhor.
E independentemente de quão baixos possam cair os padrões normais de vestimenta em nossa sociedade, os imutáveis princípios bíblicos de modéstia e piedade devem sempre orientar o crente exercitado.
212. Qual é a diferença entre a humanidade original de Adão e a do Senhor?
Como outros já disseram, a humanidade de Adão era inocente (implícita em Gênesis 2:17; 3:5); Sua é a humanidade santa (Lucas 1:35). Ao explorar o significado de tais declarações, a curiosidade irreverente sobre a humanidade do Senhor é tão perigosa quanto olhar para dentro da arca foi para os homens de Bate-Semes (1 Samuel 6:19).
Da oferta de manjares que apresenta as perfeições da vida do Senhor, Deus disse: "É algo santíssimo" (Levítico 2:3).
Para que o Senhor Jesus seja nosso Redentor, Ele deve ser verdadeiramente humano, "parente próximo" de nós (Levítico 25:49). Como "o Último Adão, o Segundo Homem" (1 Coríntios 15:45, 47), Ele deve estar fisicamente relacionado com Adão. O corpo preparado para Ele (Hebreus 10:5) não foi uma criação separada, mas uma concepção supervisionada (Lucas 1:31, 35). O Espírito de Deus fortaleceu a concepção e O preservou da contaminação da humanidade caída.
Nenhuma forma de análise poderia distinguir a substância material do Senhor da de Adão. No entanto, moral e mentalmente o Senhor diferia dele. Sem tendência para pecar, Adão poderia pecar e o fez. O Senhor não poderia e não pode pecar. Adão possuía uma inteligência incrível; o Senhor era e é onisciente.
Embora fosse um aprendiz (Isaías 50:4; Hebreus 5:8), Ele sabia todas as coisas (João 16:30).
Ele possuía toda a sabedoria (Colossenses 2:3), mas cresceu na demonstração de sabedoria (Lucas 2:52). Todas as capacidades que Ele demonstrou, Ele aprendeu, embora fossem inerentemente Suas.
213. Como nossa humanidade difere da do Senhor?
A nossa é a humanidade caída (Romanos 5:12, 14, 19), enquanto a dele é a humanidade santa. Três palavras definem cuidadosa e precisamente a humanidade do Senhor: forma; semelhança; moda (Filipenses 2:7, 8). Ele assumiu a forma de servo quando assumiu um corpo humano (Hebreus 10:5), expressando uma nova essência que Ele possuía.
À semelhança da carne pecaminosa (Romanos 8:3), Ele se assemelhava à nossa humanidade em todos os aspectos observáveis. Porque Ele estava na moda como homem, nada em Sua conduta ou modo de vida contradizia Seu ser verdadeiramente humano.
Em aspectos importantes, porém, Sua humanidade difere da nossa mental, moral e materialmente. Em contraste com Sua onisciência, nosso entendimento está obscurecido (Efésios 4:18). Ao contrário da Sua santidade, a humanidade caída prefere o pecado (Isaías 53:6; Romanos 7:18, 23).
Diferente do nosso corpo, o Seu corpo não estava sob a condenação da morte por causa do pecado de Adão (Romanos 5:16-18). Paulo trata das implicações materiais e morais da nossa humanidade caída em Romanos 5-8. Nossa carne física, ligada a Adão, está sujeita à morte (7:24) e atualmente é inseparável do princípio moral interior, a carne, que não pode agradar a Deus (8:8).
O Senhor não estava sujeito à morte (João 10:18), nem Seu corpo estava morrendo. Ele cresceu com a idade (Lucas 2:52), mas não estava sujeito aos processos de morte que começam a funcionar em nossos corpos na concepção. Tentar explicar isso cientificamente é impossível; sua causa é sobrenatural (Lucas 1:35).
Primeiramente, a substância física de nosso Senhor diferia da nossa porque Sua humanidade essencial era totalmente isenta de pecado. Essa diferença moral implica a Sua libertação da condenação da morte que destrói tudo o mais na criação.
214. De que maneiras o Senhor poderia sentir dor em um corpo sem pecado?
Claramente, o Senhor sofreu pelo pecado em Seu corpo santo (1 Pedro 3:18). Porque Ele confiava na proteção divina e era moralmente perfeito, Ele não tinha muros internos de autoproteção. Sua experiência de dor física desde o momento de Sua prisão até Sua morte foi assim intensificada.
Ele sofreu mais do que qualquer outro que sofreu os mesmos maus-tratos. Além disso, Sua santa alma sofreu profundamente com a devastação da pecaminosidade do homem expressada nesses eventos. Isso causou uma dor emocional além da nossa compreensão, porque compartilhamos dessa pecaminosidade. A fonte dessas dores era externa e pecaminosamente intencional.
De outras maneiras, Ele foi preservado do sofrimento. O Salmo 91 promete proteção para quem conhece o lugar secreto de comunhão com Deus (vs. 1,2).
O Senhor contou com anjos para protegê-Lo de se ferir, "para que não tropeces em alguma pedra" (Salmo 91:12).
Ele confiou no cuidado divino para preservá-lo da calamidade: "Nenhum mal te sucederá" (v. 10).
Isto, entretanto, não o isentou da dor antes de Sua prisão. No Getsêmani, assim como no túmulo de Lázaro, Ele experimentou extrema dor emocional (Marcos 14:33, 34; João 11:33).
Além disso, Ele estava com fome (Lucas 4:2), cansado (João 4:6) e com sede (19:28), o que implica que Seu corpo comunicava algum grau de desconforto devido às necessidades físicas.
Pedro observou que as multidões que cercavam o Senhor O fecharam e O pressionaram (Lucas 8:45, JND). Sua onisciência tornou impossível alguém pisar acidentalmente em Seu pé? Ele alguma vez usou Sua onisciência para se proteger?
Adão não tinha onisciência, mas vivia num corpo sem pecado. É inconcebível que um urso possa pisar no pé de Adão no paraíso? Sem entrar no domínio do hipotético, a questão é que a dor não é necessariamente um intruso estranho devido ao pecado. O Senhor nunca causou dor a outros por engano, mas usou a dor para remover animais do templo (João 2:15). A dor pode ser uma amiga que expressa as necessidades legítimas do corpo.
Podemos concluir com cautela e reverência que, mesmo independentemente dos resultados do pecado, Ele experimentou dores corporais. A causa de Sua dor foi externa e interna, intencional e potencialmente não intencional.
215. O Conflito entre Israel-Palestino
A Bíblia diz: "Orai pela paz de Jerusalém" (Salmos 122:6).
Mas, como é que isso se traduz na nossa visão do mundo do conflito que encheu o Médio Oriente de violência e derramamento de sangue durante mais de 100 anos?
Somos biblicamente orientados a ser pró-Israel e a defender todas as suas ações?
Nenhum local na face da terra tem sido uma fonte tão constante de frustração e dificuldade para os líderes mundiais, desafiando a diplomacia, as negociações, as ameaças, a ocupação armada e as conferências internacionais. É um problema que se recusa a desaparecer.
Ao considerar a história do conflito, poderíamos remontar justificadamente a Gênesis 15 e ao nascimento de Ismael. Passe então para o capítulo 21 e o nascimento de Isaque, quando "aquele que nasceu segundo a carne perseguiu aquele que nasceu segundo o Espírito" (Gálatas 4:29).
Avancemos para o início do século XX. Na verdade, foi no final do século XIX que o sionismo* e o nacionalismo árabe se tornaram movimentos significativos. Antes da Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano controlava o Médio Oriente durante quase quatro séculos. A área era habitada principalmente por árabes muçulmanos, um pequeno número de árabes cristãos e judeus sefarditas.
* O sionismo (em hebraico: ציונות Tsiyonut) é um movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado nacional judaico independente e soberano no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel (Eretz Israel).
Em 1897, houve um apelo a uma pátria judaica como resultado do anti-semitismo generalizado na Europa. O movimento sionista apelou ao estabelecimento de um Estado-Nação para o povo judeu na Palestina, que serviria de refúgio para os judeus do mundo.
A Primeira Guerra Mundial trouxe consigo a derrota do Império Otomano e a divisão das suas terras entre os vencedores aliados. A Grã-Bretanha ganhou o controle do que chamamos de Palestina.
Em 2 de novembro de 1917, o Secretário dos Negócios Estrangeiros britânico, Arthur James Balfour, enviou uma carta a Lord Rothschild, Presidente da Federação Sionista, declarando que o seu governo iria "ver com favor o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo Judeu".
A declaração Balfour tornou-se a esperança dos povos judeus em todo o mundo e alimentou o sionismo. A Liga das Nações, formada após a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu a Palestina Obrigatória, que foi uma tentativa de designar a Grã-Bretanha para administrar a área.
Os anos entre as duas Guerras Mundiais foram marcados por derramamento de sangue, massacres, motins e revoltas. A violência foi dirigida pelos árabes contra os judeus e, por vezes, contra as forças de ocupação britânicas. Seguiu-se a retaliação dos judeus contra os árabes. Tanto árabes como judeus tinham as suas unidades paramilitares e os ataques foram seguidos de vingança de ambos os lados. A história daqueles anos está inundada de terrorismo, barbárie e morte. Embora a maioria das atrocidades tenha sido cometida por grupos árabes contra judeus, ninguém envolvido estava isento de culpa. A tensão e a hostilidade entre árabes e judeus continuaram até a Segunda Guerra Mundial, influenciando a lealdade para com os Aliados ou as potências do Eixo.
A Segunda Guerra Mundial e o holocausto trouxeram o anti-semitismo à força para a consciência mundial. A simpatia virtual mundial e a culpa de muitas nações pelo fracasso em intervir e resgatar os judeus das câmaras de gás da Alemanha nazista levaram a um clima em que os anseios do povo judeu por uma pátria foram reconhecidos. A morte de seis milhões de judeus foi uma culpa coletiva que pesava nas consciências das nações da Europa Ocidental, bem como na América do Norte. Durante a guerra, a imigração para a Palestina por judeus que fugiam da Europa nazista foi proibida pela Grã-Bretanha.
Outras nações também não permitiram a entrada de refugiados nas suas costas, devolvendo-os por vezes à morte certa na Europa (veja, por exemplo, a viagem do MS St. Louis, e o destino dos seus 908 refugiados judeus).
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou 33 a 13, com 10 abstenções, a favor de um Plano de Partição que criou o Estado de Israel. Assim nasceu o Estado de Israel e, com ele, a declaração de guerra das nações árabes vizinhas a Israel. O mundo assistiu com espanto como um grupo de israelitas, em menor número e mal equipados, foi capaz de superar a força combinada do formidável inimigo. Não havia dúvida de que Deus havia intervindo para ajudar.
À parte, para qualquer um que queira investigar o assunto, a decisão dos EUA de reconhecer o governo de Israel como uma entidade foi determinada pela amizade do Presidente Truman com um judeu e pela sua consciência das promessas da Bíblia a Abraão.
Uma compreensão do holocausto não só ajuda a explicar a forma como Israel alcançou a condição de Estado, mas também lança luz sobre a sua obsessão pela segurança e a sua desconfiança em relação a outras nações.
Quase 2.000 anos de anti-semitismo, que culminaram no holocausto, fizeram da segurança a sua principal prioridade.
Ainda está para amanhecer o dia em que a segurança da nação será o próprio Senhor: "Porque Eu, diz o Senhor, serei para ela um muro de fogo ao redor, e serei a glória no meio dela" (Zacarias 2:5).
A criação do Estado de Israel levou ao aumento da hostilidade. As alegações dos árabes, na sua maioria justificáveis, eram de que muitos árabes, tanto cristãos nominais como muçulmanos, perderam as suas casas, propriedades e negócios, sem qualquer compensação. Isso alimentou a raiva e polarizou ambos os lados.
Milhares tornaram-se refugiados durante o período de 1948-49.
A guerra de 1948-49 foi seguida pelas guerras de 1956 e 1967. Em ambas, Israel foi vitorioso.
Mas foi a guerra de outubro de 1973, a Guerra do Yom Kippur, que teve efeitos muito além da vitória da batalha. Os evangélicos em muitas partes do Ocidente convenceram-se de que a nação que havia sobrevivido só o fizera porque Deus a estava estabelecendo à luz do fim dos tempos e dos acontecimentos proféticos. Assim nasceu o sionismo cristão.
Alimentados por uma visão pré-milenista e dispensacionalista das Escrituras, os crentes entenderam melhor as profecias, prevendo o tempo do Arrebatamento antes da Tribulação e o calendário de Deus com Israel.
Israel estava de volta à terra e estava lá por direito divino, cumprindo a promessa de Deus a Abraão. Como consequência, tudo o que Israel fez foi justificado.
Antes disso, em 1964, a OLP foi formada com o objetivo declarado de derrotar Israel e exterminá-lo como nação. Ao mesmo tempo, havia árabes cristãos nominais, muçulmanos e judeus messiânicos habitando a terra de Israel. Agora o movimento cristão sionista entrou em cena. Os judeus viam a sua nacionalidade como um direito soberano; os sionistas cristãos saudaram a nação de Israel como o cumprimento de Deus das Suas promessas a Abraão. Os árabes chamaram isso de "a grande catástrofe".
Na década de 1990, surgiu uma ameaça nova e mortal. Jovens muçulmanos fanáticos sacrificavam-se como homens-bomba, amarrando explosivos aos seus corpos e explodindo-se, tentando matar tantos israelenses quanto pudessem. Eles tinham como alvo restaurantes, centros comerciais, edifícios lotados, etc. Esta revolta popular Palestina contrária à ocupação de Israel pelos israelenses, na faixa de Gaza, Cisjordânia, levou à morte de milhares de judeus.
As represálias de Israel foram, por vezes, severas e brutais. O ódio e a amargura cresceram de ambos os lados.
A "Intifada" (revolta popular Palestina) também deixou claro que Yasser Arafat e a OLP não eram verdadeiros parceiros de paz. Para proteger os seus cidadãos do ataque virtualmente imparável perpetrado por homens-bomba, foram construídos muros e postos de controle, e o movimento foi restringido entre a Cisjordânia e outras partes de Israel.
Hoje enfrentamos a questão da construção de colonatos israelitas que têm o desfavor de alguns líderes ocidentais, mas que contam com o apoio do sionismo cristão e da ala direita do espectro político. A isto acrescenta-se a crescente ameaça dos muçulmanos fanáticos, que consideram todos os não-muçulmanos como infiéis que devem ser exterminados.
Israel é a única democracia no Médio Oriente. Tem sido o único aliado constante do Ocidente desde o seu nascimento em 1948. Não podemos avaliar as suas ações, uma vez que não vivemos com a mesma ameaça constante à nossa nação ou às nossas vidas. Poucos de nós, se é que algum de nós, tem um histórico de familiares que foram embarcados em trens e enviados para Auschwitz. Não perdemos pais, filhos, cônjuges em atentados suicidas sem sentido enquanto comiam num restaurante ou faziam compras num centro comercial. Não andamos pelas ruas examinando a multidão em busca de quem possa ser um assassino. Embora isso não justifique ações injustas, ajuda a explicar algumas das políticas que têm estado em desacordo com o que consideramos justo e equitativo. No entanto, uma amizade, seja ela uma nação ou uma pessoa, não exige que procuremos justificar todas as suas ações e a sua beligerância (disposição de uma nação em estado de guerra com outra).
Dois grandes perigos enfrentam os crentes na devoção muitas vezes equivocada a tudo que é israelense. As ações da nação nem sempre foram justas. O próprio governo não tem a pretensão de ser sempre justo. A sua defesa é que uma pequena nação, cercada por todos os lados por inimigos empenhados na sua destruição, deve ser preventiva e não passiva. Não pode absorver um "primeiro ataque" significativo e sobreviver. Assim, o tratamento dispensado aos dissidentes palestinianos nem sempre foi humano. Defender cegamente todas as ações de um governo mundial injusto não é amar a justiça e odiar o que é contra a lei.
Ao "Oramos pela paz de Jerusalém" (Samos 122:6), não defendemos a sua causa na arena da opinião mundial. O sionismo cristão abraçou de tal forma a causa de Israel que corre em defesa de Israel na arena pública, seja qual for a questão. Vê o atual Estado-Nação como o embrião do Israel reunido da profecia, e procura-se justificação para cada decisão e ação de Israel.
Em segundo lugar, e talvez o maior perigo que enfrentamos, é tornarmo-nos profetas e presumirmos, até mesmo afirmarmos, que Israel está de volta à terra para ficar. Pode ser. Mas não haveria nenhum compromisso das Escrituras relativamente ao futuro de Israel se este fosse derrotado numa guerra. Certamente não queremos que isso aconteça. Mas isso não contradiria as Escrituras e a sua promessa de um futuro para a nação. Atualmente eles têm a terra sem o Senhor. A intenção de Deus é que, através da sua ligação com o Senhor, a Semente de Abraão, eles desfrutem da terra.
Atualmente, eles estão de volta à terra, mas estão lá na incredulidade. Eles se orgulham de sua inteligência, armamentos e habilidades superiores. Eles atribuem suas vitórias e existência a si mesmos e não a Deus. Embora Israel precise estar de volta à terra para que o tratado seja assinado com a besta (Daniel 9:27), não há garantia de que esse retorno será aquele previsto nas Escrituras.
Quanto ao retorno final, será pela reunião do Senhor dos Seus excluídos, que virão a Sião com cânticos e serão um povo crente (Isaías 35:10). Escritores populares bem-intencionados fizeram previsões sobre o momento do arrebatamento com base na suposição de que "esta geração" é o arauto do fim dos tempos. Somos sábios em esperar a vinda do Senhor a qualquer momento para o Arrebatamento; não somos sábios em acertar nossos relógios de acordo com a nacionalidade e a existência de Israel.
As promessas de Deus a Abraão e Davi serão cumpridas. Aquele que é Filho de Davi e Filho de Abraão garantirá isso (Mateus 1:1). A esperança da nação será cumprida. Nem o propósito de Deus para a nação, nem Suas promessas para ela jamais falharão.
Abraão recebeu a garantia da terra e da linhagem. Foi prometido a Davi uma linhagem para sucedê-lo no trono. O Parente Redentor realizará tudo. Ainda está para amanhecer, um dia que parece quase incrível para a nossa imaginação, em que "Todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Senhor dos Exércitos e para celebrar a Festa do Tabernáculo" (Zacarias 14:16).
E, "Jerusalém será habitada com segurança" (v.11).
Deus terá Seu povo terreno como Sua esposa (Oséias 2:16) e Jerusalém será a cabeça das nações (Jeremias 3:17; Zacarias 8:22).
Deus não abandonou Seu povo Israel (Romanos 11:1-2).
"Oh, profundidade das riquezas, tanto da sabedoria quanto do conhecimento de Deus. Quão insondáveis são os Seus julgamentos e os Seus caminhos inescrutáveis! … Porque dele, e por meio dele, e para ele, são todas as coisas, a quem seja a glória para sempre. Amém" (Romanos 11:33-36).
216. Rumo ao Armagedom
Sob a justificativa de "pôr fim a todos os crimes da ocupação", o grupo terrorista Hamas lançou, no sábado, 7 de outubro de 2023, mais de 5 mil foguetes contra Israel da Faixa de Gaza.
Na outra ponta, a contra-ofensiva dura do Esta
do judeu para desintegrar os terroristas, entre elas, um "cerco total", uma estratégia "em conformidade", porque estavam lutando "contra animais", segundo o ministro da Defesa Yoav Gallant.
O conflito armado, que já matou quase 3 mil pessoas e feriu mais de 4 mil até esta terça-feira, expõe a profunda animosidade entre Hamas e Israel, mas também esconde uma relação impensável na atualidade — o grupo terrorista, até certo ponto, agradece ao Estado israelense pela sua existência.
Hamas, em árabe, é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica.
O grupo atuava junto à Irmandade Muçulmana, a organização islâmica fundada no Egito.
Na época, o principal inimigo de Israel era o partido Fatah, do falecido Yasser Arafat, que funcionava como o coração da Organização de Libertação da Palestina (OLP) e abrange vários partidos políticos palestinos.
Para frear a atuação do Fatah, por mais de uma década, autoridades israelenses permitiram ativamente ascensão do grupo extremista.
Olhar para mapas com séculos de idade permite-nos compreender um pouco da forma como as gerações há muito mortas viam o mundo. Para nós, estes mapas parecem peculiares – faltam países inteiros e os que aparecem têm frequentemente formas muito estranhas. Mas há duas características dos mapas medievais, em particular, que seriam dignas de imitação pelos cartógrafos modernos. Esses mapas muitas vezes retratam o olhar de Deus olhando para o mundo, um lembrete de que Deus está interessado em tudo o que acontece aqui na terra. E no centro do mapa colocam a cidade de Jerusalém.
Havia, evidentemente, uma justificação geográfica para a decisão de colocar Jerusalém no centro do mundo. Jerusalém fica na junção da Europa, Ásia e África; Jerusalém é a intersecção das grandes rotas comerciais do mundo antigo. Em Jerusalém, o mundo oriental encontra o mundo ocidental.
O leitor sensato das Escrituras, porém, saberá que Jerusalém tem mais do que um significado geográfico. Ela é "a cidade do grande Rei" (Salmos 48:2), especialmente escolhida por Deus, e o ponto focal de Suas relações terrenas com a humanidade. Ao longo da história e da profecia, Jerusalém teve um lugar especial em Seu propósito.
Durante a presente dispensação, o trato de Deus com a nação é providencial, e não profético. Ela foi posta de lado até que a plenitude dos gentios haja entrado (Romanos 11:25). Mas "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (Romanos 11:29), e Ele ainda tem um propósito para o Seu povo terreno. A importância duradoura de Israel é confirmada nas palavras do anjo Gabriel a Daniel. O grande esboço profético que Daniel recebeu destacou a importância não apenas da nação judaica, mas também da cidade de Jerusalém: "setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade" (Daniel 9:24).
A centralidade profética de Israel é enfatizada pela forma como as Escrituras rotulam as nações cujo poderio militar e ambição territorial serão tão significativos durante a Tribulação (que ocorrerá após o arrebatamento da Igreja ao céu).
Naqueles dias, o "Homem do Pecado" (2ª Tessalonicenses 2:3), será o líder de uma potência ocidental com uma força militar e econômica sem precedentes. A aliança que este "Homem" fará com Israel e a estreita relação que terá com o líder judeu apóstata, o "Falso Profeta", serão características importantes da política externa deste "Homem". Mas ele não terá o cenário mundial inteiramente só para ele. As Escrituras nos dizem que três outras potências militares ocuparão o cenário mundial durante os dias da Tribulação. À medida que nos são apresentados nas Escrituras proféticas, cada um é identificado pela sua relação geográfica com Israel.
O primeiro desses poderes é descrito como "Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque, e Tubal " (Ezequiel 38:2), e seu governante como "o rei do norte" (Daniel 11:40).
Este rei do norte liderará uma confederação de nações, incluindo Rós, Meseque, Tubal, Gômer, a casa de Togarma, Pérsia, Cuxe e Pute (Ezequiel 38:2 a 6).
Os comentadores ofereceram uma série de identificações para estas nações, mas é suficiente para os nossos propósitos notar que a confederação vem do norte e que se unem como uma potência militar predatória.
Ezequiel 38 e 39 descrevem como esta potência do norte lançará uma invasão da terra de Israel. Esta invasão ocorrerá num momento em que o "povo de Israel habita seguro" (Ezequiel 38:14), que deve ser a primeira metade da Tribulação, enquanto ele desfruta da proteção fornecida por sua aliança com a Besta. Mas a sua paz será destruída quando os exércitos do norte atacarem a nação "como uma nuvem que cobre a terra" (v.16). Nesta invasão, o rei do norte se unirá ao "rei do sul" (Daniel 11:40). De qualquer extremidade da terra eles virão, varrendo as montanhas de Israel (Ezequiel 39:2,3). O seu avanço será irresistível. Obrigada pelos termos da sua aliança, a Besta lutará para defender Israel e enfrentará a força invasora.
Mas sua força não será necessária. Deus intervirá; Ele fará recuar os exércitos do poder do norte; e deixar apenas um sexto da força original recuar desordenadamente da terra. Haverá grandes convulsões sísmicas (Ezequiel 38:19-20), que levarão ao pânico e a lutas destrutivas (v.21), que serão seguidas por pestilência e "uma chuva transbordante, e grandes pedras de granizo, fogo e enxofre" (v.22).
A derrota dos exércitos será tão catastrófica que serão necessários sete meses até que todos os mortos sejam enterrados (Ezequiel 39:12). Mesmo no meio destes dias sombrios, Deus usará o destino desta vasta força invasora para "engrandecer-me e santificar-me; e serei conhecido aos olhos de muitas nações, e saberão que eu sou o Senhor."
Embora seja claro que a derrota da invasão se deve apenas ao poder de Deus, a Besta aproveitará ao máximo a oportunidade para preencher o vácuo de poder deixado pela destruição dos exércitos do norte e do sul. "Ele também entrará na terra gloriosa, e muitos países serão subvertidos… a terra do Egito não escapará. Mas ele terá poder sobre os tesouros de ouro e de prata, e sobre todas as coisas preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes estarão aos seus passos" (Daniel 11:40-43).
O poder ocidental da Besta terá superado os poderes do norte e do sul. Mas ainda há uma direção de onde os problemas podem surgir. A invasão do leste sempre foi dificultada pela barreira do rio Eufrates.
Apocalipse 9:13-19 descreve a formação de um enorme exército, composto de "duzentos milhões" cavaleiros. Até agora, eles não se mobilizaram. Mas Apocalipse 16:12 relata como "o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente." Enquanto a Besta está distraída pela sua grande violência rumo ao sul, os reis do leste lançarão sua ofensiva.
A Besta será interrompida: "notícias do leste e do norte o perturbarão, portanto, ele sairá com grande furor para destruir e destruirá totalmente a muitos" (Daniel 11:44). Ele reunirá suas tropas e seguirá para o norte, movendo-se inexoravelmente em direção ao Armagedom.
Já vimos que a Tribulação será repleta de julgamentos divinos, dramáticos e desoladores sobre a humanidade. Abaixo de todos eles, o homem ainda lutará pela supremacia, os exércitos correrão de um lado para o outro, a troca fútil de ataque e contra-ataque continuará cansativa. A guerra raramente é nobre e nenhuma foi tão ignóbil como o tumulto da Tribulação. Para além do fervor dos soldados de infantaria, do empenho dos generais e da ambição arrogante dos líderes, outra força estará em ação.
Em Apocalipse 16, João descreve como viu "três espíritos imundos, semelhantes a rãs, saindo da boca do Dragão, e da boca da Besta, e da boca do Falso Profeta. Pois eles são espíritos de demônios, operando milagres, que vão até os reis da terra e de todo o mundo, para reuni-los para a batalha daquele grande dia do Deus Todo-poderoso" (Apocalipse 16:13-14).
Satanás sempre viu os homens como meros peões na sua longa e desesperada campanha contra Deus. Os milhares que morrem nestes conflitos são bucha de canhão do inferno.
Mas outra força estará em ação, pois o olho de Deus ainda zela pelo mundo. Ao rei do norte, Ele diz: "Eu te farei voltar, e porei ganchos nas tuas mandíbulas, e te tirarei, e todo o teu exército, cavalos e cavaleiros" (Ezequiel 38:4).
"Certamente", disse o salmista, "a ira do homem Te louvará" (Salmos 76:10).
Verdadeiro em todos os momentos, este princípio irá operar especialmente durante a Tribulação, pois, por trás da energia, engenhosidade e atividade do homem, Deus realiza o Seu propósito eterno e inexorável.
217. É pecado querer ser rico?
"Os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína."
(1 Timóteo 6:9)
A cobiça e o materialismo são pragas crônicas na nossa sociedade moderna e obcecada pelo dinheiro e, se não forem controlados, rapidamente fazem incursões devastadoras nas nossas mentalidades, perspectivas, estilos de vida e hábitos como povo de Deus.
É instrutivo que o Senhor tenha alertado em Lucas 12:15: "Cuidado com a avareza!"
Estamos familiarizados com avisos como "cuidado com o cachorro" ou "cuidado com a cerca elétrica". Não temos dificuldade em compreender que tais avisos nos alertam para um perigo potencialmente iminente; algo que poderia nos prejudicar gravemente ou até mesmo nos destruir. É fundamental que entendamos que este é precisamente o ponto que o Senhor está enfatizando em Lucas 12.
A cobiça é um perigo feio e ameaçador que pode nos consumir e nos enredar e, se permitida em nossas vidas, destruirá nossa utilidade para Deus e nos tornará naufrágio do nosso testemunho cristão.
Paulo alerta sobre o mesmo perigo em 1 Timóteo 6:10-11: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão."
Observe a força da advertência de Paulo – devemos fugir!
Não é que possamos permitir-nos entregar-nos um pouco à vida materialista, desde que não vamos longe demais. Não podemos atender nem um pouco aos desejos carnais por posses, desde que permaneçamos equilibrados e não caiamos nos excessos que outros podem cometer. Devemos observar este perigo como um inimigo ameaçador, manter-nos longe dele e estar constantemente vigilantes contra as suas incursões.
Em Lucas 12, o Senhor elabora Sua advertência para "cuidado com a cobiça", explicando que "a vida de alguém não consiste na abundância de seus bens" (Lucas 12:15).
Esta é talvez uma das áreas mais flagrantes onde os mitos modernos do marketing e os ensinamentos de Cristo entram em conflito violento e flagrante.
Somos bombardeados com mensagens consciente, subconsciente, subliminar e socialmente, que nos convencem poderosamente de que a vida consiste, de fato, na abundância das coisas que possuímos.
A felicidade está logo além da próxima compra.
Quer se trate do mais recente aparelho eletrônico, ou do automóvel de luxo sofisticado, ou das férias dos sonhos, ou da casa de prestígio, ou do tratamento de SPA, somos constantemente bombardeados com mensagens para adquirir mais.
O objetivo desses anúncios é nos convencer de que "você trabalhou duro para isso, você merece, você ficará feliz se conseguir, e ficará infeliz se não conseguir".
E quase sem pensar, absorvemos cegamente a filosofia do mundo, engolimos as suas mensagens, aumentamos a velocidade na esteira materialista da vida moderna e nos entregamos a uma existência miserável, egocêntrica e estéril de servir a riqueza e não servindo a Deus.
Todos os salvos devem ouvir a advertência clara e inequívoca de Cristo. Sua vida é mais do que dinheiro ou coisas materiais. Você pode sobreviver sem o telemóvel, mais recente, ou o carro mais novo, ou a casa mais chique, ou as férias mais chamativas.
É muito melhor estar contente no centro da vontade de Deus para a sua vida e ficar sem algumas das coisas que o seu grupo de pares considera "normais", do que correr precipitadamente atrás de tudo o que o seu coração deseja e perder completamente o propósito de vida com Deus.
A perspectiva do mundo sobre o dinheiro é diabolicamente motivada e é diametralmente oposta ao ensino da Bíblia. Você pode estar errado em muitos assuntos e ainda assim não naufragar como crente – mas você não pode estar errado quando se trata de sua atitude e comportamento em relação ao dinheiro e então esperar que sua vida signifique alguma coisa para Deus. O Senhor Jesus disse isso de forma tão sucinta em Lucas 16:13. "Nenhum servo pode servir a dois senhores, pois, ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro".
Assim, nas palavras do próprio Cristo, se você é devotado ao dinheiro, você despreza a Deus! Se você está servindo ao dinheiro, você não pode servir a Deus!
O próprio dinheiro é moralmente neutro. Não é bom nem mau. As pessoas são boas ou más, as ações são boas ou más, as atitudes são boas ou más, portanto, é o que fazemos com o dinheiro e como vemos o dinheiro que é bom ou mau – e não o dinheiro em si. O dinheiro é, na verdade, apenas um meio de troca ou um método de medição de valor. Possuir riqueza ou bens materiais não indica necessariamente que uma pessoa esteja fora da vontade de Deus, nem a ausência de dinheiro ou bens materiais equivale necessariamente à piedade. Um dos versículos mais citados erroneamente na Bíblia é 1 Timóteo 6:10. Ao contrário de como é frequentemente citado, o versículo não afirma que "o dinheiro é a raiz de todos os males", mas antes adverte que "o AMOR ao dinheiro é a raiz de todos os males".
Portanto, é fundamental, se quiser ver o dinheiro corretamente, que compreenda o princípio da administração. Meu dinheiro e bens materiais não me pertencem, mas eles foram confiados a mim por seu legítimo proprietário (Deus) e Ele me deu a responsabilidade por seu cuidado e uso. Além disso, Ele me considera responsável pela maneira como exerço essa responsabilidade. Não é que eu tire uma pequena parte do meu dinheiro e "entregue ao Senhor" e depois use o resto como achar melhor. O fato é que tudo é do Senhor, e devo responder a Ele quanto às minhas atitudes e ações com tudo o que Ele confiar aos meus cuidados. Este é o princípio bíblico de mordomia.
O mundo nos doutrina a pensar que liberdade financeira é "ter dinheiro suficiente para não ter que me preocupar", quando a Escritura nos ensina claramente que "meu Deus suprirá todas as vossas necessidades de acordo com as Suas riquezas em glória por Cristo Jesus" (Filipenses 4:19).
Na última parte de Mateus 6, o Senhor exorta os Seus a não se preocuparem com roupas, comida e coisas materiais, porque "o vosso Pai celestial sabe que necessitais destas coisas" (Mateus 6:32).
A liberdade financeira, da perspectiva bíblica, é estar livre da escravidão de servir ao dinheiro e à riqueza. A liberdade da mente e da alma vem somente de confiar verdadeiramente em Deus e ter paz em meu coração de que estou usando todos os recursos que Ele me confiou para Sua glória.
Uma das coisas que Deus mais preza em Seus filhos é a confiança. É um insulto ao nosso Pai celestial sentirmos que a segurança e a liberdade podem ser encontradas na riqueza ou no acúmulo de bens deste mundo. Estas realidades só podem ser encontradas em nosso Deus e estão abundantemente disponíveis para aqueles que Nele depositam sua confiança.
218. Jesus fez vinho em João 2?
"Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho".
As palavras do mestre-sala em João 2, reconhecendo a superioridade do vinho produzido pelo Senhor em relação ao vinho inicialmente servido nas bodas, são um testemunho eloquente da perfeição do milagre realizado. Aqueles que dizem efetuar milagres hoje fazem muita propaganda, e nem sempre há muito o que mostrar. O feito do Senhor aqui foi exatamente o contrário. Sem alarde, sem propaganda, Ele fez algo que foi reconhecido como perfeito. Ele não chamou atenção para o que iria fazer, mas o resultado da Sua ação chama a nossa atenção para o Seu poder.
Estas mesmas palavras, porém, manifestam também a capacidade humana para distorcer o certo numa tentativa de justificar o errado! Alguns comentaristas (John Gill, por exemplo) entendem que "vinho bom" é sinônimo de "vinho intoxicante", enquanto que vinho "inferior" indica um vinho menos forte, sugerindo assim que o Senhor Jesus transformou a água em vinho com alto teor alcoólico.
A questão do uso ou não de bebidas alcoólicas é um tanto polêmica. Todo cristão, creio eu, concorda que é errado o cristão se embriagar, mas nem todos concordam que o cristão deve se abster totalmente de bebidas alcoólicas. E trechos como este, na vida terrestre do Senhor Jesus, são muitas vezes apresentados como justificativa para o uso moderado de bebidas alcoólicas: "Ora, se até o Senhor transformou água em vinho — e vinho bom, com capacidade para embriagar — por que eu não posso apreciar um bom vinho?"
Sem pretensão de mudar a opinião de ninguém, mas desejoso de esclarecer alguns detalhes, sugiro três coisas que precisam ser consideradas:
1) Quando o mestre-sala fala de vinho "bom" e vinho "inferior" ele usa as palavras normais para "bom" e "inferior". Ele não diz "vinho forte" ou "vinho fraco", mas simplesmente "bom" e "inferior".
2) Quando ele fala que é costume servir o vinho inferior depois que "já tem bebido bem" (que dá a impressão de significar "depois que estão bêbados"), ele está simplesmente destacando o costume dos homens, não necessariamente o que aconteceu naquela festa. Quando um homem tinha duas qualidades de vinho, ele costumava servir primeiro o melhor (quando, pela sede e expectativa, todos prestariam mais atenção ao sabor), e depois que todos estivessem já satisfeitos (muitos, embriagados porque exageraram na dose) ele serviria o inferior, e poucos perceberiam a diferença.
3) Hoje usamos palavras diferentes para "vinho" e "suco de uva", pois são duas bebidas completamente diferentes. Nos tempos bíblicos, porém, sem as modernas técnicas de refrigeração e os conservantes modernos (que preservam o suco mais tempo sem fermentar), a diferença entre "suco não-fermentado" e "suco fermentado" era algo muito menos claro, e a mesma palavra (aqui traduzida "vinho") era usada para as duas bebidas. Naqueles dias o suco espremido da uva naturalmente se transformaria em vinho com o passar do tempo. Havia expressões ("bebida forte", por exemplo) que descreviam um vinho com alto teor alcoólico, mas a palavra comum descrevia o suco extraído das uvas, quer este suco estivesse fermentado ou não.
Levando em conta os detalhes apresentados acima, e lembrando que a Palavra de Deus avisa repetidamente sobre o mal da embriaguez, quero sugerir que o vinho que o Senhor produziu nesta ocasião não tinha alto teor alcoólico, mas era uma bebida pura e sem mistura.
Albert Barnes, em seu comentário, cita diversos autores antigos (Pliny, Plutarch, Horace) que dizem que naqueles dias "vinho bom" queria dizer um vinho puro, que não contém álcool. O que está sendo destacado não é o teor alcoólico da bebida produzida pelo Senhor, mas o sabor, textura e qualidade dela.
Podemos concluir que este trecho não pode ser usado para justificar o uso moderado de bebidas alcoólicas pelos salvos desta dispensação.
Obs. Texto extraído de: https://wjwatterson.blogspot.com/
219. “Ele lhe lavrar um termo de divórcio” - (Deuteronômio 24:1-4)
"Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa; e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem; e se este a aborrecer, e lhe lavrar termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o Senhor; assim, não farás pecar a terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança."
(Deuteronômio 24:1-4)
O divórcio em Deuteronômio 24 é uma indicação de um espírito inflexível, com pouco respeito para com os sentimentos dos outros (e por isso era algo que Deus odiava).
Mas, por que, então, Moisés o permitiu? A razão é clara. Foi para proteger a dignidade da mulher. O divórcio foi permitido para que a mulher fosse salva de uma situação de abuso arrogante de um homem de coração duro.
Em Deuteronômio 24 o casamento não fora consumado, senão o divórcio não teria sido possível (veja Deuteronômio 22:29) e, nessas circunstâncias, a mulher era inocente (e continuava virgem) depois do primeiro processo de divórcio.
O compromisso de um "noivado" em Israel, era considerado tão sério, que os noivos eram chamados de "seu esposo", e "tua mulher".
Veja isto no caso de José é Maria, que mesmo sendo apenas noivos, José é chamado de esposo (Mateus 1:19), e o anjo chama Maria de "tua mulher", quando fala com José em sonho (Mateus 1:20)
Naquele caso, José pretendia dar carta de divórcio a Maria, por suspeitar fornicação por parte dela.
A razão para esta provisão em Deuteronômio 24:1-4, é esclarecida pelo Senhor Jesus: "Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, permitiu que repudiásseis as vossas mulheres", Mateus 19:8. Isto faz parte da segunda resposta dada pelo Senhor Jesus às perguntas feitas a Ele pelos fariseus em Mateus 19:1-9.
Perguntaram: "É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" Ao que o Senhor respondeu: "Não lestes que Aquele que os criou no princípio os fez homem e mulher, e disse: Para isso, porque deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e serão os dois uma só carne? Portanto, já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu não o separe o homem."
Fizeram outra pergunta: "Por que então Moisés ordenou que desse uma carta de divórcio e a repudiasse?" Ao que o Senhor respondeu: "Moisés, por causa da dureza de vossos corações, permitiu que repudiásseis vossas mulheres, mas desde o princípio não foi assim."
Em seu evangelho, Marcos deixa claro que os fariseus estavam se entregando a 'perguntas pegajosas' na tentativa de desacreditar o Senhor Jesus: "E os fariseus aproximaram-se dele e perguntaram-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher? tentando-O."
Se o Senhor Jesus tivesse respondido: "Não, não é lícito ao homem repudiar a sua mulher", então os fariseus teriam citado alegremente Deuteronômio 24:1-2.
Por outro lado, se o Senhor Jesus tivesse respondido: "Sim, é lícito ao homem repudiar sua mulher", então os fariseus teriam citado alegremente Gênesis 2:24: "Portanto deixará o homem seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher; e serão uma só carne."
Parecia não haver saída para esse impasse – os inimigos do Senhor aparentemente O haviam colocado numa posição impossível. Mas a tentativa deles de enganá-lo e manobrá-lo falhou completamente. Sua resposta satisfez ambas as passagens.
Mas destemidos, os fariseus, juntamente com os herodianos, mais tarde enfrentaram o Senhor Jesus com outro aparente dilema, apenas para serem silenciados novamente. (Veja Mateus 22:15-22).
Ele provou ser o mestre completo da situação em ambas as ocasiões.
Devemos observar cuidadosamente a maneira como o Senhor tratou as questões dos fariseus. Ele silenciou Seus inimigos explicando ambas as passagens. Para os seus propósitos, os fariseus estavam preparados para comparar uma passagem bíblica com outra. Eles fariam qualquer coisa para alcançar seu fim. Mas a sua tentativa de derrotar o Senhor Jesus fracassou quando as Escrituras relevantes foram cuidadosamente explicadas. Isto é o mais importante.
Quando duas passagens parecem contradizer-se, ou outras nos dizem que há uma contradição, um estudo cuidadoso resolverá o problema. Isto deve envolver referência ao contexto em que qualquer declaração é feita e ao momento em que é feita. Deve também envolver o reconhecimento de que toda a Escritura deve ser interpretada com referência ao propósito original e inalterado de Deus. Isto ficará muito claro agora ao ouvirmos os ensinamentos do Senhor.
1. A Instituição do Casamento por Deus
Devemos notar, em primeiro lugar, que o Senhor Jesus respondeu aos fariseus citando o propósito original e inalterado de Deus no casamento: "Não lestes que Aquele que os criou no princípio os fez homem e mulher, e disse: Para por esta causa deixará o homem pai e mãe e apegar-se-á à sua mulher; e serão os dois uma só carne?" Marcos preserva cuidadosamente a ênfase aqui: "Mas desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher". O Senhor Jesus citou Gênesis 1:27 e também 2:24. Isto, por si só, responde claramente a qualquer sugestão de evolução. Ele confirmou a criação de Adão e Eva, o que não é de todo surpreendente quando lembramos que, "Todas as coisas foram feitas por Ele; e sem Ele nada do que foi feito se fez". (João 1:3)
As palavras "não separe o homem" não são qualificadas. Fica em aberto se a referência é a uma das duas partes envolvidas, ou a um intruso que pode tentar destruir o casamento, ou a um funcionário que pronunciaria uma sentença de divórcio.
Deus deixou Sua mente perfeitamente clara sobre o assunto do divórcio: "Porque o Senhor, o Deus de Israel, diz que odeia o repúdio". (Malaquias 2:16)
Deveria ser o desejo de todo crente cumprir a vontade revelada de Deus em relação ao casamento e, portanto, o divórcio nunca deveria ser contemplado. Dito isto, devemos agora abordar os detalhes em Deuteronômio 24:1-4.
2. A provisão para o divórcio por meio de Moisés
Foi sugerido que Moisés não tinha autoridade divina direta para tomar providências para o divórcio, e que isso é apoiado pelas palavras do Senhor: "Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, permitiu que repudiásseis as vossas mulheres", (Mateus 19:8).
Desnecessário será dizer que este é um argumento muito perigoso que, se admitido, poderia lançar dúvidas sobre todos os "estatutos e julgamentos" do livro de Deuteronômio! Embora, como vimos, o Senhor Jesus tenha citado o propósito original e inalterado de Deus para o casamento, permanece o fato de que, em resposta à Sua pergunta: "O que Moisés lhe ordenou?", os fariseus responderam corretamente: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar." (Marcos 10:3-4)
O Senhor Jesus agora explica a provisão: "Por causa da dureza do vosso coração (o coração dos homens) Moisés vos escreveu este preceito". (Marcos 10:5)
"Moisés, por causa da dureza dos vossos corações (os corações dos homens), permiti que vocês repudiassem suas esposas." (Mateus 19:8)
As palavras "dureza do coração", indicando um caráter duro, até mesmo desumano, são explicadas em Deuteronômio 24.
Vemos em Deuteronômio 24:1, que o que está em pauta aqui, é ao início da vida conjugal. "Quando um homem toma uma esposa e se casa com ela."
Com certeza que isto não pode referir-se a um casamento bem estabelecido, levado a consumação. O texto hebraico exige que o leitor entenda que esta mulher é recém-casada.
Lemos, por exemplo, encontrar "alguma impureza nela".
Quase que não seria necessário dizer que aqui, a "impureza", certamente não era adultério. A pena para o adultério era a morte. (Veja Deuteronômio 22:22)
Foi sugerido que este versículo só pode ser interpretado como fornicação que ocorreu durante o período de noivado e que foi descoberta pelo já marido, depois que ele se casou com sua esposa. Se sim, então por que não é especificamente declarado, como no capítulo 22:14,17:
"E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ela, porém não a achei virgem."
"E eis que lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem a tua filha; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa diante dos anciãos da cidade."
Se um homem acusou sua esposa de infidelidade durante o período de noivado, e isso não foi provado, "ela será sua esposa; ele não poderá abandoná-la todos os seus dias". (Deuteronômio 22:13-19)
Se provado, ela seria apedrejada. (Deuteronômio 22:20-22)
Muito claramente, a expressão "impureza", não se refere a qualquer impureza moral ou pecado por parte da mulher, mas à impureza de natureza física decorrente de funções corporais normais. Esta conclusão é baseada no fato de que a expressão "alguma impureza" (Hebraico: ervat-davar), ocorre em Deuteronômio 23:13-14 com referência ao enterro de efluentes: "E entre as tuas armas terás uma pá; e será que, quando estiveres assentado, fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio de teu arraial, para te livrar, e entregar a ti os teus inimigos; pelo que o teu arraial será santo, para que ele não veja coisa feia (ervat-davar) em ti, e se aparte de ti."
Embora isto não signifique que ambas as passagens se refiram às mesmas circunstâncias, podemos pelo menos concluir que a "impureza" em Deuteronômio 24:1 se refere a uma emissão corporal. A sugestão de que isto se refere a Levítico 15:24, que efetivamente proíbe o relacionamento físico na época citada na passagem, certamente não é irracional.
A palavra traduzida como "contaminado" (Deuteronômio 24:4) é a mesma raiz da palavra que a contaminação em Levítico 15:24-25. Este comportamento ignominioso no comportamento do homem provavelmente surgiu… de sua frustração com a instrução em Levítico 15:24 que proíbe o relacionamento físico durante os dias de menstruação de uma mulher e durante os sete dias seguintes.
No contexto, só podemos concluir que não ocorreu nenhuma união física entre o dito casamento e o divórcio.
3. A provisão, portanto, protege a mulher contra um futuro sem amor.
Visto que o homem havia demonstrado, logo no início de seu casamento, uma falta de paciência e cuidado atencioso, que o Senhor Jesus chama de "dureza... de coração", ele deveria 'escrever-lhe uma carta de divórcio e entregá-la nas mãos dela, e mandá-la embora de sua casa'.
Afinal, se ele se comportou com "dureza... de coração" nos primeiros dias de casamento, sua conduta futura é indescritível. Foi para a segurança dela que lhe foi permitido o divórcio com base no não retorno a este homem, jamais no futuro".
4. A provisão garantia que a mulher pudesse se casar novamente.
"E quando ela sair de sua casa, ela poderá ir e ser esposa de outro homem", (Deuteronômio 24:2).
Não há referência a isso ser uma "abominação diante do Senhor" e "fazer a terra pecar", (Deuteronômio 24:4).
5. A provisão proibia o novo casamento com o homem original.
"E se este último marido a odiar e lhe escrever uma carta de divórcio... ou se este último marido morrer... seu primeiro marido... não poderá tomá-la novamente como sua esposa, depois que ela foi contaminada...", (Deuteronômio 24:3- 4).
A forma gramatical das palavras "depois disso, ela é contaminada", literalmente "foi contaminada", sugere que a contaminação surge da própria mulher e não de uma fonte externa.
Sugerimos a seguinte tradução: "Seu ex-marido, que a despediu, não pode tomá-la novamente para ser sua esposa, visto que (mesmo que) sua contaminação tenha sido apenas temporária; pois isso é abominação diante do Senhor".
A razão é claramente explicada: "porque isso é abominação diante do Senhor, e não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança", (Deuteronômio 24:4).
Idealmente, o casamento era para toda a vida e, se os parceiros pensassem por um momento que eram livres para mudar a sua lealdade conjugal para trás e para a frente, tinham de saber que tal conduta seria detestável aos olhos do Senhor.
Deve ser dito que a total confusão conjugal na sociedade hoje fez com que a nossa "terra fosse contaminada", pois "a justiça exalta uma nação, mas o pecado é uma vergonha para qualquer povo", (Provérbios 14:34).
220. Atributos de Deus - Deus é Um
"Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor".
Com estas palavras enfáticas e intransigentes começa o Shemá – a confissão hebraica de fé e o prefácio aos mandamentos que o Senhor entregou ao Seu povo quando eles estavam no limiar da Terra Prometida (Deuteronômio 6 verso 4).
Pretendia ser a base das suas crenças e a sua companheira constante no País ou no estrangeiro. Pela reiteração constante desta verdade, o Senhor pretendia assegurar a integridade dos afetos do Seu povo por Si mesmo, garantindo em última análise a prosperidade de todos os seus assuntos – nacionais e internacionais.
A força e o momento desta confissão são extremamente significativos. Primeiro, embora o deserto tenha provado ser um lugar fisicamente austero (ao qual sobreviveram apenas através da provisão milagrosa de comida e água do Senhor) para a nação recém-nascida de Israel, era um ambiente espiritual relativamente benigno. Assim como a coluna de fogo e a nuvem os protegeram dos elementos naturais, a solidão de seu acampamento no deserto e a presença especial do Senhor os separaram em grande parte das trevas do Egito e os protegeram da chama fulminante do pluralismo religioso cananeu, no qual eles estavam prestes a entrar.
Segundo, mesmo tendo experimentado Sua poderosa libertação da tirania egípcia, a geração anterior recuou com medo em Cades-Barnéia (Deuteronômio 9 verso 23).
Confrontados com os relatos dos espiões sobre fortalezas impenetráveis e inimigos formidáveis, duvidaram da capacidade atual do Senhor para lhes dar a vitória. Seus pais infiéis desejaram imprudentemente a morte no deserto e obtiveram-na concedida (Números 14 verso 2), mas agora os filhos devem enfrentar o inimigo.
Isto nos apresenta o primeiro sentido em que dizemos que Deus é Um – numericamente. Não existem muitos deuses. Embora Ele seja conhecido por muitos nomes abençoados, existe apenas um Deus verdadeiro. Esta declaração afirma a singularidade de Deus. Ele está sozinho – sem igual: "Eu sou o Senhor, e não há outro, além de mim não há Deus" (Isaías 45 verso 5). E Ele não tolera rivais: "Não terás ou
Num mundo cada vez mais pluralista e hostil, convicções sólidas sobre a singularidade do verdadeiro Deus irão ancorar os nossos afetos e encorajar os nossos esforços. Sua singularidade exige que nenhum concorrente chegue diante do Senhor em nossos corações, e o conhecimento seguro de que não há deus além do Senhor que dá força e coragem, mesmo na adversidade. "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (1ª Coríntios 15 verso 58).
No Novo Testamento, a importância do Shemá foi enfaticamente reforçada pelo Senhor Jesus, pois quando os fariseus vieram testá-Lo, perguntando qual era o maior mandamento, o Senhor respondeu citando as palavras que imediatamente o seguem em Deuteronômio 6: "Tu amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento" (Mateus 22 versos 37 a 38). Além disso, Ele não parou por aí, continuando a dizer: "E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mateus 22 versos 39 e 40).
Este tratamento especializado da Lei introduz magistralmente o segundo sentido em que falamos sobre a unidade de Deus. O Senhor Jesus mostrou que a afirmação de que Deus é Um também deve ser entendida qualitativamente. Isto é, afirma a indivisibilidade absoluta de Deus e descreve a consistência perfeita e harmoniosa de toda a Sua pessoa e obras. Por consequência, reivindicar amor a Deus, como exigia o Shemá, enquanto nutro pensamentos duros sobre o meu próximo é contrário à unidade da Lei. Destacando que este não é apenas o "grande" mandamento, mas o "primeiro" de uma série consistente – parte de um todo – o Senhor afirmou que a Lei é uma porque o Legislador é Um.
Esta consistência perfeita é ainda mais maravilhosa quando consideramos a revelação bíblica de que Deus é três personalidades distintas existindo como um Todo harmonioso. Que os três são Um em essência, importância, vontade e propósito eternos, mas absolutamente distintos em pessoa e função, está claramente implícito, muitas vezes afirmado, mas nunca explicado nas Escrituras. É a verdade a ser recebida pela fé, a ser desfrutada e sobre a qual construir. Na verdade, devemos tomar cuidado com todas as tentativas de explicar ou ilustrar o mistério da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – pois todas são inevitavelmente inadequadas e muitas vezes conduzem ao erro.
Por exemplo, num extremo de aparente erro, estão aqueles, como os "Pentecostais Unicistas" e outros, "Monoteístas" que abraçam variações da antiga heresia do "Sabelianismo" – que Deus é uma pessoa que só aparece em diferentes formas. Cuidado com a analogia que tentam explicar a Trindade com as figuras do "gelo-água-vapor"!
No outro extremo do erro, estão aqueles que acreditam em três (ou mais, como no caso dos mórmons) deuses separados. Cuidado com a analogia do ovo "casca-clara-gema"!
Na verdade, não aceitando a doutrina da Trindade, os muçulmanos acusam os cristãos de serem triteístas – acreditando em três deuses, não em um. Em algum ponto intermediário estão os equivalentes arianos modernos, como as chamadas "Testemunhas de Jeová", que ensinam a heresia de que Cristo é uma divindade criada de forma inferior.
Contudo, como afirmou o Senhor Jesus, a verdade da unidade de Deus não é apenas inesgotável e profunda, mas intensamente prática. Assim como as três pessoas da Divindade são inteiramente uma só em santa vontade e propósito, também devemos ser um com elas. Assim como a Divindade não existe em partes fragmentadas, também não há espaço para inconsistências hipócritas e compartimentadas na vida de um crente. Na verdade, as nossas relações uns com os outros devem ser caracterizadas pela mente humilde e amorosa de Cristo, se quisermos que a nossa profissão de amor a Deus seja mais do que o anel vazio da hipocrisia.
Finalmente, na véspera de Sua crucificação, o Senhor Jesus orou por Seus discípulos, dizendo: "… para que todos sejam um; como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti, para que eles também sejam um em nós: para que o mundo acredite que tu me enviaste (…) para que eles sejam aperfeiçoados em um; e para que o mundo saiba que tu me enviaste e os amaste, como tu me amaste" (João 17 versos 21 a 23).
Na realidade, o amor mútuo do Corpo de Cristo é uma prova incontestável da nossa unidade com Cristo e da Sua reivindicação de ser um com o Pai que O enviou.
221. Atributos de Deus - Deus é Autossuficiente
A nossa Bíblia começa dizendo: "No princípio Deus". (Gênesis 1 verso 1)
Temos apenas três palavras e a Bíblia já está nos confrontando com a asseidade de Deus.
A expressão "Aseidade", significa "Auto-existência", um conceito difícil de compreender num mundo onde nada é auto-suficiente. Tudo o que vemos tem uma fonte, uma causa, um lugar e uma hora onde começou. Tudo tem um começo, exceto Deus.
Até as crianças pequenas entendem e esperam a causalidade. Como jovem pai, a vida está cheia de perguntas das crianças, como: "Pai, de onde vem o sol?"
Eventualmente, e muitas vezes num domingo, ao que parece, a pergunta inevitável é feita: "Pai, de onde vem Deus?" Um rostinho doce olha para o meu com simples sinceridade, aguardando a resposta. "Deus não vem de lugar nenhum, querido. Ele sempre existiu."
Há uma breve pausa enquanto a resposta é recebida com admiração silenciosa. Até o sol brilhante e poderoso tem uma fonte, mas Deus sempre esteve lá? Por um momento ela pondera sobre o imponderável antes de se afastar com uma admiração infantil. Não temos uma categoria natural para Alguém que nunca começou – para Algo que existe por si só – mas é exatamente assim que Deus é.
Quando tudo começou, Deus já estava lá. Ele é eternamente Autossuficiente e Independente. Somente através da fé podemos abraçá-Lo como Ele realmente é (Hebreus 11 verso 6).
Vamos considerar mais algumas frases das Escrituras que fornecem pequenos vislumbres de nosso Deus Autossuficiente.
Lemos em Êxodo: "Qual é o nome dEle?" (Êxodo 3 verso 13).
Moisés era um pastor solitário no deserto, parado perto de uma sarça ardente, quando Deus invadiu sua vida com uma missão assustadora: "vá e diga ao Faraó para deixar seus escravos irem". Moisés tinha bons motivos para hesitar. Anos antes, ele havia fugido do Egito, temendo pela sua vida.
Sua resposta foi de incredulidade:
"Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?" (Êxodo 3 verso 11).
"Sou apenas um expulso do Egito (Êxodo 2 verso 15), um pastor humilde (Êxodo 3 verso 1), um gago (Êxodo 4 verso 10), um herói indesejado (Êxodo 2 verso 14)."
A resposta de Deus foi uma promessa:
"Eu serei contigo" (Êxodo 3 verso 12), que apontou Moisés para uma pergunta melhor: "Quem és Tu?" A resposta veio: "EU SOU [o que] SOU... Dize aos filhos de Israel: 'EU SOU enviou-me a vós'" (Êxodo 3 verso 14).
Deus é o, "Eu sou." A simplicidade disso é impressionante. É a frase completa mais curta em português, contendo apenas duas palavras compostas por cinco letras no total, mas quando pronunciada por Deus em Auto-revelação transmite uma verdade imensa.
Seu nome é "Eu sou". Você já se apresentou simplesmente como "eu sou"? Sempre adicionamos um qualificador no final, mas para o Deus da eternidade, nenhum qualificador é necessário. Ele simplesmente é – Imutável, Independente, Não Derivado; Autossuficiente, Autossustentável e Auto-satisfeito. Ele é o, "Eu sou."
Lemos no Evangelho de João: "Nele estava a vida" (João 1 verso 4).
Como o "Eu Sou", Sua vida não é de forma alguma contingente, vacilante. Ele não depende de ninguém nem de nada. Ele não precisa do apoio dos homens (Jeremias 10 verso 1-16).
Ele existe independentemente de Si mesmo (Salmos 50 versos 10 a 12; Atos 17 versos 24 e 25).
Todos os outros seres recebem sua vida de uma fonte externa. Somos "almas viventes" porque Deus nos deu "o fôlego de vida" (Gênesis 2 verso 7), e todos os dias, essa vida depende de ar para respirar, água para beber, comida para comer, abrigo para proteger, calor para ficar quente e muitas outras coisas. Esta vida derivada torna-nos responsáveis, como seres humanos, Àquele que a dá a nós e a sustenta pelo Seu poder. Mas ninguém sustenta Deus! Somente ele tem imortalidade (1ª Timóteo 6 verso 16).
Somente Ele tem vida em Si mesmo (João 5 verso 26) e, portanto, não presta contas a ninguém.
Só pode haver um Ser verdadeiramente inexplicável e não derivado: o próprio Deus. Todo o resto, em última análise, deriva Sua vida e, portanto, é responsável para com, "o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim... o Senhor que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso" (Apocalipse 1 verso 8)..
Lemos no Evangelho de João: "Vimos a Sua glória" (João 1 verso 14).
Mas a nossa consideração da auto-suficiência de Deus seria incompleta sem contemplar também a glória da Encarnação. Se a "Asseidade" de Deus é a Sua independência última, a Sua liberdade total para fazer tudo o que Ele quiser; então, o que Ele escolheu fazer com essa liberdade? Ele desceu voluntariamente à terra na pessoa de Seu Filho, para viver uma vida de perfeita dependência e depois morrer pregado numa cruz de madeira.
No Calvário, vemos o poderoso Filho de Deus, ferido e espancado por homens insignificantes e ímpios, cujas vidas Ele sustenta (João 19 verso 11).
Observe as profundezas da Sua Pessoa:
No Getsêmani, um anjo O fortalece (Lucas 22 verso 43).
Quando Ele foi preso, Seus captores O amarraram (João 18 verso 12).
Ao longo do caminho, Simão carrega a Sua cruz (Lucas 23 verso 26).
Naquela cruz, Ele tem sede (João 19:28).
Ele sente dor (Salmos 22 verso 14).
Ele clama em abandono (Mateus 27 verso 46).
Nossas mentes lutam para alinhar essas cenas com a grande verdade de Sua Asseidade, mas uma coisa é certa: Seu amor foi totalmente gratuito – irrestrito, imerecido, mas generoso com você e comigo. No final, só podemos recuar maravilhados diante do mistério: "Deus se manifestou em carne" (1ª Timóteo 3 verso 16).
Sua força poderosa e Autossuficiente foi revestida no Calvário com a roupagem da aparente fraqueza pela nossa redenção (2ª Coríntios 13 verso 4). No entanto, agora, por causa do Calvário, quando estamos verdadeiramente fracos, Ele nos oferece Sua grande força eterna, aperfeiçoada em nossa fraqueza (2ª Coríntios 12 verso 9).
Israel cantava: "Quem é como Tu?" (Êxodo 15 verso 11)
Nas margens do Mar Vermelho, onde os seus inimigos acabavam de ser destruídos, Israel cantava: "Quem é semelhante a Ti, Senhor? … Quem és como Tu?" (Êxodo 15 verso 11).
Séculos mais tarde, o rei Davi "assentou-se diante do Senhor", ponderando a mesma questão enquanto se maravilhava com a graça de Deus para com sua casa (2ª Samuel 7 verso 18).
Lá ele respondeu com palavras que nossos corações redimidos ainda ecoam: "Tu és grande, ó Senhor Deus; porque não há outro semelhante a ti" (2ª Samuel 7 verso 22).
222. Atributos de Deus - Deus é Imutável
O que é imutabilidade?
A imutabilidade é o aspecto do caráter de Deus que nos mostra que Ele é confiável. Um Deus imutável é aquele que não muda e não pode mudar. O próprio Senhor define este atributo: "Porque eu, o Senhor, não mudo; portanto, vós, filhos de Jacó, não sois consumidos" (Malaquias 3 verso 6).
Embora à primeira vista isso possa parecer uma descrição de um deus estoico ou até mesmo sem vida, é a razão pela qual ainda podemos confiar nEle como um Deus que dá vida. O peso, ou a importância da imutabilidade, permeia as páginas das Escrituras e deve refletir-se diariamente no nosso relacionamento com Ele. Isto se tornará evidente à medida que considerarmos o porquê, onde e como desta grande doutrina.
Por que a imutabilidade é tão importante?
Considere o oposto da imutabilidade. Imagine um Deus cujo caráter muda. Dependendo do clima ou das circunstâncias, esta divindade usaria padrões diferentes para as mesmas situações. Para dar um exemplo mais concreto, considere Abraão. Quando ele deixou Ur, seguindo o Senhor "sem saber para onde", ele sabia que o terreno e os problemas mudariam drasticamente desde o seu início confortável. Contudo, se Abraão tivesse a menor noção de que as promessas de uma grande nação e de um grande nome nada mais eram do que uma pequena possibilidade, ele não teria partido, e com razão. O caráter imutável de Deus garante Seu amor e cuidado, não apenas de Ur a Canaã, mas também de onde você está até onde Ele o chama. Por que a imutabilidade é tão importante? Sem ela, a nossa confiança em tudo o que Deus prometeu fazer é infundada.
Onde a imutabilidade é encontrada?
Ambos os Testamentos das Escrituras estão repletos de evidências desse atributo. Além da afirmação inequívoca encontrada em Malaquias, há outras que, embora menos explícitas, não deixam espaço para negar a Sua imutabilidade: "Lembra-te das coisas antigas, porque eu sou Deus e não há outro; Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim, que anuncio o fim desde o princípio, e desde os tempos antigos as coisas que ainda não aconteceram, dizendo: O meu conselho permanecerá de pé e farei toda a minha vontade... sim, eu falei isso, eu também farei com que isso aconteça; Eu o propus, também o farei" (Isaias 46 versos 9 a 11).
Passando dos Profetas para os Salmos, encontramos esta nota de confiança no "Lamento do Patriota": "Eles perecerão, mas tu permanecerás; sim, todos eles envelhecerão como uma roupa; como uma veste os mudarás, e eles serão mudados; mas tu és o mesmo, e os teus anos não terão fim" (102 versos 26 e 27).
O testemunho do Novo Testamento sobre esta doutrina é encontrado nas primeiras epístolas: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de mudança" (Tiago 1 verso 17). O irmão do Senhor Jesus dá o exemplo do sol que, do nosso ponto de vista, se move, muda e até desaparece por um tempo. Tiago parece estar "declarando a 'soberania de Deus sobre as estrelas'... enquanto elas estão sempre em movimento, ele nunca muda, seja em si mesmo... ou em suas relações com seu povo".
Existe algum sentido em que Deus muda?
Antes de concluir com uma nota prática, é importante abordar o tema do arrependimento de Deus. Este conceito é encontrado em 1ª Samuel 15 versos 10 e 11: "Então veio a Palavra do Senhor a Samuel, dizendo: Arrependo-me de ter constituído Saul como rei". O que devemos fazer com a suposta discrepância entre esta afirmação e o que o profeta diz mais adiante neste capítulo?
Pois lemos: "E também a Força de Israel não mentirá nem se arrependerá; porque Ele não é homem para que se arrependa". (1ª Samuel 15 verso 29)
Primeiro, é importante permitir que o capítulo fale como um todo antes de investigarmos palavras individuais. O profeta não está falando ao acaso, fazendo declarações ousadas e contraditórias, sem levar em conta a congruência teológica. No início do capítulo, no (verso 11) ele quer enfatizar "a tristeza do amor divino pela rebelião dos pecadores", e não a dor de um fracasso político interno.
Como nós sabemos disso? Uma definição de termos ajudará.
A palavra hebraica usada para arrependimento nos versículos 11, 29, 35, é a mesma; (que também é usada em Gênesis 6 verso 6).
Isto representa um problema para os leitores casuais e indiferentes, que a nossa era saturada de informação criou.
Parece que o profeta Natã percebeu o leitor confundindo nosso arrependimento, com o arrependimento de Deus.
Para evitar confusão, ele faz a declaração definitiva "porque ele não é homem, para que se arrependa" (1ª Samuel 15 verso 29), ou seja, embora seja a mesma palavra hebraica, Deus não se arrepende da mesma maneira que o homem.
O arrependimento de Deus não pressupõe qualquer variação em Sua natureza ou em Seus propósitos. Neste sentido, Deus nunca se arrepende de nada.
Arrependimento (no Hebraico: nicham), neste sentido, expressa dor e angústia pelas falhas do homem, pois Ele, Deus não tem nenhuma dessas fraquezas para se arrepender.
Como é que isso me afeta?
A imutabilidade de Deus não apenas confirma Seu cuidado constante, mas também a realização consistente de Seu propósito eterno. Uma coisa que você aprende rapidamente quando você tem uma família jovem é a necessidade que seus filhos têm de consistência em todos os aspectos de suas vidas. Não há diferença quando se trata dos filhos de Deus, e talvez o aspecto mais reconfortante da imutabilidade de Deus é que isso nos mostra que Ele é um Deus consistente. Considere isso ao ler Romanos capítulos 9 a 11. Deixando de lado as complexidades, o objetivo da seção é a consistência da palavra e do caráter de Deus.
Em relação à pergunta "Existe um futuro para Israel?" Paulo responde desta forma: "E assim todo o Israel será salvo; como está escrito: O Libertador virá de Sião, e afastará de Jacó a impiedade; porque esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados" (Romanos 11 versos 26 e 27). A aliança foi feita. Sua palavra foi dada. O seu propósito para Israel é consistente – o mesmo hoje como quando foi falado por Jeremias há mais de 2.600 anos. Da mesma forma, Sua palavra a respeito do seu futuro será sempre a mesma: "Eu o propus, também o farei" (Isaías 46 verso 11).
223. Atributos de Deus - Deus é Santo
No padrão de oração do Senhor, aprendemos a ordem das prioridades cristãs. A questão principal na mente do Senhor era a santidade de Deus: "Portanto, orai desta maneira: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome" (Mateus 6:9). Seria essa a primeira e principal preocupação em nossas orações?
Ao examinarmos o Antigo Testamento e o Novo Testamento, vemos a primazia da santidade de Deus elevada acima de todos os outros atributos, tanto que nenhum outro atributo de Deus é repetido três vezes (Isaías 6 versos 2 e 3; Apocalipse 4 verso 8).
O estudo e a meditação sobre a santidade de Deus deveriam evidenciar uma resposta semelhante à de Isaías: "Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros; porque os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos" (Isaías 6 verso 5). Tal como Jó, um encontro com Deus deve elevar tanto a nossa reverência por Deus como o sentimento da nossa total pecaminosidade: "Antes, só tinha ouvido falar de ti, mas agora vi-te com os meus próprios olhos. Retiro tudo o que disse e sento-me no pó e na cinza para mostrar meu arrependimento". (Jó 42 versos 5 e 6)
O significado secular de "santo" na sociedade equivale a "justo". No entanto, a definição bíblica do termo é diferente. A lei da primeira menção nos ensina muito sobre o significado de uma verdade específica. A primeira vez que a palavra "santo" é mencionada é em Gênesis 2 verso 3: "E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou ". O significado principal da palavra "santo" é "ser separado". Observe que ser santo não tem nada a ver particularmente com "justiça" ou "moralidade"; um dia certamente não pode ser "justo". Na verdade, o Antigo Testamento está repleto de exemplos referidos como santo:
Lemos sobres coisas ("vestes sagradas", "vasos sagrados", "templo sagrado"), lugares ("meu monte sagrado") e tempos ("convocação sagrada", referente às festas).
Estes são santos porque foram separados para Deus para Seus propósitos.
Da mesma forma, quando as Escrituras dizem que Deus é santo, isso significa que Deus é completa e totalmente único, distinto e separado de toda a criação. Transcendentalmente separado e diferente, não há nada nem ninguém que se compare a Ele. O próprio Deus declarou: "A quem me comparareis ou serei igual? Diz o Santo" (Isaías 40 verso 25). Muitos crentes do Antigo Testamento também reconheceram este aspecto de Deus. Quando Deus respondeu à oração de Ana, ela louvou a Deus, dizendo: "Não há outro santo como o Senhor, porque não há outro além de ti; nem há rocha como o nosso Deus" (1ª Samuel 2 verso 2).
Pode-se aprender muito sobre o significado de uma palavra pelo seu antônimo; o oposto de santo é "profano" ou "comum" (Hebreus 10 verso 29b). À luz disto, quão assustador é no Cristianismo moderno banalizar Deus e tratá-Lo como "comum" ou "profano". Deus é frequentemente retratado como "o homem lá em cima" ou alguém que ajuda a ganhar jogos – tentando fazer com que Deus seja como um de nós! Embora as Escrituras retratam Deus como amoroso e gracioso, uma visão tão baixa de Deus é a coisa mais distante do que foi conhecido pelo profeta Isaías e pelo apóstolo João no Apocalipse. O próprio Deus não gosta de profanar Sua santidade: "Essas coisas você fez, e eu fiquei calado; você pensou que eu era alguém como tu. Mas agora eu te repreendo e te acuso". (Salmos 50 verso 21). Deus não é como nenhum de nós ou qualquer coisa que conhecemos; Ele é totalmente distinto e diferente.
O significado secundário de santidade deriva do seu sentido primário. Visto que Deus é diferente de tudo na criação (somos pecadores e Ele é impecavelmente, sem pecado), espera-se que tudo o que é separado para Deus reflita Seu caráter, principalmente Sua pureza absoluta (por exemplo, 1ª Tessalonicenses 4 versos 3 a 5; 2ª Coríntios 7 verso 1; Tito 2 verso 14). As Escrituras também transmitem a absoluta pureza moral de Deus ao abordar Sua santidade.
Lemos Deus afirmando: "Sede santos, como eu Sou santo".
No Antigo Testamento, as coisas e as pessoas eram consideradas santas por causa da sua ligação com Deus (Êxodo 3 verso 5; Êxodo 15 verso 13; Êxodo 28 verso 4). Da mesma forma, nós, como crentes, somos chamados de povo santo por causa da nossa conexão com Deus através do Espírito Santo (Romanos 15 Êxodo 16; 1ª Coríntios 6 Êxodo 19). Somos santificados como resultado da obra do Senhor Jesus: "E por essa vontade seremos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas" (Hebreus 10 Êxodo 10).
Embora já estejamos separados posicionalmente, Deus quer que nos esforcemos diariamente pela santidade pessoal em nossas vidas. "Como filhos obedientes, não vos conformeis às paixões da vossa antiga ignorância, mas como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo." (1ª Pedro 1 versos 14 a 16).
Viver uma vida santa significa ser separado deste mundo e do pecado, e ser separado para Deus. Deus usa Sua Palavra para nos santificar; a Palavra nos separa do mundo (Salmos 119 verso 9; João 17 verso 16 e 17). Portanto, devemos permitir que a Palavra de Deus governe as nossas vidas através da meditação e oração diárias. Além de estarmos na Palavra de Deus, devemos evitar permitir que o mundo se intrometa e prejudique a nossa vida espiritual; devemos "sair… e separar-vos" e "não tocar em coisa impura" (2ª Coríntios 6 verso 17).
Embora o Novo Testamento não legisle a santidade por meio de regras e regulamentos, ele certamente fornece quatro diretrizes básicas que cada crente pode seguir quanto ao comportamento:
1º) Meu comportamento, fisicamente, espiritualmente, mentalmente, é útil? (1ª Coríntios 6 verso 12a)
2º) Meu comportamento, me coloca sob o poder de Deus? (1ª Coríntios 6 verso 12b)
3º) Meu comportamento, prejudica os outros? (1ª Coríntios 8 verso 13)?
4º) Meu comportamento, glorifica a Deus? (1ª Coríntios 10 verso 31)
Examinemo-nos então cuidadosamente para que possamos levar uma vida santa para Deus. Esse é o nosso serviço razoável à luz de tudo o que Ele fez por nós.
224. Atributos de Deus - Deus é Onipotente
Um atributo exclusivo da divindade é que Deus é Todo-Poderoso. Ele é o Deus Onipotente, com poder para fazer todas as coisas de acordo com Seu caráter. Isto se reflete em Seu título El Shaddai, dado pela primeira vez a Abrão: "Eu sou o Deus Todo-Poderoso" (Gênesis 17 verso 1), e usado frequentemente no livro de Jó: "Tocando no Todo-Poderoso, não o podemos descobrir; Ele é excelente em poder" (Jó 37 verso 23). O ato Onipotente de criação de Deus demonstra particularmente "seu eterno poder e divindade" (Romanos 1 verso 20), deixando o homem sem desculpa. Como Criador, Ele criou o mundo: "Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo apareceu" (Salmos 33 verso 9).
No Salmo 139, Davi contempla atributos da divindade, incluindo Onisciência (versos 1 a 6), Onipresença (versos 7 a 12) e depois Onipotência (versos 13 a 18) em relação ao poder criador de Deus, que Davi aprecia em relação ao seu próprio ser pessoal.
O poder criador divino estava operando em sua formação e proteção pré-natal: "Tu me cobriste no ventre de minha mãe" (Salmo 139 verso 13).
Tudo estava oculto ao olhar do homem, mas supervisionado pelo Deus onipotente quando ele foi "feito de maneira assombrosa e maravilhosa" (verso 14) e "curiosamente trabalhado" (verso 15), como um pedaço de bordado, feito para o próprio prazer de Deus e propósito.
Deus "moldou" nossos membros (verso 16), assim como o oleiro molda soberanamente o barro, de acordo com um padrão escrito em Seu próprio livro de designer.
Desde o momento da concepção, todos os seres humanos individuais são um produto da formação e do desígnio divinos, um testemunho do poder criador de Deus. Em vista de tal obra divina pré-natal, a ideia de abortar seres humanos em gestação é abominável.
Passagens do Novo Testamento atribuem a obra passada da criação ao Filho de Deus (Colossenses 1 verso 16) e declaram Seu poder criador contínuo e presente (Colossenses 1 verso 17; Hebreus 1 verso 3). Muitas vezes, quando o Senhor Jesus agiu como Homem neste mundo, Ele demonstrou esse poder divino sobre a criação física animada e inanimada. Os discípulos ficaram maravilhados quando Ele acalmou a tempestade no lago, e a criação foi imediatamente obediente à palavra falada pelo Criador. Sua Onipotência foi ainda demonstrada ao curar todos os que foram trazidos a Ele com diversas doenças, e quando Ele ressuscitou os mortos de volta à vida.
A Onipotência criadora do Salvador foi particularmente demonstrada no Calvário. As Escrituras dizem: "Ele foi crucificado em fraqueza" (2ª Coríntios 13 verso 4), permitindo que homens ímpios O amarrassem no Getsêmani e, por fim, O pregassem na cruz. Mas em tal fraqueza aparente, na hora nona Ele clamou da cruz em alta voz, e a criação respondeu com um poderoso terremoto; os túmulos dos santos foram abertos e o véu do templo foi rasgado em dois, de alto a baixo. "Ora, quando o centurião e os que estavam com ele, observando Jesus, viram o terremoto e as coisas que aconteciam, temeram muito, dizendo: Verdadeiramente este era o Filho de Deus" (Mateus 27 verso 54). Esta demonstração da Onipotência divina é verdadeiramente reconfortante para todos os crentes; nosso bendito Salvador estava em completo controle na cruz, e foi em toda a Sua Onipotência que Ele então inclinou Sua cabeça em um lugar de descanso, entregou Seu Espírito nas mãos de Seu Pai e voluntariamente foi para a morte.
Ao pensarmos neste atributo divino da Onipotência como uma verdade que ancora todos os crentes, lembramo-nos do ensino do apóstolo Paulo em Efésios. A oração de Paulo é que possamos saber "qual é a suprema grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" (Efésios 1 verso 19). Esse grande poder foi operado em Cristo, em Sua gloriosa ressurreição dentre os mortos, e em Seu lugar de exaltação glorificada, entronizado à direita de Deus, muito acima de tudo, com todas as coisas debaixo de Seus pés (Efésios 1 versos 20 a 22). A suprema grandeza do poder de Deus levou nosso Salvador do túmulo ao lugar mais alto no céu, o trono de Deus, de acordo com a justiça divina, pois Ele é digno de ser "será exaltado, e elevado, e mui sublime" (Isaías 52 verso 13).
Em Efésios 2, esse mesmo grande poder de Deus operou sobre os crentes em nossa salvação, de acordo com a graça divina. Estando espiritualmente "mortos em ofensas e pecados" (verso 1), precisávamos ser vivificados espiritualmente, "vivificados… com Cristo" (verso 5), e então Ele "nos ressuscitou juntamente e nos fez sentar juntos nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (verso 6). O poder de Deus exaltou espiritualmente os crentes a um lugar de suprema bênção celestial, unidos a Cristo, onde desfrutamos "todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1 verso 3). A obra satânica tenta se opor - "espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Efésios 2 verso 2), mas o poder de Deus sempre prevalecerá na salvação de cada crente, "pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, que Deus já preparou, para que andássemos nelas" (verso 10).
Este lugar elevado de bênção espiritual presente, indissoluvelmente unido ao Homem Jesus Cristo ressuscitado e glorificado que está exaltado à direita de Deus, é verdadeiro para todo crente no Senhor Jesus posicionalmente. Na mente e no propósito de nosso Deus, já estamos lá no céu com Seu Filho, pois o Pai nos vê como estando "em Cristo", eternamente unidos a Ele. A bendita verdade é que nunca podemos ser relegados deste lugar de bênção exaltada, pois como crentes "somos guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação pronta para ser revelada no último tempo" (1ª Pedro 1 verso 25). A verdade de que Deus é Onipotente é um atributo divino que nos ancora eternamente em Cristo.
Mas enquanto ainda vivemos fisicamente neste mundo, aguardando a nossa redenção corporal na vinda do nosso Salvador, os crentes enfrentam muitos desafios. A verdade de que Deus é Onipotente significa que Ele é capaz de atender às nossas necessidades: "Ora, àquele que é poderoso para fazer muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, de acordo com o poder que opera em nós" (Efésios 3 verso 20).
Que possamos unir-nos ao profeta Jeremias, e dizer: "Ah, Senhor DEUS! Eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e braço estendido, e não há nada demasiado difícil para ti" (Jeremias 32 verso 17). Não devemos cair no pecado de incredulidade de Israel, questionando a capacidade do nosso Deus de nos ajudar, pois "para Deus todas as coisas são possíveis" (Mateus 19 verso 26). Dizemos com o salmista: "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo habitará à sombra do Todo-Poderoso" (Salmos 91 verso 1). Cantamos com as multidões das hostes celestiais: "Aleluia, porque o Senhor Deus Onipotente reina" (Apocalipse 19 verso 6).
225. Atributos de Deus - A Onipresença de Deus
Um certo irmão, disse: "Se eu tivesse que viver minha vida novamente, passaria mais tempo conhecendo meu Deus."
Crescer continuamente no conhecimento de Deus era o desejo de nosso Senhor Jesus Cristo para Seus discípulos. Ele orou: "Para que te conheçam, como o único Deus verdadeiro" (João 17 verso 3). Isso vai além do momento da salvação para uma apreciação contínua e crescente por nosso Deus.
Muitos de nós tivemos o privilégio de ser criados num lar cristão, frequentando a Escola Dominical e as reuniões do evangelho. Fomos ensinados e convencidos de que existia um Deus que criou os céus e a terra, e que Deus é santo. Mas será que a nossa compreensão e apreciação da verdade sobre "O Eterno" (substantivo bíblico francês para Deus), aumentou? Estamos conhecendo mais a Deus?
Portanto, examinaremos o assunto da Onipresença de Deus. Embora o substantivo "Onipresença" ou sua forma adjetiva "Onipresente" não seja encontrado na Bíblia, é de fato um dos muitos grandes atributos da divindade. A verdade contida na palavra "Onipresente", satura toda a Palavra de Deus.
Onipresença é uma palavra composta. "Omni", que vem do latim e significa "todos"; e "presença", que é uma palavra locativa. "Onipresença" significa que Deus está presente em todos os lugares ao mesmo tempo e o tempo todo, sem exceção nem limitação. Satanás só pode estar em um lugar de cada vez.
Nosso Deus transcende majestosamente Sua criação e preenche Seu universo em todos os momentos. Embora incompreensível para mentes de compreensão limitada, a fé compreende com reverência e medo a vastidão, a grandeza e a maravilha do nosso Deus infalível.
A onipresença é muito diferente do "panteísmo" – o ensinamento de que Deus está em toda parte e que tudo é Deus. Para os panteístas, Deus e o universo são idênticos. Isto nega o caráter transcendente de Deus como único e distinto de tudo o que Ele criou. Ele não está confinado pelas limitações de espaço e tempo.
Existe uma correlação entre Onipresença e Onisciência. O Deus que está em toda parte sabe tudo. No Antigo Testamento, o profeta Hanani lembrou o reis de Judá, Asa: "Pois os olhos do Senhor percorrem toda a terra" (2ª Crônicas 16 verso 9). Abraçando tudo e não perdendo nada, Deus nunca dorme.
Não há lugar para se esconder do Deus sempre presente e Onisciente. "Pode alguém esconder-se em lugares secretos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor" (Jeremias 23 verso 24). Eliú lembrou a Jó: "Seus olhos estão sobre os caminhos do homem" (Jó 34 verso 21). O salmista refletiu: "Para onde fugirei da tua presença?" (Salmos 139 verso 7). Nas suas meditações Davi conhecia a impossibilidade de escapar da presença de Deus. Ele concluiu: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; e vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno" (Salmos 139 versos 23 e 24).
Na primeira das duas referências do Antigo Testamento, observe que Adão desfrutava de comunhão com Deus, que passeava no jardim. Ele compreendeu plenamente a restrição que Deus colocou na árvore do conhecimento do bem e do mal. "Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Provérbios 15 verso 3). Depois de desobedecerem ao seu Criador, foi inútil que Adão e Eva tentassem esconder-se atrás de uma árvore. As primeiras palavras ao homem caído foi: "Onde estás?" (Gênesis 3 verso 9), não implicava que Deus não pudesse localizar Adão, pois o Deus sempre presente desejava que Adão se localizasse.
Na segunda, considere Hagar, que fugiu desesperada após ser abandonada por Abraão e rejeitada por Sara. O anjo do Senhor conhecia os detalhes de sua vida. Ela confessou: "Tu és o Deus que me vê" (Gênesis 16 verso 13).
Há para o crente uma rica bênção na Onipresença de Deus. Podemos desfrutar de uma rica comunhão com o Deus sempre presente em todas as circunstâncias da vida. Quão preciosas são as palavras de Isaías 43 verso 2: "Quando passares pelas águas, estarei contigo; e pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás; nem a chama acenderá sobre ti." Para Israel, as águas identificariam o Mar Vermelho quando fossem perseguidos pelos egípcios; o rio Jordão, a posse da terra; o fogo, os três homens numa fornalha acesa. Mas quão precioso é ser lembrado: "Eu estarei contigo". O apóstolo nos dá a promessa do Senhor: "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13 verso 5). Nos rios caudalosos das dificuldades da vida, nas águas profundas pelas quais muitos passam ou no fogo do testemunho de Cristo, Ele promete estar com os Seus. O corpo de Estêvão estava sendo esmagado por pedras atiradas por homens violentos. Enfrentando a morte brutal de um mártir e olhando para o Céu, ele foi encorajado na hora da mais profunda provação pelo Grande Sumo Sacerdote, Jesus, que estava de pé, socorrendo e encorajando Seu servo na passagem pelo fogo.
Nenhum estudo da Onipresença de Deus estaria completo sem olhar para nosso Senhor Jesus Cristo, que era Deus manifestado em carne (1ª Timóteo 3 verso 16). Ele "não teve por usurpação ser igual a Deus" (Filipenses 2 verso 6). Ele não estava menos nesta terra do que quando estava no trono supremo. Ele possuía todos os atributos da divindade enquanto peregrinava aqui. Ele é Onipresente porque Ele é Deus.
O Senhor Jesus demonstrou Sua Onipresença. Ele contou a uma mulher perto de um poço os detalhes de sua vida (João 4). Quando Filipe trouxe Natanael ao Senhor, Natanael perguntou como Ele o conhecia. O Onipresente Senhor respondeu: "Quando estavas debaixo da figueira, eu te vi" (João 1 verso 48).
Em João 3 verso 13, enquanto estava na terra, Jesus falou de estar no céu. Como Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo, Ele pode estar tanto na terra quanto no céu. Em Mateus 18 verso 20, em todos os hectares da terra, onde quer que grupos de crentes estejam reunidos em Seu nome, Ele está com eles no meio deles. Finalmente, Ele disse aos Seus discípulos antes de retornar ao céu: "Eis que estou sempre convosco" (Mateus 28 verso 20).
Quão precioso e encorajador é conhecer e experimentar diariamente Sua proximidade. Quer seja na cozinha, atendendo às necessidades de uma pequena família, trabalhando no escritório, sentado à carteira da escola, trabalhando sozinho no campo de colheita, proclamando o evangelho, ou deixado de lado por causa das enfermidades da idade, podemos ter certeza de que que nosso Senhor está sempre presente.
226. Atributos de Deus - A Onisciência de Deus
Quando Deus é nosso Santo Pai, a soberania, a santidade, a onisciência e a imutabilidade não nos aterrorizam; eles nos deixam cheios de admiração e gratidão.
Um dos atributos pessoais de Deus é a Onisciência. A palavra "onisciência" vem das palavras latinas que significam "todo conhecimento".
O que a Bíblia quer dizer quando descreve Deus como Onisciente?
Existem limites para o conhecimento de Deus?
Quais são as implicações da onisciência de Deus para nós?
Deve inspirar medo ou conforto?
Deus conhece tudo o que existe ou ocorre no universo. Nas palavras de Jó, "ele olha para os confins da terra e vê tudo o que há debaixo dos céus" (Jó 28 verso 24).
Não há lugar, objeto ou evento que esteja fora do conhecimento de Deus: "Os olhos do Senhor estão em todo lugar" (Provérbios 15 verso 3).
"Ele determina o número das estrelas; ele dá a todos eles os seus nomes" (Salmos 147 verso 4).
Nenhum evento é tão insignificante nem nenhum objeto tão trivial que Deus não perceba. O Senhor Jesus disse: "Não se vendem dois pardais por um dinheiro? E nenhum deles cairá por terra sem o conhecimento de seu Pai. Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados" (Mateus 10 versos 29 e 30). O conhecimento de Deus é infinito.
Deus não apenas está ciente de todas as coisas que existem atualmente, mas Deus sabe tudo o que ocorrerá no futuro. Isso é chamado de Presciência de Deus. Deus conhece com certeza os acontecimentos do futuro e é capaz de declará-los antecipadamente: "Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim, que desde o princípio anuncio o fim e desde a antiguidade as coisas que ainda não aconteceram" (Isaías 46 versos 9 e 10). Deus conhece até mesmo as palavras que falaremos antes de abrirmos a boca: "Ainda que a palavra esteja na minha língua, eis que, ó Senhor, tu a conheces completamente" (Salmos 139 verso 4).
Deus não apenas conhece o presente e o futuro, mas também sabe o que aconteceria sob qualquer circunstância potencial. Às vezes chamado de "conhecimento médio" de Deus, este é o Seu conhecimento do que aconteceria se certos eventos acontecessem. Por exemplo, Deus revelou a Davi quais ações os homens de Queila e Saul tomariam se Davi permanecesse em Queila (1ª Sameul 23). Esse conhecimento permitiu que Davi tomasse a decisão de partir. Da mesma forma, Jesus foi capaz de afirmar inequivocamente que "se os milagres feitos nas cidades Corazim e Betsaida tivessem sido feitos em Tiro e Sidóm, eles já teriam se arrependido há muito tempo, em saco e cinza" (Mateus 11 verso 21). Isto significa que a onisciência de Deus se estende além do que acontecerá (Sua presciência) para um conhecimento de todos os eventos potenciais concebíveis em um mundo onde Ele deu ao homem o livre arbítrio.
Além disso, a Onisciência de Deus se estende até a própria alma de cada ser. Deus conhece os pensamentos, desejos, intenções e motivações de cada indivíduo. Como Davi disse a Salomão: "o Senhor sonda todos os corações e entende todos os planos e pensamentos" (1ª Crônicas 28 verso 9). O próprio Deus declarou: "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo a mente" (Jeremias 17 verso 10). A Onisciência de Deus se estende até a essência de quem somos como indivíduos. "Nenhuma criatura está escondida da sua vista, mas todos estão nus e expostos aos olhos daquele a quem devemos prestar contas" (Hebreus 4 verso 13). Davi entendeu isso quando disse: "Ó Senhor, tu me sondaste e me conheceste! Tu sabe quando me sento e quando me levanto; de longe discernis os meus pensamentos" (Salmos 139 versos 1 e 2).
Em resumo, as Escrituras revelam que Deus tem completa Onisciência de cada detalhe do Seu universo. Ele conhece cada objeto, criatura, evento, ação, pensamento e motivação no universo – seja existente, futuro ou mesmo potencial. Seu conhecimento é infinito (Salmos 147 verso 5); é iletrado (Romanos 11 verso 34) e, portanto, intrínseco à Sua natureza.
Que conclusões podemos tirar da verdade de que Deus é Onisciente? Nossa primeira resposta deveria ser adoração e admiração. A Onisciência de Deus está além da compreensão humana. Como Paulo, devemos responder com admiração e louvor – "Oh, profundidade das riquezas, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus julgamentos e quão inescrutáveis os seus caminhos!" (Romanos 11 verso 33).
Em segundo lugar, a Onisciência de Deus assegura-nos que a justiça de Deus será completa e universal. Nenhum pecado, ação errada ou má ação escapará à Sua atenção. Homens maus, como Hitler, podem escapar da justiça humana, mas nunca escaparão da justiça de Deus. Para os não salvos, a Onisciência de Deus deveria trazer medo e arrependimento a um Deus que os responsabilizará totalmente. Para o cristão, cujos pecados são perdoados em Cristo, esta verdade deve trazer sobriedade e seriedade às nossas vidas, pois cada ação e motivo serão avaliados pelo Senhor na Sua vinda. "Portanto, não pronunciem julgamento antes do tempo, antes que venha o Senhor, que trará à luz as coisas agora escondidas nas trevas e revelará os propósitos do coração. Então cada um receberá de Deus o seu elogio" (1ª Coríntios 4 verso 5).
A terceira implicação da Onisciência de Deus é que podemos ter um relacionamento aberto e transparente com Ele. Deus conhece nossos desejos mais profundos, nossas fraquezas, nossas falhas e nossos pecados. No entanto, Deus nos ama de qualquer maneira e quer um relacionamento conosco. "Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido de Deus" (1ª Coríntios 8 verso 3). Longe de nos afastar de Deus, a compreensão da Sua Onisciência liberta-nos para aprofundar a nossa relação com Ele. Davi, no Salmo 139, depois de contemplar a Onisciência de Deus, disse: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração! Experimente e conheça meus pensamentos! (Salmos 139 verso 23). Pedro também entendeu, após seu próprio fracasso, que a Onisciência de Cristo era algo em que se apoiar: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabe que eu te amo" (João 21 verso 17).
Finalmente, a Onisciência de Deus deveria ser uma fonte de grande conforto para o crente. Deus está plenamente consciente de cada evento em nossas vidas. Deus nunca é pego de surpresa por nossas falhas ou decisões erradas. Ele conhece cada resultado potencial de cada decisão que tomamos. Por causa disso, Ele é capaz de guiar e dirigir nossas vidas. Ele conhece nossas necessidades, preocupações e medos. Jesus disse: "Vosso Pai sabe o que precisam antes de pedir" (Mateus 6 verso 8).
Hagar, grávida, sozinha, marginalizada e desesperada pela própria vida, foi a primeira a proclamar a Onisciência de Deus. Ela descobriu que Deus viu sua situação e disse: "Tu és um Deus que vê" (Gênesis 16 verso 13). Também podemos ter certeza de que um Deus Onisciente nos conhece completamente e é capaz de atender a todas as necessidades.
227. Atributos de Deus - Deus é Amor
Cada página da Palavra de Deus está repleta do amor de Deus. A história de Deus é a história do Seu amor. Sem isso não haveria história. Não haveria presente. Não haveria futuro. Existimos apenas porque – Deus é amor!
Como podemos explicar isso? Como podemos descrever sua plenitude? Impossível! Não há como e a vastidão da eternidade não será suficiente. Nossas mentes só conseguem ter um vislumbre, como Moisés vendo as partes difíceis de Deus no monte. Aqui estamos nós, em todos os nossos pecados e trapos imundos, tentando compreender a grandeza do amor Todo-Poderoso – um amor muito vasto, muito infinito, muito imensurável, muito grande, muito profundo, muito alto, muito amplo e muito grande para as mentes humanas compreenderem. (Efésios 3 verso 18).
Como uma criança brincando à beira do vasto Atlântico, tocamos os dedos dos pés da compreensão nas profundezas da existência divina e procuramos, com a nossa capacidade limitada, compreender um Deus inesgotável. Mas à medida que permitimos que a sua verdade nos encha e nos lave, tornamo-nos firmemente ancorados, ancorados na nossa fé (Efésios 3 verso 17).
A Bíblia nos diz que Deus não teve começo (Salmos 90). Também nos diz que Ele é amor (1ª João 4). Seu amor, portanto, não teve começo. É a Sua natureza. Ele não aprendeu a amar. Não cresceu com o tempo ou a eternidade. Ele não passou por isso em algum momento oportuno de Sua existência eterna. Ele foi sempre e sempre o único e verdadeiro Deus de amor. É explicável? Não. É compreensível? Não. Deve ser aceito somente pela fé.
O amor de Deus é perfeita e eternamente fundado e funcional dentro dos limites de Sua própria pessoa. Ele é Autossuficiente e não precisa de nada fora de Si mesmo para preencher espaços vazios ou solitários. Tentamos compreender este amor funcional ao considerarmos a verdade da trindade: o amor entre o Pai, o Espírito e o Filho. Ao falar com Seu Pai, Jesus disse: "Tu me amaste antes da fundação do mundo" (João 17 verso 24).
Deus não precisou nos criar para se tornar mais realizado. Ele tinha tudo o que precisava, mas a plataforma da criação e da humanidade era perfeita para Ele revelar todos os Seus atributos divinos. Seja na própria criação, na escolha da nação de Israel, no envio do Seu Filho como descendente de Abraão, ou na formação da Igreja, todos fizeram parte do Seu plano ao mostrar a grandeza de quem Ele é.
A palavra hebraica "ahăbâh" (pronuncia-se "arrabá"), é uma palavra comumente usada para amor no Antigo Testamento. É uma palavra ampla que pode significar amor matrimonial, ou amor de um amigo, ou amor de uma criança, ou o amor de uma nação pelo seu líder. É a palavra usada em Deuteronômio: "O Senhor não teve afeição nem vos escolheu, porque éreis mais numerosos do que qualquer povo; porque éreis o menor de todos os povos. Mas porque o Senhor vos amou ["ahăbâh"]…" (Deuteronômio 7 versos 7 e 8). Não foi o amor que foi merecido ou conquistado, mas sim um amor que se originou do próprio caráter de Deus. Ele ama porque ama. Não é um dever, mas um afeto e sentimento genuíno que Deus experimenta. Oséias comparou o amor de Deus pelo Seu povo ao amor do marido pela esposa. Mas o amor de Deus não é apenas um sentimento; é uma ação, algo que Ele escolhe fazer conscientemente. Moisés explicou em Deuteronômio 4"ahăbâh" 37: "Porque Ele amava seus antepassados, escolheu abençoar seus descendentes". Mesmo através do seu fracasso de Israel, discórdia, idolatria, imoralidade e maldade, Deus os amou e prometeu ser o seu Deus e cuidar deles até o fim.
No Novo Testamento, o amor de Deus é mais frequentemente descrito pela palavra grega "ágape". Esta palavra significa escolher amar em benefício de quem o recebe e amar sem esperar nada em troca, principalmente em situações em que não há possibilidade de retribuição. A vida do Senhor Jesus é a demonstração perfeita de como esse amor foi demonstrado. Ele não apenas disse que amava – Ele fez isso! Ele tocou e curou o leproso. Ele saiu do Seu caminho pelos necessitados. Ele sentou-se e ouviu os pecadores. Ele lavou os pés dos discípulos queixosos. Ele tornou o amor de Deus visível.
Toda a vida de Jesus demonstrou a realidade do Seu amor, mas não há lugar ou tempo onde o Seu amor brilhou com uma beleza tão desenfreada do que durante os horríveis sofrimentos da cruz: "Mas Deus prova o seu amor por conosco, em que Cristo morreu por nó, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5 verso 8).
O amor do Calvário é o maior dos amores. Tudo o que Ele fez foi por amor ao Pai que O enviou. Tudo o que Ele fez foi para o Pai. Cada última pontada de sofrimento foi suportada em absoluta devoção a Ele (João 17 verso 4). Seu amor era e é completo e abrangente. Ele amava os Seus que estavam com Ele (João 13 verso 1). Ele amava Sua família e especificamente Sua mãe. Vemos isso demonstrado de maneira tão tocante na cruz (João 19 versos 26 e 27). Ele amou Seus inimigos quando eles pregaram Suas mãos e pés na cruz (Lucas 23 verso 34). Depois de 2.000 anos, Seu amor ainda é real e vibrante; nos juntamos ao apóstolo Paulo para dizer: "O Filho de Deus… que me amou e se entregou por mim" (Gálatas 2 verso 20).
Seu amor não só não tem começo, como também não terá fim. É a realidade de um amor eterno e infalível que nos permite viver em plenitude. Quando passarmos pelo fogo da aflição, Seu amor estará presente. Quando enfrentarmos os problemas e perplexidades da vida, Seu amor nos envolverá. Quando enfrentarmos nossos inimigos mais ferozes, Seu amor nos ajudará. Quando as coisas vão bem e a vida é boa, Seu amor será nossa força. Quando nossos amigos partirem e a solidão começar a surgir, Seu amor nos confortará. Quando chegarmos ao fim da vida, Seu amor nos levará aos reinos de Sua presença.
Voltando à minha analogia inicial, apenas molhamos os pés neste oceano de verdade, mas felizmente, teremos o resto de nossas vidas e toda a eternidade para explorar todas as profundezas do amor divino. Que nossas vidas sejam ancoradas por esta verdade e nossos corações aquecidos para a adoração.
228. Atributos de Deus - Deus é Fiel
A fidelidade é um atributo moral de Deus, uma característica inerente que é revelada nas Escrituras e demonstrada pela atividade de Deus na história. A fidelidade de Deus significa que podemos confiar Nele implicitamente; em qualquer situação podemos confiar totalmente e apoiar-nos Nele. Sabemos e concordamos que isto é verdade em teoria, mas a realidade da fidelidade de Deus não é algo que saibamos viver no caos da nossa vida quotidiana. Em vez disso, como cristãos imperfeitos, olhamos para nós mesmos e ficamos desanimados e concluímos erroneamente que este atributo de Deus é para os crentes "fiéis" experimentarem, não para nós.
Ao passarem por uma figueira murcha, nosso Senhor deu aos Seus discípulos um curso intensivo sobre fé, começando com estas palavras: "Tende fé em Deus" (Marcos 11 verso 22). No entanto, este mandamento é realmente melhor entendido não como um chamado para desenvolvermos a qualidade pessoal da fé, mas sim para nos apegarmos à fidelidade de Deus.
O grande e santo Hudson Taylor sempre disse que isso deveria ser traduzido não tanto como 'Tenha fé em Deus', mas como 'Agarre-se à fidelidade de Deus'. Tornou-se o lema de sua vida e obra. É claro que isso significa ter fé em Deus, mas, veja bem, se você colocar dessa forma – "Tenha fé em Deus" – a ênfase parece estar na sua fé. 'Não é isso', disse Hudson Taylor, 'é a fidelidade de Deus que importa. Quando você não tem fé em si mesmo, apegue-se à Sua fidelidade.' Deus é imutável. Deus é fiel. Ele nunca mudará. Isso é o que realmente significa fé em Deus. Aconteça o que acontecer com você, onde quer que esteja, agarre-se à fidelidade de Deus.
De certa forma, a fidelidade de Deus está incluída nos Seus atributos de retidão, justiça e imutabilidade. Faz sentido que essas características de Deus estejam entrelaçadas umas com as outras à medida que Ele as manifesta em plenitude. Todos eles significam que Deus é imutável e constante, mas a Bíblia nos lembra repetida e especificamente que Deus é fiel.
Talvez o que se destaca de maneira única na fidelidade de Deus é que ela é a qualidade à qual podemos nos apegar quando circunstâncias difíceis, dúvidas ou pecado obscurecem nossa percepção de quem Deus é e nossa confiança Nele vacila – "Retenhamos firmemente a confissão" da nossa esperança sem vacilar, porque aquele que prometeu é fiel" (Hebreus 10 verso 23). Foi assim que Deus se descreveu a Moisés no monte Sinai enquanto ele estava na presença de Deus com um segundo conjunto de tábuas de pedra, lembrando a quase aniquilação da nação de Israel devido ao seu pecado com o bezerro de ouro (Leia Êxodo 34 verso 6).
A fidelidade de Deus foi o que encorajou Jeremias em sua provação pessoal e lamento pela destruição de Jerusalém: "A ideia do meu sofrimento e da minha falta de moradia é amarga além das palavras. Jamais esquecerei esse momento terrível, pois lamento minha perda. No entanto, ainda me atrevo a ter esperança quando me lembro disto: o amor fiel do Senhor nunca acaba! Suas misericórdias nunca cessam. Grande é a sua fidelidade; suas misericórdias recomeçam a cada manhã" (Lamentações de Jeremias 3 versos 19 a 23).
A fidelidade também é um atributo de Deus que nos permite permanecer em relacionamento com Ele apesar da nossa tendência ao pecado. Todos os dias você e eu enfrentamos tentação de pecar, por isso Paulo escreve: "Deus é fiel e não deixará que sejais tentados além da vossa capacidade, mas com a tentação ele também fornecerá o escape, para que vocês possam suportá-lo" (1ª Coríntios 10 verso 13).
Muitas vezes olhamos para dentro e vemos fraqueza e nos sentimos impotentes para resistir à tentação, mas essa é uma perspectiva errada que leva ao fracasso quase certo. Em vez disso, se "nos apegarmos à fidelidade de Deus" e procurarmos o caminho de fuga ou a força para perseverar em Deus, torna-se mais do que uma fantasia sonhadora viver a realidade de "resistir ao diabo e ele fugirá de você" (Tiago 4 verso 7).
Contudo, quando falhamos e pecamos, a fidelidade de Deus ainda nos alcança. João escreveu: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1ª João 1 verso 9).
Deus valoriza o relacionamento conosco e, portanto, há sempre essa provisão para que o crente pecador seja restaurado à comunhão completa com Ele.
Isto leva-nos a considerar um possível desafio à afirmação de que Deus é fiel: poderia o nosso pecado tornar Deus infiel? Paulo dá uma resposta sucinta: "se somos infiéis, ele permanece fiel" (2ª Timóteo 2 verso 13), e ilustra este ponto com mais detalhes em Romanos (Romanos 3 versos 3 e 4; e Capítulo 8 versos 35 a 39).
Esta certeza não é um incentivo para pecar sem medo das consequências, mas sim um encorajamento para permanecer firme ou voltar do pecado para Deus (para santo ou pecador). Deus é fiel, não importa o que você ou eu façamos; Ele é quem diz que é e faz o que diz que fará. Isto é fundamental para a maturidade e o serviço cristão – muito mais importante do que quem eu sou é quem Deus é.
Observe que a fidelidade de Deus está sempre ligada ao que Ele diz (promete) ou faz. Tiago nos diz que a fé sem obras é morta (Tiago 2 verso 17), e por isso é vital compreender que a fidelidade de Deus é dinâmica, viva e atuante, e não algo estático e impassivelmente indiferente ao fluxo e refluxo de nossas vidas.
A Bíblia termina com a verdade de que Deus é fiel. João vê um cavalo branco carregando Jesus Cristo em julgamento para a terra, e Seu primeiro título na vívida descrição é "Fiel e Verdadeiro" (Apocalipse 19 verso 11).
Cristo é, e será visto como sendo, a prova tangível de que Deus é fiel. O terrível julgamento das nações, da besta e do falso profeta ocorre antes da instituição do Seu reinado milenar. Toda a Escritura nos é dada para mostrar que Deus é fiel – na criação, nas Suas promessas, nas Suas palavras e ações reveladas quando Cristo caminhou nesta terra até à cruz, até este tempo de julgamento final. Cada um de nós precisa "apegar-se à fidelidade de Deus" enquanto vivemos nossas vidas confusas, e provaremos que esta é a chave para receber a alta recomendação de Deus – "Muito bem, servo bom e fiel" (Mateus 25 verso 23)!
229. Atributos de Deus - Deus é bom
O Senhor Jesus disse a um jovem rico: "Ninguém é bom, senão um, isto é, Deus" (Lucas 18 verso 19).
O clichê frequentemente usado "Deus é bom" geralmente é usado quando coisas boas acontecem conosco.
Na verdade, muitos crentes limitam essas palavras aos momentos em que coisas boas lhes acontecem.
"Deus foi tão bom e me deu o emprego dos meus sonhos."
"Deus é bom e me devolveu a saúde."
"Deus é bom e tivemos um ano muito bom no negócio."
Mas o que foi dito quando uma irmã na assembleia local descobriu que tinha um tumor e, quando foram operar, ele estava inoperável?
Que dizer da situação quando um irmão perde o seu negócio numa crise financeira?
O que dizer dos pais, que durante anos não puderam ter um filho, e que, quando um filho finalmente chega, são informados no seu nascimento de que há pouca esperança de vida?
Como Deus é bom quando quero que minha família sirva ao Senhor e a tragédia despedaça minha família?
Deus só é bom quando coisas boas acontecem? A resposta óbvia é não."
Isso levanta a questão: "Deus ainda é bom, mesmo quando coisas ruins acontecem?"
Lemos as palavras "Deus é bom" em nossa Bíblia em portuguesa. No Salmo 73 verso 1, Asafe diz: "Verdadeiramente Deus é bom para Israel". Outro salmo diz: "Bom e reto é o Senhor" (Salmos 25 verso 8). "Bom" é uma palavra que é melhor compreendida do que descrita. Fala de virtude moral. Os sinônimos que vêm à mente quando pensamos na palavra "bom" são agradáveis, satisfatórios, agradáveis, benéficos e úteis. É uma palavra que descreve uma pessoa e também uma coisa. Geralmente é usado como adjetivo, mas agora também é usado informalmente como advérbio. Em vez de responder "Estou bem" à pergunta "Como vai você?" agora é comum ouvir: "Estou bem".
É de extrema importância saber que o caráter de Deus é bom. Deus é sempre, apenas bom; nada além do bem pode vir Dele. Quando dizemos que Deus é intrinsecamente bom, queremos dizer que é uma parte essencial de Sua natureza. Todo o seu ser é bom e nada de ruim, perverso ou maligno pode manchá-lo. É natural que Deus seja bom. Sua bondade é infinita, assim como todos os outros traços de caráter de Deus. Deus não tem pontos fracos nem pontos fortes. Quando Paulo relaciona a bondade com a tolerância e a longanimidade em Romanos 2 verso 4, elas são exatamente e infinitamente iguais em valor moral. Quando ele contrasta a bondade e a severidade, ambas são 100% verdadeiras, sem que uma tire nada da outra ou contradiga a outra (Leia, Romanos 11 verso 22). A bondade de Deus, como qualquer outro atributo, é absoluta, o que significa que não apresenta fraqueza ou mudança.
A criação de Deus é boa. Ao lermos o primeiro capítulo de Gênesis, é notável notar que a palavra "bom" é usada sete vezes. A luz, a terra seca, o mar e as criaturas são todos descritos como "bons".
Finalmente, Gênesis 1 verso 31 diz: "tudo o que ele fez… era muito bom". A bondade de Deus tornou-se evidente logo no início do mundo. É difícil imaginar um mundo que só tivesse coisas boas – não havia medo de que algo ruim acontecesse; não havia medo do perigo espreitando em algum lugar. O universo inteiro era bom e tudo nele satisfazia o coração humano. Cada pensamento, cada palavra e cada ação não passavam de boas!
Devemos considerar o contraste entre o bem e o mal. O conhecimento do bem e do mal veio através do Maligno, convencendo Eva a escolher o que não era bom. Deus criou o homem para que, por sua própria vontade, ele escolhesse o bem e não o mal. Significa que o homem ficaria satisfeito com a escolha que fez e não precisaria se arrepender de uma escolha errada (má).
A conduta de Deus é boa. Existem diversas coisas que a bondade de Deus faz por nós, segundo as Escrituras. A primeira coisa é que a bondade de Deus nos leva ao arrependimento. Como é bom que Deus veja pecadores arruinados e queira que eles sejam bons como Ele. Sua bondade não se contamina ao estender a mão a um pecador. Na verdade, após a salvação, a Sua bondade torna-se parte do crente por causa da natureza divina. Deus então nos dá a capacidade de uma boa consciência, boas obras, bons frutos e muitas coisas boas.
O canal da bondade de Deus é agora através dos canais humanos. Gálatas 5 verso 22 inclui a bondade como parte do fruto do Espírito.
Em Efésios 5 verso 9, o apóstolo Paulo nos dá outro conjunto de três virtudes, ao nos indicar que o fruto do Espírito está em toda bondade, justiça e verdade. Deus quer mostrar Sua bondade à humanidade e está fazendo isso pelo fruto do Espírito no crente. "Bom" é a palavra que as Escrituras usam para descrever a vontade de Deus para um crente, a atividade de uma dona de casa, a conversação de um cristão, a fidelidade de um servo, o trabalho de um presbítero e muitas outras coisas relacionadas a vida de um cristão.
Se Deus é bom, por que existe tanto mal no mundo? Sejamos claros que o mal não veio de Deus. Embora seja verdade que Ele permitiu que o mal acontecesse no mundo, Ele não o fez. O mal surgiu quando o homem escolheu o mal contra a bondade de Deus. Até hoje as palavras do salmista soam verdadeiras: "Afasta-te do mal e faze o bem" (Salmos 34 verso 14).
Há momentos em que coisas ruins acontecem a pessoas boas. Nos bons ou nos maus momentos, nas provações ou nos triunfos, nas tentações ou nas labutas, Deus é sempre bom. Que o Senhor nos ajude a viver a vida vendo que Deus é bom.
230. Atributos de Deus - Deus é Justo
É uma grande bênção que Deus seja justo – quem iria querer adorar uma divindade em quem não se pode confiar para agir de forma justa e fiel? Mas a justiça de Deus leva a realidades desconfortáveis. Por exemplo, Deus ordena a Israel a respeito da conquista de Canaã: "Nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes destruí-las-ás totalmente", (Deuteronômio 20 versos 16 e 17).
E no que diz respeito ao julgamento sobre qualquer um que rejeitar a salvação num dia futuro, "ele também beberá o vinho da ira de Deus… e eles não terão descanso, nem de dia nem de noite, estes adoradores da besta e da sua imagem" (Apocalipse 14 versos 10 e 11).
Deus não esconde esses julgamentos com vergonha – "Deus é luz, e nele não há treva alguma" (1ª João 1 verso 5).
E é no brilho resplandecente da glória transcendente de Deus que as trevas do pecado do homem são expostas como realmente são. Aquelas trevas, e o amor que o homem tem por elas, combinado com o seu ódio pela luz (João 3 versos 19 e 20), sujeitam o homem à ira justa, "porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12 verso 29).
Embora as passagens bíblicas já citadas ofendam as sensibilidades modernas, os homens simplesmente não estão em posição de julgar se Deus é justo ou não. Apesar dos seus protestos em contrário. Para o homem moderno… o importante é que o homem não esteja no banco dos réus e Deus esteja no banco dos réus. É certo que algumas das ações de Deus são difíceis de racionalizar, mas essas são ocasiões para confessarmos humildemente que não O compreendemos completamente.
Veja Salmos 131 e Isaías 40 verso 14, que nos diz: "Quem lhe ensinou o caminho da justiça?".
Se Deus diz que Suas ações são justas, nós nos curvamos em humilde aceitação, ou não deixaremos Deus ser Deus. E a Bíblia proclama a justiça de Deus, frequente e inequivocamente – "Todos os seus caminhos são justiça" (Deuteronômio 32 verso 4), e "a retidão e a justiça são o fundamento do seu trono" (Salmos 97 verso 2).
Em uma das passagens mais solenes do Novo Testamento (2ª Tessalonicenses 1 versos 5 a 9), Deus enfatiza que Seu julgamento é "justo" (verso 5), Seu pagamento aos perseguidores é "justo" (verso 6), e Ele realiza "justiça" (verso 8), não "vingança". Os homens não podem julgar Deus porque não entendem verdadeiramente a justiça – os homens amam as trevas. O juízo enfatiza a busca pela justiça, uma punição justa. A vingança é mais frequentemente uma retaliação por ressentimento pessoal. A Bíblia nunca usa a palavra "vingança" em associação com Deus.
Os cananeus amavam as trevas. Sua devassidão incluía bestialidade, pederastia e sacrifícios abundantes de crianças, todos os quais seriam prontamente condenados pelas pessoas hoje. Será apenas para permitir que tal atividade fique impune? Na verdade, o que diríamos de um Deus que permanecesse perpetuamente silencioso diante de tal maldade? Não perguntaríamos: onde estava Deus? …. No entanto, quando Deus finalmente age, somos rápidos em encontrar falhas. A Escritura deixa claro que a destruição dos cananeus foi um ato de julgamento, uma pena capital em escala nacional sobre aquele povo por seus pecados de longa data: "É por causa da maldade dessas nações que o Senhor os expulsa de diante de ti" (Deuteronômio 9 verso 4).
O veredito de Deus sobre os cananeus não foi motivado pela cor da sua pele ou pela sua nação de origem – não foi uma limpeza étnica gratuita. Como outro exemplo de Sua justiça, "Deus não mostra parcialidade" (Atos 10 verso 34). A Raabe de Jericó (Josué 2), e os Gibeonitas (Josué 9), são exemplos de cananeus que se tornaram parte do povo de Deus. E, surpreendentemente, no momento em que Deus começa a fazer justiça aos cananeus, Ele interrompe o progresso de Israel para fazer justiça a uma família israelita. Por causa da idolatria deles, Deus julgou Acã e seu clã de maneira semelhante ao Seu julgamento sobre os cananeus (Josué 7). Isto demonstra que a justiça de Yahweh não é limitada pelo seu compromisso com Israel…. Quando eles pecam, ele os castiga, mostrando a glória da sua justiça.
A idolatria é uma ofensa vil aos olhos de Deus e estava na raiz da pecaminosidade dos cananeus e da ordem de Deus para conquistá-los - "para que não te ensinem a fazer de acordo com todas as suas práticas abomináveis que eles fizeram por seus deuses, e por isso pecais contra o Senhor vosso Deus" (Deuteronômio 20 verso 18).
Veja Marcos 12 verso 30, e lembre-se de que não ter outros deuses diante de Yahweh, foi o primeiro dos dez mandamentos de Deus para Israel.
Não ignore isso muito rapidamente – o que estava em jogo em Canaã era se Deus seria adorado ou se falsos deuses negariam injustamente a Deus a glória da qual somente Ele é digno. Da mesma forma, na passagem de Apocalipse 14 citada anteriormente, é a escolha deles adorar algo diferente de Deus que os condena.
E no caso de Acã, é apenas a majestade de Yahweh que torna isso justo. A grandeza de Yahweh deve ser tal que confiar no que se pode ver, e não no que Yahweh disse, seja um crime que justifique a perda da vida. Os homens não compreendem a majestade única de Deus. Em todos os Seus julgamentos, Deus está mostrando que não tem rivais.
Assim como os crimes merecem punição em um tribunal, os pecados merecem julgamento infligido pelo Rei dos Céus – todos os pecados são crimes contra Deus. Este título é usado apenas uma vez nas Escrituras – quando Nabucodonosor louva a Deus e declara, "todas as suas obras são retas e os seus caminhos são justos" (Daniel 4 verso 37).
Mas a misericórdia estendida a Raabe e aos Gibeonitas em Canaã também é característica do coração de Deus. Seu julgamento é justo, mas Deus também usa Sua justiça como pano de fundo para revelar mais claramente a glória radiante de Sua misericórdia.
Gênesis 3 verso 15 às vezes é chamado de o primeiro vislumbre do evangelho. É revelador que esta primeira mensagem do Evangelho contém uma palavra de julgamento – a cabeça do inimigo está ferida, e a humanidade experimentará dor e conflito, (Conforme os versos 16 e 17). No entanto, a mensagem está misturada com uma misericórdia surpreendente – a vida física do casal humano continua e a semente da mulher acabará por triunfar. A salvação vem através do julgamento. A glória de Deus na Salvação através do julgamento é o tema central da Bíblia.
Mais do que isso, Deus graciosamente diz: "A misericórdia triunfa sobre o julgamento" (Tiago 2 verso 13).
Se tivéssemos uma perspectiva melhor sobre a justiça de Deus, o nosso desafio não seria compreender o julgamento de Deus sobre os pecadores, mas compreender a Sua misericórdia e amor para com eles. Se Deus é Deus, Ele deve ser sempre justo em tudo o que faz – e isso inclui declarar justos os pecadores. Como isso pode ser justo? A resposta está na obra expiatória de Cristo na cruz, que é Ele mesmo Deus. "O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós" (Isaías 53 verso 6), e as reivindicações de justiça foram satisfeitas por um sacrifício voluntário, sem pecado e substitutivo. Isto "era para mostrar a Sua justiça no tempo presente, para que ele fosse justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" (Romanos 3 verso 26).
A obra do Senhor Jesus na cruz não só justifica Deus em salvar pecadores, mas também nos aponta para uma resolução quando as nossas mentes fracas e caídas ainda estão lutando com a ira de Deus. Quando Deus julgou os cananeus, Seu desejo era purificar a terra da idolatria, para que a semente escolhida pudesse cumprir sua missão de representar o Deus vivo da salvação para o mundo. (Veja Gênesis 12 verso 3; e Isaías 43 verso 10)
Enquanto a nação falhou em sua missão, a última semente de Abraão e do verdadeiro israelita, Jesus Cristo, não o fez. A questão é que os julgamentos de Deus sobre os cananeus demonstraram o Seu santo ódio pelo pecado e também fizeram parte do Seu programa de redenção ao longo da história – ambos conceitos que levaram finalmente à cruz de Cristo. Lá, Deus fez algo muito mais profundo do que apenas executar a justiça – Ele mesmo tomou o julgamento, na Pessoa de Seu Filho.
À luz do que Deus realizou e revelou de Si mesmo na cruz, o homem não tem desculpa para recusar a salvação de Deus. "Deus ignorou os tempos de ignorância, mas agora Ele ordena que todas as pessoas em todos os lugares se arrependam, porque Ele fixou um dia em que julgará o mundo com justiça por meio de um Homem a quem Ele designou; e disso Ele deu certeza a todos, ressuscitando-O dentre os mortos" (Atos 17 versos 30 e 31).
Deus pode salvar o pecador com justiça e julgar com justiça.
"Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é." (Deuteronômio 32 verso 4)
231. Atributos de Deus - Deus é Misericordioso
Em Êxodo, capítulos 33 e 34, encontramos Moisés na fenda da rocha. O Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó, o EU SOU, estava prestes a passar diante dele. Moisés teve um relacionamento único com Deus; ele conheceu Deus pessoalmente e o apreciou como seu Deus. Outros, no passado, apreciavam revelações maravilhosas de Deus, mas no capítulo 33, Moisés anseia por outra confirmação pessoal da presença de Deus com ele. Ele pede: "Agora, pois, rogo-te que, se achei graça aos teus olhos, mostra-me agora o teu caminho, para que eu te conheça, para que encontre graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo". (Êxodo 33 verso 13).
Com a demonstração da bondade e glória de Deus veio o pronunciamento de Seu nome: "O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, longânimo e grande em bondade e em verdade…. Moisés apressou-se, inclinou a cabeça em terra e adorou" (Êxodo 34 versos 6 a 8). Esta visão revelada de Deus atraiu nova reverência e adoração deste homem de Deus e levou a uma maior intimidade com Ele. Entre outros elementos fascinantes desta história está ouvir Deus descrever-se através do Seu nome. Deve ser significativo que o SENHOR encabeça a lista de atributos pessoais com "misericordioso". O Deus de Abraão, Isaque, Jacó e Moisés, nosso Deus eterno e imutável, é misericordioso.
Uma definição geral de misericórdia é "compaixão demonstrada em lugar de julgamento ou punição". A misericórdia contrasta com o que é merecido; a graça contrasta com o que é imerecido. Existem várias palavras hebraicas e gregas para misericórdia e misericordioso empregadas nas Escrituras e traduzidas com várias palavras. Deuteronômio 4 versos 30 e 31 dá uma visão e talvez um esboço da misericórdia de Deus, especialmente para com Israel: "Quando estiveres em tribulação, e todas estas coisas te sobrevierem, mesmo nos últimos dias, se te converteres ao Senhor teu Deus , e fores obediente à sua voz; (Porque o Senhor teu Deus é um Deus misericordioso); ele não te abandonará, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança de teus pais que lhes jurou". Quando o povo de Deus se voltar para Ele, Ele não os abandonará, não os destruirá e não os esquecerá. Por quê? O texto nos diz porque Ele é um Deus misericordioso. Estas três reações divinas ao arrependimento do Seu povo são a consequência da natureza misericordiosa de Deus.
Muitas vezes Deus viu os Seus abandonarem a Ele e à Sua lei. As consequências e a decepção do seu pecado acabariam por colocá-los de joelhos novamente. Ele poderia tê-los deixado entregues às suas consequências e julgamento, mas porque Ele é misericordioso, Ele mostrou compaixão por eles, respondendo aos seus clamores e livrando-os. 2ª Crônicas 30 verso 9 nos dá a imagem: Ele "não desviará de você o seu rosto". Ele não abandonará. Embora seja dito em 2ª Crônicas 34 verso 11 que "os reis de Judá destruíram" o templo, ainda assim, quando eles se voltaram para Deus, Ele não os destruiria. Quando o Seu povo esqueceu a sua aliança com Deus e foi levado cativo para terras distantes, Deus não se esqueceria. Ele se lembra de cada promessa feita aos pais. Deus é misericordioso e não abandonará, não destruirá, não esquecerá. Isto é especialmente comovente quando consideramos que o Servo Perfeito, Jesus Cristo, foi abandonado e esmagado no Calvário – "pela transgressão do meu povo Ele foi ferido" (Isaías 53 verso 8).
Jeremias nos conta algo mais sobre a misericórdia de Deus. "É pelas misericórdias do Senhor que não somos consumidos, porque as suas misericórdias não falham" (Lamentações de Jeremias 3 verso 22). Suas misericórdias (plural) são multifacetadas e ilimitadas. O julgamento de Deus conhece motivos mais do que suficientes para nos consumir, mas Suas compaixões, como um reservatório insondável, nos alcançam primeiro para nos preservar.
Depois de derramar a Sua compaixão sobre o Seu povo durante milênios, estamos gratos pelo reservatório de misericórdia permanecer inalterado hoje. O Senhor é o Deus misericordioso também em nossos dias. Tanto Paulo como Pedro referem-se a esta provisão abundante que tem sido a fonte da nossa salvação neste longo dia de graça, usando a mesma palavra grega para a misericórdia de Deus: "eleos". A palavra grega, "eleos", significa a manifestação externa de piedade; tal misericórdia pressupõe uma necessidade extrema por parte de quem a recebe e, ainda assim, há recursos adequados para satisfazer essa necessidade por parte daquele que a demonstra. Paulo escreveu aos Efésios sobre Deus que "é rico em misericórdia" (Efésios 2 verso 4). Pedro disse que Deus, "segundo a sua abundante misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança" (1ª Pedro 1 verso 3). Sua misericórdia através dos tempos continua sendo o poço inesgotável do qual a compaixão é extraída continuamente. É "de acordo com" ou "segundo a medida" desta provisão abundante que Deus trata conosco hoje. Paulo lembra a Tito que "não foi pelas obras de justiça que praticamos, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou" (Tito 3 verso 5).
A manifestação da compaixão de Deus proporciona uma libertação que as nossas obras nunca poderiam alcançar. O que podemos dizer sobre tal misericórdia? Qual é a nossa resposta? Nós também, como Moisés no monte, inclinamos a cabeça e o coração diante de um Deus tão misericordioso. Mas há mais que podemos fazer. Na verdade, há mais que devemos fazer.
Este Deus misericordioso também foi revelado por Aquele que O conhece mais intimamente: o Seu Filho. No Evangelho de Lucas, nosso Senhor é encontrado dizendo aos Seus seguidores em termos claros: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso" (Lucas 6 verso 36). Certamente conhecemos a misericórdia, por isso espera-se que demonstremos misericórdia. Isto era aparentemente desconhecido entre muitos dos fariseus, uma vez que o Senhor os repreendeu ao observar que eles pagaram "o dízimo da hortelã, do anis e do cominho, e omitiram as questões mais importantes da lei, o julgamento, a misericórdia e a fé" (Mateus 23 verso 23). A misericórdia tem peso na balança celeste e é um bem precioso para oferecer às muitas almas que nos rodeiam. Talvez esta seja uma pista do motivo pelo qual Deus o proclamou em primeiro lugar entre os atributos do Seu nome. Na verdade, é por isso que a natureza misericordiosa de Deus é destacada por tantas pessoas nas Escrituras, e acabamos de considerar algumas.
Há muito que podemos fazer por Deus e pelos outros em resposta a tudo o que Deus fez por nós, mas aparentemente há poucas coisas tão valorizadas como mostrar misericórdia. Quando o fazemos, refletimos nosso Pai e Deus, pois Deus é misericordioso. Que honra!
232. Atributos de Deus - Deus é Gracioso
O homem, em sua tolice, multiplicou deuses. Ele criou deuses com atributos sobre-humanos, mas nunca considerou um deus gracioso. E isto é o que diferencia o Cristianismo como religião. A realidade de Deus ser gracioso só poderia ser recebida por revelação divina. Deus revelou-se formalmente desta forma a Moisés após o pecado de Israel com o bezerro de ouro (Êxodo 34 verso 6). O resultado esperado para tal pecado teria sido o julgamento nacional, mas Deus usou o incidente para demonstrar a graça do Seu carácter à nação nascente. E o resultado foi, a adoração de Moisés à revelação do Senhor.
Graça significa literalmente favor. O sentido hebraico da palavra nos dá a ideia de um superior que se curva em bondade para com aquele que é inferior. O grego carrega consigo a ideia de alegria. As palavras bíblicas traduzidas como misericórdia, benignidade e graça são, na verdade, bastante difíceis de diferenciar. Cada um deles carrega o mesmo sentimento do favor de Deus, transbordando para Suas criaturas indignas com cuidado e compaixão. Adão e Eva seriam capazes de nos falar da graça de Deus estendida a eles, mas é Noé o primeiro de quem é explicitamente declarado que ele "achou graça aos olhos do Senhor" (Gênesis 6 verso 8). No meio de um mundo entregue à maldade e destinado ao julgamento, o favor de Deus repousa sobre Noé, através de quem a vida seria preservada. Deus está sempre procurando um vaso que Ele possa transbordar com Sua graça.
Deve-se notar que o pecado não era necessário para que Deus exibisse esse atributo de Seu caráter. O cuidado gracioso de Deus para com Adão é evidente antes da queda, na plantação de um jardim para ele e na provisão de uma esposa que foi um complemento perfeito para ele. Felizmente para nós, a trágica entrada do pecado não nos impediu de receber a graça. Em vez disso, a queda destacou e serviu de pano de fundo para o belo desdobramento da glória do tratamento gracioso de Deus, apesar do pecado, ao longo das páginas das Escrituras. Onde a nossa natureza decaída fez do pecado a nossa reação padrão aos caprichos da vida, Deus respondeu instintivamente com graça. Em última análise, isso foi visto na encarnação de Jesus Cristo: "Porque todos nós recebemos da sua plenitude, graça sobre graça" (João 1 verso 16). Paulo escreveu: "Porque conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, embora fosse rico, por amor de vós se tornou pobre, para que pela sua pobreza nos enriquecêssemos" (2ª Coríntios 8 verso 9). Esta resposta repetida e final de Deus ao nosso pecado deveria verdadeiramente nos ancorar. Precisamos descansar em Sua graça, permanecer firmes nela (Leia, 1ª Pedro 5 verso 12; 2ª Timóteo 2 verso 1). Nunca poderemos nos encontrar numa situação em que estejamos além do alcance da graça de Deus.
Infelizmente, apreciar a graça pode ser algo ilusório. No momento em que sentimos que merecemos, isso desaparece. Por que é tão contra-intuitivo? Como mencionado anteriormente, não se enquadra na estrutura ímpia da humanidade caída. O diabo nos ensina a ganhar a graça, o mundo proclama que merecemos a graça e a nossa carne orgulhosa pensa que merecemos a graça. Mas embora a graça de Deus seja sempre estendida, ela só é recebida quando reconhecemos a nossa posição inferior, quando nos arrependemos dos nossos pecados, quando apreciamos a nossa fraqueza. A graça é a solução de Deus para o pecado, não apenas para a salvação (Romanos 3 verso 24), mas também para a santificação (Romanos 5 verso 21). O pecado não tem resposta para a graça; na verdade, é apresentado como seu oposto bíblico! Então Pedro nos ordena a "crescer na graça" (2ª Pedro 3 verso 18).
A experiência da graça em nossas vidas deve fazer com que demonstremos graça em nossas vidas. Foi a graça que tornou Cristo atraente para aqueles que Ele conheceu na terra e foi a graça que finalmente conquistou também os nossos corações. Isto é o que o nosso cristianismo deveria ser, e não apenas em palavras, mas em ações. A graça é personificada por uma vida vivida com as mãos abertas.
É um reconhecimento de que tudo o que sou e tenho veio de Deus (1ª Coríntios 15 verso 10) e é apenas uma mordomia para Seu benefício final.
Assim, meus recursos devem ser uma graça na obra de Deus (2ª Coríntios 9 verso 8). Minhas palavras devem ser graciosas (Colossenses 4 verso 6).
Minha caminhada cristã é limitada pela graça em oposição à observância da lei (Gálatas 5 verso 4).
Esse modo de vida não é ensinado na escola ou no local de trabalho. Só pode ser aprendido na escola de Cristo (2ª Pedro 3 verso 18).
A graça é a sustentáculo da vida cristã. Foi o que nos trouxe à salvação (Tito 2 verso 11) e é o nosso apoio na tristeza e na luta (2ª Coríntios 12 verso 9). A vida neste mundo caído nos confronta com muitos desafios. Sempre há um novo rangido ou um novo ranger de engrenagens. A graça é sempre a solução. Que bênção que nosso Deus é o Deus de toda graça! (1ª Pedro 5 verso 10). Nosso desafio é manter-nos numa atitude que acolhe a graça. A amargura e o orgulho conspiram para nos afastar da graça (Hebreus 12 verso 15; e Tiago 4 verso 6).
A graça nunca envelhecerá. Continuaremos a apreciá-lo nos séculos vindouros e descobriremos que é inesgotável (Efésios 2 verso 7). À medida que crescemos na graça em nossas vidas cristãs, confio que estaremos gradualmente trocando o pecado pela graça – que pecamos menos e seremos mais graciosos. Considere nosso Salvador em João 8. Ele era o único qualificado para atirar a pedra na adúltera que foi trazido a Ele, já que era perfeitamente sem pecado, mas foi o mais gracioso! Que este seja o nosso objetivo e aspiração ao procurarmos demonstrar Sua graça em nossas vidas.
233. Atributos de Deus - Deus é Longânimo
A longanimidade de Deus é um atributo divino precioso para o coração do povo de Deus. Exemplos do exercício desta maravilhosa qualidade são encontrados tanto nas Escrituras do Antigo Testamento como do Novo Testamento. Isto é visto no trato do Senhor com indivíduos, grupos de pessoas e nações.
A história do mundo antediluviano revela a degradação moral que existia, combinada com uma preocupação com coisas materiais e atividades mundanas. O Senhor expressou Seu descontentamento e alertou sobre o julgamento que viria através da fiel pregação de Enoque (Judas 1 versos 14 e 15).
O apóstolo Pedro nos diz que a longanimidade de Deus esperou nos dias de Noé. Isto foi visto nos 120 anos que Deus permitiu aos homens antes do dilúvio. Durante esse tempo, eles teriam observado as atividades de Noé e sua família enquanto construíam a arca, e teriam ouvido a voz sincera daquele pregador da justiça que procurava persuadir os antediluvianos a escaparem da destruição iminente. A longanimidade de Deus ficou ainda mais evidente nos sete dias adicionais em que a porta da arca permaneceu aberta depois que Noé, sua família e todas as criaturas viventes designadas entraram na arca.
O Senhor testifica do Seu próprio caráter em Êxodo 34 verso 6: "O Senhor Deus, misericordioso e piedoso, longânimo e grande em bondade e em verdade." Moisés adota esta mesma linguagem ao suplicar ao Senhor pelo povo de Israel diante de sua teimosia e ingratidão, sua desobediência e rebeldia no caminho do deserto: "O Senhor é longânimo e de grande misericórdia, perdoando a iniquidade e transgressão" (Números 14 verso 18).
A história do trato do Senhor com a nação no deserto, durante a ocupação da terra, nos dias dos juízes e depois dos reis, todos testificam de Sua bondade, fidelidade e cuidado. Um dos auges maravilhoso da longanimidade de Seu trato será visto quando Ele se voltar para uma nação que foi posta de lado por causa da rejeição d´Aquele que foi enviado para ser seu Messias. As palavras de Sofonias 3 verso 17 serão então realizadas: "O Senhor teu Deus é poderoso no meio de ti; Ele salvará, Ele se alegrará por ti com regozijo; Ele descansará em seu amor, Ele se alegrará por ti cantando."
A história do Rei Manassés, conforme registrada em 2ª Crônicas 33, relata um exemplo notável da longanimidade de Deus na vida deste indivíduo rebelde. Os anos de sua infância teriam sido marcados pela influência saudável e cuidadosa de um pai piedoso, o rei Ezequias. A cronologia dos eventos nas Escrituras daria base para pensar que algo dos movimentos do profeta Isaías e de suas declarações proféticas teriam sido conhecidos por Manassés. Após a morte de seu pai e a elevação ao trono, o jovem rei embarcou num caminho de rejeição da influência divina, abandono de princípios morais e negação de restrições divinas, ao mergulhar em práticas idólatras. O Senhor falou a Manassés através das palavras dos profetas, mas não houve como fugir dos seus maus caminhos (Leia 2ª Crônicas 33 versos 10 e 18). Ele finalmente foi levado ao arrependimento através do castigo e da aflição na Babilônia. Houve então uma humilhação diante de Deus, um pedido de perdão e um afastamento de suas práticas iníquas. O oferecimento de ofertas de paz e de agradecimento foram uma expressão da paz que ele encontrou e de sua gratidão a Deus pelas riquezas das misericórdias divinas que lhe foram mostradas.
Um exemplo bem conhecido da longanimidade de Deus no Novo Testamento é visto na vida de Saulo de Tarso. A mensagem e o testemunho de Estêvão, quando Saulo testemunhou o seu martírio, e os rostos dos cristãos cuja prisão e morte ele presenciou, devem ter provocado profundas perfurações de convicção na sua alma. Tudo isto culminou no caminho para Damasco, no encontro com Cristo ressuscitado, quando o Senhor exclamou: "É difícil para ti resistir aos aguilhões" (Atos 9 verso 5). Paulo declarou mais tarde: "Obtive misericórdia para que Jesus Cristo, primeiro, mostrasse em mim toda a longanimidade, como modelo para os que daqui em diante crerem nele para a vida eterna" (1ª Timóteo 1 verso 16).
A palavra longanimidade está ligada a outras qualidades divinas em diversas passagens das Escrituras. Misericórdia e graça estão unidas à longanimidade enquanto Moisés cita os caminhos de Deus em Êxodo 34 verso 6 e Números 14 verso 18. O apóstolo Paulo menciona bondade e paciência com longanimidade em Romanos 2 verso 4.
A bondade descreve a disposição de Deus para conceder bênçãos; a misericórdia sugere a piedade que Ele demonstra pelo que erra; tolerância indica a restrição que Ele exerce ao reter o julgamento sobre o pecado. A longanimidade tem uma característica adicional. Sugere uma paciência tranquila com pessoas desobedientes e situações provocativas para que o bem e a bênção possam finalmente ser desfrutados. A descrição do amor em 1ª Coríntios 13 retrata as ações do próprio Senhor que "tudo suporta... tudo espera, tudo sofre" (verso 7). Na verdade, "o amor que muito, e é bondoso" (verso 4). Isto foi visto quando Deus agiu de forma longânima na vida de Manassés e na experiência de Saulo de Tarso, e será visto de forma maravilhosa na recuperação e redenção do povo de Israel.
O apóstolo Pedro afirma em 2ª Pedro 3 verso 9 que o Senhor é "longanimidade para conosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento". Isto seria um incentivo para continuarmos a orar pela salvação das almas perdidas, apesar da falta de interesse da parte delas, mesmo quando há uma oposição expressa a Deus e à Sua palavra. Os pais podem ser encorajados enquanto anseiam pela salvação dos filhos não salvos que recusaram a mensagem do evangelho, que aparentemente resistem à obra do Espírito de Deus nas suas vidas e escolhem um caminho que é contrário a Deus e à Sua Palavra. A verdade da longanimidade de Deus será um estímulo para os professores da escola dominical e outros que procuram plantar a Palavra de Deus na vida dos jovens. Dará um impulso àqueles que pregam o evangelho à medida que semeiam a Palavra viva. A compreensão dos caminhos do Senhor será combinada com a confiança na capacidade de Sua Palavra de realizar arrependimento e fé no indivíduo. Devemos lembrar as palavras de Pedro: "Considerai que a longanimidade de nosso Senhor é para a salvação" (2ª Pedro 3 verso 15).
234. Atributos de Deus - Deus é Soberano
O salmista disse com grande precisão que, "O Senhor reina." Estas palavras são poucas e simples, mas a verdade que está exposta é indescritivelmente ampla. O salmista quer que tomemos nota, pois estas são as suas palavras iniciais nos Salmos capítulos 93, 97 e 99. Não devemos perdê-las.
As palavras pedem confiança sincera, ao mesmo tempo que respondem a inúmeras perguntas e resumem outras tantas situações. Eles são uma explicação e um encorajamento ao longo dos caminhos incertos da vida, onde às vezes esperanças quebradas, como cacos de vidro, chegam para perturbar a nossa sanidade.
A soberania de Deus é resumida por alguém, que escreve: "Tudo na vida é dirigido, supervisionado e controlado por uma premeditação divina". É importante notar que, sob Seu controle, o controle de Deus, Ele permite um evento enquanto propõe outro. Esta é a base do livre arbítrio do homem, assunto que não desenvolveremos mais aqui.
A soberania pode ser ilustrada por três governantes. Primeiro, José no Egito foi o Salvador do mundo. O Faraó disse-lhe: "Sem ti ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra" (Gênesis 41 verso 44). Em suas mãos estavam provisões "incontáveis" (verso 49) para dispensar como quisesse, e ele o fez de maneira pessoal e terna. Nosso Senhor dirige cada ação e dispensa os depósitos de Sua graça e justiça de acordo com Seu próprio critério. Ele não precisa desculpar-se ou explicar-se, nem modifica ou adapta qualquer exercício de Sua autoridade. Ele não pode fazer algo da maneira errada ou de uma maneira melhor. Ele só faz as coisas da melhor maneira.
O segundo governante é Davi, chamado "o Pastor do meu povo" (2ª Samuel 5 verso 2), e "o Senhor dava vitória a Davi por onde quer que ele fosse" (2ª Samuel 8 verso 6). Lembre-se de que com 400 homens cansados ele atacou a força amalequita, muito maior, que, por permissão divina, havia queimado sua casa em Ziclague (1ª Samuel 30). Deus não explica por que Davi perdeu tudo num dia apenas para recuperar tudo (e mais) no dia seguinte, mas Davi aprendeu novamente que "a batalha é do Senhor". Certamente o Senhor nunca se sente intimidado, incomodado ou inadequado ao arrancar o triunfo da boca da má intenção. Um fio condutor significativo nesta história envolve o cuidado terno para com um "ninguém", um escravo rejeitado que é restaurado e que aponta o caminho para a vitória. Seu poder, sempre fundido com bondade, muitas vezes se revela mais claramente nas "coisas fracas do mundo".
Terceiro, consideramos Salomão, muitas vezes chamado de "meu ou seu Filho", cumprindo os propósitos do coração de seu pai. Com seu domínio de mar a mar, ele "superou todos os reis da terra em riquezas e em sabedoria" (1ª Reis 10 verso 23). "O único Deus sábio" não pede contribuições ou opiniões e não tem câmaras de conselho onde qualquer assunto precise ser revisto. Ele vive acima de todo argumento, questão e presunção enquanto tira proveito de riqueza ilimitada para cumprir "o seu beneplácito, que propôs em si mesmo" (Efésios 1 verso 9). Não há limites, físicos, temporais, mentais ou morais, que estejam além de Sua mão, pois tudo está dentro de Seu domínio.
Estas três imagens do Salvador, Pastor e Filho apresentam uma visão da soberania do nosso Senhor, sublinhando a Sua provisão ilimitada, o Seu poder inabalável e a Sua sabedoria insondável. Ao mesmo tempo, lembre-se de que a terna compaixão muitas vezes sustentava as ações desses governantes. É o Cântico dos Cânticos de Salomão que desenvolve este tema do amor infalível "que muitas águas não podem apagar". Nosso Senhor é bom, faz apenas o bem, e Seu amor é inseparável de Seu poder, como ilustra até a história de Mefibosete (2ª Samuel 9).
A soberania de Deus é examinada com proveito na vida do "maior que Salomão". E então aqui mergulhamos nosso pequeno copo no relato de Marcos 6 enquanto Ele alimenta os cinco mil, com pães e peixes. Os discípulos estão muito preocupados e resumiram a situação como muito desoladora, muito tarde e muito pouco. É provável que também tenhamos interpretado mal essas cenas.
Em primeiro lugar, o lugar demasiado desolado obstrui a sua fé e elimina toda a esperança. Mas presente com eles está Aquele que vestiu a terra nua com inúmeras variedades de vegetação e encheu os oceanos e os céus com vida inimaginável. Um dia, ele fará "o deserto se alegrar e florescer como a rosa". O lugar não poderia ficar desolado enquanto este Pão e Água da Vida estivessem presentes.
Em segundo lugar, nunca é tarde demais. Em Marcos 6, o que era um obstáculo para eles era uma oportunidade para Jesus. O Senhor vive fora de todos os conceitos de tempo. Ele nunca chega cedo; Ele nunca está atrasado. Os séculos não têm importância para Ele. Por exemplo, Ele falou a Abraão sobre formar uma nação e dar-lhes a terra, mas levariam 400 anos até que Ele o fizesse. Ele inspirou Isaías a escrever sobre Sua vinda em humildade e depois sobre Seu retorno em glória. A nação esperou 700 anos pelo primeiro e espera por mais de 2000 anos pelo segundo. Tudo seguirá seu curso em Seu tempo e na hora certa. Ele não está preocupado. Nossos dias de escuridão crescente não impedem os propósitos de Deus nem frustram Seus desígnios. Tudo está dentro do prazo e do Seu tempo. Ele não se atrasa nem se desanima, e nunca se apressa ou se preocupa.
Terceiro, com o Senhor nunca há pouco. Os discípulos em Marcos 6 verso 38 veem o punhado de comida para uma grande multidão e se sentem sobrecarregados. Mas nas Suas mãos, o "muito pouco" ou "muito poucos" é sempre mais que suficiente. Afinal, Seus dedos colocaram estrelas ainda desconhecidas e incontáveis no lugar, enquanto, ao mesmo tempo, Ele está amorosamente atento até mesmo a um único pardal que caia. O número de pães não foi um fator. Ele nem precisava de tantos, mas na graça Ele usou o que eles tinham para adorar. Esse é o ponto! Agarrar a bainha de Sua soberania não deve ser apenas teórico.
Os três salmos reais começam com "O Senhor reina". Poderia haver um começo melhor para qualquer sentimento ou situação? Este assunto é extremamente prático, como você provavelmente já provou. Num funeral recente, um irmão falou dos mistérios da vida e confessou que nem queria ter respostas – bastava confiar em Deus. Você pode se encontrar, no limiar dos anos de universidade, de um casamento, de um novo bebê ou de um adolescente. Compreendemos, embora superficialmente, que o Senhor nos guiaria até o fim porque Ele pode todas as coisas e Ele o fará. E as lágrimas, provavelmente, vão se misturaram com alegria.
Não é de admirar que o Salmo 99 apresente uma menção tripla de louvor e adoração, como no último versículo: "Exaltai ao Senhor nosso Deus, e adorai no seu santo monte".
235. Atributos de Deus - A Glória de Deus
Como definir a palavra "glória" de uma forma que faça justiça ao seu verdadeiro significado e nos ajude a ter uma ideia do que significa a glória de Deus? Glória refere-se a um valor intrínseco e à manifestação da essencialidade da majestade daquele ser. Em relação a Deus, é um brilho de Sua grandeza interior e de Suas excelências e perfeições.
No Salmo 19 verso 1, lemos que "os céus declaram a glória de Deus; e o firmamento mostra a obra das suas mãos". Davi contemplou a obra dos dedos de Deus (no Salmo 8 verso 3 – o sol, a lua e as estrelas) e viu um sermão, uma pregação nos céus, pregado pelo Grande Criador. Mais tarde, no Salmo, ele apresentou um sermão sobre as Escrituras. No primeiro caso, o universo é visto como uma grande exibição da sabedoria e da obra de Deus.
É interessante ver que quando "toda a obra do Tabernáculo da tenda da congregação [foi] terminada" (Êxodo 39 verso 32), e Moisés, em sua construção, foi fiel em toda a Casa de Deus (Hebreus 3 verso 2), e tinha feito tudo como Deus lhe ordenara (Êxodo 40 verso 32), a "nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o Tabernáculo" (verso 34). Referimo-nos a isso como a glória Shekiná, que é, literalmente, a glória de Sua presença.
O desejo de Davi é um exemplo para nós: "Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei; para que eu possa habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e meditar no seu Templo" (Salmos 27 versos 4 e 5). No Salmo 96 verso 8 somos ordenados a "dar ao Senhor a glória devida ao seu nome: traga uma oferta e entre em seus átrios". A casa de Deus hoje é a igreja do Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade (1ª Timóteo 3 verso 15).
Lemos em Romanos 3 verso 23 que, "todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus", evidentemente refere-se às excelências de Deus. Não podemos atingir Seu santo padrão. A consequência deste fracasso é a condenação de Deus sobre toda a humanidade sem distinção. A carta aos Romanos apresenta um evangelho no qual Deus pode ser justo e justificador daquele que crê em Jesus (Romanos 3 versos 21 a 26).
As perfeições do caráter de Deus foram vistas por Isaías quando ele viu o Senhor sentado num trono, alto e exaltado, com Sua cauda enchendo o Templo (Isaías 6 verso 1).
Os serafins clamaram: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos" (Isaías 6 verso 3).
João refere-se a este incidente da seguinte forma: "Isaías disse estas coisas porque viu a sua glória [do Senhor Jesus] e falou dEle" (João 12 verso 41).
Essas perfeições do caráter de Deus são vistas de muitas maneiras, e somos ordenados: "Sede santos, porque eu sou santo" (1ª Pedro 1 verso 16).
Suas perfeições são imitadas imperfeitamente por Seu povo agora, mas seremos semelhantes a Ele moralmente, quando em Sua aparição O virmos como Ele é (1ª João 3 verso 2).
Davi escreveu: "Todas as tuas obras te louvarão, Senhor; e os teus santos te abençoarão. Falarão da glória do teu reino e falarão do teu poder; para dar a conhecer aos filhos dos homens seus atos poderosos e a gloriosa majestade de seu reino. O teu reino é um reino eterno, e o teu domínio dura de geração em geração" (Salmos 145 versos 10 a 13).
O salmista estava descrevendo o reinado milenar do Senhor Jesus – o período de 1000 anos em que um Rei reinará em justiça (Isaías 32 verso 1).
Zacarias escreveu sobre esse tempo: "Ele mesmo edificará o Templo do Senhor; e ele levará a glória e assentar-se-á e reinará no Seu trono; e ele será sacerdote no seu trono" (Zacarias 6 verso 13).
Existe glória associada ao Arrebatamento, à revelação e ao reinado dAquele que é chamado de Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Apocalipse 19 verso 16; e Tito 2 versos 11 a 13).
Pedro referiu-se a este tempo da glória preeminente de Cristo quando mencionou que os profetas escreveram de antemão sobre os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam (1ª Pedro 1 verso 11).
Pedro viu uma prévia da glória do reino no Monte da Transfiguração (compare Mateus 17 versos 1 a 9 e 2ª Pedro 1 versos 16 a 21).
O Senhor Jesus referiu-se a este trono milenar como "o trono da sua glória" (Mateus 19 verso 28).
Existe glória associada ao Seu louvor. Lemos, por exemplo, "Dai ao Senhor, ó poderosos, dai ao Senhor glória e força. Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai ao Senhor na beleza da santidade" (Salmos 29 versos 1 e 2).
Em outro lugar lemos: "Louvem o nome do Senhor; porque só o seu nome é excelente; a sua glória está acima da terra e do céu" (Salmos 148 verso 13).
Na purificação dos dez leprosos, onde apenas um samaritano voltou para Lhe dar graças, o Senhor Jesus disse: "Ninguém se achou que voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro" (Lucas 17 verso 18).
Davi escreveu: "Todos os reis da terra te louvarão, Senhor, quando ouvirem as palavras da tua boca. Sim, cantarão nos caminhos do Senhor; porque grande é a glória do Senhor" (Salmos 138 versos 4 e 5).
Considere as muitas doxologias (atribuições de louvor) na Bíblia. Estas são expressões de um coração que transborda pela contemplação da grandeza de Deus. "Agora, àquele que é capaz de impedir que vocês caiam e de apresentá-los impecáveis diante da presença de sua glória com grande alegria. Ao único Deus sábio, nosso Salvador, seja glória e majestade, domínio e poder, agora e sempre. Amém" (Judas 1: versos 24 e 25).
Abraão mudou dramaticamente quando experimentou o ministério preventivo e preservador de Melquisedeque, quando este último falava do Deus Altíssimo, o Possuidor do Céu e da Terra (Gênesis 14 versos 18 a 24).
Abraão não precisava da riqueza de Sodoma, pois Deus seria seu escudo e sua grande recompensa. Da mesma forma, Paulo falou aos Filipenses sobre um Deus que supriria todas as suas necessidades de acordo com Suas riquezas na glória por Cristo Jesus (Filipenses 4 versos 19 e 20).
Deus disse pelo profeta Isaías: "Eu sou o Senhor; esse é o meu nome, e a minha glória não darei a outro" (Isaías 42 verso 8).